Minha Luta
(Mein Kampf)
Adolf Hitler
APRESENTAÇÃO
Nélson Jahr Garcia
Minha Luta
(Mein Kampf) foi a melhor obra já escrita contra o nazismo. Já se escreveram
livros, artigos, crônicas; fizeram-se filmes, peças de teatro. Por mais que
demonstrassem o totalitarismo, a crueldade e a desfaçatez daquele regime, nada
conseguiu superar o original.
A comunidade
judaica, pelo menos alguns de seus setores, batalham por proibir a divulgação do
livro. Não entendo. Quanto mais se conhecer, maior se tornará o repúdio e
aversão.
É certo que os filhos de Israel foram
perseguidos, mas não só. Também o foram os negros, os eslavos, membros das
"Resistências", maçons, todos originários de qualquer raça que não fossem
considerados "arianos". Em suma, perseguiu-se tantos quanto se opuseram aos
planos megalomaníacos do pequeno austríaco que resolveu tornar-se rei do
universo.
Certa vez perguntei a um ex-capitão
do exército mecanizado nazista: "Como foi possível que um dos povos mais cultos
da Europa apoiasse um projeto neurótico e genocida como o dos nazis?"
Respondeu-me, com certa simplicidade: "Perdêramos a I Grande Guerra,
engenheiros, médicos e tantos reviravam latas de lixo para encontrar comida, os
judeus, comerciantes em sua maioria, expunham suas mercadorias sugerindo serem
beneficiados pela situação, era solo fértil para as pregações
anti-semitas".
Quanto ao anti-semitismo, além
da postura racista inquestionável e confessa, havia uma estratégia de
propaganda. Hitler entendia que qualquer movimento precisava de inimigos para
fortalecer-se. Subestimando a capacidade intelectual do povo, afirmava
explicitamente, que as massas tinham dificuldades de entendimento e compreensão.
Daí a necessidade de reduzir os vários adversários a um inimigo único: os
judeus. As críticas da imprensa eram escritas por judeus, que também dominavam a
literatura, as artes e o teatro. França e Inglaterra estavam controladas pelo
capitalismo judaico. Os judeus levavam imigrantes negros para contaminar as
raças européias. Os marxistas e revolucionários russos eram judeus. A maçonaria
era controlada por judeus. Uma generalização absurda que, infelizmente,
funcionou.
Penso que "Minha Luta" deva ser
amplamente conhecido, um texto preconceituoso, presunçoso e que traz embutidos
neuroses e psicoses indiscutíveis, conhecê-lo talvez seja a melhor forma de
impedir que aquelas idéias ressuscitem. Além disso sou contra qualquer forma de
censura. Os romanos incendiaram a Biblioteca de Alexandria, Hitler e Stalin
queimaram livros, Getúlio Vargas também, os militares de nossa recente ditadura
inclusive, e outros tantos, a humanidade só
perdeu.
Por isso tudo divulgo o livro, uma peça
de propaganda bastante eficiente, mas apenas no seu tempo e contexto. Devemos
ler, analisar, discutir e produzir vacinas. Como os vírus, as idéias absurdas
tendem a retornar fortalecidas e resistentes; só conhecendo poderemos
enfrentá-las.
PREFÁCIO
No dia 1.° de abril de 1924,
por força de sentença do Tribunal de Munique, tinha eu entrado no presídio
militar de Landsberg sobre o Lech.
Assim se me
oferecia, pela primeira vez, depois de anos de ininterrupto trabalho, a
possibilidade de dedicar-me a uma obra, por muitos solicitada e por mim mesmo
julgada conveniente ao movimento nacional
socialista.
Decidi-me, pois, a esclarecer, em
dois volumes, a finalidade do nosso movimento e, ao mesmo tempo, esboçar um
quadro do seu desenvolvimento.
Nesse trabalho
aprender-se-á mais do que em uma dissertação puramente
doutrinária.
Apresentava-se-me também a
oportunidade de dar uma descrição de minha vida, no que fosse necessário à
compreensão do primeiro e do segundo volumes e no que pudesse servir para
destruir o retrato lendário da minha pessoa feito pela imprensa
semítica.
Com esse livro eu não me dirijo aos
estranhos mas aos adeptos do movimento que ao mesmo aderiram de coração e que
aspiram esclarecimentos mais substanciais.
Sei
muito bem que se conquistam adeptos menos pela palavra escrita do que pela
palavra falada e que, neste mundo, as grandes causas devem seu desenvolvimento
não aos grandes escritores mas aos grandes
oradores.
Isso não obstante, os princípios de
uma doutrinação devem ser estabelecidos para sempre por necessidade de sua
defesa regular e contínua.
Que estes dois
volumes valham como blocos com que contribuo à construção da obra coletiva.
O
AUTOR
Landsberg sobre o Lech
Presídio Militar
DEDICATÓRIA
No dia 9 de novembro de
1923, na firme crença da ressurreição do seu povo, às 12 horas e 30 minutos da
tarde, tombaram diante do quartel general assim como no pátio do antigo
Ministério da Guerra de Munique os seguintes
cidadãos:
Alfarth (Felix). Negociante, nascido
a 5 de julho de 1901.
Bauriedl (Andreas).
Chapeleiro, nascido a 4 de maio de
1879.
Casella (Theodor). Bancário, nascido a 8
de agosto de 1900.
Ehrlich (Wilhelm). Bancário,
nascido a 19 de agosto de 1894.
Faust (Martin).
Bancário, nascido a 27 de janeiro de
1901.
Hechenberger (Ant.). Serralheiro, nascido
a 28 de setembro de 1902.
Kõrner (Oskar).
Negociante, nascido a 4 de janeiro de
1875.
Kuhn (Karl). Garção.Cehfe, nascido a 26
de julho de 1897.
Laforce (Karl). Estudante de
engenharia, nascido a 28 de outubro de
1904.
Neubauer (Kurt). Doméstico, nascido a 27
de março de 1899.
Pope (Claus von). Negociante,
nascido a 16 de agôsto de 1904.
Pforden
(Theodor von der). Membro do Supremo Tribunal, nascido a 14 de maio de
1873.
Rickmers (Joh.). Capitão de Cavalaria,
nascido a 7 de maio de 1881.
Scheubner-Richter
(Max Erwin von). Engenheiro, nascido a 9 de janeiro de
1884.
Stransky (Lorenz Ritter von). Engenheiro,
nascido a 14 de março de 1899.
Wolf (Wilhelm).
Negociante, nascido a 19 de outubro de 1898.
As
chamadas autoridades nacionais recusaram aos heróis mortos um túmulo
comum.
Por isso eu lhes dedico, para a
lembrança de todos, o primeiro volume desta obra, a fim de que esses mártires
iluminem para sempre os adeptos do nosso
movimento.
Landsberg sobre o Lech, Presídio
Militar, 16 de outubro de 1924.
Adolf Hitler
PRIMEIRA PARTE
CAPÍTULO I - NA CASA PATERNA
Considero
hoje como uma feliz determinação da sorte que Braunau no Inn tenha sido
destinada para lugar do meu nascimento. Essa cidadezinha está situada nos
limites dos dois países alemães cuja volta à unidade antiga é vista, pelo menos
por nós jovens, como uma questão de vida e de
morte.
A Áustria alemã deve voltar a fazer
parte da grande Pátria germânica, aliás sem se atender a motivos de ordem
econômica. Mesmo que essa união fosse, sob o ponto de vista econômico, inócua ou
até prejudicial, ela deveria realizar-se. Povos em cujas veias corre o mesmo
sangue devem pertencer ao mesmo Estado. Ao povo alemão não assistem razões
morais para uma política ativa de colonização, enquanto não conseguir reunir os
seus próprios filhos em uma pátria única. Somente quando as fronteiras do Estado
tiverem abarcado todos os alemães sem que se lhes possa oferecer a segurança da
alimentação, só então surgirá, da necessidade do próprio povo, o direito,
justificado pela moral, da conquista de terra estrangeira. O arado, nesse
momento será a espada, e, regado com as lágrimas da guerra, o pão de cada dia
será assegurado à posteridade.
Por isso, essa
cidadezinha da fronteira aparece aos meus olhos como o símbolo de uma grande
missão. Sob certo aspecto, ela se apresenta como uma exortação nos tempos que
correm. Há mais de cem anos, esse modesto ninho, cenário de uma tragédia cuja
significação todo o povo alemão compreende, conquistou, pelo menos, na história
alemã, o direito à imortalidade. No tempo da maior humilhação infligida à nossa
Pátria, tombou ali, por amor à sua idolatrada Alemanha, Johannes Palm, de
Nuremberg, livreiro burguês, obstinado nacionalista e inimigo dos franceses.
Tenazmente recusara-se, como Leo Schlagter, a denunciar os seus cúmplices, ou
melhor os cabeças do movimento. Como este, ele foi denunciado à França, por um
representante do governo. Um chefe de polícia de Ausburgo conquistou para si
essa triste glória e serviu assim de modelo às autoridades alemãs no governo de
Severing.
Nessa cidadezinha do Inn,
imortalizada pelo martírio de grandes alemães, bávara pelo sangue, austríaca
quanto ao governo, moravam meus pais no fim do ano 80 do século passado, meu pai
como funcionário público, fiel cumpridor dos seus deveres, minha mãe toda
absorvida nos afazeres domésticos e, sobretudo, sempre dedicada aos cuidados da
família. Na minha memória, pouco ficou desse tempo, pois, dentro de alguns anos,
meu pai teve que deixar a querida cidadezinha e ir ocupar novo lugar em Passau,
na própria Alemanha.
A sorte de empregado
aduaneiro austríaco se traduzia, naquele tempo, por uma constante peregrinação.
Pouco tempo depois, meu pai foi para Linz, para onde finalmente se dirigiu
também depois de aposentado. Essa aposentadoria não devia, porém, significar um
verdadeiro descanso para o velho funcionário. Filho de um pobre lavrador, já
noutros tempos ele não tolerava a vida inativa em casa. Ainda não contava treze
anos e já o jovem de então fazia os seus preparativos e deixava a casa paterna
no Waldviertel. Apesar dos conselhos em contrário dos "experientes" moradores da
aldeia, o jovem dirigiu-se para Viena, como objetivo de aprender um ofício
manual. Isso aconteceu entre 1850 e 1860. Arrojada resolução essa de afrontar o
desconhecido com três florins para as despesas de viagem. Aos dezessete anos,
tinha ele feito as provas de aprendiz. Não estava, porém, contente. Muito ao
contrário. A longa duração das necessidades de outrora, a miséria e o sofrimento
constantes fortaleceram a resolução de abandonar de novo o ofício, para vir a
ser alguma coisa mais elevada. Naquele tempo, aos olhos do pobre jovem, a
posição de pároco de aldeia parecia a mais elevada a que se podia aspirar;
agora, porém, na esfera mais vasta da grande capital, a sua ambição maior era
entrar para o funcionalismo. Com a tenacidade de quem, na meninice, já era um
velho, por eleito da penúria e das aflições, o jovem de dezessete anos insistiu
na sua resolução e tornou-se funcionário público. Depois dos Vinte e três anos,
creio eu, estava atingido o seu objetivo. Parecia assim estar cumprida a
promessa que o pobre rapaz havia feito, isto é, de não voltar para a aldeia
paterna sem que tivesse melhorado a sua
situação.
Agora estava atingido o seu ideal. Na
aldeia, porém ninguém mais dele se lembrava e a ele mesmo a aldeia se tornara
desconhecida.
Quando, aos cinqüenta e seis
anos, ele se aposentou, não pôde suportar esse descanso na ociosidade. Comprou,
então, uma propriedade na vila de Lambach, na alta Áustria, valorizou-a e voltou
assim, depois de uma vida longa e trabalhosa, à mesma origem dos seus
pais.
Nesse tempo, formavam-se no meu espírito
os primeiros ideais. As correrias ao ar livre, a longa caminhada para a escola,
as relações com rapazes extremamente robustos - o que muitas vezes causava a
minha mãe os maiores cuidados - esses hábitos me poderiam preparar para tudo
menos para uma vida sedentária. Embora, mal pensasse ainda seriamente sobre a
minha futura vocação, de nenhum modo as minhas simpatias se dirigiam para a
linha de vida seguida por meu pai. Eu creio que já nessa. época meu talento
verbal se adestrava nas discussões com os
camaradas.
Eu me tinha tornado um pequeno chefe
de motins, que, na escola, aprendia com facilidade, mas era difícil de ser
dirigido.
Quando, nas minhas horas livres, eu
recebia lições de canto no coro paroquial de Lambach, tinha a melhor
oportunidade de extasiar-me ante as pompas festivas das brilhantíssimas festas
da igreja. Assim como meu pai via na posição de pároco de aldeia o ideal na
vida, a mim também a situação de abade pareceu a aspiração mais elevada. Pelo
menos temporariamente isso se deu.
Desde que
meu pai, por motivos de fácil compreensão, não podia dar o devido apreço ao
talento oratório do seu bulhento filho, para daí tirar conclusões favoráveis ao
futuro do seu pimpolho, é óbvio que ele não concordasse com essas idéias de
mocidade. Apreensivo, ele observava essa disparidade da
natureza.
Na realidade a vocação temporária por
essa profissão desapareceu muito cedo, para dar lugar a esperanças mais
conformes com o meu temperamento.
Revolvendo a
biblioteca paterna, deparei com diversos livros sobre assuntos militares, entre
eles uma edição popular da guerra franco-alemã de 1870-1871. Eram dois volumes
de uma revista ilustrada daquele tempo. Tornaram-se a minha leitura favorita.
Não tardou muito para que a grande luta de heróis se transformasse para mim em
um acontecimento da mais alta significação. Daí em diante, eu me entusiasmava
cada vez mais por tudo que, de qualquer modo, se relacionasse com guerra ou com
a vida militar. Sob outro aspecto, isso também deveria vir a ser de importância
para mim. Pela primeira vez, embora ainda de maneira confusa, surgiu no meu
espírito a pergunta sobre se havia alguma diferença entre estes alemães que
lutavam e os outros e, em caso afirmativo, qual era essa diferença. Por que a
Áustria não combateu com a Alemanha nesta guerra? Por que meu pai e todos os
outros não se bateram também? Não somos iguais a todos os outros alemães? Não
formamos todos um corpo único? Esse problema começou, pela primeira vez, a
agitar o meu espírito infantil. Com uma inveja intima, deveria às minhas
cautelosas perguntas aceitar a resposta de que nem todo alemão possuía a
felicidade de pertencer ao império de Bismarck. Isso era inconcebível para
mim.
Estava decidido que eu deveria
estudar.
Considerando o meu caráter e,
sobretudo o meu temperamento, pensou meu pai poder chegar à conclusão de que o
curso de humanidades oferecia uma contradição com as minhas tendências
intelectuais. Pareceu-lhe que uma escola profissional corresponderia melhor ao
caso. Nessa opinião, ele se fortaleceu ainda mais ante minha manifesta aptidão
para o desenho, matéria cujo estudo, no seu modo de ver, era muito negligenciado
nos ginásios austríacos. Talvez estivesse também exercendo influência decisiva
nisso a sua difícil luta pela vida, na qual, aos seus olhos, o estudo de
humanidades de pouca utilidade seria. Por princípio, era de opinião que, como
ele, seu filho naturalmente seria e deveria ser funcionário público. Sua amarga
juventude fez com que o êxito na vida fosse por ele visto como tanto maior
quanto considerava o mesmo como produto de uma férrea disposição e de sua
própria capacidade de trabalho. Era o orgulho do homem que se fez por si que o
induzia a querer elevar seu filho a uma posição igual ou, se possível, mais alta
que a do seu pai, tanto mais quando por sua própria diligência, estava apto a
facilitar de muito a evolução deste.
O
pensamento de uma repulsa aquilo que, para ele, se tornou o objetivo de uma vida
inteira, parecia-lhe inconcebível. A resolução de meu pai era, pois, simples,
definida, clara e, a seus olhos, compreensível por si mesma. Finalmente para o
seu temperamento tornado imperioso através de uma amarga luta pela existência,
no decorrer da sua vida inteira, parecia coisa absolutamente intolerável, em
tais assuntos, entregar a decisão final a um jovem que lhe parecia inexperiente
e ainda sem responsabilidade.
Seria impossível
que isso se coadunasse com a sua usual concepção do cumprimento do dever, pois
representava uma diminuição reprovável de sua autoridade paterna. Além disso, a
ele cabia a responsabilidade do futuro do seu
filho.
E, não obstante, coisa diferente deveria
acontecer. Pela primeira vez na vida fui, mal chegava aos onze anos, forçado a
fazer oposição.
Por mais firmemente decidido
que meu pai estivesse na execução dos planos e propósitos que se formara, não
era menor a teimosia e a obstinação de seu filho em repelir um pensamento que
pouco ou nada lhe agradava.
Eu não queria ser
funcionário.
Nem conselhos nem "sérias"
admoestações conseguiram demover-me dessa
oposição.
Nunca, jamais, em tempo algum, eu
seria funcionário público.
Todas as tentativas
para despertar em mim o amor por essa profissão, inclusive a descrição da vida
de meu pai, malogravam-se, produziam o efeito
contrário.
Era para mim abominável o pensamento
de, como um escravo, um dia sentar-me em um escritório, de não ser senhor do meu
tempo mas, ao contrário, limitar-me a ter como finalidade na vida encher
formulários! Que pensamento poderia isso despertar em um jovem que era tudo
menos bom no sentido usual da palavra? O estudo extremamente fácil na escola
proporcionava-me tanto tempo disponível que eu era mais visível ao ar livre do
que em casa.
Quando hoje, meus adversários
políticos examinam com carinhosa atenção a minha vida até aos tempos da minha
juventude para, finalmente, poder apontar com satisfação os maus feitos que esse
Hitler já na mocidade havia perpetrado, agradeço aos céus que agora alguma coisa
me restitua à memória daqueles tempos
felizes.
Campos e florestas eram outrora a sala
de esgrima na qual as antíteses de sempre vinham à
luz.
Mesmo a freqüência à escola profissional
que se seguiu a isso em nada me serviu de
estorvo.
Uma outra questão deveria, porém, ser
decidida.
Enquanto a resolução de meu pai de
fazer-me funcionário público encontrou em mim apenas uma oposição de princípios,
o conflito foi facilmente suportável. Eu podia, então dissimular minhas idéias
íntimas, não sendo preciso contraditar constantemente. Para minha tranqüilidade,
bastava-me a firme decisão de não entrar de futuro para a burocracia. Essa
resolução era, porém, inabalável. A situação agravou-se quando ao plano de meu
pai eu opus o meu. Esse fato aconteceu já aos treze anos. Como isso se deu, não
sei bem hoje, mas um dia pareceu-me claro que eu deveria ser artista,
pintor.
Meu talento para o desenho,
inquestionavelmente, continuava a afirmar-se, e foi até uma das razões por que
meu pai me mandou à escola profissional sem contudo nunca lhe ter ocorrido
dirigir a minha educação nesse sentido. Muito ao contrário. Quando eu, pela
primeira vez, depois de renovada oposição ao pensamento favorito de meu pai, fui
interrogado sobre que profissão desejava então escolher e quase de repente
deixei escapar a firme resolução que havia adotado de ser pintor, ele quase
perdeu a palavra.
"Pintor! Artista!" exclamou
ele.
Julgou que eu tinha perdido o juízo ou
talvez que eu não tivesse ouvido ou entendido bem a sua
pergunta.
Quando compreendeu, porém, que não
tinha havido mal-entendido, quando sentiu a seriedade da minha resolução,
lançou-se com a mais inabalável decisão contra a minha
idéia.
Sua resolução era demasiado firme.
Inútil seria argumentar com as minhas aptidões para essa
profissão.
"Pintor, não! Enquanto eu viver,
nunca!" terminou meu pai.
O filho que, entre
outras qualidades do pai, havia herdado a teimosia, retrucou com uma resposta
semelhante mas no sentido contrário.
Cada um
ficou irredutível no seu ponto de vista. Meu pai não abandonava o seu nunca e eu
reforçava cada vez mais o meu não obstante.
As
conseqüências disso não foram muito agradáveis. O velho tornou-se irritado e eu
também, apesar de gostar muito dele. Afastou-se para mim qualquer esperança de
vir a ser educado para a pintura. Fui mais adiante e declarei então
absolutamente não mais estudar. Como eu, naturalmente, com essa declaração teria
todas as desvantagens, pois o velho parecia disposto a fazer triunfar a sua
autoridade sem considerações de qualquer natureza, resolvi calar daí por diante,
convertendo, porém, as minhas ameaças em
realidade.
Acreditava que quando meu pai
observasse a minha falta de aproveitamento na escola profissional, por bem ou
por mal consentiria na minha sonhada
felicidade.
Não sei se meus cálculos dariam
certo. A verdade é que meu insucesso na escola verificou-se. Só estudava o que
me agradava, sobretudo aquilo de que eu poderia precisar mais tarde como pintor.
O que me parecia sem significação para esse objetivo ou o que não me era
agradável, eu punha de lado inteiramente.
Nesse
tempo os meus certificados de estudos, apresentavam sempre notas extremas, de
acordo com as matérias e o apreço em que eu as tinha. Digno de louvor e ótimo,
de um lado; sofrível ou péssimo do
outro.
Incomparavelmente melhores eram os meus
trabalhos em geografia e, sobretudo, em história. Eram essas as duas matérias
favoritas, nas quais eu fazia progressos na
classe.
Quando, depois de muitos anos, examino
o resultado daqueles tempos, vejo dois fatos de muita
significação:
1.° Tornei-me
nacionalista.
2.° Aprendi a entender a história
pelo seu verdadeiro sentido.
A antiga Áustria
era um "estado de muitas nacionalidades".
O
cidadão do império alemão, pelo menos outrora, não podia, em última análise,
compreender a significação desse fato na vida diária do indivíduo, em um Estado
assim organizado como a Áustria.
Depois do
maravilhoso cortejo triunfal dos heróis da guerra franco-prussiana, os alemães
que viviam no estrangeiro eram vistos como cada vez mais estranhos à vida da
nação, que, em parte, não se esforçavam por apreciar ou mesmo não o
podiam.
Confundia-se, na Alemanha, sobretudo em
relação aos austro-alemães, a desmoralizada dinastia austríaca com o povo que,
na essência, se mantinha são.
Não se concebe
como o alemão na Áustria - não fosse ele da melhor têmpera - pudesse possuir
força para exercer a sua influência em um Estado de 52 milhões. Não se concebe
também, sem essa hipótese, que, até na Alemanha, se tenha formado a opinião
errada de que a Áustria era um Estado alemão, disparate de sérias conseqüências
que constitui, porém, um brilhante atestado em favor dos dez milhões de alemães
da fronteira oriental.
Só hoje, que essa triste
fatalidade caiu sobre muitos milhões dos nossos próprios compatriotas, que, sob
o domínio estrangeiro, acham-se afastados da Pátria e dela se lembram com
angustiosa saudade e se esforçam por ter ao menos o direito à sagrada língua
materna, compreende-se, em maiores proporções, o que significa ser obrigado a
lutar pela sua nacionalidade.
Só então um ou
outro poderá, talvez, avaliar a grandeza do sentimento alemão na velha fronteira
oriental, sentimento que se manteve por si mesmo, e que, durar te séculos,
protegera o Reich na fronteira oriental para finalmente se resumir a pequenas
guerras destinadas apenas a conservar as fronteiras da língua. Isso se dava em
um tempo em que o governo alemão se interessava por uma política colonial,
enquanto se mantinha indiferente pela defesa da carne e do sangue de seu povo,
diante de suas portas.
Como sempre acontece em
todas as lutas, havia na campanha pela língua três classes distintas: os
lutadores, os indiferentes e os traidores.
Já
na escola se começava a notar essa separação, pois o mais digno de nota na luta
pela língua é que é justamente na escola, como viveiro das gerações futuras, que
as ondas do movimento se fazem sentir mais
vibrantes.
Em torno da criança empenha-se a
luta, e a ela é dirigido o primeiro
apelo:
"Menino de sangue alemão, não te
esqueças de que és um alemão; menina, pensa que um dia deverás ser mãe
alemã".
Quem conhece a alma da juventude poderá
compreender que são justamente os moços que com mais intensa alegria ouvem tal
grito de guerra. De centenas de maneiras diferentes costumam eles dirigir essa
luta em que empregam os seus próprios meios e armas. Eles evitam canções não
alemães, entusiasmam-se pelos heróis alemães, tanto mais quanto maior é o
esforço para deles afastá-los, sacrificam o estômago para economizarem dinheiro
para a luta dos grandes Em relação ao estudante não-alemão, são incrivelmente
curiosos e ao mesmo tempo intratáveis. Usam as insígnias proibidas da nação e
sentem-se felizes em ser por isso castigados ou mesmo batidos. São, em pequenas
proporções, um quadro fiel dos grandes, freqüentemente com melhores e mais
sinceros sentimentos.
A mim também se ofereceu
outrora a possibilidade de, ainda relativamente muito jovem, tomar parte na luta
pela nacionalidade da antiga Áustria. Quando reunidos na associação escolar,
expressávamos os nossos sentimentos usando lóios e as cores preta, vermelha e
ouro, que, entusiasticamente, saudávamos com urras. Em vez da canção imperial,
cantávamos "Deutschland über alles", apesar das admoestações e dos castigos. A
juventude era assim politicamente ensinada em um tempo em que os membros de uma
soi-disant nacionalidade, na maioria da sua nacionalidade conhecia pouco mais do
que a linguagem. Que eu então não pertencia aos indiferentes, compreende-se por
si mesmo. Dentro de pouco tempo, eu me tinha transformado em um fanático
Nacional-Alemão, designação que, de nenhuma maneira, é idêntica à concepção do
atual partido com esse nome.
Essa evolução fez
em mim progressos muito rápidos, tanto que, aos quinze anos, já tinha chegado a
compreender a diferença entre patriotismo dinástico e nacionalismo racista. O
último conhecia eu, então, muito mais.
Para
quem nunca se deu ao trabalho de estudar as condições internas da monarquia dos
Habsburgos, um tal acontecimento poderá não parecer claro. Somente as lições na
escola sobre a história universal deveriam, na Áustria, lançar o germe desse
desenvolvimento, mas só em pequenas proporções existe uma história austríaca
específica.
O destino desse Estado é tão
intimamente ligado à vida e ao crescimento do povo alemão, que uma separação
entre a história alemã e a austríaca parece impossível. Quando, por fim, a
Alemanha começou a separar-se em dois Estados diferentes, até essa separação
passou para a história alemã.
As insígnias do
Imperador, sinais do esplendor antigo do Império, preservadas em Viena, parecem
atuar mais como um poder de atração do que como penhor de uma eterna
solidariedade.
O primeiro grito dos austro-alemães, nos dias do
desmembramento do Estado dos Habsburgos, no sentido de uma união com a Alemanha,
era apenas efeito de um sentimento adormecido mas de raízes profundas no coração
dos dois povos o anelo pela volta à mãe-pátria nunca
esquecida.
Nunca seria isso, porém,
compreensível, se a aprendizagem histórica dos austro-alemães não fosse a causa
de uma aspiração tão geral. Ai está a fonte que nunca se estanca, a qual,
sobretudo nos momentos de esquecimento, pondo de parte as delícias do presente,
exorta o povo, pela lembrança do passado, a pensar em um novo
futuro.
O ensino da história universal nas
chamadas escolas médias ainda hoje muito deixa a desejar. Poucos professores
compreendem que a finalidade do ensino da história não deve consistir em
aprender de cor datas e acontecimentos ou obrigar o aluno a saber quando esta ou
aquela batalha se realizou, quando nasceu um general ou quando um monarca quase
sempre sem significação, pôs sobre a cabeça a coroa dos seus avós. Não, graças a
Deus não é disso que se deve tratar.
Aprender
história quer dizer procurar e encontrar as forças que conduzem às causas das
ações que vemos como acontecimentos históricos. A arte da leitura como da
instrução consiste nisto: conservar o essencial, esquecer o
dispensável.
Foi talvez decisivo para a minha
vida posterior que me fosse dada a felicidade de ter como professor de história
um dos poucos que a entendiam por esse ponto de vista e assim a ensinavam. O
professor Leopold Pötsch, da escola profissional de Linz, realizara esse
objetivo de maneira ideal. Era ele um homem idoso, bom mas enérgico e, sobretudo
pela sua deslumbrante eloqüência, conseguia não só prender a nossa atenção mas
empolgar-nos de verdade. Ainda hoje, lembro-me com doce emoção do velho
professor que, no calor de sua exposição, fazia-nos esquecer o presente,
encantava-nos com o passado e do nevoeiro dos séculos retirava os áridos
acontecimentos históricos para transformá-los em viva realidade. Nós o ouvíamos
muitas vezes dominados pelo mais intenso entusiasmo, outras vezes comovidos até
às lágrimas. O nosso contentamento era tanto maior quanto este professor
entendia que o presente devia ser esclarecido pelo passado e deste deviam ser
tiradas as conseqüências para dai deduzir o presente. Assim fornecia ele, muito
freqüentemente, explicações para o problema do dia, que outrora nos deixava em
confusão. Nosso fanatismo nacional de jovens era um recurso educacional de que
ele, freqüentemente apelando para o nosso sentimento patriótico, se servia para
completar a nossa preparação mais depressa do que teria sido possível por
quaisquer outros meios. Esse professor fez da história o meu estudo favorito.
Assim, já naqueles tempos, tornei-me um jovem revolucionário, sem que fosse esse
o seu objetivo.
Quem, com um tal professor,
poderia aprender a história alemã, sem ficar inimigo do governo que, de maneira
tão nefasta, exercia a sua influência sobre os destinos da
nação?
Quem poderia, finalmente, ficar fiel ao
imperador de uma dinastia que no passado e no presente sempre traiu os
interesses do povo alemão, em beneficio de mesquinhos interesses
pessoais?
Já não sabíamos, nós jovens, que esse
Estado austríaco nenhum amor por nós possuía e sobretudo não podia
possuir?
O conhecimento histórico da atuação
dos Habsburgos foi reforçado pela experiência diária. No norte e no sul, o
veneno estrangeiro devorava o nosso sentimento racial, e até Viena tornava-se, a
olhos vistos e cada vez mais, estranha ao espírito
alemão.
A Casa da Áustria tchequizava-se, por
toda parte, e foi por efeito do punho da deusa do direito eterno e da inexorável
lei de Talião que o inimigo mortal da Áustria alemã, arquiduque Franz
Ferdinando, foi vítima de uma bala que ele próprio havia ajudado a fundir. Era
ele o patrono da eslavização da Áustria, que se operava de cima para baixo, por
todas as formas possíveis.
Enormes foram os
ônus que se exigiam do povo alemão, inauditos os seus sacrifícios em impostos e
em sangue, e, não obstante, quem quer que não fosse cego, deveria reconhecer que
tudo isso seria inútil.
O que nos era mais
doloroso era o fato de ser esse sistema moralmente protegido pela aliança com a
Alemanha, e que a lenta extirpação do sentimento alemão na velha monarquia até
certo ponto tinha a sanção da própria
Alemanha.
A hipocrisia dos Habsburgos com a
qual se pretendia dar no exterior a aparência de que a Áustria ainda era um
Estado alemão, fazia crescer o ódio contra a Casa Austríaca, até atingir a
indignação e, ao mesmo tempo, o desprezo.
Só no
Reich os já então predestinados" nada viam de tudo
isso.
Como atingidos pela cegueira, caminhavam
eles ao lado de um cadáver e, nos sinais da decomposição, acreditavam descobrir
indícios de nova vida.
Na fatal aliança do
jovem império alemão com o arremedo de Estado austríaco estava o germe da Grande
Guerra, mas também o do desmembramento.
No
decurso deste livro terei que me ocupar mais demoradamente deste problema. Basta
que aqui se constate que, já nos primeiros anos da juventude, eu havia chegado a
uma opinião que nunca mais me abandonou, mas, pelo contrário, cada vez mais se
fortificou. E essa era que a segurança do germanismo pressupunha a destruição da
Áustria e que o sentimento nacional não era idêntico ao patriotismo dinástico e
que, antes de tudo, a Casa dos Habsburgos estava destinada a fazer a
infelicidade do povo alemão.
Dessa convicção eu
já tinha outrora tirado as conseqüências: amor ao meu berço austro-alemão,
profundo ódio contra o governo austríaco.
A
arte de pensar pela história, que me tinha sido ensinada na escola, nunca mais
me abandonou. A história universal tornou-se para mim, cada vez mais, uma fonte
inesgotável de conhecimentos para agir no presente, isto é, para a política. Eu
não quero aprender a história por si, mas, ao contrário, quero que ela me sirva
de ensinamento para a vida.
Assim como logo
cedo tornei-me revolucionário, também tornei-me
artista.
A capital da alta Áustria possuía
outrora um teatro que não era mau. Nêle se representava quase tudo. Aos doze
anos, vi pela primeira vez "Guilherme Te!!" e, alguns meses depois, "Lohengrin",
a primeira ópera que assisti na minha vida. Senti-me imediatamente cativado pela
música. O entusiasmo juvenil pelo mestre de Bayreuth não conhecia
limites.
Cada vez mais me sentia atraído pela
sua obra, e considero hoje uma felicidade especial que a maneira modesta por que
foram as peças representadas na capital da província me tivesse deixado a
possibilidade de um aumento de entusiasmo em representações posteriores mais
perfeitas.
Tudo isso fortificava minha profunda
aversão pela profissão que meu pai me havia escolhido. Essa aversão cresceu
depois de passados os dias da meninice, que para mim foram cheios de pesares.
Cada vez mais eu me convencia que nunca seria feliz como empregado público.
Depois que, na escola profissional, meus dotes de desenhista se tornaram
conhecidos, a minha resolução ainda mais se
afirmou.
Nem pedidos nem ameaças seriam capazes
de modificar essa decisão.
Eu queria ser pintor
e, de modo algum, funcionário público.
E, coisa
singular, com o decorrer dos anos aumentava sempre o meu interesses pela
arquitetura.
Eu considerava isso, outrora, como
um natural complemento da minha inclinação para a pintura e regozijava-me
intimamente com esse desenvolvimento da minha formação
artística.
Que outra coisa, contrário a isso,
viesse acontecer, não previa eu.
O problema da
minha profissão devia, porém, ser decidido mais rapidamente do que eu
supunha.
Aos treze anos perdi repentinamente
meu pai. Ainda muito vigoroso, foi vítima de um ataque apoplético que, sem
provocar-lhe nenhum sofrimento, encerrou a sua peregrinação na terra,
mergulhando-nos na mais profunda dor.
O que
mais almejava, isto é, facilitar a existência de seu filho, para poupar-lhe a
vida de dificuldades que ele próprio experimentara, não havia sido alcançado, na
sua opinião. Apenas sem o saber, ele lançou as bases de um futuro que não
havíamos previsto, nem ele, nem
eu.
Aparentemente, a situação não se modificou
logo.
Minha mãe sentia-se no dever de, conforme
aos desejos de meu pai, continuar minha educação, isto é, fazer-me estudar para
a carreira de funcionário. Eu, porém, estava ainda mais decidido do que antes, a
não ser burocrata, sob condição alguma. A proporção que a escola média, pelas
matérias estudadas ou pela maneira de ensiná-las, afastava-se do meu ideal, eu
me tornava indiferente ao
estudo.
Inesperadamente, uma enfermidade veio
em meu auxílio e, em poucas semanas, decidiu do meu futuro, pondo termo à
constante controvérsia na casa paterna.
Uma
grave afecção pulmonar fez com que o médico aconselhasse a minha mãe, com o
maior empenho, a não permitir absolutamente. que, de futuro, eu me entregasse a
trabalhos de escritório. A freqüência à escola profissional deveria também ser
suspensa pelo menos por um ano.
Aquilo que eu,
durante tanto tempo, almejava, e por que tanto me tinha batido, ia, por força
desse fato, uma vez por todas, transformar-se em
realidade.
Sob a impressão da minha moléstia,
minha mãe consentiu finalmente em tirar-me, tempos depois, da escola
profissional e em deixar-me freqüentar a Academia.
Foram os dias mais felizes
da minha vida, que me pareciam quase que um sonho e na realidade de sonho não
passaram.
Dois anos mais tarde, o falecimento
de minha mãe dava a esses belos projetos um inesperado
desenlace.
A sua morte se deu depois de uma
longa e dolorosa enfermidade que, logo de começo, pouca esperança de cura
oferecia. Não obstante isso, o golpe atingiu-me atrozmente. Eu respeitava meu
pai, mas por minha mãe tinha verdadeiro amor.
A
pobreza e a dura realidade da vida forçaram-me a tomar uma rápida resolução. Os
pequenos recursos econômicos deixados por meu pai foram quase esgotados durante
a grave enfermidade de minha mãe. A pensão que me coube como órfão, não era
suficiente nem para as necessidades mais imperiosas. Estava escrito que eu, de
uma maneira ou de outra, deveria ganhar o pão com o meu
trabalho.
Tendo na mão unia pequena mala de
roupa e, no coração, uma vontade imperturbável, viajei para
Viena.
O que meu pai, cinqüenta anos antes,
havia conseguido, esperava eu também obter da sorte. Eu queria tornar-me
"alguém", mas, em caso algum, empregado público.
CAPÍTULO II - ANOS DE APRENDIZADO E DE SOFRIMENTO EM
VIENA
Quando minha mãe morreu, meu destino
sob certo aspecto já se tinha decidido.
Nos
seus últimos meses de sofrimento eu tinha ido a Viena para fazer exame de
admissão à Academia. Armado de um grosso volume de desenhos, dirigi-me à capital
austríaca convencido de poder facilmente ser aprovado no exame. Na escola
profissional eu já era sem nenhuma dúvida, o primeiro aluno de desenho da minha
classe. Daquele tempo para cá a minha aptidão se tinha desenvolvido
extraordinariamente. de maneira que, contente comigo mesmo, esperava, orgulhoso
e feliz, obter o melhor resultado da prova a que me ia
submeter.
Só uma coisa me afligia: meu talento
para a pintura parecia sobrepujado pelo talento para o desenho, sobretudo no
domínio da arquitetura. Ao mesmo tempo, crescia cada vez mais meu interesses
pela arte das construções. Mais vivo ainda se tornou esse interesse quando, aos
dezesseis anos incompletos, fiz minha primeira visita a Viena, visita que durou
duas semanas. Ali fui para estudar a galeria de pintura do "Hofmuseum", mas
quase só me interessava o próprio edifício do museu. Passava o dia inteiro,
desde a manhã até tarde da noite, percorrendo com a vista todas as raridades
nele contidas, mas, na realidade, as construções é que mais me prendiam a
atenção. Durante horas seguidas, ficava diante da Ópera ou admirando o edifício
de Parlamento. A "Ringstrasse" atuava sobre mim como um conto de mil-e-uma
noites.
Achava-me agora, pela segunda vez, na
grande cidade, e esperava com ardente impaciência, e, ao mesmo tempo, com
orgulhosa confiança, o resultado do meu exame de admissão. Estava tão convencido
do êxito do meu exame que a reprovação que me anunciaram feriu-me como um raio
que caísse de um céu sereno. Era, no entanto, uma pura verdade. Quando me
apresentei ao diretor para pedir-lhe os motivos da minha não aceitação à escola
pública de pintura, assegurou-me ele que, pelos desenhos por mim trazidos,
evidenciava-se a minha inaptidão para a pintura e que a minha vocação era
visivelmente para a arquitetura. No meu caso, acrescentou ele, o problema não
era de escola de pintura mas de escola de
arquitetura.
Não se pode absolutamente
compreender, em face disso, que eu até hoje não tenha freqüentado nenhuma escola
de arquitetura nem mesmo tomado sequer uma
lição.
Abatido, deixei o magnífico edifício da
"Shillerplatz", sentindo-me. pela primeira vez na vida, em luta comigo mesmo. O
que o diretor me havia dito a respeito da minha capacidade agiu sobre mim como
um raio deslumbrante a revelar uma luta íntima, que, de há muito, eu vinha
sofrendo, sem até então poder dar-me conta do porquê e do
como.
Em pouco tempo, convenci-me de que um dia
eu deveria ser arquiteto. O caminho era, porém, dificílimo, pois o que eu, por
teimosia, tinha evitado aprender na escola profissional, ia agora fazer-me
falta. A freqüência da Escola de Arquitetura da Academia dependia da freqüência
da escola técnica de construções e a entrada para essa exigia um exame de
madureza em uma escola média. Tudo isso me faltava completamente. Dentro das
possibilidades humanas, já não me era mais lícito esperar a realização dos meus
sonhos de artista.
Quando, depois da morte de
minha mãe, pela terceira vez, e desta vez para demorar-me muitos anos, fui a
Viena, a tranqüilidade e uma firme resolução tinham voltado a mim, com o tempo
decorrido nesse intervalo.
A antiga teimosia
também tinha voltado e com ela a persistência na realização do meu objetivo. Eu
queria ser arquiteto. Obstáculos existem não para que capitulemos diante deles
mas para os vencermos. E eu estava disposto a arrostar com todas essas
dificuldades, sempre tendo, diante dos olhos, a imagem de meu pai, que, de
simples aprendiz de sapateiro de aldeia, tinha subido até ao funcionalismo
público. O chão sobre que eu pisava era mais firme, as possibilidades na luta,
maiores. O que, outrora, me parecia aspereza da sorte, aprecio hoje como
sabedoria da Providência. Enquanto a necessidade me oprimia e ameaçava
aniquilar-me, crescia a vontade de lutar. E, finalmente, foi vitoriosa a
vontade. Agradeço àqueles tempos o ter-me tornado forte e poder sê-lo ainda. E
ainda mais agradeço o ter-me livrado do tédio da vida fácil e ter-me tirado do
conforto despreocupado do lar, para dar-me o sofrimento como substituto de minha
mãe e lançar-me na luta de um mundo de misérias e de pobreza, que aprendi a
conhecer e pelo qual mais tarde deveria
lutar.
Nesse tempo, abriram-se-me os olhos para
dois perigos que eu mal conhecia pelos nomes e que, de nenhum modo, se me
apresentavam nitidamente na sua horrível significação para a existência do povo
germânico: marxismo e judaísmo.
Viena, a cidade
que para muitos reputada como um complexo de inocentes prazeres, como lugar para
homens que se querem divertir, vale para mim, infelizmente, como uma viva
lembrança dos mais tristes tempos da minha vida. Ainda hoje, essa capital só
desperta em mim pensamentos sombrios. Cinco anos de miséria e de sofrimentos,
eis o que significa a minha estadia nessa cidade de prazeres. Cinco anos em que,
primeiro como ajudante de operário, depois como aprendiz de pintor, vime forçado
a trabalhar pelo pão quotidiano, mesquinho pão que nunca bastava para saciar a
minha fome habitual, A fome era então minha companheira fiel que nunca me
deixava sozinho e que de tudo igualmente participava. Cada livro que eu comprava
aumentava a sua participação na minha vida. Uma visita à Ópera fazia com que ela
me fizesse companhia o dia inteiro. Era uma eterna luta com o meu impiedoso
companheiro. E, não obstante isso, nesse tempo aprendi mais do que nunca. Além
do meu trabalho em construções, das raras visitas à Ópera, - feitas com o
sacrifício do estômago - tinha como único prazer a leitura. Li muito e
profundamente. No tempo livre, depois do trabalho, subia imediatamente ao meu
quarto de estudo. Em poucos anos, lancei os alicerces de conhecimentos de que
ainda hoje me utilizo. Mais importante do que tudo isso: naqueles tempos adquiri
uma noção do mundo que serviu de fundamento granítico para o meu modo de agir de
então. A essa noção precisei acrescentar pouca coisa, mudar
nada.
Ao
contrário.
Estou firmemente convencido de que,
em conjunto, várias idéias criadoras que hoje possuo, já na mocidade apareciam
fundadas em princípios. Faço diferença entre a sabedoria da velhice, que vale
pela sua maior profundidade e prudência, resultantes da experiência de uma longa
vida, e a genialidade da juventude que, em inesgotável proliferação, cria
pensamentos e idéias sem poder logo elaborá-las definitivamente, em conseqüência
do tumulto em que elas se sucedem. A mocidade fornece o material de construção e
os pia-nos de futuro, dos quais a velhice toma os blocos, trabalha-os e levanta
a construção, isso quando a chamada sabedoria dos velhos não sufoca a
genialidade dos moços.
A vida que eu até ali
tinha levado na casa paterna diferenciava-se em pouco ou em nada da vida dos
outros. Sem cuidados, podia esperar pelo dia seguinte, e para mim não havia
questão social. As relações da minha juventude compunham-se de pequenos
burgueses, por conseguinte de um mundo que mantinha muito poucas relações com o
verdadeiro operário. Por mais estranho que isso possa parecer à primeira vista,
o abismo entre essa camada social, cuja situação econômica nada tem de
brilhante, e o trabalhador manual, é freqüentemente mais profundo do que se
pensa. A razão dessa quase inimizade jaz no receio que tem um grupo social que,
apenas há pouco tempo, elevou-se acima do nível do proletariado, de descer à
antiga e pouco prezada posição ou de, pelo menos, ser visto como pertencendo a
essa classe. A isso se acrescente, entre muitos, a desagradável lembrança da
ignorância dessa baixa classe, a constante brutalidade nas suas relações uns com
os outros e compreender-se-á porque a pequena burguesia, em uma posição social
ainda inferior, considera todo contato com essas ínfimas camadas sociais como um
fardo insuportável.
Isso explica porque é mais
freqüente a uma pessoa altamente colocada, do que a um parvenu, nivelar-se, sem
afetação, com os mais humildes. O parvenu é o que, por sua própria força de
vontade, passa, na luta pela vida, de uma posição social a outra mais elevada.
Essa luta, as mais das vezes áspera, mata a compaixão no coração humano e
estanca a simpatia pelos sofrimentos dos que ficam
atrás.
Sob esse aspecto, a sorte foi comigo
compassiva. Enquanto me compelia a voltar para esse mundo de pobreza e de
incertezas, que, no decurso de sua vida, meu pai já havia abandonado, punha, ao
mesmo tempo, diante dos meus olhos, com todos os seus aspectos repugnantes, a
educação estreita dos pequenos burgueses. Só então aprendi a conhecer os homens,
aprendi a fazer a diferença entre ocas aparências, exteriorizações brutais e a
essência íntima das coisas.
Já no fim do século
passado, Viena pertencia ao número das cidades em que era visível o
desequilíbrio social.
Brilhante riqueza e
degradante pobreza revezavam-se em contrastes violentos. No centro da cidade e
nas suas adjacências sentia-se o bater do pulso do Império de cinqüenta e dois
milhões, com todo o seu poder mágico de atração, nesse Estado de várias
nacionalidades. A Corte no seu deslumbrante esplendor, agia como ímã sobre a
riqueza e a inteligência do resto do Estado. A isso deve-se juntar a forte
centralização da política da monarquia dos Habsburgos. Nessa concentração,
estava a única possibilidade de manter-se em firme união essa salada de povos. A
conseqüência disso foi, porém, uma exagerada concentração das autoridades
governamentais na capital, na residência da
Corte
Além disso, Viena era, não só espiritual
e politicamente, mas também economicamente, o centro da antiga monarquia
danubiana. Em frente ao exército de oficiais superiores, funcionários públicos,
artistas e sábios, estendia-se um exército ainda maior, composto de
trabalhadores; em frente da riqueza da aristocracia e do comércio, uma pobreza
atroz. Diante dos palácios da Ringstrasse perambulavam milhares de sem-trabalho
e, por baixo dessa via triunfal da velha Áustria, amontoavam-se os sem-teto, no
lusco-fusco e na imundície dos
canais.
Dificilmente em uma cidade alemã se
poderia tão bem estudar a questão social como em Viena. Mas ninguém se iluda.
esse estudo não pode ser feito de cima para baixo. Quem não se viu nas garras
dessa víbora nunca aprenderá a conhecer os seus dentes venenosos. Sem essa
etapa, tudo redunda em palavreado superficial ou sentimentalismo hipócrita. Um e
outro caso são de conseqüências nocivas: no primeiro, porque não se pode descer
ao âmago da questão, no segundo, porque se passa sobre
ela.
Não sei o que é mais desolador: a
indiferença pela miséria social que se nota diariamente na maioria dos que foram
favorecidos pela sorte ou que subiram pelos seus próprios méritos, ou a
afabilidade soberba, importuna, sem tato, embora sempre compassiva, de certas
senhoras da moda que afetam sentir com o povo. Essa gente peca por falta de
instinto mais do que se pode supor. Por isso, com surpresa sua, o resultado de
sua atividade social é sempre nulo, freqüentemente provoca repulsa, o que é
interpretado como prova da ingratidão do
povo.
Dificilmente entra na cabeça dessa gente
que uma atividade social não consiste nisso e que, sobretudo, não se deve
esperar gratidão, pois, no caso, não se trata de distribuição de favores mas
apenas de restabelecimento de direitos.
Por
isso, escapei de entender a questão social por essa forma. Quando ela me
arrastou aos seus domínios parecia não me convidar para aprender mas sim para
pôr-me à prova. Não foi por seu merecimento que a cobaia, ainda sadia, suportou
a operação.
Na maior parte dos casos não era
muito difícil, naquele tempo, encontrar trabalho, uma vez que eu não era
operário técnico, mas devia conquistar o pão de cada dia, como ajudante de
operário e muitas vezes como trabalhador de.
emergência.
Colocava-me, por isso, no ponto de
vista daqueles que sacodem dos pés a poeira da Europa, com o irremovível
propósito de, rio Novo Mundo, criar uma nova vida, construir uma nova pátria.
Libertados de todas as noções até aqui falhas sobre profissão, ambiente e
tradições, pegam-se a todo ganho que se lhes oferece, agarram-se a todo
trabalho, lutando sempre, com a convicção de que nenhuma atividade envergonha,
pouco importando de que natureza esta possa ser. Assim estava eu também decidido
a lançar-me de corpo e alma no mundo para mim novo e abrir-me um caminho,
lutando.
Cedo me convenci de que trabalho há
sempre, mas perdemo-lo com a mesma facilidade com que o
encontramos.
A incerteza do ganho do pão
quotidiano, dentro de pouco tempo pareceu-me ser o aspecto mais sombrio da nova
vida.
O operário técnico não é lançado tão
freqüentemente na rua, como os que não o são, mas ele também não está
inteiramente ao abrigo dessa sorte. Entre eles, ao lado da perda do pão por
falta de trabalho, podem concorrer o chômage e as suas próprias
greves.
Nesses casos, a incerteza do ganho do
pão diário tem fortes reações sobre toda a
economia.
O camponês que se dirige às grandes
cidades atraído pelo trabalho que imagina fácil ou que o é realmente, mas sempre
trabalho de pouca duração, ou o que é atraído pelo esplendor da grande cidade, o
que sucede na maioria dos casos, esse ainda está habituado a uma certa segurança
do pão. Ele costuma só abandonar os antigos postos, quando tem outro pelo menos
em perspectiva.
A falta de trabalhadores do
campo é grande e, por isso, a probabilidade de falta de trabalho é ali muito
pequena.
É pois, um erro acreditar que o jovem
trabalhador que se dirige à cidade seja inferior ao que fica trabalhando na
aldeia. A experiência mostra que acontece o contrário com todos os elementos de
emigração, quando são sadios e ativos. Entre esses emigrantes devem-se contar
não só os que vão para a América mas também os jovens que se decidem a abandonar
sua aldeia para se dirigirem as grandes capitais desconhecidas. Esses também
estão dispostos a aceitar uma sorte incerta. Na maioria, trazem algum dinheiro,
e, por isso, não se vêem na contingência de ser arrastados ao desespero logo nos
primeiros dias, se, por infelicidade, de começo não encontram trabalho. O pior
é, porém, quando perdem, em pouco tempo, o trabalho que haviam encontrado.
Encontrar outro, sobretudo no inverno, é difícil, se não impossível. Nas
primeiras semanas, a situação é ainda insuportável, pois ele recebe da caixa do
sindicato a proteção dada ao seu trabalho e atravessa como pode os dias de
desemprego. Quando o seu último vintém é gasto, quando a caixa, em conseqüência
da longa duração da falta de trabalho, também suspende o pagamento, vem a grande
miséria. Então, faminto, erra para cima e para baixo, empenha ou vende os
objetos que lhe restam e cada vez mais sensível se lhe torna a falta de roupas.
Desce a uma Convivência que acaba por envenenar-lhe o corpo e a alma. Fica sem
casa e, se isso acontece no inverno como é comum, então a miséria aumenta.
Finalmente, encontra algum trabalho, mas o jogo se repete. Uma segunda vez
atingiu de maneira semelhante à primeira, a terceira vez as coisas se tornaram
ainda mais difíceis, e assim, pouco a pouco, ele aprende a suportar com
indiferença a eterna insegurança. Por fim, a repetição adquire força de
hábito.
E assim o homem, outrora diligente,
abandona inteiramente a sua antiga concepção da vida, para, pouco a pouco,
transformar-se em um instrumento cego daqueles que dele se utilizam apenas na
satisfação dos mais baixos proveitos. Sem nenhuma culpa sua ele ficou tantas
vezes sem trabalho, que, mais uma vez, menos uma vez, pouco lhe importa. Assim
mesmo quando não se trata da luta pelos direitos econômicos do operariado mas de
destruição dos valores políticos, sociais ou culturais, ele será então, quando
não entusiasta de greves, pelo menos indiferente a
elas.
Essa evolução eu tive oportunidade de
acompanhar cuidadosamente em milhares de exemplos. Quanto mais eu observava
esses fatos, tanto mais aumentava a minha aversão pela cidade dos milhões que os
homens, cheios de cobiça, acumulavam para, depois, tão cruelmente,
desperdiçá-los.
Eu também fui fustigado pela
vida na grande metrópole e à minha própria custa submeti-me a essa provação,
experimentando, uma por uma todas essas dolorosas
sensações.
Observei ainda que essa rápida
mudança do trabalho para a ociosidade forçada e vice-versa, essa eterna
oscilação do emprego para o desemprego, com o tempo, haveria de destruir o
sentimento de economia e as razões para um prudente equilíbrio de vida.
Lentamente o corpo parece acostumar-se a viver à farta nos bons tempos e a
passar fome nos maus. A fome destrói todos os projetos dos operários no sentido
de um melhor e mais razoável modus vivendi. Nos bons tempos eles se deixam
embalar por uma constante miragem pelo sonho de uma vida melhor, sonho que
empolga de tal modo a sua existência que eles esquecem as antigas privações,
logo que recebem os seus salários. Dai resulta que o que consegue trabalho,
imediatamente, da maneira mais desrazoável, esquece uma prudente distribuição de
suas despesas, para viver à larga, apenas nos dias imediatos. Isso conduz ao
transtorno da manutenção da casa durante a semana, tornando não mais possível
uma razoável distribuição da receita. O dinheiro da semana, de começo, dá para
cinco dias em vez de sete, mais tarde para três em vez de quatro, finalmente
apenas para um dia e, por fim, logo na primeira noite é inteiramente gasto em
prazeres.
Em casa, as mais das vezes, há mulher
e crianças. Também elas recebem a influência dessa maneira de viver,
principalmente se o chefe de família é bom para os seus. Nesse caso, o ganho da
semana é esbanjado com todos em casa nos três primeiros dias. Come-se e bebe-se
enquanto o dinheiro dura, e, nos últimos dias, todos passam fome. Então a mulher
percorre humildemente a vizinhança e os arredores, pede emprestado alguma coisa,
faz pequenas dividas no vendeiro e procura assim manter-se com os seus nos
últimos dias da semana. Ao meio-dia, sentam-se todos juntos, diante de magros
pratos, muitas vezes até esses faltam, e, fazendo planos, esperam pelo dia do
pagamento. Enquanto passam fome sonham de novo com a felicidade. E assim as
crianças desde a mais tenra idade, acostumam-se a essa miséria, o pior, porém, é
quando, desde o começo, o marido segue o seu caminho e a mulher, por amor aos
filhos, levanta-se contra isso. Então surgem as brigas, as disputas constantes.
E à proporção que o marido se afasta da mulher, aproxima-se do álcool. Todos os
sábados ele se embriaga. Por instinto de conservação, por si e pelos filhos, a
mulher briga para tomar os últimos vinténs do marido quando este se dirige da
fábrica para a espelunca. Por fim, domingo ou segunda-feira, à noite, ele volta
para casa, embriagado e brutal, sempre sem vintém. Então desenrolam-se
freqüentemente cenas lastimáveis.
Assisti tudo
isso em centenas de casos. No começo sentia-me enojado ou irritado para, mais
tarde, compreender toda a tragédia dessa miséria e as suas causas mais
profundas. Infelizes vitimas de péssimas condições
sociais.
Tão tristes, talvez, eram, outrora, as
condições das habitações. A crise de casas para os ajudantes de operários de
Viena era horrível. Ainda hoje sinto calafrios quando penso naqueles horríveis
covis, as estalagens e nas habitações coletivas, naqueles sombrios quadros de
sujeira e de escândalos. Que poderia resultar daí, quando desses covis de
miséria a torrente de escravos abandonados se lançasse sobre a outra parte da
humanidade, livre de cuidados,
despreocupada?
Sim, o resto do mundo é
despreocupado. Despreocupado fica, deixando que as coisas sigam o seu caminho,
sem pensar que, na sua falta de intuição, a revanche terá lugar, mais cedo ou
mais tarde, se em tempo os homens não modificarem essa triste
realidade.
Quanto agradeço hoje à Providência o
ter-me lançado nessa escola! Aí eu não podia mais sabotar o que não me era
agradável. Essa escola educou-me depressa e
solidamente.
A menos que eu não quisesse perder
a esperança nos homens com quem convivia outrora, deveria fazer a diferença
entre a vida que aparentavam e as razões da mesma. Tudo isso deveria, pois, ser
suportado sem desânimo. Então, de toda essa infelicidade e miséria, de toda essa
sujidade e degradação, deveriam surgir na minha mente não mais homens, mas
miseráveis produtos de leis miseráveis. Por isso, a gravidade da luta pela vida
que sustentei, evitou que eu capitulasse por mero sentimentalismo ante os pecos
resultados desse processo de evolução.
Não,
isso não deveria ser compreendido assim.
Já,
naqueles tempos, eu havia chegado à conclusão de que só um caminho duplo poderia
conduzir ao objetivo da melhoria dessa situação: um mais profundo sentimento de
responsabilidade no sentido do estabelecimento de melhores bases para a nossa
evolução, combinado isso com a brutal resolução de demolir todas as
incorrigíveis excrescências.
Assim como a
natureza concentra os seus maiores esforços não na conservação do que existe mas
no cultivo do que cria, para continuação da espécie, assim também na vida humana
trata-se menos de melhorar artificialmente o que há de mau - o que, pela
natureza humana, em noventa e nove por cento dos casos é impossível - do que,
desde o início, assegurar, por melhores métodos, a evolução das novas
criações
Já durante a minha luta pela vida em
Viena, tornou-se evidente ao meu espírito que a atividade social nunca deverá
ser vista como uma obra de proteção sem- finalidade e irrisória, mas sim na
remoção de defeitos substanciais na organização de nossa vida econômica e
cultural que possam concorrer para a degeneração dos indivíduos ou pelo menos
para o seu desvio.
A dificuldade dessa maneira
de proceder em face dos últimos e brutais meios contra os delitos dos inimigos
do Estado, jaz justamente na incerteza do julgamento sobre os. motivos íntimos
ou causas principais dos fenômenos
contemporâneos.
Essa incerteza é fundada na
convicção da culpa de cada um nessas tragédias do passado e inutiliza toda séria
e firme resolução. Causa ao mesmo tempo, a fraqueza e a indecisão na execução
até mesmo das mais necessárias medidas de
conservação.
Quando um tempo vier não mais
empanado pela sombra da consciência da própria culpabilidade, a conservação de
si mesmo criará a tranqüilidade íntima, a força exterior, brutal e sem
considerações, para matar os maus rebentos da erva
ruim.
Como o Estado Austríaco praticamente
desconhecia qualquer legislação social, sua incapacidade para o combate de morte
aos maus germes saltava diante dos nossos olhos em toda sua
evidência.
Eu não sei o que naqueles tempos
mais me horrorizava, se 'a miséria econômica dos meus camaradas, se a sua
grosseria espiritual .e moral e o nível baixo de sua
cultura.
Quantas vozes não se tomava de cólera
a nossa burguesia, quando, da boca de algum miserável vagabundo, ouvia a
declaração de que lhe era indiferente ser ou não alemão, contanto que ele
tivesse a sua subsistência garantida.
Essa
falta de orgulho nacional, é, então, censurada da maneira mais incisiva e a
repulsa por um tal modo de sentir é expressa em termos
enérgicos.
Quantos, porém, já se fizeram a
pergunta sobre quais eram as causas de possuírem eles próprios melhores
sentimentos?
Quantos compreendem a infinidade
de recordações pessoais sobre a grandeza da pátria, da nação,' em todas as
fronteiras da vida artística e cultural que lhes inspiram o justo orgulho de
poderem pertencer a um povo tão
favorecido?
Quantos pensam na dependência do
orgulho nacional em relação ao conhecimento das grandezas da Pátria em todos
esses domínios?
Refletem nossos círculos
burgueses em que irrisória extensão esses motivos de orgulho nacional se
apresentam ao povo?
Ninguém se desculpe com o
argumento de que "em outros países a coisa não se passa de outra maneira" e que,
não obstante, o trabalhador orgulha-se da sua nacionalidade. Mesmo que isso
fosse assim, não poderia servir como desculpa para a nossa própria negligência.
Tal, porém, não se dá. O que nós sempre pintamos como uma educação
"chauvinística" dos franceses, por exemplo, não é mais do que a exaltação das
grandezas da França em todos os domínios da Cultura, ou da "civilisation", como
a denominam os nossos vizinhos.
O jovem francês
não é educado para o objetivismo, mas para as opiniões subjetivas, que a gente
só pode avaliar, quando se trata da significação das grandezas políticas ou
culturais da sua pátria.
Essa educação terá que
ser sempre restrita aos grandes e gerais pontos de vista que, se preciso, por
meio de eterna repetição, se gravem na memória e nos sentimentos do
povo.
Entre nós, aos erros por omissão,
junta-se ainda a destruição do pouco que o indivíduo tem a felicidade de
aprender na escola. O envenenamento político do nosso povo elimina ainda esse
pouco do coração e da memória das vastas massas, quando a necessidade e os
sofrimentos já não o tinham feito.
Pense-se no
seguinte.
Em um alojamento subterrâneo,
composto de dois quartos abafados, mora uma família proletária de sete pessoas.
Entre os cinco filhos, suponhamos um de três anos. É esta a idade em que a
consciência da criança recebe as primeiras impressões. Entre os mais dotados
encontra-se, mesmo na idade madura, vestígio da lembrança desse tempo. O espaço
demasiado estreito para tanta gente não oferece condições vantajosas para a
convivência. Brigas e disputas, só por esse motivo, surgirão freqüentemente. As
pessoas não vivem umas com as outras, mas se comprimem umas contra as outras.
Todas as divergências, sobretudo as menores, que, nas habitações espaçosas,
podem ser sanadas por um ligeiro isolamento, conduzem aqui a repugnantes e
intermináveis disputas. Para as crianças isso é ainda suportável. Em tais
situações, elas brigam sempre e esquecem tudo depressa e completamente. Se,
porém, essa luta se passa entre os pais, quase todos os dias, e de maneira a
nada deixar a desejar em matéria de grosseria, o resultado de uma tal lição de
coisas faz-se sentir entre as crianças. Quem tais meios desconhece dificilmente
pode fazer uma idéia do resultado dessa lição objetiva, quando essa discórdia
recíproca toma a forma de grosseiros desregramentos do pai para com a mãe e até
de maus tratos nos momentos de embriaguez. Aos seis anos, já o jovem conhece
coisas deploráveis, diante das quais até um adulto só horror pode sentir.
Envenenado moralmente, mal alimentado, com a pobre cabecinha cheia de piolhos, o
jovem "cidadão" entra para a escola.
A custo
ele chega a ler e escrever. Isso é quase tudo. Quanto a aprender em casa, nem se
fale nisso. Até na presença dos filhos, mãe e pai falam da escola de tal maneira
que não se pode repetir e estão sempre mais prontos a dizer grosserias do que
pôr os filhos nos joelhos e dar-lhes conselhos. O que a criança ouve em casa não
é de molde a fortalecer o respeito às pessoas com que vai conviver. Ali nada de
bom parece existir na humanidade; todas as instituições são combatidas, desde o
professor até às posições mais elevadas do Estado. Trata-se de religião ou da
moral em si, do Estado ou da sociedade, tudo é igualmente ultrajado da maneira
mais torpe e arrastado na lama dos mais baixos sentimentos. Quando o rapazinho,
apenas com quatorze anos, sai da escola, é difícil saber o que é maior nele: a
incrível estupidez no que diz respeito a conhecimentos reais ou a cáustica
imprudência de suas atitudes, aliada a uma amoralidade que, naquela idade, faz
arrepiar os cabelos.
Esse homem, para quem já
quase nada é digno de respeito, que nada de grande aprendeu a conhecer, que, ao
contrário, conhece todas as vilezas humanas, tal criatura, repetimos, que
posição poderá ocupar na vida, na qual ele está à
margem?
De menino de treze anos ele passou, aos
quinze, a um desrespeitador de toda
autoridade.
Sujidade e mais sujidade, eis tudo
o que ele aprendeu. E isso não é de molde a estimulá-lo a mais elevadas
aspirações.
Agora entra ele, pela primeira vez,
na grande escola da vida.
Então começa a mesma
existência que nos anos da - meninice ele aprendeu de seus pais. Anda para cima
e para baixo, entra em casa Deus sabe quando, para variar bate ele mesmo na
alquebrada criatura que foi outrora sua mãe, blasfema contra Deus e o mundo e,
enfim, por qualquer motivo especial, é condenado e arrastado a uma prisão de
menores.
Lá recebe ele os últimos
polimentos.
O mundo burguês admira-se, no
entanto, da falta de "entusiasmo nacional" deste jovem
"cidadão".
A burguesia vê, como no teatro e no
cinema, no lixo da literatura e na torpeza da imprensa, dia a dia, o veneno se
derramar sobre o povo, em grandes quantidades, e admira-se ainda do precário
"valor moral", da "indiferença nacional" da massa desse povo, como se a sujeira
da imprensa e do cinema e coisas semelhantes pudessem fornecer base para o
conhecimento das grandezas da Pátria, abstraindo-se mesmo a educação individual
anterior. Pude então bem compreender a seguinte verdade, em que jamais havia
pensado:
O problema da "nacionalização" de um
povo deve começar pela criação de condições sociais sadias como fundamento de
uma possibilidade de educação do indivíduo. Somente quem, pela educação e pela
escola, aprende a conhecer as grandes alturas, econômicas e, sobretudo,
políticas da própria Pátria, pode adquirir e adquirirá, certamente, aquele
orgulho íntimo de pertencer a um tal povo. Só se pode lutar pelo que se ama, só
se pode amar o que se respeita e respeitar o que pelo menos se
conhece.
Logo que o interesses pela questão
social foi em mim despertado, comecei a estudá-la profundamente. Aos meus olhos
surgia um novo mundo até então desconhecido.
No
ano de 1909 para 1910, minha própria situação modificou se um pouco porque não
precisava mais ganhar o pão de cada dia como ajudante de operário. Já
trabalhava, por minha conta, como desenhista e aquarelista. Continuava a ganhar
muito pouco - o essencial para viver - mas em compensação tinha lazeres para
aperfeiçoar-me na profissão que havia escolhido. Já não entrava em casa, à
noite, como antigamente, cansado ao extremo, incapaz de parar a vista em um
livro sem adormecer dentro de pouco tempo. Meu trabalho de agora corria paralelo
com a minha profissão artística. Podia, então, como senhor do meu próprio tempo,
dividi-lo melhor do que antes.
Eu pintava para
ganhar o pão e estudava por prazer.
Assim foi
possível às minhas observações sobre a questão social juntar o complemento
teórico indispensável. Eu estudava quase tudo que sobre esse assunto se podia
assimilar em livros, dando assim às minhas próprias idéias base mais
sólida.
Creio que os que comigo conviviam
naquele tempo tinham-me por um tipo
esquisito.
Era natural que eu, com ardor,
satisfizesse à minha paixão pela arquitetura. Ao lado da música, a arquitetura
me parecia a rainha das artes. Minha atividade, em tais condições, não era um
trabalho, mas um grande prazer. Podia ler ou desenhar até tarde da noite, sem
cansar-me absolutamente. Assim fortalecia-se a convicção de que o meu belo
sonho, depois de longos anos, transformar-se-ia em realidade. Estava
inteiramente convencido de um dia conquistar um nome como
arquiteto.
Não me parecia muito significativo
que eu também tivesse o maior interesse por tudo que se relacionasse com a
política. Ao contrário, isso era, em minha opinião, um dever natural de cada ser
pensante. Quem nada entende de política perde o direito a qualquer critica, a
qualquer reivindicação.
Também sobre esse
assunto li e aprendi muito.
Sob o nome de
leitura, concebo coisa muito diferente do que pensa a grande maioria dos
chamados intelectuais.
Conheço indivíduos que
lêem muitíssimo, livro por livro letra por letra, e que, no entanto, não podem
ser apontados como "lidos". Eles possuem uma multidão de "conhecimentos", mas o
seu cérebro não consegue executar uma distribuição e um registro do material
adquirido. Falta-lhes a arte de separar, no livro, o que lhes é de valor e o que
é inútil, conservar para sempre de memória o que lhes interessa e, se possível,
passar por cima, desprezar o que não lhes traz vantagens, em qualquer hipótese
não conservar consigo esse peso sem finalidade. A leitura não deve ser vista
como finalidade, mas sim como meio para alcançar uma finalidade. Em primeiro
lugar, a leitura deve auxiliar a formação do espírito, a despertar as
disposições intelectuais e inclinações de cada um. Em seguida, deve fornecer o
instrumento, o material de que cada um tem necessidade na sua profissão, tanto
para o simples ganha-pão como para a satisfação de mais elevados desígnios. Em
segundo lugar, deve proporcionar uma idéia de conjunto do mundo. Em ambos os
casos, é, porem, necessário que o conteúdo de qualquer leitura não seja confiado
à guarda da memória na ordem de sucessão dos livros, mas como pequenos mosaicos
que, no quadro de conjunto, tomem o seu lugar na posição que lhes é destinada,
assim auxiliando a formar este quadro no cérebro do leitor. De outra maneira,
resulta um bric-á-brac de matérias aprendidas de cor, inteiramente inúteis, que
transformam o seu infeliz possuidor em um presunçoso, seriamente convencido de
ser um homem instruído, de entender alguma coisa da vida, de possuir cultura, ao
passo que a verdade é que, a cada acréscimo dessa sorte de conhecimentos, mais
se afasta do mundo, até que acaba em um sanatório ou, como "político", em um
parlamento.
Nunca um cérebro assim formado
conseguirá, da confusão de sua "ciência", retirar o que é apropriado às
exigências de determinado momento, pois seu lastro espiritual está arranjado não
na ordem natural da vida mas na ordem de sucessão dos livros, como os leu e pela
maneira por que amontoou os assuntos no cérebro. Quando as exigências da vida
diária dele reclamam o justo emprego do que outrora aprendeu então precisará
mencionar os livros e o número das páginas e, pobre infeliz, nunca encontrará
exatamente o que procura.
Nas horas críticas,
esses "sábios", quando se vêem na dolorosa contingência de pesquisar casos
análogos para aplicar às circunstâncias, só descobrem receitas
falsas.
Não fosse assim e não se poderiam
conceber os atos políticos dos nossos sábios heróis do Governo que ocupam as
mais elevadas posições, a menos que a gente se decidisse a aceitar as suas
soluções não como conseqüências de disposições intelectuais patológicas, mas
como infâmias e trapaçarias.
Quem possui,
porém, a arte da boa leitura, ao ler qualquer livro, revista ou brochura,
dirigirá sua atenção para tudo o que, no seu modo de ver, mereça ser conservado
durante muito tempo, quer porque seja útil, quer porque seja de valor para a
cultura geral.
O que por esse meio se adquire
encontra sua racional ligação no quadro sempre existente que a representação
desta ou daquela coisa criou, e corrigindo ou reparando, realizará a justeza ou
a clareza do mesmo. Se qualquer problema da vida se apresenta para exame ou
contestação, a memória, por esta arte de ler, poderá recorrer ao modelo do
quadro de percepção já existente, e por ele todas as contribuições coligidas
durante dezenas de anos e que dizem respeito a esse problema são submetidas a
uma prova racional e ao nosso exame, até que a questão seja esclarecida ou
respondida.
Só assim a leitura tem sentido e
finalidade.
Um leitor, por exemplo, que, por
esse meio, não fornecer à sua razão os fundamentos necessários, nunca estará na
situação de defender os seus pontos de vista ante uma contradita, correspondam
os mesmos mil vezes à verdade. Em cada discussão a memória o abandonará
desdenhosamente. Ele não encontrará razões nem para o fortalecimento de suas
afirmações, nem para a refutação das idéias do adversário. Enquanto isso
acarreta, como no caso de um orador o ridículo da própria pessoa, ainda se pode
tolerar; de péssimas conseqüências é, porém, que esses indivíduos que "sabem"
tudo e não são capazes de coisa alguma, sejam colocados na direção de um
Estado.
Muito cedo esforcei-me por ler por
aquele processo e fui, da maneira mais feliz, auxiliado pela memória e pela
razão. Observadas as coisas por esse aspecto, foi me fecundo e proveitoso,
sobretudo o tempo que passei em Viena. A experiência da vida diária servia de
estímulo para sempre novos estudos dos mais diversos problemas. Quando eu, por
fim, cheguei à situação de poder fundamentar a realidade na teoria e tirar a
prova da teoria na experiência, na prática, estava em condições de evitar o
excesso de apego à teoria, ou descer demais à
realidade.
Assim, a experiência da vida diária,
nesse tempo, em dois dos mais importantes problemas, além do social, tornou-se
definitiva e serviu de estimulante para sólido estudo
teórico.
Quem sabe se eu algum dia me teria
aprofundado na teoria e na vida do marxismo, se, outrora, eu não tivesse
quebrado a cabeça com esse problema? O que eu, na minha mocidade, conhecia sobre
a social democracia era muito pouco e muito
errado.
Causava-me intenso prazer que a social
democracia dirigisse a luta pelo direito do voto secreto e universal. A minha
razão já me dizia, porém, que essa conquista deveria levar a um enfraquecimento
do regime dos Habsburgos, por mim já tão
odiado.
Na convicção de que o Estado danubiano
nunca se manteria sem o sacrifício do espírito alemão, e que o mesmo prêmio de
uma lenta eslavização do elemento germânico de modo algum ofereceria garantia de
um governo verdadeiramente viável, pois a força criadora do Estado dos eslavos é
muito hipotética, via eu com prazer todo movimento que, na minha imaginação,
poderia contribuir para o desmembramento desse Estado de dez milhões de alemães,
inviável e condenado à morte. Quanto mais o palavrório corroía o parlamento,
mais próximo deveria estar a hora da ruína desse Estado babilônico e com ela
também a hora da libertação dos meus compatriotas austro-alemães. Só assim se
poderia voltar à antiga anexação à
mãe-pátria.
Por isso, a atividade da
social-democracia não me parecia antipática. Como esse movimento se preocupava
em melhorar as condições vitais do operariado - como eu acreditava na minha
ingenuidade de outrora - pareceu-me melhor falar a seu favor do que contra. O
que mais me afastava da social-democracia era sua posição de adversária em
relação ao movimento pela conservação do espírito germânico, a deplorável
inclinação em favor dos "camaradas" eslavos que só aceitavam esse alerta quando
era acompanhado de concessões práticas, repelindo-o, arrogantes e orgulhosos,
quando não viam interesses. Davam, assim, ao importuno mendigo a paga
merecida.
Na idade de dezessete anos, a palavra
marxismo era-me pouco conhecida, enquanto socialismo e social-democracia
pareciam-me concepções idênticas. Foi preciso, também, nesse caso, que o punho
forte do destino me abrisse os olhos para essa maldita maneira de ludibriar o
povo.
Até então eu só tinha contato com a
social-democracia como observador em algumas demonstrações coletivas, sem
possuir nenhuma idéia da mentalidade de seus adeptos ou da essência da doutrina.
De repente. pude sentir os efeitos de sua doutrinação e de sua maneira de
encarar o mundo. O que, talvez só depois de dezenas de anos, tivesse acontecido,
aprendi agora no decurso de poucos meses, isto é, a verdadeira significação de
uma peste ambulante sob a máscara de virtude social e amor ao próximo e da qual
se deve depressa libertar a terra, pois, ao contrário, muito facilmente a
humanidade será por ela imolada.
No serviço de
construções teve lugar o meu primeiro encontro com os sociais-democratas. Logo
de começo, não foi muito agradável. Minhas roupas ainda estavam em ordem, minha
linguagem era cuidada, minha vida comedida. Tinha tanto que lutar com a minha
sorte que pouco podia cuidar do que me cercava. Só procurava trabalho para não
passar fome e para ter a possibilidade de continuar, mesmo lentamente, a minha
educação. Talvez eu não me tivesse absolutamente preocupado com o novo meio em
que me achava, se, 1á no terceiro ou quarto dia, não se tivesse dado um fato que
me forçou a tomar imediatamente uma posição definida: fui intimado a entrar no
sindicato.
Meus conhecimentos sobre organização
sindical eram então quase nulos. Nem a sua utilidade nem a sua inutilidade podia
eu aquilatar. Quando me esclareceram que eu deveria entrar, recusei-me.
Fundamentava a minha resolução com a razão de que eu não entendia do assunto e
que, sobretudo, não me deixava levar à força para parte alguma. Talvez fosse a
primeira a razão por que não me puseram imediatamente na rua. Talvez esperassem
que, dentro de alguns dias, eu estivesse convertido ou pelo menos mais
dócil.
Haviam-se enganado
radicalmente.
Depois de quatorze dias, eu não
poderia mais entrar para o sindicato, mesmo que o tivesse desejado. Nestes
quatorze dias, pude conhecer de mais perto os que me cercavam, de modo que
nenhuma força do mundo poderia mais arrastar-me a uma organização, cujos esteios
me apareceram sob uma luz tão desfavorável.
Nos
primeiros dias fiquei indignado. Ao meio-dia, uma
parte dos operários ia para a estalagem próxima, enquanto a outra ficava no
local da- construção e aí tinha o seu magro almoço. Estes eram casados, para os
quais as mulheres, em miseráveis vasilhas, traziam a sopa do meio-dia. Para o
fim da semana, o número desses era sempre maior. A razão disso só mais tarde
compreendi.
Então conversava-se política.
Eu bebia minha garrafa de leite e comia o meu
pedaço de pão, conservando-me sempre afastado, e estudava com atenção meus novos
conhecidos ou refletia sobre a minha triste sorte. Não obstante isso, ouvia mais
do que o suficiente. Pareceu-me freqüentemente que se aproximavam de mim de
propósito para me forçarem a tomar uma posição. Em todo caso, como vim a saber,
isso visava o efeito de me provocar.
Ali tudo
se negava: a nação era uma invenção das classes capitalistas (que número
infinito de vezes ouvi essa palavra!); a Pátria era um instrumento da burguesia
para exploração das massas trabalhadoras; a autoridade da lei era simples meio
de opressão do proletariado; a escola era instituto de cultura do material
escravo e mantenedor da escravidão; a religião era vista como meio de atemorizar
o povo para melhor exploração do mesmo; a moral não passava de uma prova da
estúpida paciência de carneiro do povo. Não havia nada, por mais puro, que não
fosse arrastado na lama mais asquerosa.
De
começo, tentei manter-me em silêncio. Por fim, não podia mais. Comecei a tomar
posição, comecei a contraditar. Então passei a compreendei- que essa oposição de
nada valia, enquanto eu não possuísse conhecimentos seguros sobre os pontos
debatidos. Comecei a pesquisar nas próprias fontes, de onde eles extraíam a sua
fictícia sabedoria. Li livros sobre livros, brochuras sobre brochuras. No local
do serviço, as coisas chegavam freqüentemente à exaltação. Eu discutia cada vez
melhor, até que um dia foi empregado um meio que facilmente levava de vencida a
razão: o terror, a força. Alguns dos defensores do lado contrário intimaram-me a
abandonar a construção imediatamente ou a ser jogado do andaime. Como estava
sozinho e a resistência seria impossível, preferi seguir o primeiro alvitre,
adquirindo assim mais uma experiência.
Saí,
enojado, mas, ao mesmo tempo, tão impressionado que já agora seria inteiramente
impossível para mim abandonar a questão. Não. Depois da eclosão da primeira
revolta, a obstinação de novo venceu. Estava firmemente resolvido a voltar,
apesar de tudo para outro serviço de construção. Essa decisão foi fortalecida
pela situação precária em que me encontrei algumas semanas mais tarde, depois de
gastar as pequenas economias. Não me restava outra saída, quer eu quisesse quer
não. E cena idêntica desenrolou-se, para acabar da mesma forma que a
primeira.
Travou-se uma luta no meu íntimo, que
se define nesta pergunta: isso é gente digna de pertencer a um grande
povo?
Eis uma pergunta angustiosa. Se a
respondermos afirmativamente, a luta por uma nacionalidade merecerá os trabalhos
e os sacrifícios que os melhores fazem por um tal rebotalho? Se a resposta for
negativa, então o nosso povo já está muito pobre em
homens.
Com desânimo inquietador via eu,
naqueles dias críticos e atormentados, a massa, que já não pertencia a seu povo,
tornar-se um exército ameaçador.
Com que
sentimentos diferentes fitava, então, as filas sem fim dos trabalhadores
vienenses em um dia de demonstração coletiva! Durante quase duas horas, de pé,
um dia, observei, com a respiração suspensa, a monstruosa onda humana que rolava
lentamente. Tomado de um desânimo inquieto, abandonei a praça e dirigi-me para
casa. No caminho, vi em uma tabacaria o "Arbeiterzeitung", órgão central da
antiga social-democracia. Em um café popular, que eu freqüentava constantemente
a fim de ler os jornais, esse periódico também era exposto à venda. Eu não
podia, porém, fazer o sacrifício de passar uma vista por mais de dois minutos na
folha infame, que, para mim, tinha o efeito do
vitríolo.
Debaixo da acabrunhadora impressão
que a demonstração coletiva havia produzido, senti uma voz íntima que me
incitava a comprar o jornal e lê-lo inteiramente. À noite tratei disso, vencendo
a crescente repulsa que sempre experimentava ao ver essa torneira de mentiras
concentradas. Melhor do que em toda a literatura teórica, pude, pela leitura
diária da imprensa social-democrática, estudar a essência do movimento e o curso
das suas idéias.
Que diferença entre as
cintilantes frases de liberdade, beleza e dignidade da literatura teórica, entre
o fogo-fátuo do palavrório que, laboriosamente, aparenta a mais profunda e
irresistível sabedoria, pregada com uma segurança profética, e a brutal
virtuosidade da mentira da imprensa diária que trabalhava pela salvação da nova
humanidade sem recuar ante nenhuma objeção, usando de todos os recursos da
calúnia!
Uma é destinada aos estúpidos das
camadas intelectuais médias e superiores, a outra às
massas.
A meditação sobre a literatura e a
imprensa dessa doutrinação, servia-me para descobrir de novo a minha
gente.
O que, a princípio, me parecia um abismo
intransponível, devia tornar-se motivo para amar cada vez mais o meu
povo.
Só um louco poderia, depois de conhecer
esse monstruoso trabalho de envenenamento, condenar ainda as vítimas do mesmo.
Quanto mais independente eu me tornava nos anos seguintes, tanto mais longe
alcançava a minha vista as causas íntimas do êxito da social-democracia. Então
compreendendo a significação da exigência brutal feita ao operário para só ler
jornais vermelhos, só freqüentar assembléias vermelhas, só ler livros vermelhos,
etc., vi, muito claro, os efeitos violentos dessa doutrinação da
intolerância.
A psique das massas é de natureza
a não se deixar influenciar per meias medidas, por atos de
fraqueza.
Assim como as mulheres, cuja
receptividade mental é determinada menos por motivos de ordem abstrata do que
por uma indefinível necessidade sentimental de uma força que as complete e, que,
por isso preferem curvar-se aos fortes a dominar os fracos, assim também as
massas gostam mais dos que mandam do que dos que pedem e sentem-se mais
satisfeitas com uma doutrina que não tolera nenhuma outra do que com a tolerante
largueza do liberalismo. Elas não sabem o que fazer da liberdade e, por isso,
facilmente sentem-se abandonadas.
A impudência
do terrorismo espiritual passa-lhes despercebida, assim como os crescentes
atentados contra a sua liberdade que as deveriam levar à revolta. Elas não se
apercebem, de nenhum modo, dos erros intrínsecos dessa doutrinação. Elas vêem
apenas a força incontrastável e a brutalidade de suas resolutas manifestações
externas, ante as quais sempre se curvam.
Se
uma doutrina que encerrasse mais inveracidade ao lado de idêntica brutalidade na
propaganda, fosse oposta à social-democracia, triunfaria, do mesmo modo, por
mais áspera que fosse a luta.
Em menos de dois
anos, não só a doutrina da social-democracia mas também o seu emprego como
instrumento prático, tornaram-se-me claros.
Eu
compreendi o infame terror espiritual que esse movimento exerce especialmente
sobre a burguesia.
A um dado sinal, os seus
propagandistas lançam um chuveiro de mentiras e calúnias contra o adversário que
lhes parece mais perigoso, até que se rompam os nervos dos agredidos que, para
terem tranqüilidade, se rendem ao inimigo.
Mas
é do destino dos tolos nunca alcançarem o
sossego.
O jogo recomeça e repete-se inúmeras
vozes, até que o pavor ante os monstros selvagens provoca uma significativa
imobilidade do adversário.
Como a social
democracia, por experiência própria, conhece muito bem o valor da força,
lança-se mais violentamente contra aqueles em cuja individualidade descobre
algum sistema de resistência. Por outro lado, incensa todos os fracos do lado
oposto, a princípio cautelosamente e depois abertamente, conforme essas
qualidades morais sejam reais ou
imaginárias.
Eles receiam menos um gênio
impotente e sem vontade do que uma natureza forte, mesmo intelectualmente
modesta.
A social-democracia se recomenda
sobretudo aos fracos de espírito e de
caráter.
Esse partido sabe aparentar que só ele
conhece o segredo da paz e tranqüilidade, enquanto, cautelosamente mas de
maneira decidida, conquista uma posição depois da outra, ora por meio de
discreta pressão, ora através de requintadas escamoteações em momentos em que a
atenção geral está dirigida para outros assuntos, não quer por ele ser
despertada ou tem a oportunidade como não merecendo grande interesses ou receia
provocar o perverso adversário.
Essa é uma
tática que, tendo em conta exatamente tidas as fraquezas humanas, é coroada de
êxito matemático, quando o adversário não aprende a usar gás venenoso contra gás
venenoso, isto é, as mesmas armas do
agressor.
É preciso que se diga às naturezas
fracas que se trata de uma luta de vida ou de
morte.
Não menos compreensível para mim
tornou-se a significação do terror material em relação aos indivíduos e às
massas.
Aqui também havia um cálculo exato de
atuação psicológica. O terror nos lugares de trabalho, nas fábricas, nos locais
de reunião e por ocasião das demonstrações coletivas, era sempre coroado de
êxito, enquanto um terror maior não se lhe
opunha.
Quando acontece essa última hipótese, o
partido, em gritos de pavor, embora habituado a desrespeitar a autoridade do
Estado, em altos berros pedirá seu auxílio, para, na maioria dos casos, no meio
da confusão geral, alcançar o seu verdadeiro objetivo, isto é: encontrar
covardes autoridades que, na tímida esperança de poder de futuro contar com o
temível adversário, auxiliem-no a combater o
inimigo.
Que impressão um tal êxito exerce
sobre o espírito das vastas massas e dos seus adeptos, assim como sobre o
vencedor, só pode avaliar quem conhece a alma do povo, não através de livros mas
pelo estudo da própria vida, pois, enquanto, no círculo dos vencedores, o
triunfo alcançado é tido como uma vitória do direito de sua causa, o adversário
batido, na maioria dos casos, duvida do êxito de uma outra
resistência.
Quanto melhor eu conhecia os
métodos da violência material, tanto mais me inclinava a desculpar as centenas
de milhares de proletários que cediam ante a força
bruta.
A compreensão desse fato devo
principalmente aos meus antigos tempos de sofrimentos, os quais me fizeram
entender o meu povo e fazer a diferença entre as vítimas e os seus
condutores.
Como vítimas devem ser vistos os
que foram submetidos a essa situação corruptora. Quando eu me esforçava por
estudar, na vida real, a natureza íntima dessas camadas "inferiores", não podia
delas fazer uma idéia justa, sem a segurança de que, nesse meio, também
encontrava qualidades recomendáveis, como sejam capacidade de sacrifício, fiel
camaradagem, extraordinária sobriedade, discreta modéstia, virtudes essas muito
comuns, sobretudo nos antigos sindicatos. Se é verdade que essas virtudes se
diluíam cada vez mais nas novas gerações, sob a atuação das grandes cidades,
incontestável é também que muitas conseguiam triunfar sobre as vilezas comuns da
vida. Se esses homens, bons e bravos, na sua atividade política, entravam nas
fileiras dos inimigos do nosso povo e a estes auxiliavam, era porque não
compreendiam e nem podiam compreender a vileza da nova doutrina ou porque, em
ultima ratio, as injunções sociais eram mais fortes do que todas as vontades em
contrário. As contingências da vida a que, de um modo ou de outro, estavam
fatalmente sujeitos, faziam-nos entrar no acampamento da
social-democracia.
Como a burguesia, inúmeras
vezes, da maneira mais inepta e também a mais imoral, fazia frente às mais
justas aspirações coletivas, sem muitas vezes retirar ou esperar retirar
qualquer proveito de uma tal atitude, mesmo o mais ordeiro trabalhador saia da
organização sindical para tomar parte na atividade
política.
Milhões de proletários, na
intimidade, foram, sem dúvida, de começo, inimigos do partido
social-democrático. Foram, porém, derrotados na sua oposição pela conduta idiota
do partido burguês combatendo todas as reivindicações da massa dos
trabalhadores.
A impugnação cega da burguesia a
todos os ensaios por uma melhoria nas condições do trabalho, tais como um
aparelhamento de defesa contra as máquinas, a proteção ao trabalho das crianças
e a proteção da mulher, pelo menos nos últimos meses de gravidez, tudo isso
auxiliou a social-democracia a pegar as massas nas suas redes. Esse partido
sabia aproveitar todos os casos em que pudesse manifestar sentimentos de piedade
para com os oprimidos. Nunca mais poderá a nossa burguesia política reparar os
seus erros, pois, enquanto ela se opunha a todas as tentativas por uma remoção
dos males sociais, semeava ódio e justificava mesmo as afirmações dos inimigos
da nacionalidade, segundo as quais só o Partido Social Democrata defendia os
interesses das classes produtoras.
Aí estão as
razões morais da resistência dos sindicatos e os motivos por que prestaram os
melhores serviços àquele partido político.
Nos
meus anos de aprendizado em Viena fui forçado, quer quisesse quer não, a tomar
posição no problema dos sindicatos.
Como eu os
via como parte integral e indivisível do Partido Social Democrata, minha decisão
foi rápida e falsa.
Como era natural,
recusei-me a entrar para o sindicato.
Também
nesta importante questão foi a vida real que me serviu de
mestre.
O resultado foi uma reviravolta nos
meus primeiros julgamentos.
Aos vinte anos, já
fazia a diferença entre o sindicato como meio de defesa dos direitos sociais dos
empregados e de luta pela melhoria das condições de vida dos mesmos e o
sindicato como instrumento do partido na luta política de
classes.
Como a social-democracia compreendeu a
enorme significação do movimento sindicalista, assegurou para si a colaboração
desse instrumento e dai o seu êxito; como a burguesia não a compreendeu, isso
lhe custou a sua posição política. Na sua teimosa oposição, imaginou a burguesia
fazer parar uma evolução fatal e, na realidade, conseguiu apenas forçá-la a
tomar um caminho ilógico. Dizer-se que o movimento sindical em si é inimigo da
Pátria é uma idiotice, e além disso, uma inverdade. O contrário é que é a
verdade. Se uma atividade sindical tem como objetivo a melhoria de uma classe
que constitui uma das colunas mestras da nação e se esforça por realizá-lo, essa
atividade não só não se exerce contra a Pátria e o Estado mas, no verdadeiro
sentido da palavra, consulta os interesses nacionais. É fora de qualquer dúvida
que essa atuação auxilia a criar programas sociais, sem o que nem se deve pensar
em uma educação nacional coletiva. Esse movimento atinge seu maior mérito
quando, pelo combate aos cancros sociais existentes, ataca as causas das
moléstias do corpo e do espírito, contribuindo para a conservação da saúde do
povo. É ociosa a discussão sobre as vantagens dessas
agitações.
Enquanto, entre os que distribuírem
trabalho, houver homens que não compreendam a questão social ou possuam idéias
erradas de direito e de justiça, é não só direito mas dever dos por eles
empregados, - que aliás formam uma parte do nosso povo - proteger os interesses
da quase totalidade contra a avidez ou a irracionalidade de poucos, pois a
manutenção da fé na massa do povo é para o bem-estar da nação tão importante
quanto a conservação da sua saúde.
Ambos esses
interesses serão seriamente ameaçados pelos indignos empregadores que não têm os
mesmos sentimentos da coletividade, de que vivem divorciados. Devido à sua
condenável atitude, inspirada na ambição ou na intransigência, nuvens
ameaçadoras anunciam tempestades
futuras.
Remover as causas de uma tal evolução
é conquistar um mérito em relação à Pátria. Agir ao contrário é trabalhar contra
os interesses da nação.
Não se diga que cada um
tem independência suficiente para tirar todas as conclusões das injustiças reais
ou fictícias que lhe são feitas. Não, isso é hipocrisia e deve ser visto como
tentativa para desviar a atenção das soluções
justas.
A alternativa é a seguinte: evitar
acontecimentos nocivos à coletividade consulta ou não os interesses da nação? Na
primeira hipótese, a luta deve ser aceita com todas as armas que possam
assegurar o triunfo.
O trabalhador,
individualmente, não está nunca em condições de empenhar-se, com êxito, em uma
luta contra o poder do grande empregador. Nesse conflito não se trata do
problema da vitória do direito. Se assim fosse, o simples reconhecimento desse
direito faria cessar toda luta, pois desapareceria, em ambas as partes, o desejo
de combater. Trata-se, porém, de uma questão de força. Naquele caso, o
sentimento de justiça por si só faria terminar a luta de modo honroso, ou
melhor, nunca se chegaria a ela. Se atos indignos ou contrários aos interesses
sociais arrastam à -reação, a luta só poderá ser decidida em favor do lado mais
forte, salvo se a justiça se dispuser à solução desses
males.
Além disso, é evidente que o empregador,
apoiado na força concentrada de suas empresas, terá que enfrentar o corpo de
empregados, se não quiser ser compelido a perder, desde o início, qualquer
esperança de vitória.
Assim a organização
sindical pode produzir o fortalecimento dos ideais sociais por unia atuação mais
prática e, com isso, o afastamento de causas de irritação que sempre dão motivo
a descontentamentos e a queixas. Se isso não acontece deve-se em grande parte
àqueles que a todas as soluções legais das dificuldades do povo julgam opor
obstáculos ou impedi-las por meio de sua influência
política.
Enquanto a burguesia não compreendia
a significação da organização sindical, ou, melhor, não queria entendê-la, e
insistia em fazer-lhe oposição, a social-democracia punha-se ao lado do
movimento combatido.
Vendo longe, ela criou
para si uma base firme que nos momentos críticos, já lhe havia servido de último
esteio. A verdade, porém, é que a antiga finalidade era, pouco a pouco,
abandonada, para dar lugar a outros
objetivos.
A social-democracia nunca pensou em
solucionar os problemas reais do movimento
profissional.
Em poucas décadas, nas mãos
espertas da social-democracia, o movimento sindical de instrumento de defesa dos
direitos sociais passou a ser instrumento de destruição da economia
nacional.
Os interesses dos trabalhadores não
deveriam em nada obstar a sua ação, pois, politicamente, o emprego de meios de
compressão econômica sempre permite a extorsão e o exercício de violências a
toda hora, sempre que, de um lado, há a necessária falta de escrúpulos e, do
outro, a suficiente estupidez junta a uma paciência de cordeiro. E isso acontece
nos dois campos em luta.
Já no começo deste
século o movimento sindical, de há muito, havia deixado de servir ao seu
objetivo de outrora.
De ano a ano, ele, cada
vez mais, caía nas mãos dos políticos da social-democracia, para, por fim, ser
utilizado apenas como pára-choque na luta de classes. Em conseqüência de
permanentes conflitos deveria, finalmente, levar à ruína toda a organização
econômica, pacientemente construída, arrastando o edifício do Estado à mesma
sorte, pela destruição de suas fundações
econômicas.
Cogitava-se cada vez menos da
defesa de todos os interesses reais do proletariado, até chegar-se à conclusão
de que a prudência política considerava como não aconselhável melhorar as
condições sociais e culturais das grandes massas, pois, ao contrário, corria-se
o perigo de que essas, tendo seus desejos satisfeitos, não mais poderiam ser
eternamente utilizadas como tropas de combate facilmente
manejáveis.
Essa evolução atemorizou de tal
maneira os guias da luta de classes que eles, por fim, se opuseram a todas as
salutares reformas sociais e, da maneira mais decidida, tomaram posição de
combate às mesmas.
Na justificação dos
fundamentos dessa atitude negativa e incompreensível nada deviam
recear.
No campo burguês estava se
escandalizado com essa visível falta de sinceridade da tática da social
democracia, sem que, porém, dai se tirassem as mínimas conclusões para um
acertado plano de ação. Justamente o receio da social-democracia diante de cada
melhoria real da situação do proletariado em relação à profundidade de sua até
então miséria cultural e social, talvez tivesse concorrido a arrancar esse
instrumento das mãos dos representantes de
classes
Isso não aconteceu, porém. Em vez de
tomar a ofensiva, a burguesia deixou apertar-se cada vez mais o cerco em torno
de si para, enfim, adotar providências inadequadas que, por muito tardias,
tornaram-se sem eficiência, e, por isso mesmo, eram facilmente repelidas. Assim
ficou tudo como antes, apenas o descontentamento tornou-se cada vez
maior.
Os "sindicatos independentes", como uma
nuvem tempestuosa, obscureciam o horizonte político, ameaçando também a
existência dos indivíduos. Essas organizações se transformaram no mais temível
instrumento de terror contra a segurança e independência da economia nacional, a
solidez do Estado e a liberdade dos
indivíduos.
Foram eles, sobretudo, que
transformaram a concepção da democracia em uma frase asquerosa e ridícula, que
profanava a liberdade e escarnecia, de maneira imperecível, da fraternidade,
nesta proposição: "Se não quiseres ser dos nossos, nós te arrebentaremos a
cabeça".
Assim começava eu a conhecer esses
inimigos do "gênero humano".
No decurso dos
anos, a opinião sobre eles desenvolveu-se e aprofundou-se, sem modificar-se,
porém.
Quanto mais eu estudava o aspecto
exterior da social-democracia, tanto mais crescia o desejo de penetrar na
estrutura íntima dessa doutrina.
A literatura
oficial do Partido de pouca utilidade me poderia ser na realização desse
objetivo. Ela é, no que diz respeito a questões econômicas, falsa nas suas
afirmações e conclusões e mentirosa quanto à finalidade
política.
Daí a razão por que eu me sentia, de
coração, afastado dos novos modos de expressão da eterna rabulice política e da
sua maneira de descrever as coisas.
Com um
inconcebível luxo de palavras de significação obscura, gaguejavam sentenças que
deveriam ser ricas de pensamento como eram falhas de
senso.
Só a decadência dos nossos intelectuais
das grandes cidades poderia, neste labirinto da razão, sentir-se
confortavelmente, para, no nevoeiro deste dadaismo literário, compreender a
"vida íntima", apoiado na proverbial inclinação de uma parte do nosso povo, para
sempre farejar a sabedoria profunda no meio dos paradoxos
pessoais.
Enquanto eu, na realidade de suas
demonstrações, pesava todas as mentiras e desatinos teóricos dessa doutrina,
chegava, pouco a pouco, a uma compreensão mais clara da sua
vontade.
Nestas horas apoderavam-se de mim
idéias tristes e maus presságios. Vi diante de mim uma doutrina, constituída de
egoísmo e de ódio, que, por leis matemáticas, poderá ser levada à vitória mas
arrastará a humanidade à ruína.
Nesse ínterim,
eu já tinha compreendido a ligação entre essa doutrina de destruição e o caráter
de uma certa raça para mim até então
desconhecida.
Só o conhecimento dos judeus
ofereceu-me a chave para a compreensão dos propósitos íntimos e, por isso, reais
da social-democracia. Quem conhece este povo vê cair-se-lhe dos olhos o véu que
impedia descobrir as concepções falsas sobre a finalidade e o sentido deste
partido e, do nevoeiro do palavreado de sua propaganda, de dentes arreganhados,
vê aparecer a caricatura do marxismo.
Hoje é-me
difícil, senão impossível, dizer quando a palavra judeu pela primeira vez foi
objeto de minhas reflexões. Na casa paterna, durante a vida de meu pai, não me
lembro de tê-la ouvido. Creio que ele já via nessa palavra a expressão de uma
cultura retrógrada. No curso de sua vida, ele chegou a uma concepção mais ou
menos cosmopolita do mundo combinada a um nacionalismo radical que, também,
exercia seus efeitos sobre mim.
Na escola
também não encontrei oportunidade que me pudesse levar a uma modificação desse
modo de encarar as coisas, que me havia transmitido meu
pai.
É verdade que, na escola profissional, eu
havia conhecido um jovem judeu que era tratado por nós com certa prevenção, mas
isso somente porque não tínhamos confiança nele, devido ao seu todo taciturno e
a vários fatos que nos haviam escarmentado. Nem a mim nem aos outros despertou
isso quaisquer reflexões.
Só dos meus quatorze
para os quinze anos deparei freqüentemente com a palavra judeu, ligada em parte
a conversas sobre assuntos políticos. Sentia contra isso uma ligeira repulsa e
não podia evitar essa impressão desagradável que, aliás, sempre se apoderava de
mim quando discussões religiosas se travavam na minha
presença.
Nesse tempo eu não via a questão sob
qualquer outro aspecto.
Em Linz havia muito
poucos judeus. Com o decorrer dos séculos, o aspecto do judeu se havia
europeizado e ele se tornara parecido com gente. Eu os tinha por alemães, Não me
era possível compreender o erro desse julgamento, porque o único traço
diferencial que neles via era o aspecto religioso diferente do nosso. Minha
condenação a manifestações contrárias a eles, a perseguição que se lhes movia,
por motivos de religião como eu acreditava, levavam-me à irritação, Eu não
pensava absolutamente na existência de um plano regular de combate aos
judeus.
Com essas idéias vim para
Viena.
Absorvido pela avalancha de impressões
que a arquitetura despertava, abatido pelo peso da minha própria sorte, eu não
tinha olhos para observar a estrutura da população da grande
cidade.
Embora Viena, já naquele tempo,
possuísse duzentos mil judeus em uma população de dois milhões, não me apercebi
desse fato. Nas primeiras semanas, os meus sentidos não puderam abarcar o
conjunto de tantos valores e idéias novas. Só depois que, pouco a pouco, a
serenidade voltou e as imagens confusas dos primeiros tempos começaram a
esclarecer-se, é que mais acuradamente pude ver em torno de mim o novo mundo que
me cercava e, então, deparei também com o problema
judaico.
Não quero afirmar que a maneira por
que eu os conheci me tenha sido particularmente agradável. Eu só via no judeu o
lado religioso. Por isso, por uma questão de tolerância, considerava injusta a
sua condenação por motivos religiosos. O tom, sobretudo da imprensa
anti-semítica de Viena, parecia me indigno das tradições de cultura de um grande
povo, Causava-me mal-estar a lembrança de certos fatos da Idade Média, cuja
reprodução não desejava ver. Como esses jornais não valiam grande coisa - e a
razão disso eu então não conhecia - via neles mais o produto de mesquinha inveja
do que o resultado de uma questão de princípios, embora
falsos.
Fortaleci-me nessa maneira de pensar
pela forma infinitamente mais digna (assim pensava eu então) por que a grande
imprensa respondia a todos esses ataques ou - o que me parecia de mais mérito
ainda pelo silêncio de morte em que se
mantinha.
Lia com fervor a chamada grande
imprensa ("Neue Freie Presse", "Wiener Tageblatt", etc.) e ficava admirado ante
a extensão dos assuntos que oferecia ao leitor assim como diante da objetividade
das suas manifestações em cada caso particular. Apreciava o seu estilo elegante,
distinto. Os exageros de forma não me agradavam,
chocavam-me.
Porque eu tenha visto Viena assim,
apresento como desculpa o esclarecimento que me dei a mim
mesmo.
O que repetidamente me causava
repugnância era a maneira indigna pela qual a imprensa bajulava a
corte.
Não havia acontecimento na corte que não
fosse comunicado aos leitores em tom do mais intenso entusiasmo ou da mais
lamurienta consternação, prática essa que, mesmo tratando-se do "mais sábio
monarca" de todos os tempos, podia ser comparada aos excessos incontidos de um
galo silvestre.
Isso me parecia exagerado e era
por mim visto como uma mancha para a Democracia liberal.
Pretender as graças desta corte e de maneira
tão indigna era o mesmo que trair a dignidade da
nação.
Esta foi a primeira sombra que devia
perturbar as minhas afinidades espirituais com a grande imprensa de
Viena.
Como sempre, também em Viena, eu
acompanhava todos os acontecimentos da Alemanha com o maior ardor, quer se
tratasse de questões políticas ou de problemas
culturais.
Com uma admiração a que se juntava o
maior orgulho, eu comparava a elevação do Reich com a decadência do Estado
austríaco, Enquanto os acontecimentos da política externa, na sua maior parte,
provocavam geral contentamento, a política interna freqüentemente dava margem a
sombrias aflições. A campanha que, naquele tempo, se movia contra Guilherme II,
não tinha a minha aprovação, Nele eu não via só o Imperador dos Alemães mas
também o criador da frota alemã. A imposição feita pelo Reichstag de não
permitir ao Kaiser fazer discursos indignava-me de modo tão extraordinário,
porque essa proibição partia de uma fonte que, aos meus olhos, nenhuma
autoridade possuía, atendendo a que, em um só período de sessão, esses gansos do
parlamento haviam grassitado mais idiotices do que o poderia fazer, durante
séculos, uma inteira dinastia de imperadores, dado o seu muito menor
número.
Eu me encolerizava com o fato de, em um
país em que qualquer imbecil não só reivindicava para si o direito de crítica
mas, no Parlamento, tinha até a permissão de decretar leis para a Pátria, o
detentor da coroa imperial pudesse receber admoestações da mais superficial das
instituições de palavrório de todos os
tempos.
Irritava-me ainda mais com o fato de
ver que a mesma imprensa "vienense" que, diante de um cavalo da corte, se
desfazia nas mais respeitosas mesuras a um acidental movimento da cauda do
mesmo, aparentando cuidados que para mim não passavam de mal encoberta maldade,
pudesse exprimir o seu pensamento contra o imperador dos
alemães!
Em tais casos o sangue me subia à
cabeça.
Foi isso o que, pouco a pouco, me fez
olhar com mais atenção a grande imprensa.
Fui
forçado a reconhecer uma vez que um dos jornais anti-semíticos, o "Deutsche
Volksblatt", em uma oportunidade idêntica, portara se de maneira mais
decente.
O que também me enervava era a nojenta
bajulação com que a grande imprensa se referia à
França.
Éramos forçados a nos envergonhar de
sermos alemães quando nos chegavam aos ouvidos esses açucarados hinos de louvor
à "grande nação da cultura".
Essa lastimável
galomania mais de uma vez me levou a deixar cair das mãos um desses grandes
jornais.
Freqüentemente, procurava o
"Volksblatt" que, apesar de muito menor, parecia-me mais limpo nesses
assuntos.
Não concordava com a sua atitude
radicalmente anti-semítica, mas, de vez em quando, eu encontrava argumentações
que me faziam refletir.
De qualquer modo, por
meio de "Volksblatt", eu pude conhecer aos poucos o homem e o movimento de que
dependiam a sorte de Viena: o Dr. Karl Lueger e o Partido Social
Cristão.
Quando vim para Viena era francamente
contrário a ambos.
O movimento e o seu líder me
pareciam reacionários.
O habitual sentimento de
justiça deveria, porém, modificar esse julgamento, à proporção que se me
oferecia oportunidade de conhecer o homem e a sua atuação. Com o tempo,
tornei-me de franco entusiasmo por ele. Hoje, vejo-o, mais do que antes, como o
mais forte burgo-mestre alemão de todos os
tempos,
Quantas de minhas arraigadas convicções
caíram por terra com essa mudança de modo de ver a respeito do movimento
social-cristão!
A minha maior metamorfose foi,
porém, a que experimentei em relação ao movimento
anti-semítico.
Isso me custou, durante meses,
as maiores lutas íntimas, entre os meus sentimentos e as minhas idéias, luta em
que as idéias acabaram por triunfar.
Por
ocasião dessa áspera luta entre a educação sentimental e a razão pura, a
observação da vida de Viena prestou-me serviços
inestimáveis.
Eu já não errava pelas ruas da
importante cidade como um cego que nada vê. Com os olhos bem abertos, observava
não mais somente os monumentos arquitetônicos mas também os
homens.
Um dia em que passeava pelas ruas
centrais da cidade, subitamente deparei com um indivíduo vestido em longo caftan
e tendo pendidos da cabeça longos caches
pretos.
Meu primeiro pensamento foi: isso é um
judeu?
Em Linz eles não tinham as
características externas da raça.
Observei o
homem, disfarçada mas cuidadosamente, e quanto mais eu contemplava aquela
estranha figura, examinando-a traço por traço, mais me perguntava a mim mesmo:
isso é também um alemão?
Como acontecia sempre
em tais ocasiões, tentei remover as minhas dúvidas recorrendo aos livros. Pela
primeira vez na minha vida, comprei, por poucos pfennigs, alguns panfletos
anti-semíticos. Infelizmente, todos partiam do ponto de vista de já ter o leitor
algum conhecimento da questão semítica. O tom da maior parte desses folhetos era
tal que, de novo, fiquei em dúvida. As suas afirmações eram apoiadas em
argumentos tão superficiais e anticientíficos que a ninguém
convenciam.
Durante semanas, talvez meses,
permaneci na situação primitiva. O assunto
parecia-me tão vasto, as acusações tão excessivas, que, torturado pelo receio de
fazer uma injustiça, de novo fiquei em um estado de incerteza e ansiedade.
Não me era lícito duvidar que, no caso, não se
tratava de uma questão religiosa, mas de raça, pois logo que comecei a estudar o
problema e a observar os judeus, Viena apareceu-me sob um aspecto diferente. Já
agora, para qualquer parte que me dirigisse, eu via judeus e quanto mais os
observava mais firmemente convencido ficava de que eles eram diferentes das
outras raças. Sobretudo no centro da cidade e na parte norte do canal do
Danúbio, notava-se um verdadeiro enxame de indivíduos que, por seu aspecto
exterior, em nada se pareciam com os alemães. Mesmo, porém, que me assaltassem
ainda algumas dúvidas, todas as hesitações se dissipavam em face da atitude de
uma parte dos judeus.
Surgiu entre eles um
grande movimento de vasta repercussão em Viena que muito concorreu para um juízo
seguro sobre o caráter racial dos judeus. esse movimento foi o
Sionismo.
Parecia, à primeira vista, que só uma
parte dos judeus aprovava essa atitude e que a grande maioria condenava aquele
princípio e o rejeitava decididamente. Após observação mais acurada,
verificava-se que essa aparência se traduzia em um misto de teorias, para não
dizer de mentiras, apresentadas por motivos tácitos, pois o chamado judeu
liberal rejeitava os pontos de vista dos sionistas, não porque esses fossem não
judeus mas porque eram judeus que pertenciam a um credo pouco prático e talvez
mesmo perigoso para o próprio judaísmo.
Essa
discórdia em nada alterava, porém, a solidariedade íntima entre os
adversários.
A luta aparente entre os sionistas
e os judeus liberais muito cedo me despertou nojo. Comecei a vê-la como
hipócrita, uma deslavada miséria, de começo a fim, e, sobretudo, indignada da
tão proclamada pureza moral desse povo.
De mais
a mais, essa pureza moral ou de qualquer outra natureza era uma questão
discutível. Que eles não eram amantes de banhos podia-se assegurar pela simples
aparência. Infelizmente não raro se chegava a essa conclusão até de olhos
fechados, Muitas vezes, posteriormente, senti náuseas ante o odor desses
indivíduos vestidos de caftan. A isso se acrescentem as roupas sujas e a
aparência acovardada e tem-se o retrato fiel da
raça.
Tudo isso não era de molde a atrair
simpatia. Quando, porém, ao lado dessa imundície física, se descobrissem as
nódoas morais, maior seria a repugnância.
Nada
se afirmou em mim tão depressa como a compreensão, cada vez mais completa, da
maneira de agir dos judeus em determinados
assuntos.
Poderia haver uma sujidade, uma
impudência de qualquer natureza na vida cultural da nação em que, pelo menos um
judeu, não estivesse envolvido?
Quem,
cautelosamente, abrisse o tumor haveria de encontrar, protegido contra as
surpresas da luz, algum judeuzinho. Isso é tão fatal como a existência de vermes
nos corpos putrefatos.
O judaísmo provocou em
mim forte repulsa quando consegui conhecer suas atividades, na imprensa, na
arte, na literatura e no teatro.
Protestos
moles já não podiam ser aplicados. Bastava que se examinassem os seus cartazes e
se conhecessem os nomes dos responsáveis intelectuais pelas monstruosas
invenções no cinema e no drama, nas quais se reconhecia o dedo do judeu, para
que se ficasse por muito tempo revoltado. Estava-se em face de uma peste, peste
espiritual, pior do que a devastadora epidemia de 1348, conhecida pelo nome de
Morte Negra. E essa praga estava sendo inoculada na
nação.
Quanto mais baixo é o nível intelectual
e moral desses industriais da Arte, tanto mais ilimitada é a sua atuação, pois
até os garotos, transformados, em verdadeiras máquinas, espalham essa sujeira
entre os seus camaradas. Reflita-se também no número ilimitado das pessoas
contagiadas por esse processo, Pense-se em que, para um gênio como Goethe, a
natureza lança no mundo dezenas de milhares desses escrevinhadores que,
portadores de bacilos da pior espécie, envenenam as
almas.
É horrível constatar, - mas essa
observação não deve ser desprezada.-.ser justamente o judeu que parece ter sido
escolhido pela natureza para essa ignominiosa
tarefa.
Dever-se-ia procurar na ignomínia dessa
missão o motivo de haver essa escolha recaído nos
judeus?
Comecei a estudar cuidadosamente os
nomes de todos os criadores dessas podridões artísticas fornecidas ao povo. O
resultado foi aumentar as minhas prevenções na atitude em relação aos judeus.
Por mais que isso contrariasse meus sentimentos, eu era arrastado pela razão a
tirar as minhas conclusões do que
observava.
Não se podia negar - porque era uma
realidade - o fato de correrem por conta dos judeus nove décimos da sordidez e
dos disparates da literatura, da arte e do teatro, fato esse tanto mais grave
quanto é sabido que esse povo representa um centésimo da população do
país.
Comecei também a examinar debaixo do
mesmo ponto de vista a grande imprensa de minha
predileção.
À proporção que o meu exame se
aprofundava diminuía o motivo de minha antiga admiração por essa imprensa. O
estilo desses jornais era insuportável, as idéias eu as repelia por superficiais
e banais e as afirmações pareciam aos meus olhos conter mais mentiras do que
verdades honestas. E os editores dessa imprensa eram
judeus!
Muitas coisas que até então quase me
passavam despercebidas agora me chamavam a atenção como dignas de ser
observadas, outras que já tinham sido objeto de minhas reflexões passaram a ser
melhor compreendidas.
Comecei a ver sob outra
luz as opiniões liberais desses periódicos. O tom de distinção das réplicas aos
ataques, assim como o seu completo silêncio em certos assuntos, revelavam-se
agora como truques inteligentes e vis. As suas brilhantes criticas teatrais
sempre favoreciam os autores judeus e as apreciações desfavoráveis só atingiam
os autores alemães.
Suas ligeiras alfinetadas
contra Guilherme II, assim como os elogios à cultura e à civilização francesa,
evidenciavam a persistência nos seus métodos. O conteúdo das novelas era de
repelente imoralidade e na linguagem via-se claramente o dedo de um povo
estrangeiro. O sentido geral dos seus escritos era tão evidentemente depreciador
de tudo quanto era alemão, que não se podia deixar de nisso ver uma intenção
deliberada.
Quem teria interesses nessa
campanha?
Seria tanta coincidência mero
acaso?
A dúvida foi crescendo em meu
espírito.
Essa evolução mental precipitou-se
com a observação de outros fatos, com o exame dos costumes e da moral seguidos
pela maior parte dos judeus.
Aqui ainda foi o
espetáculo das ruas de Viena que me proporcionou mais uma lição
prática.
As ligações dos judeus com a
prostituição e sobretudo com o tráfico branco podiam ser estudadas em Viena,
melhor do que em qualquer cidade da Europa ocidental, como exceção, talvez, dos
portos do sul da França.
Quem à noite passeasse
pelas ruas e becos de Viena seria, quer quisesse quer não, testemunha de fatos
que se conservaram ocultos a grande parte do povo alemão, até que a Guerra deu
aos lutadores oportunidade de poderem, ou melhor, de serem obrigados a assistir
a cenas semelhantes.
Quando, pela primeira vez,
vi o judeu envolvido, como dirigente frio, inteligente e sem escrúpulos, nessa
escandalosa exploração dos vícios do rebotalho da grande cidade, passou-me um
calafrio pelo corpo, logo seguido de um sentimento de profunda
revolta.
Então não mais evitei a discussão
sobre o problema semítico.
Como procurava
aprender a vida cultural e artística dos judeus sob todos os aspectos,
encontrei-os em uma atividade que jamais me tinha passado pela
mente.
Agora que me tinha assegurado de que os
judeus eram os líderes da social-democracia, comecei a ver tudo claro. A longa
luta que mantive comigo mesmo havia chegado ao seu ponto
final.
Nas relações diárias com os meus
companheiros de trabalho, já minha atenção tinha sido despertada pelas suas
surpreendentes mutações, a ponto de tomarem posições diferentes em torno de um
mesmo problema, no espaço de poucos dias e, às vezes, de poucas
horas.
Dificilmente eu podia compreender como
homens que, tomados isoladamente, possuem visão racional das coisas, perdem-na
de repente, logo que se põem em contato com as massa. Era motivo para duvidar de
seus propósitos.
Quando, depois de discussões
que duravam horas inteiras, eu me tinha convencido de haver afinal esclarecido
um erro e já exultava com a vitória, acontecia que, com pesar meu, no dia
seguinte, tinha de recomeçar o trabalho, pois tudo tinha sido debalde. Como um
pêndulo em movimento, que sempre volta para as mesmas posições, assim acontecia
com os erros combatidos, cuja reaparição era sempre
fatal.
Assim pude compreender: 1.° que eles não
estavam satisfeitos com a sorte que tão áspera lhes era; 2.° que odiavam os
empregadores que lhes pareciam os responsáveis por essa situação; 3.° que
injuriavam as autoridades que lhes pareciam indiferentes ante a sua deplorável
situação; 4.° que faziam demonstrações nas ruas sobre a questão dos preços dos
gêneros de primeira necessidade.
Tudo isso
podia-se ainda compreender, pondo-se a razão de lado. O que, porém, era
incompreensível era o ódio sem limites à sua própria nação, o achincalhamento
das suas grandezas, a profanação da sua história, o enlameamento dos seus
grandes homens.
Essa revolta contra a sua
própria espécie, contra a sua própria casa, contra o seu próprio torrão natal,
era sem sentido, inconcebível e contra a
natureza.
Durante dias, no máximo semanas,
conseguia-se livrá-los desse erro Quando, mais tarde, encontrávamos o pretenso
convertido, já os antigos erros de novo se haviam apoderado de seu espírito. A
monstruosidade tinha tomado posse de sua
vítima.
Pouco a pouco, compreendi que a
imprensa social-democrática era, na sua grande maioria, controlada pelos judeus.
Liguei pouca importância a esse fato que, aliás, se verificava com os outros
jornais. Havia, porém, um fato significativo: nenhum jornal em que os judeus
tinham ligações poderia ser considerado como genuinamente nacional, no sentido
em que eu, por influência de minha educação, entendia essa
palavra.
Vencendo a minha relutância, tentei
ler essa espécie de imprensa marxista, mas a repulsa por ela crescia cada vez
mais. Esforcei-me por conhecer mais de perto os autores dessa maroteira e
verifiquei que, a começar pelos editores, todos eram
judeus.
Examinei todos os panfletos
sociais-democráticos que pude conseguir e, invariavelmente, cheguei à mesma
conclusão: todos os editores eram judeus. Tomei nota dos nomes de quase todos os
líderes e, na sua grande maioria, eram do "povo escolhido", quer se tratasse de
membros do "Reichscrat", de secretários dos sindicatos, de presidentes de
associações ou de agitadores de rua. Em todos encontravam-se sempre a mesma
sinistra figura do judeu. Os nomes de Austerlitz, David, Adler, Ellenbogen etc.,
ficarão eternamente na minha memória.
Uma coisa
tornou-se clara para mim. Os líderes do Partido Social Democrata, com os
pequenos elementos do qual eu tinha estado em luta durante meses, eram quase
todos pertencentes a uma raça estrangeira, pois para minha satisfação íntima,
convenci-me de que o judeu não era alemão. Só então compreendi quais eram os
corruptores do povo.
Um ano de estadia em Viena
tinha sido suficiente para dar-me a certeza de que nenhum trabalhador deveria
persistir na teimosia de não se preocupar com a aquisição de um conhecimento
mais certo das condições sociais. Pouco a pouco, familiarizei-me com a sua
doutrina e dela me utilizava como instrumento para a formação de minhas
convicções íntimas.
Quase sempre a vitória se
decidia para o meu lado.
Todo esforço devia ser
tentado para salvar as massas, ainda com grandes sacrifícios de tempo e de
paciência.
Do lado dos judeus nenhuma esperança
havia, porém, de libertá-los de um modo de encarar as
coisas.
Nesse tempo, na minha ingenuidade de
jovem, acreditei poder evidenciar os erros da sua doutrina. No pequeno círculo
em que agia, esforçava-me, por todos os meios ao meu alcance, por convencê-los
da perniciosidade dos erros do marxismo e pensava atingir esse objetivo, mas o
contrário é o que acontecia sempre. Parecia que o exame cada vez mais profundo
da atuação deletéria das teorias sociais democráticas nas suas aplicações servia
apenas para tornar ainda mais firmes as decisões dos
judeus.
Quanto mais eu contendia com eles,
melhor aprendia a sua dialética. Partiam eles da crença na estupidez dos seus
adversários e quando isso não dava resultado fingiam-se eles mesmos de
estúpidos. Se falhavam esses recursos, eles se recusavam a entender o que se
lhes dizia e, de repente, pulavam para outro assunto, saíam-se com verdadeiros
truismos que, uma vez aceitos, tratavam de aplicar em casos inteiramente
diferentes. Então quando, de novo, eram apanhados no próprio terreno que lhes
era familiar, fingiam fraqueza e alegavam não possuir conhecimentos
preciosos.
Por onde quer que se pegassem esses
apóstolos, eles escapuliam como enguias das mãos dos adversários. Quando, um
deles, na presença de vários observadores, era derrotado tão completamente que
não tinha outra saída senão concordar, e que se pensava haver dado um passo para
a frente, experimentava-se a decepção de, no dia seguinte, ver o adversário
admirado de que assim se pensasse. O judeu esquecia inteiramente o que se lhe
havia dito na véspera e repetia os mesmos antigos absurdos, como se nada,
absolutamente nada, houvesse acontecido. Fingia-se encolerizado, surpreendido e,
sobretudo, esquecido de tudo, exceto de que o debate tinha terminado por
evidenciar a verdade de suas afirmações.
Eu
ficava pasmo.
Não se sabia o que mais admirar,
se a sua loquacidade, se o seu talento na arte de
mentir.
Gradualmente comecei a
odiá-los.
Tudo isso tinha, porém, um lado bom.
Nos círculos em que os adeptos, ou pelo menos os propagadores da
social-democracia, caíam sob as minhas vistas, crescia o meu amor pelo meu
próprio povo.
Quem poderia honestamente
anatematizar as infelizes vítimas desses corruptores do povo, depois de
conhecer-lhes as diabólicas habilidades?
Como
era difícil, até mesmo a mim, dominar a dialética de mentiras dessa
raça!
Quão impossível era qualquer êxito nas
discussões com homens que invertem todas as verdades, que negam descaradamente o
argumento ainda há pouco apresentado para, no minuto seguinte, reivindicá-lo
para si!
Quanto mais eu me aprofundava no
conhecimento da psicologia dos judeus, mais me via na obrigação de perdoar aos
trabalhadores.
Aos meus olhos, a culpa maior
não deve recair sobre os operários mas sim sobre todos aqueles que acham não
valer a pena compadecer-se da sua sorte, com estrita justiça dar aos filhos do
povo o que lhes é devido, mas poupar os que os desencaminham e
corrompem.
Levado pelas lições da experiência
de todos os dias, comecei a pesquisar as fontes da doutrina marxista. Em casos
individuais, a sua atuação me parecia clara. Diariamente, eu observava os seus
progressos e, com um pouco de imaginação, podia avaliar as suas conseqüências. A
Única questão a examinar era saber se os seus fundadores tinham presente no
espírito todos os resultados de sua invenção ou se eles mesmos eram vitimas de
um erro.
As duas hipóteses me pareciam
possíveis.
No primeiro caso, era dever de todo
ser pensante colocar-se à frente da reação contra esse desgraçado movimento,
para evitar que chegasse às suas extremas conseqüências; na segunda hipótese, os
criadores dessa epidemia coletiva deveriam ter sido espíritos verdadeiramente
diabólicos, pois só um cérebro de monstro - e não o de um homem - poderia
aceitar o plano de uma organização de tal porte, cujo objetivo final conduzirá à
destruição da cultura humana e à ruína do
mundo.
Nesse último caso, a solução que se
impunha, como última tábua de salvação, era a luta com todas as armas que
pudesse abraçar a razão e a vontade dos homens, mesmo se a sorte do combate
fosse duvidosa.
Assim comecei a entrar em
contato com os fundadores da doutrina a fim de poder estudar os princípios em
que se fundava o movimento marxista. Consegui esse objetivo mais depressa do que
me seria lícito supor, devido aos conhecimentos que possuía sobre a questão
semítica, embora ainda não muito profundos. Essa circunstância tornou possível
uma comparação prática entre as realidades do mesmo e as reivindicações teóricas
da social-democracia, que tanto me tinha auxiliado a entender os métodos verbais
do povo judeu, cuja principal preocupação é ocultar ou pelo menos disfarçar os
seus pensamentos. Seu objetivo real não está expresso nas linhas mas oculto nas
entrelinhas.
Foi por esse tempo que se operou
em mim a maior modificação de idéias que devia experimentar. De inoperante
cidadão do mundo passei a ser um fanático anti-semita. Mais uma vez ainda - e
agora pela última vez - pensamentos sombrios me arrastavam ao
desânimo.
Durante meus estudos sobre a
influência da nação judaica, através de longos períodos da história da
civilização, o tétrico problema se armou diante de mim não teria inescrutável
destino, por motivos ignorados por nós, pobres mortais, decretado a vitória
final dessa pequena nação?
A esse povo não
teria sido destinado o domínio da Terra como uma
recompensa?
À proporção que me aprofundava no
conhecimento da doutrina marxista e me esforçava por ter uma idéia mais clara
das atividades do marxismo, os próprios acontecimentos se encarregavam de dar
uma resposta àquelas dúvidas.
A doutrina
judaica do marxismo repele o princípio aristocrático na natureza. Contra o
privilégio eterno do poder e da força do indivíduo levanta o poder das massas e
o peso-morto do número. Nega o valor do indivíduo, combate a importância das
nacionalidades e das raças, anulando assim na humanidade a razão de sua
existência e de sua cultura. Por essa maneira de encarar o universo, conduziria
a humanidade a abandonar qualquer noção de ordem. E como nesse grande organismo,
só o caos poderia resultar da aplicação desses princípios, a ruína seria o
desfecho final para todos os habitantes da
Terra.
Se o judeu, com o auxilio do seu credo
marxista, conquistar as nações do mundo, a sua coroa de vitórias será a coroa
mortuária da raça humana e, então, o planeta vazio de homens, mais uma vez, como
há milhões de anos, errará pelo éter.
A
natureza sempre se vinga inexoravelmente de todas as usurpações contra o seu
domínio.
Por isso, acredito agora que ajo de
acordo com as prescrições do Criador Onipotente. Lutando contra o judaísmo,
estou realizando a obra de Deus.
CAPÍTULO III - REFLEXÕES GERAIS SOBRE A POLÍTICA DA ÉPOCA DE MINHA ESTADA EM
VIENA
Estou convencido de que, a menos que
se trate de indivíduos dotados de dons excepcionais, o homem, em geral, não se
deve ocupar, publicamente, de política, antes dos trinta anos de idade. Não o
deve, porque só então se realiza, o mais das vezes, a formação de uma base de
idéias, de acordo com a qual, ele examina os diferentes problemas políticos e
determina a sua atitude definitiva em relação aos mesmos. Só depois de adquirir
uma tal concepção fundamental e de alcançar, por meio dela, firmeza no- modo de
encarar as questões particulares do seu tempo, deve ou pode o homem,
intelectualmente amadurecido, tomar parte na direção da coisa
pública.
A não ser assim, corre ele o perigo de
um dia mudar de atitude sobre questões essenciais ou, contra as suas idéias e
sentimentos, permanecer fiel a uma maneira de ver desde muito tempo repelida
pela sua razão, pelas suas convicções. O primeiro caso, é, para o indivíduo
pessoalmente doloroso, porque, quem vacila não tem mais o direito de esperar que
a fé de seus adeptos tenha a inabalável firmeza que dantes tinha; e, para os
seus dirigidos, a fraqueza do chefe sempre se traduz em perplexidade e não raro
no sentimento de um certo vexame em face daqueles que até então combatiam. Em
segundo lugar, sobrevem o que. sobretudo hoje, é muito freqüente: à medida que o
chefe não dá mais crédito ao que ele próprio disse, a sua defesa torna-se mais
fraca e, por isso mesmo, vulgar quanto à escolha dos meios. Ao passo que ele
próprio não pensa mais em defender os seus pontos de vista políticos (ninguém
morre por aquilo em que não crê), as suas exigências junto aos seus partidários,
tornam-se proporcionalmente cada vez mais imprudentes até que, afinal, ele
sacrifica as suas últimas qualidades de chefe para converter-se num "político",
isto é, nesse tipo de homem cujo único sentimento verdadeiro é a falta de
sentimento, ao lado de uma arrogante impertinência e uma descarada arte de
mentir.
Se, por infelicidade dos homens
decentes, um sujeito desses chega ao Parlamento, deve saber-se desde logo que,
para ele, a essência da política consiste apenas numa luta heróica pela posse
duradoura de uma "mamadeira" para si e para a sua família. Quanto mais dependam
dele mulher e filhos, tanto mais aferradamente lutará pelo seu mandato. Qualquer
outro homem de verdadeiros instintos políticos é, por isso mesmo, seu inimigo
pessoal. Em qualquer novo movimento, fareja ele o possível começo do fim de sua
carreira, e em cada homem superior a probabilidade de um perigo que
ameaça.
Adiante, falarei mais detalhadamente
dessa espécie de percevejos parlamentares.
O
homem de trinta anos ainda terá de aprender muito, no curso de sua vida, mas
isso será apenas o complemento e acabamento do quadro doutrinário traçado pela
concepção por ele já aceita. Para ele, aprender não é mais mudar de método, mas
enriquecer os seus conhecimentos; e seus partidários não terão de suportar a
angústia de até então terem recebido dele ensinamentos errôneos, mas, ao
contrário, a evidente evolução do chefe lhes dará satisfação, porque o que este
aprende significa o aprofundamento da doutrina deles. E isso é uma prova da
justeza de suas intuições.
Um chefe político
que se vir na contingência de abandonar as suas idéias, reconhecendo-as como
falsas, só procederá com decência se, ao reconhecer a falsidade das mesmas,
estiver disposto a ir até às últimas conseqüências. Em tal caso, deve, no
mínimo, renunciar ao exercício público de uma futura atividade política. Porque,
tendo admitido o reconhecimento de um erro fundamental, fica aberta a
possibilidade de uma segunda descaída. De modo algum, pode mais pretender ou
exigir a confiança de seus concidadãos.
Atesta
quão pouco se atende hoje a esse decoro a vileza da canalha que, - por vezes, se
julga chamada a "fazer" política.
Da regra
geral quase ninguém escapa.
Outrora, sempre me
abstive de ingressar publicamente na vida pública, se bem que sempre me tivesse
preocupado com a política, mais que muitos outros. Só a círculos restritos
falava eu do que me impelia ou atraia. E o falar em pequenos grupos tinha, em
si, de certo modo, muita utilidade. No mínimo, eu aprendia a "falar" e com isso
a conhecer os homens nas maneiras de ver e de objetar, às vezes extremamente
simplistas. Assim, sem perder tempo nem oportunidade, aperfeiçoava o meu
espírito. A ocasião era, nesse tempo, em Viena, mais favorável do que em
qualquer parte da Alemanha.
As idéias políticas
em voga, na velha Monarquia do Danúbio, eram de mais interesses que na velha
Alemanha da mesma época, exceto em parte da Prússia, em Hamburgo e nas costas do
Mar do Norte. Sob a denominação de "Áustria" entendo nesse caso, o domínio do
grande Império dos Habsburgos, em que a população alemã era, sob todos os
aspectos, não somente o motivo histórico da formação daquele Estado, mas a força
que, por si só, durante séculos, tornara possível a formação cultural do país.
Quanto mais o tempo passava, mais dependiam da conservação dessa "célula mater"
a estabilidade e o futuro daquele Estado.
Os
velhos domínios hereditários eram o coração do Império, que sempre fornecia
sangue fresco à circulação da vida do Estado e da sua cultura. Viena era, então,
ao mesmo tempo, cérebro e vontade.
Só pelo seu
aspecto exterior, Viena se impunha como a rainha daquele conglomerado de povos.
A magnificência de sua beleza fazia esquecer o que ali havia de
mau.
Por mais violentamente que palpitasse o
Império, no interior, em sangrentas lutas das diferentes raças, o estrangeiro e,
em particular, os alemães, só viam, na Áustria, a imagem agradável de Viena.
Maior ainda era a ilusão porque, a esse tempo, Viena parecia ter atingido a sua
fase de maior prosperidade. Sob o governo de um burgomestre verdadeiramente
genial, despertava a venerável residência do soberano do velho Império, mais uma
vez, para uma vida maravilhosa. O último grande alemão, o criador do povo de
colonizadores da fronteira oriental, não era tido oficialmente entre os chamados
"estadistas". O Dr. Lueger, tendo prestado inauditos serviços como burgomestre
da "cabeça do Estado" e "cidade residência" (Viena), fazendo-a progredir, como
por encanto, em todos os domínios econômicos e culturais, fortalecera o coração
do Império, tornando-se assim, indiretamente, maior estadista que todos os
"diplomatas" de então reunidos.
Se o aglomerado
de povos a que se dá o nome de "Áustria" fracassou, isso nada quer dizer contra
a capacidade política do germanismo na antiga fronteira oriental, mas é o
resultado forçado da impossibilidade em que se encontravam dez milhões de
indivíduos de conservarem duradouramente um Estado de diferentes raças com
cinqüenta milhões de habitantes, a não ser que ocorressem na ocasião oportuna
determinadas circunstâncias favoráveis.
O
alemão austríaco teve que enfrentar um problema acima das suas possibilidades.
Ele sempre se acostumou a viver no quadro de um grande Estado e nunca perdeu o
sentimento inerente à sua missão histórica. Era o único, naquele Estado, que,
além das fronteiras do apertado domínio da coroa, via ainda as fronteiras do
Império. Quando, afinal o destino o separou da pátria comum, ele tentou tomar a
si a grandiosa tareia de tornar se senhor e conservar o germanismo que seus
pais, outrora, em infindos combates, haviam imposto ao leste. A propósito,
convêm não esquecer que isso aconteceu com forças divididas, pois, no espírito
dos melhores descendentes da raça alemã, nunca cessou a recordação da - pátria
comum de que a Áustria era uma parte.
O
horizonte geral do alemão-austríaco era proporcionalmente mais amplo. As suas
relações econômicas abrangiam quase todo o multiforme Império. Quase todas as
empresas verdadeiramente grandes se achavam em suas mãos e o pessoal dirigente,
técnicos e funcionários, era na maior parte colocado por ele. Era também o
detentor do comércio exterior em tudo o que o judaísmo ainda não havia posto a
mão, nesse campo de suas preferências. Só o alemão conservava o Estado
politicamente unido. Já o serviço militar o punha fora do lar. O recruta alemão
austríaco ingressaria talvez, de preferência, num regimento alemão, mas o
regimento poderia estar tanto na Herzegovina como em Viena ou na Galícia. o
corpo de oficiais era sempre alemão, prevalecendo sobre o alto funcionalismo.
Alemãs, finalmente, eram a arte e a ciência. Abstração feita do "kitsch" que é o
novo processo na Arte, cuja produção podia ser sem dúvida também de um povo de
negros, era só o alemão o possuidor e vulgarizador do verdadeiro sentimento
artístico. Em música, literatura, escultura e pintura, era Viena a fonte que
inesgotavelmente abastecia, sem cessar, toda a dupla
monarquia.
O germanismo era enfim o detentor de
toda a política externa, abs. traindo-se um pouco da
Hungria.
Portanto, era vã toda tentativa de
conservar o Império, Visto faltar, para isso, a condição
essencial.
Para o Estado de povos austríacos só
havia uma possibilidade: vencer as forças centrifugas das diferentes raças. O
Estado, ou tornava-se central e interiormente organizado, ou não podia
existir.
Em vários momentos de lucidez
nacional, essa idéia chegou às "altíssimas" esferas, para logo ser esquecida ou
ser posta de lado por inexeqüível. Todo pensamento de um reforço da Federação,
forçosamente teria de fracassar em conseqüência da falta de um núcleo estatal de
força predominante. A isso acrescentem-se as condições intrinsecamente
diferentes do Estado austríaco em face do Império alemão, segundo o conceito de
Bismarck. - Na Alemanha tratava-se apenas de vencer as tradições políticas, pois
sempre houve uma base comum cultural. Antes de tudo, possuía o Reich, à exceção
de pequenos fragmentos estranhos, um povo
único.
Inversa era a situação da
Áustria.
Lá a recordação da própria grandeza,
em cada raça, desapareceu inteiramente ou foi apagada pela esponja do tempo ou
pelo menos tornou-se confusa e indistinta. Por isso, desenvolveram-se, então, na
era dos princípios nacionalistas, as forças racistas. Vencê-las tornava-se
relativamente mais difícil, visto que, à margem da monarquia, começaram a
formar-se Estados nacionais, cujos - povos, racialmente aparentados ou iguais às
nações desmembradas, podiam exercer mais força de atração, ao contrário do que
acontecia com o austro-alemão.
A própria Viena
não podia resistir por muito tempo a essa
luta.
Com o desenvolvimento de Budapeste, que
se tornou grande cidade tinha ela, pela primeira vez, uma rival, cuja missão não
era mais a concentração de toda a monarquia, mas antes o fortalecimento de uma
parte da mesma. Dentro de pouco tempo, Praga seguiu o exemplo e depois Lemberg,
Laibach, etc. Com a elevação dessas cidades, outrora provincianas, a metrópoles
nacionais, formaram se núcleos culturais mais ou menos independentes. E dai as
tendências nacionalistas das diferentes raças. Assim devia aproximar-se o
momento em que as forças motrizes desses Estados seriam mais poderosas que a
força dos interesses comuns e, então, extinguir-se-ia a
Áustria.
Essa evolução tomou feição definida
depois da morte de José II, dependendo a sua rapidez de uma série de fatores em
parte inerentes à própria monarquia, mas que por outro lado eram o resultado da
atitude do Reich na política internacional de
então.
Se se pretendesse seriamente admitir a
possibilidade da conservação daquele Estado e lutar por ela, só se poderia ter
por objetivo uma centralização absoluta e obstinada. Depois, primeiro que tudo,
se devia acentuar, pela fixação de uma língua oficial una, a homogeneidade pura
e formal, cuja direção, porém, deteria nas mãos os expedientes técnicos, pois
sem isso não pode subsistir um Estado uno. Depois, com o tempo, tratar-se-ia de
desenvolver um sentimento nacional uno, por meio das escolas e da instrução.
Isso não se alcançaria em dez ou vinte anos, mas em séculos, pois em todas as
questões de colonização a pertinácia vale mais que a energia do
momento.
Compreende-se, sem maiores
explicações, que a administração, bem como a direção política, deveriam ser
conduzidas com a mais rigorosa unidade de
vistas.
Era para mim imensamente instrutivo
examinar porque isso não aconteceu, ou melhor, porque não se fez isso. O culpado
por essa omissão foi o culpado pelo desmoronamento do
Reich.
Mais que qualquer outro Estado estava a
antiga Áustria dependente da inteligência dos seus guias. A ela faltava o
fundamento do Estado nacional, que possui, na base racista, sempre uma força de
conservação.
O Estado racionalmente uno pode
suportar a natural inércia de seus habitantes (e a força de resistência a ela
inerente), a pior administração, a pior direção, por períodos de tempo
espantosamente longos, sem por isso subverter-se. Muitas vezes, tem-se a
impressão de que em tal corpo não há mais vida, é como se estivesse morto e bem
morto. De repente, o suposto cadáver se levanta e dá aos homens surpreendentes
sinais de sua força vital.
Assim não acontece
com um Estado composto de raças diferentes, mantido, não pelo sangue comum, mas
por um só pulso. Nesse caso, qualquer fraqueza na direção pode não só conduzir o
Estado à estagnação como dar causa ao despertar dos instintos individuais, que
sempre existem, sem que em tempo oportuno possa exercer-se uma vontade
predominante. Só por via de uma educação comum, durante séculos, por uma
tradição comum, por interesses comuns, pode esse perigo ser atenuado. Por isso,
tais formações estatais, quanto mais jovens, mais dependentes são da
superioridade da direção; e quando são obras de homens violentos ou de heróis
espirituais, logo desaparecem após a morte de seu grande fundador. Mas, mesmo
depois de séculos, esses perigos não devem ser considerados como vencidos;
apenas adormecem, para, às vezes, despertarem de repente, quando a fraqueza da
direção comum e a força da educação e a sublimidade de todas as tradições não
podem mais dominar o impulso da própria vitalidade das diferentes
raças.
Não ter compreendido isso é talvez a
culpa, de tão trágicas conseqüências, da casa dos
Habsburgos.
Só a um deles o destino apresentou
o fanal, que logo depois se apagou para sempre, do destino da sua
pátria.
José II, imperador católico-romano,
viu, angustiosamente, que, um dia, no redemoinho de uma Babilônia de povos que
se comprimiam à fronteira do Império, desapareceria a sua Casa, a não ser que, à
última hora, fossem sanados os descuidos dos antepassados. Com sobre-humana
força, o "amigo dos homens" tentou remediar a negligência de seus antecessores e
procurou recuperar em décadas o que se havia perdido em séculos. Se para a
realização de sua obra, ao menos duas gerações, depois dele, tivessem
continuado, com o mesmo afinco, a tarefa iniciada, provavelmente se teria
realizado o milagre. Mas quando, após dez anos de governo, faleceu, exausto de
corpo e de espírito, com ele caiu a sua obra no túmulo, para não mais despertar,
para adormecer para sempre na sepultura.
Os
seus sucessores não estavam à altura da tarefa, nem pela inteligência, nem pela
energia.
Quando, através da Europa, flamejavam
os primeiros sinais da tempestade revolucionária, começou também a Áustria a
pegar fogo, pouco a pouco. Quando, porém, o incêndio irrompeu afinal, já a
fogueira era atiçada menos por causas sociais ou políticas que por forças
impulsoras de origem racial.
Em outra parte
qualquer, a revolução de 1848 podia ser uma luta de classes, mas na Áustria já
era o começo de um novo conflito racial. Quando o alemão daquele tempo,
esquecendo ou não reconhecendo essa origem, se colocava a serviço da sublevação
revolucionária, traçava ele próprio o seu destino. Com isso auxiliava o
despertar do espírito da democracia ocidental, que, dentro de pouco tempo, teria
de subverter-se-lhe a base da própria
existência.
Com a formação de um corpo
representativo parlamentar, sem o prévio estabelecimento e fixação de uma língua
oficial, foi colocada a pedra fundamental do fim do domínio do germanismo na
monarquia dos Habsburgos. Desde esse momento, estava perdido também o próprio
Estado. O que se seguiu foi apenas a liquidação histórica de um
Império.
Era tão comovente quão instrutivo
acompanhar essa decomposição. Sob milhares de formas realizava-se aos poucos a
execução dessa sentença histórica. O fato de que parte dos homens se agitava às
cegas através dos acontecimentos prova apenas que estava na vontade dos deuses o
aniquilamento da Áustria.
Não desejo perder me
aqui em minúcias, pois esse não é o fim deste livro. Apenas quero incluir no
quadro geral de uma observação aqueles acontecimentos que, como causas sempre
invariáveis da decadência de povos e Estados, também têm significação para o
nosso tempo e finalmente se fazem sentir, em apoio dos fundamentos de meu
pensamento político.
Entre as instituições que,
aos olhos mesmo pouco perspicazes do cidadão comum, mais claramente podiam -
mostrar a decomposição da monarquia austríaca, estava, em primeiro lugar, aquela
que parecia dever procurar na força a razão de sua própria existência, isto é, o
Parlamento ou, como se dizia na Áustria, o Conselho do Império
("Reichsrat").
Evidentemente, o modelo dessa
corporação encontrava-se na Inglaterra, o país da "democracia" clássica. De lá
transportaram essa maldita instituição e estabeleceram-na em Viena, tanto quanto
possível sem modificá-la.
Na Abgeordnetenhaus e
na Herrenhaus, o sistema bicameral inglês festejava a sua ressurreição. As
"casas" eram, porém, algo diferentes. Quando, outrora, Barry fez surgir das
ondas do Tâmisa o seu palácio do Parlamento, mergulhou na História do Império
Britânico e retirou dela ornatos para os 1200 nichos, consolos e colunas de sua
monumental construção. Assim as Câmaras dos Comuns e dos Lordes se tornaram,
pelas suas esculturas e pinturas, o templo da glória
nacional.
Aí surgiu a primeira dificuldade para
Viena. Quando o dinamarquês Hansen acabava de colocar a última cumeeira da casa
de mármore para os novos representantes do povo, só lhe restava, para decoração,
recorrer a empréstimos à arte clássica. Os estadistas e filósofos gregos e
romanos embelezaram esse teatro da "democracia ocidental" e, com ironia
simbólica, avançam sobre as duas casas quadrigas em direção aos quatros pontos
cardeais, expressando melhor, dessa maneira, as tendências divergentes então
existentes no interior.
As várias raças
tomariam como ofensa e provocação que nessa obra se glorificasse a História da
Áustria, exatamente como no império Alemão foi preciso vir o ribombar das
batalhas da guerra mundial para que se ousasse consagrar ao povo alemão a obra
de Wallot - o Reichstag.
Quando, com menos de
20 anos de idade, penetrei no majestoso palácio de Franzensring, para assistir,
como ouvinte e espectador a uma sessão da Câmara dos Deputados, senti-me
possuído dos mais desencontrados
sentimentos.
Sempre odiei o Parlamento, mas não
a instituição em si. Ao contrário, como homem de sentimentos liberais, eu não
podia imaginar outra possibilidade de governo, pois a idéia de qualquer
ditadura, dada a minha atitude em relação à casa dos Habsburgos, seria
considerada um crime contra a liberdade e contra a
razão.
Não pouco contribuiu para isso uma certa
admiração pelo Parlamento inglês, que adquiri insensivelmente, devido à
abundante leitura de jornais de minha juventude - admiração que não poderia
perder facilmente. Causava-me enorme impressão a gravidade com que a Câmara dos
Comuns cumpria a sua missão (como de maneira tão atraente costuma descrever a
nossa imprensa). Poderia haver uma forma mais elevada de self .government de um
povo?
Justamente por isso é que eu era um
inimigo do Parlamento austríaco. Considerava a sua forma de atuação indigna do
grande modelo. Além disso, acrescia o
seguinte:
O destino do germanismo (Deutschtum)
no Estado Austríaco dependia de sua posição no Reichsrot. Até à introdução do
sufrágio universal e secreto, os alemães, no Parlamento, estavam em maioria,
embora pequena. Já esse estado de coisas era grave, pois não merecendo a
social-democracia a confiança nacional, esta, para não afugentar os adeptos não
alemães, era sempre, nas questões críticas referentes ao germanismo, contrária
às aspirações alemãs. Já naquela época a social-democracia não podia ser
considerada um partido alemão. Com a introdução do sufrágio universal cessou a
supremacia alemã, numericamente falando. Não havia, pois, nenhum empecilho no
caminho da futura desgermanização do Estado.
Já
naquele tempo, o instinto de conservação nacional fazia com que eu me sentisse
pouco inclinado pela representação popular, na qual a raça alemã, em vez de ser
representada, era sempre traída. Entretanto, esses defeitos, como muitos outros,
não deviam ser atribuídos ao sistema em si, mas ao Estado austríaco. Eu pensava
outrora que, com o restabelecimento da maioria alemã, nos corpos
representativos, não haveria mais necessidade de uma atitude doutrinária contra
aquela instituição,. enquanto perdurasse o velho Estado
austríaco.
Com essa disposição interior entrei
pela primeira vez nos tão sagrados quão disputados salões. É verdade que para
mim eles só eram sagrados devido à beleza da magnífica construção. Uma
obra-prima helênica em terra alemã.
Mas, dentro
de pouco tempo, sentia verdadeira indignação ao assistir ao lamentável
espetáculo que se desenrolava ante meus
olhos.
Estavam presentes centenas desses
representantes do povo, que tinham de tomar atitude sobre uma questão de
importância econômica.
Bastou para mim esse
primeiro dia para fazer refletir durante semanas e semanas sobre a
situação.
O conteúdo mental do que se discutia
era de uma "elevação" deprimente, a julgar pelo que se podia compreender do
falatório, pois alguns deputados não falavam alemão e, sim línguas eslavas, ou
melhor, seus dialetos. O que, até então, só conhecia através da leitura de
jornais, tinha agora oportunidade de ouvir com os meus próprios ouvidos. Era uma
massa agitada que gesticulava e gritava em todos os tons. Um velhote inofensivo
se esforçava, suando por todos os poros, para restabelecer a dignidade da casa,
agitando uma campainha, ora falando com benevolência, ora
ameaçando.
Tive de
rir.
Algumas semanas mais tarde, tornei a
aparecer na Câmara. O quadro estava mudado a ponto de não ser reconhecido. A
sala completamente vazia. Dormia-se lá em baixo. Alguns deputados se encontravam
em seus lugares e bocejavam. Um deles "falava". Estava presente um vice
presidente da Câmara, o qual, visivelmente aborrecido, percorria a sala com os
olhos.
Surgiram-me as primeiras dúvidas. Cada
vez que se me oferecia uma oportunidade, corria para lá. e observava silenciosa
e atentamente o quadro, ouvia os discursos, sempre que podia compreendê-los,
estudava as fisionomias mais ou menos inteligentes desses eleitos das raças
daquele triste Estado e, aos poucos, fazia as minhas próprias
reflexões.
Bastou um ano dessa calma observação
para modificar ou afastar definitivamente o meu juízo sobre o caráter dessa
instituição. No meu íntimo já tinha tomado atitude contra a forma adulterada que
essa instituição tomava na Áustria. Já não podia mais aceitar o Parlamento em
si. Até então eu vira o insucesso do Parlamento austríaco na falta de uma
maioria alemã: agora, porém, eu reconhecia a fatalidade na essência e caráter
dessa instituição.
Naquela ocasião
apresentou-se-me uma série de questões. Comecei a familiarizar-me com o
princípio da resolução por maioria como base de toda a Democracia. Entretanto,
não dispensava menor atenção aos valores mentais e morais dos cavalheiros que,
como eleitos do povo, deviam servir a esse
desideratum..
Aprendi assim a conhecer ao mesmo
tempo a instituição e os seus
representantes.
No decurso de alguns anos,
desenvolveu-se em minha mente o tipo plasticamente claro do fenômeno mais
respeitável dos nossos tempos, o homem parlamentar. Começou-se a gravar de tal
forma em minha memória, que não sofreu modificação essencial daí por
diante.
Desta vez também o ensino intuitivo da
realidade prática evitou que eu aceitasse uma teoria que, à primeira vista, tão
sedutora parece a muitos e que, entretanto, deve ser contada entre os sinais de
decadência da humanidade.
A atual Democracia do
ocidente é a precursora do marxismo, que sem ela seria inconcebível Ela oferece
um terreno propicio, no qual consegue desenvolver-se a epidemia. Na sua
expressão externa - o parlamentarismo - apareceu como um mostrengo "de lama e de
fogo", no qual, a pesar meu, o fogo parece ter-se consumido depressa demais. Sou
muito grato ao destino por ter-me apresentado essa questão a exame,
anteriormente em Viena, pois cismo que, na Alemanha, não poderia tê-la resolvido
tão facilmente. Se eu tivesse reconhecido em Berlim, pela primeira vez, o
absurdo dessa instituição chamada Parlamento, teria talvez caldo no extremo
oposto e, sem aparente boa razão, talvez me tivesse enfileirado entre aqueles a
cujos olhos o bem do povo e do Império está na exaltação da idéia imperial e que
assim se põem, cegamente, em oposição à humanidade e ao seu
tempo.
Isso seria impossível na
Áustria.
Lã não era tão fácil cair de um erro
no outro. Se o Parlamento nada valia, menos ainda valiam os Habsburgos. Lá a
rejeição do parlamentarismo, por si só, não resolveria nada, pois ficaria de pé
a pergunta: e depois? A eliminação do Reichsrat deixaria ficar, como único poder
governamental, a casa dos Habsburgos, - idéia que se me afigurava
intolerável.
A dificuldade desse caso
particular conduziu-me a estudar o problema de maneira mais profunda do que, de
outra forma, teria feito em tão verdes anos.
O
que mais que tudo e com mais insistência me fazia refletir no exame do
parlamentarismo era a falta evidente de qualquer responsabilidade individual dos
seus membros.
O Parlamento toma qualquer
decisão - mesmo as de conseqüências mais funestas - e ninguém é por ela
responsável, nem é chamado a prestar
contas.
Pode-se, porventura, falar em
responsabilidade, quando, após um colapso sem precedentes, o governo pede
demissão, quando a coalizão se modifica, ou mesmo o Parlamento se
dissolve?
Poderá, por acaso, uma maioria
hesitante de homens ser jamais
responsabilizada?
Não está todo conceito de
responsabilidade intimamente ligado à personalidade?
Pode-se, na prática, responsabilizar o dirigente
de um governo pelos atos cuja existência e execução devem ser levadas à conta da
vontade e do arbítrio de um grande grupo de
homens?
Porventura consistirá a tarefa do
estadista dirigente não tanto em produzir um pensamento criador, um programa,
como na arte com que torna compreensível a natureza de seus planos a um estúpido
rebanho, com o fim de implorar-lhe o final assentimento? Pode ser critério de um
estadista que ele deva ser tão forte na arte de convencer como na habilidade
política da escolha das grandes linhas de conduta ou de
decisão?
Está provada a incapacidade de um
dirigente pelo fato de não conseguir ele ganhar, para uma determinada idéia, a
maioria de uma aglomeração reunida mais ou menos por simples
acaso?
Já aconteceu que essas câmaras
compreendessem uma idéia antes que o êxito se tornasse o proclamador da grandeza
dessa mesma idéia?
Toda ação genial neste mundo
não é um protesto do gênio contra a inércia da
massa?
Que pode fazer o estadista que só
consegue pela lisonja conquistar o favor desse aglomerado para os seus
planos?
Deve ele comprar o apoio desses
representantes do povo ou deve - em lace da tolice da execução das tarefas
consideradas vitais - retrair-se e permanecer
inativo?
Em tal caso, não se dá um conflito
insolúvel entre a aceitação desse estado de coisas e a decência ou, melhor, a
opinião sincera.
Onde está o limite que separa
o dever para com a coletividade e o compromisso da honra
pessoal?
Qualquer verdadeiro dirigente não
deverá abster-se de degradar-se assim em aproveitador
político?
E, inversamente, não deverá todo
aproveitador estar destinado a "fazer" política, desde que a responsabilidade
não caberá, afinal, a ele, mas à massa
intangível?
O princípio da maioria parlamentar
não deve conduzir ao desaparecimento da unidade de
direção?
Acreditamos, acaso, que o progresso
neste mundo provenha da ação combinada de maiorias e não de cérebros
individuais?
Ou pensa-se que, no futuro,
podemos dispensar essa concepção de cultura
humana?
Não parece, ao contrário, que a
competência hoje seja mais necessária do que
nunca?
Negando a autoridade do indivíduo e
substituindo-a pela soma da massa presente em qualquer tempo, o princípio
parlamentar do consentimento da maioria peca contra o princípio básico da
aristocracia da natureza; e, sob esse ponto de vista, o conceito do princípio
parlamentar sobre a nobreza nada tem a ver com a decadência atual de nossa alta
sociedade.
Para um leitor de jornais judeus é
difícil imaginar os mais que a Instituição do controle democrático pelo
parlamento ocasiona, a não ser que ele tenha aprendido a pensar e a examinar o
assunto com independência. Ela é a causa principal da incrível dominação de toda
a vida política justamente pelos elementos de menos valor. Quanto mais os
verdadeiros chefes forem afastados das atividades políticas, que consistem
principalmente, não em trabalho criativo e produção, mas no regatear e comprar
os favores da maioria, tanto mais a atuação política descerá ao nível das
mentalidades vulgares e tanto mais essas se sentirão atraídas para a vida
pública.
Quanto mais tacanho for, hoje em dia,
em espírito e saber, um tal mercador de couros, quanto mais clara a sua própria
intuição lhe fizer ver a sua triste figura, tanto mais louvará ele um sistema
que não lhe exige a força e o gênio de um gigante, mas contenta-se com a astúcia
de um alcaide e chega mesmo a ver com melhores olhos essa espécie de sapiência
que a de um Péricles. Além disso, um palerma assim não precisa atormentar-se com
a responsabilidade de sua ação. Ele está fundamentalmente isento dessa
preocupação, porque, qualquer que seja o resultado de suas tolices de estadista,
sabe ele muito bem que, desde muito tempo, o seu fim está escrito: um dia terá
de ceder o lugar a um outro espírito tão grande quanto ele próprio. Uma das
características de tal decadência é o fato de aumentar a quantidade de "grandes
estadistas" à proporção que se contrai a escala do valor individual. O valor
pessoal terá de tornar-se menor à medida que crescer a sua dependência de
maiorias parlamentares, pois tanto os grandes espíritos recusarão ser esbirros
de ignorantões e tagarelas, como, inversamente, os representantes da maioria,
isto é, da estupidez, nada mais odeiam que uma cabeça que
reflete.
Sempre consola a uma assembléia de
simplórios conselheiros municipais saber que tem à sua frente um chefe cuja
sabedoria corresponde ao nível dos presentes. Cada um terá o prazer de fazer
brilhar, de tempos em tempos, uma fagulha de seu espírito; e, sobretudo, se
Sancho pode ser chefe, por que não o pode ser
Martinho?
Mas, ultimamente, essa invenção da
democracia fez surgir uma qualidade que hoje se transformou em uma verdadeira
vergonha, que é a covardia de grande parte de nossa chamada "liderança". Que
felicidade poder a gente esconder-se, em todas as verdadeiras decisões de alguma
importância, por trás das chamadas
maiorias!
Veja-se a preocupação de um desses
salteadores políticos em obter a rogos o assentimento da maioria, garantindo-se
a si e aos seus cúmplices, para, em qualquer tempo, poder alienar a
responsabilidade. E eis aí uma das principais razões por que essa espécie de
atividade política é desprezível e odiosa a todo homem de sentimentos decentes
e, por. tanto, também de coragem, ao passo que atrai todos os caracteres
miseráveis - aqueles que não querem assumir a responsabilidade de suas ações,
mas antes procuram fugir-lhe, não passando de covardes pulhas. Desde que os
dirigentes de uma nação se componham de tais entes desprezíveis, muito depressa
virão as conseqüências. Ninguém terá mais a coragem de uma ação decisiva: toda
desonra, por mais ignominiosa, será aceita de preferência à resolução corajosa.
Ninguém mais está disposto a arriscar a sua pessoa e a sua cabeça para executar
uma decisão temerária.
Uma coisa não se pode e
não se deve esquecer: a maioria jamais pode substituir o homem. Ela é sempre a
advogada não só da estupidez, mas também da covardia, e assim como cem tolos
reunidos não somam um sábio, uma decisão heróica não é provável que surja de um
cento de covardes.
Quanto menor for a
responsabilidade de cada chefe individualmente, mais crescerá o número daqueles
que se sentirão predestinados a colocar ao dispor da nação as suas forças
imortais. Com impaciência, esperarão que lhes chegue a vez; eles formam em longa
cauda e contam, com doloridos lamentos, o número dos que esperam na sua frente e
quase que calculam a hora quando possivelmente alcançarão o seu desiderato. Daí
a ânsia por toda mudança nos cargos por eles cobiçados e daí serem eles gratos a
cada escândalo que lhes abre mais uma vaga. Caso um deles não queira recuar da
posição tomada, quase que sente isso como quebra de uma combinação sagrada de
solidariedade comum. Então é que eles se tornam maldosos e não sossegam enquanto
o desavergonhado, finalmente vencido, não põe o seu lugar novamente à disposição
de todos. Por isso mesmo, não alcançará ele tão cedo essa posição. Quando uma
dessas criaturas é forçada a desistir do seu posto, procurará imediatamente
intrometer-se de novo na fileira dos que estão na expectativa, a não ser que o
impeça, então, a gritaria e as injúrias dos
outros.
O resultado disso é a terrível rapidez
de mudança nas mais altas posições e funções, em um Estado como o nosso, fato
que é desfavorável, de qualquer modo, e que freqüentemente opera com efeitos
absolutamente catastróficos, porque não só o estúpido e o incapaz são vitimados
por esses métodos de proceder, mas mesmo os verdadeiros chefes, se algum dia o
destino os colocar nessas posições de
mando.
Logo que se verifica o aparecimento de
um homem excepcional, imediatamente se forma uma frente fechada de defesa,
sobretudo se um tal cabeça, não saindo das próprias fileiras, ousar, mesmo
assim, penetrar nessa sublime sociedade. O que eles querem fundamentalmente é
estarem entre si, e é considerado inimigo comum todo cérebro que possa
sobressair no meio de tantas nulidades. E, nesse sentido, o instinto é tanto
mais agudo quanto é falho a outros respeitos.
O
resultado será assim sempre um crescente empobrecimento espiritual das classes
dirigentes. Qualquer um, desde que não pertença a essa classe de "chefes", pode
julgar quais sejam as conseqüências para a nação e para o Estado.
O regime parlamentar na velha Áustria já
existia em germe.
É verdade que cada chefe de
gabinete ministerial era nomeado pelo imperador e rei, porém essa nomeação nada
mais era do que a execução da vontade parlamentar. O hábito de disputar e
negociar as várias pastas já era democracia ocidental do mais puro quilate. Os
resultados correspondentes também aos princípios em voga. Em particular, a
mudança de personalidades se dava em períodos cada vez mais curtos, para
transformar-se, finalmente, numa verdadeira caçada. Ao mesmo tempo decaía
crescentemente a grandeza dos "estadistas" de então, até que só ficou aquele
pequeno tipo de espertalhão parlamentar, cujo valor se aquilatava e reconhecia
pela capacidade com que conseguia promover as coligações de então, isto é, com
que realizava os pequeninos negócios políticos - únicos que justificavam a
vocação desses representantes do povo para um trabalho
prático
Nesse terreno oferecia a escola de
Viena as melhores perspectivas ao observador.
O
que me impressionava também era o paralelo entre a capacidade e o saber desses
representantes do povo e a gravidade dos problemas que tinham de resolver. Quer
se quisesse, quer não, era preciso também atentar mais de perto para o horizonte
mental desses eleitos do povo, sendo ainda impossível deixar de dar a atenção
necessária aos processos que conduzem ao descobrimento desses impressionantes
aspectos de nossa vida pública Valia a pena também
estudar e examinar a fundo a maneira pela qual a verdadeira capacidade desses
parlamentares era empregada e posta a serviço da pátria, ou seja o processo
técnico de sua atividade.
O panorama da vida
parlamentar parecia tanto mais lamentável quanto mais se penetrava nessas
relações íntimas e se estudavam as pessoas e o fundamento das coisas, com
desassombrada objetividade. E isso vem muito a propósito, tratando-se de uma
instituição que, por intermédio de seus detentores, a todo passo se refere à
"objetividade" como única base justa de qualquer atitude. Examinem-se esses
cavalheiros e as leis de sua amarga existência e o resultado a que se chegará
será espantoso.
Não há um princípio que,
objetivamente considerado, seja tão errado quanto o
parlamentar.
Pode-se mesmo, nesse caso,
abstrair inteiramente a maneira pela qual se realiza a escolha dos senhores
representantes do povo, mesmo os processos por que chegam a seu posto e à sua
nova dignidade, Considerando que a compreensão política da grande massa não está
tão desenvolvida para adquirir por si opiniões políticas gerais e escolher
pessoas adequadas, chegar-se-á com facilidade à conclusão de que, nos
parlamentos, só em proporção mínima, é que se trata da realização de um desejo
geral ou mesmo de uma necessidade pública.
A
nossa concepção ordinária da expressão "opinião pública" só em pequena escala
depende de conhecimento ou experiências pessoais, mas antes do que outros nos
dizem. E isso nos é apresentado sob a forma de um chamado "esclarecimento"
persistente e enfático.
Do mesmo modo- que o
credo religioso resulta da educação, ao passo que o sentimento religioso dormita
no íntimo da criatura, assim a opinião política da massa é o resultado final do
trabalho, às vezes incrivelmente árduo e intenso, da inteligência
humana.
A quota mais eficiente na "educação"
política, que, no caso, com muita propriedade, é chamada "propaganda", é a que
cabe à imprensa, a que se reserva a "tarefa de esclarecimento" e que assim se
constitui em uma espécie de escola para adultos. Todavia, essa instrução não
está nas mãos do Estado, mas é exercida por forças em geral de caráter muito
inferior. Quando ainda jovem, em Viena, eu tive as melhores oportunidades para
adquirir conhecimento seguro sobre os chefes e sobre os hábeis operários mentais
dessa máquina destinada à educação popular.
O
que primeiro me impressionou foi a rapidez com que aquela força perniciosa do
Estado conseguia fazer vitoriosa uma definida opinião, muito embora essa opinião
implicasse no falseamento dos verdadeiros desejos e idéias do público. Dentro de
poucos dias um absurdo irrisório se tornava um ato governamental de grande
importância, ao mesmo tempo que problemas essenciais caíam no esquecimento geral
ou antes eram roubados à atenção das
massas.
Assim, no decurso de algumas semanas,
alguns nomes eram como que magicamente tirados do nada e, em torno deles, se
erguiam incríveis esperanças no espírito público; dava-se-lhes uma popularidade,
que nenhum verdadeiro homem jamais esperaria conseguir durante toda a sua vida.
Ao mesmo tempo, perante os seus contemporâneos, velhos e dignos caracteres da
vida pública e administrativa eram considerados mortos, quando se achavam em
plena eficiência, ou eram cumulados de tantas injúrias que seus nomes pareciam
prestes a tornar-se símbolos de infâmia. Era necessário estudar esse vergonhoso
método judeu de, como por encanto, atacar de todos os lados e lançar lama, sob a
forma de calúnia e difamação, sobre a roupa limpa de homens honrados, para
aquilatar. em seu justo valor, todo o perigo desses patifes da
imprensa.
Não há nenhum meio a que não recorra
um tal salteador moral para chegar aos seus
objetivos.
Ele meterá o focinho nas mais
secretas questões de família e não sossegará enquanto o seu faro não tiver
descoberto um miserável incidente que possa determinar a derrota da infeliz
vítima. Caso nada seja encontrado, quer na vida pública quer na vida particular,
o patife lança mão da calúnia, firmemente convencido, não só de que, mesmo
depois de milhares contestações, alguma coisa sempre fica, como também de que
devido a centenas de repetições que essa demolição da honra encontra entre os
cúmplices, impossível é à vítima manter a luta na maioria dos casos. Essa corja
nem mesmo age por motivos que possam ser compreensíveis para o resto da
humanidade.
Deus nos livre! Enquanto um bandido
desses ataca - o resto da humanidade, essa gente esconde-se por trás de uma
verdadeira nuvem de probidade e frases untuosas, tagarela sobre "dever
jornalístico" e quejandas balelas e alteia-se até a falar em "ética" de
imprensa, em assembléias e congressos, ocasiões em que a praga se encontra em
maior número e em que a corja mutuamente se
aplaude.
Essa súcia, porém, fabrica mais de
dois terços da chamada "opinião pública", de cuja espuma nasce a Afrodite
parlamentar.
Seria necessário escrever volumes
para poder pintar com exatidão esse processo e representá-lo na sua inteira
falsidade. Mas, mesmo abstraindo tudo isso e observando somente os efeitos da
sua atividade, parece-me isso suficiente para esclarecer o espírito mais crédulo
quanto à insensatez objetiva dessa
instituição.
Mais depressa e mais facilmente
compreenderemos a falta de senso e perigo dessa aberração humana se compararmos
o sistema democrático parlamentar com uma verdadeira democracia
germânica.
Na primeira, o ponto mais importante
é o número. Suponhamos que quinhentos homens (ultimamente também mulheres), são
eleitos e chamados a dar solução definitiva sobre tudo. Praticamente, porém, só
eles constituem o governo, pois se é verdade que dentro deles é escolhido o
gabinete, o mesmo, só na aparência, pode fiscalizar os negócios públicos. Na
realidade, esse chamado governo não pode dar um passo sem que antes lhe seja
outorgado o assentimento geral da assembléia. O Governo contudo não pode ser
responsável por coisa alguma, desde que o julgamento final não está em suas mãos
mas na maioria parlamentar.
Ele só existe para
executar a vontade da maioria parlamentar em todos os casos. Propriamente só se
poderia ajuizar de sua capacidade política pela arte com que ele consegue se
adaptar à vontade da maioria ou atrair para si essa mesma maioria. Cai, assim,
da posição de verdadeiro governo para a de mendigo da maioria ocasional. Na
verdade, o seu problema mais premente consistirá, em vários casos, em
garantir-se o favor da maioria existente ou em provocar a formação de uma nova
mais favorável. Caso consiga isso, poderá continuar a "governar" por mais algum
tempo; caso não o consiga, terá de resignar o poder. A retidão de suas
intenções, por si só, não importa.
A
responsabilidade praticamente deixa de
existir.
Uma simples consideração mostra a que
ponto isso conduz.
A composição intima dos
quinhentos representantes do povo, eleitos, segundo a profissão ou mesmo segundo
a capacidade de cada um, resulta em um quadro tão disparatado quanto lastimável.
Não se irá pensar por acaso que esses eleitos da nação sejam também eleitos da
inteligência. Não é de esperar que das cédulas de um eleitorado capaz de tudo,
menos de ter espírito, surjam estadistas às centenas. Ademais, nunca é excessiva
a negação peremptória à idéia tola de que das eleições possam nascer gênios. Em
primeiro lugar, só muito raramente aparece em uma nação um verdadeiro estadista
e muito menos centenas de uma só vez; em segundo lugar, é verdadeiramente
instintiva a antipatia da massa contra qualquer gênio que se destaque. É mais
fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha que ser "descoberto" um grande
homem por uma eleição. O indivíduo que realmente ultrapassa a medida normal do
tipo médio costuma fazer-se anunciar, na história universal, pelos seus próprios
atos, pela afirmação de sua
personalidade.
Quinhentos homens, porém, de
craveira abaixo da medíocre, decidem sobre os negócios mais importantes da
nação, estabelecem governos que em cada caso e em cada questão têm de procurar o
assentimento da erudita assembléia. Assim é que, na realidade, a política é
feita pelos quinhentos.
Mas, mesmo pondo de
lado o gênio desses representantes do povo, considere-se a quantidade de
problemas diferentes que esperam solução, muitas vezes em casos opostos, e
facilmente se compreenderá o quanto é imprestável uma instituição governamental
que transfere a uma assembléia o direito de decisão final - assembléia essa que
possui em quantidade mínima conhecimentos e experiência dos assuntos a serem
tratados. As mais importantes medidas econômicas são assim submetidas a um foro
cujos membros só na porcentagem de um décimo demonstraram educação econômica. E
isso não é mais que confiar a decisão última a homens aos quais falta em
absoluto o devido preparo.
Assim acontece
também com qualquer outra questão. A decisão final será dada sempre por uma
maioria de ignorantes e incompetentes, pois a organização dessa instituição
permanece inalterada, ao passo que os problemas a serem tratados se estendem a
todos os ramos da vida pública, exigindo, pois, constante mudança de deputados
que sobre eles tenham de julgar e decidir. É de todo impossível que os mesmos
homens que tratam de questões de transportes, se ocupem, por exemplo, com uma
questão de alta política exterior. Seria preciso que todos fossem gênios
universais, como só de séculos em séculos aparecem. Infelizmente trata-se, não
de verdadeiras "cabeças", mas sim de diletantes, tão vulgares quanto convencidos
do seu valor, enfim de mediocridade da pior espécie. Daí provém a leviandade
tantas vezes incompreensível com que os parlamentares falam e decidem sobre
coisas que mesmo dos grandes espíritos exigiriam profunda meditação. Medidas da
maior relevância para o futuro de um Estado ou mesmo de uma nação são tomadas
como se se tratasse de uma simples partida de jogo de baralho e não do destino
de uma raça.
Seria certamente injusto pensar
que todo deputado de um tal parlamento tivesse sempre tão pouco sentimento de
responsabilidade. Não. Absolutamente
não.
Obrigando esse sistema o indivíduo a tomar
posição em relação a questões que não lhe tocam de perto, ele corrompe aos
poucos o seu caráter. Não há um deles que tenha a coragem de declarar: "Meus
senhores, eu penso que nada entendemos deste assunto. Pelo menos eu não entendo
absolutamente". Aliás, isso pouco modificaria, pois certamente essa maneira de
ser franco seria inteiramente incompreendida e, além disso, não se haveria de
estragar o brinquedo por caso de um asno honesto. Quem, porém, conhece os
homens, compreende que em uma sociedade tão ilustre ninguém quer ser o mais tolo
e, em certos círculos, honestidade é sempre sinônimo de
estupidez.
Assim é que o representante ainda
sincero é jogado forçosamente no caminho da mentira e da falsidade. Justamente a
convicção de que a reação individual pouco ou nada modificaria, mata qualquer
impulso sincero que porventura surja em um ou outro. No final de contas, ele se
convencerá de que, pessoalmente, longe está de ser o pior entre os demais e que
com sua colaboração talvez impeça maiores
males.
É verdade que se fará a objeção de que o
deputado pessoalmente poderá não conhecer este ou aquele assunto, mas que a sua
atitude será guiada pela fração a que pertença; esta, por sua vez, terá as suas
comissões especiais que serão suficientemente esclarecidas pelos entendidos. À
primeira vista, isso parece estar certo. Surgiria, porém, a pergunta: por que se
elegem quinhentos, quando só alguns possuem a sabedoria suficiente para tomarem
atitude nas questões mais importantes?
Aí é que
está o busilis.
Não é móvel de nossa atual
Democracia formar uma assembléia de sábios, mas, ao contrário, reunir uma
multidão de nulidades subservientes, que possam ser facilmente conduzidas em
determinadas direções definidas, dada a estreiteza mental de cada uma delas. Só
assim pode ser feito o jogo da política partidária, no mau sentido que hoje tem.
Mas isso, por sua vez, torna possível que os que manobram os cordéis fiquem em
segurança por trás dos bastidores, sem possibilidade de serem tornados
pessoalmente responsáveis. Atualmente, uma decisão, por mais nociva que seja ao
povo, não pode ser atribuída, perante os olhos do público, a um patife único, ao
passo que pode sempre ser transferida para os ombros de todo um
grupo.
Praticamente, pois, não há
responsabilidade, porque a responsabilidade só pode recair sobre uma
individualidade única e não sobre as gaiolas de tagarelice que são as
assembléias parlamentares.
Por isso esse tipo
de Democracia se tornou o instrumento da raça que, para a consecução de seus
objetivos, tem de evitar a luz do sol, agora, e sempre. Ninguém, a não ser um
judeu, pode estimar uma instituição que é tão suja e falsa quanto ele
próprio.
Em contraposição ao que precede, está
a verdadeira democracia germânica. que escolhe livremente o seu chefe, sobre
quem recai a inteira responsabilidade de todos os atos que pratique ou deixe de
praticar. Nela não há a votação de uma maioria no que se refere às várias
questões, sem a determinação de um indivíduo único que responda com seus bens e
vida por suas decisões.
Caso se objete que em
tais condições só dificilmente haverá alguém que queira dedicar a sua pessoa a
tão arriscada tarefa, poder-se-á retrucar:
O
verdadeiro sentido da democracia germânica reside, justamente, graças a Deus, no
fato de não ser possível ao primeiro ambicioso, indigno ou impostor, chegar, por
caminhos escusos, ao governo de seu povo. A extensão da responsabilidade
assumida afasta os incompetentes e os
fracos.
Na hipótese de um indivíduo dessa
estofa tentar insinuar-se, fácil será ir-lhe ao encontro com esta apóstrofe:
Para fora, covarde, patife. Retira o pé, tu maculas os degraus da escada, pois a
ascensão ao panteon da história não é para os que rastejam e, sim, para os
heróis!
Após dois anos de freqüência ao
parlamento de Viena já havia chegado a essa
conclusão.
Não me aprofundei mais sobre o
assunto.
O regime parlamentar teve, como seu
principal mérito, enfraquecer, nos últimos anos, o velho Estado dos Habsburgos.
Quanto mais se enfraquecia, pela sua ação, o predomínio do germanismo, tanto
mais se caía em um regime de choque entre as várias raças. No próprio Reichsrat
isso se dava sempre à custa do Império, pois, por volta da passagem do século, o
mais inocente indivíduo veria que a força de atração da monarquia não conseguia
mais banir as tendências separatistas dos diferentes
povos.
Ao
contrário.
Quanto mais mesquinhos se tornavam
os meios empregados pelo Estado para a sua conservação, tanto mais aumentava o
desprezo geral pelo mesmo Estado. Não só na Hungria, como também nas várias
províncias eslavas, o sentimento de fidelidade à monarquia era tão frágil que a
sua fraqueza não era considerada uma vergonha. Esses sinais de declínio que
apareciam provocavam até alegria, pois era mais desejada a morte que a
convalescença do antigo regime.
No parlamento
conseguiu-se evitar o colapso total por uma renúncia indigna e pela realização
de toda sorte de opressão sobre o elemento germânico. No interior jogava-se,
habilidosamente, um povo contra o outro. Entretanto, nas linhas gerais, a
atuação política era dirigida contra os alemães. Sobretudo, desde que a sucessão
ao trono começara a dar ao arquiduque Fernando uma certa influência,
estabeleceu-se um plano regular na tchequização praticada pelo governo. Aquele
futuro soberano da dupla monarquia procurava, por todos os meios possíveis,
fazer progredir a desgermanização, promovendo-a por todos os modos ou, no
mínimo, defendendo-a. Localidades puramente alemãs eram, por via indireta, na
burocracia oficial, devagar porém seguramente, incluídas na zona perigosa das
línguas mistas. Na própria Baixa Áustria esse processo progredia mais ou menos
rapidamente e muitos tchecos consideravam Viena como a sua principal
cidade.
O pensamento predominante desse novo
Habsburgo, cuja família falava o theco de preferência (a esposa do arquiduque
era uma condessa tcheca e casara com o príncipe morganaticamente, sendo o meio
em que ela nascera tradicionalmente anti-germânico), era estabelecer
gradualmente um Estado eslavo na Europa central, em linhas estritamente
católicas, como uma proteção contra a Rússia ortodoxa. Nesse sentido, como
tantas vezes aconteceu aos Habsburgos, a religião era mais uma vez arrastada a
servir a uma concepção puramente política, concepção lamentável, quando encarada
do ponto de vista germânico.
A vários
respeitos, o resultado foi mais que trágico. Nem a casa dos Habsburgos nem a
Igreja Católica tiraram o proveito que
esperavam.
O Habsburgo perdeu o trono, Roma
perdeu um grande Estado.
Chamando forças
religiosas a servirem a seus fins políticos, a coroa provocou um estado de
espírito que ela própria inicialmente julgou ser impossível. A tentativa de
exterminar o germanismo na velha monarquia despertou o movimento pangermanista
na Áustria.
Na década de 80 o liberalismo
manchesteriano, de origem judaica, atingira, se não ultrapassara, o seu ponto
culminante na monarquia. A reação contra ele, entretanto, não proveio como em
tudo, na Áustria, de pontos de vista sociais e, sim, de pontos de vista
nacionais. O instinto de conservação obrigou o germanismo a pôr se em guarda, da
maneira mais viva. Só em segundo plano é que as considerações econômicas
começaram a ganhar influência apreciável. Assim- é que desabrocharam, da
confusão política, dois partidos, um mais nacionalista, outro mais socialista,
ambos porém altamente interessantes e Instrutivos para o
futuro.
Após o fim deprimente da guerra de 1866
a Casa Habsburgo preocupava-se com a idéia de uma revanche no campo de batalha.
Só a morte do imperador Maximiliano, do México, cuja expedição infeliz se
atribuiu em primeira linha a Napoleão III e cujo abandono, por parte dos
franceses, provocou geral indignação, evitou uma aliança mais íntima com a
França. Entretanto, os Habsburgos estavam de alcatéia na ocasião. Caso a guerra
de 1870-71 não se tivesse transformado numa expedição triunfal, única no gênero,
a corte de Viena teria ousado tentar um golpe sangrento de vingança por causa de
Sadowa. Quando, porém, chegaram as primeiras narrações dos feitos heróicos dos
campos de batalha, maravilhosos e quase incríveis e, no entretanto, verdadeiros,
o mais "sábio> de todos os monarcas reconheceu que a hora não era propícia e
aparentou alegrar-se com o que, na realidade, contrariava os seus
planos.
A luta de heróis desses dois anos
conseguira milagre muito mais formidável, pois, quanto aos Habsburgos, a sua
atitude modificada jamais correspondia a um impulso íntimo de coração, mas sim à
força das circunstâncias. O povo alemão, na velha Marca oriental, foi arrastado
pela embriaguez da vitória do Reich e via, profundamente comovido, a
ressurreição do sonho dos antepassados convertido em maravilhosa
realidade.
Que ninguém se engane, porém. O
Austríaco de sentimento verdadeiramente germânico reconhecera, dessa hora em
diante, em Königratz, a condição tão trágica quanto indispensável da restauração
do império, o qual não devia estar ligado ao marasmo podre da antiga aliança, e
não o estava.
Sobretudo ele, aprendeu a sentir,
à sua própria custa, que a casa dos Habsburgos terminara a sua missão histórica
e que o novo Império só poderia eleger imperador quem, pelo seu sentimento
histórico, fosse capaz de oferecer uma cabeça digna à "coroa do Reno". Tanto
mais era, pois, de louvar o destino por ter realizado essa investidura no
rebento de uma dinastia que, com Frederico, o Grande, já dera à nação, em tempos
perturbados, um exemplo eloqüente para inspirar a grandeza da
raça.
Quando, porém, após a grande guerra, a
casa dos Habsburgos se lançou decididamente no caminho da destruição lenta porém
inexorável, da perigosa germanização da dupla monarquia (cujas intenções intimas
não podiam deixar dúvidas) - e esse tinha de ser o fim da política de
eslavização - irrompeu a resistência do povo condenado ao extermínio e de
maneira nunca vista na história alemã dos tempos
modernos.
Pela primeira vez, homens de
sentimentos nacionalistas e patrióticos se fizeram rebeldes. Rebeldes, não
contra a nação ou contra o Estado, e sim contra uma forma de governo que,
segundo as suas convicções, tinha de conduzir ao aniquilamento da própria
raça.
Pela primeira vez, na história alemã,
contemporânea, o patriotismo corrente, dinástico, se divorciou do amor à pátria
e ao povo.
Deve-se ao movimento pangermanista
da Áustria alemã da década de 90 o ter constatado de maneira clara e
insofismável que uma autoridade pública só tem direito de exigir respeito e
proteção, quando ela corresponde aos desejos de uma nacionalidade ou pelo menos
quando não lhe causa dano.
Não pode haver
autoridade pública que se justifique pelo simples fato de ser autoridade, pois,
nesse caso, toda tirania neste mundo seria inatacável e
sagrada.
Quando, por força da ação do governo,
uma nacionalidade é levada à destruição, a rebelião de cada um dos indivíduos de
um tal povo não é só um direito, mas também um dever. Quando um caso assim se
apresenta a questão não se decide por considerações teóricas, mas pela violência
e - pelo êxito.
Como todo poder público,
naturalmente, chama a si o dever de conservar a autoridade do Estado, mesmo que
ela seja má e traia mil vozes os desejos de uma nacionalidade, o instinto de
conservação, em luta com esse poder pela conquista da liberdade ou da
independência, terá de usar das mesmas armas com as quais o adversário procura
manter-se. A luta será, portanto, travada com o recurso aos meios "legais".
enquanto o povo não deverá recuar mesmo diante de meios ilegais, quando o
opressor colocar-se fora da lei.
De um modo
geral, não se deve esquecer nunca que a conservação de um Estado ou de um
governo não é o mais elevado fim da existência humana, mas o de conservar o seu
caráter racial. Caso este se ache em perigo de ser dominado ou eliminado, a
questão da legalidade terá apenas importância secundária. Mesmo que o poder
dominante empregue mil vezes os meios "legais" na sua ação, o instinto de
conservação dos oprimidos é sempre uma justificação elevada para a luta por
todos os meios.
Só admitindo essa hipótese é
que se pode compreender porque os povos deram tão formidáveis exemplos
históricos nas lutas pela liberdade, contra a escravização, quer seja interna,
quer externa.
Os direitos humanos estão acima
dos direitos do Estado.
Se, porém, na luta
pelos direitos humanos, uma raça é subjugada, significa isso que ela pesou muito
pouco na balança do destino para ter a felicidade de continuar a existir neste
mundo terrestre, pois quem não é capaz de lutai pela vida tem o seu fim
decretado pela providência.
O mundo não foi
feito para os povos covardes.
Quanto é fácil a
uma tirania proteger-se com o manto da "legalidade", ficou clara e
eloqüentemente demonstrado com o exemplo da
Áustria.
O poder legal do Estado baseava-se,
então, no anti-germanismo do parlamento, com a sua maioria não-germânica e na
casa reinante, também germanófoba. Nesses dois fatores, estava encarnada toda a
autoridade pública. Querer modificar o destino do povo teuto-austríaco dessa
posição era tolice. Assim, porém, segundo o parecer dos veneradores da
autoridade do Estado e da legalidade, toda resistência deveria ser abandonada
por não ser exeqüível por meios legais. Isso, porém, significaria o fim do povo
alemão na monarquia, necessariamente, forçosamente, e dentro de breve tempo.
Efetivamente só pela derrocada daquele Estado foi o germanismo salvo desse
destino.
Os teoristas de óculos, preferem,
porém, morrer por sua doutrina a morrer pelo seu
povo.
Como os homens, primeiro, criam as leis,
pensam, depois, que estas estão acima dos direitos
humanos.
Foi mérito do movimento pangermanista
de então na Áustria o ter varrido de uma vez essa tolice, para desespero de
todos os cavaleiros andantes e fetichistas da teoria do
Estado.
Enquanto os Habsburgos tentavam
perseguir o germanismo, este partido atacava - e impavidamente - a sublime, Casa
soberana. Pela primeira vez, ele lançou a sonda nesse Estado apodrecido, abrindo
os olhos a centenas de milhares de pessoas. Foi seu mérito ter libertado a
maravilhosa noção de amor pátrio da influência dessa triste
dinastia.
Aquele partido, nos seus primeiros
tempos, contava com muitos adeptos, ameaçando mesmo transformar-se em verdadeira
avalanche. Entretanto, o êxito não durou. Quando cheguei a Viena, o movimento há
muito já havia sido ultrapassado pelo Partido Cristão Socialista, que alcançara
o poder e se encontrava em estado de
decadência.
Esse processo de evolução e
desaparecimento do movimento pangermanista de um lado e da incrível ascensão do
partido socialista, de outro, deveria tornar-se, para mim, da maior importância
como objeto de estudo.
Quando cheguei a Viena,
minhas simpatias estavam inteiramente do lado da orientação
pangermanista.
Que se tivesse a coragem de
exclamar no parlamento - viva Hohenzollern! - me impunha respeito e me causava
contentamento; que se considerasse esse Partido como parte apenas
momentaneamente separada do Império alemão e se proclamasse esse sentimento
publicamente, a cada momento, despertava-me alegre confiança; que se admitissem
impavidamente todas as questões referentes ao germanismo e nunca se entregassem
a compromissos parecia-me o único caminho ainda acessível para a salvação de
nosso povo; que, porém, o movimento, depois de sua magnifica ascensão, tornasse
a decair, não podia eu compreender. Menos ainda compreendia que o Partido
Cristão Socialista conseguisse alcançar nessa mesma época, tão grande violência.
Este havia chegado exatamente ao auge de sua
glória.
Ao comparar os dois movimentos, deu-me
o destino o melhor ensinamento, apressado pela minha aliás triste situação, para
que eu compreendesse as causas desse
enigma.
Preliminarmente, começarei o meu exame
por dois homens que podem ser considerados os chefes e fundadores dos dois
partidos: Georg von Schönere e o Dr. Karl
Lueger.
Quanto ao ponto de vista do caráter,
ambos se elevam muito acima da média das chamadas personalidades parlamentares.
No pantanal de uma corrupção política generalizada, a minha simpatia pessoal de
início dirigia-se ao pangermanista Schönere e só pouco a pouco também ao chefe
cristão social.
Comparados quanto às suas'
capacidades, já naquele tempo, Schönere me parecia o melhor e mais sólido
pensador dos problemas básicos. Melhor que qualquer outro, ele reconheceu, de
modo mais certo e claro, o fim fatal do Estado austríaco. Se as suas
advertências tivessem achado eco, sobretudo no Reichstag, no que dizia respeito
à monarquia dos Habsburgos, a desgraça da guerra da Alemanha contra a Europa
jamais teria acontecido.
Mas se Schönere
compreendia os problemas, na sua essência Intima, errava muito quanto aos
homens.
Nesse conhecimento estava, ao
contrário, a força do Dr. Lueger.
Este era um
raro conhecedor dos homens, que se precavia de vê-los melhores do que eles são
na realidade. Por isso contava ele mais com as reais possibilidades da vida, de
que conhecimento tinha Schönere. Tudo o que pensava o pangermanista estava
teoricamente certo, mas faltava-lhe a força e a habilidade de transmitir à massa
o conhecimento teórico, pois essa capacidade é e sempre será limitada. Essa
falta de real reconhecimento dos homens conduziu, com o correr dos anos, a um
engano na avaliação de vários movimentos, bem como de instituições
antiquíssimas.
Finalmente reconheceu Schönere,
sem dúvida, que se tratava, no caso, de questões de concepção universal, porém
não entendeu que a grande massa se presta admiravelmente para detentora dessas
convicções quase religiosas.
Infelizmente, teve
ele uma percepção muito imperfeita das extraordinárias limitações da disposição
da burguesia para a luta. Devido a sua situação econômica, os burgueses são
tímidos, não se arriscam a prejuízos, o que sempre os impede de
agir.
Essa incompreensão da importância das
camadas baixas da sociedade foi a causa da extrema ineficiência de suas opiniões
sobre questões sociais.
Em tudo Isso o Dr.
Lueger era o oposto de Schönere.
O profundo
conhecimento dos homens fazia com que aquele não só fizesse juízo certo das
forças aproveitáveis, como também ficasse a coberto de uma avaliação
demasiadamente baixa das instituições existentes, sendo que, talvez por esse
motivo, aprendesse a empregá-las em auxilio da consecução de seus
intentos.
Ele compreendeu perfeitamente que a
força combativa da burguesia superior, hoje em dia, é pequena, é insuficiente
para conseguir a vitória de um grande e novo movimento. Dai vem que atribuía
grande importância, na sua atividade política, à conquista das camadas cuja
existência estava ameaçada e, nas quais, por isso mesmo, a vontade de lutar
servia de estímulo em vez de ser motivo de inércia. Além disso, ele era
inclinado a empregar todos os meios violentos para atrair a si as fortes
instituições existentes com o fito de tirar, dessas velhas fontes de poder, todo
o proveito para o seu movimento.
Por isso,
baseou o seu novo partido, em primeira linha na classe média. ameaçada de
extinção, e assegurou-se, assim, uma classe de adeptos extremamente difíceis de
serem abalados e dotados de tão grande espírito de sacrifício como de vontade de
lutar. A sua atitude extremamente hábil em relação à Igreja Católica
conquistou-lhe, em pequeno espaço, a mais nova geração do clero, e de tal
maneira que o antigo partido clerical foi forçado a retirar-se do campo ou, mais
avisadamente, a aderir ao novo partido a fim de, paulatinamente, ganhar posição
a posição.
Grande injustiça seria feita a esse
homem, se se considerasse essa como a sua única característica, pois, além da
qualidade de um tático inteligente, ele possuía as de um reformador
verdadeiramente grande e genial. Entretanto, também nessa grande personalidade
não era completo o conhecimento das possibilidades existentes bem como de sua
própria capacidade pessoal.
Os objetivos que
esse homem verdadeiramente notável se tinha proposto eram eminentemente
práticos. Ele queria conquistar Viena. Viena era o coração da monarquia. Dessa
cidade partia ainda o último alento de vida para o corpo doentio e envelhecido
do império decadente. Quanto mais saudável se tornasse o coração, mais
facilmente reviveria o resto do corpo. Uma idéia correta em princípio, que,
porém, só podia ter aplicação durante um tempo determinado e
limitado.
Aí é que estava a fraqueza desse
homem. O que ele realizou como burgomestre na cidade de Viena é imortal no
melhor sentido da palavra. Mesmo assim, não conseguiu, porém, salvar a monarquia
- era tarde demais.
Seu rival Schönere vira
mais claramente.
Na sua atuação prática o Dr.
Lueger obtinha admirável êxito. O efeito, porém, do que ele esperava sempre
deixava de realizar-se.
O que Schönere
desejava, ele não o conseguia; o que ele temia, realizava-se, infelizmente, de
uma maneira terrível.
Assim, os dois homens não
realizaram o seu objetivo. Lueger não pôde mais salvar a Áustria e Schönere não
conseguiu evitar a ruína do povo alemão.
É
infinitamente instrutivo para o nosso tempo estudar a causa do fracasso desses
dois partidos. É essencial, sobretudo, para os meus amigos, pois, em muitos
pontos, as condições de hoje são semelhantes às daquele tempo, podendo-se, por
isso, evitar erros que conduziram à morte de um. movimento e à esterilidade do
outro.
O colapso do movimento pangermanista na
Áustria teve, a meu ver, três causas:
Primeira;
a noção pouco clara da importância do problema social, justamente tratando-se de
um partido novo essencialmente
revolucionário.
Enquanto Schönere e seus
adeptos se dirigiam em primeira linha às camadas burguesas, o resultado só podia
ser fraco, inofensivo.
A burguesia alemã é,
sobretudo nas suas camadas superiores, embora que não o pressintam os
indivíduos, pacifista a ponto de renunciar a si mesma, principalmente quando se
trata de questões internas da nação ou do Estado. Nos bons tempos, isto é, nos
tempos de um bom governo, tal disposição é uma razão do valor extraordinário
dessas camadas para o Estado; em épocas de governos maus, porém, ela age de
maneira verdadeiramente maléfica. Para conseguir a realização de uma luta séria,
o movimento pangermanista tinha de lançar-se á conquista das massas. O fato de
não se ter agido assim tirou-lhe, de começo, o impulso inicial que uma tal onda
necessita para não desfazer-se.
Quando,
inicialmente, não se tem em mira e não se executa esse princípio básico, o novo
partido perde, para o futuro, toda possibilidade de evitar os efeitos do erro de
começo. Aceitando, em número excessivo, elementos moderados burgueses, a atitude
do movimento será dirigida por estes, ficando assim excluída a possibilidade de
recrutar forças apreciáveis no seio da grande massa popular. Tal movimento não
passará mais de pálidos mexericos e críticas. Nunca mais se poderá criar a fé
quase religiosa aliada a idêntico espírito de sacrifício; surgirá, porém, em seu
lugar, a tendência de, por meio de cooperação "positiva" - neste caso isso
significa o reconhecimento do statu quo - aos poucos, aparar a dureza da luta
para finalmente chegar a uma paz podre.
Foi o
que aconteceu ao movimento pangermanista, pelo fato de não ter, desde o
princípio, acentuado principalmente a conquista de seus adeptos entre os
círculos da grande massa. Tornou-se um movimento "burguês, distinto,
moderadamente radical".
Desse erro decorreu,
porém, a segunda causa de seu rápido
desaparecimento.
A situação na Áustria, para o
germanismo, no tempo do aparecimento do movimento pangermanista, já não dava
lugar a esperanças. De ano a ano, o parlamento se tornava, cada vez mais, uma
instituição destinada ao aniquilamento lento do povo alemão. Toda tentativa de
salvação na décima-segunda hora só podia oferecer uma probabilidade, embora
pequena, de êxito, na extinção dessa
instituição.
Com isso surgiu, junto ao
movimento, uma questão de importância
teórica.
Para destruir o parlamento,
dever-se-ia ir ao parlamento, a fim de esvaziá-lo "de dentro para fora" ou
devia-se conduzir essa luta de fora, atacando aquela
instituição.
Os pangermanistas entraram no
parlamento e foram derrotados.
Verdade é que se
devia penetrar ali.
Conduzir uma luta contra
tal potência, do lado de fora, significava armar-se de coragem inabalável é
estar também disposto a sacrifícios infinitos. Agarra-se o touro pelos cornos e
recebe-se fortes marradas. As vezes se cairá por terra, podendo levantar-se com
os membros partidos, somente depois da mais áspera luta é que a vitória sorrirá
ao ousado atacante. Somente a grandeza dos sacrifícios conquistará novos
lutadores para a causa, até que a persistência garanta
sucesso.
Para isso, porém, são necessários os
filhos do povo, tirados da grande massa.
Só
eles são suficientemente decididos e tenazes para conduzir essa luta ao seu fim
sangrento.
O movimento pangermanista, porém,
não possuía essa grande massa; nada mais lhe restava, pois, que ir ao
parlamento.
Seria falso pensar que essa
resolução tivesse sido o resultado de longos sofrimentos íntimos ou mesmo de
meditações; não, não se pensava absolutamente em outra
coisa.
Essa tolice, nada mais era que o reflexo
de noções pouco claras sobre a importância e o efeito de tal participação numa
instituição reconhecida, já em princípio, como falsa. Esperava-se, geralmente,
facilitar o esclarecimento da grande massa popular, uma vez que se tinha a
oportunidade de falar diante do "foro da nação inteira". Parecia também claro
que o ataque à raiz do mal teria mais êxito que o ataque feito de fora.
Pensava-se que a proteção das imunidades fortaleceria a segurança dos vários
lutadores, de sorte que o ataque se tornaria mais
forte.
Na realidade, porém, as coisas tomaram
outro aspecto.
O "foro" perante o qual falavam
os deputados pangermanistas em vez de tornar-se maior, tornara-se menor, pois
cada um só fala diante do círculo que é capaz de ouvi-lo ou que, por meio dos
comunicados da imprensa, recebe uma reprodução do que foi
dito.
O maior foro de ouvintes é representado
não pela sala de um parlamento e, sim, por um grande comício
público.
No comício se encontra um grande
número de pessoas que vieram somente para ouvir o que o orador tem a dizer-lhes,
ao passo que no salão de sessões da Câmara dos Deputados só há algumas centenas
de indivíduos que estão em geral apenas para receberem o seu subsídio e não para
receber esclarecimentos da sapiência de um ou outro senhor "representante do
povo".
Antes de tudo, porém, trata se, no caso,
do mesmo público que nunca está disposto a aprender algo de novo, pois, além de
faltar-lhe inteligência, falta-lhe a necessária vontade para
isso.
Jamais um desses representantes fará por
si mesmo honra à melhor verdade para, em seguida, pôr-se a seu serviço. Não.
Nenhum fará isso, a não ser que tenha razão de esperar que tal mudança possa
salvar o seu mandato por mais uma legislatura. Só quando pressentem que o seu
partido sairá mal nas próximas eleições é que essas glórias da humanidade se
mexem para verificar como se poderá mudar para um partido de orientação mais
segura, sendo que essa mudança de atitude se processa sob um dilúvio de
justificações morais. - Daí, acontecer sempre que quando um partido decai em
grande escala do favor público e que há ameaça provável de uma derrota
fulminante, começa a grande migração: os ratos parlamentares abandonam o navio
partidário.
Isso nada tem que ver com o saber e
o querer, mas é um índice daquele dom divinatório que adverte, ainda em tempo
oportuno, o tal percevejo parlamentar, fazendo com que ele se abrigue em outra
cama partidária mais quente.
Falar perante um
tal "foro" significa, na verdade, jogar pérolas a porcos. De fato, isso não vale
a pena! Nesse caso o êxito não pode ser senão igual a
zero.
E assim era, na realidade. Os deputados
pangermanistas poderiam falar até rebentar: o efeito, porém, seria
nulo.
A imprensa, por sua vez, conservava-se
muda ou mutilava os discursos de tal maneira que qualquer conexão era impossível
e mesmo o sentido era deturpado, quando não se perdia inteiramente. E por isso a
opinião pública só recebia uma imagem muito imperfeita das intenções do novo
movimento. Era inteiramente destituído de importância o que dizia cada um dos
deputados: a importância estava naquilo que se dava a ler como sendo deles.
Consistia isso em extratos de seus discursos, que, mutilados, só podiam e deviam
provocar impressão errônea. Assim o público perante o qual eles falavam
realmente era os escassos quinhentos parlamentares. E isso nos diz
bastante.
O pior, porém, era o seguinte: o
movimento pangermanista só poderia contar com sucesso caso tivesse compreendido,
desde o primeiro dia, que não se deveria tratar de um novo partido e, sim, de
uma nova concepção política do mundo. Só esta conseguiria provocar as forças
internas para essa luta gigantesca. Para esse fim, porém, só servem para chefes
as melhores e mais corajosas cabeças.
Caso a
luta por um sistema universal não seja conduzida por heróis prontos ao
sacrifício, em curto espaço de tempo será impossível encontrar lutadores
preparados para morrer. Um homem que combate exclusivamente por sua existência
pouco terá de sobra para a causa geral. A fim de que se possa realizar aquela
hipótese, é necessário que cada um saiba que o novo movimento trará honra e
glória ante a posteridade e que, no presente, nada oferecerá. Quantos mais
postos tenha um movimento a distribuir, maior será a concorrência dos
medíocres., até que estes políticos oportunistas, sufocando pelo número o
partido vitorioso, o lutador honesto não mais reconheça o antigo movimento e os
novos adesistas o rejeitem decididamente como um intruso"
incômodo.
Com isso, porém, estará liquidada a
"missão" de tal movimento.
Logo que a agitação
pangermanista aceitou o parlamento, começou a dispor de "parlamentares" em vez
de guias e lutadores de verdade. O partido baixou ao nível de qualquer das
facções do tempo e, por isso, perdeu a força necessária para enfrentar o destino
com a audácia dos mártires. Em vez de lutar, aprendeu também a "falar" e a
"negociar". Em breve tempo, o novo parlamentar sentia como mais nobre dever, -
porque menos arriscado - combater a nova concepção do mundo com as armas
"espirituais" da eloqüência parlamentar, em vez de lançar-se numa luta com o
risco da própria vida - luta de resultado incerto e que nada rende para os seus
líderes.
Como eles estavam no parlamento, os
adeptos, lá fora, começaram a esperar milagres, que naturalmente não se
realizaram e nem poderiam realizar-se. Dentro em pouco, apareceu a impaciência,
pois, mesmo o que se conseguia ouvir dos próprios deputados de modo algum
correspondia às esperanças dos eleitores. Isso era de fácil explicação, pois a
imprensa inimiga evitava transmitir ao público uma imagem exata da ação dos
representantes pangermanistas.
Quanto mais
crescia o gosto dos novos representantes do povo pela maneira ainda suave da
luta "revolucionária" no parlamento e nas dietas, tanto menos se achavam eles
dispostos a voltar ao mais perigoso trabalho de propaganda, no seio das camadas
populares.
Os comícios, que eram o único meio
eficiente de influir sobre as pessoas e, portanto, capaz de atrair grandes
massas populares, eram cada vez menos
utilizados.
Desde que as reuniões nas casas
públicas foram definitivamente substituídas pela tribuna do parlamento, para,
deste foro, derramar os discursos sobre as cabeças do povo, o movimento
pangermanista deixou de ser um movimento popular e desceu, em curto tempo, à
categoria de um clube de dissertações acadêmicas, de caráter mais ou menos
sério.
A má impressão propagada pela imprensa
não era, de maneira alguma, corrigida pela atividade das assembléias
parlamentares. Assim, a palavra "pangermanista" passou a soar mal aos ouvidos
populares. É preciso que os literatelhos e peralvilhos de hoje saibam que as
maiores revoluções deste mundo nunca foram dirigidas por
escrevinhadores!
Não. A pena sempre se limitou
a traçar as bases teóricas das revoluções.
O
poder, porém, que pôs em movimento as grandes avalanchas históricas, de caráter
religioso e político, foi, desde tempos imemoriais, a força mágica da palavra
falada.
Sobretudo a grande massa de um povo
sempre só se deixa empolgar pelo poder da palavra. Todos os grandes movimentos
são movimentos populares, são erupções vulcânicas de paixões humanas e de
sensações psíquicas provocadas ou pela deusa cruel da necessidade ou pela tocha
da palavra atirada entre a massa e não por meio de jorros de literatos
açucarados metidos a estetas e a heróis de
salão.
Só uma tempestade de paixão escaldante é
que consegue torcer o destino dos povos: mas só consegue provocar entusiasmo
quem o possua no seu íntimo. Só esse entusiasmo inspira aos seus eleitos as
palavras que, como golpes de martelo, conseguem abrir as portas do coração de um
povo.
Não é escolhido para anunciador da
vontade divina aquele a quem falta a paixão e mantém-se em um silêncio
cômodo.
Por isso, todo escritor devia
restringir-se ao seu tinteiro, para trabalhar "teoricamente", se não lhe faltam
inteligência e saber. Para chefe não nasceu ele, porém, nem para tal foi
escolhido.
Um movimento de grandes objetivos,
deve, pois, diligenciar para não perder o contato com a massa do
povo.
Esse ponto deve ser examinado em primeiro
lugar e as decisões devem ser tomadas sob essa orientação. Deverá ser evitado
tudo o que posse diminuir ou enfraquecer a capacidade de ação sobre a
coletividade, não por motivos "demagógicos", mas pelo simples reconhecimento de
que sem a força formidável da massa de um povo não se pode realizar uma grande
idéia, por mais elevada e sublime que ela pareça. A dura realidade é que deve
determinar o caminho para o objetivo visado; não querer palmilhar caminhos
desagradáveis significa neste mundo desistir do Ideal, quer se queira, quer
não.
Logo que o movimento pangermanista, por
sua atitude parlamentar, colocou o seu ponto de apoio no parlamento e não no
povo, perdeu o futuro e ganhou, em troca, o êxito barato e
passageiro.
Escolheu a luta mais fácil, e, por
isso mesmo, deixou de merecer a vitória
final.
Justamente essas questões foram por mim
estudadas em Viena, da maneira mais profunda, notando, então, que, no seu não
reconhecimento, estava um dos principais motivos do colapso do movimento, que, a
meu ver, era destinado a tomar em suas mãos a direção do
germanismo.
Os dois primeiros erros que fizeram
com que fracassasse o movimento pangermanista completavam-se, um era
conseqüência do outro. A falta de conhecimento das forças impulsoras das grandes
revoluções deu lugar à errada avaliação da importância das grandes
coletividades; daí proveio o pouco interesses pela questão social, o medíocre
aliciamento das camadas inferiores da nação, bem como também a atitude favorável
em relação ao parlamento.
Caso tivesse sido
reconhecido o incrível poder que cabe à massa como portadora da resistência
revolucionária em todos os tempos, ter-se-ia trabalhado de outra maneira, tanto
socialmente como com relação à propaganda. Não se teria também, então, acentuado
o movimento em direção ao parlamento e sim em direção à oficina e à
rua.
O terceiro erro, porém, se caracterizou
ainda mais pelo não reconhecimento do valor da massa, que, uma vez movimentada
em determinada direção, por espíritos superiores, mais tarde, como um volante,
dá impulso à força e tenacidade uniforme do
ataque.
A áspera luta que o movimento
pangermanista teve de sustentar com a Igreja católica só se explica devido à
falta de compreensão da psicologia do povo.
As
causas do ataque violento do novo partido contra Roma estavam no
seguinte:
"Logo que a Casa dos Habsburgos se
decidira definitivamente a transformar a Áustria em um Estado eslavo, foram
utilizados todos os meios que pareciam próprios para esse fim. As instituições
religiosas foram também inescrupulosamente postas ao serviço da nova idéia
oficial, por essa inconscientíssima dinastia. A utilização de paróquias tchecas
e de seus curas era somente um dos muitos meios de chegar a este fim, isto é,
uma eslavização generalizada da Áustria".
O
processo desenrolava-se mais ou menos
assim:
"Os padres tchecos eram mandados para
paróquias puramente alemãs. Esses sacerdotes lenta, mas seguramente, começavam a
sobrepor os interesses do povo tcheco aos interesses da Igreja, tornando-se
assim a célula mater do processo de
desgermanização".
O clero germânico, ante esse
processo, fracassou quase completamente. E assim aconteceu não só porque esses
próprios sacerdotes eram inteiramente incapazes de uma semelhante luta, no
sentido do germanismo. como por não conseguirem opor a necessária resistência
ao- ataque dos outros. Dessa maneira o germanismo era lenta, mas
irresistivelmente, repelido por um lado, pela ação desabusada de parte do clero
que se lhe opunha e pelo outro pela insuficiência da defesa. Se, como vimos,
isso se dava em pequena escala, em grande escala não seria outra a
situação.
Aí também as tentativas
antigermânicas dos Habsburgos não encontraram, sobretudo de parte do alto clero,
a resistência exigida, e, assim, a defesa dos interesses alemães passava a plano
secundário.
A impressão geral era de que havia
uma ofensa grosseira aos direitos alemães da parte do clero
católico.
Parecia com isso que a Igreja não
sentia com o povo alemão e se colocava, de maneira injusta, ao lado do inimigo
do mesmo. A raiz de todo o mal, porém, estava, segundo a opinião de Schönere, no
fato de a direção da Igreja católica não estar na Alemanha, bem como na
animosidade, proveniente desse fato, contra os anseios de nossa
nacionalidade.
Os chamados problemas culturais
passaram, como quase tudo na Áustria, para segundo plano. O que valia, na
atitude do movimento pangermanista, com relação à- Igreja católica, era menos a
atitude desta relativamente à ciência que a sua insuficiente compreensão dos
interesses alemães e, inversamente, uma constante fomentação das pretensões e da
cobiça eslavas.
George Schönere não era homem
que fizesse as coisas pela metade. Iniciou a luta contra a Igreja, convencido de
que somente por ela é que a raça alemã poderia salvar se. O movimento de
libertação contra Roma (Los von Rom") parecia o mais formidável, porém também o
mais difícil processo de ataque, que teria de destruir a cidadela inimiga. Fosse
ele vitorioso estaria vencida, para sempre, a infeliz cisão religiosa na
Alemanha e a força interior do Reich e da nação alemã poderia, com uma tal
vitória, lucrar de maneira
formidável.
Entretanto, nem a previsão nem as
conclusões dessa luta estavam
certas.
Incontestavelmente a força de
resistência do clero católico, de nacionalidade alemã, era inferior, em todas as
questões referentes ao germanismo, às de seus irmãos não alemães, sobretudo
tchecos.
Ao mesmo tempo, só um ignorante não
veria que ao clero alemão jamais ocorreu uma defesa agressiva dos interesses da
sua raça.
Demais, quem quer que não estivesse
ofuscado pelas aparências, deveria reconhecer que esse fato deve ser atribuído
primeiro que tudo a uma circunstância que todos nós alemães devemos lastimar: a
"objetividade" com que encaramos os problemas raciais, assim como todos os
outros.
Assim como o sacerdote tcheco era
subjetivo em relação ao seu povo e somente objetivo em relação A Igreja, o
sacerdote alemão era dedicado subjetivamente à Igreja e permanecia objetivo com
relação à nação. Esse é um fenômeno que em mil outros casos podemos constatar,
para infelicidade nossa.
Isso não é de maneira
alguma só uma herança especial do catolicismo, mas ataca, entre nós, em curto
espaço de tempo, quase toda a organização do
Estado.
Compare-se, por exemplo, a atitude que
o nosso funcionalismo público assume em face das tentativas de um renascimento
nacional com a do funcionalismo de qualquer outra nação em circunstâncias
semelhantes. Imagina-se, acaso, que o corpo de funcionários de qualquer outro
país do mundo preteriria de maneira semelhante os desejos da nação ante a frase
oca "autoridade do Estado", como é corrente entre nós desde cinco anos, sendo
até considerado particularmente digno de elogios, quem assim procede? Não
assumem os dois credos, hoje em dia, na questão judaica, uma atitude que não
está em harmonia nem com os desejos da nação nem com os verdadeiros interesses
da própria religião? Compare-se, por exemplo, a atitude de um rabino, em todas
as questões, mesmo de somenos importância do judaísmo como raça, com a do clero
de ambos os credos cristãos com relação à raça
germânica.
Isso acontece conosco toda vez que
se trata de defender uma idéia abstrata.
A
"autoridade do Estado", a "democracia", o "pacifismo", a "solidariedade
internacional", etc., são idéias que sempre convertemos em concepções fixas,
puramente doutrinárias, de sorte que todo julgamento sobre as necessidades
vitais da nação é feito exclusivamente por esse
critério.
Essa maneira infeliz de considerar
todas as aspirações pelo prisma de uma opinião preconcebida destrói toda a
capacidade de aprofundar-se o homem num assunto subjetivamente por contradizer
objetivamente a própria teoria e conduz finalmente a uma inversão de meios e de
finalidades. Toda tentativa de levantar a nação será repelida, desde que
implique na extinção de um regime, mesmo mau, desde que seja uma infração ao
"princípio de autoridade". O "princípio de autoridade" não é, porém, um meio
para um fim, antes, aos olhos desses fanáticos da objetividade, representa o
próprio fim, o que é suficiente para explicar a triste vida desse princípio.
Assim é que, por exemplo, toda tentativa por uma ditadura seria recebida com
indignação, mesmo que o seu executor fosse um Frederico, o Grande, e que os
artistas políticos de uma maioria parlamentar momentânea não passassem de anões
incapazes ou de indivíduos medíocres. A lei da democracia parece mais sagrada
para um desses doutrineiros que o bem da nação. Um protegerá, portanto, a pior
tirania que aniquila um povo, desde que o "princípio de autoridade" se corporiza
nela, ao passo que o outro rejeita mesmo o mais abençoado governo, desde que
este não corresponda à sua concepção de
democracia.
Da mesma maneira o nosso pacifista
alemão silenciará diante do mais sangrento atentado contra o povo, mesmo que ele
parta das mais rudes Forças militares; silenciará desde que a mudança desse
destino só seja possível por meio de uma resistência, portanto, de uma
violência, pois isso contraria o seu espírito pacifista. O socialista alemão
internacional, entretanto, pode ser saqueado solidariamente pelo resto do mundo;
ele mesmo retribui com simpatia fraternal e não pensa em reparações ou mesmo
protestos, pois que ele é - um alemão.
Isso
pode ser deplorável, porém quem quiser modificar uma situação deve reconhecê-la
primeiramente. O mesmo acontece com a defesa dos
anseios do povo alemão por uma parte do clero. Por si, isso não representa nem
má vontade, nem é provocado, por exemplo, por ordem "de cima". Vemos, porém,
nessa fraqueza nacional, o resultado de uma educação também falha no sentido da
germanização da juventude como também, por outro lado, uma submissão irrestrita
à idéia tornada ídolo.
A educação para a
democracia, para o socialismo de feitio internacional, para o pacifismo, etc., é
tão rígida e radical, portanto considerada por eles puramente subjetiva que, com
isso, a imagem geral do resto do mundo é influenciada por essa noção
fundamental, ao passo que a atitude para com o germanismo desde a juventude
sempre se caracterizou pelo seu objetivismo. Dessa maneira o pacifista alemão
que se submete subjetivamente à sua idéia, procurará sempre primeiro os direitos
objetivos, mesmo em casos de ameaças injustas e pesadas a seu povo e nunca se
colocará, por puro instinto de conservação, na fileira de seu rebanho para lutar
ao lado dele.
Quanto isso vale para os vários
credos, pode ser mostrado pelo seguinte:
O
protestantismo representa, por si, melhor, as aspirações do germanismo, desde
que esse germanismo esteja fundamentado na origem e tradições da sua igreja;
falha, entretanto, no momento em que essa defesa dos interesses nacionais tenha
de realizar-se num domínio em discordância com a sua tradicional maneira de
conceber os problemas mundiais.
O
protestantismo servirá para promover tudo o que é essencialmente germânico,
sempre que se trate de pureza interior ou, de intensificar o sentimento
nacional, ou de defesa da vida alemã, da língua e também da liberdade, uma vez
que tudo isso é parte essencial nele; mas é mais hostil a qualquer tentativa de
salvar a nação das garras de seu mais mortal inimigo, porque a sua atitude em
relação ao judaísmo foi traçada mais ou menos como um dogma. Nisso ele gira
indecisamente em torno da questão e, a não ser que essa questão seja resolvida,
não terá sentido ou possibilidade de êxito qualquer tentativa de um renascimento
alemão.
Durante minha estadia em Viena, eu tive
bastante prazer e oportunidade de examinar essa questão, sem espírito
preconcebido e, pude ainda verificar milhares de vezes, no convívio diário, a
correção desse modo de ver.
Nessa cidade em que
estão em foco as mais variadas raças, era evidente, a todos parecia claro, que
somente o pacifista alemão procura considerar sempre objetivamente as aspirações
de sua própria nação, porém nunca o faz assim o judeu em relação às do seu povo;
que somente o socialista alemão é "internacional", isto é, é proibido de fazer
justiça a seu próprio povo de outra maneira que não seja com lamentações e choro
entre os companheiros internacionais. Nunca agem assim o tcheco, o polaco, etc.
Enfim, reconheci desde então, que a desgraça só em parte está nessas teorias e,
por outra parte, em nossa insuficiente educação com relação ao nacionalismo e
numa dedicação diminuída, em virtude disso, em relação ao
mesmo.
Por essas razões, falhou o primeiro
fundamento puramente teórico do movimento pangermanista contra o
catolicismo.
Eduque-se o povo alemão, desde a
juventude, no reconhecimento firme dos direitos da própria nacionalidade e não
se empestem os corações infantis com a maldição de nossa "objetividade", mesmo
em coisas relativas à conservação do próprio eu, e em pouco tempo,
verificar-se-á que (supondo-se um governo radical nacional), assim como na
Irlanda, na Polônia ou na França, o católico alemão será sempre
alemão.
A mais formidável prova disso foi
fornecida naquela época em que, pela última vez, o nosso povo, em defesa de sua
existência, se apresentou, diante da justiça da História, em uma luta de vida e
de morte.
Enquanto naquele momento não faltou a
direção de cima, o povo cumpriu o seu dever do modo mais
decisivo.
Pastor protestante ou padre católico,
ambos contribuíram infinitamente para uma longa conservação de força de
resistência, não só no "front" mas, sobretudo, no interior do país. Nesses anos,
e sobretudo nos primeiros momentos de entusiasmo, só existia na realidade um
único império alemão sagrado nos dois campos e para cuja subsistência e futuro
cada um se dirigia ao seu céu.
O movimento
pangermanista na Áustria deveria ter-se proposto a seguinte pergunta: É ou não
possível a conservação do germanismo austríaco sob uma fé católica? No caso
afirmativo, o partido político não se deveria ter incomodado com a questão
religiosa ou de credo. Em caso contrário, seria necessária uma reforma religiosa
e nunca um partido político.
Aquele que pensa
poder chegar, pelo atalho de uma organização política, a uma reforma religiosa,
mostra somente que lhe falta qualquer vislumbre da evolução das noções
religiosas ou mesmo das dogmáticas e da atuação prática do
clero.
Na realidade não se pode servir a dois
senhores, sendo que eu considero a fundação ou destruição de uma religião muito
mais importante do que a fundação ou destruição de um Estado, quanto mais de um
partido.
Não se diga que os aludidos ataques
foram a defesa contra ataques do lado
contrário!
É certo que, em todas as épocas,
houve indivíduos sem consciência que não tiveram pejo de fazer da religião
instrumento de seus interesses políticos (pois é disso que se trata quase sempre
e exclusivamente entre esses pulhas). Entretanto, é falso tornar a religião ou o
credo responsável por um bando de patifes que dela fazem mau uso, da mesma forma
por que poriam qualquer outra coisa a serviço de seus baixos
instintos.
Nada pode melhor servir a um
tratante e mandrião parlamentar do que a oportunidade que assim se lhe oferece
de, ao menos posteriormente, conseguir a justificação de sua esperteza política.
Pois logo que a re1igião ou o credo é responsabilizado por uma maldade pessoal e
por isso atacados, o maroto chama, com berreiro formidável, o mundo inteiro para
testemunhar quão justa fora a sua atuação e como, graças a ele e à sua
loquacidade, foram salvas a religião e a igreja. Os contemporâneos, tão tolos
quanto esquecidos, não reconhecem o verdadeiro causador da luta, devido ao
grande berreiro que se faz ou não se lembram mais dele e assim atinge o patife o
seu objetivo.
Essas astuciosas raposas sabem
bem que isso nada tem a ver com a religião. Por isso mais rirá ele consigo
mesmo, enquanto que o seu adversário, honesto porém inábil, perde a cartada e
retira-se de tudo, desiludido da lealdade e da fé nos
homens.
Em outro sentido, seria também injusto
tomar a religião ou mesmo a igreja como responsável pelos desacertos de
quaisquer indivíduos.
Compare-se a grandeza da
organização visível com a defeituosidade média dos homens em geral e será
necessário admitir que a relação do bem para o mal é melhor entre nós do que em
qualquer outra parte. É certo que há também, mesmo entre os próprios padres,
alguns para os quais a sua função sagrada é apenas um meio para a satisfação de
sua ambição- política e que chegam mesmo a esquecer, na luta política, muitas
vezes de maneira mais do que lamentável, que deveriam ser os guardas de uma
verdade superior e não os representantes da mentira e da calúnia. Entretanto
para cada indigno desses há, por outro lado, milhares e milhares de curas
honestos, dedicados da maneira mais fiel à sua missão que, em nossos tempos
atuais, tão mentirosos como decadentes, se destacam como pequenas ilhas num
pântano geral.
Tão pouco condeno ou devo
condenar a igreja pelo fato de um sujeito qualquer de batina cair em falta
imunda contra os costumes, quando muitos outros mancham e traem a sua
nacionalidade, em uma época em que isso ocorre freqüentemente. Sobretudo hoje em
dia, é bom não esquecer que para cada Efialtes há milhares de pessoas que, com o
coração sangrando, sentem a infelicidade de seu povo e, como os melhores de
nossa nação, desejam ansiosamente a hora em que para nós o céu possa sorrir
também.
A quem, porém, responde que, no caso,
não se trata de pequenos problemas da vida diária, mas sobretudo de questões de
verdade fundamental e de conteúdo dogmático, pode-se dar a devida resposta com
outra questão:
"Se te considerares feito pelo
destino a fim de proclamar a verdade, faze-o; tem, porém, também, a coragem de
não quereres fazer isso pelo talho de um partido político - pois constitui
também esperteza, mas coloca, em lugar do mal de agora, o que lhe parece melhor
para o futuro.
Se porventura te faltar a
coragem ou se não conheceres bem o que em ti há de melhor, não te metas; em todo
caso, não tentes, pelo recurso de um movimento político, conseguir
astuciosamente aquilo que não tens coragem de fazer de viseira
erguida".
Os partidos políticos nada têm a ver
com os problemas religiosos, a não ser que estes, estranhos ao povo, venham
solapar os costumes e a moral da própria raça. A religião também não se deve
imiscuir em intrigas do partidarismo
político.
Quando os dignitários da igreja se
servem de instituições ou doutrinas religiosas para prejudicar a sua
nacionalidade, nunca deverão ser seguidos nessa trilha e sim combatidos com as
mesmas armas.
As doutrinas e Instituições
religiosas de seu povo devem ser intangíveis para o chefe político; ao
contrário, este não deveria ser político e sim
reformador!
Qualquer outra atitude conduziria a
uma catástrofe, especialmente na Alemanha.
Nas
minhas observações sobre o movimento pangermanista em sua luta contra Roma,
cheguei, naquela ocasião e, sobretudo posteriormente, à seguinte conclusão:
devido a sua fraca compreensão da significação do problema social, o movimento
perdeu a força combativa da massa popular. Indo ao parlamento, perdeu a sua
força de impulsão e sobrecarregou-se com toda a fraqueza inerente àquela
instituição. A sua luta contra a igreja desacreditou-o perante muitas camadas
das classes baixa e média e privou-o de muitos dos melhores elementos que se
poderiam indicar como essencialmente
nacionais.
Os resultados da "Kulturkampf" na
Áustria foram praticamente nulos.
É verdade que
foi possível arrancar perto de cem mil membros à igreja, porém sem que ela por
isso tivesse sofrido dano sensível. Realmente, nesse caso, não havia necessidade
de chorar pelas "ovelhinhas" perdidas; ela só perdeu o que há já muito tempo
intimamente lhe não pertencia. Essa era a diferença entre a nova reforma e a
antiga. Outrora, muitos dos melhores elementos da igreja se tinham afastado dela
por convicção religiosa íntima, ao passo que agora só os "mornos" é que se foram
e por "considerações" políticas.
Justamente do
ponto de vista político o resultado foi muito ridículo e deplorável.
Mais uma vez fracassara um promissor movimento
político da nação alemã por não ter sido conduzido com a necessária sobriedade,
mas perdera-se um campo que forçosamente teria de conduzir a um
desagregamento.
A verdade, pois, é
que:
O movimento pangermanista jamais teria
cometido esse erro, se não possuísse pouca compreensão da psicologia da massa.
Se os seus chefes tivessem sabido que para conseguir êxito não se deve nunca
mostrar a massa dois ou mais adversários, por considerações puramente psíquicas,
pois isso conduziria de outra maneira ao desagregamento da força combativa, só
por esse motivo o movimento pangermanista deveria ter sido principalmente
dirigido contra um só adversário. Nada mais perigoso para um partido político
que deixar-se levar nas suas decisões por levianos que tudo querem sem conseguir
jamais coisa alguma.
Mesmo que nos vários
credos haja muita coisa a eliminar o partido político não deve perder de vista
um minuto o fato de que, a julgar por toda a experiência da história até hoje,
nunca um partido político conseguiu, em situações semelhantes, chegar a uma
reforma religiosa. Não se estuda, porém, a história para não recordar os seus
ensinamentos quando é chegada a hora de aplicá-la praticamente ou para pensar
que as coisas agora são outras e que, portanto, as suas verdades não são mais
aplicadas, mas aprende-se dela justamente o ensino útil para o presente. Quem
não consegue isso, não deve ter a pretensão de ser chefe político. Esse é na
realidade um idiota superficial e muito convencido e toda boa vontade não
desculpa a sua incapacidade prática.
A arte de
todos os grandes condutores de povos, em todas as épocas, consiste, em primeira
linha, em não dispersar a atenção de um povo e sim em concentrá-la contra um
único adversário. Quanto mais concentrada for a vontade combativa de um povo,
tanto maior será a atração magnética de um movimento e mais formidável o ímpeto
do golpe. Faz parte da genialidade de um grande condutor fazer parecerem
pertencer a uma só categoria mesmo adversários dispersos, porquanto o
reconhecimento de vários inimigos nos caracteres fracos e inseguros muito
facilmente conduz a um princípio de dúvida sobre o direito de sua própria
causa.
Logo que a massa hesitante se vê em luta
contra muitos inimigos, surge imediatamente a objetividade e a pergunta de se
realmente todos estão errados ou só o próprio povo ou o próprio movimento é que
está com o direito.
Com isso aparece também o
primeiro colapso da própria força. Daí ser necessário que uma maioria de
adversários internos seja sempre vista em blocos, de sorte que a massa dos
próprios adeptos julgue que a luta seja dirigida contra um inimigo único. Isso
fortalece a fé no próprio direito e aumenta a irritação contra o
inimigo.
O fato de o movimento pangermanista
não ter compreendido isso lhe custou a
derrota.
O seu objetivo estava certo. A vontade
era pura. O caminho seguido, porém, estava errado. Ele se assemelhava a um
alpinista que tem em vista o pico a ser galgado e que se põe a caminho com
decisão e força, sem porém dedicar atenção a esse último, tendo a vista sempre
voltada para o objetivo, sem atentar na trilha que segue. Por isso,
fracassa.
Inversamente, parecia passarem-se as
coisas nas fileiras do adversário - no Partido Socialista
Cristão.
O caminho seguido por este foi sábia e
seguramente escolhido. Entretanto, faltou-lhe a compreensão exata do
objetivo.
Em quase todos os pontos em que o
movimento pangermanista falhou, eram bem e corretamente pensadas as disposições
do Partido Socialista Cristão.
Ele compreendia
exatamente a importância das massas e, desde o seu início, atraiu a si uma certa
camada popular, pela ostensiva afirmação de seu caráter social. E desde que se
dispôs a ganhar a classe média e a classe dos artesãos, ganhou permanentes e
fiéis sectários, prontos para o sacrifício de si mesmos. O partido evitou
combater contra quaisquer organizações representadas pela Igreja,
assegurando-se, assim, o apoio dessa poderosa organização. Possuía, por isso, um
único adversário verdadeiramente grande. Compreendeu o valor da propaganda em
larga escala e especializou-se em influenciar psicologicamente os instintos da
grande maioria de seus adeptos.
O fato de ter o
partido falhado em seu sonho de salvar a Áustria foi devido aos seus métodos,
que eram errados em dois sentidos, assim como à obscuridade de seus
objetivos.
Em vez de ser fundado sobre base
racial, o seu anti-semitismo tinha fundamento religioso. A razão por que esse
erro se insinuou foi a mesma que causou o segundo
erro.
Se o Partido Socialista Cristão quisesse
salvar a Áustria não se deveria apoiar, na opinião de seu fundador, no princípio
racial, desde que, de qualquer modo, em breve prazo, ocorreria a dissolução
geral do Estado. Os chefes do partido entenderam que a situação em Viena exigia
que se evitassem as tendências para a dispersão e se apoiassem todos os pontos
de vista conducentes à unidade.
Naquela época,
Viena se achava fortemente impregnada de elementos tchecos e nada a não ser a
extrema tolerância nos problemas raciais poderia evitar que aquele partido fosse
anti-germânico desde o início. - Para salvação da Áustria, aquele partido não
poderia ser dispensado. Por isso fizeram esforços especiais para ganhar o grande
número de pequenos negociantes tchecos de Viena pela oposição à escola liberal
de Manchester e, com isso, julgavam haver descoberto um grito de guerra para a
luta contra o judaísmo, luta baseada na religião, que deixaria na sombra todas
as diferenças de raça da velha Áustria.
Claro é
que um combate em tal base molestaria muito pouco os judeus. Na pior das
hipóteses, um pouco de água benta bastaria para salvar os seus negócios e, ao
mesmo tempo, o seu judaísmo.
Com essa base
leviana, nunca foi possível tratar de maneira séria e científica do problema,
mas apenas perderam-se muitos adeptos que não compreendiam essa espécie de
anti-semitismo. Com isso a força de aliciar adeptos ficaria circunscrita quase
exclusivamente a círculos intelectuais restritos, a não ser que se quisesse
passar do puro sentimento para um verdadeiro do problema. A atitude das classes
intelectuais era de franca negação. A questão parecia cada vez mais limitar-se a
uma nova tentativa de conversão dos judeus. Tinha-se até a impressão de
tratar-se de uma certa inveja de concorrente. Com isso a luta perdeu o caráter
de um movimento superior e para muitos - e justamente não para os piores - tomou
a aparência de imoral e reprovável. Faltava a convicção de que se tratava de uma
questão vital de toda a humanidade, de cuja solução dependia o destino de todos
os povos não judeus.
As meias medidas, a
indecisão, haviam destruído o valor da posição anti-semítica do Partido
Socialista Cristão.
Era um anti-semitismo
aparente, era pior do que nada, porque o povo tinha a ilusão de segurar
firmemente o seu inimigo nas mãos, quando este é que o
guiava.
O judeu, porém, em curto espaço de
tempo, de tal maneira se acostumara a essa espécie de anti-semitismo, que a sua
supressão certamente lhe teria feito mais falta do que incômodos lhe dava a sua
existência.
Se o Estado constituído de
diferentes raças já exigia um sacrifício, maior ainda o exigia a defesa do
germanismo.
Não se podia ser "nacionalista", a
não ser que, mesmo em Viena, se quisesse deixar de sentir a terra debaixo dos
pés. Esperava-se salvar o Estado dos Habsburgos contornando suavemente essa
questão e, assim, o atiravam diretamente à ruína. Com isso, porém, perdeu o
movimento a única poderosa fonte, de energia que pode fornecer força,
duradouramente, a um partido político. O movimento cristão social tornou-se, com
isso, um partido como qualquer outro. Eu havia seguido atentamente os dois
movimentos, um por impulso íntimo do coração, o outro arrastado pela admiração
pelo homem raro que já então me aparecia como um símbolo amargo de todo o
germanismo austríaco.
Quando o formidável
cortejo fúnebre conduzia o falecido burgomestre da Rathaus para a Ringstrasse,
também me encontrava entre as muitas centenas de milhares de pessoas que
assistiam ao espetáculo fúnebre. Intimamente comovido, dizia-me o sentimento que
também a obra desse homem tinha de ser em vão, devido à fatalidade que
irrecusavelmente teria de conduzir aquele Estado ao
aniquilamento.
Se o Dr. Karl Lueger tivesse
vivido na Alemanha, teria sido incluído entre os maiores homens de nossa raça.
Foi infelicidade sua e de sua obra que tivesse vivido naquele Estado
insustentável que era a Áustria.
Ao mesmo tempo
de sua morte, já começava a espalhar-se vivamente, cada mês que se passava,
aquela pequena chama dos Balcãs, de maneira que, por uma gentileza do destino,
foi lhe poupado ver aquilo que ele acreditava poder
evitar.
Eu, porém, tentei encontrar as causas
do insucesso de ambos os movimentos e cheguei à convicção firme de que,
abstraindo inteiramente a impossibilidade de ainda conseguir na velha Áustria o
fortalecimento do Estado, os erros dos dois partidos eram os
seguintes:
O partido pangermanista teoricamente
tinha toda razão quanto ao objetivo da regeneração germânica, mas era infeliz na
escolha de seus métodos. Era nacionalista, mas, infelizmente, não bastante
social para ganhar a adesão da massa popular. O seu anti-semitismo era baseado
na verdadeira apreciação da importância do problema racial e não em- teorias
religiosas. Por outro lado, a sua luta contra um credo definido estava errada
tanto quanto aos fatos como quanto à tática.
As
idéias do movimento cristão socialista acerca do objetivo do renascimento
germânico eram demasiadamente vagas, mas, como partido, era feliz e inteligente
na escolha de seus métodos. Compreendia a importância da questão social, mas
laborava em erro na sua luta contra os judeus e ignorava inteiramente a força do
sentimento nacional.
Se o Partido Socialista
Cristão possuísse, além de sua inteligente compreensão da grande massa, uma
noção certa da importância do problema da raça, como a tinha apanhado o
movimento pangermanista, e tivesse ele também sido nacionalista ou tivesse o
movimento pangermanista adotado, além da sua compreensão certa do objetivo da
questão judaica e da importância do sentimento nacional, também a inteligência
prática do Partido Socialista Cristão, sobretudo quanto à atitude em relação ao
socialismo - ter-se-ia produzido aquele movimento que, já então - estou
convencido - poderia ter influído no destino do
germanismo.
Se isso assim não aconteceu, foi
devido, em grande parte, ao caráter do Estado
austríaco.
Como não via a minha convicção
realizada em nenhum outro partido, eu não podia me decidir a ingressar em uma
das organizações existentes ou mesmo colaborar na luta. Já naquele tempo eu
considerava todos os movimentos políticos falhados e incapazes de realizar o
grande renascimento nacional do povo alemão.
A
minha antipatia pelo Estado dos Habsburgos crescia cada vez mais, naquela
época.
Quanto mais eu começava a preocupar-me
sobretudo com questões de política externa, tanto mais ganhava terreno a minha
convicção de que aquela estrutura estatal tinha de tornar-se- a desgraça do
germanismo. Cada vez mais claramente via, enfim, que o destino da nação alemã
não mais seria decidido desse lugar e, sim, do próprio Reich. Isso, porém, não
dizia respeito apenas às questões políticas, mas também a todas as questões da
vida cultural propriamente.
O Estado austríaco
mostrava também no campo das atividades puramente culturais ou artísticas todos
os sintomas de decadência, ou, pelo menos, a sua insignificância para o futuro
da nação alemã. No campo da arquitetura era que mais isso se fazia sentir. A
arquitetura moderna, por isso mesmo, não tinha grande êxito na Áustria, pois,
após a construção da Ringstrasse, as obras, pelo menos em Viena, eram
insignificantes relativamente aos grandes planos que surgiam na
Alemanha.
Comecei assim a levar cada vez mais
uma vida dupla; a razão e a realidade fizeram-me passar por uma tão amarga
quanto abençoada escola na Áustria. Entretanto o coração andava por outros
lugares. Um angustioso descontentamento me empolgara à medida que eu reconhecia
a vacuidade em torno desse Estado e a impossibilidade de salvá-lo, sentindo, ao
mesmo tempo, com toda a certeza, que, em tudo e por tudo, ele só poderia
representar a desgraça do povo alemão.
Eu
estava convencido de que o Estado se encontrava em situação de poder dominar e
inutilizar qualquer alemão verdadeiramente grande e de apoiar qualquer coisa que
fosse contra o germanismo.
Odiava o
conglomerado de raças, checos, polacos, húngaros, rutenos, sérvios, croatas,
etc. e acima de tudo aquela excrescência desses cogumelos presentes em toda
parte - judeus e mais judeus.
Para mim a cidade
gigante parecia a encarnação do incesto.
O
alemão que eu falava na juventude era o dialeto falado na Baixa Baviera; eu não
conseguia nem esquecê-lo nem aprender a gíria vienense. Quanto mais tempo eu
permanecia naquela cidade, mais aumentava em mim o ódio contra a estranha
mistura de raças que começava a corroer aquele velho centro cultural
alemão.
A idéia, porém, de que aquele Estado
pudesse manter-se por mais tempo me pareceu inteiramente
ridícula.
A Áustria era então como um velho
mosaico, cuja argamassa destinada a segurar as pedrinhas se tivesse tornado
velha e quebradiça. A obra consegue aparentar a sua existência, mas logo que
recebe um choque, quebra-se em mil pedacinhos. A questão toda era saber quando
se daria esse choque.
O meu coração sempre
pulsara, não por uma monarquia austríaca e sim por um império alemão. A hora da
decadência desse Estado só me poderia parecer como o começo da redenção da nação
alemã- Por todos esses motivos, cada vez se tornou mais intenso em mim o desejo
de poder ir para o lugar para onde, desde a mais tenra juventude, me atraíam
secreta ânsia e decidido amor.
Outrora eu
desejara poder algum dia fazer nome como arquiteto e, em pequena ou grande
escala, conforme o destino mandasse, prestar à nação o meu devotado
serviço.
Finalmente, eu desejava ter a
felicidade de, no local, poder desempenhar o meu papel no país onde o mais
ardente desejo de meu coração tinha de ser realizado: a união de meu amado lar
com a pátria, comum.
Muitas pessoas ainda hoje
não poderão compreender a grandeza de uma tal ânsia. Entretanto eu me dirijo
àqueles a quem o destino negou até agora essa felicidade; dirijo-me a todos
aqueles que, desligados da pátria, têm de lutar até pelo bem sagrado da língua,
e que, devido a seu sentimento de fidelidade à pátria, são perseguidos e
martirizados e que, dolorosamente comovidos, esperam ansiosamente a hora que os
deixe voltar de novo ao coração da mãe querida; dirijo-me a todos esses e sei
que eles me compreenderão!
Só aquele que sente
dentro de si o que significa ser alemão sem poder pertencer à pátria querida é
que poderá medir a profunda ânsia que em todos os tempos atormenta aqueles que
dela se acham possuídos e nega-lhes satisfação e felicidade até que se lhe abram
as portas da casa paterna e no Reich comum o sangue comum torne a encontrar paz
e sossego.
Viena era e permaneceu para mim a
mais rude, embora mais completa, escola de minha vida. Eu pisara essa cidade
ainda meio criança e abandonei-a já homem feito. Nela recebi os fundamentos de
uma concepção política em pequena escala, que mais tarde ainda tive de completar
em detalhes, porém que nunca mais me abandonara. O verdadeiro valor daqueles
anos de aprendizado só hoje é que posso apreciar
plenamente.
Por isso é que tratei esse período
mais desenvolvidamente, pois 'foi ele justamente que nessas questões me
proporcionou a primeira lição de coisas em problemas que afetam os princípios do
partido, o qual, tendo começado em mui pequenas proporções, se acha, depois de
apenas cinco anos, em vias de tornar-se um grande movimento popular. Não sei
qual seria hoje a minha atitude em face do judaísmo, da social-democracia, de
tudo o que se entende por marxismo, por questão social, etc., se a força do
destino, naquele primeiro período de minha vida, não me tivesse dado um
fundamento de opiniões formado pela experiência
pessoal.
Pois, se bem que a desgraça da pátria
consegue estimular milhares e milhares de pessoas a pensarem nas causas íntimas
da derrocada, esse fato não consegue nunca conduzir àquela profundidade, àquela
aguda intuição que se abre para aquele que, somente depois de muitos anos de
luta, se tornou senhor do destino.
CAPÍTULO IV - MUNIQUE
Na primavera de
1912 fui definitivamente para Munique.
Aquela
cidade parecia-me tão familiar como se eu tivesse morado há longo tempo dentro
de seus muros. Isso provinha do fato de que os meus estudos a cada passo se
reportavam a essa metrópole da arte alemã. Quem não conhece Munique não viu a
Alemanha, quem não viu Munique não conhece a arte
alemã.
Entretanto, esse período anterior à
guerra foi o mais feliz e tranqüilo de minha vida. Se bem que os meus salários
fossem ainda muito reduzidos, eu não vivia para poder pintar, mas pintava para
dessa maneira, assegurar a minha vida ou, melhor, para assim poder continuar os
meus estudos. Eu estava convencido de que um dia ainda conseguiria o meu
objetivo. E só isso já me fazia suportar com indiferença todos os pequenos
aborrecimentos da vida quotidiana. Acrescente-se mais o grande amor que eu tinha
por aquela cidade, quase que desde a primeira hora da minha permanência ali. Uma
cidade alemã! Que diferença de Viena! Sentia-me mal em pensar naquela babel de
raças. Além disso, o dialeto muito mais chegado a mim, me fazia lembrar a minha
juventude, sobretudo no trato com a Baixa Baviera. Havia milhares de coisas que
já eram ou com o tempo se me tornaram caras. O que, porém, mais me atraía era a
admirável aliança da força e da arte no ambiente geral, essa linha única de
monumentos que vai do Hofbräuhaus ao Odeon, da Ocktoberfest à Pinacoteca.
Sinto-me hoje pertencer mais àquela cidade do que a qualquer outro lugar do
mundo e isso devido ao fato de estar a mesma inseparavelmente ligada à minha
própria vida, à minha evolução. O fato de, já naquela ocasião, eu gozar uma
verdadeira tranqüilidade, era de atribuir-se ao encanto que a admirável
residência de Witteisbach exerce sobre todos os homens que possuam qualidades
intelectuais aliadas a sentimentos
artísticos.
O que, afora os trabalhos de minha
profissão, mais me atraía, era o estudo dos acontecimentos políticos do dia,
sobretudo os da política externa. Eu cheguei a estes através dos rodeios da
política alemã de aliança, a qual, desde os meus tempos da Áustria, considerava
absolutamente falsa. Apenas não compreendera, em Viena, em toda a sua extensão,
como o Reich a si mesmo se enganava, com a prática daquela política. Já naquela
época estava eu inclinado a admitir - ou procurava convencer-me a mim mesmo,
exclusivamente como desculpa - que possivelmente em Berlim já se sabia quão
fraco e pouco merecedor de confiança seria na realidade o aliado austríaco, o
que, entretanto, por motivos mais ou menos secretos, se mantinha sob reserva, a
fim de apoiar uma política de aliança que o próprio Bismarck havia inaugurado e
cujo abandono brusco não era aconselhável, para não assustar o estrangeiro ou
inquietar o povo, no interior.
Entretanto, as
minhas relações, sobretudo entre o povo, fizeram que muito depressa verificasse,
horrorizado, que essa minha convicção era falsa. Com grande surpresa minha, tive
de constatar, em toda parte, que, mesmo nos círculos bem informados, não se
tinha a mais pálida idéia do caráter da monarquia dos Habsburgos. Justamente
entre o povo dominava a persuasão de que o aliado devia ser considerado uma
potência de verdade que, na hora do perigo, agiria como um só homem. No seio da
massa, considerava-se sempre a Monarquia como um Estado "alemão" e pensava-se
também poder contar com ela. Pensava-se que a força nesse caso também podia ser
computada por milhares, como por exemplo na própria Alemanha, e esquecia-se,
inteiramente:
1.°) que, há muito tempo. a Áustria deixara de ser um Estado de
caráter alemão;
2.°) que as condições internas daquele país cada vez mais
tendiam para a desagregação.
Naquele tempo se
conhecia melhor aquela estrutura de Estado do que a chamada "diplomacia"
oficial, a qual, como quase sempre, cambaleava cegamente para a fatalidade. A
disposição de ânimo do povo nada mais era que o resultado daquilo que de cima se
despejava na opinião pública. Os de cima, porém, mantinham pelo aliado um culto
como pelo bezerro de ouro. Esperava-se poder substituir por habilidade aquilo
que faltava em sinceridade. Tomavam-se sempre as palavras como valores
reais.
Em Viena eu me encolerizava ao constatar
a diferença que, de tempos a tempos, aparecia entre os discursos dos estadistas
oficiais e o modo de expressar-se da imprensa local. Entretanto, Viena era, ao
menos aparentemente, uma cidade alemã. Como eram diferentes as coisas, quando se
saia de Viena, ou melhor da Áustria alemã, e se caía nas províncias eslavas do
Reich! Bastava que se manuseassem os jornais de Praga para saber-se de que
maneira era ali julgada a sublime fantasmagoria da Tríplice Aliança. Ali só
havia cruel ironia e sarcasmo para essa obra-prima dos "estadistas". Em plena
paz, enquanto os dois imperadores trocavam entre si o beijo da amizade, ninguém
ocultava que essa aliança desapareceria no dia em que se tentasse, do mundo de
fantasias, - espécie de ideal dos Nibelungen - transportá-la para a realidade
prática.
Quanta excitação houve quando, alguns
anos depois, chegada a hora da prova da Tríplice Aliança, a Itália abandonou-a,
deixando os seus dois companheiros, para, enfim, transformar-se em inimiga! A
não ser para aqueles que estivessem atacados de cegueira diplomática, era
simplesmente incompreensível que, mesmo por um minuto, se pudesse acreditar no
milagre de vir a Itália a combater ao lado da Áustria. Entretanto, as coisas na
Áustria não se passavam de modo diferente.
Na
Áustria, só os Habsburgos e os alemães eram adeptos da idéia de aliança. Os
Habsburgos por cálculo e necessidade; os alemães por credulidade e estupidez
política. Por credulidade, porque eles pensavam, por meio da Tríplice Aliança,
prestar um grande serviço à Alemanha, fortalecê-la e protegê-la; por estupidez
política, porém, porque o que eles imaginavam não correspondia à realidade, pois
que estavam apenas concorrendo para acorrentar o Império à carcassa de um Estado
morto, que teria de arrastá-los ao abismo, sobretudo porque aquela aliança
contribuía para, cada vez mais, desgermanizar a própria Áustria. Porque, desde
que os Habsburgos acreditavam que uma aliança com o Império poderia garanti-los
contra qualquer interferência de parte deste - e infelizmente nisso tinham razão
- eles ficavam capacitados a continuarem na sua política de livrar-se,
gradualmente, da influência germânica no interior, com mais facilidade e menos
risco. Eles tinham que temer qualquer protesto de parte do governo alemão, que
era conhecido pela "objetividade" de seu ponto de vista e, além disso, tratando
com os austríacos alemães, podiam sempre fazer calar qualquer voz impertinente
que se levantasse contra qualquer feio exemplo de favoritismo para com os
eslavos, com uma simples referência à Tríplice
Aliança.
Que poderia fazer o alemão na Áustria,
se o próprio alemão do Império exprimia reconhecimento e confiança no governo
dos Habsburgos?
Deveria oferecer resistência
para depois ser estigmatizado por toda a opinião pública alemã como traidor da
própria nacionalidade? Ele, que há dezenas de anos vinha fazendo os maiores
sacrifícios pela sua nacionalidade!
Que valor,
porém, possuía essa aliança, caso tivesse sido destruído o germanismo da
monarquia dos Habsburgos. Não era, para a Alemanha, o valor da Tríplice Aliança,
dependente da manutenção da hegemonia alemã na Áustria? Ou acreditava-se, por
acaso, que mesmo com a eslavização do Império dos Habsburgos, se pudesse manter
a aliança?
A atitude da diplomacia alemã
oficial, bem como também de toda a opinião pública com relação ao problema
interno das nacionalidades na Áustria, não era simplesmente uma tolice mas uma
verdadeira loucura! Contava-se com uma aliança, fazia-se o futuro e a segurança
de um povo de setenta milhões de habitantes dependerem dela - e ficava-se
observando, impassível, como, de ano para ano, a única base para essa aliança
era sistematicamente, infalivelmente destruída pelo aliado! Chegaria o dia em
que restaria apenas um "tratado" com a diplomacia vienense, mas o auxílio do
aliado do Império faltaria no momento
oportuno.
Na Itália isso se verificara desde o
princípio.
Se se tivesse feito um estudo mais
inteligente da história da Alemanha e da psicologia da raça, ninguém poderia ter
acreditado, por um instante, que o Quirinal de Roma e o Hofburg de Viena viessem
um dia a lutar, lado a lado, em uma frente única de batalha. A Itália se
transformaria num vulcão antes que qualquer governo ousasse enviar um só
italiano a combate. O Estado dos Habsburgos era fanaticamente odiado. Os
italianos só poderiam marchar como inimigos! Mais de uma vez vi flamejar em
Viena o apaixonado desdém e insondável ódio que mantinham os italianos contra o
Estado austríaco. Os erros e crimes da Casa de Habsburgo, no decurso dos
séculos, contra a liberdade e a independência da Itália, eram demasiado grandes
para jamais serem esquecidos, mesmo na hipótese de haver qualquer desejo nesse
sentido. Não havia tal desejo nem entre o povo nem de parte do governo italiano.
Para a Itália, por isso, só havia dois modos possíveis de tratar com a Áustria -
a aliança ou a guerra.
Tendo escolhido o
primeiro, podiam eles preparar-se calmamente para o
segundo.
A política alemã de aliança era ao
mesmo tempo inexpressiva e arriscada, especialmente desde que as relações da
Áustria para com a Rússia tendiam crescentemente para uma solução pela
guerra.
Foi esse um caso clássico, em que se
pôde constatar a falta de grandiosas e acertadas linhas de
conduta.
Por que, pois, foi concluída uma
aliança? Simplesmente para garantir o futuro do Reich, quando ele estava em
posição de manter-se sobre os próprios pés. O futuro do Reich estava na política
de habilitar, por todos os meios, a nação alemã a continuar
existindo.
Por conseqüência, o problema deveria
ter sido posto assim: que forma deverá assumir a vida da nação alemã em um
futuro tangível? E como se poderá garantir a essa evolução os necessários
fundamentos e a necessária segurança, no quadro do concerto das potências
européias?
Considerando claramente as condições
para a atividade da política externa, tinha-se de fatalmente chegar à seguinte
convicção:
A Alemanha tem um acréscimo de
população de, aproximadamente, 900 mil almas por ano. A dificuldade de
alimentação desse exército de novos cidadãos tem de aumentar de ano para ano e
acabar finalmente numa catástrofe, caso se não encontrem meios de, em tempo,
dominar o perigo da miséria e da fome.
Havia
quatro caminhos para evitar esse tremendo
desenlace.
1° Podia-se, a exemplo da França,
limitar artificialmente o acréscimo de nascimentos e, com isso, impedir uma
superpopulação.
A própria natureza costuma agir
no sentido de limitar o aumento de população de determinadas terras ou raças, em
épocas de grandes necessidades ou más condições climáticas, bem como de pobreza
do solo; e isso com um método tão sábio quão inexorável. Ela não impede a
capacidade de procriação em si e sim, porém, a conservação dos rebentos, fazendo
com que eles fiquem expostos a tão duras provações que o menos resistente é
forçado a voltar ao seio do eterno desconhecido, o que ela deixa sobreviver às
intempéries está milhares de vezes experimentado e capaz de continuar a
produzir, de maneira que a seleção possa recomeçar. Agindo desse modo brutal
contra o indivíduo e chamando-o de novo momentaneamente a si, desde que ele não
seja capaz de resistir à tempestade da vida, a natureza mantém a raça, a própria
espécie, vigorosa e a torna capaz das maiores
realizações.
A diminuição do número, por esse
processo, redunda em um reforço da capacidade do indivíduo e, por conseguinte,
em última análise, em um revigoramento da
espécie.
As coisas se passam de outra maneira
quando é o homem que toma a iniciativa de provocar a limitação de seu número. Ai
é preciso considerar não só o fator natural como o humano. O homem sabe mais que
essa cruel rainha de toda a sabedoria - a natureza. Ele não limita a conservação
do indivíduo, mas a própria reprodução. Isso lhe parece, a ele que sempre tem em
vista a si mesmo e nunca à raça, mais humano e mais justificado que o inverso.
Infelizmente, porém, as conseqüências são também
inversas.
Enquanto a natureza, liberando a
geração, submete, entretanto, a conservação da espécie a uma prova das mais
severas, escolhendo dentro de um grande número de indivíduos os que julga
melhores e só a estes conserva para a perpetuação da espécie, o homem limita a
procriação e se esforça, aferradamente, para que cada ser, uma vez nascido, se
conserve a todo preço. Essa correção da vontade divina lhe parece ser tão sábia
quanto humana e ele alegra-se de, mais uma vez, ter sobrepujado a natureza e até
de ter provado a insuficiência da mesma. E o filho de Adão não quer ver nem
ouvir falar que, na realidade, o número é limitado, mas à custa do apoucamento
do indivíduo.
Sendo limitada a procriação e
diminuído o número dos nascimentos, sobrevem, em lugar da natural luta pela
vida, que só deixa viverem os mais fortes e mais sãos, a natural mania de
conservar e "salvar" a todos, mesmo os mais fracos, a todo preço. Assim se deixa
a semente para uma descendência que será tanto mais lamentável quanto mais
prolongado for esse escárnio contra a natureza e suas
determinações.
O resultado final é que um tal
povo um dia perderá o direito à existência neste mundo, pois o homem pode,
durante um certo tempo, desafiar as leis eternas da conservação, mas a vingança
virá mais cedo ou mais tarde. Uma geração mais forte expulsará os fracos, pois a
ânsia pela vida, em sua última forma, sempre romperá todas as correntes
ridículas do chamado espírito de humanidade individualista, para, em seu lugar,
deixar aparecer uma humanidade natural, que destrói a debilidade para dar lugar
à força.
Aquele, pois, que quiser assegurar a
existência ao povo alemão limitando a sua multiplicação, rouba lhe com isso o
futuro.
2° Outro caminho seria aquele que hoje
em dia freqüentemente ouvimos aconselhado e louvado: a chamada colonização
interna. Essa é uma proposta que muitos fazem, na melhor das intenções, que é,
porém, mal compreendida pela maioria e que pode trazer, por isso, os maiores
prejuízos imagináveis. Sem dúvida, a capacidade produtiva de um terreno pode ser
elevada até determinado limite. Mas só até esse limite determinado e não
infinitamente mais. Durante um certo lapso, poder-se-á, portanto, compensar, sem
perigo de fome, a multiplicação do povo alemão por meio do aumento do rendimento
de nosso solo. Entretanto, a isso se opõe o fato de crescerem as necessidades da
vida mais do que o número da população. As necessidades humanas com relação ao
alimento e ao vestuário crescem de ano para ano e, por exemplo, já hoje em dia,
não estão em proporção com as necessidades de nossos antepassados de cem anos
atrás. É, pois, errôneo pensar que cada elevação da produção provoque a condição
necessária a uma multiplicação da população. Isso se dá até um certo ponto, pois
que ao menos uma parte do aumento da produção do solo é consumida na satisfação
das necessidades superiores da humanidade. Entretanto, com a máxima parcimônia
de um lado e a máxima diligencia por outro lado, chegará um dia em que um limite
será atingido pelo próprio solo. Mesmo com toda a diligência, não será possível
aproveitá-lo mais e surgirá, embora protelada por algum tempo, uma nova
calamidade. A fome aparecerá de tempos em tempos, quando houver má colheita. Com
o aumento da população, isso se dará cada vez mais, de sorte que isso só não
aparecerá quando raros anos de riqueza encherem os armazéns de víveres.
Entretanto, finalmente, aproximar-se-á a época em que não se poderá mais atender
à miséria e a fome, então, tornar-se-á a companheira de um tal povo. A natureza
terá de prestar auxílio de novo e proceder à seleção entre os escolhidos,
destinados a viver; ou então é o próprio homem que a si mesmo se auxilia,
lançando mão do impedimento artificial de sua reprodução com todas as graves
conseqüências para a raça e para a espécie. Poder-se-á ainda objetar que esse
futuro está destinado a toda a humanidade, de uma maneira ou de outra, e que,
portanto, nenhum povo conseguirá naturalmente escapar a essa
fatalidade.
À primeira vista, sem mais
considerações, isso está certo. Há, também, a considerar o seguinte: numa
determinada época, toda a humanidade será certamente forçada a interromper o
aumento do gênero humano ou a deixar a natureza decidir, por si própria. Essa
situação atingirá a todos os povos, mas atualmente só serão atingidas por essa
miséria as raças que não possuem energia suficiente para assegurarem para si o
solo necessário. Ninguém contesta que, hoje em dia, ainda há neste mundo solo em
extensão formidável e que só espera quem o queira cultivar. Da mesma forma
também é certo que esse solo não foi reservado pela natureza para uma
determinada nação ou raça, como superfície de reserva para o futuro. Trata-se,
sim, de terra e solo destinados ao povo que possua a energia de o conquistar e a
diligência de o cultivar.
A natureza não
conhece limites políticos. Preliminarmente, ela coloca os seres neste globo
terrestre e fica apreciando o jogo livre das forças. O mais forte em coragem e
em diligência recebe o prêmio da existência, sempre atribuído ao mais
resistente.
Quando um povo se limita à
colonização interna, enquanto outras raças se agarram a cada vez maiores
extensões territoriais, será forçado a restringir as suas necessidades, em uma
época em que os outros povos ainda se acham em constante multiplicação. Esse
caso dá-se tanto mais cedo quanto menor for o espaço à disposição de um povo.
Como, porém, em geral, infelizmente, as melhores nações, ou mais corretamente
falando, as únicas raças verdadeiramente culturais, portadoras de todo o
progresso humano, muitas vezes se resolvem na sua cegueira pacifista a desistir
de nova aquisição de solo, contentando-se com a colonização "interna", nações
inferiores sabem assegurar-se enormes territórios. Tudo isso conduz a um
resultado final:
As raças culturalmente
melhores, mas menos inexoráveis, teriam de limitar a sua multiplicação, por
força da limitação do solo, ao passo que os povos culturalmente mais baixos,
naturalmente mais brutais, ainda estariam, em conseqüência da maior superfície
disponível, em condições de se reproduzirem ilimitadamente, por outras palavras,
dia viria em que o mundo passaria a ser dominado por uma humanidade
culturalmente inferior, porém mais
enérgica.
Assim, para um futuro não muito
remoto, só há duas possibilidades: ou o mundo será governado nos moldes de
nossas modernas democracias e então o fiel da balança decidirá a favor das raças
numericamente mais fortes, ou o mundo será - governado segundo as leis da ordem
natural e vencerão então os povos de vontade brutal e, por conseqüência, não a
nação que se limita a si mesma.
O que ninguém
poderá duvidar é que o mundo será exposto às mais graves lutas pela existência
da humanidade. No fim, vence sempre o instinto da conservação. Sob a pressão
deste, desaparece o que chamamos espírito de humanidade como expressão de uma
mistura de tolice, covardia e pretensa sabedoria, tal qual a nave ao sol de
março. A humanidade tornou-se grande na luta eterna, na paz eterna ela
perecerá.
Para nós, alemães, porém, a senha da
colonização interna já é funesta, pois, entre nós, ela imediatamente reforça a
opinião de termos achado um meio que, de acordo com o espírito pacifista,
permite podermos numa vida de torpor, "ganhar" a existência. Essa doutrina,
tomada a sério entre nós, significa o fim de todo o esforço no sentido de
conservarmos no mundo o lugar que nos compete. Desde que o alemão médio se tenha
convencido de poder garantir-se por esse meio a vida e o futuro, qualquer
tentativa de uma interpretação ativa e, portanto, frutuosa, das necessidades
vitais da Alemanha estaria perdida. Toda política externa verdadeiramente útil
poderia ser considerada impossível com uma tal opinião da nação, e, com isso, o
futuro do povo alemão estaria
prejudicado.
Tendo-se em vista essas
conseqüências, deve-se concordar que não é por acaso que, em primeira linha, são
sempre os judeus que procuram e sabem inocular, no espírito do povo, tão
perigosas idéias, aliás mortalmente perigosas. Eles conhecem muito bem as
pessoas com que têm de tratar para não saberem que essas são vitimas agradecidas
de qualquer charlatão que lhes diga haver sido descoberto o meio de enganar a
natureza, de modo a tornar supérflua a dura e inexorável luta pela existência,
para, em seu lugar, ora com trabalho ou mesmo sem nada fazer, conforme calha a
cada um, assenhorear-se do planeta.
Não é nunca
demasiado insistir em que toda colonização alemã interna tem de servir, em
primeiro plano, para evitar males sociais, sobretudo para livrar a terra da
especulação geral. Entretanto nunca poderá ser suficiente para assegurar o
futuro da noção sem a conquista de novos
territórios.
Se agirmos de outra maneira, não
só chegaremos a esgotar as nossas terras como também as nossas
forças.
Finalmente, há a constatar ainda o
seguinte:
A limitação, implícita, na
colonização interna, a uma determinada pequena superfície de solo, bem como o
efeito final que se lhe segue da restrição da reprodução, conduz o povo a uma
situação político-militar extraordinariamente
desfavorável.
A garantia da segurança externa
de um povo depende da extensão de seu "habitat". Quanto maior for o espaço de
que um povo disponha, tanto maior é sua proteção natural; pois sempre foram
conseguidas vitórias militares mais rápidas e, por isso mesmo, mais fáceis e
especialmente mais eficientes e mais completas contra povos apertados em
pequenas superfícies de terra do que contra Estados de vasta extensão
territorial. Na grandeza do território há, pois, sempre, uma certa proteção
contra ataques repentinos, visto como o êxito só será conseguido após longas e
severas lutas e, por isso, o risco de um ataque temerário parecerá demasiado
grande, a não ser que existam motivos excepcionais. Na vastidão territorial, em
si mesma, já existe uma base para a fácil conservação da liberdade e da
independência de um povo, enquanto que, ao contrário, a pequenez territorial
como que desafia a conquista.
De fato, as duas
primeiras possibilidades para se conseguir um equilíbrio entre a população
crescente e o solo invariável em grandeza, foram rejeitadas pelos chamados
círculos nacionais do Reich. Os motivos que determinaram essa atitude eram,
entretanto, outros que os indicados acima. Relativamente à limitação dos
nascimentos, a atitude era de recusa, em primeiro lugar por um certo sentimento
moral. A colonização interna era repelida com desapontamento, pois que se
farejava, nela, um ataque contra a grande propriedade rural e o começo de uma
luta geral contra a propriedade particular. Pela forma por que sobretudo essa
última terapêutica era recomendada podia-se imediatamente ver a condenação dessa
hipótese.
De um modo geral, a defesa em face da
grande massa não era muito hábil e de modo algum atingia o âmago do
problema.
Em face disso, só restavam dois
caminhos- para assegurar um trabalho são à população
crescente.
3° Podiam-se adquirir novos
territórios, a fim de, anualmente, derivar os milhões excedentes, conservando
dessa maneira a nação em condições de poder alimentar-se a si mesma, ou se
passaria a:
4° Produzir, por meio da indústria
e do comércio, para o consumo estrangeiro, a fim de, por esse modo, garantir a
vida do povo.
Portanto, política rural,
colonial ou comercial.
Ambos os caminhos foram,
sob vários pontos de vista, considerados, examinados, recomendados e
combatidos.
O primeiro ponto de vista sem
dúvida teria sido o mais são dos dois. A aquisição do novo território para nele
acomodar o excesso da população encerra vantagens infinitamente maiores,
especialmente se se toma em consideração o futuro e não o
presente.
Só as vantagens da conservação de uma
classe de camponeses, como fundamento de toda a nação, são enormes. Muitos dos
nossos males atuais não são mais que a conseqüência do desequilíbrio entre o
povo dos campos e o das cidades. Uma base firme constituída de pequenos e médios
camponeses foi, em todos os tempos, a melhor defesa contra as enfermidades
sociais do gênero das que nos afligem hoje em dia. Essa é também a única saída
que permite a um povo encontrar o pão de cada dia nos limites da sua vida
econômica. A indústria e o comércio recuam de sua posição de dirigentes e se
colocam no quadro geral de uma economia nacional de consumo e compensação. Ambos
não são mais a base de alimentação do povo e sim um auxílio para a mesma.
Dispondo eles de uma compensação entre a produção e o consumo, tornam toda a
alimentação do povo mais ou menos independente do exterior. Ajudam, portanto, a
assegurar a liberdade do Estado e a independência da nação, sobretudo nos dias
graves.
Entretanto, uma tal política rural não
poderá ser realizada, por exemplo, no Camerun e sim quase que exclusivamente na
Europa. Calma e modestamente, temos de colocar-nos no ponto de vista de que
certamente não deve ter sido a intenção do céu dar a um povo cinqüenta vezes
mais terra do que a outro. Nesse caso, os limites políticos não devem afastar-se
dos limites do direito eterno. Se é verdade que o mundo tem espaço para todos
viverem, então que se nos dê também o solo necessário à nossa
vida.
Isso naturalmente não será feito de boa
vontade. O direito da própria conservação fará então sentir os seus efeitos; e o
que é negado por meios suasórios tem de ser tomado à
força.
Tivessem os nossos antepassados feito
depender as suas decisões de tolices pacifistas, como se faz atualmente, e não
possuiríamos mais que um terço do nosso atual território. Não é a isso que
devemos as duas Marcas orientais do Reich e, com elas, a força interior da
grandeza do domínio territorial de nosso Estado, o que nos tem permitido existir
até hoje.
Há outra razão para que essa solução
seja considerada correta:
Muitos Estados
europeus de hoje são semelhantes a pirâmides que se sustêm sobre o seu vértice.
As suas possessões na Europa são ridículas comparativamente com a sua pesada
carga de colônias, comércio estrangeiro, etc. Poder-se-ia dizer: ponto na Europa
e base em todo o mundo. Inversa é a situação dos Estados Unidos, cuja base está
sobre o seu próprio continente e cujo ápice é o seu ponto de contato com o resto
do globo. Daí a grande força interna daquele Estado e a fraqueza da maioria das
potências colonizadoras européias.
Mesmo a
Inglaterra não é prova em contrário, pois sempre nos inclinamos a esquecer a
verdadeira natureza do mundo anglo-saxão em relação ao Império britânico. Pelo
fato de possuir a mesma língua e a mesma cultura que os Estados Unidos, a
Inglaterra não pode ser comparada com nenhum outro Estado da
Europa.
Por isso, a única esperança de realizar
a Alemanha uma política territorial sadia está na aquisição de novas terras na
própria Europa. As colônias são inúteis para esse fim, por parecerem impróprias
para o estabelecimento de europeus em grande número. Entretanto, no século
dezenove, já não era mais possível adquirir, por métodos pacíficos, tais
territórios para efeitos de colonização. Uma política de colonização dessa
espécie só poderia ser realizada por meio de uma luta áspera, que seria mais
razoável se aplicada na obtenção de território no continente, próximo da pátria,
de preferência a quaisquer regiões fora da
Europa.
Uma tal decisão exige, porém, a
solidariedade de toda a nação. Não é possível abordar, com meias medidas ou com
hesitações, uma tarefa cuja execução só é viável pelo emprego de toda a energia
nacional. A direção política do Reich teria de dedicar-se exclusivamente a esse
fim; nenhum passo deveria ser dado por outras considerações que não fosse o
reconhecimento dessa tarefa e das condições pare o seu êxito. Deveria ficar bem
claro que esse objetivo só poderia ser atingido em luta, tendo-se tranqüilamente
em mira o movimento das armas.
Todas as
alianças deveriam ser examinadas exclusivamente sob esse ponto de vista e
apreciadas quanto à sua utilidade nesse objetivo. Houvesse o desejo de adquirir
territórios ria Europa e isso teria de dar-se de um modo geral à custa da
Rússia. O novo Reich teria de novamente pôr-se em marcha na estrada dos
guerreiros de outrora, a fim de, com a espada alemã, dar ao arado alemão a gleba
e à nação o pão de cada dia.
Para uma tal
política só havia um possível aliado na Europa:
Inglaterra.
A Grã-Bretanha era a única potência
que poderia proteger a nossa retaguarda, suposto que déssemos início a uma nova
expansão germânica. Teríamos tanto direito de fazê-lo quanto tiveram os nossos
antepassados. Nenhum dos nossos pacifistas se nega a comer o pão do Oriente,
embora o primeiro arado outrora tivesse sido a
espada.
Nenhum sacrifício deveria ser
considerado demasiado grande nesse trabalho de conquistar as simpatias da
Inglaterra. Dever-se-ia renunciar às colônias e ao poderio naval, e evitar a
concorrência à indústria britânica.
Somente uma
atitude absolutamente clara poderia conduzir a um tal objetivo: renúncia a uma
marinha de guerra alemã, concentração de todas as forças do Estado no exército.
Ê verdade que o resultado seria uma limitação temporária, entretanto
abrir-se-iam os horizontes para um grande
futuro.
Houve uma época em que a Inglaterra nos
daria atenção nesse sentido, porque ela compreendia muito bem que, devido a sua
crescente população, a Alemanha teria de procurar qualquer saída e de achá-la na
Europa, com o auxílio inglês, ou, sem esse auxílio, em qualquer outra parte do
mundo.
A tentativa para se obter uma
aproximação com a Alemanha, feita no dobrar do século, foi devida em tudo e por
tudo a esse sentimento. Mas aos alemães não agradava "tirar as castanhas do
fogo" para a Inglaterra, - como se fosse possível uma aliança sobre outra base
que não a da reciprocidade. Baseado nesse princípio, o negócio poderia muito bem
ter sido feito com a Inglaterra. A diplomacia britânica era bastante hábil para
saber que nada era lícito esperar sem
reciprocidade.
Imaginemos que a Alemanha, com
uma hábil política exterior, tivesse representado o papel que o Japão
representou em 1904, e, dificilmente, poderemos prever as conseqüências que isso
teria tido para o país.
Jamais teria havido a
"Guerra Mundial".
No ano de 1904, o sangue
teria sido dez vezes menos que o que se derramou em
1914-18.
Mas que posição ocuparia a Alemanha,
hoje em dia, no mundo!
Sobretudo a aliança com
a Áustria foi uma idiotice.
Essa múmia de
Estado uniu-se à Alemanha não para lutar com ela na guerra mas para conservar
uma eterna paz, a qual então poderia ser utilizada, de uma maneira inteligente,
para a destruição lenta porém segura do germanismo na Monarquia. Essa aliança
era absolutamente inviável, pois que não se poderia esperar por muito tempo uma
defesa ofensiva dos interesses nacionais alemães em um Estado que não possuía
nem a força nem a decisão para limitar o processo de desgermanização nas suas
fronteiras imediatas. Se a Alemanha não possuía consciência nacional bastante e
também a impavidez para arrancar ao impossível Estado dos Habsburgos o mandato
sobre o destino de dez milhões de irmãos de raça, não se poderia, então, na
verdade, esperar que jamais ela recorres. se a planos de tão larga visão e tão
audaciosos. A atitude do velho Reich em relação ao problema austríaco foi a
pedra-de-toque de sua atitude na luta decisiva de toda a
nação.
Ninguém observava como, ano a ano, o
germanismo era cada vez mais oprimido e que o valor da aliança, de parte da
Áustria, era determinado exclusivamente pela conservação dos elementos alemães.
Mas absolutamente não se seguiu esse
caminho.
Nada temiam tanto como a luta e,
finalmente, na hora mais desfavorável, foram constrangidos a
ela.
Queriam fugir ao destino e foram
surpreendidos por ele. Sonhavam com a conservação da paz do mundo e caíram na
guerra mundial.
E esse foi o mais importante
motivo porque não se deu o devido valor a essa terceira saída para a garantia do
futuro alemão. Sabia-se que a conquista do novo solo só podia ser alcançada a
leste. A luta necessária foi prevista, mas o que se queria a todo preço era a
paz. A senha da política externa há muito que não era mais a conservação da
nação alemã a todo transe, mas a conservação da paz universal, por to. dos os
meios. Ainda voltarei a falar mais detalhadamente sobre esse
ponto.
Assim, restava ainda a quarta
possibilidade: indústria e comércio universais, poder naval e
colônias.
Um tal desenvolvimento era na verdade
mais fácil e mais rapidamente acessível. O povoamento do solo é um processo mais
lento e que dura, às vezes, séculos. É, porém, justamente nisso que se deve
procurar a sua força intrínseca. Não se trata de um flamejar repentino, mas de
um crescimento lento, mas fundamental e constante, em contraposição a um
desenvolvimento industrial que pode ser improvisado no correr de poucos anos,
assemelhando-se, porém, mais a uma bolha de sabão que a força solida, É verdade
que mais rapidamente se constrói uma esquadra do que, em luta tenaz, se erige
uma estância e coloniza-se a mesma com lavradores; entretanto aquela também mais
facilmente se aniquila do que esta última. Contudo, se a Alemanha, não obstante,
trilhava esse caminho, ao menos deveria reconhecer-se claramente que esse
programa um dia acabaria em luta, só crianças imaginariam que se pode conseguir
o desejado alimento, pela boa conduta e pela declaração de sentimentos de paz,
na "concorrência pacífica dos povos", como tanto e tão suntuosamente se
tagarelava sobre esse assunto, como se tudo se pudesse obter sem lançar mão das
armas.
Não. Se continuássemos a trilhar esse
caminho, a Inglaterra um dia se tornaria nossa inimiga. Nada mais insensato do
que o desapontamento que experimentamos, pelo fato de a Inglaterra tomar um dia
a liberdade de enfrentar a nossa tendência pacifista com a crueldade do egoísta
violento. Só a nossa reconhecida ingenuidade se poderia surpreender com esse
desfecho.
Nunca deveríamos ter agido
assim!
Se uma política de aquisição territorial
na Europa só poderia ser feita em aliança com a Inglaterra contra a Rússia, uma
política de colônias e de comércio mundial, por outro lado, só seria concebível
em uma aliança com a Rússia contra a Inglaterra. Nesse caso, dever-se-ia chegar
inexoravelmente às últimas conseqüências, pondo se a Áustria à
margem.
Considerada sob todos os pontos de
vista, essa aliança com a Áustria era, já no dobrar do século, uma verdadeira
loucura.
Entretanto, não se pensava numa
aliança com a Rússia contra a Inglaterra, nem tão pouco com a Inglaterra contra
a Rússia, pois, em ambos os casos, o resultado teria sido a guerra e, para
evitá-la, é que se decidiu adotar a política comercial e industrial. A conquista
"econômica pacifica" era uma receita que de uma vez por todas estava destinada a
dar um golpe decisivo na política de violência de até então. Talvez não houvesse
completa confiança nessa política, sobretudo tendo-se em vista que, de tempos a
tempos, surgiam, vindas do lado da Inglaterra, ameaças inteiramente
incompreensíveis. Finalmente capacitaram-se os alemães da necessidade de
construir-se uma frota, não com o propósito de atacar e destruir, mas para
defender a paz mundial e para a "conquista pacífica do mundo". Por isso tiveram
de mantê-la em escala modesta, não somente quanto ao número mas também quanto à
tonelagem de cada navio e ao respectivo armamento, de modo a tornar evidente que
o seu fim último era pacífico.
Conversar em
"conquista pacífica do mundo" foi a maior loucura que já se tomou como princípio
dirigente de uma política nacional, especialmente porque não se recuava em citar
a Inglaterra para provar que era possível pô-la em prática. O mal feito pelos
nossos professores com o seu ensinamento de história e com suas teorias
dificilmente pode ser remediado e apenas prova, de modo evidente, quantas
pessoas "ensinam" história sem compreendê-la, sem percebê-la. Exatamente na
Inglaterra ter-se-ia de reconhecer uma evidente refutação à teoria. De lato,
nenhuma outra nação se preparou melhor para a conquista econômica, mesmo com a
espada ou mais tarde a sustentou mais inexoravelmente que a inglesa. Não é a
característica dos estadistas ingleses tirarem lucro econômico da força política
e imediatamente transformarem o lucro econômico em força política? Assim foi um
erro completo imaginar que a Inglaterra seria demasiado covarde para derramar o
seu sangue em defesa de sua política econômica. O fato de não possuírem os
ingleses um exército nacional não era prova em contrário; porque não é a forma
das forças militares que importa, mas antes a vontade e a determinação de força
existente. A Inglaterra sempre possuiu os armamentos de que necessitava. Sempre
lutou com as armas precisas para garantir o êxito da sua política. Lutou com
mercenários enquanto os mercenários bastavam aos seus planos, mas lançou mão do
melhor sangue de toda a nação quando tal sacrifício foi necessário para
assegurar a vitória. Sempre teve a determinação de lutar e sempre foi tenaz e
inexorável na sua maneira de conduzir a
guerra.
Na Alemanha, entretanto, com o correr
do tempo se estimulava, por meio das escolas, da imprensa e dos jornais
humorísticos, a que se tivesse da vida inglesa e mais ainda do Império uma idéia
própria a conduzir a inoportuna decepção; porque tudo gradualmente se contaminou
com essa tolice e o resultado foi a opinião falsa sobre os ingleses, que se
traduziu em amarga desforra por parte deles, Essa idéia correu tão largamente
que toda a gente estava convencida de que o inglês, tal qual o imaginavam, era
um homem de negócios, ao mesmo tempo ladino e incrivelmente covarde. Jamais
ocorreu aos nossos dignos mestres da ciência professoral que um Império vasto
como o Império britânico não poderia ser fundado e conservado unido apenas com
astúcia e métodos escusos. Os primeiros que advertiram sobre esse assunto não
foram ouvidos ou tiveram de ficar em silêncio. Recordo-me perfeitamente do
espanto de meus camaradas quando nos enfrentamos com os "Tommies" em Flandres.
Depois dos primeiros dias de luta, alvoreceu no cérebro de cada um a noção de
que aqueles escoceses não correspondiam exatamente à gente que os escritores de
jornais humorísticos e as notícias da imprensa entendiam
descrever-nos.
Comecei então a refletir sobre a
propaganda e sobre as suas formas mais
úteis.
Esse falseamento certamente tinha suas
vantagens para aqueles que o propagavam. Estavam aptos a demonstrar, com
exemplos, por mais incorretos que estes fossem, se era correta a idéia de uma
conquista econômica do mundo. O que o inglês conseguiu nós poderíamos também
conseguir, havendo para nós a vantagem especial de nossa maior probidade, a
ausência daquela perfídia especificamente inglesa. Era de esperar ainda com isso
ganharmos mais facilmente a simpatia de todas as pequenas nações e a confiança
das grandes.
Não compreendíamos que a nossa
probidade causasse aos outros um íntimo horror, desde que acreditávamos
seriamente em tudo isso, enquanto o resto do mundo via nessa conduta a expressão
de uma falsidade astuta, até que, com o maior espanto, a revolução proporcionou
uma visão mais profunda da ilimitada tolice de nosso modo de
pensar.
Pela tolice dessa "conquista econômica
pacífica" do mundo se depreende imediatamente a tolice da tríplice aliança. Com
que Estado se podia, pois, fazer aliança? Conjuntamente com a Áustria, não era
possível pensar em conquistas guerreiras, mesmo na Europa. Justamente nisso é
que estava, desde o primeiro momento, a fraqueza intrínseca da aliança. Um
Bismarck podia tomar a liberdade de um tal expediente, mas não nenhum dos seus
ignorantes sucessores, muito menos numa época em que não existiam mais as mesmas
condições da aliança promovida por Bismarck. Bismarck acreditava ainda que a
Áustria fosse um Estado alemão. Com a introdução do sufrágio universal, tinha
esse país, entretanto, paulatinamente, adotado um sistema de governo parlamentar
e antigermânico.
A aliança com a Áustria, sob o
ponto de vista racial e político, foi simplesmente nociva. Tolerava-se o
desenvolvimento de uma nova potência eslava na fronteira do Reich, potência essa
que mais cedo ou mais tarde teria de tomar atitudes em relação à Alemanha muito
diferentes da Rússia, por exemplo. Com isso a aliança de ano para ano tinha de
tornar-se cada vez mais fraca, à proporção que os únicos portadores desse
pensamento na monarquia perdiam influência e eram desalojados das posições
dominantes.
Já pelo dobrar do século, a aliança
com a Áustria tinha entrado na mesma fase que a aliança da Áustria com a
Itália.
Só havia duas possibilidades: ou
prevalecia a aliança com a monarquia dos Habsburgos ou se protestava contra o
combate ao germanismo na Áustria. Entretanto, quando se inicia tal movimento, o
resultado final, geralmente, é a luta aberta,
declarada.
O valor da tríplice aliança era,
psicologicamente, de somenos importância, uma vez que a força de uma aliança
declina quando se limita a manter uma situação existente. Por outro lado, uma
aliança será tanto mais forte quanto mais as potências contratantes estejam
convencidas de que, com a mesma, podem obter uma vantagem tangível,
definida.
Isso era compreendido em vários
meios, mas infelizmente não o era pelos chamados "profissionais". Ludendorff,
então coronel no grande estado-maior, apontava essa fraqueza um memorando
escrito em 1912. Naturalmente os "estadistas" se' recusaram a dar qualquer
importância ao assunto, pois a razão, que está ao alcance de qualquer mortal,
escapa aos "diplomatas".
Para a Alemanha foi
uma felicidade que a guerra de 1914, embora indiretamente, irrompesse por
intermédio da Áustria, obrigando os Habsburgos a nela tomarem parte. Tivesse
acontecido o contrário e a Alemanha teria ficado sozinha. Nunca o Estado dos
Habsburgos teria podido ou mesmo teria querido tomar parte em uma guerra que se
originasse de parte da Alemanha. Aquilo que, em relação à Itália, tanto se
condenou, ter-se-ia dado mais cedo na Áustria: ela teria ficado "neutra" para
assim ao menos salvar o Estado contra uma revolução. O eslavismo austríaco, no
ano de 1914, teria preferido destruir a monarquia a consentir no auxilio à
Alemanha.
Poucas pessoas naquela ocasião podiam
compreender como eram grandes os perigos e dificuldades oriundas das alianças
com a monarquia do Danúbio. Em primeiro lugar, a Áustria possuía inimigos
demais, que cogitavam de herdar de um Estado carcomido. Não era possível que, no
correr do tempo, não surgisse um certo ódio contra a Alemanha, na qual se
enxergava a causa do impedimento à queda da monarquia, por todos esperada e
desejada. Chegou-se à convicção de que, no final de contas, só se poderia
alcançar Viena via Berlim.
A ligação com a
Áustria privava a Alemanha das melhores e mais promissoras alianças. Em lugar
dessas alianças, surgiu uma situação tensa com a Rússia' e mesmo com a Itália.
Em Roma o sentimento geral era tão simpático à Alemanha como antipático à
Áustria.
Como os alemães se tinham lançado na
política do comércio e da indústria, não havia mais o menor motivo para uma luta
contra a Rússia. Somente os inimigos de ambas as nações é que poderiam ter nisso
um vivo interesses. De fato, eram em primeira linha judeus e marxistas que, por
todos os meios, incitavam a guerra entre os dois
Estados.
Essa aliança, em terceiro lugar, tinha
em si um grande perigo, pois que com facilidade uma das potências inimigas do
império de Bismarck em qualquer tempo poderia mobilizar vários Estados contra a
Alemanha, uma vez que estavam em condições de, à custa do aliado austríaco,
acenar com as perspectivas de grandes
vantagens.
Todo o oriente da Europa poderia
levantar-se contra a monarquia do Danúbio, sobretudo a Rússia e a Itália. Nunca
se teria realizado a coligação mundial, que se vinha desenvolvendo desde a ação
inicial do rei Eduardo, se a Áustria, como aliada da Alemanha, não tivesse
oferecido vantagens tão apetecidas pelos inimigos. Só assim foi possível reunir,
numa única frente de ataques, países de desejos e objetivos tão heterogêneos.
Cada um deles poderia esperar, numa ação conjunta contra a Alemanha, conseguir
enriquecer-se. Esse perigo aumentou extraordinariamente pelo fato de parecer que
a essa aliança infeliz também estava filiada a Turquia como sócio
comanditário.
O mundo financeiro internacional
judaico necessitava, porém, desse chamariz, a fim de poder realizar o plano, há
muito desejado, da destruição da Alemanha que ainda não se tinha submetido ao
controle financeiro e econômico geral, à margem do Estado. Só assim se podia
forjar uma coalizão tornada forte e corajosa pelo simples número dos exércitos
de milhões em marcha, pronta, finalmente, a avançar contra o lendário
Siegfried.
A aliança com a monarquia dos
Habsburgos que, já nos tempos em que eu estava na Áustria, tanto me irritava,
começou a tornar-se a causa de longas provações intimas que, no correr do tempo,
ainda mais reforçavam a minha primeira
opinião.
No meio modesto, que eu então
freqüentava, nenhum esforço fiz para esconder a minha convicção de que aquele
infeliz tratado com um Estado condenado à destruição teria de levar a Alemanha a
um colapso catastrófico, a não ser que ela conseguisse desvencilhar-se do mesmo,
ainda em tempo. Nunca vacilei, por um momento; mantive-me, nessa convicção,
firme como uma rocha, até que, por fim, a torrente da guerra mundial tornou
impossível uma reflexão razoável, e o ímpeto do entusiasmo tudo levou de vencida
e o dever de todos passou a ser a consideração das realidades, Mesmo quando me
achava na frente de batalha, sempre que o problema era discutido, eu exprimia a
minha opinião de que quanto mais depressa fosse rompida a aliança tanto melhor
para a nação alemã e que sacrificar a monarquia dos Habsburgos não seria
sacrifício para a Alemanha, se com isso ela pudesse reduzir o número de seus
inimigos, desde que os milhões de capacetes de aço não se tinham reunido para
manter uma decrépita dinastia, mas para salvar a nação
alemã.
Antes da guerra, parecia, às vezes, que
num campo ao menos havia uma leve dúvida quanto à correção da política de
aliança que vinha sendo seguida. De tempos a tempos, os círculos conservadores
na Alemanha começavam a fazer advertências contra a excessiva confiança nessa
política, mas, como tudo mais que era razoável, fazer essas advertências era
como falar no deserto. Havia a convicção geral de que a Alemanha estava a
caminho de conquistar o mundo, que o êxito seria ilimitado e que nada teria de
ser sacrificado.
Mais uma vez, ao "não
profissional" nada era permitido fazer senão olhar silenciosamente, enquanto os
"profissionais" marchavam diretamente para a destruição, arrastando consigo .a
nação inocente, como o caçador de ratos de
Hamein.
A causa mais profunda do fato de ter
sido possível apresentar a um povo inteiro, como processo político prático, a
insensatez de uma "conquista econômica", tendo como objetivo a conservação da
paz universal, residia numa enfermidade de todos os nossos pensamentos
políticos.
A vitoriosa marcha da técnica e da
indústria alemãs, os crescentes triunfos do comércio alemão, fizeram que se
esquecesse de que tudo isso só era possível dada a suposição da existência de um
Estado forte. Muitos, ao contrário, chegavam até a proclamar a sua convicção de
que o Estado devia a sua vida a esses progressos, desde que o Estado, primeiro
que tudo e mais que tudo, é uma instituição econômica e deveria ser dirigido de
acordo com as regras da economia, devendo, por isso, a sua existência ao
comércio - condição que era considerada ser a mais sã e mais natural de todas.
Entretanto, o Estado nada tem a ver com qualquer definida concepção ou
desenvolvimento econômico.
O Estado não é uma
assembléia de negociantes que durante uma geração se reuna dentro de limites
definidos para executar projetos econômicos, mas a organização da comunidade,
homogênea por natureza e sentimento, unida para a promoção e conservação da sua
raça e para a realização do destino que lhe traçou a Providência. Esse e nenhum
outro é o objeto e a significação de um Estado. A economia é tão somente um dos
muitos meios necessários à realização desse objetivo. Nunca, porém, é o objetivo
de um Estado, a não ser que este, desde o princípio, repouse em uma base falsa,
por antinatural. Só assim é que se explica que o Estado, como tal, não necessite
ter, como condição, uma limitação territorial. Isso só será necessário entre
povos sue, por si mesmos, querem assegurar a alimentação de seus irmãos em raça
e que, portanto, estão prontos a lutar com o seu próprio trabalho, em prol de
sua existência. Os povos que, como zangões, conseguem infiltrar-se no resto da
humanidade, a fim de, sob todos os pretextos, fazer com que os outros trabalhem
para si, podem, mesmo sem possuírem um "habitat" determinado e limitado, formar
um Estado. Isso se dá em primeira linha num povo sob cujo parasitismo, sobretudo
hoje, toda a humanidade sofre: o povo judeu.
O
Estado judaico nunca teve fronteiras, nunca teve limites no espaço, mas era
unido pela raça. Por isso, aquele povo sempre foi um Estado dentro do Estado.
Foi um dos mais hábeis ardis já inventados o de encobrir-se aquele Estado sob a
capa de religião, obtendo-se assim a tolerância que o ariano sempre estendeu a
todos os credos. A religião mosaica nada mais é que uma doutrina para a
conservação da raça judaica. Por isso ela abraça quase todos os ramos do
conhecimento sociológico, político e econômico que lhe possam dizer
respeito.
O instinto de conservação da espécie
é sempre a causa da formação das sociedades humanas. Por isso, o Estado é um
organismo racial e não uma organização econômica, diferença essa que, sobretudo
hoje em dia, passa despercebida aos chamados "estadistas". Daí pensarem estes
poder construir o Estado pela economia quando, na realidade, aquele nada mais é
que o resultado da atuação daquelas virtudes que residem no instinto de
conservação da raça e da espécie. Estas são, porém, sempre virtudes heróicas e
nunca egoísmo mercantil, pois que a conservação da existência de uma espécie
pressupõe o sacrifício voluntário de cada um. Nisso é que está justamente o
sentido da palavra do poeta: "e se não arriscardes a vida, nunca vencereis na
vida", isto é, a capacidade de sacrifício de cada um é indispensável para
assegurar a conservação da espécie. A condição mais essencial, porém, para a
formação e conservação de um Estado é a existência de um sentimento de
solidariedade, baseado na identidade de raça, bem como a boa vontade de por ele
sacrificar-se. Isso, em povos senhores de seu próprio solo, conduz à formação de
virtudes heróicas, em povos parasitas conduz à hipocrisia mentirosa e à
crueldade dissimulada, qualidades essas que devem ser pressupostas pela maneira
diferente como vivem em relação ao Estado. A formação de um Estado só será
possível pela aplicação dessas virtudes, pelo menos originariamente, sendo que
na luta pela conservação serão submetidos ao jugo e assim mais cedo ou mais
tarde sucumbirão os povos que apresentarem menos virtudes heróicas ou que não
estejam na altura da astúcia do parasita inimigo. Mas, também nesse caso, isso
deve ser atribuído não tanto à falta de inteligência como à falta de decisão e
de coragem, que procura esconder-se sob o manto de sentimento de
humanidade.
O fato de a força interna de um
Estado só em casos raros coincidir com o chamado progresso econômico mostra
claramente como está pouco ligado às virtudes que servem para a formação e
conservação do Estado essa prosperidade que, em infinitos exemplos, parece até
indicar a próxima decadência do Estado. Se, porém, a formação da comunidade
humana tivesse de ser atribuída em primeira linha a forças econômicas, então o
mais elevado desenvolvimento econômico significaria a mais formidável força do
Estado e não inversamente.
A crença na força da
economia para formar e conservar um Estado, torna-se incompreensível, sobretudo
quando se trata de um país que, em tudo e por tudo, mostra clara e incisivamente
o contrário.- Justamente a Rússia demonstra, de maneira evidentíssima, que não
são as condições materiais, mas as virtudes ideais, que tornam possível a
formação de um Estado. Somente sob a sua guarda é que a economia consegue
florescer, até que, com a decadência das puras forças geradoras do Estado, a
economia também decai, processo esse que exatamente agora podemos observar com
desesperada tristeza. Os interesses materiais dos homens sempre conseguem
prosperar melhor enquanto permanecem à sombra de virtudes
heróicas.
Sempre que aumentava o poder político
da Alemanha o progresso material se fazia sentir, os negócios começavam a
melhorar; ao passo que quando os negócios monopolizavam a vida de nosso povo e
enfraqueciam as virtudes de nosso espírito, o Estado desfalecia, arrastando, na
sua ruína, os próprios negócios.
E se
perguntarmos a nós mesmos quais são as forças que fazem e conservam os Estados,
vemos que elas aparecem sob uma única denominação: habilidade e abnegação para o
sacrifício individual, por amor da comunidade. Que essas virtudes não têm
relação com a economia torna-se óbvio pela compreensão de que o homem nunca se
sacrifica por negócios, isto é, os homens não morrem por negócios, mas por
ideais. Nada mostrou melhor a superioridade psicológica dos ingleses, na
dedicação por um ideal nacional, do que as razões que eles apresentaram para
combater. Enquanto nós lutávamos pelo pão quotidiano, a Inglaterra lutava pela
"liberdade", não pela própria mas pela das pequenas nações. Na Alemanha todos
zombavam ou se irritavam com essa impudência, o que prova quanto se tornara
insensata e estúpida a ciência oficial na Alemanha de antes da guerra. Não
tínhamos a menor noção da natureza das forças que podem levar os homens à morte
por sua livre e espontânea vontade.
Enquanto o
povo alemão continuava a pensar, em 1914, que lutava por ideais, ele manteve-se
firme; mas logo que se tornou evidente que lutava apenas pelo pão quotidiano,
preferiu renunciar ao brinquedo.
Os nosso
inteligentes "estadistas", entretanto, ficaram atônitos com essa mudança de
sentimento. eles nunca compreenderam que o homem, desde o momento que luta por
um interesse econômico, evita o mais que pode a morte, pois que esta o faria
perder o gozo do prêmio de sua luta. A preocupação pela salvação de seu filho
faz que a mais fraca das mães se torne heroína e somente a luta pela conservação
da espécie e da lareira e também do Estado fez, em todos os tempos, com que os
homens se jogassem de encontro às lanças dos
inimigos.
Pode-se considerar a seguinte frase
como uma sentença eternamente
verdadeira:
Jamais um Estado foi fundado pela
economia pacífica e sim, sempre, pelo instinto de conservação da espécie, esteja
este situado no campo da virtude heróica ou da astúcia. O primeiro produz os
Estados arianos, de trabalho e cultura, o segundo, colônias judaicas
parasitárias. Desde que um povo ou um Estado procura dominar esses instintos,
estão atraindo para si a escravidão, a
opressão.
A crença de antes da guerra de que
era possível ter o mundo aberto para a nação alemã ou de fato conquistá-lo pelo
método pacífico de uma política de comércio e colonização, era um sinal evidente
de que haviam desaparecido as genuínas virtudes que fazem e conservam os
Estados. bem como a intuição, a força de vontade e a determinação que fazem as
grandes coisas. Como era de esperar, o resultado imediato disso foi a grande
guerra, com todas as suas conseqüências
Para
aquele que não examinasse a questão, essa atitude de quase toda a nação alemã
era um enigma indecifrável, pois a Alemanha era justamente um exemplo
maravilhoso de um império que surgiu de uma política de força. A Prússia -
célula mater do Reich - proveio de grandes heroísmos e não de operações
financeiras ou negócios comerciais. E o próprio Reich era o mais maravilhoso
prêmio da direção da política de força e da coragem indômita dos seus soldados.
Como poderia, justamente o povo alemão, chegar a tal amortecimento de seus
instintos políticos? Não se tratava, é preciso que se note, de um fenômeno
isolado e sim de sintomas de decadência geral que, em proporções verdadeiramente
assustadoras, ora flamejavam como fogos-fátuos no seio do povo ora corroíam a
nação como tumores malignos. Parecia que uma torrente de veneno constante era
impelida por uma força misteriosa até os últimos vasos sangüíneos desse corpo de
heróis, com o fim de aniquilar o seu bom senso, o simples instinto de
conservação.
Examinando todas essas questões,
condicionadas ao meu ponto de vista em relação à política de alianças da
Alemanha e à política econômica do Reich, nos anos de 1912 e 1914, restou, como
solução do enigma aquela força que já anteriormente eu conhecera em Viena sob
prisma inteiramente diverso: a doutrina marxista, sua concepção do mundo e a
influência de sua capacidade de
organização.
Pela segunda vez na minha vida
analisei profundamente essa doutrina de destruição - desta vez porém não mais
guiado pelas impressões e efeitos do meu ambiente diário, e sim dirigido pela
observação dos acontecimentos gerais da vida política. Aprofundei-me novamente
na literatura teórica desse novo mundo, procurei compreender os seus efeitos
possíveis, comparei estes com os fenômenos reais e com os acontecimentos no que
diz respeito à sua atuação na vida política, cultural e
econômica.
Comecei a considerar, pela primeira
vez, que tentativa deveria ser feita para dominar aquela pestilência
mundial.
Estudei os móveis, as lutas e os
sucessos da legislação especial de Bismarck. Gradualmente o meu estudo me
forneceu princípios graníticos para as minhas próprias convicções - tanto que
desde então nunca pensei em mudar minhas opiniões pessoais sobre o caso. Fiz
também um profundo estudo das ligações do marxismo com o
judaísmo.
Se, outrora, em Viena, a Alemanha me
tinha dado a impressão de um colosso inabalável, começaram agora entretanto a
surgir em mim considerações apreensivas. No meu íntimo eu estava descontente com
a política externa da Alemanha, o que revelava ao pequeno circulo que meus
conhecidos, bem como com a maneira extremamente leviana, como me parecia, de
tratar-se o problema mais importante que havia na Alemanha daquela época - o
marxismo. Realmente, eu não podia compreender como se vacilava cegamente ante um
perigo cujos efeitos - tendo-se em vista a intenção do marxismo tinham de ser um
dia terríveis. Já naquela época eu chamava a atenção, no meio em que vivia, para
a frase tranqüilizadora de todos os poltrões de então: "A nós nada nos pode
acontecer". Esse pestilento modo de pensar já outrora destruíra um império
gigantesco. Por acaso só a Alemanha não estaria sujeita às mesmas leis de tidas
as outras comunidades humanas?
Nos anos de 1913
e 1914 manifestei a opinião, em vários círculos, que, em parte, hoje estão
filiados ao movimento nacional-socialista, de que o problema futuro da nação
alemã devia ser o aniquilamento do marxismo.
Na
funesta política de alianças da Alemanha eu via apenas o fruto da ação
destruidora dessa doutrina. O pior era que esse veneno destruía quase
insensivelmente os fundamentos de uma sadia concepção do Estada e da economia,
sem que os por ele atingidos se apercebessem de que a sua maneira de agir, as
manifestações da sua vontade já eram uma conseqüência destruidora do
marxismo.
A decadência do povo alemão tinha
começado há muito tempo, sem que os indivíduos, como acontece freqüentemente,
pudessem claramente ver os responsáveis pela mesma. Muitas vezes se tentou
procurar um remédio para essa enfermidade, mas confundiam-se os sintomas com a
causa. Como ninguém conhecia ou queria conhecer a verdadeira causa do mal-estar
da nação, a luta contra o marxismo não passou de um charlatanismo sem
eficiência.
CAPÍTULO V - A GUERRA MUNDIAL
Quando
ainda jovem, na fase em que tudo nos sorri, nada me fazia tão triste, como o ter
nascido justamente em uma época em que todas as honras e glórias eram reservadas
a negociantes ou a funcionários do governo.
As
ondas dos acontecimentos históricos aparentemente tinham arrefecido e, de tal
maneira, que o futuro, na realidade parecia pertencer à "concorrência pacifica
dos povos", isto é, a uma calma e recíproca ladroagem, pela eliminação dos
métodos violentos da reação das vítimas. Os diferentes países começavam a se
assemelhar, cada vez mais, a empresas que se solapassem reciprocamente o chão
debaixo dos pés, na conquista sem trégua de fregueses e de encomendas,
procurando cada um sobrepujar as outras, por todos os meios ao seu alcance. Tudo
isso era posto em execução com uma espetaculosidade tão grande quanto ingênua.
Essa evolução parecia não só permanente, como destinada também a, algum dia (com
a aprovação geral), transformar o mundo inteiro em uma única e grande casa de
negócios, em cujas ante-salas seriam expostos, para a posteridade, os bustos dos
mais atilados especuladores e dos mais ingênuos funcionários da administração.
Os comerciantes poderiam ser, então representados pela Inglaterra; os
funcionários administrativos seriam os alemães; os judeus, porém, fariam o
sacrifício de ser os proprietários, pois que, como eles próprios confessam,
nunca lucram, sempre têm de "pagar" e, além disso, falam a maioria das
línguas.
Ah! se me tivesse sido possível ter
nascido cem anos antes! Mais ou menos no tempo das guerras da Independência,
quando o homem, mesmo sem negócios, ainda valia alguma
coisa!
Muitas vezes me ocorriam pensamentos
desagradáveis, relativos à minha peregrinação terrena, demasiado tardia na minha
opinião, e a época "de calma e ordem" que se me deparava eu considerava uma
infâmia imerecida do destino. É que já, nos meus mais tenros anos, eu não era
"pacifista". Todas as tentativas de educação nesse sentido tinham resultado
inúteis.
A guerra dos "Boers"", então
desencadeada, teve sobre mim o efeito de um relâmpago. Diariamente, eu aguardava
ansioso os jornais, devorava telegramas e boletins, e considerava-me feliz por
ser, ao menos de longe, testemunha dessa luta de
titãs.
A guerra russo-japonêsa já me encontrou
sensivelmente mais amadurecido e, também mais atento aos acontecimentos.
Moviam-me, sobretudo, razões nacionais. Desde os primeiros momentos, tomei
partido, e, discutindo as opiniões correntes, coloquei-me imediatamente do lado
dos japoneses, pois via na derrota dos russos uma diminuição do espírito eslavo
na Áustria.
Muitos anos se passaram desde
então, e aquilo que, outrora, quando ainda rapaz, me parecia morbidez,
compreendia agora como sendo a calma, antes da tempestade. Já desde o tempo em
que vivia em Viena pairava sobre os Balcãs aquela atmosfera pesada, prenúncio de
tempestade, e já lampejos mais claros riscavam o céu, mas se perdiam ligeiros
nas trevas sinistras. Em seguida, veio a guerra dos Balcãs, e, com ela, o
primeiro temporal varreu a Europa, já agora nervosa. A época que se seguiu
influiu como um pesadelo sobre os homens. O ambiente estava tão carregado que,
em virtude do mal-estar que a todos afligia, a catástrofe que se aproximava
chegou a ser desejada. Que os céus dessem livre curso ao des. tino, já que não
havia barreiras que o detivessem! Caiu então o primeiro formidável raio sobre a
terra; a tempestade desencadeou-se, e, aos trovões do céu, juntavam-se as
baterias da guerra mundial.
Quando a notícia do
assassinato do grão-duque Francisco Ferdinando chegou a Munique, eu estava
justamente em casa e ouvia contar o desenrolar dos acontecimentos de maneira
muito vaga. Meu primeiro receio foi que as balas assassinas tivessem partido de
estudantes alemães, que, indignados com o constante trabalho de eslavização
feito pelo herdeiro presuntivo da coroa austríaca, tivessem querido livrar o
povo alemão desse inimigo interno. As conseqüências eram fáceis de imaginar: uma
nova onda de perseguições aos alemães, que, agora, facilmente seriam "explicadas
e justificadas", perante o mundo. Quando, porém, logo depois, ouvi o nome dos
autores presumíveis e verifiquei que eram sérios, fiquei estupefato ante essa
vingança do destino impenetrável. O maior amigo da raça eslava caíra sob as
balas de fanáticos eslavos! Quem, nos últimos anos, tivesse tido oportunidade de
observar constantemente as relações entre a Áustria e a Sérvia, não poderia
duvidar, nem um segundo, de que a pedra começara a rolar e que nada poderia
detê-la na sua queda.
É uma injustiça fazer
hoje em dia recriminações ao governo de Viena sobre a forma e o conteúdo do seu
"Ultimatum". Nenhuma outra potência do mundo teria agido de maneira diferente,
se se encontrasse em idênticas condições. A Áustria tinha, na sua fronteira
sudoeste, um inimigo de morte, o qual, cada vez mais, desafiava a Monarquia e
nisso persistiria até que chegasse o momento propicio à destruição do Império.
Receava-se, com razão, que isso se desse, o mais tardar, com a morte do velho
imperador. E, nesse momento, talvez a monarquia não estivesse em condições de
oferecer resistência séria.
O Estado inteiro
encontrava-se, nos últimos anos, de tal maneira dependente da vida de Francisco
José, que a morte desse homem, tradicional personalização do Império,
eqüivaleria, no sentir da massa popular, à morte do próprio Império. Era até
considerado uma das mais inteligentes manobras, sobretudo da política eslava,
fazer crer que a Áustria devia a sua existência à habilidade extraordinária e
única desse monarca. Essa bajulação era tanto mais apreciada na Corte, quando
ela em nada correspondia, na realidade, ao mérito desse Imperador. Não se podia
ver o espinho escondido atrás dessa lisonja. Não se lobrigava ou não se queria
ver que, quanto mais a monarquia dependesse da extraordinária arte de governar,
como se costumava dizer, deste "mais sábio monarca de todos os tempos", tanto
mais catastrófica seria a situação, quando um dia o destino batesse a essa
porta, reclamando o seu tributo.
Seria possível
imaginar a velha Áustria sem o seu velho
Imperador?
Não se repetiria, imediatamente, a
tragédia que outrora atingira Maria Teresa? Não! Na verdade, é uma injustiça que
se faz aos círculos governamentais de Viena censurá-los por terem eles provocado
uma guerra que talvez tivesse sido possível evitar. Esse desfecho era, porém,
inevitável. Quando muito poderia ter sido protelado por um ou dois anos. Foi
este o castigo das diplomacias, tanto da alemã como da austríaca. Elas sempre
tentaram protelar o ajuste de contas que tinha de vir e agora eram forçadas a
dar o golpe na hora menos favorável. A verdade é que mais outra tentativa para
manter a paz teria trazido a guerra numa época ainda menos propícia. Quem não
quisesse esta guerra deveria ter a coragem de arcar com as conseqüências. Essas,
porém, só poderiam consistir no sacrifício da Áustria. Assim mesmo, a guerra
teria vindo, talvez não mais como a luta de todos contra nós mas sim tendo como
finalidade o aniquilamento da monarquia dos Habsburgos. De qualquer modo, uma
decisão tinha de ser tomada: ou entrávamos na guerra ou ficaríamos de fora,
observando, a fim de vermos, de mãos cruzadas, o destino seguir o seu
curso.
Justamente aqueles que, hoje, mais
vociferam contra o desencadear da guerra, foram os que mais funestamente
ajudaram a atiçá-la.
A social-democracia, há
dezenas de anos, fomentava, da maneira mais torpe, a guerra contra a Rússia,
enquanto o Partido do Centro, baseado num ponto de vista religioso, fazia a
política alemã girar em torno do Estado austríaco. Tinha-se que arcar com as
conseqüências desse erro. O que veio tinha de vir e, em hipótese nenhuma,
poderia ser evitado. A culpa do governo alemão neste caso foi de perder sempre
as boas oportunidades de intervenção, devido à preocupação constante de manter a
paz. Assim agindo, o governo se emaranhava em uma coligação destinada à
manutenção da paz universal, para tornar-se, por fim, a vítima de uma coligação
do mundo inteiro, que antepunha à pressão pela manutenção da paz a determinação
de fazer a guerra.
Caso o governo de Viena
tivesse dado uma forma mais suave ao seu ultimato, em nada teria mudado a
situação. Quando muito teria sido varrido do poder pela indignação popular. Aos
olhos da grande massa do povo, o tom do ultimato ainda era brando demais e, de
modo nenhum, lhe parecia brutal. Nele não havia excessos. Quem hoje procura
negar isso ou é um desmemoriado ou um mentiroso consciente. Graças a Deus, a
luta do ano de 1914 não foi, na realidade, imposta e sim desejada pelo povo
inteiro. Todos queriam acabar de vez com uma insegurança generalizada. Só assim
pode-se também compreender que mais de dois milhões de alemães, homens e
rapazes, se pusessem voluntariamente sob a bandeira decididos a protegê-la com a
última gota do seu sangue.
Aquelas horas foram
para mim uma libertação das desagradáveis recordações da juventude, Até hoje não
me envergonho de confessar que, dominado por delirante entusiasmo, caí de
joelhos e, de todo coração, agradeci aos céus ter-me proporcionado a felicidade
de poder viver nessa época.
Tinha-se
desencadeado uma luta de libertação, a mais formidável que o mundo jamais vira,
pois logo que a fatalidade tinha iniciado o seu curso, as grandes massas
perceberam que, desta vez, não se tratava do destino nem da Sérvia nem da
Áustria, e sim da vida ou morte da nação
alemã.
Pela primeira vez, depois de muitos
anos, o povo via claro o seu próprio futuro. Assim é que, logo no começo da luta
titânica, ainda sob a ação de um transbordante entusiasmo, brotaram, no espírito
do povo, os sentimentos à altura da situação, pois somente esta idéia de
salvação geral conseguiu que a exaltação nacional significasse alguma coisa mais
do que simples fogo de palha. A certeza da gravidade da situação era, porém, por
demais necessária. Em geral, ninguém podia, naquela época, ter a menor idéia da
duração da luta que, então, se iniciava. Sonhava-se poder estar de volta, à
casa, no próximo inverno, a fim de retomar o trabalho pacífico. Aquilo que o
homem deseja vale como objeto de esperança e crença. A grande maioria da nação
estava cansada do eterno estado de insegurança. Só assim pode-se compreender que
não se pensasse numa solução pacífica do conflito austro-sérvio, mas em uma
solução definitiva para as complicações existentes. Ao número desses milhões que
assim pensavam pertencia eu.
Mal se tinha
divulgado em Munique a notícia do atentado e já me passavam pela mente duas
idéias, a saber: a guerra seria absolutamente inevitável e o império dos
Habsburgos seria forçado a ficar fiel às suas alianças. O que eu mais havia
temido sempre era a possibilidade de a Alemanha entrar em conflito - talvez
mesmo em conseqüência dessa aliança - sem que a Áustria tivesse sido a causa
direta, e que, dessa maneira, o governo austríaco não se decidisse, por motivo
de política interna, a se colocar ao lado do seu aliado. A maioria eslava do
Império teria imediatamente iniciado a sua resistência a uma decisão espontânea
nesse sentido, preferindo ver o Império destruído nos seus fundamentos a
conceder o auxílio solicitado. Entretanto, esse perigo estava agora afastado. O
velho Império tinha de lutar, por bem ou por
mal.
Minha atitude em face do conflito era bem
clara e definida. Para mim não se tratava de uma guerra para que a Áustria
obtivesse satisfação por parte da Sérvia. Não. A Alemanha é que lutava pela sua
vida, e com ela o povo pela sua existência, pela sua liberdade, por seu futuro.
A política de Bismarck ia ser seguida. Aquilo que os antepassados haviam
conquistado com o sacrifício do sangue dos seus heróis nas batalhas de
Weissenburg, até Sedan e Paris, tinha de ser reconquistado pela jovem Alemanha.
Caso fosse essa luta vitoriosa, o nosso povo entraria de novo no rol das grandes
potências, com o seu poder exterior aumentado. E assim o Império alemão poderia
se tornar uma eficiente garantia da paz, sem ter de diminuir o pão de cada dia
de seus filhos, em nome dessa mesma
paz.
Quantas vezes, rapazinho ainda, tive o
desejo sincero de poder provar por fatos que para mim o entusiasmo nacional não
era uma pura fantasia. A mim me parecia muitas vezes quase um crime aplaudir o
que quer que fosse sem se estar convencido da razão de ser de seus gestos. Quem
tinha o direito de assim agir sem ter passado por aqueles momentos difíceis sem
que a mão inexorável do destino, dando aos acontecimentos um tom mais sério,
exige a sinceridade das atitudes humanas? Meu coração, como o de milhões de
outros, transbordava de orgulho e felicidade por poder de vez libertar-me dessa
situação de inércia.
Tantas vezes tinha eu
cantado o "Deutschland, Deutschland über alles", com todas as forças de meus
pulmões e gritado "Heil"... que quase me parecia uma graça especial poder
comparecer agora, perante a justiça divina, para afirmar a sinceridade dessa
minha atitude. Desde o primeiro instante estava firmemente decidido, em caso de
guerra - esta me parecia inevitável - a abandonar os livros imediatamente. Ao
mesmo tempo sabia muito bem que o meu lugar seria aquele para onde me chamava a
voz da consciência. Por motivos políticos, tinha preliminarmente abando. nado a
Áustria. Nada mais natural, pois, que agora que se iniciava a luta, coerente com
as minhas opiniões políticas, eu assim procedesse. Não era meu desejo lutar pelo
império dos Habsburgos. Estava pronto, porém, a morrer, em qualquer instante,
pelo meu povo ou pelo governo que o representasse na
realidade.
A 3 de agosto apresentei um
requerimento a S. M. o rei Luís III, no qual eu solicitava a permissão para
assentar praça num regimento bávaro. A secretaria do Governo, naquela ocasião,
como era natural, estava assoberbada de serviço. Por isso tanto mais alegre
fiquei ao tomar conhecimento, já no dia seguinte, do despacho favorável à minha
solicitação. Ao abrir, com mãos trêmulas, o documento no qual li o deferimento
do meu pedido, com a recomendação de me apresentar a um regimento bávaro, meu
contentamento e minha gratidão não tiveram limites. Poucos dias depois, eu
envergava a farda, que só quase seis anos mais tarde deveria
despir.
Começou então para mim, como
provavelmente para todos os outros alemães, a mais inesquecível e a maior época
da minha vida. Comparado com a luta titânica que se travava, todo o passado
desaparecia inteiramente. Com orgulho e saudade, recordo-me, justamente nesses
dias em que se passa o 10o. aniversário daqueles formidáveis acontecimentos, das
primeiras semanas daquela luta heróica de nosso povo, na qual graças à
benevolência do destino, me foi dado tomar
parte.
Como se fosse ontem, passam diante de
meus olhos todos os acontecimentos. Vejo-me fardado, no círculo dos meus
queridos camaradas. Lembro-me da primeira vez que saímos para exercícios
militares, etc., até que enfim chegou o dia da partida para o
front.
Uma única preocupação me afligia naquele
momento, a mim como a muitos outros. Era recear chegarmos tarde demais no front.
Essa idéia não me deixava tranqüilo. A cada manifestação de júbilo por um novo
feito heróico, sentia uma profunda tristeza, pois toda a vez que se festejava
uma nova vitória, parecia para mim aumentar o perigo de chegarmos demasiadamente
tarde. Finalmente, chegou o dia de deixarmos Munique, a fim de nos apresentarmos
ao cumprimento do dever. Tive então a oportunidade de ver, pela primeira vez, o
Reno, na nossa viagem para o ocidente, feita ao longo das suas águas calmas. A
nós estava confiada a defesa, contra a cobiça dos inimigos, do mais germânico de
todos os rios. Quando os primeiros raios de sol da manhã, atravessando um leve
véu de neblina, refletiam-se no monumento de Niederwald, irrompeu, do
longuíssimo trem de transporte, a velha canção alemã "Die Wacht am Rhein".
Senti-me transbordante de entusiasmo.
Em
seguida, veio uma noite úmida e fria, em Flandres, durante a qual marchamos
silenciosos e, quando o sol começou a despontar através das nuvens, rompeu de
repente sobre as nossas cabeças uma saudação de aço, e, entre as nossas
fileiras, sibilavam balas que caíam levantando a terra molhada. Antes de
desaparecer a pequena nuvem, duzentas bocas gritavam ao mesmo tempo "urra" a
esses primeiros mensageiros da morte. Em seguida, começou o pipocar da metralha,
a gritaria, o estrondo da artilharia, e, febricitante de entusiasmo, cada um
marchava para a frente, cada vez mais depressa, até que, sobre os campos de
beterraba, e, através das charnecas, começou a luta corpo a corpo. De longe,
porém, chegavam aos nosso ouvidos os sons de uma canção, que, cada vez mais se
aproximava, passando, de companhia a companhia, e, enquanto a morte dizimava as
nossas fileiras, a canção chegava a nós e nós a passávamos adiante:
"Deutschland, Deutschland, über alles, über alles in der
Welt!"
Passados quatro dias, voltamos. Até a
maneira de andar dos soldados se tinha modificado. Rapazes de dezessete anos
pareciam homens feitos. Os voluntários do regimento de List talvez não tivessem
aprendido bem a lutar, o que é certo é que sabiam morrer como velhos
soldados
Esse foi o
começo.
Assim continuou a luta, ano a ano. Ao
romantismo das batalhas tinha sucedido o horror. O entusiasmo se arrefecera aos
poucos e o júbilo transbordante foi abafado pelo pavor da morte. Chegou a época
em que cada um tinha de lutar entre o instinto de conservação e o imperativo do
dever. Também eu não escapei a essa luta. Cada vez que a morte rondava algo
indeterminado procurava se revoltar, baseado na razão, e, no entre. tanto, isso
nada mais era do que a covardia que, assim disfarçada, procurava envolver cada
um. Começou uma luta pró e contra, e o último resto de consciência decidia
definitivamente. Entretanto quanto mais claro se ouviam essas vozes que
recomendavam cautela, quanto mais elas procuravam atrair e falar alto, tanto
mais violenta era a resistência, até que, enfim, após longa luta interior, a
consciência do dever vencia. Já no inverno de 1915 a 1916 eu tinha decidido essa
luta. A vontade tinha finalmente conseguido se impor. Nos primeiros dias, eu
tinha avançado com júbilo e alegria nos lábios; agora me encontrava calmo e
decidido. Assim devia permanecer até o fim. Só agora o destino podia caminhar
para as últimas provas, sem que os meus nervos se rompessem ou a minha razão
falhasse.
O jovem voluntário tinha se
transformado num soldado experimentado.
Essa
transformação tinha se operado no exército inteiro. As lutas constantes o tinham
envelhecido e ao mesmo tempo, enrijado. Os que não puderam resistir à tempestade
foram por ela vencidos. Somente agora é que se poderia julgar esse exército. Só
agora depois de dois a três anos em que uma batalha se seguia a outra, em que
ele combatera contra inimigos superiores em número e em armas, sofrendo fome e
necessidades, só agora é que se podia avaliar o valor desse exército, único no
mundo.
Durante milhares de anos ninguém poderá
falarem heroísmo sem se lembrar do exército alemão na guerra mundial. Só então,
do véu do passado, a fronte de aço do capacete cinzento, firme e inabalável,
aparecerá como monumento imortal. Enquanto houver alemães na face da terra, eles
terão de se lembrar que aqueles homens eram dignos filhos da
Pátria.
Eu era soldado naquela ocasião e não
queria me meter em política. A época na verdade não era para isso. Até hoje sou
da opinião que o último cocheiro prestou ao país serviços maiores do que o
primeiro, digamos assim, "parlamentar". Nunca odiei tanto estes palradores como
no tempo em que cada indivíduo decidido que tinha alguma coisa a dizer, ou
berrava-a na cara de seus inimigos ou então calava-se oportunamente e cumpria
silenciosamente o seu dever, fosse onde fosse. De fato, naquela época, eu odiava
esses "políticos", e se fosse por mim, teria mandado formar imediatamente um
batalhão parlamentar de sapadores. Só assim eles poderiam, inteiramente à
vontade, expandir entre si a sua verborragia, sem incomodar ou prejudicar o
resto da humanidade honesta e decente.
Naquela
época eu não queria saber de política; entretanto não tinha outro remédio senão
tomar partido em certos acontecimentos que diziam respeito à nação inteira,
sobretudo a nós soldados.
Havia duas coisas que
então me aborreciam intimamente e eram por mim consideradas prejudiciais à causa
da nação.
Logo após as primeiras notícias de
vitórias, uma certa imprensa começou a deixar cair sobre o entusiasmo geral
algumas gotas de entorpecente, e isso devagar e desapercebidamente para muitos.
Agia, essa mesma imprensa, sob a máscara de boa vontade, de boas intenções e até
mesmo de zelo pela sorte do soldado. Receava-se um excesso no festejar das
vitórias. Além disso, havia o pensamento de que essa forma de celebrar os
triunfos militares não era digna de uma grande nação. Achava-se que a bravura e
o heroísmo do soldado alemão deveriam ser naturais, sem espetaculosidades. Os
alemães não se deviam deixar empolgar por manifestações de contentamento
irrefletidas, que iriam repercutir no estrangeiro, o qual apreciaria a forma
calma e digna de alegria mais do que uma exaltação desmedida, etc. Nós alemães,
acrescentavam, não deveríamos esquecer que a guerra não estava no nosso
programa, e, por isso, não deveríamos nos envergonhar de confessar abertamente
que, em qualquer época, contribuiríamos com o nosso esforço para a
confraternização da humanidade. Não era, pois, conveniente empanar a pureza dos
leitos do exército com uma gritaria demasiado espetaculosa. O resto do mundo
compreenderia muito mal essa maneira de agir. Nada é mais admirado do que a
modéstia com que um verdadeiro herói esquece, silenciosa e calmamente, os seus
maiores feitos.
Em vez de pegar esses camaradas
pelas orelhas, amarrá-los a um poste e puxá-los por uma corda, a fim de que a
nação em festas não mais pudesse ofender a sensibilidade estética de tais
escrevinhadores, começou-se a proceder na realidade contra a maneira
"inadequada" de celebrar as vitórias.
Não se
tinha a mais pálida idéia de que o entusiasmo, uma vez abafado, não mais pode
ser provocado quando se deseja. Ele é uma embriaguez e deve ser mantido nesse
estado. Como, porém, se poderia manter uma luta sem essa força do entusiasmo,
principalmente tratando-se de uma luta que iria pôr à prova, de uma maneira
inédita, as qualidades morais da nação?
Eu
conhecia o bastante sobre a psicologia das grandes massas para saber que com
sentimentalismo estético não se poderia manter aceso esse ardor cívico. No meu
modo de ver, era rematada loucura não atiçar o fogo dessa paixão. O que eu ainda
menos compreendia é que se procurasse destruir o entusiasmo existente. O que me
irritava também era a atitude que se tomava em relação ao marxismo. Para mim
essa atitude era uma prova de que não se tinha a mínima idéia do que fosse essa
calamidade. Acreditava-se seriamente ter reduzido à inação o marxismo, com a
simples declaração de que agora não existiam mais
partidos.
Não se percebia absolutamente que, no
caso, não se tratava de um partido e sim de uma doutrina que tende a destruir a
humanidade inteira. Compreende-se isso, considerando-se que, nas Universidades
sujeitas a influências semíticas, nada se dizia a respeito, e que muitos,
sobretudo nossos altos funcionários, acham, por uma questão de tola pretensão,
inútil o aprender algo que não figure entre as matérias lecionadas nas escolas
superiores. As transformações sociais mais radicais passam despercebidas a essas
cabeças ocas, razão pela qual as instituições do governo são em muito inferiores
às instituições particulares. Àquelas calha bem o provérbio: "O que o camponês
não conhece, não come". Algumas poucas exceções só servem para confirmar a
regra.
Foi tolice rematada identificar o
trabalhador alemão com o marxismo, nos dias de agosto de 1914. O trabalhador
alemão tinha-se livrado, justamente naquela época, desse veneno. Se assim não
fosse, ele nunca teria se apresentado para a guerra. Pensou-se estupidamente que
o marxismo tinha-se tornado "nacional". Essa suposição só serve para mostrar
que, nesses longos anos, nenhum dos dirigentes do Estado se tinha dado ao
trabalho de estudar a essência dessa doutrina, pois, se assim fosse,
dificilmente se teria propalado semelhante
tolice.
O marxismo, cuja finalidade última é e
será sempre a destruição de todas as nacionalidades não judaicas, teve de
verificar com espanto que, nos dias de julho de 1914, os trabalhadores alemães,
já por eles conquistados, despertaram, e cada dia com mais ardor se apresentavam
ao serviço da pátria. Em poucos dias, estava destruída a mistificação desses
embusteiros infames dos povos. Solitária e abandonada, encontrava-se essa corja
de agitadores judeus, como se não restasse mais um traço das loucuras
inculcadas, durante mais de 60 anos, ao operariado alemão. Foi um mau momento
para esses mistificadores. Logo que tais agitadores perceberam o grande perigo
que os ameaçava, em conseqüência de suas constantes mentiras, disfarçaram-se e
trataram de fingir que acompanhavam o entusiasmo
nacional.
Tinha chegado agora o momento
oportuno de proceder contra a traiçoeira camarilha de envenenadores do povo.
Dever-se-ia ter agido sumariamente, sem consideração para com as lamentações que
provavelmente se desencadeariam. Em agosto de 1914 tinham desaparecido, como por
encanto, as idéias ocas de solidariedade internacional e, no lugar delas, já
poucas semanas depois, choviam, sobre os capacetes das colunas em marcha, as
bênçãos fraternais dos shrapnell americanos. Teria sido dever de um governo
cuidadoso exterminar sem piedade os destruidores do nacionalismo, uma vez que os
operários alemães se tinham integrado de novo na
Pátria.
Em um tempo em que os melhores
elementos da nação morriam no front, os que ficaram em casa, entregues aos seus
trabalhos, deviam ter livrado a nação dessa piolharia
comunista.
Ao invés disso, sua Majestade o
Kaiser estendia a mão a esses conhecidos criminosos, dando, assim, oportunidade
a esses pérfidos assassinos da nação de voltarem a si e de recuperarem o tempo
perdido.
A víbora podia, pois, recomeçar o seu
trabalho, com mais cautela do que antes, porém de maneira mais perigosa.
Enquanto os honestos sonhavam com a paz, os criminosos traidores organizavam a
revolução.
Senti-me intimamente desgostoso com
essas meias medidas. O que eu nunca poderia imaginar, porém, era que o fim fosse
tão horroroso.
Que se deveria fazer? Pôr os
dirigentes do movimento nos cárceres, processá-los e deles livrar a nação.
Ter-se ia de empregar com a máxima energia todos os meios de ação militar, a fim
de destruir essa praga. Os partidos teriam de ser dissolvidos, o Reichstag teria
de ser chamado à. razão pela força convincente das baionetas. O melhor até teria
sido dissolvê-lo. Assim como a República, hoje, tem meios de dissolver os
partidos, naquela época, com mais razão, devia-se ter apelado para tal recurso,
pois se tratava de uma questão de vida ou de morte de toda uma
nação.
É verdade que nesses momentos surge
sempre a pergunta: Será. possível destruir idéias a ferro e a fogo? Será
possível combater concepções universais empregando a força
bruta?
Já naquele tempo, por mais de uma vez,
me fiz a mim mesmo essas perguntas. Meditando sobre casos análogos,
principalmente sobre aqueles casos da história universal que se baseiam em
fundamentos religiosos, chega-se à seguinte conclusão
básica:
As idéias, assim como os movimentos que
têm uma determinada base espiritual, seja ela certa ou errada, só podem, depois
de ter atingido um certo período de sua evolução, ser destruídos por processos
técnicos de violência, quando essas armas são elas mesmas portadoras de um novo
pensamento flamejante, de uma idéia, de um princípio
universal.
O emprego exclusivo da violência,
sem o estímulo de um ideal preestabelecido, não pode jamais conduzir à
destruição de uma idéia ou evitar a sua propagação, exceto se essa violência
tomar a forma de exterminação irredutível do último dos adeptos do novo credo e
da sua própria tradição. Isto significa, entretanto, na maioria dos casos, a
segregação de um tal organismo político do círculo das atividades, às vezes por
tempo indefinido e até para sempre. A experiência tem mostrado que um tal
sacrifício de sangue atinge em cheio a parte mais valiosa da nacionalidade, pois
toda perseguição que tem lugar sem prévia preparação espiritual, revela-se como
moralmente injustificada, provocando protestos veementes dos mais eficientes
elementos do povo, protesto esse que redunda geralmente em adesão ao movimento
perseguido. Muitos assim procedem por um sentimento de repulsa a todo combate a
idéias, pela força bruta.
O número dos adeptos
cresce então proporcionalmente à intensidade da perseguição. Entretanto, o
extermínio sem tréguas da nova doutrina só poderá ser possível à custa de grande
e crescente dizimação dos que a aceitam, dizimação que, em última análise,
conduzirá o povo ou o governo ao depauperamento. Tal processo será, desde o
princípio, inútil, quando a doutrina a ser combatida já tenha ultrapassado certo
círculo restrito.
É por isso que aqui, como em
todo processo de crescimento, o período da infância é o que está mais exposto à
destruição, enquanto que, com o correr dos anos, a força de resistência aumenta,
para só ceder lugar à nova infância com a aproximação da fraqueza senil, se bem
que sob outra forma e por outros motivos.
De
fato, quase todas as tentativas de, por meio da força, e sem base espiritual,
destruir uma doutrina, conduzem ao insucesso e não raras vezes ao contrário do
desejado, e isso pelos seguintes motivos:
A
primeira de todas as condições para uma luta pela força bruta é a persistência.
Isto quer dizer que só há possibilidade de êxito no combate a uma doutrina
quando se empregam métodos de repressão uniformes e sem solução de continuidade.
Fazendo-se, entretanto, indecisamente, alternar a força com a tolerância,
acontecerá que, não só a doutrina a ser destruída conseguirá fortificar-se mas
também ela ficará em situação de tirar novas vantagens de cada perseguição, pois
que, passada a primeira onda de compressão, a indignação pelo sofrimento lhe
trará novos adeptos, enquanto que os já existentes se conservarão cada vez mais
fiéis. Mesmo aqueles que tinham abandonado as fileiras, passado o perigo,
voltarão a elas. A condição essencial do sucesso é a aplicação constante da
força. A continuidade é, porém, sempre o resultado de uma convicção espiritual
determinada. Toda força que não provém de uma firme base espiritual torna-se
indecisa e vaga. A ela faltará a estabilidade que só poderá repousar em certo
fanatismo. Emana da energia e decisão bruta de um indivíduo. Está, porém,
sujeita a modificações de acordo com as personalidades que a aceitam, isto é,
com a força e o modo de ser de cada um.
Além
disso, há a considerar outra coisa: toda concepção universal, seja ela religiosa
ou política - às vezes é difícil estabelecer a linha divisória - luta menos pela
destruição negativa do mundo de idéias contrário do que pela vitória positiva de
suas próprias idéias. A luta consiste assim, menos na defensiva, do que na
ofensiva. Entretanto, ela ainda leva uma vantagem, pois tem o seu objetivo
determinado, isto é a vitória da própria idéia, enquanto que, inversamente, é
difícil determinar quando está atingido o fim negativo da destruição da doutrina
inimiga. Aqui também a decisão pertence ao ataque e não à defesa. A luta contra
uma força espiritual por meios violentos só é uma defesa enquanto as armas não
são elas mesmas portadoras e disseminadoras de uma nova
doutrina.
Resumindo, pode-se estabelecer o
seguinte: Toda tentativa de combater pelas armas um princípio universal tem de
ser mal sucedida, enquanto a luta não tomar rigorosamente forma de ofensiva por
novas idéias. É somente na luta de dois princípios universais que a força bruta,
empregada, persistente e decididamente, pode provocar a decisão favorável ao
lado por ela sustentado. Por isso é que até então tinha fracassado a luta contra
o marxismo.
Este foi o motivo pelo qual a
legislação socialista de Bismarck acabou falhando e tinha de falhar. Faltou a
plataforma de uma nova doutrina universal por cuja vitória se deveria ter
lutado. De fato, estimular uma luta de vida e morte com expressões vazias, tais
como "autoridade do Estado", "paz e ordem", é algo que só poderia mesmo ocorrer
a altos funcionários de secretaria, sabidamente ocos de idéias. Faltando, como
faltou, nessa luta, uma verdadeira base espiritual, teve Bismarck de contar, a
fim de poder introduzir a sua legislação socialista, com uma instituição que
nada mais era do que um aborto do
comunismo.
Confiando o destino de sua guerra ao
marxismo à complacência da democracia burguesa, o chanceler de ferro queria
fazer da ovelha, lobo.
Entretanto, tudo isso
era a conseqüência forçada da falta de um princípio geral básico e de grande
poder conquistador. que fosse oposto ao marxismo. O resultado final da luta de
Bismarck redundou, pois, numa grande
desilusão.
Eram, porém, as condições, durante a
guerra, ou mesmo no seu começo, diferentes? Infelizmente,
não.
Quanto mais eu me preocupava com a idéia
de uma modificação de atitude do governo com relação à social-democracia -
partido esse que no momento, representava o marxismo - tanto mais eu reconhecia
a falta de um sucedâneo para essa doutrina.
Que
se ia oferecer às massas, na hipótese da queda da social-democracia? Não havia
um movimento ao qual fosse lícito esperar que pudesse atrair as massas de
operários, nesse momento, mais ou menos, sem guias. Seria rematada ingenuidade
imaginar que o fanático internacional, que já havia abandonado o partido de
classe, se decidisse a entrar num partido burguês, portanto em uma nova
organização de classe. Isso é inegável, embora não seja do agrado das várias
organizações que parece acharem muito natural uma cisão de classes, até o
momento em que essa cisão não comece a lhes ser desfavorável sob o ponto de
vista político. A contestação desse tato só serve para provar a insolência e a
estupidez dos mentirosos.
De um modo geral, é
um erro julgar que a grande massa seja mais tola do que parece. Em política não
é raro o sentimento decidir mais acertadamente do que a
razão.
A alegação de que a massa erra,
deixando-se levar pelo sentimento,
alegação que
se procura evidenciar com a sua ingênua atitude na política internacional -
pode-se rebater vigorosamente observando-se o fato de não ser menos insensata a
democracia pacifista, cujos lideres, no entanto, provêm exclusivamente da
burguesia.
Enquanto milhões de cidadãos rendem
culto, todas as manhãs, à sua imprensa democrática, ficará muito mal a estes
senhores rirem das tolices do companheiro que, no final das contas, engole as
mesmas asneiras, se bem que com outra encenação. Nos dois casos, o fabricante
desses raciocínios é sempre judeu.
Deve-se,
portanto, evitar a negação de fatos que existem na realidade. O fato de que há
uma questão de classe (não se trata exclusivamente de problemas ideais, conforme
se costuma fazer crer, sobretudo em épocas de eleições) não pode ser contestado.
O sentimento de classe de grande parte de nosso povo, bem como o menosprezo do
trabalhador manual, é um fenômeno que não provém da fantasia de um
lunático.
Não obstante, ele mostra a pequena
capacidade de raciocínio dos nossos chamados intelectuais, quando, justamente
nesses círculos, não se compreende que um estado de coisas, o qual não pode
evitar o desenvolvimento de uma calamidade como o marxismo, agora não está mais
em condições de reconquistar o perdido.
Os
partidos "burgueses", como eles mesmos se denominam, não poderão jamais contar
com o apoio das massas proletárias, pois aqui temos dois mundos antagônicos, em
parte naturalmente, em parte artificialmente cindidos, e cuja atitude recíproca
só pode ser a de luta. O vencedor neste caso só poderia ser o mais jovem, e esse
seria o marxismo.
De fato, em 1914, seria
possível imaginar uma luta contra a social-democracia. Agora, predizer o tempo
da duração deste embate seria duvidoso, uma vez que faltava um sucedâneo prático
para ela.
Aqui havia uma grande
lacuna.
Eu possuía essa opinião já muito antes
da Guerra e, por isso, nunca pude me decidir a me aproximar de um dos partidos
existentes. No correr dos acontecimentos da guerra mundial tive essa minha
opinião reforçada pela impossibilidade visível de começar a luta sem tréguas
contra a social-democracia, já que faltava um movimento que fosse mais do que um
partido "parlamentar>. Muitas vezes me externei a esse respeito com os meus
camaradas mais íntimos. Apareceram-me então as primeiras idéias de, mais tarde,
tomar parte na política.
Justamente foi esse o
motivo que fez com que eu muitas vezes comunicasse ao pequeno círculo de meus
amigos a minha intenção de, passada a Guerra, combinar o meu trabalho
profissional com a atividade política, como
orador.
Creio que isso estava resolvido, no meu
espirito, com toda a seriedade.
CAPÍTULO VI - A PROPAGANDA DA
GUERRA
Observador cuidadoso dos
acontecimentos políticos, sempre me interessou vivamente a maneira por que se
fazia a propaganda da guerra. Eu via nessa propaganda um instrumento manejado,
com grande habilidade, justamente pelas organizações sociais comunistas.
Compreendi, desde logo, que a aplicação adequada de uma propaganda é uma
verdadeira arte, quase que inteiramente desconhecida dos partidos burgueses.
somente o movimento cristão social, sobretudo na época de Lueger, aplicou este
instrumento com grande eficiência e a isso se devem muitos dos seus
triunfos.
A que resultados formidáveis uma
propaganda adequada pode conduzir, a guerra já nos tinha mostrado. Infelizmente
tudo tinha de ser aprendido com o inimigo, pois a atividade, do nosso lado,
nesse sentido, foi mais do que modesta. Justamente o insucesso total do plano de
esclarecimento do povo do lado alemão, foi para mim um motivo para me ocupar
mais particularmente da questão de
propaganda.
Não nos faltava oportunidade para
pensar sobre essa questão. Infelizmente as lições práticas eram fornecidas pelo
inimigo e custaram-nos caro. O adversário aproveitou, com inaudita habilidade e
cálculo verdadeiramente genial, aquilo de que nos havíamos descuidado. Aprendi
imensamente nessa propaganda de guerra feita pelo inimigo. Aqueles que da mesma
se deviam ter servido, como lição eficiente, deixaram-na passar despercebida;
julgavam-se espertos demais para aprender dos outros. Por outro lado, não havia
vontade honesta para tal.
Haveria entre nós uma
propaganda?
Infelizmente, só posso responder
pela negativa. Tudo o que, na realidade, foi tentado nesse sentido era tão
inadequado e errôneo, desde o princípio, que em nada adiantava. Às vezes era até
prejudicial. Examinando atentamente o resultado da propaganda de guerra alemã,
chegava-se à conclusão de que ela era insuficiente na forma e psicologicamente
errada, na essência.
Começava-se por não se
saber claramente se a propaganda era um meio ou um
fim.
Ela é um meio e, como tal, deve ser
julgada do ponto de vista da sua finalidade. A forma a tomar deve consentir no
meio mais prático de chegar ao fim que se colima. É também claro que a
importância do objetivo que se tem em vista pode se apresentar sob vários
aspectos, tendo-se em vista o interesses social, e que, portanto, a propaganda
pode variar no seu valor intrínseco. A finalidade pela qual se lutava durante a
guerra era a mais elevada e formidável que se pode imaginar. Tratava-se da
liberdade e da independência de nosso povo, da garantia da vida, do futuro e, em
uma palavra, da honra da nação. Estávamos em face de uma questão que, não
obstante opiniões divergentes de muitos, ainda existe ou melhor deve existir,
pois os povos sem honra costumam perder a liberdade e a independência, mais
tarde ou mais cedo. Isso, por sua vez, corresponde a uma justiça mais elevada,
pois gerações de vagabundos sem honra não merecem a liberdade. Aquele, porém,
que quiser ser escravo covarde não deve ter o sentimento de honra, pois, do
contrário, esta cairia muito rapidamente no desprezo
geral.
O povo alemão lutava por sua existência
e o fim da propaganda da guerra devia ser o de apoiar essa luta. Levá-la à
vitória, eis o seu objetivo.
Quando, porém, os
povos lutam neste planeta por sua existência, quando se trata de uma questão de
ser ou não ser, caem por terra todas as considerações de humanidade ou de
estética, pois todas essas idéias não estão no ambiente, mas originam-se na
fantasia dos homens e a ela estão presas. Com a sua partida desse mundo
desaparecem também essas idéias, pois a natureza não as conhece. Mesmo entre os
homens, elas só são próprias a alguns povos ou melhor a certas raças, na medida
que elas provém do sentimento desses mesmos povos ou raças. O sentimento
humanitário e estético desapareceria, até mesmo de um mundo habitado, uma vez
que este perdesse as raças criadoras e portadoras dessa
idéia.
Todas essas idéias têm uma significação
secundária na luta de um povo pela sua existência, chegam mesmo a desaparecer,
uma vez que possam contrariar o seu instinto de
conservação.
Quanto à questão do sentimento de
humanidade já Moltke afirmava que ele residia no processo sumário da guerra, e
que, portanto, a maneira mais incisiva de combate, é a que conduz a esse
fim.
Aqueles que procuram argumentar nesses
assuntos com palavras, tais como estética, etc., pode-se responder da seguinte
maneira: As questões vitais da importância da luta pela vida de um povo anulam
todas as considerações de ordem estética. A maior fealdade na vida humana é e
será. sempre o jugo da escravidão. Será possível que esses decadentes considerem
"estética" a sorte atual do povo alemão? É verdade que, com os judeus, que são
os inventores modernos dessa cultura perfumada, não se deve discutir sobre esses
assuntos. Toda a sua existência é um protesto vivo contra a estética da imagem
do Criador.
Se, na luta, esses pontos de
humanidade e beleza são excluídos, eles também não poderão servir de orientação
para a propaganda.
A propaganda durante a
guerra era um meio para um determinado fim, e esse fim era a luta pela
existência do povo alemão. Portanto, a propaganda só poderia ser encarada sob o
ponto de vista de princípios conducentes àquele
objetivo.
As armas mais terríveis seriam
humanas, desde que conduzissem a vitória mais rapidamente. Belos seriam somente
os métodos que ajudassem a assegurar a dignidade à Nação: a dignidade da
liberdade. Essa era a única atitude possível na questão da propaganda de guerra,
numa luta de vida e de morte.
Fossem esses
pontos conhecidos daqueles que os deviam conhecer, nunca se teriam verificado
vacilações quanto à forma e aplicação dessa arma verdadeiramente terrível na mão
de um conhecedor.
A segunda questão de
importância decisiva era a seguinte: a quem se deve dirigir a propaganda, aos
intelectuais ou à massa menos culta? A. propaganda sempre terá de ser dirigida à
massa!
Para os intelectuais, ou para aqueles
que, hoje, infelizmente assim se consideram, não se deve tratar de propaganda e
sim de instrução científica. A propaganda, porém, por si mesma, é tão pouco
ciência quanto um cartaz é arte, considerado pelo seu lado de apresentação. A
arte de um cartaz consiste na capacidade de seu autor de, por meio da forma e
das cores, chamar a atenção da massa. O cartaz de uma exposição de arte só tem
em vista chamar a atenção sobre a arte da exposição; quanto mais ele consegue
esse desideratum tanto maior é a arte do dito cartaz. Além disso, o cartaz deve
transmitir à massa uma idéia da importância da exposição, nunca, porém, deverá
ser um sucedâneo da arte que se procura oferecer. Assim, quem desejar se ocupar
da arte mesma, terá de estudar mais do que o próprio cartaz, e não lhe bastará
por exemplo, um simples passeio pela exposição. Dele se espera que se aprofunde
nas várias obras, observando-as com todo cuidado, acabando por fazer delas um
juízo justo.
Semelhantes são as condições do
que hoje designamos pela palavra propaganda.
O
fim da propaganda não é a educação científica de cada um, e sim chamar a atenção
da massa sobre determinados fatos, necessidades, etc., cuja importância só assim
cai no círculo visual da massa.
A arte está
exclusivamente em fazer isso de uma maneira tão perfeita que provoque a
convicção da realidade de um fato, da necessidade de um processo, e da justeza
de algo necessário, etc. Como ela não é e não pode ser uma necessidade em si,
como a sua finalidade, assim como no caso do cartaz, é a de despertar a atenção
da massa e não ensinar aos cultos ou àqueles que procuram cultivar seu espírito,
a sua ação deve ser cada vez mais dirigida para o sentimento e só muito
condicionalmente para a chamada razão.
Toda
propaganda deve ser popular e estabelecer o seu nível espiritual de acordo com a
capacidade de compreensão do mais ignorante dentre aqueles a quem ela pretende
se dirigir. Assim a sua elevação espiritual deverá ser mantida tanto mais baixa
quanto maior for a massa humana que ela deverá abranger. Tratando-se, como no
caso da propaganda da manutenção de uma guerra, de atrair ao seu círculo de
atividade um povo inteiro, deve se proceder com o máximo cuidado, a fim de
evitar concepções intelectuais demasiadamente
elevadas.
Quanto mais modesto for o seu lastro
científico e quanto mais ela levar em consideração o sentimento da massa, tanto
maior será o sucesso. Este, porém, é a melhor prova da justeza ou erro de uma
propaganda, e não a satisfação às exigências de alguns sábios ou jovens estetas.
A arte da propaganda reside justamente na compreensão da mentalidade e dos
sentimentos da grande massa. Ela encontra, por forma psicologicamente certa, o
caminho para a atenção e para o coração do povo. Que os nossos sabidos não
compreendam isso, a causa está na sua preguiça mental ou no seu orgulho.
Compreendendo-se, a necessidade da conquista da - grande massa, pela propaganda,
segue-se daí a seguinte doutrina: É errado querer dar à propaganda a variedade,
por exemplo, do ensino científico.
A capacidade
de compreensão do povo é muito limitada, mas, em compensação, a capacidade de
esquecer é grande. Assim sendo, a propaganda deve-se restringir a poucos pontos.
E esses deverão ser valorizados como estribilhos, até que o último indivíduo
consiga saber exatamente o que representa esse estribilho. Sacrificando esse
princípio em favor da variedade, provoca-se uma atividade dispersiva, pois a
multidão não consegue nem digerir nem guardar o assunto tratado. O resultado é
uma diminuição de eficiência e consequentemente o esquecimento por parte das
massas.
Quanto mais importante for o objetivo a
conseguir-se, tanto mais certa, psicologicamente, deve ser a tática a
empregar.
Por exemplo, foi um erro fundamental
querer tornar o inimigo ridículo, como o fizeram os jornais humorísticos
austríacos e alemães.
Este sistema é
profundamente errado, pois o soldado, quando caia na realidade, fazia do inimigo
uma idéia totalmente diferente, o que, como era de esperar, acarretou graves
conseqüências. Sob a impressão imediata da resistência do inimigo, o soldado
alemão sentia-se ludibriado por aqueles que o tinham orientado até então, e, em
vez de um aumento de sua combatividade ou mesmo resistência, dava-se o oposto. O
homem desanimava.
Em contraposição, a
propaganda de guerra dos americanos e ingleses era psicologicamente acertada.
Apresentando ao povo os alemães como bárbaros e Hunos, ela preparava o espírito
dos seus soldados para os horrores da guerra, ajudando assim a preservá-los de
decepções. A mais terrível arma que fosse empregada contra ele, parecer-lhe-ia
mais uma confiança no que lhe tinham dito e aumentaria a crença na 'Veracidade
das afirmações de seu governo como também, por outro lado, servia para fazer
crescer o ódio contra o inimigo infame. O cruel efeito da arma do adversário que
ele começava a conhecer parecia-lhe aos poucos uma prova da brutalidade feroz do
inimigo "bárbaro" de que ele já tinha ouvido falar, sem que, por um segundo,
tivesse sido levado a pensar que as suas próprias armas fossem, muito
provavelmente, de ação mais terrível.
Assim é
que, sobretudo o soldado inglês, nunca se sentiu mal informado pelos seus, o que
infelizmente se dava com o soldado alemão, Este chegava a rejeitar as noticias
oficiais como falsas, como verdadeiro
embuste.
Tudo isso era a conseqüência de se
entregar esse serviço de propaganda ao primeiro asno que se encontrava, em vez
de compreender que para este serviço é necessário um profundo conhecedor da alma
humana.
A propaganda de guerra alemã serviu de
exemplo inexcedível em efeitos negativos, em virtude da falta absoluta de
raciocínio psicologicamente certo.
Muito se
poderia ter aprendido do inimigo, sobretudo aquele que, de olhos abertos e com o
sentido alerta, observasse a onda da propaganda inimiga durante os quatro anos e
meio de guerra.
O que menos se compreendia era
a condição primeira de toda atividade propagandista, a saber: a atitude
fundamentalmente subjetiva e unilateral que a mesma deve assumir em relação ao
objetivo visado. Neste terreno cometeram se erros tão grandes, logo no começo da
guerra, que se tinha o direito de duvidar se tanta asneira podia ser atribuída
só à pura ignorância.
Que se diria, por
exemplo, de um cartaz anunciando um novo sabão e que, no entanto, aponta como
"bons" outros sabões? A única coisa a fazer diante disso seria levantar os
ombros, e passar.
O mesmo se dá em relação à
propaganda política.
Foi um erro fundamental,
nas discussões sobre a culpabilidade da guerra, admitir que a Alemanha não podia
sozinha ser responsabilizada pelo desencadeamento dessa catástrofe. Deveria
ter-se incessantemente atribuído a culpa ao adversário, mesmo que esse fato não
tivesse correspondido exatamente à marcha dos acontecimentos, como na realidade
era o caso. Qual, porém, foi a conseqüência dessa
indecisão?
A grande massa de um povo não se
compõe de diplomatas ou só de professores oficiais de Direito, mesmo de pessoas
capazes de ajudar com acerto, e sim de criaturas propensas à dívida e às
incertezas. Quando se verifica, em uma propaganda em causa própria, o menor
indício de reconhecer um direito à parte oposta, cria-se imediatamente a dúvida
quanto ao direito próprio. A massa não está em condições de distinguir onde
acaba a injustiça estranha e onde começa a sua justiça própria. Ela, num caso
como esse, torna-se indecisa e desconfiada, sobretudo quando o adversário não
comete a mesma tolice, mas, ao contrário, lança toda e qualquer culpa sobre o
inimigo. Nada mais natural, pois que, finalmente, o povo acabe acreditando mais
na propaganda inimiga do que na própria, dada a uniformidade coerência desta.
Esse efeito é, então, inevitável quando se trata de um povo como o alemão que já
por si sofre de tão grande mania de objetivismo, e está sempre preocupado em
evitar injustiças ao inimigo, mesmo ante o perigo do seu próprio
aniquilamento.
A massa não chega a compreender
que não é assim que se imaginam essas coisas nos postos de
comando.
O povo, na sua grande maioria, é de
índole feminina tão acentuada, que se deixa guiar, no seu modo de pensar e agir,
menos pela reflexão do que pelo
sentimento.
Esses sentimentos, porém, não são
complicados mas simples e consistentes. Neles não há grandes diferenciações. São
ou positivos ou negativos: amor ou ódio, justiça ou injustiça, verdade ou
mentira. Nunca, porém, o meio termo.
Tudo isso
foi compreendido, sobretudo pela propaganda inglesa e por ela aproveitado, de
uma maneira verdadeiramente genial. Lá não havia indecisões que pudessem
provocar dúvidas.
A prova do conhecimento que
tinham os ingleses do primitivismo do sentimento da grande massa foi as
divulgações das crueldades do nosso exército, campanha que se adaptava a esse
estado de espírito do povo.
Essa tática serviu
para assegurar, de maneira absoluta, a resistência no front, mesmo na ocasião
das maiores derrotas. Além disso, persistiu-se na afirmação de que o inimigo
alemão era o único culpado pelo rompimento de hostilidades. Foi essa mentira
repetida e repisada constantemente, propositadamente, com o fito de influir na
grande massa do povo, sempre propensa a extremos. O desideratum foi atingido.
Todos acreditaram nesse embuste.
O quanto foi
eficiente essa maneira de fazer propaganda ficou patenteado claramente no fato
de ter ela conseguido, após quatro anos, não só assegurar a resistência ao
inimigo como começar a influir nocivamente no modo de ver do nosso próprio
povo.
Não é de espantar que à nossa propaganda
estivesse reservado um tal insucesso. Ela trazia a semente da ineficácia na sua
própria dubiedade. Além disso, era pouco provável, a julgar pelo seu conteúdo,
que ela fosse capaz de causar o efeito necessário no seio da multidão
anônima.
Só mesmo os nossos "estadistas" falhos
de espírito poderiam imaginar que, com esse pacifismo anódino e cheirando a flor
de laranja, se conseguisse despertar o entusiasmo de alguém ao ponto de
arrastá-lo ao sacrifício até da vida. Foi, pois, inútil essa miserável tática e
até mesmo perniciosa. Qualquer que seja o talento que se revele na direção de
uma propaganda não se conseguirá sucesso, se não se levar em consideração sempre
e intensamente um postulado fundamental. Ela tem de se contentar com pouco,
porém, esse pouco terá de ser repetido constantemente. A persistência, nesse
caso, é, como em muitos outros deste mundo, a primeira e mais importante
condição para o êxito.
Em assuntos de
propaganda, justamente, é que não se pode ser guiado por estetas, nem por
blasés. Os primeiros dão, pela forma e pela expressão, um tal cunho à propaganda
que, dentro em pouco, ela só tem poder de atração nos círculos literários; os
segundos devem ser cuidadosamente evitados, pois a sua falta de sensibilidade
faz com que procurem constantemente novos atrativos. Essas criaturas de tudo se
fartam com facilidade; o que eles desejam é variedade e são incapazes de uma
compreensão das necessidades de seus concidadãos ainda não contaminados pelo seu
pessimismo. Eles são sempre os primeiros críticos da propaganda, ou, melhor, de
seu conteúdo, o qual lhes parece demasiado arcaico, demasiado batido, etc. Só
querem novidades, só procuram variedade e tornam-se dessa maneira inimigos
mortais de uma conquista eficiente das massas sob o ponto de vista político.
Logo que uma propaganda, na sua organização e no seu conteúdo, começa a se
dirigir pelas necessidades deles, perde toda a unidade e se dispersa
inteiramente.
A propaganda, entretanto, não foi
criada para fornecer a esses senhores blasés uma distração interessante e sim
para convencer a massa. Esta, porém, necessita - sendo como é de difícil
compreensão - de um determinado período de tempo, antes mesmo de estar disposta
a tomar conhecimento de um fato, e, somente depois de repetidos milhares de
vezes os mais simples conceitos, é que sua memória entrará em
funcionamento.
Qualquer digressão que se faça
não deve nunca modificar o sentido do fim visado pela propaganda, que deve
acabar sempre afirmando a mesma coisa. O estribilho pode assim ser iluminado por
vários lados, porém o fim de todos os raciocínios deve sempre visar o mesmo
estribilho. Só assim a propaganda poderá agir de uma maneira uniforme e
decisiva.
Só a linha mestra, que nunca deve ser
abandonada, é capaz de, guardando a acentuação uniforme e coerente, fazer
amadurecer o sucesso final. Só então poder-se-á, com espanto, constatar que
formidáveis e quase incompreensíveis resultados tal persistência é capaz de
produzir.
Todo anúncio, seja ele feito no
terreno dos negócios ou da política, tem o seu sucesso assegurado na constância
e continuidade de sua aplicação.
Também aqui
foi modelar o exemplo da propaganda de guerra inimiga, restrita a poucos pontos
de vista, exclusivamente destinada à massa e levada avante com tenacidade
incansável.
Durante toda a guerra empregaram-se
os princípios fundamentais reconhecidos certos, assim como as formas de
execução, sem que se tivesse nunca tentado a menor modificação. No princípio
essa tática parecia louca no atrevimento de suas afirmações. Tornou-se mais
tarde desagradável, e finalmente acreditada. Quatro e meio anos após, estalou na
Alemanha uma revolução cujo leit-motiv provinha da propaganda de guerra
inimiga.
Na Inglaterra, entretanto,
compreendeu-se mais uma coisa, a saber:
Essa
arma espiritual só tem o seu sucesso garantido na aplicação às massas e esse
sucesso cobre regiamente todas as despesas.
Lá,
a propaganda valia como arma de primeira ordem, enquanto que entre nós era
considerada o último ganha-pão dos políticos desocupados, e fornecia pequenas
ocupações para heróis modestos.
O seu sucesso
era, pois, de modo geral, igual a zero.
CAPÍTULO VII - A REVOLUÇÃO
A
propaganda inimiga tinha começado entre nós, no ano de 1915; desde 1916
tornou-se cada vez mais intensa, para finalmente se transformar, no começo de
1918, numa onda avassaladora. Podia se. então, a cada passo, reconhecer os
efeitos desta conquista de almas. O exército alemão aprendia aos poucos a pensar
conforme o inimigo desejava.
A nossa reação, no
entanto, falhava inteiramente.
Entre os
dirigentes responsáveis pela direção do exército, havia a intenção de aceitar a
luta também para esse desideratum. Sob o ponto de vista psicológico, cometeu-se
um erro, deixando que esses esclarecimentos se processassem no seio da própria
tropa. Para ser eficiente elas deveriam ter vindo da nação. Só então poder-se-ia
contar com o seu sucesso, entre homens que há quatro anos escreviam para a
história de sua Pátria páginas imorredouras, de inigualáveis feitos heróicos,
alcançados no meio das maiores dificuldades e
privações.
No entanto, o que, da Pátria,
chegava às linhas da frente?
Era isso estupidez
ou crime?
Em pleno verão de 1918, após a
evacuação da margem sul do Mama, a imprensa, sobretudo, a imprensa alemã se
portava de modo tão miseravelmente inábil, mesmo criminosamente imbecil, que,
diariamente, a par do ódio crescente, ocorria-me perguntar se, na realidade, não
haveria mesmo ninguém capaz de pôr um fim a esse desperdício do heroísmo do
exército.
Que aconteceu em França quando, em
1914, de vitória em vitória, varríamos o solo
francês?
Que fez a Itália nos dias da derrocada
de seu front do Isonzo? Que fez a França na primavera de 1918, quando o ataque
das divisões alemãs parecia abalar as suas posições nos seus fundamentos e
quando as baterias de longo alcance começaram a fazer sentir os seus efeitos em
Paris? Como lá se soube tirar partido da paixão nacional levada ao paroxismo,
lançada em rosto aos regimentos em retirada desabalada! Como trabalhou a
propaganda na influenciação da massa, no sentido de inculcar a fé na vitória
final no coração dos soldados dos fronts
rompidos!
Que aconteceu entre
nós?
Nada ou pior do que
isso.
Naquela ocasião subiam-me à cabeça a
raiva e a indignação quando, ao ler os jornais, tinha de analisar, sob o ponto
de vista psicológico, aquela matança em
massa.
Mais de uma vez me atormentou a idéia de
que, se a Providência me tivesse colocado no lugar desses ignorantões ou mal
intencionados incompetentes ou criminosos de nosso serviço de propaganda, talvez
outro tivesse sido o desfecho da luta.
Senti,
pela primeira vez, nesses meses, a maldade da sorte que me mantinha no front, ao
alcance do tiro de qualquer negro, enquanto, no seio da Pátria, eu poderia
prestar serviços mais eficientes.
Já naquela
ocasião, tinha bastante confiança em mim mesmo para acreditar que teria levado a
cabo tal empresa.
Eu não passava, porém, de um
desconhecido, um entre oito milhões! Assim sendo, o melhor era calar a boca e
tratar de cumprir, na posição em que estava, o meu dever, da melhor
maneira.
No verão de 1915. caíram em nossas
mãos os primeiros boletins inimigos.
Seu
conteúdo era quase sempre o mesmo, se bem que com algumas variantes na forma da
exposição. Todos afirmavam que a miséria na Alemanha aumentaria cada vez mais;
que a duração da guerra seria infinita, que as probabilidades de vitória seriam
cada vez menores, que o povo em casa cada vez mais desejava a paz, que só o
"militarismo" e o "Kaiser" queriam a continuação da guerra; que o mundo inteiro
- que bem sabia disso - não fazia a guerra ao povo alemão e sim exclusivamente
ao único culpado que era o Kaiser, que a luta não teria fim antes do afastamento
desse inimigo da humanidade pacífica; que as nações liberais e democráticas
aceitariam a Alemanha, uma vez acabada a guerra, na liga eterna da paz mundial,
aceitação essa que seria garantida, desde o momento em que estivesse aniquilado
o "militarismo prussiano", etc., etc.
Para
melhor ilustrar o exposto não raras vezes eram então transcritas "cartas de
casa", isto é, das famílias dos soldados, cujo conteúdo parecia apoiar essas
afirmações.
No primeiro momento, os soldados,
na sua maioria, levavam na troça essas tentativas do inimigo. Os boletins eram
lidos, em seguida enviados para a retaguarda aos estados-maiores e, na maioria
dos casos, olvidados até que o vento trouxesse novo carregamento para dentro das
trincheiras. Geralmente eram aeroplanos que distribuíam esses
boletins.
Nesse processo de propaganda,
evidenciava-se, à primeira vista, o fato de atacarem com veemência a Prússia,
justamente nos setores do front, onde havia bávaros. Asseverava-se que a Prússia
era o verdadeiro culpado e responsável pela guerra e que, por outro lado, não
havia, especialmente contra a Baviera, a menor animosidade. É verdade, diziam,
que nada se podia fazer em seu favor, enquanto ela se encontrasse a serviço do
militarismo prussiano, auxiliando-o a "tirar as castanhas do
fogo".
Esta maneira de persuadir começou na
realidade já em 1915 a produzir certos efeitos. No seio da tropa, a má vontade
contra a Prússia crescia visivelmente, sem que as autoridades tomassem quaisquer
providências. Evidentemente, isso foi mais do que uma simples negligência que
mais cedo ou mais tarde se faria sentir, de maneira terrível, não só contra a
"Prússia" mas também contra o povo alemão, no seio do qual, a Baviera ocupa
lugar de destaque.
Desde o ano de 1916, a
propaganda inimiga começou a alcançar triunfos completos, nesse
sentido.
Além disso, as queixas que se
continham nas cartas das famílias- dos soldados vinham produzindo, há muito, os
seus naturais efeitos. Já não era nem mais necessário que o inimigo as
transmitisse ao front, por meio de boletins, etc. Contra esse estado de coisas
também não se tomaram providências "por parte do governo", salvo algumas
"exortações", psicologicamente asnáticas. O front continuou a ser inundado com
esse veneno fabricado em casa por mulheres ingênuas, as quais, naturalmente, não
suspeitavam que esse era o meio de reforçar ao extremo, no espírito do inimigo,
a confiança na vitória e que assim prolongavam e agradavam os sofrimentos dos
seus parentes em luta nas trincheiras. As cartas levianas das mulheres alemãs
custaram a vida a centenas de milhares de
homens.
Assim, já em 1916, começaram a aparecer
sintomas alarmantes. O front vociferava e mostrava-se descontente com muitas
coisas, e, às vezes, com razão, se
indignava.
Enquanto os soldados, pacientemente
passavam fome nas linhas da frente e os seus parentes sofriam grandes privações
em casa, em outros lugares havia abundância e
dissipação.
Mesmo no campo da luta, nem tudo, a
esse respeito, se passava, como seria de
esperar.
Assim, já naquela ocasião, murmurava
se contra esse estado de coisas. Essas reclamações não passavam, porém, de
questões "domésticas". O mesmo homem que, pouco antes, tinha vociferado e
resmungado, poucos minutos depois cumpria silenciosamente o seu dever, com a
máxima naturalidade. A mesma companhia, que pouco antes se manifestara
descontente, agarrava-se a um pedaço de trincheira, cuja defesa lhe tinha sido
confiada, como se o destino da Alemanha dependesse exclusivamente desses 100
metros de buracos de lama. Esse era ainda o front do velho e maravilhoso
exército de heróis.
A diferença entre eles e a
Pátria iria eu conhecer em uma mutação
brusca.
Em fins de setembro de 1916, a minha
divisão se deslocou para a batalha do Somme. Essa foi para nós a primeira das.
formidáveis batalhas materiais que se seguiram, e a impressão, difícil de
descrever, era mais de inferno do que de
guerra.
Semanas a fio, sob o furacão do fogo de
barragem resistia o front alemão, às vezes comprimido um pouco para trás, às
vezes avançando de novo, porém nunca
recuando.
A 7 de outubro de 1916 fui
ferido.
Consegui ser levado para a retaguarda e
devia voltar para a Ale. manha em um trem de
ambulância.
Dois anos se haviam passado sobre a
última vez que eu vira a Pátria, período de tempo, quase infinito, em tais
circunstâncias.
Eu mal podia imaginar a
existência de alemães que não estivessem metidos em uniforme. Quando, em
Hermies, no hospital de feridos, quase estremeci de susto ao ouvir a voz de uma
mulher alemã enfermeira que tinha dirigido a palavra a um meu vizinho de
cama.
Ouvir um tal som pela primeira vez após
dois anos!
Quanto mais o trem, que nos devia
conduzir à Pátria, se aproximava da fronteira, tanto mais inquieto cada um se
sentia intimamente. Sucediam-se as localidades pelas quais, há dois anos atrás,
tínhamos passado como jovens soldados:- Bruxelas, Louvam, Liége, e finalmente
acreditamos reconhecer a primeira casa alemã com a sua cumeeira alta e suas
lindas janelas.
A
Pátria!
Era outubro de 1914, ardíamos de
entusiasmo ao atravessar a fronteira; agora reinavam o silêncio e a comoção Cada
um se sentia feliz por ter o destino lhe permitido rever ainda uma vez o solo
pátrio que tivera de defender com sua vida; e quase que se envergonhava de se
sentir observado pelos outros. Quase no dia de completar um ano da minha
partida, fui internado no hospital de Beelitz, perto de
Berlim.
Que mudança! Da lama da batalha do
Somme às camas brancas dessa construção maravilhosa! No princípio quase não
ousávamos nos deitar nesses leitos. Só lentamente poderíamos rios acostumar a
esse novo mundo, tão diferente das trincheiras!
Infelizmente, porém, este
mundo era também novo noutro sentido.
O
espírito do exército no front parecia não encontrar acolhida aqui. Algo, ainda
desconhecido no front, ouvi aqui pela primeira vez:- o elogio da própria
covardia!
Lá fora seria possível maldizer e
ouvir vociferar, porem nunca com a intenção de faltar com o dever ou de
glorificar o covarde. Não! O covarde era sempre considerado covarde e mais nada;
e o desprezo que o atingia era sempre geral, assim como geral era a admiração
que se dedicava ao verdadeiro herói. No hospital, entretanto, dava-se já em
parte o inverso: Os mais deslavados instigadores é que tinham a palavra e
procuravam, com todos os recursos da sua verborragia lamentável, tornar
ridículos os conceitos do soldado decente e proclamar como virtude a falta de
caráter do covarde. Eram sobretudo alguns miseráveis rapazolas que davam o tom.
Um deles se vangloriava de ter ele mesmo passado a mão pelo arame farpado, a fim
de ir para o hospital. Ele parecia, não obstante esse ferimento ridículo, já
estar ali há muito tempo, e que, só por um embuste, tinha vindo num trem de
transporte para a Alemanha. Este sujeito venenoso ia tão longe, a ponto de
colocar a própria covardia num pé de igualdade com a valentia superior ou a
morte heróica de um soldado decente. Muitos ouviam silenciosos, outros se
afastavam, outros, porém, concordavam.
Eu
estava enojado; no entanto o instigador era tolerado no estabelecimento. Que se
devia fazer? A direção devia saber e sabia quem e o que ele era. Entretanto nada
acontecia.
Logo que pude andar de novo,
consegui licença para ir a Berlim.
A miséria
áspera, mais negra, era visível por toda a parte. A cidade de milhões estava
faminta. O descontentamento era grande. Em muitas casas visitadas por soldados,
o tom era semelhante ao do hospital. Tinha-se a impressão de que esses
indivíduos procuravam justamente esses lugares, a fim de espalhar aí o seu modo
de pensar.
Muito e muito pior era, porém, a
situação em Munique! Quando me restabeleci e tive alta do hospital e fui
transferido para o batalhão de reserva pensei não reconhecer mais a cidade.
Descontentamento, desânimo, imprecações por toda a parte. Mesmo no batalhão de
reserva, o moral era abaixo da critica. Para isso contribuía aqui a maneira
grandemente inábil como os antigos oficiais instrutores tratavam os soldados
vindos do front. Eles ainda não tinham estado uma hora sequer no front e, por
esse motivo, sã em parte conseguiam estabelecer relações cordiais com os velhos
soldados Estes possuíam certas particularidades oriundas dos serviços de
campanha, as quais eram inteiramente incompreensíveis para os dirigentes dessas
tropas de reserva e que só o oficial vindo do front poderia compreender. Este
último naturalmente era considerado pelos soldados, doutra maneira que não o era
pelo comandante de etapas". Abstraindo disso tudo, porém, a impressão geral era
péssima. Ser reacionário era considerado sinal de superioridade; a perseverança
no cumprimento do dever tomava-se como fraqueza ou estreiteza de espírito. Os
escritórios estavam repletos de judeus. Quase todo escriturário era judeu e
quase todo judeu era escriturário. Eu ficava abismado ante essa massa de
lutadores do povo eleito e não podia deixar de compará-la com os poucos
representantes no front.
No mundo dos negócios,
pior ainda era o estado de coisas. Nesse ponto, o povo judeu tinha se tornado na
realidade "indispensável". O morcego tinha começado a lentamente chupar o sangue
do povo. Pelos caminhos Indiretos das sociedades de guerra, tinha-se achado uma
maneira de eliminar aos poucos a economia nacional
livre.
Pregava-se a necessidade de uma
centralização sem limites.
Assim é que, na
realidade, já no ano de 1916 para 1917, quase toda a produção se achava sob o
controle dos financistas judeus.
Contra quem,
porém, se dirige o ódio do povo? Nessa época, eu via com pavor aproximar-se uma
calamidade que, se não fosse desviada em tempo oportuno, teria de provocar a
debacle.
Enquanto o judeu roubava a nação
inteira e a oprimia sob o seu jugo, instigava-se o povo contra os "Prussianos".
Como no front, também aqui não se tomavam providências contra essa propaganda
venenosa. Parecia não passar pela cabeça de ninguém que o colapso da Prússia
estava longe de provocar o soerguimento da Baviera. Ao contrário, a queda de um
teria de arrastar o outro para o abismo,
impiedosamente.
Sentia-me infinitamente mal
ante essa atitude. Nela eu via o mais genial manejo dos judeus, que desejavam
afastar de si a atenção geral para dirigi-la para outros assuntos. Enquanto
brigava o bávaro com o prussiano, ele roubava aos dois a existência; enquanto se
falava mal, na Baviera, do prussiano, o judeu organizava a revolução e destruía
ao mesmo tempo a Prússia e a Baviera.
Eu não
podia tolerar essa maldita luta entre filhos do mesmo povo; por isso, sentia-me
contente por voltar ao front, para onde, ao chegar em Munique, tinha pedido
minha transferência.
No princípio de março de
1917, encontrava-me de novo no meu
regimento.
Lá para os fins do ano de 1917,
parecia ter atingido o máximo o desânimo no exército. O exército inteiro, após o
colapso russo, estava animado de nova esperança e de nova coragem. A tropa
começava cada vez mais a se convencer de que a luta havia de acabar com a
vitória da Alemanha. Ouvia-se, novamente cantar, e os agourentos cada vez eram
mais raros. Tinha-se de novo fé no destino da
Pátria.
Sobretudo o colapso italiano, no outono
de 1917, tinha produzido um efeito maravilhoso. Via-se nessa vitória a prova da
possibilidade de romper o front, mesmo abstraindo o teatro de operações russas.
Uma fé maravilhosa invadia novamente o coração de milhões, e fazia com que
aguardassem com confiança a primavera de 1918. O inimigo, porém, estava
visivelmente abatido. Nesse inverno houve mais calma do que de costume; era a
calma que precede a tempestade.
Justamente
enquanto o front fazia os últimos preparativos para o término final da luta,
enquanto transportes de homens e material rolavam para as linhas do oeste, e a
tropa recebia instruções para o grande ataque, arrebentou na Alemanha a maior
patifaria de toda a guerra.
A Alemanha não
devia vencer. A última hora, quando a vitória começava a se decidir pelas
bandeiras alemãs, lançou-se mão de um meio que parecia adequado a sufocar, de um
golpe, no nascedouro, a ofensiva alemã da primavera, tornando a vitória
impossível.
Organizou-se a greve de munições.
Caso ela vingasse, o front alemão teria de se esfacelar e seria realizado o
desejo, manifestado pelo "Vorwärts" de que a vitória desta vez não fosse das
cores alemãs. A linha da frente teria de ser rompida, em poucas semanas, por
falta de munição. A ofensiva seria assim evitada, a Entente estaria salva e o
capital internacional se teria tornado dono da Alemanha. A finalidade Intima do
marxismo, isto é, a mistificação dos povos, teria sido atingida. A destruição da
economia nacional, em beneficio do capital internacional, é um fim que foi
atingido graças à tolice e à boa fé de um lado e a uma covardia inominável do
outro.
É verdade que a greve de munição, que
visava anular o front pela falta de armas, não teve o sucesso esperado. Ele
desmoronou cedo demais para que a falta de munição, conforme estava planejado,
pudesse ter condenado o exército à destruição. Tanto mais terrível, porém, foi o
dano moral provocado.
Em primeiro lugar, todos
se perguntavam: Para que, afinal de contas, lutava o exército, se a própria
Pátria não desejava a vitória? Para que os enormes sacrifícios e privações? O
soldado tem de lutar pela vitória e a Pátria faz
greve!
Em segundo lugar, qual teria sido o
efeito desses acontecimentos sobre o
inimigo?
No inverno de 1917 a 1918, pela
primeira vez, nuvens tenebrosas surgiram no firmamento do mundo aliado. Durante
quase quatro anos. tinha-se investido contra o gigante alemão, sem se ter podido
derrubá-lo e, no entanto, este só tinha um escudo para se defender, enquanto a
espada tinha de distribuir golpes, ora para o oeste, ora para o sul. Finalmente
o gigante estava com as costas livres. Rios de sangue tinham corrido até ele
abater definitivamente um inimigo. Era chegado o momento de, no oeste, juntar a
espada ao escudo e se, até então, o inimigo não tinha conseguido romper a
defensiva, a ofensiva ia atingi-lo em
cheio.
Ele era temido e receava-se a sua
vitória.
Em Londres e Paris sucediam se as
conferências. Até a propaganda inimiga já se fazia com dificuldade. Já não era
tão fácil demonstrar a improbabilidade da vitória alemã. O mesmo se dava nas
frentes de batalha, onde reinava silêncio absoluto, até nas tropas aliadas.
Esses senhores tinham perdido de repente a insolência. Também para eles, as
coisas começaram lentamente a aparecer sob uma luz desagradável. A sua atitude
interna com relação ao soldado alemão tinha-se modificado. Até então, os nossos
soldados eram vistos como loucos a quem uma derrota certa esperava. Agora,
porém, estava diante deles o destruidor do aliado russo. A restrição das
ofensivas alemãs do oeste. provindas da necessidade, pareciam entretanto tática
genial. Durante três anos os alemães tinham investido contra a Rússia, no
princípio aparentemente sem o menor sucesso. Quase que se tinha rido desse
começo de luta. No final das contas, o gigante russo teria de sair vencedor
graças à superioridade numérica. A Alemanha, porém, estava fadada a esvair-se em
sangue. A realidade parecia justificar essas
esperanças.
Desde os dias de setembro de 1914,
quando. pela primeira vez, começaram a rolar para a Alemanha, pelas ruas e
estradas, os magotes Infinitos dos prisioneiros russos da batalha de Tennenberg,
a avalanche parecia não ter fim. Entretanto, cada exército batido e destruído
era substituído por um novo. O Império colossal fornecia ao Czar cada vez novos
soldados e à guerra suas novas vítimas e isso inesgotavelmente. Quanto tempo
poderia a Alemanha resistir a essa corrida? Não chegaria o dia em que, após uma
última vitória alemã, não aparecessem os últimos exércitos para a última
batalha? E mais! Na medida das possibilidades humanas, a vitória da Rússia
poderia ser postergada, porém, teria de
vir.
Agora tinham acabado todas essas
esperanças. O aliado que tinha trazido ao altar dos interesses comuns os maiores
sacrifícios em sangue, tinha chegado ao fim de suas forças e jazia no chão à
mercê do inimigo inexorável. O medo e o pavor se infiltravam nos corações dos
soldados, que até então eram animados de uma crença quase cega. Temia-se a
primavera próxima. Pois, se até então não se tinha conseguido derrubar o alemão,
que, só em parte, tinha podido atender ao front ocidental, como se poderia ainda
contar com a vitória, agora que parecia se reunir a força toda do Estado heróico
nessa frente?
A imaginação era trabalhada pelas
sombras das montanhas do sul do Tirol. Até na névoa do Flandres se projetavam as
fisionomias sombrias dos exércitos batidos de Cadorna, e a fé na vitória cedia o
lugar ao medo da próxima derrota.
Quando já se
pensava ouvir o rolar uniforme das divisões de ataque do exército alemão em
marcha, e quando já se esperava o juízo final, eis que irrompe da Alemanha uma
luz vermelha que projeta a sua sombra até o último buraco de trincheira inimiga.
No momento em que as divisões alemãs recebiam as últimas instruções para a
grande ofensiva, declarava-se na Alemanha a greve
geral.
A primeira impressão do mundo foi de
estupefação. Em seguida, porém, a propaganda inimiga, tomando novo alento,
atirou-se a essa tábua de salvação da décima segunda hora. De um golpe se tinham
encontrado os meios de 1-eviver a confiança arrefecida dos soldados aliados, de
apresentar a probabilidade de vitória como sendo uma certeza e de transformar a
pavorosa depressão com relação aos acontecimentos vindouros em confiança
absoluta. Podia-se agora inculcar aos regimentos, até então na expectativa do
ataque alemão, a convicção, na maior batalha de todos os tempos, de que a
decisão final dessa guerra não ia depender do arrojo da ofensiva alemã e sim de
sua persistência na defensiva. Os alemães podiam obter quantas vitórias
quisessem, na sua pátria esperava-se uma revolução e não o exército
vitorioso.
Os jornais ingleses, franceses e
americanos começaram a semear essa convicção no coração de seus leitores,
enquanto uma propaganda imensamente hábil era utilizada com o fim de elevar o
moral das tropas.
"A Alemanha às vésperas da
revolução! A vitória dos aliados inevitável!" Este foi o melhor remédio para pôr
o indeciso Tommy e o Poilu de novo firmes sobre as pernas. Podiam agora fazer
funcionar de novo os fuzis e os fuzis-metralhadoras e, no lugar de uma fuga em
pânico, estabeleceu-se resistência cheia de
esperanças.
Foi esse o resultado da greve das
munições. Ela reavivou entre os povos inimigos a fé na vitória e pôs termo à
paralisaste depressão no front aliado. Em conseqüência disso, milhares de
soldados alemães tiveram que pagar com seu sangue esse desatino. Os promotores
desse mais que infame golpe eram aqueles que esperavam obter os mais elevados
postos administrativos na Alemanha
revolucionária.
Do lado alemão poder-se-ia
talvez ter reagido com sucesso, do lado do inimigo entretanto as conseqüências
eram inevitáveis. A resistência tinha deixado de ser aquela oferecida por um
exército que considerava tudo perdido e foi substituída por uma luta de vida e
de morte pela vitória.
A vitória tinha de vir.
Bastava para isso que o front ocidental resistisse alguns meses à ofensiva
alemã. Nos parlamentos da Entente reconheceram-se as possibilidades do futuro, e
foram concedidos créditos imensos para a continuação da propaganda com o fim de
destruir a unidade alemã.
Eu tive a felicidade
de poder tomar parte nas duas primeiras ofensivas e na
última.
Estas se tornaram a mais tremenda
impressão de toda minha vida; tremenda porque, pela última vez, a luta perdeu o
seu caráter de defensiva e tornou-se uma ofensiva, como em 1914. Pelas
trincheiras dó exército alemão passou um novo alento quando, finalmente, depois
de três anos de espera no inferno inimigo, tinha chegado o dia da "revanche".
Mais uma vez exultaram os batalhões vitoriosos e as últimas coroas de louro
entrelaçaram-se às bandeiras vitoriosas. Mais uma- vez retumbaram as canções à
Pátria, ao longo das colunas em marcha, e, pela última vez, a misericórdia
divina sorria a seus filhos ingratos.
Em pleno
verão de 1918, pairava uma atmosfera pesada sobre o front. Na Pátria havia
dissenções. Qual era a causa? Muita coisa se contava entre as diversas unidades
do exército. Dizia-se que a guerra agora se tornara sem finalidade, pois,
somente loucos poderiam acreditar na vitória. Não era mais o povo, e sim os
capitalistas e a monarquia que estavam interessados em continuar a guerra. Todas
essas notícias vinham da Pátria e eram discutidas no
front.
No princípio o soldado pouco reagia
contra isso. Que nos importava o sufrágio universal? Era por ele que nós
vínhamos combatendo há quatro anos? Foi um golpe infame esse de roubar dessa
maneira, no túmulo, a finalidade da guerra ao herói morto. Há tempos os jovens
regimentos não tinham marchado, em Flandres, para a morte, com o grito "Viva o
sufrágio universal secreto" e sim bradando "Deutschland über alles". Pequena,
porém, não totalmente- insignificante diferença! Aqueles que gritavam pelo
direito de voto, na sua grande maioria, não tinham estado lá para lutar por essa
conquista. O front não conhecia essa canalha política. Lá- onde se encontravam
os alemães decentes que permaneceriam, enquanto sentissem um sopro de vida, só
se via uma fração diminuta dos senhores
parlamentares.
O front, na sua primitiva
situação, tinha muito pouco interesses pelo novo alvo de guerra dos senhores
Ebert, Scheidmann, Barth, Liebknecht. etc. Não se podia compreender porque esses
reacionários se arrogavam o direito de, passando por cima do exército, controlar
o Estado.
Minhas noções políticas pessoais
estavam fixadas desde o começo. Eu odiava essa corja de miseráveis partidários
traidores da nação. Há muito tempo eu tinha compreendido que para esses
tratantes não se- tratava do bem da nação e sim de encher os seus bolsos vazios.
E o fato de eles estarem dispostos a sacrificar a Nação inteira por esse fim e
de permitir, se necessário fosse, a destruição da Alemanha, fez com que perante
meus olhos merecessem a forca. Tomar em consideração os seus desejos significava
sacrificar os interesses do povo trabalhador em favor de alguns batedores de
carteira. Só se poderia satisfazer os seus desejos no caso de se estar decidido
a abrir mão da sorte da Alemanha. Assim pensava a maioria do exército
combatente. Mas o reforço vindo da Pátria se tornava cada vez menos eficiente,
de sorte que a sua vida, em vez de produzir um aumento de combatividade, tinha o
efeito contrário. Sobretudo o reforço constituído pelos novos soldados era na
maior parte inútil. Dificilmente se poderia acreditar que esses eram filhos do
mesmo povo que tinha mandado a sua juventude para a luta em
Ypres.
Em agosto e setembro, aumentaram cada
vez mais os sintomas de decadência, embora o efeito do ataque inimigo não
pudesse ser comparado com o pavor produzido pelas nossas batalhas defensivas de
outrora. Comparadas a elas, as batalhas do Somme e de Flandres eram coisas do
passado, de horripilante memória.
Em fins de
setembro, a minha divisão, pela terceira vez, chegava às posições que tínhamos
tomado de assalto, quando éramos ainda um regimento de voluntários, recentemente
formado.
Que reminiscências! Em outubro e
novembro de 1914, tínhamos ali recebido nosso batismo de fogo. Com o coração
ardendo de patriotismo e com canções nos lábios, tinha o nosso novo regimento
seguido para a batalha, como para uma festa. O sangue mais caro era dado com
prazer à Pátria, pensando cada um com isso garantir à Nação a sua independência
e a sua liberdade.
Em julho de 1917, pisamos,
pela segunda vez, o solo tão sagrado para nós todos, pois nele repousavam nossos
melhores camaradas que, quase ainda crianças, tinham se lançado à morte, de
olhos fixos na Pátria querida! Nós, os velhos, que outrora ali passamos com
nosso regimento, quedávamo-nos respeitosamente comovidos diante desse lugar
sagrado, onde tínhamos jurado "fidelidade e obediência até à morte". Esse
terreno, há três anos atrás tomado de assalto pelo nosso regimento, tinha agora
de ser defendido numa tremenda batalha
defensiva.
O Inglês preparava a grande ofensiva
do Flandres com um fogo de barragem que já durava três semanas. Parecia então
que o espírito dos mortos revivia; o regimento se agarrava com unhas e dentes à
lama imunda, apagava-se aos buracos e às fendas do solo, sem se abalar nem ceder
um palmo, e ia se tornando, como já uma vez, cada vez mais desfalcado, até que,
finalmente a 31 de julho de 1917, se desencadeou o ataque dos
ingleses.
Nos primeiros dias de agosto fomos
substituídos. O regimento tinha se transformado em algumas companhias; estas
marchavam para a retaguarda, recobertas de lama, mais se assemelhando a
espectros do que a criaturas. Fora algumas centenas de metros de buracos de
granadas, o inglês só tinha conseguido encontrar a
morte.
Agora no outono de 1918, estávamos, pela
terceira vez, no terreno da ofensiva de 1914. A nossa cidadezinha, Comines,
outrora tão sossegada, tinha se transformado em campo de batalha. É verdade que,
embora o terreno da luta fosse o mesmo, as criaturas tinham mudado: fazia-se
agora política entre a tropa. O veneno da Pátria começou, como em toda parte, a
trazer até aqui os seus efeitos. Os reforços mais novos falharam inteiramente -
eles tinham vindo da Pátria, já
contaminados.
Na noite de 13 a 14 de outubro,
começou o bombardeio a gás na frente sul de Ypres. Empregava-se um gás cujo
efeito ignorávamos ainda. Nessa mesma noite, eu devia conhecê-lo por experiência
própria. Estávamos ainda numa colina ao sul de Werwick, na noite de 13 de
outubro, quando caímos sobre um fogo de granadas que já durava horas e que se
prolongou pela noite a dentro, de maneira mais ou menos violenta. Lá por volta
de meia-noite, já uma parte de nossos companheiros tinha sido posta fora de
combate, alguns para sempre. Pela manhã senti também uma dor que de 15 em 15
minutos se tornava mais aguda e, às 7 horas da manhã, trôpego e tonto, com os
olhos ardendo, eu me retirava levando comigo a minha última mensagem da
guerra.
Já algumas horas mais tarde, os meus
olhos tinham se transformado em carvão incandescente. Em torno de mim tudo
estava escuro.
Foi assim que eu vim para o
hospital de Pasewalk na Pomerânia e ali tive de assistir a
revolução!
Já há algum tempo pairava no ar algo
de incerto e desagradável. Dizia-se que, dentro de algumas semanas, ia haver
alguma coisa. Eu não compreendia o que se queria dizer com isso. Primeiramente,
pensei numa greve semelhante à da primavera. Boatos desfavoráveis com relação à
Marinha apareciam constantemente, dizia-se que esta estava em plena
efervescência. Pensei que isso fosse mais o resultado da fantasia de alguns
indivíduos do que a opinião da grande massa. No hospital quase todos falavam
esperançados no breve término da guerra, porém, ninguém contava com isso
"imediatamente". Os jornais, eu não os podia-
ler.
Em novembro aumentou a tensão
geral.
E, finalmente, um dia, inopinadamente,
deu-se a desgraça. Marinheiros vindos em caminhões incitavam à revolução. Alguns
rapazolas judeus eram os "dirigentes" dessa luta pela "liberdade, beleza e
dignidade" de nosso povo. Nenhum deles tinha estado no front. Os três orientais
tinham sido mandados para casa pelo recurso a um "lazareto de doenças venéreas".
Agora içavam na Pátria o trapo
vermelho.
Ultimamente, eu tinha melhorado um
pouco. A dor cruciante nos olhos diminuía. Aos poucos eu conseguia - distinguir
imprecisamente os que me cercavam. Podia alimentar a esperança de recuperar a
vista, ao menos a ponto de poder exercer mais tarde uma profissão qualquer. É
verdade que eu não poderia jamais pensar em desenhar. Achava-me assim no caminho
da convalescença, quando aconteceu a
calamidade.
Ainda tive a esperança de que se
tratasse de uma traição mais ou menos de caráter local. Cheguei a procurar
convencer alguns camaradas nesse sentido. Sobretudo os meus companheiros bávaros
do hospital estavam inclinados a pensar assim. Lá o ambiente era tudo, menos
revolucionário. Nunca pude imaginar que também era Munique a loucura se
desencadeasse. A mim me parecia que a fidelidade à digna casa de Witteisbach
fosse mais forte do que a vontade de alguns judeus. Assim me convenci de que se
tratava de um pronunciamento simples da Marinha, o qual seria dominado em poucos
dias.
Os dias seguintes foram passando e, com
eles, veio a mais terrível certeza de minha vida. Os boatos aumentavam
constantemente. O que eu tinha tomado por uma questão local era na realidade uma
revolução geral. Além disso chegavam a cada instante as noticias mais
vergonhosas do front. Queria-se capitular.
Mas,
Senhor, seria possível tal coisa?
A dez de
novembro o velho pastor veio ao hospital para uma pequena
prédica.
Foi então que soubemos de
tudo.
Estava presente e fiquei profundamente
emocionado. O velho e digno senhor parecia tremer ao nos comunicar que a casa
dos Hohenzollern não mais poderia usar a coroa imperial e que a Pátria se tinha
transformado em república, e que só restava pedir ao Todo-Poderoso que
concedesse a sua bênção a essa transformação e não abandonasse o nosso povo de
futuro. Ele não podia deixar de, em poucas palavras, relembrar a casa imperial;
queria prestar homenagens aos serviços dessa Casa à Prússia, à Pomerânia, enfim
a toda Pátria alemã e, nesse momento, o bom velho começou a chorar. No pequeno
salão havia profundo desânimo em todos os corações e creio que não havia quem
pudesse conter as lágrimas. Quando o pastor procurou continuar e começou a
comunicar que teríamos que acabar essa longa guerra e que a nossa Pátria, agora
que tínhamos perdido a guerra e estávamos sujeitos à misericórdia do inimigo,
iria sofrer grandes opressões e que o armistício seria aceito dependendo da
magnanimidade dos nossos inimigos - eu não me contive. Para mim era impossível
permanecer onde estava. Comecei a ver tudo preto em torno de mim e cambaleando
voltei ao dormitório. Joguei-me na cama e cobri a cabeça em fogo com o cobertor
e o travesseiro.
Desde o dia em que estivera
diante do túmulo de minha mãe nunca mais tinha chorado. Quando na minha
juventude o destino era duro para comigo, a minha pertinácia aumentava. Quando,
durante os longos anos de guerra, a morte colhia um dos nossos caros camaradas e
amigos, parecia-me um pecado queixar-me e lamentar a perda. Não morriam eles
pela Alemanha? Quando, nos últimos dias da terrível luta fui atingido pelo gás
terrível que começou a corroer os meus olhos, tive no momento de susto ímpetos
de fraquejar diante de expectativa da cegueira eterna. Imediatamente ouvi dentro
de mim a voz da consciência bradar: miserável poltrão ainda queres chorar quando
há milhares que sofrem mais do que tu! E assim conformei-me, calado, com o
destino. Agora porém não suportava mais.
Só
então verifiquei como a dor pessoal desaparece diante da desgraça da
Pátria.
Tudo tinha sido em vão. Em vão todos os
sacrifícios e privações, e em vão a fome e a sede de meses sem fim. Em vão as
horas em que, transidos de pavor, cumpríamos assim mesmo o nosso dever, e em vão
a morte de dois milhões que então caíram. Seria que não se iam abrir os túmulos
das centenas de milhares que outrora tinham partido com fé na Pátria para nunca
mais voltarem? Não se iriam abrir esses túmulos, a fim de enviarem à nação os
heróis mudos enlameados e ensangüentados, quais espíritos vingativos, pela
traição do maior sacrifício que um homem pode oferecer nesse mundo? Foi para
isso que morreram os soldados de agosto e setembro de 1914? Foi para isso que se
lhes ajuntaram os regimentos de voluntários do Outono desse mesmo ano? Foi para
isso que rapazes de 17 anos tombaram na terra de Flandres? Era esse o sentido do
sacrifício oferecido pelas mães alemãs à Pátria, quando, com o coração partido,
deixavam partir seus filhos mais caros para não mais revê-los? Tudo isso
aconteceu para que agora um punhado de miseráveis criminosos pudesse pôr a mão
sobre a Pátria?
Foi para isso que o soldado
alemão tinha persistido, ao sol e à neve, sofrendo fome, sede, frio e cansaço
das noites sem dormir e das marchas sem fim? Foi para Isso que ele, sempre com o
pensamento no dever de proteger a Pátria contra o Inimigo, se expôs sem recuar
ao inferno de fogo de barragem, e à febre dos gases
asfixiantes?
Na verdade, também esses heróis
merecem uma lápide em que se escreva:
"Viajante
que vindes à Alemanha, contai à nação que aqui repousamos fiéis à Pátria e
obedientes ao dever".
E a
Pátria?
Seria esse o único sacrifício que
teríamos de suportar?
Valeria a Alemanha do
passado menos do que supúnhamos? Não tinha ela obrigações para com a sua própria
História? Éramos nós ainda dignos de nos cobrir com a glória do seu passado?
Como poderíamos justificar às gerações futuras esse ato do
presente?
Miseráveis e depravados criminosos!
Quanto mais eu procurava esclarecer as idéias, nessa hora, com relação ao
terrível acontecimento, tanto mais eu corava de raiva e de vergonha. Que
significavam todas as dores dos meus olhos comparadas com essa
miséria.
Seguiram-se dias terríveis e noites
mais terríveis ainda. Eu sabia que tudo estava perdido. Contar com a
misericórdia, do inimigo era loucura.
Nessas
noites cresceu em mim o ódio contra os responsáveis por esses acontecimentos.
Nos dias que se seguiram tive a consciência do meu destino. Ri-me, ao pensar no
meu futuro, que há pouco tempo me tinha preocupado. Não seria ridículo querer
construir um edifício sólido sobre tais bases? Finalmente me convenci que o que
havia acontecido era o que eu havia sempre temido. Somente não tinha podido
acreditar. O imperador Guilherme II tinha sido o primeiro imperador alemão que
tinha oferecido a mão à conciliação com os líderes do marxismo, sem se lembrar
que bandidos não têm honra. Enquanto eles seguravam a mão do imperador com a
outra procuravam o punhal.
Com judeus não se
pode pactuar. Só há um pró ou um contra.
Eu,
porém, resolvi tornar-me político.
CAPÍTULO VIII - COMEÇO DE MINHA ATIVIDADE
POLÍTICA
Em fins de novembro de 1918
voltei para Munique. De novo entrei no batalhão de reserva do meu regimento, o
qual se achava então nas mãos dos "conselhos de soldados". Senti-me tão enojado
que resolvi abandonar o batalhão, logo que me fosse possível. Juntamente com o
meu fiel camarada de guerra, Schmidt Ernest, dirigi-me para Traunstein e ali
permaneci até a dissolução do acampamento.
Em
março de 1919, voltamos de novo para Munique.
A
situação era insustentável. A continuação da revolução se tornara fatal. A morte
de Eisner tinha tido apenas o efeito de apressar os acontecimentos, provocando a
ditadura dos Conselhos, ou, melhor, um domínio temporário dos judeus, objetivo
que tinham em vista aqueles que provocaram a
revolução.
Por essa época, passavam pela minha
cabeça planos e mais planos. Dias a fio eu meditava sobre o que se poderia
fazer, mas chegava sempre à conclusão de que, devido ao fato de ser eu um
desconhecido, não possuía os requisitos indispensáveis para garantia do êxito de
qualquer atuação. Mais adiante voltarei a falar sobre os motivos que me
induziram a não me filiar a nenhum dos partidos então
existentes.
Durante a nova revolução dos
Conselhos, assumi, pela primeira vez, uma atitude que me custou a má vontade do
Conselho Central. Em 27 de abril de 1919, pela manhã cedo, eu devia ser preso.
Entretanto, diante de um fuzil com que eu os ameacei, os três rapazolas
incumbidos de me prender, perderam a coragem e desistiram da
idéia.
Alguns dias depois da libertação de
Munique, fui intimado a comparecer diante da comissão de sindicâncias, a fim de
prestar esclarecimentos sobre os acontecimentos relativos à revolução no 2o.
regimento de infantaria.
Foi essa a minha
primeira incursão no campo da atividade puramente
política.
Algumas semanas mais tarde, recebi
ordem de tomar parte num "curso" destinado aos membros da milícia de defesa.
Esse curso visava dar aos soldados certas bases de orientação cívica. Para mim a
vantagem da iniciativa consistia no fato de eu poder travar conhecimento com
alguns camaradas que pensavam da mesma maneira que eu, e com os quais eu podia
discutir detalhadamente a situação do momento. Estávamos todos mais ou menos
convencidos de que a Alemanha não se poderia salvar do colapso cada vez mais
próximo, por intermédio dos partidos do centro e da social-democracia. que
tinham sido causadores do crime de novembro. Além disso, sabíamos que os
chamados partidos dos "burgueses nacionais" não poderiam, mesmo com a melhor boa
vontade do mundo, conseguir reparar o mal já feito. Faltava uma série de
condições essenciais, sem as quais o êxito não seria possível. O decorrer do
tempo provou a justeza das nossas previsões. Com essas idéias, discutimos, no
pequeno círculo de camaradas, a formação de um novo
partido.
As idéias fundamentais que então
possuíamos eram as mesmas que mais tarde foram realizadas no "Partido
Trabalhista Alemão". O nome do movimento a ser inaugurado tinha de, desde o
princípio, oferecer a possibilidade de uma aproximação com a grande massa. Sem
essa condição, todo trabalho parecia inócuo e sem finalidade. Assim, ocorreu-nos
o nome "Partido Social Revolucionário", e isso porque os pontos de vista sociais
do novo partido significavam na realidade uma
revolução.
A razão mais profunda, entretanto,
estava no seguinte:
Conquanto eu me tivesse
ocupado outrora do exame dos problemas econômicos, nunca tinha ultrapassado os
limites de certas considerações despertadas pelo estudo das questões
sociais.
Somente mais tarde alargaram-se os
meus horizontes com o exame da política de aliança da Alemanha. Essa política,
em grande parte, era o resultado de uma falsa avaliação do problema econômico,
bem como da falta de clareza quanto às possíveis bases de subsistência do povo
alemão no futuro. Todas essas idéias, porém, eram baseadas ainda na opinião de
que, em todo o caso, o capital era somente o produto do trabalho e, portanto,
como este mesmo sujeito à correção de todos aqueles fatores que desenvolvem ou
restringem a atividade humana. Ai então estaria a significação nacional do
capital. Ele dependia de uma maneira tão imperiosa da grandeza, liberdade e
poder do Estado, portanto da Nação, que a reunião dos dois por si mesma estava
destinada a guiar o Estado e a Nação, impulsionados ambos pelo capital, pelo
simples instinto de conservação e de multiplicação. Essa dependência do capital
em relação ao Estado livre forçava aquele a, por seu lado, intervir pela
liberdade, pelo poder, e grandeza da Nação.
O
problema do Estado em relação ao capital tornava-se assim simples e claro. Ele
só teria de fazer com que o capital se mantivesse a serviço do Estado e evitar
que esse se convencesse de que era o dono da nação. Essa atitude podia-se manter
em dois limites: conservação de uma economia viva nacional e independente, de um
lado, garantia de direitos sociais dos empregados, de outro
lado.
Anteriormente eu não tinha conseguido
ainda distinguir, com a clareza que seria de desejar, a diferença entre o
capital considerado como resultado final do trabalho produtivo, e o capital cuja
existência repousa exclusivamente na
especulação.
Esta diferença foi exaustivamente
tratada e esclarecida por Gottfied Feder, professor em um dos cursos já por mim
citados.
Pela primeira vez na minha vida,
assisti a uma exposição de princípios relativa ao capital internacional, no que
diz respeito a movimentos de bolsa e
empréstimos.
Depois do ter ouvido a primeira
preleção de Feder, passou-me imediatamente pela cabeça a idéia de ter então
encontrado uma das condições básicas para a fundação de um novo
partido.
Aos meus olhos o mérito de Feder
consistia em ter pintado, com as cores mais fortes, o caráter especulativo,
assim como econômico, do capital internacional e ter mostrado a sua eterna
preocupação de juros.
As suas exposições eram
tão certas em todas as questões fundamentais, que os críticos das mesmas desde
logo combatiam menos a veracidade teórica da idéia do que a possibilidade
prática de sua execução. Assim, aquilo que aos olhos de outros era considerado o
lado fraco das idéias de Feder, constituía aos meus o seu ponto mais
forte.
A missão de um doutrinador não é a de
estabelecer vários graus de exequibilidade de uma determinada causa, e sim a de
esclarecer o fato em si. Isso quer dizer, que o mesmo deve se preocupar menos
com o caminho a seguir do que com o fim a atingir. Aqui, o que decide é a
veracidade, em princípio, de uma idéia, e não a dificuldade de sua execução.
Assim que o doutrinador procura, em lugar da verdade absoluta, levar em
consideração as chamadas "oportunidade" e "realidade", deixará ele de ser uma
estréia polar da humanidade para se transformar em um receitador quotidiano. O
doutrinador de um movimento deve estabelecer a finalidade do mesmo; o político
deve procurar realizá-lo. Um, portanto, dirige seu modo de pensar pela eterna
verdade, o outro é dirigido na sua ação pela realidade prática. A grandeza de um
reside na verdade absoluta e abstrata de sua idéia, a do outro no ponto de vista
certo em que se coloca com relação aos fatos e ao aproveitamento útil dos
mesmos, sendo que a este deve servir de guia o objetivo do doutrinador. Enquanto
o sucesso dos planos e da ação de um político, isto é, a realização dessas
ações, pode ser considerada como pedra-de-toque da importância desse político,
nunca se poderá realizar a última intenção do doutrinador, pois ao pensamento
humano é dado compreender as verdades, armar ideais claros como cristal, porém a
realização dos mesmos tem de se esboroar diante da imperfeição e insuficiência
humanas. Quanto mais abstratamente certa, e, portanto, mais formidável for uma
idéia, tanto mais impossível se torna a sua realização, uma vez que ela depende
de criaturas humanas É por isso que não se deve medir a importância dos
doutrinadores pela realização de seus fins, e sim pela verdade dos mesmos e pela
influência que eles tiveram no desenvolvimento da humanidade. Se assim não
fosse, os fundadores de religiões não poderiam ser considerados entre os maiores
homens desse mundo, porquanto a realização de suas intenções éticas nunca será,
nem aproximadamente, integral. Mesmo a religião do amor, na sua ação, não é mais
do que um reflexo fraco da vontade de seu sublime fundador; a sua importância
entretanto reside nas diretrizes que ela procurou imprimir ao desenvolvimento
geral da cultura e da moralidade entre os
homens.
A grande diversidade entre os problemas
do doutrinador e os do político é um dos motivos por que quase nunca se encontra
uma união entre os dois, em uma mesma pessoa. Isto se aplica sobretudo ao
chamado político de "sucesso", de pequeno porte, cuja atividade de fato nada
mais é do que a "arte do possível", como modestamente Bismarck cognominava a
política. Quanto mais livre tal político se mantém de grandes idéias tanto mais
fáceis, comuns e também visíveis, sempre entretanto mais rápidos, serão os seus
sucessos. É verdade também que esses estão destinados ao esquecimento dos homens
e, às vezes, não chegam a sobreviver à morte de seus criadores. A obra de tais
políticos é, de modo geral sem valor para a posteridade, pois o seu sucesso no
presente repousa no afastamento de todos os problemas e Idéias grandiosos que
como tais teriam sido de grande importância para as gerações
futuras.
A realização de idéias destinadas a
ter influência sobre o futuro é pouco lucrativa e só muito raramente é
compreendida pela grande massa, à qual Interessam mais reduções de preço de
cerveja e de leite do que grandes planos de futuro, de realização tardia e cujo
benefício, finalmente, só será usufruído pela
posteridade.
É assim que, por uma certa
vaidade, vaidade esta sempre inerente à política, a maioria dos políticos se
afasta de todos os projetos realmente difíceis, para não perder a simpatia da
grande massa. O sucesso e a importância de tal político residem exclusivamente
no presente, e não existem para a posteridade. Esses microcéfalos pouco se
Incomodam com isso: eles se contentam com
pouco.
Outras são as condições do doutrinador.
A sua importância quase sempre está no futuro, por Isso não é raro ser ele
considerado lunático. Se a arte do político é considerada a arte do possível,
pode-se dizer do idealista que ele pertence àqueles que só agradam aos deuses,
quando exigem e querem o impossível. Ele terá de quase sempre renunciar ao
reconhecimento do presente; colhe, entretanto, caso suas idéias sejam imortais,
a glória da posteridade.
Em períodos raros da
história da humanidade pode acontecer que o política e o idealista se reunam na
mesma pessoa. Quanto mais intima for essa união, tanto maior serão as
resistências opostas à ação do político. Ele não trabalha mais para as
necessidades ao alcance do primeiro burguês, e sim por ideais que só poucos
compreendem. É por isso que sua vida é alvo do amor e do ódio. O protesto do
presente, que não compreende o homem, luta com o reconhecimento da posteridade
pela qual ele trabalha.
Quanto maiores forem as
obras de um homem pelo futuro, tanto menos serão elas compreendidas pelo
presente; tanto mais pesada é a luta tanto mais raro é o sucesso. Se em séculos
esse sorri a um, é possível que em seus últimos dias o circunde um leve halo da
glória vindoura. É verdade que esses grandes homens são os corredores de
Maratona da História. A coroa de louros do presente toca mais comumente às
têmporas do herói moribundo.
Entre eles se
contam os grandes lutadores que, incompreendidos pelo presente, estão decididos
a lutar por suas idéias e seus ideais. São eles que, mais tarde, mais de perto,
tocarão o coração do povo. Parece até que cada um sente o dever de no passado
redimir o pecado cometido pelo presente. Sua vida e sua ação são acompanhadas de
perto com admiração comovidamente grata, e conseguem, sobretudo nos dias de
tristeza, levantar corações quebrados e almas desesperadas. Pertencem a essa
classe não só os grandes estadistas, como também todos os grandes reformadores.
Ao lado de Frederico o Grande, figura aqui Martinho Lutero, bem como Ricardo
Wagner.
Quando assisti a primeira conferência
de Gottfried Feder sobre a "abolição da escravidão do juro", percebi
imediatamente que se tratava aqui de uma verdadeira teoria destinada a imensa
repercussão no futuro do povo alemão. A separação acentuada entre o capital das
bolsas e a economia nacional, oferecia a possibilidade de se enfrentar a
internacionalização da economia alemã, sem ameaçar o princípio da conservação da
existência nacional independente, na luta contra o capital. Eu via com- bastante
clareza o desenvolvimento da Alemanha, para não perceber que a maior luta não
seria contra os povos inimigos e sim contra o capital internacional. Senti na
conferência de Feder o formidável grito de guerra para a próxima
luta.
Os fatos, mais tarde, vieram demonstrar
quão certo era o nosso pressentimento de então. Hoje em dia não somos mais
ridicularizados pelos idiotas da nossa política burguesa; hoje em dia, mesmo
esses, desde que não sejam mentirosos conscientes, reconhecem que o capital
internacional não foi só o maior Instigador da guerra, como, mesmo após o
término da luta, continua a transformar a paz num
inferno.
O combate contra a alta finança
internacional se tornou um dos pontos capitais do programa na luta da nação
alemã pela sua independência econômica e pela sua
liberdade.
Quanto às restrições feitas pelos
chamados homens práticos, pode-se-lhes responder da seguinte maneira: todos os
receios relativos às terríveis conseqüências econômicas provenientes da
realização da abolição da "escravidão do juro" são supérfluas. Antes de tudo, as
receitas econômicas até então usadas deram muito maus resultados ao povo alemão.
As atitudes com relação a uma afirmação nacional lembram-nos vivamente o parecer
de peritos semelhantes de outros tempos: por exemplo, da junta médica bávara,
com relação à questão da introdução da estrada de ferro. Todos os receios dessa
sábia corporação não se realizaram; os viajantes dos trens, do novo cavalo a
vapor, não ficavam tontos, os espectadores também não ficavam doentes e
desistiu-se dos tapumes de madeira destinados a tomar essa nova organização
invisível. Só se conservaram, para a posteridade, as paredes de madeira nas
cabeças de todos os chamados peritos.
Em
segundo lugar, deve-se tomar nota do seguinte: toda idéia, por melhor que ela
seja, torna-se perigosa quando ela imagina ser um desideratum, quando na
realidade não é mais do que um meio para um fim. Para mim, porém, e para todos
os verdadeiros nacionais socialistas, só há uma doutrina: Povo e
Pátria.
O objetivo da nossa luta deve ser o da
garantia da existência e da multiplicação de nossa raça e do nosso povo, da
subsistência de seus filhos e da pureza do sangue, da liberdade e independência
da Pátria, a fim de que o povo germânico possa amadurecer para realizar a missão
que o criador do universo a ele destinou.
Todo
pensamento e toda idéia, todo ensinamento e toda sabedoria, devem servir a esse
fim. Tudo deve ser examinado sob esse ponto de vista e utilizado ou rejeitado
segundo a conveniência. Assim é que não há teoria que se possa impor como
doutrina de destruição, pois tudo tem de servir à
vida.
Foi assim que os dogmas de Gottfried
Feder me incitaram a me ocupar de uma maneira decidida com esses assuntos que eu
pouco conhecia.
Comecei a aprender e
compreender, só agora, o sentido e a finalidade da obra do judeu Karl Marx. só
agora compreendi bem seu livro - "O Capital" - assim como a luta da
social-democracia contra a economia nacional, luta essa que tem em mira preparar
o terreno para o domínio da verdadeira alta finança
internacional.
Também em outro sentido foram
esses cursos de grandes conseqüências para mim. Certo dia pedi a palavra. Um dos
presentes achou que devia quebrar lanças pelos judeus e começou a defendê-los em
longas considerações. Essa atitude provocou de minha parte uma réplica. A grande
maioria dos presentes ao curso colocou-se do meu lado. O resultado, porém, foi
que poucos dias depois determinaram a minha inclusão num regimento de Munique
como "oficial de cultura intelectual".
Naquela
época a disciplina da tropa era bem fraca, ela sofria as conseqüências do
período dos "Conselhos de Soldados". Só aos poucos e com muita- cautela
poder-se-ia ir restabelecendo a disciplina militar e a subordinação, em lugar da
obediência "voluntária" - como se costumava designar o chiqueiro sob o regime de
Kurt Eisner. A tropa tinha de aprender a sentir e a pensar de maneira nacional e
patriótica. A minha atividade dirigia-se nesses dois
sentidos.
Comecei o trabalho com todo
entusiasmo e amor. Tinha de repente a oportunidade de falar diante de um
auditório maior, e aquilo que já antigamente, sem saber, eu aceitava por puro
sentimento, realizou-se: eu sabia "falar". Também a voz tinha melhorado
bastante, a ponto de me fazer ouvir suficientemente em todos os pontos do
pequeno compartimento dos soldados.
Não havia
missão que me fizesse mais feliz do que essa, pois agora, antes de minha saída,
poderia prestar serviços úteis à instituição que tão de perto me tocava o
coração: ao exército.
Posso dizer que a minha
atuação foi coroada de êxito: centenas, talvez milhares de camaradas foram por
mim reconduzidos, no decorrer das minhas lições, ao seu povo e à sua Pátria. Eu
"nacionalizava" a tropa e podia, por esse meio, auxiliar a fortalecer a
disciplina geral.
Ainda uma vez tive
oportunidade de conhecer uma série de camaradas, que pensavam como eu, e que
mais tarde começaram a edificar a base do novo movimento.
CAPÍTULO IX - O PARTIDO TRABALHISTA
ALEMÃO
Um dia recebi ordem da autoridade
superior para ir verificar o que se passava num grêmio aparentemente político,
cujo nome era "Partido Trabalhista Alemão". O dito grêmio pretendia realizar uma
reunião por aqueles dias, em que deveria falar Gottfried Feder. A missão de que
fui incumbido era ir até lá verificar o que se passava e, em seguida, apresentar
um relatório.
A curiosidade do exército de
então em relação aos partidos políticos era mais do que compreensível. A
revolução tinha dado ao soldado o direito de participação na política. Desse
direito faziam uso justamente os mais inexperientes. Só no momento em que o
Centro e a social-democracia tiveram de reconhecer, com grande pesar, que as
simpatias dos soldados começavam a se afastar dos partidos revolucionários para
se inclinarem pelo movimento de reerguimento da nação, é que se julgou
necessário retirar da tropa o direito de voto e de participação na
política.
Era óbvio que o Centro e o marxismo
lançassem mão dessas medidas, pois se não se tivesse procedido ao corte dos
"direitos cívicos" - como se costumava denominar a igualdade de direitos
políticos dos soldados após a revolução - não teria havido, poucos anos depois,
o chamado governo de novembro e, consequentemente, teria sido evitada essa
desonra nacional A tropa estava naturalmente indicada para livrar a Nação dos
sugadores da Entente.
O fato de os chamados
partidos "nacionais" concordarem entusiasmados com a modificação do programa dos
criminosos de novembro, para tornar, por esse modo, ineficiente o exército como
instrumento de ressurreição nacional, demonstrou mais uma vez até onde podem
levar as idéias exclusivamente doutrinárias desses "mais inocentes dos
inocentes". Essa burguesia, doente de senilidade mental, pensava com toda
seriedade que o exército voltaria a ser o que tinha sido, isto é, um
sustentáculo da defesa nacional, enquanto o Centro e o Marxismo só pensavam em
lhe extrair. o dente perigoso do nacionalismo, sem o qual o exército não é mais
do que uma policia e nunca uma tropa capaz de lutar com o inimigo. Tudo isso o
futuro encarregou-se de provar à
saciedade.
Pensariam porventura, os nossos
"políticos nacionais" que a transformação da mentalidade do exército se pudesse
processar em outro sentido que não o nacional? Essa é a miserável mentalidade
desses senhores, e isso provém do fato deles, em vez, como soldados, terem
combatido no front, terem ficado, nas suas cômodas posições, como parladores,
isto é, conversadores parlamentares.
Não podiam
ter a mínima idéia do que se passava no coração de homens que a posteridade
reconhecerá como os primeiros soldados do
mundo.
Decidi-me então a ir assistir à
Assembléia desse partido, até então inteiramente desconhecido para
mim.
Quando cheguei, à noite, ao "Leiberzimmer"
da antiga cervejaria Sternecker, o qual deveria mais tarde se tornar histórico
para nós, encontrei ali umas 20 a 25 pessoas, na maioria gente das mais baixas
camadas do povo.
A conferência de Feder já me
era conhecida dos tempos em que eu freqüentava os seus cursos, de sorte que fiz
abstração da mesma e me preocupei em observar o
auditório.
A impressão que tive não foi má; um
grêmio recém-fundado como muitos outros. Estávamos justamente em uma época em
que todo o mundo se julgava habilitado a fundar um novo partido, isso porque a
ninguém agradava o rumo que as coisas tomavam e os partidos existentes não
mereciam nenhuma confiança. Por toda parte apareciam novas associações que logo
depois desapareciam sem deixar o menor vestígio de sua passagem. Geralmente os
fundadores não tinham a menor idéia do que fosse transformar uma associação em
um partido ou mesmo iniciar um movimento. Soçobravam assim essas fundações,
quase sempre diante de sua ridícula estreiteza de
idéias.
Não foi de outra forma que julguei "o
Partido Trabalhista Alemão", após assistir durante duas horas uma de suas
sessões. Fiquei contente quando Feder terminou seu discurso. Tinha visto o
bastante, e já me dispunha a sair quando a anunciada abertura dos debates livres
me induziu a ficar. Parecia que tudo ia correr sem significação, até que, de
repente, começou a falar um "Professor", o qual inicialmente pôs em dúvida a
exatidão dos argumentos de Feder. Ante uma resposta muito adequada de Feder,
colocou-se o dito "Professor" de repente "no terreno das realidades:", sem,
porém, deixar de recomendar muito oportunamente ao jovem partido adotar, como
ponto importante de seu programa, a luta pela "separação" da Baviera da Prússia.
O homenzinho afirmava atrevidamente que, nesse caso, a Áustria alemã sobretudo,
se ligaria imediatamente à Baviera, que a paz seria então muito melhor, e outros
absurdos. Não me contive mais e pedi a palavra, a fim de fazer sentir ao erudito
senhor a minha opinião nesse ponto e fi-lo com tanto sucesso que meu antecessor
na tribuna abandonou o recinto como um cão batido, antes mesmo de eu acabar.
Enquanto eu falava, a assistência ouvia cheia de espanto e quando eu me dispunha
a dizer boa-noite à assembléia e retirar-me, um dos assistentes dirigiu-se a
mim, apresentou-se (nem pude compreender direito o seu nome), colocou em minhas
mãos um pequeno livreto, visivelmente uma brochura política, com o pedido
insistente de lê-la.
Para mim isso foi muito
agradável, pois era de esperar que, por esse meio, pudesse conhecer de maneira
mais fácil aquela sociedade maçante, sem ter, depois, de assistir a sessões tão
desinteressantes. Além disso, eu tinha tido uma boa impressão desse
desconhecido, que me pareceu ser um operário.
Retirei-me.
Por aquela época,, eu morava no
quartel do 2°. regimento de infantaria, num pequeno cubículo que trazia em si,
ainda bem patentes, os sinais da revolução. Geralmente, durante o dia, eu
passava fora, as mais das vezes no regimento de caçadores n.° 41 ou então em
reuniões, em conferências, em outras unidades da tropa. Somente à noite me
recolhia aos meus aposentos. Como costumava acordar cedo, Já antes de 5 horas,
tinha o hábito de divertir-me em jogar, para os camundongos que passeavam pelo
meu cubículo, pedacinhos de pão duro que haviam sobrado da véspera. Eu ficava a
ver esses engraçados animaizinhos se disputarem essas preciosas
iguarias.
Na minha vida eu tinha passado tanta
miséria que bem podia imaginar o que fosse a fome e, portanto, o prazer daqueles
bichinhos. Na manhã seguinte àquela reunião eu estava deitado, mal acordado, lá
pelas 5 horas, assistindo o movimento dos - camundongos. Como não pudesse
conciliar o sono, lembrei-me, de repente, da noite passada, e veio-me à
lembrança a brochura que o operário me havia dado. Comecei a lê-la. Era uma
pequena brochura, na qual o autor, o tal operário, descrevia a maneira pela qual
ele tinha chegado de novo ao pensamento nacionalista através da confusão
marxista e das frases ocas das corporações profissionais. Dai o título - "meu
despertar político:". - Desde o início o livreto me despertou interesses, pois
nele se refletia um fenômeno que há doze anos eu tinha sentido.
Involuntariamente vi se avivarem as linhas gerais da minha própria evolução
mental. Durante o dia pensei sobre o assunto várias vezes e ia pô-lo finalmente
de lado, quando, menos de uma semana depois, recebi, com surpresa minha, um
cartão postal anunciando que eu tinha sido aceito sócio do "Partido Trabalhista
Alemão". Pedia-se que eu me externasse a respeito e para isso viesse na próxima
quarta-feira a uma sessão da comissão do Partido. Na realidade eu me sentia mais
do que surpreso por essa maneira de angariar" sócios e não sabia se me devia
zangar ou rir. Eu não pensava em entrar para um partido já organizado e sim em
fundar o meu próprio partido. Essa pretensão de filiar-me a um partido não me
tinha passado pela cabeça. Já me dispunha a responder àqueles senhores por
escrito quando venceu a curiosidade e decidi-me a comparecer, no dia marcado, a
fim de, oralmente, expor os meus
motivos.
Chegou quarta-feira. O hotel no qual
se devia realizar a sessão anunciada era o "Alte Rossenbad", na Hermstrasse. Era
um lugarzinho modesto onde, só de quando em quando, aparecia alguma alma
penada.
Em 1919 isso não era de estranhar, pois
o cardápio mesmo dos hotéis maiores era pouco atraente, dado a sua modéstia e
exiguidade. Este hotel, porém, eu não
conhecia.
Atravessei o salão mal iluminado no
qual não havia viva alma. Dirigi-me para a porta que dá para um quarto lateral e
achei-me diante da "assembléia". Na meia obscuridade de um lampião a gás, meio
quebrado, estavam sentados, em redor de uma mesa, quatro jovens, entre os quais
o autor da pequena brochura, o qual imediatamente me cumprimentou da maneira
mais amável e me deu as boas vindas como novo membro do Partido Trabalhista
Alemão.
Na realidade eu estava um tanto
embasbacado. Como me comunicassem que o verdadeiro "presidente do Reich" ainda
viria, resolvi adiar, por algum tempo, as minhas declarações. Finalmente
apareceu este. Era o presidente da reunião na Cervejaria Sterneck, por ocasião
da conferência de Feder.
De novo, movido pela
curiosidade, esperei pelos
acontecimentos.
Agora eu já conhecia os nomes
dos vários senhores presentes. O presidente da "organização do Reich, era um
senhor Harr, o da de Munique, um senhor Anton
Drexier.
Em seguida foi lida a ata da última
sessão e aprovado um voto de agradecimento ao conferencista. Veio depois o
relatório da caixa. A sociedade possuía um total de 7 marcos e 50 pfennigs -
pelo que o tesoureiro recebeu um voto de confiança geral. Esse fato foi
consignado em ata.
O primeiro presidente tratou
em seguida das respostas a uma carta de Kiel, a uma de Düsseldorf e a outra de
Berlim. Todos concordaram com as respostas apresentadas. Em seguida procedeu-se
à comunicação da correspondência entrada: uma carta de Berlim, uma de Düsseldorf
e outra de Kiel, cujo recebimento pareceu provocar grande contentamento.
Considerou-se esse constante aumento de correspondência como o melhor e mais
visível sinal da expansão e importância do Partido Trabalhista Alemão, e, em
seguida, teve lugar um longo debate sobre as respostas novas a serem
dadas,
Horrível, simplesmente horrível. Isso
nada mais era do que uma associação maçante da pior espécie. Nesse clube é que
eu devia entrar? Logo depois tratou-se da aceitação de novos sócios, isto é,
tratou-se do meu ingresso para o clube.
Comecei
a fazer-me perguntas. Pondo de parte algumas diretrizes nada mais havia, nem um
programa, nem um panfleto, enfim nada impresso, nem cartões de sócio nem mesmo
um simples carimbo. Havia sim visíveis boa fé e boa vontade. Perdi a vontade de
sorrir, pois o que era tudo isso senão o sina1 típico do completo atordoamento
geral e do inteiro fracasso de todos os partidos, até então, de seus programas,
de suas intenções e de suas atividades? O que levava esses jovens a se reunirem
de uma maneira aparentemente tão ridícula nada mais era do que o eco de vozes
interiores, que, mais por instinto de que conscientemente, lhe fazia crer na
impossibilidade do reerguimento da Nação alemã bem como da sua convalescença de
males interiores por meio de partidos como o caráter dos até então existentes.
Li por alto as diretrizes datilografadas que havia e vi nelas mais uma ânsia por
alguma coisa nova do que uma realidade. Muita coisa faltava, porém nada havia
feito. Em tudo se sentia, porém, o sinal de uma aspiração de
todos.
O que essas criaturas sentiam eu bem o
sabia; era o desejo por um novo movimento que deveria ser mais do que um partido
na acepção corrente da palavra.
Quando naquela
noite voltei ao quartel, tinha meu juízo formado com relação a esse
grêmio.
Achava-me talvez diante da mais difícil
interrogação de minha vida: deveria cooperar nesse setor ou
recusar-me?
A razão só podia aconselhar a
recusa, o sentimento, porém, não me deixou sossegar e quanto mais vezes eu
procurava me convencer da tolice disso tudo, tanto mais o sentimento me
inclinava para esse agrupamento de jovens.
Os
dias que se seguiram foram de desassossego para
mim.
Comecei a pensar. Há muito que estava
decidido a tomar parte ativa na política.
Para
mim era claro que isso deveria se dar por meio de um novo movimento, somente me
tinha faltado até então um impulso para a atividade. Eu não pertenço à categoria
das pessoas que começam hoje uma coisa para, no dia seguinte, abandonarem-na ou
passarem a outra. Justamente essa convicção era o motivo principal por que eu
dificilmente me resolveria a uma tal fundação nova, a qual seria tudo ou
deixaria de existir. Eu sabia que isso seria decisivo para mim e não havia a
possibilidade de um "recuo"; tratava-se pois, não de uma brincadeira passageira
e sim de algo muito sério. Já naquele tempo eu tinha uma aversão instintiva por
pessoas que tudo começavam sem nada acabar. Todos esses trapalhões me eram
odiosos. Eu considerava a atividade dessas criaturas pior do que a
ociosidade.
Até o destino parecia me estar
dando uma indicação. Nunca eu teria aderido a um dos grandes partidos e mais
tarde explicarei mais claramente os motivos. Essa pequeníssima fundação,
possuindo uma meia dúzia de sócios, pareceu-me ter a vantagem de não se ter
ainda fossilizado em uma "organização". Ela parecia oferecer a impossibilidade
de uma verdadeira atividade pessoal a cada um. Aqui ainda se poderia trabalhar
e, quanto menor fosse o movimento, mais fácil seria conduzi-la pelo caminho
certo. Aqui se poderia ainda determinar o caráter objetivo e os métodos da
organização, o que não se poderia pensai' em fazer tratando-se dos glandes
partidos. Quanto mais eu refletia sobre o assunto mais crescia em mim a
convicção de que justamente de um tal movimento pequeno é que algum dia poderia
ser preparado o reerguimento da nação, e nunca dos partidos políticos
parlamentares, presos a velhos preconceitos ou mesmo dependentes dos proveitos
do novo regime.
O que se deveria anunciar aqui
era um novo princípio universal e não uma nova propaganda
eleitoral.
Na verdade uma decisão imensamente
difícil essa de transformar uma intenção em
realidade.
Que antecedentes tinha eu para poder
arcar com tarefa de tal vulto? O fato de ser pobre, de não possuir recursos
financeiros, parecia o menos; mais difícil era a circunstância de pertencer eu à
categoria dos desconhecidos, um entre milhões, que o acaso deixa viver ou
arranca da vida, sem que o mundo mais próximo disso tome o menor conhecimento. A
tudo isso se juntava a dificuldade proveniente de minha falta de
instrução.
A chamada "intelectualidade" vê com
infinito desdém todo aquele que não passou pelas escolas oficiais, a fim de se
deixar encher de sabedoria. Nunca se pergunta: Que sabe o indivíduo e sim: que
estudou ele? Para essas criaturas "cultas" mais vale a cabeça oca, que vem
protegida por diplomas, do que o mais vivo rapazola que não possua tais canudos.
Era, pois, fácil para mim imaginar a maneira pela qual esse mundo oculto - se me
oporia e só me enganei pelo fato de naquele tempo ainda considerar os homens
melhores do que na realidade o são. É verdade que há exceções, que naturalmente
brilharão com tanto maior fulgor. Aprendi, entretanto, a distinguir entre os
eternos estudantes e os verdadeiros
conhecedores.
Após dois dias de tormentosos
pensamentos e meditações convenci-me de que devia dar o
passo.
Foi essa a decisão de maiores
conseqüências em toda a minha vida.
Não havia e
não podia haver um recuo. Aceitei a minha inclusão como sócio do Partido
Trabalhista Alemão e recebi um cartão provisório de sócio, com o numero
sete.
CAPÍTULO X - CAUSAS PRIMÁRIAS DO
COLAPSO
A extensão da queda de qualquer
corpo é sempre medida pela distância entre a sua posição no momento e a que
ocupava anteriormente. O mesmo acontece com a ruína dos povos e dos Estados. A
posição primitiva tem, por isso, uma importância capital. Só o que se esforça
por ultrapassar as fronteiras normais poderá cair e arruinar-se. A todos os que
pensam e sentem, isso faz com que a ruína do Império apareça sob aspecto tão
grave e horrível, pois assim o colapso é visto de uma altura de que, hoje,
diante das proporções das desgraças atuais, dificilmente se pode fazer uma idéia
exata.
O Império tinha surgido abrilhantado por
um acontecimento que entusiasmava toda a nação. O Reich nasceu depois de uma
série de vitórias sem paralelo, como um coroamento glorioso ao imortal heroísmo
dos seus filhos. Consciente ou inconscientemente, pouco importa, os alemães
estavam todos possuídos do sentimento de que o Império não devia a sua
existência às trapaças dos parlamentos partidários, mas, ao contrário, pela
maneira sublime por que fora fundado, elevava-se muito acima da média dos outros
Estados.
O ato festivo que anunciou que os
alemães, príncipes e povo, estavam resolvidos a, de futuro, fundai um império e
de novo alcançar a coroa imperial como símbolo das suas glórias, não foi
comemorado através do cacarejo de uma arenga parlamentar mas ao ribombar dos
canhões no cerco de Paris. Não se verificou nenhum assassinato, nem foram
desertores nem embusteiros que fundaram o Estado de Bismarck, mas sim os
regimentos do front.
Esse nascimento original,
com o seu batismo de fogo, já era por si só suficiente para envolver o Império
de um halo de glória, fato que apenas com os Estados antigos se verificara e
isso mesmo raramente.E que progresso isso
provocou!
A liberdade no exterior proporcionou
o pão quotidiano no interior. A nação enriqueceu-se em número e em bens
terrenos. Mas a honra do Estado e com ela a de todo o povo estava protegida por
um exército que tornava evidente a diferença entre a nova situação e a da antiga
Confederação Germânica.
O golpe desfechado
sobre o império alemão e sobre o seu povo foi tão forte que o povo e governo,
como tomados de vertigem, parecem haver perdido a capacidade de sentir e
refletir. Difícil é evocar a antiga grandeza, tão fantástica nos aparece a
glória dos tempos de outrora comparada com a miséria de hoje. E isso porque os
homens se deixam ofuscar pela grandeza e se esquecem de procurar os sintomas do
grande colapso que, mesmo na época de prosperidade, deviam existir, de uma ou de
outra forma.
Naturalmente isso se aplica
àqueles para os quais a Alemanha era mais alguma coisa do que um campo para
ganhar e desperdiçar dinheiro, pois só aqueles podem ver na situação atual uma
verdadeira catástrofe, ao passo que aos outros só preocupa a satisfação dos seus
apetites até então ilimitados.
Embora esses
sinais já fossem visíveis, muito poucas pessoas se preocupavam em deles retirar
lições definitivas. Esse estudo é hoje mais necessário do que
nunca.
Assim como só se consegue a salvação de
um doente quando a causa da moléstia é conhecida, na cura das devastações
políticas é preciso também conhecer os precedentes. É verdade que se costuma
considerar mais fácil a descoberta de uma moléstia pela sua aparência do que
pelas causas íntimas. Aí está a razão por que tantas pessoas nunca conseguem
passar do conhecimento dos efeitos externos e mesmo os confundem com as causas,
cuja existência, aliás, se comprazem em
negar.
Por isso, a maioria do povo alemão
reconhece agora a ruma da Alemanha apenas pela pobreza econômica geral e seus
resultados. Quase todos são atingidos por essa crise, razão por que cada um pode
avaliar a extensão da catástrofe.
Compreende-se
que isso assim aconteça com a massa popular. O fato, porém, de as camadas
inteligentes da comunidade verem o colapso do país antes de tudo como uma
catástrofe econômica e pensarem que a salvação está em providências de ordem
econômica, é a razão por que até agora não foi possível a aplicação de uma
terapêutica eficaz.
Enquanto não estiverem
todos convencidos de que o problema econômico vem em segundo ou mesmo terceiro
lugar, e que os fatores éticos e raciais são os predominantes, não se poderá
compreender as causas da infelicidade atual e impossível será descobrir os meios
e métodos de remediar essa situação.
O problema
da pesquisa das causas da ruína alemã é, por isso, de importância decisiva,
sobretudo tratando se de um movimento político cujo objetivo aliás deve ser a
solução da crise. Em uma tal pesquisa através do passado, deve-se evitar
confundir os fatos que mais ferem a vista com as causas menos
visíveis.
A mais cômoda (por isso a mais
geralmente aceita) razão para explicar as nossas desgraças atuais consiste em
atribuir à perda da Grande Guerra a causa do presente
mal-estar.
Provavelmente muitos acreditam
sinceramente nesse absurdo, mas, na maioria dos casos, esse argumento é uma
mentira consciente.
Essa última afirmação se
ajusta perfeitamente àqueles que se comprimem em torno da gamela
governamental.
Não foram justamente os arautos
da Revolução ,que declararam freqüentemente e, da maneira a mais ardorosa, que,
para a grande massa do povo, o resultado da guerra era
indiferente?
Não asseguraram eles que só o
"grande capitalista" tinha interesses na vitória da monstruosa guerra e nunca o
povo em si e muito menos o operário alemão?
Não
proclamaram os apóstolos da confraternização universal que, com a derrota da
Alemanha, só o "Militarismo" havia sido vencido e que, o povo, ao contrário,
nisso devia ver a sua magnífica
ressurreição?
Não se proclamou nesses círculos
a generosidade da Entente e não se lançou a culpa da guerra sobre a Alemanha?
Ter-se-ia podido fazer essa propaganda sem o esclarecimento de que a derrota do
exército seria sem conseqüências para a vida da
nação?
Não foi o grito de guerra da Revolução
que, com ela, a vitória do pavilhão alemão tinha sido evitada, mas somente com
ela a nação alemã conseguiria completamente a sua liberdade interna e
externa?
Não eram esses indivíduos mentirosos e
infames?
É característico da impudência do
verdadeiro judeu atribuir ele à derrota militar a causa do colapso da nação,
enquanto o "Órgão central de todas as traições nacionais", o Vorwãrts, de
Berlim, escrevia que desta vez à nação alemã não seria permitido voltar com o
seu pavilhão vitorioso. E agora a derrota militar deve ser vista como causa da
nossa ruína!
É evidente que não valeria a pena
tentar lutar contra esses mentirosos desmemoriados. E, por isso, eu também não
perderia uma só palavra com eles, se esse erro absurdo não fosse aplaudido por
tanta gente irrefletida, que não se apercebe da perversidade e da falsidade
conscientes desses mentirosos. Demais, as discussões podem oferecer recursos que
facilitam o esclarecimento dos nossos adeptos, recursos esses muito necessários
em um tempo em que é costume torcer o sentido das
palavras.
A resposta à afirmativa- de que a
perda da guerra é a causa dos nossos males atuais deve ser a
seguinte:
Naturalmente a perda da guerra teve
um efeito terrível sobre o destino do nosso país, mas não foi uma causa e sim o
efeito de várias causas.
Todos os homens
inteligentes e bem intencionados sabem muito bem que o desfecho infeliz daquela
luta de vida e morte só poderia produzir efeitos desastrados. Mas há muitos que
infelizmente deixaram de compreender essa verdade no momento propício ou que,
embora convencidos do erro, negavam-na com
afinco.
Esses eram, na sua maior parte, os que,
depois de realizados os seus desejos secretos, conseguiam chegar a outra
concepção da catástrofe.
Eles são as causas
criminosas do colapso e não a perda da guerra como se compraziam em
sustentar.
A perda da guerra foi simplesmente o
resultado da ação desse indivíduos e, de nenhuma forma, pode ser atribuída a "má
direção", como eles afirmam agora.
Os inimigos
não eram compostos de covardes, eles também sabiam se bater e, desde o primeiro
dia da luta, tinham superioridade numérica sobre o exército alemão, além de
poderem contar com a indústria de todo o mundo para o fornecimento de armamentos
técnicos. E, apesar de tudo, não podemos deixar de proclamar que as constantes
vitórias alemães, durante quatro anos de ásperas lutas contra o mundo inteiro,
foram devidas, pondo-se de parte o heroísmo do nosso soldado e a boa organização
do exército, exclusivamente a uma direção superior. A organização e a direção do
nosso exército eram as mais perfeitas que jamais existiram no mundo. As suas
falhas devem-se à limitação dos poderes humanos de
resistência.
A derrota desse exército não foi a
causa das nossas infelicidades atuais, mas simplesmente a conseqüência de outros
crimes, um dos quais precipitou um outro colapso, bem patente aos olhos de
todos.
O fato de ter esse exército sido
derrotado não foi a causa de nossa infelicidade de hoje, mas a conseqüência do
crime de outros, de uma causa que, por ai só, deveria provocar o começo de uma
maior e mais visível catástrofe.
A verdade
disso resulta das seguintes razões:
Uma derrota
militar deve ter como conseqüência a ruína de uma nação e de seu Governo? Desde
quando é essa a conseqüência fatal de uma guerra mal
sucedida?
As nações, de fato, jamais se
arruinaram semente pela perda de uma
guerra?
Essa pergunta pode ser respondida em
poucas palavras.
Isso sempre acontece quando a
derrota militar de um povo é devida à negligência, covardia, falta de caráter ou
indignidade da nação. Se essa hipótese não se verifica, a derrota militar, em
vez de ser vista com o túmulo de um povo, deve servir de estímulo para que todos
trabalhem por um futuro melhor.
A história está
repleta de inúmeros exemplos que comprovam a correção dessa
afirmativa.
A derrota militar da Alemanha foi,
não uma imerecida catástrofe mas um castigo a que fizemos jus pelos nossos
próprios erros. A derrota foi mais do que merecida. Foi apenas o sintoma
exterior de uma longa série de sintomas internos que se conservaram invisíveis à
maioria dos homens ou que ninguém quis
observar.
Observe-se a simpatia com que o povo
alemão recebeu essa catástrofe. Em muitos setores não se manifestou
contentamento, e, da maneira mais vergonhosa, pela derrota da
Pátria?
Quem faria isso, se o povo não
merecesse esse castigo? Não se ia mais longe, até ao ponto do regozijo, por se
ter enfraquecido a linha da frente? Isso não se deve ao inimigo. Essa vergonha
deve-se aos próprios alemães. Por ventura a infelicidade provoca a
injustiça?
Pela maneira por que o povo alemão
recebeu a catástrofe pode-se claramente descobrir que a verdadeira causa da
nossa ruma deve ser procurada em outra parte e não na perda de posições
militares ou na direção da ofensiva.
Se as
tropas no front, entregues a si mesmas, tivessem realmente abandonado os seus
postos, se o desastre nacional tivesse sido devido a um fracasso militar, a
nação alemão teria visto a derrocada de outra maneira. O povo teria aceito a
grande desgraça com irritação ou teria caído em estado de prostração.
Irritar-se-iam os alemães contra a sorte desfavorável ou contra o Inimigo
vitorioso. Então, a nação agiria como o Senado romano, que foi ao encontro das
divisões vencidas, com o agradecimento da Pátria pelo sacrifício feito e com o
apelo para que confiassem no governo.
A
capitulação teria sido assinada com inteligência, e o coração do povo começaria
a palpitar pela ressurreição futura. Assim, a derrota teria sido aceita como
produto da fatalidade. Não se teria festejado a derrota, a covardia não teria
proclamado com orgulho a má sorte do exército, as tropas combatentes não teriam
sido objeto de mofa e as cores nacionais não teriam sido arrastadas na lama. E,
sobretudo, não se teria criado esse estado de espírito que inspirou a um oficial
inglês, coronel Repington, a declaração de que "em cada grupo de três alemães
havia um traidor".
Não! A pestilência nunca
teria alcançado essas proporções, tão consideráveis que fizeram com que o mundo
perdesse o resto de respeito que tinha por
nós.
Por ai se percebe claramente a mentira da
afirmação que consiste em atribuir ao fracasso da guerra a causa da ruína do
país.
O fracasso militar, foi não há dúvida, a
conseqüência de uma série de manifestações doentias de uma parte da nação. Essas
manifestações já vinham infeccionando o país antes da guerra. A derrota foi o
primeiro resultado catastrófico visível, por parte do povo, de um envenenamento
moral, que consistia no enfraquecimento do instinto de conservação, resultante
da propaganda de doutrinas que, de há muitos anos, vinham minando os fundamentos
da nação e do Império.
Era natural que o judeu,
acostumado à mentira, e o espírito combativo do seu marxismo, procurassem lançar
a responsabilidade do desastre da nação sobre um homem, justamente o que, com
uma vontade e uma energia sobre-humanas, tentou evitar a catástrofe que havia
previsto e poupar à nação um período de sofrimentos e humilhações. Lançando
sobre Ludendorf a responsabilidade da derrota na guerra, eles desarmaram
moralmente o único adversário bastante perigoso para enfrentar os traidores da
Pátria.
Resulta da própria natureza das coisas
que no volume da mentira está uma razão para ela ser mais facilmente acreditada,
pois a massa popular, nos seus mais profundos sentimentos, não sendo má,
consciente e deliberadamente, é menos corrompida e, devido à simplicidade do seu
caráter, é mais freqüentemente vítima de grandes mentiras do que de pequenas. Em
pequeninas coisas ela também mente, enquanto que das grandes mentiras ela se
envergonha.
Uma tal inverdade nunca lhe
passaria pela cabeça e também não acreditaria que alguém fosse capaz da inaudita
impudência de tão infame calúnia. Mesmo depois de explicações sobre o caso, as
massas, durante muito tempo, mantêm-se na dúvida, vacilando, antes de aceitar
como verdadeiras quaisquer causas. É um fato também que da mais descarada
mentira sempre fica alguma coisa, verdade essa que todos os grandes artistas da
mentira e suas quadrilhas conhecem muito bem e dela se aproveitam da maneira
mais infame.
Os maiores conhecedores das
possibilidades do emprego da mentira e da calúnia foram, em todos os tempos os
judeus. Começa, entre eles, a mentira por tentarem provar ao mundo que a questão
Judaica é uma questão religiosa, quando, na realidade, trata-se apenas de um
problema de raça e que raça! Um dos maiores espíritos da humanidade perpetuou em
uma frase imorredoura o julgamento sobre esse povo, quando os designou como "os
maiores mestres da mentira". Quem não reconhecer essa verdade ou não quiser
reconhecê-la, não poderá nunca concorrer para a vitória da verdade neste
planeta.
Foi, pode-se dizer, uma grande
felicidade para a nação alemã que a epidemia nacional que se vinha alastrando
lentamente tivesse de repente chegado ao seu período mais agudo, com todos os
seus efeitos catastróficos. Se as coisas se tivessem passado de outra maneira, a
nação teria marchado para a ruína mais lentamente talvez, mais firmemente porém.
A moléstia ter-se-ia tornado crônica e passaria quase despercebida, ao passo
que, na sua forma aguda, atraiu a atenção de um número mais considerável de
observadores e por eles pôde ser compreendida. Não foi obra do acaso que os
homens tivessem vencido a peste mais facilmente do que a tuberculose. A primeira
aparece fazendo inúmeras vítimas, o que impressiona a toda gente; a segunda
introduz-se lentamente. Uma inspira o terror, a outra a indiferença crescente. A
conseqüência disso é que os homens combatem a peste da maneira mais enérgica,
enquanto procuram vencer a tuberculose por métodos ineficientes. Por isso os
homens venceram a peste, mas foram vencidos pela tuberculose. O mesmo se aplica
às afecções do organismo político. Quando não se apresentam sob a forma
catastrófica, toda gente a elas aos poucos se acostuma para, finalmente, depois
de um período mais ou menos prolongado, ser vítima das
mesmas.
É, pois, uma felicidade, embora amarga,
que a Providência tenha decidido intrometer-se nesse lento processo de corrupção
e, de um golpe rápido, tenha evidenciado o combate à moléstia, aos que a haviam
compreendido.
Essas catástrofes sucedem-se
freqüentemente. Por isso devem ser vistas como causas para que se promova a
salvação da maneira mais decidida.
Em caso
idêntico, essa hipótese vale pelo reconhecimento das causas intimas que
ocasionam o mal em questão. É importante lazer a diferença entre os responsáveis
pelo mal e a situação por eles provocada. Essa situação torna-se mais difícil, à
proporção que os germes da moléstia tomam conta do corpo e nele se julgam estar
em habitat próprio.
Pode acontecer que, depois
de um certo tempo, certos venenos sejam vistos como fazendo parte do organismo
ou pelo menos como a ele necessários. Assim considera-se como inútil pesquisar o
autor do envenenamento.
Nos longos períodos de
paz que precederam a Grande Guerra, constatavam-se vários males, sem que alguém
se preocupasse em descobrir os seus responsáveis, salvo em casos excepcionais.
Essas exceções se verificaram principalmente no domínio econômico que, aos
indivíduos, mais impressionam do que quaisquer outros
males.
Havia vários outros sintomas de
decadência que a um observador consciencioso deveriam
impressionar.
Sob o ponto de vista econômico,
eram naturais as seguintes observações: O impressionante aumento da população da
Alemanha, antes da Guerra, fez com que a questão da alimentação mínima que se
deveria assegurar ao povo tomasse uma posição de destaque entre os pensadores e
os homens práticos que se interessavam pela vida político-econômica da nação.
Infelizmente, porém, eles não puderam se resolver a tomar a única solução
aconselhável, porque imaginavam poder chegar ao seu objetivo por métodos
homeopáticos. Renunciaram à idéia de adquirir novos territórios e, em
substituição a essa política, lançaram-se loucamente na política de conquistas
econômicas, que, forçosamente, havia de levá-los por fim a uma industrialização
sem limites e prejudicial à nação.
O primeiro
resultado - e o mais fatal - foi o enfraquecimento da classe agrícola. À
proporção que essa classe se arruinava, o proletariado acumulava-se nas grandes
cidades, perturbando por fim o equilíbrio
nacional.
O abismo entre ricos e pobres tornou
se mais sensível. A superfluidade e a pobreza viviam em contato tão íntimo que
as conseqüências desse fato só poderiam ser as mais deploráveis. A pobreza e a
grande falta de emprego começaram a arruinar o povo e a criar o descontentamento
e o ódio.
A conseqüência disso foi a luta
política de classes.
Em todas as castas
econômicas, o descontentamento tornava-se cada vez maior e mais profundo. Chegou
a um ponto em que era opinião geral que "isso não podia continuar", sem que,
porém, surgisse uma orientação sobre o que se deveria ou poderia fazer. Eram os
sinais característicos de um profundo descontentamento geral que, por esse meio,
se faziam sentir.
Havia fenômenos ainda mais
deploráveis, ligados à industrialização do país. Com a dominação do Estado pela
indústria, o dinheiro tornou-se um deus a quem todos teriam de servir e render
homenagem.
Os deuses celestiais saíram da moda,
tornaram-se coisas do passado e, no seu lugar, instalou-se a orgia dos idólatras
de Mamon.
Começou, então, um período de
desmoralização, de péssimos efeitos, sobretudo porque se iniciou em um momento
em que a nação, mais do que nunca, precisava dos mais elevados sentimentos de
heroísmo para enfrentar o perigo que a ameaçava. A Alemanha deveria estar se
preparando para um dia amparar, com a espada, seu esforço para garantir a
alimentação do povo, por meio de uma "atividade econômica
pacifica".
Infelizmente a dominação do dinheiro
foi sancionada justamente onde deveria ter encontrado maior oposição. Foi uma
infeliz inspiração a de Sua Majestade induzir a nobreza a entrar no círculo dos
novos financistas. Sirva de desculpa para o Kaiser o fato do próprio Bismarck
não ter compreendido esse perigo. A verdade, porém, é que desde então as grandes
idéias cederam o lugar ao dinheiro. Uma vez que tomou esse caminho, a nobreza da
espada teria que ficar abaixo da nobreza das
finanças.
Não era nada convidativo aos
verdadeiros heróis e aos estadistas serem colocados no mesmo plano dos judeus
dos bancos. Os homens da merecimento real não podiam ter interesses em possuir
condecorações facilmente adquiridas. Ao contrário,
evitavam-nas.
Sob o ponto de vista racial, esse
fato era de conseqüências deploráveis. A nobreza perdia cada vez mais a razão
racial de sua existência e, na sua grande maioria, podia-se com propriedade
dar-lhe o qualificativo contrário.
Um sintoma
da ruína econômica foi a lenta eliminação do direito de propriedade individual e
a passagem gradual da economia do povo para a propriedade das sociedades por
ações.
Por esse sistema, .o trabalho desceu a
objeto de especulação doa traficantes sem consciência. A alienação da
propriedade aos capitalistas progrediu. A Bolsa começou a triunfar e preparou-se
a pôr, lenta, mas firmemente, a vida da nação sob sua proteção e
controle.
Antes da guerra, a
internacionalização dos negócios alemães já estava em andamento, sob o disfarce
das sociedades por ações. É verdade que uma parte da indústria alemã fez uma
decidida tentativa para evitar o perigo, mas, por fim, foi vencida por- uma
investida combinada do capitalismo ambicioso, auxiliado pelos seus aliados do
movimento marxista.
A guerra persistente contra
as "indústrias pesadas" da Alemanha foi o ponto de partida visível da
internacionalização que se processava com a ajuda do marxismo. É o único meio de
completar a obra era assegurar a vitória do marxismo - por meio da
Revolução.
No momento em que escrevo estas
linhas, espera-se o êxito da tentativa de passar as mãos do capitalismo
Internacional os. caminhos de ferro da Alemanha. A social-democracia
"internacional" com isso alcançará um dos seus mais elevados
objetivos.
Até que ponto essa "dissipação" da
economia alemã tinha chegado vê-se claramente no fato de, depois da Guerra, um
dos guias da indústria nacional e, sobretudo do comércio, fazer a declaração de
que só a economia do país estava em situação de poder levantar a
Alemanha.
A esse erro não se deu, no momento, o
valor esperado, porque a França, nas suas escolas, deu todo destaque à educação
sobre bases humanísticas, para evitar o erro de confiarem a nação e o Governo a
sua existência a motivos econômicos e não aos eternos valores
ideais.
A afirmação feita por Stinnes provocou
uma incrível confusão, mas foi logo aceita, com uma pressa alarmante, como leit
motiv de todos os remendões e charlatães que o acaso tinha guindado à posição de
"estadistas".
Uma das piores provas de
decadência da Alemanha, já antes da Guerra, era a quase indiferença geral que se
notava a respeito de tudo. Essa situação mental é sempre a conseqüência da
incerteza sobre as coisas. Dessa e de outras causas surge a pusilanimidade como
conseqüência fatal. O sistema educacional contribuía para agravar essa
situação.
Havia muitos pontos fracos na
educação dos alemães, antes da Guerra. Eram inspirados em um sistema unilateral,
visando principalmente a instrução pura, sem se preocupar em fornecer ao povo a
capacidade prática Menos ainda se pensava na formação do caráter, muito pouco se
cogitava de encorajar o senso da responsabilidade e nada absolutamente sobre
cultivo da força de vontade e de decisão.
A
conseqüência disso é que não se faziam homens fortes mas maleáveis sabichões.
Assim eram universalmente considerados os alemães antes da Guerra e, por esses
motivos, é que gozavam de consideração. O alemão era estimado porque era útil,
mas devido à sua falta de força de vontade ele era pouco respeitado. Nisso
estava o motivo por que ele trocava a sua nacionalidade por outra, mais
facilmente do que qualquer outro povo. este provérbio: "Com o chapéu na mão pode
se percorrer o mundo", define essa
mentalidade.
Os efeitos dessa maleabilidade
tornaram-se ainda mais desastrosos quando influíram na forma por que todos se
deveriam portar junto ao soberano. O uso era não replicar mas aprovar tudo o que
o Soberano entendesse de ordenar. E, no entanto, era justamente nesse caso que
mais necessária se fazia a existência de homens dignos e independentes. Ao
contrário, a subserviência geral arrastaria um dia o Império à ruína. Vivia-se
em um mundo todo de lisonjas.
Só aos
bajuladores e aos servis, em uma palavra, aos elementos decadentes de uma nação
que sempre se sentaram bem junto aos mais altos tronos, mais à vontade do que os
homens honestos e independentes, poderá parecer essa a única forma de relações
de um povo para com os seus monarcas! Essas criaturas, tipo "humilde servo", em
todas as suas humilhações junto aos seus senhores, aos que lhes dão o pão,
sempre demonstraram o maior atrevimento em relação ao resto da humanidade,
sobretudo quando, com o maior despudor, como os únicos "monarquistas", se
comparam ao resto dos mortais. Isso constitui uma verdadeira impudência de que
só vermes, nobres ou plebeus, são capazes. Na realidade esses homens foram
sempre os cordeiros da monarquia e sobretudo do pensamento monárquico. É
impossível pensar de outra maneira, pois um homem capaz de responder por alguma
coisa nunca poderá ser um hipócrita e um bajulador, um sem caráter. Se ele está
seriamente empenhado na conservação e desenvolvimento de uma instituição dará a
isso todo o esforço de que é capaz e nunca abandonará o seu posto, quaisquer que
sejam os riscos que aparecerem. Um homem assim não aproveita todas as
oportunidades para berrar em público, da maneira mais hipócrita, como fazem os
amigos "democráticos", da monarquia. Ao contrário. ele procurará aconselhar e
advertir Sua Majestade, o próprio depositário da
coroa.
Ele não se colocará no ponto de vista de
que Sua Majestade deve conservar as mãos livres para agir à vontade, mesmo que
isso visivelmente conduzisse a um desastre! Ao contrário, assim agindo protegerá
a monarquia contra o monarca, evitando-lhe todos os perigos. Se o mérito dessa
coordenação dependesse da pessoa de cada monarca, então a monarquia seria a pior
instituição imaginável, pois só em rasos raríssimos, os monarcas são
depositários da mais alta sabedoria, da razão mais perfeita ou mesmo do caráter
mais puro. Nisso só acreditam os bajuladores e hipócritas. Todos os espíritos
retos e esses são os elementos de mais valor do Estado - sentirão repulsa em
defender erro tão grave.
Essa situação é boa
para sicofantas, mas os homens de bem - que, felizmente, ainda são a maioria da
nação - só repulsa poderiam sentir por uma prática tão absurda. Para esses a
história é a história e a verdade é sempre a verdade, mesmo quando se trata de
um monarca. A felicidade de possuir um grande monarca e um grande homem
combinados na mesma pessoa é tão rara na vida das nações que elas têm de se
contentar com que a maldade da sorte poupe-as ao menos dos erros mais
graves.
A virtude e a significação da idéia
monárquica não podem essencialmente estar ligadas à pessoa do monarca, a menos
que Deus se digne pôr a coroa sobre a cabeça de um grande herói como Frederico o
Grande ou um caráter prudente como Guilherme I. Isso pode acontecer uma vez em
vários séculos, raras vezes mais freqüentemente. A idéia vem antes da pessoa, a
sua significação deve repousar exclusivamente na própria instituição, e o
monarca entrará na lista dos que o servem. Ele passa a ser considerado como mais
uma roda na máquina política do Estado, perante o qual tem deveres como toda
gente. Ele também terá que se bater pela realização dos grandes objetivos
nacionais e "monarquista" não será mais o depositário da coroa que consente nas
maiores ofensas à mesma, mas, ao contrário, aquele que a defende. Se a
predominância não fosse dada à idéia mas às pessoas, consideradas "sagradas",
quaisquer que elas fossem, nunca se deveria empreender o afastamento de um
príncipe - visivelmente louco.
É necessário que
se aceite essa verdade agora que aparecem à tona cada vez mais os sinais ocultos
no passado, aos quais se deve atribuir, e não em pequena escala, o fato de ter
sido impossível evitar a ruína da monarquia. Com uma ingênua imperturbabilidade,
continua essa gente a falar no "seu rei", rei que há poucos anos, eles
abandonaram miseravelmente na hora crítica e começaram a apontar como maus
alemães todos aqueles que não estão dispostos a concordar com as suas idéias. Na
realidade, eles são os mesmos poltrões que, em 1918, diante de qualquer fita
vermelha, fugiam espavoridos, viam "seu rei" deixar de ser rei, trocavam
precipitadamente a alabarda pela "bengala" e, como pacíficos burgueses,
desapareciam como por encanto. De um golpe eles foram afastados, esses campeões
do rei, e só depois de passada a tempestade revolucionária, o que se deveu à
atividade de outros, e que, de novo, se tornou possível dar vivas ao rei,
começaram esses "criados e conselheiros" da coroa a aparecer na superfície.
Agora estão todos aí a chorar de novo, pelas cebolas do Egito, lembrando-se do
passado; mal se podem conter de tanta fidelidade ao rei, de tanta vontade de
luta, até que um dia apareça a primeira fita vermelha. Então o barulho em favor
da monarquia de novo desaparecerá, e eles fugirão como ratos diante de
gatos.
Se os monarcas não fossem eles próprios
culpados por esses fatos poder-se-ia ao menos lastimá-los por terem eles esses
defensores de hoje.
Eles devem, porém, se
convencer que, com tais cavalheiros, é fácil perder um trono, mas nunca
conquistar uma coroa.
Essa pusilanimidade era
um erro da nossa educação que reagia da maneira mais desastrada na vida
política. Aos seus efeitos se devem os lastimáveis sintomas visíveis em todas as
cortes e neles devem-se procurar as causas do progressivo enfraquecimento da
instituição monárquica. Quando o edifício começou a abalar-se, os seus
defensores como que se evaporaram. Os bajuladores não se deixaram matar pelos
seus senhores. Porque os monarcas nunca se aperceberam dessa situação e, quase
por uma questão de princípio, jamais trataram de estudá-la, ela se transformou
na causa de sua ruína.
Um dos resultados dessa
educação mal orientada era o receio de enfrentar as responsabilidades e dai a
fraqueza na maneira de resolver os problemas essenciais da
nação.
O ponto de partida dessa epidemia está,
entre nós, sobretudo na instituição do parlamentarismo, onde a
irresponsabilidade era francamente cultivada cm estufa. Infelizmente essa
moléstia lentamente contaminou toda a vida do país e mais intensamente a vida
política. Por toda parte, começou a enfraquecer-se a noção da responsabilidade
e, em conseqüência disso, dava-se preferência em tudo às meias medidas, pelo
emprego das quais, o número das pessoas de responsabilidade foi sempre se
restringindo cada vez mais, observe-se apenas a conduta do próprio Império, em
face de uma série de sintomas alarmantes de nossa vida pública, e logo se
perceberá a terrível significação dessa geral covardia e indecisão, conseqüência
da falta da noção da
responsabilidade.
Mostrarei alguns casos dentre
os inúmeros que ocorrem.
Nos meios
jornalísticos é costume apontar a imprensa como um "grande poder" dentro do
Estado. É verdade que é imensa a sua importância atual. Dificilmente se pode
avaliar todo o seu prestigio. Na realidade a sua missão é de continuar a
educação do povo até a uma idade avançada.
Em
conjunto podem ser divididos os leitores de jornais em três grandes
grupos:
1.° O dos que acreditam em tudo que
lêem.
2.° O daqueles que já não mais acreditam
em coisa alguma.
3.° O dos que submetem tudo o
que lêem à crítica para chegarem, a um julgamento
seguro.
O primeiro grupo é muito mais numeroso
que os outros. Compõe se da grande massa do povo e, por isso mesmo, da parte
intelectualmente mais fraca da nação. Não pode ser designado por classes, mas
pelo grau de inteligência. A esse grupo pertencem todos os que não nasceram para
ter pensamento independente ou não foram educados para isso e que, em parte por
incapacidade e em parte por falta de vontade, acreditam em tudo que lhes é
apresentado em letra de fôrma. A essa classe também pertencem os preguiçosos que
podem pensar mas, por mera indolência, agradecidos, aceitam tudo o que os outros
pensam, na suposição de que esses já chegaram a essas conclusões com muito
esforço. Para toda essa gente, que representa a grande massa do povo, a
influência da imprensa é fantástica. Eles não estão em condições, por falta de
cultura ou por não o quererem, de examinar as idéias que se lhes apresentam.
Assim, a maneira de encarar os problemas do dia é quase sempre resultado da
influência das idéias que lhes vêm de fora. Essa situação pode ser vantajosa
quando os esclarecimentos que lhes são dados partem de uma fonte séria e amiga
da verdade, mas constitui uma desgraça quando têm sua origem em pulhas e
mentirosos.
O segundo grupo é muito menor
quanto ao número. Em parte é composto de elementos que, de começo, pertenciam ao
primeiro grupo e que, depois de amargas decepções, passaram para o lado oposto e
não acreditam em mais nada que lhes seja apresentado em forma impressa. Esses
têm ódio a todos os jornais, não os lêem ou irritam-se contra tudo o que neles
se contém, convencidos de que neles só se encontram mentiras e mais mentiras. É
difícil manobrar com esses homens, porque para eles a própria verdade é sempre
vista com desconfiança. E uma classe com que não se (leve contar para qualquer
agitação eficiente.
O terceiro grupo é de todos
o menor. Compõe-se dos espíritos de elite que, por naturais disposições
intelectuais e pela educação, aprenderam a pensar com independência, que, sobre
todos o assuntos, se esforçam por formar idéias próprias e que submetem todas as
suas cuidadosas leituras a um em cursiva pessoal para daí tirar conseqüências.
Esses não lerão nenhum jornal sem que as idéias recebidas passem por um crivo. A
situação do editor não é nada fácil.
Para os
que pertencem a esse terceiro grupo o erro que um jornal possa perpetrar oferece
pouco perigo e é de muita significação. No decurso de sua vida eles se
acostumaram a ver, com fundadas razões, em cada jornalista, um patife que, só
por exceção, fala a verdade. Infelizmente, o valor desses tipos brilhantes jaz
apenas na sua inteligência e não no número, o que constitui uma infelicidade em
uma época em que a maioria e não a sabedoria vale tudo! Hoje que o voto das
massas é decisivo, a última palavra cabe ao grupo mais numeroso, quase constitui
da grande multidão dos simples e crédulos. É um interesses essencial do Estado e
da nação evitar que o povo caia nas mãos de maus educadores, ignorantes e mal
intencionados. É, por isso, dever do Governo velar pela educação do povo e
impedir que o mesmo tome orientação errada, fiscalizando a atuação da imprensa
em particular, pois a sua influência sobre o espírito público é a mais forte e a
mais penetrante de todas, desde que a sua ação não é transitória mas contínua.
Sua imensa importância está no fato da uniforme e persistente repetição da sua
propaganda.
Aqui, mais do que em qualquer
setor, é dever do Estado não esquecer que a sua atitude, qualquer que ela seja,
deve conduzir a um fim único e não deve ser desviada pelo fantasma da chamada
liberdade de imprensa", desprezando assim os seus deveres com prejuízo do
alimento de que a nação precisa para a conservação de sua
saúde.
O Estado deve controlar esse instrumento
de educação popular com vontade firme e pô-lo ao serviço do Governo e da
nação.
Que sorte de alimento intelectual a
imprensa alemã ofereceu ao povo antes da Guerra? Não foi, porventura, o mais
perigoso veneno que se poderia imaginar? Não se inoculou no coração do povo um
pacifismo da pior espécie, justamente quando o mundo se preparava, lenta mas
seguramente, para estrangular a Alemanha? Já em plena paz, não tinha essa
imprensa instilado, gota a gota, no espírito do povo, a dúvida sobre os direitos
da própria nação, com o fim de enfraquece Ia, desde o primeiro momento de sua
defesa? Não foi a imprensa alemã, que fez o nosso povo interessar se- pela
"democracia ocidental", até convencendo-o, por meio de frases bombásticas, que
seu futuro poderia ser confiado a uma confederação? Não colaborou ela para
educar o povo na amoralidade? Não foram a moral e os bons costumes
ridicularizados pelos jornais como retrógrados e peculiares aos provincianos,
até que o povos por fim, se tornou "moderno" Os alicerces da autoridade do
Estado não foram por eles constantemente minados até chegar ao ponto de um
simples empurrão poder provocar a ruína do edifício? Não se opuseram eles por
todos os meios a que se desse ao Estado o que ao Estado era devido? Não foram
eles que desacreditaram o exército, que pregaram contra o serviço militar,
contra a concessão de créditos para o exército, até tornar o êxito militar
impossível?
O que a chamada imprensa liberal
fez antes da Guerra foi cavar um túmulo para a nação alemã e para o Reich. Não
precisamos dizer nada sobre os mentirosos jornais marxistas. Para eles o mentir
é tão necessário como para os gatos o miar. Seu único objetivo é quebrar as
forças de resistência da nação, preparando-a para a escravidão do capitalismo
internacional e dos seus senhores, os
judeus.
Que fez o Governo para resistir a esse
envenenamento em massa do povo alemão? Nada, absolutamente nada! Alguns fracos
decretos, algumas multas por ofensas tão graves que não podiam ser desprezadas,
e nada mais!
Esperava-se conquistar as
simpatias desses pestilentos através de lisonjas, do reconhecimento do "valor"
da imprensa, de sua "significação", da sua "missão educadora" e outras
imbecilidades. Os judeus, porém, recebiam essas demonstrações com um sorriso de
raposa e retribuíam com um astucioso
agradecimento.
A razão para essa ignominiosa
renúncia do Governo não estava no desconhecimento do perigo, mas em uma covardia
que gritava aos céus e na indecisão que, em conseqüência disso, caracterizava
todas as resoluções tomadas. Ninguém tinha a coragem de 'empregar meios
radicais, ao contrário disso, todos porfiavam em prescrever receitas
homeopáticas e, em vez de dar-se um golpe certeiro na víbora, aumentava-se a sua
capacidade de envenenar. O resultado é que não só tudo ficou pior do que dantes
como a instituição que se deveria combater tomou cada dia maior
vulto.
A campanha de defesa iniciada, outrora,
pelo Governo, contra a imprensa, controlada, na sua maioria, por judeus, e que
estava lentamente corrompendo a nação, não obedeceu a um plano definido e
decisivo ou, pelo menos, não teve nenhum objetivo
visível.
A conduta dos representantes do
Governo falhou ao objetivo, tanto no modo de avaliar a importância do combate
como. na escolha dos métodos e no estabelecimento de um plano definido. Agia-se
à-toa. De quando em vez, quando gravemente ofendidos, eles punham no xadrez
algumas víboras jornalísticas por algumas semanas, ou mesmo meses, mas deixavam
sempre o seu ninho em paz.
Tudo isso era a
conseqüência, por um lado, da tática astuciosa dos judeus e, por outro, da
conselheira estupidez ou da ingenuidade do mundo
oficial.
O judeu era esperto bastante para não
consentir que toda a sua imprensa fosse, ao mesmo tempo, manietada. Uma parte da
mesma estava sempre livre para acobertar a outra. Enquanto os jornais marxistas,
da maneira mais baixa, combatiam o que de mais sagrado poderia parecer aos
homens, investiam, pelos processos mais infames, contra o Governo e açulavam
grandes setores da população uns contra os outros, as folhas
democrático-burguesas dos judeus davam a aparência da mais notável preocupação
com esses fatos, concentravam todas as suas forças, sabendo exatamente que os
imbecis só sabem julgar pelas aparências, e jamais são capazes de penetrar no
âmago das coisas. É a essa fraqueza humana que os judeus devem a consideração em
que são tidos.
Para esses leitores o
Frankfurter Zeitung é o que há de mais respeitável. Nunca usa expressões
ásperas, nunca fez apologia da força bruta e apela sempre para a luta com as
armas da inteligência o que, - é curioso constatar - agrada sobretudo às classes
menos intelectuais Isso é uma conseqüência da nossa indecisão, que divorcia o
homem das suas inclinações naturais que lhe inocula umas determinadas idéias que
não podem conduzi-lo a noções posteriores porque a diligência e a boa vontade,
por si só, de nada servem, tornando-se necessária a inteligência trazida do
berço. Essas noções a que me refiro têm sempre a sua explicação em causas
intuitivas. Isso quer dizer que o homem não deve nunca cair no erro de acreditar
que surgiu para ser o senhor da natureza - concepção que o regime da meia
educação tanto facilita mas, ao contrário, deve compreender a necessidade
fundamental do poder da Natureza e também que a sua própria existência está
dependente das leis da eterna luta natural. Sentiremos então, que, em um mundo
em que planetas e sois andam à roda, no qual a força sempre domina a fraqueza e
submete-se à escravidão ou elimina-a, não podem existir outras leis para os
homens Podemos tentar compreende-las mas nunca delas nos
libertarmos.
É justamente para os filósofos
semi-intelectuais que o judeu escreve na sua chamada "imprensa intelectual". o
tom do Frankfurter Zeitung e do Berliner Tageblatt é mantido com a intenção de
agradar a essa classe, justamente a mais influenciada por esses jornais. Ao
passo que, com o máximo cuidado, evitam toda grosseria de linguagem recorrem a
outros processos para envenenar o espírito público, Por meio de uma amálgama de
frases agradáveis eles enganam seus leitores, incutindo-lhes lhes a crença de
que a ciência pura e a verdadeira moral são as forças propulsoras de suas ações,
ao passo que na realidade Isso não passa de um inteligente artifício para
roubarem uma arma que seus adversários poderiam usar contra a imprensa. Enquanto
uns, por decência, sentem-se enojados tanto mais acreditam os imbecis que se
trata de ataques temporários que nunca chegarão a ferir de morte a "liberdade de
imprensa" como se costuma denominar o abuso desse instrumento de ludíbrio e de
envenenamento do povo, ao abrigo de quaisquer
punições.
Por isso, todos têm evitado proceder
contra esse banditismo, com receio de ter contra si a imprensa "independente",
receio aliás muito fundamentado. Logo que se tenta agir contra um desses
vergonhosos jornais, todos os outros do partido se aproveitam, não para aprovar
- o que seria demais - as lutas do jornal em questão, mas em nome do princípio
da liberdade de imprensa, da liberdade de pensamento Só se batem pela liberdade
de imprensa! Ao som desse clamor, os homens mais fortes sentem-se fracos, desde
que a gritaria parte das folhas
"independentes".
Por esse processo pôde esse
veneno penetrar e circular livremente no sangue do povo e produzir os seus
efeitos, sem que ø Estado se sentisse com força bastante para combater essa
moléstia. Nas irrisórias meias medidas empregadas pelo Estado já se poderiam ver
os sinais ameaçadores da queda do Império, pois uma instituição que não mais
está resolvida a defender-se com todas as armas renuncia à sua própria
existência Toda indecisão é um visível sinal da ruína interna que deve ser
seguida, mais cedo ou mais tarde, do colapso
externo.
Penso que a geração atual se bem
dirigida, evitará mais facilmente esse perigo. Ela passou por várias
experiências capazes de enrijar os nervos de quem quer que não tenha perdido a
noção da sua força.
Um dia virá em que o judeu
gritará bem alto nos seus jornais, quando sentirem que uma mão forte está
disposta a pôr fim a esse vergonhoso uso da imprensa, pondo esse instrumento de
educação a serviço do Estado, retirando-o das mãos de estrangeiros e inimigos da
nação. Acredito que essa empresa, para nós jovens, será menos incômoda do que o
foi aos nossos pais. Uma granada de trinta centímetros fala mais alto do que mil
víboras da imprensa judaica. Deixai que elas
gritem.
Outro exemplo de indecisão e fraqueza
da direção oficial nas questões de interesse vital da nação consiste no
seguinte. Ao mesmo tempo que se processava uma contaminação moral e política,
verificava-se, de há muito, um envenenamento não menos horrível, do povo, do
ponto de vista de sua saúde. Sobretudo nas grandes cidades, a sífilis grassava
de maneira impressionante. Por seu lado, a tuberculose mantinha a sua colheita
normal em todo o país. Apesar de que, em ambos os casos, as conseqüências para a
nação fossem horríveis ninguém tinha coragem de tomar medidas
decisivas.
Especialmente a respeito das
devastações da sífilis, é patente a capitulação do povo e do Governo. Em uma
luta séria dever-se-ia recorrer a processos mais radicais do que àqueles de que
se lançou mão. A descoberta de um recurso para o problema em questão, assim como
contra a exploração comercial de uma tal epidemia, só poucas vantagens poderia
apresentar. Dever-se-ia cogitar somente das causas dessa calamidade e não em
fazer desaparecerem os sintomas externos.
A
causa primária estava, porém, na prostituição do
amor.
Mesmo que essa prostituição não tivesse
por conseqüência a terrível epidemia que devastava a nação, ela, só por seus
efeitos morais, seria bastante para levar um povo à
ruína.
Esse envenenamento da alma do povo pelos
judeus, essa mercantilização das relações entre os dois sexos haviam, mais cedo
ou mais tarde, de prejudicar as novas gerações, desde que, em lugar de crianças
nascidas de um instinto natural apareciam apenas lamentáveis produtos de um
espírito Inteiramente comercial. Os interesses materiais eram, cada vez mais, o
fundamento único dos casamentos. O amor tinha que tirar a sua revanche em outros
setores.
Durante algum tempo, talvez fosse
possível zombar da natureza, mas a reação não tardaria; ela far-se-ia reconhecer
mais tarde ou seria vista pelos homens demasiadamente tarde. As conseqüências
desastradas do desprezo das leis naturais no que diz respeito ao casamento são
visíveis no mundo aristocrático. Nesse setor as mães só obedeciam a imposições
sociais ou a interesses financeiros. No primeiro caso, a conseqüência era o
enfraquecimento da raça; no segundo, tratava-se de um envenenamento do sangue
nacional, uma vez que toda filha de pequeno comerciante judeu se julgava com
direito a suprir a descendência de Sua Alteza. Em ambas as hipóteses a mais
completa degenerescência era o resultado desse estado de
coisas.
A burguesia atual esforça-se por seguir
o mesmo caminho e chegará aos mesmos
resultados.
Com idêntica pressa procura-se
passar sobre as verdades desagradáveis como se, com essa maneira de agir, se
pudesse evitar que os fatos acontecessem. Não! Não se pode negar, por demasiado
evidente, a triste realidade de que o povo das nossas grandes cidades cada vez
mais se prostitui e, justamente por isso, aumentam as devastações da sífilis. As
conseqüências dessa epidemia geral podem' ser examinadas nos hospícios e
Infelizmente também nas crianças. Sobretudo estas são o mais triste resultado do
constante e progressivo infeccionamento da nossa vida sexual. Nas doenças das
crianças são evidentes as taras dos pais.
Há
vários meios da gente desinteressar-se ante essa desagradável e horrível
realidade. Uns nada vêem ou, melhor, não querem ver. Essa é a atitude mais
simples e mais cômoda. Outros se envolvem no manto de um pudor irrisório e
mentiroso, falam do assunto como se se tratasse apenas de um grande pecado e
manifestam, diante de cada pecador pegado em flagrante a sua mais profunda
cólera, para depois, tomados de nojo, fecharem os olhos à maldita epidemia e
pedirem a Deus, para, depois da morte deles, se possível, enviar uma chuva de
enxofre e fogo sobre essa Sodoma e Gomorra, para edificante exemplo a essa
despudorada humanidade. Os terceiros leitores vêem muito bem as tétricas
conseqüências que essa peste um dia provocará, mas encolhem os ombros e passam,
convencidos de que nada podem fazer contra o perigo. Assim deixam-se as coisas
seguirem seu curso natural.
Isto é muito
cômodo, mas é preciso que ninguém se esqueça de que esse comodismo custará o
sacrifício da nação. A desculpa de que as outras nações não estão em situação
melhor em nada modificará a triste realidade da nossa própria ruína, salvo se o
fato de a mesma infelicidade recair sobre os outros constituísse um alívio para
as nossas próprias dores.
O problema deve,
porém, ser posto nos seguintes termos: Quais são os povos que serão por ela
arrastados à ruína?
Trata-se de uma prova a que
são submetidas as raças. Aquelas que não resistirem à prova parecerão e serão
substituídas pelas mais sadias, mais resistentes, mais capazes de
reação.
Como esse problema "interessa", em
primeiro lugar, às novas gerações, pertence à categoria dos em que com muita
razão se diz que os pecados dos pais se refletem até sobre a décima geração,
verdade essa que se traduz em um atentado contra a pureza do sangue e da
raça.
O pecado contra o sangue e a raça é o
pecado original deste mundo e o fim da humanidade que o
comete.
Em que situação deplorável se
encontrava a Alemanha de antes da Guerra em relação a esse
problema!
Que se fez para impedir a
contaminação da juventude das grandes
cidades?
Que se fez para combater as
devastações da sífilis sobre o corpo do povo?
A
resposta a essas perguntas era a afirmação de que se tratava de uma fatalidade
inevitável.
Antes de tudo, trata-se de um
problema que não deve ser encarado tão levianamente. É preciso que se compreenda
que da sua solução de. pende a felicidade ou infelicidade de gerações inteiras e
que dele pode depender decisivamente, embora não o devesse, o futuro do nosso
povo. Essa compreensão do problema obrigava, porém, a medidas radicais, e a uma
intervenção decidida e firme.
Em primeiro
lugar, seria necessário que todos se convencessem de que a atenção de todo o
povo se deveria concentrar nesse terrível perigo, de modo que todos os
indivíduos, pudessem se compenetrar da importância dessa luta. Só se pode
transformar em realidade certos deveres, principalmente aqueles cuja realização
demanda sacrifício, quando os indivíduos, sem nenhuma coação, se convencem da
necessidade de cumpri-los. Para isso é preciso uma enorme propaganda que faça
passar para um plano 'secundário todos os outros problemas- do
dia.
Em todos os casos em que se trata da
solução de pretensões, de problemas aparentemente impossíveis, deve-se
concentrar toda a atenção do povo sobre esse problema como se de sua resolução
dependesse a existência coletiva. Só por esse meio se pode tornar um povo
conscientemente capaz de um grande esforço. Esse princípio também se aplica aos
indivíduos tomados isoladamente, sempre que se trata da realização de grandes
objetivos. O indivíduo só poderá atingir o fim visado, por etapas graduais, só
concentrará todos os seus esforços para alcançar um objetivo determinado, depois
que a primeira etapa parecer alcançada e o plano para a nova estiver traçado.
Quem não adotar essa divisão, em etapas, do caminho a percorrer, quem não se
esforçar por esse plano de concentração de todas as forças a vencer, etapa por
etapa, não poderá nunca atingir o objetivo, ficará ao contrário, no meio do
caminho, talvez até no desvio.
Esses
preparativos para a consecução de uma determinada finalidade constituem uma
verdadeira arte e exigem o em prego de todas as energias disponíveis para que se
possa, passo a .passo, chegar ao fim. A primeira condição que se torna
necessária para o povo vencer as diferentes etapas é que a direção consiga
convencer a massa do povo que a próxima etapa a ser alcançada é a última e que,
de sua conquista, tudo depende. O povo nunca vê em toda sua extensão, o caminho
a percorrer, sem cansar-se e hesitar na sua tarefa. Até certo ponto ele verá a
meta a ser atingida, mas só poderá abranger com a vista pequenas etapas, tal
qual o viandante que sabe qual é o fim da sua jornada mas vence melhor o caminho
sem fim, se dividi-lo em trechos e procurar vencê-los, como se cada um fosse o
fim da jornada. Só assim, ele caminha sempre para a frente, sem
desanimo.
Assim se deveria, pelo emprego de
todos os meios de propaganda, ter convencido a nação de que o combate contra a
sífilis era o problema máximo do povo e não um dos seus problemas. Para alcançar
esse fim, dever-se-ia convencer o povo de que todos os seus males resultaram
dessa horrível infelicidade e, pelo emprego de todos os meios possíveis,
martelar essa idéia na cabeça de todos, até que toda a nação chegasse a
compreender que da solução desse problema tudo depende, o futuro da Pátria ou a
sua ruína.
Só depois de uma tal preparação,
mesmo que durasse anos, poder-se-ia despertar a atenção do povo inteiro e
impeli-lo a decisões firmes. Só assim se poderia tomar medidas que exigiriam
grandes sacrifícios, sem correr o perigo de não ser compreendido e ser
abandonado pela boa vontade da nação.
Para
combater uma peste seriamente são necessários inauditos sacrifícios e esforços.
A campanha contra a sífilis exige uma campanha idêntica contra a prostituição,
contra preconceitos, contra velhos hábitos, contra idéias ainda em voga, pontos
de vista e, por fim, contra o pudor artificial de certos meios
sociais.
A primeira hipótese, aliás por motivos
morais, para combater a sífilis consiste em facilitar os casamentos dos jovens,
nas futuras gerações. Nos casamentos tardios está uma das causas da conservação
de um estado de coisas que, por mais que se queira torcer, é e será sempre uma
vergonha para a humanidade, e que deve ser visto como uma maldição para
criaturas que, modestamente, se julgam feitas à imagem do
Criador.
A prostituição é uma vergonha para a
humanidade, que não pode, porém, ser removida com preleções morais, piedosos
sentimentos, etc. A sua diminuição e a sua extinção completa pressupõem a
remoção de um número infinito de condições preliminares. A primeira condição,
porém, é a criação de um ambiente de facilidades ao casamento dos jovens, o que
aliás corresponde a uma exigência da natureza. Referimo-nos sobretudo aos
homens, pois nesses assuntos a mulher é sempre
passiva.
Como os homens de hoje, em parte se
acham desviados, pode-se ver no fato de, freqüentemente, as mães, na chamada
"melhor" sociedade, darem graças a Deus encontrarem no filho um homem que já se
iniciou". Como essa é a hipótese mais freqüente, as pobres raparigas encontrarão
um Siegfried "iniciado" e as crianças sofrerão os efeitos desses "ajuizados
casamentos".
Se refletirmos que uma grande
diminuição da procriação é conseqüência desse estado de coisas e que disso está
dependente a seleção natural que só pode ter como resultado criaturas infelizes,
então é lícito que nos façamos esta pergunta: Por que manter uma tal
instituição? Que objetivo preenche ela? Não é ela, porventura, igual à própria
prostituição? O dever para com a posteridade não existe mais? Não se compreende
que praga se reserva a futuras gerações através de uma tão criminosa e leviana
aplicação de um direito natural que é também o maior dever para com a
Natureza?
Assim se degeneram os grandes povos e
gradualmente são arrastados à ruína.
O
casamento não deve ser uma finalidade em si, mas ao contrário, deve servir à
multiplicação e conservação da espécie e da raça, Esse é o seu significado, essa
é a sua finalidade.
Assim sendo, a sua razão de
ser deve ser medida pela maneira por que é alcançado esse objetivo. Os
casamentos entre jovens se justificam ao primeiro exame, porque podem dar
produtos mais sadios e mais resistentes. Para facilitar essas uniões tornam-se
imprescindíveis várias condições sociais, sem as quais impossível é contar com
casamentos entre jovens. A solução desse problema, aparentemente tão fácil, não
se encontrará sem medidas decisivas sob o ponto de vista
social.
A importância desse problema ressalta
do fato de vivermos em um tempo em que a chamada República "Social",
demonstrando a sua incapacidade para resolver o problema das habitações, tornou
impossíveis inúmeros casamentos e incrementou, por esse meio, a
prostituição.
À irracionalidade da nossa
maneira de dividir os salários, sem nenhuma atenção ao problema da família e seu
sustento, deve-se o fato de muitos casamentos não se
realizarem.
Só se pode tentar uma verdadeira
guerra contra a prostituição se, por uma modificação radical nas atuais
condições sociais, se facilitarem as uniões entre jovens, mais do que acontece
atualmente. Essa é a primeira condição para que o problema da prostituição possa
ser resolvido.
Em segundo lugar, a educação e a
instrução terão que eliminar uma porção de erros com os quais até hoje ninguém
se preocupou. Antes de tudo é preciso pôr no mesmo plano a educação intelectual
propriamente dita e a educação física! O que hoje se conhece pelo nome de
Ginásio é um arremedo do modelo grego. Com os nossos processos educacionais,
tem-se a impressão de que todos se esqueceram de que um espírito sadio só pode
existir em um corpo são. Essa verdade é tanto mais ponderável quando se aplica à
grande massa do povo, pondo-se de parte exceções
individuais.
Tempo houve, na Alemanha de antes
da Guerra, em que ninguém se preocupava com essa verdade. Pecava-se abertamente
contra a saúde do corpo e pensava-se que, na formação intelectual, estava uma
garantia da prosperidade da nação, Esse erro começou a fazer sentir as suas
conseqüências mais depressa do que se
esperava.
Não foi por obra do acaso que a onda
bolchevista encontrou meio mais favorável justamente entre as populações que
mais haviam sofrido fome ou alimentação insuficiente, isto é, a Alemanha
central, a Saxônia e o Ruhr. Nessas regiões quase não se nota a resistência, da
parte dos chamados "intelectuais", contra essa epidemia judaica, e isso menos em
conseqüência da miséria do que em conseqüência da educação. A maneira unilateral
de encarar a educação nas camadas elevadas da sociedade, justamente nesta época
em que é o punho que decide e não o espirito, torna-as incapazes de manterem as
suas posições e ainda menos de vencerem. .Na fraqueza física está a razão
principal da covardia dos indivíduos.
O valor
excessivo dado à cultura intelectual pura e a negligência em relação à formação
física dão origem, antes de tempo, às solicitações sexuais. O jovem que se
fortalece nos desportos e nos exercícios de ginástica está menos sujeito a
capitular ante a satisfação dos seus instintos do que aquele que vive,
sedentariamente, no gabinete de estudo.
Uma
educação racional terá que tomar em consideração esse aspecto do problema. Essa
educação não deve perder de vista que se deve esperar da mulher um rebento mais
sadio do que os que atualmente já nascem
contaminados.
O conjunto da educação deveria
ser organizado de maneira que todo o tempo disponível da mocidade fosse
empregado na sua cultura física. Nos tempos que correm, a mocidade não tem o
direito de errar pelas ruas e cinemas, fazendo distúrbios, cumpre-lhe, depois da
faina diária, exercitar-se fisicamente para, quando entrar na vida, apresentar a
resistência necessária. Prepará-la para isso deve ser o objetivo da educação e
não simples aquisição da chamada cultura intelectual. Devemo-nos livrar da noção
de que a cultura física compete ao próprio indivíduo. Ninguém tem liberdade de
errar à custa da posteridade, isto é, da
raça.
A luta contra o envenenamento da alma
deve-se desenvolver ao lado da cultura física. Hoje toda a nossa vida em público
é uma espécie de estufa para o cultivo de idéias e atrações sexuais. Olhem-se os
programas de cinemas, das casas de diversões, dos teatros de variedades e
ver-se-á que aquelas idéias parecem ser vistas como o alimento apropriado,
especialmente para a educação da mocidade. Casas e quiosques de propaganda
coligam-se para atrair a atenção pública pelos mais baixos expedientes. Quem
quer que não tenha perdido a capacidade de penetrar na. alma dos jovens, logo
compreenderá que essa educação só pode resultar em graves prejuízos para a
mocidade.
Esse ambiente é causa de imagens e
excitações sexuais em um momento em que os jovens não têm nenhuma idéia de tais
coisas. O resultado desse processo de educação não pode ser visto de maneira
satisfatória na mocidade de hoje. Os jovens amadurecem depressa demais e
envelhecem antes do tempo. Nas saías das nossas cortes de justiça aparecem
freqüentemente casos que permitem fazer-se uma idéia do horrível estalo de
espírito dos nossos jovens de quatorze e quinze anos. Quem se poderá admirar de
que, já nessa idade, a sífilis faça as suas vítimas? Não é uma lástima verem-se
tantos jovens, fisicamente fracos e espiritualmente corrompidos, ingressarem na
vida de casados, depois de um estágio na prostituição das grandes
cidades?
Quem quiser combater a prostituição,
deve, em primeiro lugar, auxiliar a combater as razões espirituais em que ela se
funda.
Deve, primeiro, livrar-se do lixo da
intelectualidade das grandes cidades e isso sem vacilações ante a gritaria que,
naturalmente, se verificará.
Se não livrarmos a
mocidade do charco que atualmente a ameaça, ela nele afundará. Quem não quiser
se aperceber dessa situação, estará concorrendo para apoiá-la, transformando-se
em co-autor da lenta prostituição das futuras
gerações.
O teatro, a arte, a literatura, o
cinema, a imprensa, os anúncios, as vitrines, devem ser empregados em limpar a
nação da podridão existente e pôr-se a serviço da moral e da cultura
oficiais.
E, em tudo isso, o objetivo único
deve ser a conservação da saúde do povo, tanto do ponto de vista físico como do
intelectual. A liberdade individual deve ceder o lugar à conservação da
raça.
Só depois de executadas essas medidas,
pode-se ter sólidas esperanças de êxito na campanha profilática contra a
epidemia. Nessa luta também não se deve recorrer a meias medidas mas, ao
contrário, devem ser tomadas resoluções sérias e
decisivas.
É deplorável que se consinta que
indivíduos que sofrem de moléstias incuráveis continuem a contaminar as pessoas
sadias. Isso corresponde a um sentimento de humanidade do qual decorre o
seguinte - para não fazer mal a um arruinam-se centenas. Tornar impossível que
indivíduos doentes procriem outros mais doentes é uma exigência que deve ser
posta em prática de uma maneira metódica, pois se trata da mais humana das
medidas. Ela poupará a milhões de infelizes desgraças que não mereceram e terá
como conseqüência a elevação do nível da saúde do povo. A firme resolução de
enveredar por esse caminho oporá também um dique às moléstias venéreas. Nesse
assunto, quando necessário, deve-se proceder, sem compaixões, no sentido do
isolamento dos doentes incuráveis. Essa medida é bárbara para os infelizes
portadores dessas moléstias mas é a salvação dos coevos e pósteros. O sofrimento
imposto a um século livrará a humanidade de sofrimentos idênticos por milhares
de anos.
A luta contra a sífilis e sua
companheira inseparável - a prostituição - é uma das mais importantes missões da
humanidade,- sobretudo porque não se trata, no caso, da solução de um só
problema mas da remoção de uma série de males que dão causa a essa pestilência.
A doença - física, no caso em questão, é apenas a conseqüência da doença do
instinto social, moral e racial.
Se essa luta
for dirigida por processos cômodos e covardes, dentro de quinhentos anos os
povos desaparecerão. Não mais se poderá ver no homem a imagem de Deus, sem grave
ofensa a esse.
Como se cuidou, na antiga
Alemanha, de livrar o povo dessa calamidade? Por um exame sereno chegar-se-á a
uma triste conclusão. Nos círculos governamentais conheciam-se muito bem todos
os males decorrentes dessa moléstia, se bem que não se refletisse sobre todas as
suas conseqüências. Na luta, porém, o fracasso foi completo porque, em vez de
medidas radicais, tomaram-se medidas deploráveis. Doutrinava-se sobre a moléstia
e deixava-se que as suas causas continuassem a produzir os mesmos efeitos.
Submetia-se a prostituta a um exame médico, inspecionava-se a mesma como se
podia e, no caso de se constatar uma moléstia, internava-se a doente em um
lazareto qualquer, do qual saía depois de uma cura aparente para de novo
infeccionar o resto da humanidade.
É verdade
que na lei havia um "parágrafo de defesa" pelo qual se proibia o tráfego sexual
a quem não fosse inteiramente sadio ou não estivesse curado. Em teoria essa
medida é justa mas na sua aplicação prática o fracasso é
completo.
Em primeiro lugar, a mulher, quando
atingida por essa infelicidade, em virtude dos nossos preconceitos e dos seus
próprios, na maioria dos casos evitará servir de testemunha contra o que furtou
a sua saúde e comparecer perante os juizes, muitas vezes em condições
dolorosas.
De pouca utilidade é esse processo,
mesmo porque, na maioria dos casos, ela é que sofrerá mais, pois será ainda mais
desprezada por aqueles com quem convive, o que não aconteceria com o
homem.
Fez-se, porventura, a hipótese de ser o
próprio marido portador da moléstia? A mulher, nesse caso, deveria queixar-se?
Que deveria ela fazer?
Quanto ao homem deve-se
acrescentar que infelizmente é muito comum que, justamente depois das libações
alcoólicas, é que ele corre atrás dessa peste, o que o coloca em situação de não
poder julgar das qualidades de suas "belas"! As prostitutas doentes sabem muito
bem disso, o que faz com que prefiram pescar os homens nesse estado. O resultado
é que por mais que dê trato à bola, ele não conseguirá lembrar-se da benfeitora
que lhe proporcionou a desagradável surpresa da contaminação. Isso não é de
admirar em uma cidade como Berlim ou mesmo Munique. A isso se acrescente o caso
de um provinciano completamente desnorteado no meio da vida alegre das grandes
cidades.
Além disso, quem sabe exatamente se
está doente ou não? Não se verificam inúmeros casos em que uma pessoa
aparentemente curada, recai e causa desgraças horríveis, na perfeita ignorância
da realidade?
Assim, a eficiência prática dessa
defesa, através da punição legal de um contágio culposo, é absolutamente
nula.
O mesmo acontece com a inspeção médica
das prostitutas. A própria cura é hoje uma coisa incerta, duvidosa. Só uma coisa
é certa - apesar de todas as medidas, a calamidade torna-se cada vez mais
devastadora, o que confirma, da maneira mais impressionante, a insuficiência das
providências adotadas.
Tudo o que se fez foi,
ao mesmo tempo, insuficiente e irrisório. A corrupção do povo não foi evitada.
Aliás nada se tentou de sério nesse
sentido.
Quem estiver propenso a encarar
levianamente esse problema, deve estudar os dados estatísticos sobre o progresso
dessa peste, refletir sobre o seu futuro desenvolvimento. Se, depois disso, não
se sentir revoltado pode dar a si, com toda justiça, o qualificativo de
asno.
A fraqueza e a indecisão com que, já na
antiga Alemanha, se encarava essa grave questão, devem ser vistas como sintoma
da decadência de um povo.
Quando já não há
força para o combate pela saúde de um povo, esse povo não tem mais direito à
vida em um mundo de lutas como o nosso. O mundo pertence aos fortes, aos
decididos, e não aos tímidos.
Um dos mais
visíveis sintomas da decadência do antigo Império era, incontestavelmente, a
lenta diminuição da cultura geral. Sob essa denominação não se deve incluir o
que hoje se chama "civilização". Ao contrário, a civilização atual parece
significar uma inimiga da verdadeira noção do que seja a elevação moral do
espírito de um povo.
Já por ocasião da entrada
deste século, começou a infiltrar-se, em nossa arte um elemento que lhe era
absolutamente estranho e desconhecidos Incontestável é que, também em outros
tempos, sempre se notaram desvirtuamentos do bom gosto. Em tais casos,
tratava-se, porém, de deslizes artísticos, aos quais a posteridade poderia dar
um certo valor histórico, como prova não já de uma depravação artística mas de
um desvio intelectual que chegara até à falta de espírito. Nisso já se podiam
vislumbrar sintomas da ruína futura.
O
bolchevismo da arte é a única forma cultural possível da exteriorização do
marxismo.
Quando essa coisa estranha aparece, a
arte dos Estados bolcheviquizados só pode contar com produtos doentios de loucos
ou degenerados, que desde o século passado, conhecemos sob a forma de dadaismo e
cubismo, como a arte oficialmente reconhecida e admirada. No curto período dos
"Conselhos" da República bávara, essa espécie de arte já havia aparecido. Já por
aí se poderia constatar como os placards oficiais, os anúncios dos jornais, etc.
traziam em si o sinete não só da ruína política como da decadência cultural.
Assim como não se podia, há dezesseis anos, pensar em um colapso da política do
império em face da grandeza que havíamos atingido, muito menos se poderia pensar
em uma decadência cultural pelas demonstrações futurísticas e cubísticas que
começaram a aparecer desde 1900. Há dezesseis anos uma exposição de produções
."dadaísticas" teria parecido impossível e os expositores teriam sido levados ao
hospício, ao passo que hoje são guindados à presidência das associações
artísticas.
Essa epidemia não poderia ter
vencido outrora, não só porque a opinião pública não a toleraria como porque o
Governo não a veria com indiferença. É um dever dos dirigentes proibir que o
povo caia sob a influência de tais loucuras. Um tão deplorável estado de coisas
deveria um dia receber um golpe fatal, decisivo. Justamente no dia em que essa
espécie de arte correspondesse ao gosto geral, ter-se-ia iniciado uma das mais
graves metamorfoses da humanidade. A retrogradação do espírito humano teria
começado e mal se poderia prever o fim de tudo
isso.
Logo que se verificou, nessa direção, a
evolução de uma vida cultural, que se vem realizando, há uns vinte e cinco anos,
dever-se-ia ver com espanto como já estávamos adiantados nesse processo de
involução. Sob todos os aspectos, estamos em uma situação em que viceja o germe
que, mais cedo ou mais tarde, há de arruinar a nossa cultura. Nesses sintomas
devemos ver também os sinais evidentes de uma lenta decadência do mundo.
Infelizes os povos que já não podem dominar essa
epidemia!
Essa calamidade poderia ser
facilmente constatada em quase todas as manifestações artísticas' e intelectuais
da Alemanha. Tudo fazia crer ter a mesma atingido o auge para provocar a
precipitação no abismo.
O teatro decaía cada
vez mais e poderia ser considerado como um fator desprezível na cultura do povo
se o teatro da corte não resistisse contra a prostituição da arte. Pondo de
parte essa e outras gloriosas exceções, as representações teatrais, por
conveniência da nação, deveriam ser proibidas. Era um triste indício da ruína do
povo que não se pudesse mais mandar a mocidade a essas chamadas "casas de arte",
onde se representavam coisas despudoradas com o aviso prévio - impróprio para
menores.
E pensar-se que essas medidas de
precaução eram julgadas necessárias justamente nos lugares que deveriam ser os
primeiros a fornecer o material para a formação da juventude e - não para o
divertimento dos velhos blasés! Que diriam os grandes dramaturgos de todos os
tempos ao saberem dessas precauções e sobretudo das causas que a tornavam
necessárias? Imagine-se a indignação de Schiller! Goethe! ficariam furiosos ante
esse espetáculo!
Mas, na realidade, que são
Goethe, Schiller ou Shakespeare em comparação com os heróis da nova poesia
alemã? Gastas e obsoletas coisas de um passado que não podia mais sobreviver! A
característica desses literatos é que eles não só produzem somente sujeira mas,
pior do que isso, lançam lama sobre tudo o que é realmente grande - no
passado.
Esse sintoma se verifica sempre nesses
tempos de decadência. Quanto mais baixas e desprezíveis forem as produções
intelectuais de um determinado tempo e os seus autores, tanto mais odeiam esses
os representantes de uma grandeza passada. Em tais tempos, procura-se apagar a
lembrança do passado da humanidade para, em face da impossibilidade de qualquer
paralelo, esses literatos de fancaria poderem mais facilmente impingir as suas
produções como "obras de arte. Por isso, toda instituição nova, quanto mais
miserável e desprezível ela for, tanto mais se esforçará por lançar uma esponja
sobre o passado, ao passo que toda renovação de verdadeira significação para a
humanidade, sem preocupações subalternas, procura fazer ligação com as
conquistas das gerações passadas e mesmo pô-las em relevo. Essas renovações bem
intencionadas nada têm a temer em um confronto com o passado, mas, ao contrário,
retiram uma tão valiosa contribuição do tesouro geral da cultura humana que,
muitas vezes, para sua completa apreciação, se desvelam os seus promotores em
ressaltar os esforços dos que vieram antes, a fim de conseguirem para as suas
iniciativas uma compreensão mais exata por parte dos contemporâneos. Quem nada
tem de valioso a oferecer ao mundo, mas, ao contrário, se esforça por que este
lhe ofereça coisas que só Deus sabe, odiará tudo o que já se fez no passado e
será sempre propenso a tudo negar, a tudo
destruir.
Isso se verifica não somente nas
novas produções da cultura geral como na política. Os novos movimentos
revolucionários odiarão os antigos modelos quanto menor for a sua própria
significação. Nesse terreno, constata-se, da mesma maneira que na vida
intelectual e artística, a preocupação de dar vulto às obras de fancaria, o que
conduz a um ódio cego contra tudo quanto de bom se fez no
passado.
Enquanto, por exemplo, a lembrança
histórica da vida de Frederico o Grande não tiver desaparecido, Frederico Ebert
só poderá provocar uma admiração muito relativa. O grande homem de Sans Souci
aparece junto ao antigo taberneiro de Bremen como o sol perante a lua; somente
quando os raios do sol desaparecem é que a lua pode brilhar E, por isso, também
muito natural o ódio dessas novas "luas" da humanidade contra as estrelas
fixas.
Na vida política, essas nulidades,
quando o acaso as leva às posições de mando, costumam, com maior fúria, não só
enlamear o passado como evitar, por todos os meios, a crítica geral às suas
pessoas. Um exemplo disso pode-se encontrar na lei de defesa do governo da nova
república alemã.
Se qualquer nova idéia, nova
doutrina, nova concepção do mundo ou qualquer movimento político ou econômico
tenta negar o conjunto do passado, ou considerá-lo sem valor, a novidade, só por
esse motivo, deve ser vista' com cautela e desconfiança- Na maior parte dos
casos, a razão para esse ódio ao passado é a mediocridade ou a - má intenção. Um
movimento renovador verdadeiramente salutar terá sempre que construir sobre
bases que lhe forneça o passado, não precisando envergonhar-se de recorrer às
verdades já existentes. O conjunto da cultura geral como a do próprio Indivíduo,
não é mais do que o resultado de uma longa evolução em que cada geração concorre
com a sua pedra e adapta-a à construção já iniciada. A finalidade e a razão de
ser das revoluções não consistem em demolir o edifício inteiro, mas afastar as
causas da. sua ruína, reconstruindo a parte ameaçada de
demolição.
Somente assim se pode falar em
progresso da humanidade. Sem isso, o mundo nunca sairia do caos, pois cada
geração, tendo o direito de negar o passado, estabeleceria como condição para a
sua própria tarefa a destruição do que houvesse sido feito pela geração
anterior. O aspecto mais lamentável da nossa cultura geral, antes da Guerra, não
era somente a absoluta impotência da força criadora artística e intelectual, mas
também o ódio com que se procurava enlamear a lembrança das grandezas passadas
ou negá-las absolutamente.
Quase em todos os
domínios da arte, sobretudo no teatro e na literatura, desde o fim do século, os
autores se preocupavam menos em produzir alguma coisa de valor real do que em
denegrir o que havia de melhor no passado, apontando essas obras-primas como
medíocres e passadistas, como se, nos tempos atuais, que se caracterizam pela
mais vergonhosa- mediocridade, pudesse alguém lançar essa pecha sobre as grandes
produções do passado.
As más intenções desses
apóstolos do futuro tornam-se evidentes justamente pelo esforço que desenvolvem
para ocultar o passado aos olhos do presente. Nisso se deveria ter visto desde
logo que não se tratava, no caso, de uma nova, embora falsa, concepção cultural,
mas de uma destruição sistemática dos fundamentos da cultura que tornasse
possíveis a demolição dos sadios sentimentos artísticos e a conseqüente
preparação intelectual para o bolchevismo político. Assim como o século de
Péricles apareceu corporizado no Panteon, o bolchevismo atual é representado por
uma caricatura cubista.
Pelo mesmo critério
deve ser examinada a evidente covardia de nosso povo que, por força da sua
educação e de sua própria posição, estava no dever de dar combate a essa
vergonhosa orientação intelectual.
Por mero
temor da gritaria dos apóstolos da arte bolchevista que atacavam a todos que não
os consideravam como criadores, renunciava-se às mais sérias resistências e
todos se conformavam com o que lhes parecia Inevitável. Tinha-se horror a
resistir a esses incultos mentirosos e impostores, como se fosse uma vergonha
não compreender as produções desses degenerados ou descarados
embusteiros.
Esses jovens "intelectuais"
possuíam um meio muito simples de imprimir as suas produções o cunho da mais
alta importância. Eles apresentavam aos contemporâneos maravilhados todas as
loucuras visíveis e as incompreensíveis como se constituíssem a vida íntima
destes, retirando assim, de início, à maior parte dos indivíduos, qualquer
possibilidade de réplica. Que essas loucuras representem de fato a vida interna
não é de duvidar. Não se conclui daí, porém, que se deve pôr diante dos olhos de
uma sociedade sadia as alucinações de doentes do espírito ou de criminosos. As
obras de um Moritz von Schwind ou as de um Bocklin eram a descrição real da
vida, mas da vida de artistas da maior elevação moral e não da existência de
bufões. Nesse estado de coisas podia-se muito bem compreender a miserável
covardia dos nossos chamados intelectuais que se encolhiam a cada resistência
séria contra esse envenenamento intelectual e moral do nosso povo, que assim
ficava entregue a si mesmo na luta contra esses impudentes erros. Para não
revelar ignorância era matéria de arte comprava-se alho por bugalho até que, com
o tempo, tornava- difícil distinguir as produções de valor real das obras de
fancaria.
Tudo isso constituía um sintoma
alarmante para o futuro.
Como sinal alarmante
deve ser considerado também o fato de, já no século XIX, as nossas grandes
cidades terem começado a perder cada vez mais o aspecto de cidades culturais
para baixarem à situação de meras aglomerações humanas. A falta de apego dos
proletários dos grandes centros ao lugar em que moram resulta do fato de ser
vista a residência de cada um apenas como um domicílio provisório. Isso em parte
é devido à situação social, que provoca tão constantes mudanças de domicilio,
que os homens não têm tempo de se apegar à sua cidade. Mas as causas principais
devem ser procuradas na pobreza da nossa cultura geral e na miséria atual dos
grandes centros.
No tempo da guerra da
independência as cidades alemãs eram não só em menor número mas mais modestas.
As poucas grandes cidades existentes eram, na sua maior parte, a sede dos
governos e, como tais, possuíam quase sempre um certo valor cultural e
artístico. Os poucos lugares de mais de cinqüenta mil habitantes eram, em
comparação com as cidades atuais do mesmo vulto, ricas em tesouros científicos e
artísticos. Quando Munique contava setenta mil habitantes, já se preparava para
tornar-se um dos primeiros centros artísticos da Alemanha. Hoje qualquer centro
fabril já alcançou aquele número de habitantes e até mesmo ultrapassou de muito
sem que, em muitos casos, possa apresentar qualquer valor próprio. Não passam
esses lugares de mero aglomerado de casas de residências e de aluguel e nada
mais, Que desse estado de coisas pudesse resultar um apego a tais lugares é
quase impossível. Ninguém se apegará a uma cidade que nada mais oferece aos seus
habitantes do que quaisquer outras, que deixa de satisfazer às exigências
individuais e, na qual, criminosamente, se lhes nega tudo que tenha a aparência
de obras de arte ou produtos culturais.
Não é
só. Nas cidades verdadeiramente grandes, à proporção que a população aumentava,
crescia também a pobreza artística. Elas ofereciam, em maiores proporções, o
mesmo quadro dos centros fabris. O que os tempos atuais acrescentaram à cultura
das nossas grandes cidades é de todo insuficiente. Todas as nossas grandes
cidades vivem das glórias e dos tesouros do passado. Subtraia-se da atual
Munique tudo o que foi criado por Luís I e constatar-se-á com espanto como é
mesquinho o progresso de então para cá em criações artísticas de valor real. A
mesma observação se poderá aplicar a Berlim e à maioria dos outros grandes
centros.
O mais importante é o
seguinte:
Nenhuma das nossas grandes cidades
possui monumentos importantes que, de qualquer modo, valham como sinais
característicos da época! As cidades antigas, quase todas, possuíam monumentos
de que se orgulhavam. A característica dominante das cidades antigas não está em
construções particulares mas em monumentos públicos que não são destinados para
o momento mas para a eternidade, pois neles não se refletem as riquezas de um
particular mas a grandeza da coletividade. Assim se originavam os monumentos
públicos, cujo objetivo era fazer com que os habitantes se apegassem à cidade,
os quais, hoje, parecem a nós quase incompreensíveis. O que se tinha em mente,
naqueles tempos, era menos insignificantes casas particulares do que pomposos
monumentos para a coletividade.
Ao lado desses
monumentos, a casa de habitação tem uma importância muito secundária, só
comparando as grandes proporções das antigas construções do Estado com as
construções particulares do mesmo tempo poderemos compreender o elevado alcance
do princípio que consistia em dar preferência às obras de caráter coletivo. As
obras colossais que hoje admiramos nas ruínas do mundo antigo não são palácios
comerciais, mas templos e edifícios públicos, obras que aproveitam a toda a
coletividade. Mesmo em pleno fausto da Roma dos últimos tempos, ocupavam o
primeiro lugar, não as vilas e palácios dos burgueses, mas os templos e as
termas, os estádios, os circos, os aquedutos, as basílicas, etc.. todas
construções do Estado e, por conseguinte, de todo o povo. Essa observação também
se aplica à Alemanha da Idade Média, embora sob outro aspecto artístico. O que
para a antigüidade representava a Acrópole ou o Panteon, representava, para a
Idade Média, apenas a igreja gótica. Essas obras monumentais elevam-se como
gigantes ao lado das mesquinhas construções de madeira ou de tijolo das cidades
da Idade Média e constituem ainda hoje o sinal característico de uma época, pois
cada vez mais estão em voga as casas de aluguel. Catedrais, paços municipais,
mercados etc. são os sinais visíveis de uma concepção que em nada corresponde à
antiga.
Quão mesquinhas são hoje as proporções
entre as construções do Estado e as particulares! Se Berlim viesse a ter as
artes de Roma, a posteridade só poderia admirar, como obras mais importantes do
nosso tempo e como expressão da nossa cultura, os armazéns de alguns judeus e os
hotéis de algumas sociedades.
Compare-se a
desproporção, mesmo em uma cidade como Berlim, entre as construções dos Governos
e as do mundo das finanças e do comércio. A quota destinada às construções do
Estado é insuficiente e irrisória. Não é possível construir obras para a
eternidade e sim para as necessidades do momento. Nenhum elevado pensamento
poderá inspirá-las. O castelo de Berlim foi, para o seu tempo, uma obra de maior
significação do que a nova Biblioteca, em relação ao presente. Enquanto só a
construção de um navio de guerra representa a soma de sessenta milhões, para o
edifício do Reichstag, o primeiro monumento grandioso do Governo. foi concedida
apenas a metade daquela importância. Quando se cogitou da ornamentação interna
do edifício, todos os membros do Reichstag votaram contra o emprego de pedra e
ordenaram que as paredes fossem revestidas de gesso. Dessa vez, os
parlamentares, por exceção, agiram direito, pois cabeças de gesso correm perigo
entre paredes de pedra.
As nossas cidades
atuais faltam monumentos que sejam a expressão da vida coletiva. Não é, por
isso, de admirar que essa também não exista. A falta de interesses dos
habitantes das grandes cidades pela sorte das mesmas dá lugar a prejuízos que se
refletem praticamente sobre a vida.
Nesse fato
vemos também um sinal da decadência da nossa cultura e um prenúncio da ruína
geral. o Estado afunda-se em mesquinhas preocupações ou melhor, põe-se a serviço
do dinheiro. Por isso, não é de admirar que, sob a influência de uma tal
divindade, não haja estímulo para os fatos de heroísmo. Nos dias que correm,
colhemos apenas o que o próximo passado
semeou.
Todos esses sintomas de decadência são,
em última análise, a conseqüência da falta de uma definida concepção do mundo
por todos reconhecida e daí também a insegurança nos julgamentos e nas atitudes
em relação ao único realmente grande problema do
presente.
Essa é a razão porque, a começar do
programa educacional, tudo se faz por meias medidas, todos receiam a
responsabilidade e terminam por tolerar os próprios males por todos
reconhecidos. O sentimento de compaixão torna-se a moda. Enquanto se consente na
germinação dos males e se poupam os seus autores, sacrifica-se o futuro de
milhões.
O estudo das condições religiosas
antes da Guerra mostrará como tudo havia atingido um estado de desagregação.
Mesmo no domínio religioso, grande parte do povo havia perdido completamente
qualquer convicção verdadeiramente sólida. Nisso os que eram, aberta e
publicamente divergentes da Igreja representavam uma parte menor do que os que
apenas eram indiferentes. Ambos os credos mantêm missões na Ásia e na África,
com o fim de atrair novos adeptos para as suas doutrinas (aspirações que
apresentam resultados muito modestos em comparação com os progressos feitos pela
igreja maometana), enquanto, na Europa, estão continuamente perdendo milhões e
milhões de genuínos adeptos que ou se tornam inteiramente estranhos a qualquer
vida religiosa ou agem com liberdade. Sob o ponto de vista moral, as
conseqüências são nada boas.
Há sinais
evidentes de uma luta que aumenta de violência, dia a dia, contra os princípios
dogmáticos das diferentes igrejas, sem os quais, na prática, a crença religiosa
é impossível neste mundo. As grandes massas da nação não consistem de filósofos.
A fé para elas é a única base para a sua vida moral. As tentativas para
encontrar sucedâneos para as atuais religiões não têm demonstrado tanta
conveniência e êxito que provem a vantagem de uma substituição das antigas
confissões religiosas. Quando a doutrina e a fé são realmente adotadas pela
massa do povo, a autoridade absoluta dessa fé é a única garantia eficaz. O que o
costume é, para a vida geral, assim é a lei para o Estado e o dogma para a
religião.
Só o dogma pode destruir a incerta,
eternamente vacilante e controvertida concepção do mundo e dar-lhe uma forma
definida, sem a qual nunca se transformará em uma verdadeira fé. Na outra
hipótese, daí nunca resultaria uma concepção metafísica ou, em outras palavras,
um credo filosófico, o ataque contra o dogma e, em si mesmo, muito semelhante à
luta contra os princípios gerais do Estado. Assim como essa luta contra o Estado
terminaria em completa anarquia, o ataque contra o dogma resultaria em um
niilismo religioso.
Para um político o valor de
uma religião deve ser apreciado menos pelas faltas inerentes à mesma do que
pelas vantagens que ela possa oferecer. Enquanto um sucedâneo não aparecer, só
loucos e criminosos poderão querer demolir o que
existe.
É bem verdade que, nessa situação
desagradável da religião, não são os menos culpados aqueles que prejudicam o
sentimento religioso com a defesa de interesses puramente materiais, provocando
conflitos inteiramente desnecessários com a chamada ciência exata. Nesse
terreno, a vitória caberá sempre à última, mesmo que a luta seja áspera, e a
religião muito será diminuída aos olhos dos que não se podem elevar acima de uma
ciência aparente.
O mais lastimável, porém, é o
prejuízo ocasionado pela utilização das convicções religiosas para fins
políticos. Não se pode nunca dizer o suficiente contra esses miseráveis
exploradores que vêem na religião- um instrumento a serviço da sua política ou
melhor dos seus interesses comerciais. Esses descarados impostores gritam com
voz de estertor para que os outros pecadores possam ouvir, em toda parte, a
confissão de sua fé, pela qual jamais morrerão, mas com a qual procuram viver
melhor. Para conseguirem um êxito de importância na sua carreira são capazes de
vender a sua fé; para arranjarem dez cadeiras no parlamento, ligam-se com os
marxistas, inimigos de todas as religiões; para ganharem uma pasta de ministro
vendem a alma ao diabo, a menos que este os repila por um resto de
decoro.
O fato de muita gente, na Alemanha de
antes da Guerra, não gostar da religião, deve-se atribuir à deturpação do
cristianismo pelo chamado Partido Cristão e pela despudorada tentativa de
confundir a fé católica com um partido
político.
Essa aberração ofereceu oportunidade
à conquista de algumas cadeiras do Parlamento a representantes incapazes, mas
prejudicou seriamente a Igreja. Infelizmente a nação inteira é que teve de
suportar as conseqüências desse desvio, pois as conseqüências dai decorrentes
sobre o relaxamento do sentimento religioso coincidiram justamente com um
período em que tudo começava a enfraquecer-se e oscilar nos seus fundamentos e
até os tradicionais princípios da moral e dos costumes ameaçavam entrar em
colapso.
Essas lesões no corpo da nação
poderiam continuar sem perigo, enquanto a própria nação não fosse submetida a
uma rude prova de resistência, mas levariam o povo à ruína desde que grandes
acontecimentos tornassem de decisiva importância o problema da solidariedade
interna.
Também no domínio da política um
observador cuidadoso poderia descobrir males que, a menos que não se tomassem
providências imediatas para melhorar a situação, deveriam ser vistos como
sintomas da próxima decadência da política interna e externa do
Império.
A falta de objetivo da política
externa e interna da Alemanha era visível a todos os que não se fingissem de
cegos. A política de acordos pareceu a muitos corresponder à concepção de
Bismarck, uma vez que "a política é a arte do
possível".
Apenas, entre Bismarck e os
chanceleres alemães posteriores, havia uma "pequena" diferença, Ao primeiro era
possível adotar uma tal concepção da realidade política ao passo que aos seus
sucessores a mesma concepção deveria ter outro sentido. Com essa política ele
queria demonstrar que para se atingir um determinado fim todos os meios deveriam
ser utilizados e se deveria recorrer a todas as possibilidades. Seus sucessores,
porém, viram nesse plano um produto da necessidade que deveria ser visto com
entusiasmo, por possuir uma finalidade política. A verdade é que nos tempos de
hoje já não há finalidade política na direção do Reich. Falta-lhe a base
necessária de uma concepção definida do mundo, assim como a necessária
compreensão das leis que regem a evolução do organismo
político.
Muitos observavam essa orientação com
ansiedade e censuravam acrescente essa falta de plano e de ideais na política do
Império. Muitos reconheciam as fraquezas internas e a insignificância dessa
política. Todos esses, porém, estavam fora das hostes políticas. O mundo oficial
ignorava ás intuições de um Chamberlain, com a mesma indiferença com o que o faz
hoje. Essa gente é demasiado estúpida para pensar por si mesma e demasiado
orgulhosa para aprender dos outros o que é necessário. Essa é uma verdade de
todos os tempos e que deu lugar à afirmação de Oxenstierna - o mundo será
dirigido apenas por um "fragmento de sabedoria", fragmento em que um conselho
ministerial é apenas um átomo
insignificante."
Desde que a Alemanha se tornou
república, isso já não acontece absolutamente, pois é proibido pelas leis
acreditar nisso ou mesmo proclamá-lo! Para Oxenstierna foi uma felicidade ter
vivido outrora e não na inteligente república de
hoje.
Já antes da Guerra, muitos consideravam
como uma das maiores fraquezas do momento - o Reichstag, em que a força do
Império se deveria corporificar. A covardia e a falta de responsabilidade já ali
se irmanavam da maneira mais acabada.
Um das
observações mais despidas de senso que costumamos ouvir hoje é que o "sistema
parlamentar tem sido um fracasso desde a Revolução". Isso dá lugar a que se
pense que, antes da Revolução, as coisas se passavam de modo diferente, Na
realidade, o único efeito dessa instituição é, não pode deixar de ser,
simplesmente destruidor e isso assim era já nos tempos em que a maior parte do
povo usava antolhos, não via nada ou nada queria ver. Para a ruína da Alemanha
essa instituição não contribuiu pouco. O motivo por que a catástrofe não se
realizou mais cedo não se deve pôr à conta do Reichstag mas sim da resistência
que, nos tempos de paz, se opunha à atitude desses coveiros da nação e do
Governo.
Ao número infinito de males, direta ou
indiretamente devidos ao parlamentarismo, escolho ao acaso uma calamidade que
melhor define a essência da mais irresponsável das' organizações de todos os
tempos. Refiro-me à monstruosa leviandade e fraqueza da direção política interna
e externa do Reich, que, antes de tudo, devem ser atribuídas à atuação do
Reichstag, e que foram a causa principal da ruína política. De qualquer maneira
que se observem os fatos, ressalta, em toda a sua clareza, que tudo o que caía
sob a influência do parlamento era feito por meias
medidas.
A política de alianças do Império foi
uma dessas meias medidas que se caracterizam por sua fraqueza. Enquanto se
procurava manter a paz, estava-se, de fato, apressando a
guerra.
Da mesma maneira deve ser julgada a
política para com a Polônia, os dirigentes alemães irritavam os poloneses sem
nunca atacar o problema severamente. O resultado não foi nem uma vitória para os
alemães nem uma reconciliação com os poloneses, mas a conquista da inimizade dos
russos.
A solução do caso da Alsácia Lorena foi
também uma meia medida. Em vez de, por um golpe brutal, abater, de uma vez por
todas a hidra francesa, permitindo a concessão de direitos iguais aos
alsacianos, não se fez nem uma nem outra. Os maiores atraiçoadores do seu país
estavam nas fileiras dos grandes partidos, entre eles, o sr. Wetterlé do Partido
do Centro. Tudo isso ainda seria tolerável se essas meias medidas não tivessem
tido força de sacrificar o exército, de cuja existência dependia em última
instância, a conservação do Império.
Para que o
chamado "Reichstag" alemão mereça para sempre as maldições da nação basta o fato
de ter colaborado nesse crime. Por motivos os mais deploráveis, esses trapos de
partido do parlamento retiraram das mãos da nação a arma da conservação
nacional, a única defesa da liberdade e da independência do nosso
povo.
Abram-se hoje os túmulos das planícies da
Flândria e deles se elevarão os acusadores representados por centenas de
milhares da nata da mocidade alemã, que, pela inconsciência desses políticos
criminosos, foram insuficientemente preparados, impelidos à morte, no exército.
Esses e mais milhões de mortos e de estropiados, a Pátria perdeu para favorecer
a algumas centenas de embusteiros, para impô-los à força ou para tornar possível
a vitória de certas teorias repetidas por verdadeiros
realejos.
Enquanto os judeus, por meio de sua
imprensa democrática e marxista, irradiavam, para o mundo inteiro, mentiras
sobre o "militarismo" alemão e procuravam fazer mal ao país por todos os meios
possíveis, o partido democrático e o marxista se recusavam a aprovar qualquer
providência que concorresse a aumentar as forças de resistência da
Alemanha.
O inaudito crime que, com essa
atitude, se perpetrou tornou claro a todos que apenas quisessem observar que, na
hipótese de outra guerra, toda a nação pegaria em armas e, por causa desses
"representantes do povo", milhões de alemães, mal ou nada preparados seriam
repelidos pelo inimigo. Essa falta de soldados preparados, no começo da guerra,
facilmente acarretaria a sua perda, o que foi provado, de maneira insofismável,
durante a Grande Guerra.
A perda da guerra pela
liberdade e independência da Alemanha foi conseqüência da indecisão e fraqueza
em coordenar todas as forças da nação para a sua
defesa.
Se, em terra, os recrutas não recebiam
a devida preparação militar, no mar verificava-se a mesma política de tornar as
armas de defesa da nação mais ou menos ineficientes. Infelizmente a própria
direção da Marinha deixou-se dominar pela política das meias
medidas.
A tendência de diminuir cada vez mais
a tonelagem dos navios lançados ao mar em comparação com os dos ingleses foi de
pouco alcance, em nada genial. Uma frota que, de início, não era tão numerosa
quanto a do seu provável adversário, deveria justamente compensar a
inferioridade do número de unidades com o poder ofensivo das mesmas. Tratava-se
de uma superior capacidade de destruição e não de uma lendária superioridade de
competência.
Na realidade, a técnica moderna
está tão avançada e é tão análoga nos diferentes países civilizados, que se deve
ter como impossível dar a navios de um certo poder um maior poder agressivo do
que aos navios do mesmo número de toneladas das outras nações; Muito menos se
deve pensar em atingir uma maior capacidade Na realidade, essa pequena
tonelagem das navios alemães só poderia ter como conseqüência a diminuição da
sua velocidade e da sua eficiência. A frase- com que se procura justificar essa
realidade já mostrava uma falta de lógica dos que, na paz, ocupavam as posições
de direção. Dizia-se que o material de guerra alemão era tão superior ao inglês
que o canhão alemão de vinte e oito centímetros, não ficava atrás do inglês de
30,5 centímetros, em poder de alcance! Justamente por isso era dever do Governo
ir além do canhão 30,5 fabricando-se um que lhe fosse superior, tanto em alcance
como em poder ofensivo. Se assim não fosse, não teria sido necessária, no
exército, a construção do canhão "Mörser" de 30,5 centímetros. Isso não
aconteceu, porém, porque a direção do exército pensava com acerto, enquanto a da
Marinha defendia um ponto de vista errado.
A
renúncia a planos de uma maior eficiência da artilharia, assim como de uma maior
velocidade, baseou-se na falsidade dos chamados planos gigantescos. Essa
renúncia começou pela forma por que a direção da Marinha atacou a construção da
frota que, desde o começo, por força das circunstâncias, se desviou para as
preocupações de um plano de defensiva. Com isso se renunciou também a um êxito,
pois esse só pode estar no ataque.
Um navio de
pequena velocidade, e com um fraco poder ofensivo seria mais facilmente posto a
pique por adversários mais velozes e mais bem armados. Isso deve ter sido
sentido, da maneira mais amarga, por um grande número de nossos cruzadores. Como
era falsa a orientação da nossa Marinha nos tempos de paz, demonstrou, da
maneira mais evidente, a Grande Guerra, que nos impeliu ao desmantelamento dos
velhos navios e a mu melhor aparelhamento dos novos. Se, na batalha de
Skagerrak, os navios alemães tivessem a mesma tonelagem, o mesmo poder ofensivo
e a mesma velocidade dos ingleses, então, a segura e eficiente atuação das
granadas do 38 teria afundado a frota
britânica.
O Japão, já há tempos, tinha
impulsionado outra política de construções navais. Nesse país, - foi julgado da
máxima importância, em cada nova unidade, conseguir-se um poder ofensivo maior
do que o do inimigo provável. Isso satisfazia às necessidades de uma possível
posição ofensiva da frota!
Enquanto as forças
de terra da Alemanha, na sua direção, ficavam ao abrigo daqueles princípios
falsos, a Marinha que, infelizmente, estava melhor representada no Parlamento,
teve que ser vencida peta orientação deste. As forças do mar foram organizadas
nesse regime de meias medidas. As glórias imortais que ela conquistou devem ser
levadas à custa das qualidades guerreiras dos alemães, à capacidade e ao
incomparável heroísmo dos oficiais e das guarnições. Se a anterior direção da
Marinha se tivesse elevado ao nível da capacidade desses oficiais e marinheiros,
tantos sacrifícios não teriam sido inúteis. Talvez justamente a habilidade
parlamentar dos lideres da Marinha, durante a paz, tenha sido uma desgraça para
a própria Marinha, pois, em vez de pontos de vista militares, ameaçavam influir
pontos de vista parlamentares. O regime das meias medidas e da fraqueza, assim
como a falta de lógica, que caracterizam o parlamentarismo, mancharam a direção
da Marinha.
As forças de terra, como já
dissemos, salvaram-se dessa orientação fundamentalmente falsa. Principalmente, o
então chefe do Estado-Maior, Ludendorf, encabeçou uma campanha decisiva contra
as criminosas fraquezas do parlamento no trato dos problemas vitais da nação,
que desconhecia na sua maior parte.
Se a luta
que esse oficial, naqueles tempos, encabeçou, apesar de seus desesperados
esforços, foi inútil, a culpa deve-se em parte ao Parlamento e em maior parte
talvez à miserável conduta do chanceler Bethman
Holiweg.
Isso não impede, porém, que os
responsáveis pela ruína da Alemanha queiram hoje lançar a culpa justamente sobre
aquele que, sozinho se levantou contra essa maneira negligente de tratar os
interesses nacionais. Quem refletir sobre o número de vítimas que ocasionou essa
criminosa leviandade dos mais irresponsáveis da nação, quem pensar nos mortos e
nos mutilados, sacrificados sem necessidade, assim como na fraqueza, na vergonha
e na miséria sem limites em que ainda agora nos encontramos e souber que tudo
isso só aconteceu para que se abrisse o caminho do ministério a uma multidão de
ambiciosos e caçadores de empregos, quem compreender tudo isso compreenderá
também que essas criaturas só devem ser designados com qualificativos como
patifes, infames, pulhas e criminosos. Ao contrário, o sentido dessas palavras e
a sua finalidade tornar-se-iam incompreensíveis. Para esses traidores da nação
cada patife é um homem de honra.
Todas as
fraquezas da antiga Alemanha só feriam realmente a atenção depois que, em
conseqüência das mesmas, a estabilidade interna da nação tinha recebido rudes
golpes. Nesses casos, a desagradável verdade era proclamada com berreiro nos
ouvidos das massas, enquanto, por pudicícia, se fazia silêncio sobre muitas
coisas e negavam-se outras. Isso acontecia quando, no trato de um problema de
ordem pública, se cogitava de uma reforma que pudesse melhorar o estado de
coisas existentes. As que exerciam influência nos postos de direção da coisa
pública nada entendiam do valor e da essência da propaganda. Só os judeus é que
sabiam que, por meio de uma propaganda inteligente e constante, pode-se fazer
crer que o céu é Inferno e, inversamente, que a vida mais miserável é um
verdadeiro paraíso. Os alemães, sobretudo Os que estavam no poder, não tinham
nenhuma idéia da eficiência dessa força. Essa ignorância deveria produzir os
seus piores efeitos durante a guerra.
Ao lado
dessas falhas já mencionadas e de inúmeras outras na vida alemã de antes da
Guerra, notavam-se muitas vantagens. Em um exame consciencioso dever-se-ia mesmo
reconhecer que muitas das nossas imperfeições eram vistas como suas próprias por
outros países, e que, em muitos casos, nos deixavam até mesmo em plano
secundário, e também que esses povos não possuíam muitas das nossas
vantagens.
Entre outras provas de superioridade
ocupa o primeiro plano o fato de que o alemão, entre os povos europeus, era o
que mais se esforçava por manter o caráter nacional da sua economia, e apesar de
todos os maus sintomas, tinha, pelo menos, a coragem de resistir ao controle do
capital internacional, infelizmente, essa perigosa superioridade haveria de mais
tarde ser o maior motivo de instigação da
Guerra.
Se tivermos em consideração essa e
muitas outras vantagens, devem-se, dentre as inúmeras fontes sadias da nação,
salientar três instituições que, na sua espécie; são modelos que dificilmente
podem ser ultrapassados.
Em primeiro lugar,
figura a forma de Governo em si mesma e o caráter que tomou na Alemanha dos
últimos tempos.
Devemos fazer abstração das
pessoas dos monarcas, as quais, como homens, estavam sujeitos a todas as
fraquezas dos que habitam esse planeta. A este respeito, não fosse a nossa
indulgência, seríamos forçados sobretudo a duvidar do presente. Os
representantes do atual regime, examinados pelo valor das suas personalidades,
serão, porventura, sob o ponto de vista intelectual e moral, os mais
representativos, que, depois de maduro exame, possamos descobrir? Quem deixar de
julgar a Revolução pelo valor das pessoas com que ela presenteou a nação desde
novembro de 1918, terá de esconder o rosto, tomado de vergonha, ante o
julgamento da posteridade. Porque agora o silêncio já não pode ser imposto por
leis, hoje conhecemo-los todos e sabemos que, entre os nossos novos guias, a
inteligência e a virtude estão em relação inversa aos seus
vícios.
É certo que a monarquia alienara as
simpatias das grandes massas. Isso resultou do fato de nem sempre se ter cercado
o monarca dos homens mais esclarecidos, e sobretudo, mais sinceros Infelizmente
ê]e preferia, às vezes, os bajuladores aos espíritos retos e, por isso, daqueles
"recebia lições". Foi uma grande pena que isso acontecesse em uma época em que o
mundo passa por grandes mutações em todas as antigas concepções, mutações que,
naturalmente, não poderiam ser detidas na sua marcha pelas velhíssimas tradições
da Corte.
Não é, pois, de estranhar que ao tipo
comum dos homens, já na passagem do século, nenhuma admiração especial causasse
a presença da princesa uniformizada nas linhas da frente. Sobre o efeito de uma
tal parada no espírito do povo, aparentemente, não se podia fazer uma idéia
exata, pois, do contrário, jamais teríamos chegado à situação infeliz de hoje. O
sentimento de humanidade, nem sempre verdadeiro, desses círculos, continua a
provocar mais nojo do que simpatia. Se, por exemplo, a princesa X se dignasse
provar os alimentos em uma cozinha popular, outrora isso podia ser muito bem
visto mas, na época em que falamos, o efeito seria contrário. É fácil de
aceitar-se que a princesa, na realidade, não tivesse a intenção de, no dia da
prova dos alimentos, fazer com que a alimentação fosse um pouquinho melhor do
que de costume, Bastava, porém, que os indivíduos aos quais ela queria
beneficiar soubessem disso.
Assim as melhores
intenções possíveis tornar-se-iam ridículas senão
irritantes.
Cartazes anunciando a proverbial
fragilidade do monarca, o seu hábito de acordar cedo e trabalhar até tarde da
noite, o perigo ameaçador da insuficiência de sua alimentação, provocavam
manifestações dignas de reflexão. Ninguém queria saber o que e quanto o monarca
se dignava comer, desejava-se-lhe apenas que "comesse o necessário". Ninguém se
preocupava em recusar-lhe o sono suficiente. Todos se contentavam em que ele,
como homem, honrasse o sexo, e, como chefe de governo, defendesse a honra da
nação. As fábulas já em nada adiantavam, mas ao contrário, eram
prejudiciais.
Essas e outras coisas semelhantes
eram, porém, nonadas.
Infelizmente, no seio da
maioria da nação, havia a convicção geral de que, de qualquer modo, o povo é
governado de cima para baixo e assim cada um não se preocupava com coisa alguma
mais. Enquanto a atuação do Governo era realmente boa ou, pelo menos, bem
intencionada, a coisa ainda passava. Uma infelicidade seria, porém, se algum dia
o velho regente bom em si, fosse substituído por um outro menos respeitado,
Então a docilidade passiva e a fé infantil redundariam na maior calamidade
imaginável.
Ao lado de todos esses e de muitos
outros defeitos, havia aspectos de importância
incontestável.
A estabilidade assegurada pelo
regime monárquico, a proteção dos cargos públicos contra o turbilhão das
especulações dos políticos gananciosos, a dignidade intrínseca da instituição
monárquica e a autoridade que daí decorria, a dignificação do corpo de
funcionários, e, acima de tudo, a situação do exército acima dos partidos
políticos, eram vantagens incontestáveis.
Era
também uma grande vantagem o fato da liderança do Governo personificar-se no
monarca e, com isso, se fornecesse o exemplo da responsabilidade que inspira
mais confiança quando depende de um monarca do que dos azares de uma maioria
parlamentar. A proverbial pureza da administração alemã deve-se principalmente a
isso.
Além disso, o valor cultural da Monarquia
era, para o povo, da maior significação, podendo compensar outras desvantagens,
As sedes dos governos alemães continuavam a ser esteio para os sentimentos
artísticos que, em nossos tempos de materialismo, cada vez mais estão ameaçados
de desaparecer. O que os príncipes alemães, no século XIX, fizeram em favor da
arte e da ciência, foi de alta significação. Os tempos de hoje não podem ser
comparados com aqueles!
Como um dos fatores
mais eficientes da nação contra essa incipiente mas sempre crescente
decomposição da nossa nacionalidade deve ser apontado o exército. As forças
armadas eram a mais forte escola da nação e justamente por isso se dirigiam os
ódios dos inimigos contra esse reduto da defesa e da liberdade do povo. Nenhum
mais portentoso edifício se poderia levantar a essa instituição do que a
proclamação desta verdade: o exército foi caluniado, odiado, combatido por todos
os indivíduos sem valor, mas foi temido. Se a fúria dos aproveitadores
internacionais em Versalhes se dirigia contra o antigo exército alemão é que
este era o último reduto das nossas liberdades na luta contra o capitalismo
internacional. Não fosse essa força ameaçadora, a Intenção de Versalhes se teria
realizado muito antes. O que o povo alemão deve ao exército pode-se resumir
nesta palavra: tudo.
O exército deu uma lição
de absoluta noção de responsabilidade, em uma época em que essa qualidade
tornava-se cada vez mais rara. A sua atuação impressionava tanto mais quanto
constituía uma brilhante exceção à ausência absoluta de responsabilidade de que
o parlamento era o mais eloqüente modelo.
O
exército incentivou a coragem pessoal em um momento em que a covardia ameaçava
contaminar o país inteiro e a capacidade de sacrifício, em favor do bem
coletivo, era visto como estupidez por aqueles que só cuidavam de conservar e
melhorar o seu eu.
O exército foi a escola que
deu aos alemães a convicção de que a salvação da pátria não se devia procurar
nas frases mentirosas de uma confraternização internacional de negros, alemães,
franceses, ingleses, etc., mas na força e na decisão do seu próprio
povo.
O exército inspirou o espírito de
resolução quando na vida do povo, a indecisão e a dúvida começavam a
caracterizar todos os atos dos indivíduos. Ele queria significar alguma coisa em
um momento em que os sabichões procuravam; por toda parte, o princípio de que
uma ordem é sempre melhor do que nenhuma.
Nessa
capacidade de resolução podia-se notar um sintoma de saúde integral e robusta
que teria desaparecido dos outros setores da vida da nação, se o exército, por
sua educação, não se tivesse sempre esforçado por uma renovação contínua dessa
força primordial. Basta ver a terrível irresolução dos atuais dirigentes do
Reich, incapazes de tomar uma decisão em qualquer fato, a não ser que se trate
da assinatura de um tratado de pilhagem. Nesse caso, eles põem de parte qualquer
responsabilidade e assinam com a destreza de um estenógrafo tudo o que se
entende apresentar-lhes, porque aí a resolução é fácil de tomar uma vez que lhes
é ditada.
O exército pregava o idealismo e o
sacrifício em favor da Pátria e de suas grandezas, enquanto, em outros setores,
a ambição e o materialismo tinham assentado acampamento, Pregava a unidade
nacional contra a divisão do povo em classes. Talvez o seu único erro tenha sido
a instituição do voluntariado por um ano. Isso foi um erro porque rompeu o
princípio de igualdade absoluta e estabeleceu a distinção entre as classes bem
educadas e a maioria da nação. O contrário disso teria sido mais
aconselhável.
Tendo-se em consideração o
espírito estreito das nossas classes eleva. das e o seu divórcio progressivo do
resto da nação, o Exército poderia ter agido como uma espécie de Providência se
tivesse evitado o isolamento dos intelectuais pelo menos dentro das fileiras das
classes armadas.
Foi um grande erro o não se
ter agido assim. Que instituição neste planeta é, porém, sem defeitos? Mas a
despeito disso as suas vantagens eram tão preponderantes que as suas pequenas
falhas deveriam ser atribuídas à imperfeição
humana.
O maior serviço prestado pelo exército
do antigo Império foi pôr a competência acima do número, em uma época em que
tudo se resolvia pela maioria. Contra a idéia democrática dos judeus, de
veneração às maiorias, o Exército manteve o princípio da confiança no valor das
personalidades, de que os últimos tempos mais precisavam. No meio desse
relaxamento e efeminação surgiam todos os anos 350.000 jovens sadios que, depois
de dois anos de exercícios, perdiam a delicadeza da juventude e se tornavam
fortes como aço. Pela maneira de andar reconhecia-se o soldado
treinado.
Essa foi a grande escola da nação
alemã e, por isso, não foi sem razão que sobre o exército convergia o ódio
inveterado daqueles cuja inveja e cobiça exigiam que o Governo ficasse sem força
e os cidadãos sem armas.
A forma do Governo e
ao exército deve-se acrescentar o incomparável corpo de funcionários
públicos.
A Alemanha era a mais bem
administrada e organizada nação do mundo. Poder-se-ia dizer que os empregados
alemães eram burocratas pedantes, mas a situação não era melhor em outros
países. Ao contrário, era pior. O que os outros países não possuíam, porém, era
a solidez do aparelhamento e o caráter incorruptível da burocracia alemã. É
melhor ser pedante, mas honesto e fiel, a ser ilustre e "moderno", mas de
caráter fraco ou, como é hoje comum, ignorante e incompetente. É costume
dizer-se que, antes da Guerra, a administração alemã era, burocraticamente,
pura, mas sem senso prático, comercial. A essa objeção poder-se-á responder: Que
país do mundo tinha um serviço de transportes mais bem dirigido e melhor
organizado sob o ponto de vista comercial do que a
Alemanha?
O corpo de funcionários públicos
alemães e a máquina administrativa caracterizavam-se pela sua independência em
relação aos Governos, cujas idéias transitórias sobre a política não afetavam a
posição dos funcionários. Depois da Revolução tudo isso foi profundamente
modificado. As contingências partidárias substituíram a competência e a
habilidade e, dai por diante, o fato de ter o funcionário um caráter
independente, em vez de ser uma recomendação, passou a ser uma
desvantagem.
Sobre a forma de Governo, sobre o
Exército e sobre o funcionalismo público repousavam a força e a eficiência do
antigo império.
Essas eram as três causas
primordiais da virtude que hoje falta ao Governo alemão, isto é, a autoridade do
Estado.
Essa autoridade não se apoia em
palavrório dos parlamento e dietas, nem em leis de proteção, nem em sentenças
judiciais destinadas a amedrontar os covardes, mentirosos, etc., mas na
confiança geral que a direção política e administrativa de um país pode e deve
inspirar. Esta confiança é o resultado de uma inabalável certeza do desinteresse
e da honestidade da política e da administração de um país e da harmonia do
espírito das suas leis com os princípios morais do povo. Nenhum sistema de
governo pode manter-se por muito tempo somente baseado na força, mas sim pela
confiança pública na excelência do mesmo e pela probidade dos representantes e
dos defensores dos interesses coletivos.
Por
mais que certos males ameaçassem, já antes da Guerra, carcomer e minar a força
da nação, não se deve esquecer que outros países sofriam ainda mais da mesma
moléstia e, nem por isso, na hora crítica do perigo, cessavam a luta e se
arruinavam.
Se nos lembrarmos, porém, que,
antes da Guerra, ao lado das fraquezas alemãs já mencionadas havia também forças
ponderáveis podemos e devemos procurar as causas da ruína do país em outros
setores. É esse é o caso na realidade.
A mais
profunda causa da debácle do antigo Império está no desconhecimento do problema
racial e da sua importância na evolução espiritual dos povos Todos os
acontecimentos na vida das nações não são obras do acaso mas conseqüências
naturais da necessidade imperiosa da conservação e da multiplicação da espécie e
da raça, embora os homens nem sempre se apercebam do fundamento intimo das suas
ações.
CAPÍTULO XI - POVO E RAÇA
Há verdades
de tal modo disseminadas por toda parte que chegam a escapar, por isso mesmo, à
vista ou, pelo menos, ao conhecimento da maioria do povo. Este passa
freqüentemente como cego diante destas verdades à vista de todo, mundo e mostra
a máxima surpresa, quando, se repente, alguém descobre o que todos, portanto
deveriam saber. Os ovos de Colombo andam espalhados por centenas de milhares; os
Colombos, porém, são realmente mais difíceis de
encontrar.
E assim os homens erram pelo Jardim
da Natureza, convencidos de quase tudo conhecer e saber, e, no entanto, com
raras exceções, deixam de enxergar um dos princípios básicos de maior
importância na sua organização a saber: o isolamento de todos os seres vivos
desta terra dentro das suas espécies.
Já a
observação mais superficial nos mostra, como lei mais ou menos implacável e
fundamental, presidindo a todas as inúmeras manifestações expressivas da vontade
de viver na Natureza, o processo em si mesmo limitado, pelo qual esta se
continua e se multiplica. Cada animal só se associa a um companheiro da mesma
espécie. O abelheiro cai com o abelheiro, o tentilhão com o tentilhão, a cegonha
com a cegonha, o rato campestre com o rato campestre, o rato caseiro com o rato
caseiro, o lobo com a loba etc.
Só
circunstâncias extraordinárias conseguem alterar essa ordem, entre as quais
figura, em primeiro lugar a coerção exercida por prisão do animal ou qualquer
outra impossibilidade de união dentro da mesma espécie. Ai, porém, a Natureza
começa a defender-se por todos os meios, e seu protesto mais evidente consiste,
ou em privar futuramente os bastardos da capacidade de procriação ou em limitar
a fecundidade dos descendentes futuros. Na maior parte dos casos, ela priva-os
da faculdade de resistência contra moléstias ou ataques hostis. Isso é um
fenômeno perfeitamente natural: todo cruzamento entre dois seres de situação um
pouco desigual na escala biológica dá, como produto, um intermediário entre os
dois pontos ocupados pelos pais. Significa isto que o filho chegará
provavelmente a uma situação mais alta do que a de um de seus pais, o inferior,
mas não atingirá entretanto à altura do superior em raça. Mais tarde será, por
conseguinte, derrotado na luta com os superiores. Semelhante união está porém em
franco desacordo com a vontade da Natureza, que, de um modo gera], visa o
aperfeiçoamento da vida na procriação. Essa hipótese não se apoia na ligação de
elementos superiores com inferiores mas na vitória incondicional dos primeiros.
O papel do mais forte é dominar. Não se deve misturar com o mais fraco,
sacrificando assim a grandeza própria. Somente um débil de nascença poderá ver
nisso uma crueldade, o que se explica pela sua compleição fraca e limitada.
Certo é que, se tal lei não prevalecesse, seria escusado cogitar de todo e
qualquer aperfeiçoamento no desenvolvimento dos seres vivos em
gera.
Esse instinto que vigora em toda a
Natureza, essa tendência à purificação racial, tem por conseqüência não só
levantar uma barreira poderosa entre cada raça e o mundo exterior, como também
uniformizar as disposições naturais. A raposa é sempre raposa, o ganso, ganso, o
tigre, tigre etc. A diferença só poderá residir na medida variável de força,
robustez, agilidade, resistência etc., verificada em cada um individualmente.
Nunca se achará, porém, uma raposa manifestando a um ganso sentimentos
humanitários da mesma maneira que não há um gato com inclinação favorável a um
rato.
Eis porque a luta recíproca surge aqui,
motivada, menos por antipatia íntima, por exemplo, do que por impulsos de fome e
amor. Em ambos os casos, a Natureza é espectadora, plácida, e satisfeita. A luta
pelo pão quotidiano deixa sucumbir tudo que é fraco, doente e menos resoluto,
enquanto a luta do macho pela fêmea só ao mais sadio confere o direito ou pelo
menos a possibilidade de procriar. Sempre, porém, aparece a luta como um meio de
estimular a saúde e a força de resistência na espécie, e, por isso mesmo, um
incentivo ao seu aperfeiçoamento.
Se o processo
fosse outro, cessaria todo progresso na continuação e na elevação da espécie,
sobrevindo mais facilmente o contrário. Dado o fato de que o elemento de menor
valor sobrepuja sempre o melhor na quantidade, mesmo que ambos possuam igual
capacidade de conservar e reproduzir a vida, o elemento pior muito ,mais
depressa se multiplicaria, ao ponto de forçar o melhor a passar para um plano
secundário. Impõe-se, por conseguinte, uma correção em favor do
melhor.
Mas a Natureza disso se encarrega,
sujeitando o mais fraco a condições de vida difíceis, que, só por isso, o número
desses elementos se torna reduzido. Não consentindo que os demais se entreguem,
sem seleção prévia, a reprodução, ela procede aqui a uma nova e imparcial
escolha, baseada no princípio da força e da
saúde.
Se, por um lado, ela pouco deseja a
associação individual dos mais fracos com os mais fortes, ainda menos a fusão de
uma raça superior com uma inferior. Isso se traduziria em um golpe quase mortal
dirigido contra todo o seu trabalho ulterior de aperfeiçoamento, executado
talvez através de centenas de
milênios.
Inúmeras provas disso nos fornece a
experiência histórica. Com assombrosa clareza ela demonstra, que, em toda
mistura de sangue entre o ariano e povos inferiores, o resultado foi sempre a
extinção do elemento civilizador. A América do Norte, cuja população,,
decididamente, na sua maior parte, se compõe de elementos germânicos, que só
muito pouco se misturaram com povos inferiores e de cor, apresenta outra
humanidade e cultura do que a América Central e do Sul, onde os imigrantes,
quase todos latinos, se fundiram, em grande número, com os habitantes indígenas.
Bastaria esse exemplo para fazer reconhecer clara e distintamente, o efeito da
fusão de raças. O germano do continente americano elevou-se até a dominação
deste, por se ter conservado mais puro e sem mistura; ali continuará a imperar,
enquanto não se deixar vitimar pelo pecado da mistura do
sangue.
Em poucas palavras, o resultado do
cruzamento de raças é, portanto, sempre o
seguinte:
A) Rebaixamento do n. 1 da raça mais
forte;
B) Regresso físico e intelectual e, com
isso, o começo de uma enfermidade, que progride devagar, mas seguramente.
Provocar semelhante coisa não passa então de um atentado à vontade do Criador, o
castigo também corresponde ao pecado. Procurando rebelar-se contra a lógica
férrea da Natureza, o homem entra em conflito com os princípios fundamentais,
aos quais ele mesmo deve exclusivamente a sua existência no seio da humanidade -
Desse modo, esse procedimento de encontro às leis da Natureza só pode conduzir à
sua própria perda. É oportuno repetir a afirmação do pacifista moderno, tão tola
quanto genuinamente judaica, na sua petulância: "O homem vence a própria
Natureza!"
Milhões de indivíduos repetem
mecanicamente esse absurdo judaico e Imaginam, por fim, que são, de fato, uma
espécie de domadores da Natureza. A única arma de que dispõem para firmar tal
pensamento é uma idéia tão miserável, na sua essência, que mal se pode
concebê-la.
Somente, pondo de parte que o homem
ainda não superou em coisa alguma a Natureza, não tendo passado de tentativas o
levantar, pelo menos, uma ou outra pontinha do gigantesco véu, sob o qual ela
encobre os eternos enigmas e segredos, que ele, de fato, nada inventa, somente
descobre o que existe, que ele não domina a Natureza, só tendo ascendido ao grau
de senhor entre os demais seres vivos, pela ignorância destes e pelo seu próprio
conhecimento de algumas leis e de alguns segredos da Natureza, pondo de parte
tudo isso, uma idéia não pode dominar as hipóteses sobre a origem e o destino da
Humanidade, visto a idéia mesma só depender do
homem.
Sem o homem não pode haver idéia humana
no mundo, porquanto a idéia como tal é sempre condicionada pela existência dos
homens e, por isso mesmo, por todas as leis, que regulam a sua vida. E, não fica
nisso! Idéias definidas acham-se ligadas a determinados indivíduos. Verifica-se
isso, em primeiro lugar, no caso de pensamentos cujo conteúdo não deriva de uma
verdade exata, cientifica, porém do mundo sentimental, reproduzindo, como se
costuma tão claramente definir, hoje em dia, um fato vivido interiormente. Todas
essa idéias que em si nada têm que ver com a lógica fria, representando, pelo
contrário, manifestações sentimentais, representações éticas, etc., prendem-se à
vida do homem devido a sua própria existência à força imaginativa criadora do
espírito humano.
Aí justamente é que se impõe a
conservação dessas determinadas raças e criaturas como condição primordial para
a durabilidade dessas idéias. Quem, por exemplo, quisesse realmente, de coração,
desejar a vitória do pensamento pacifista, teria que se empenhar, por todos os
meios, para que os alemães tomassem posse do Mundo; pois, se porventura
acontecesse o contrário, muito facilmente, com o último alemão, extinguir-se-ia
também o último pacifista, visto o resto do mundo dificilmente já ter sido
logrado por um absurdo tão avesso à natureza e à razão, quanto o foi o nosso
próprio povo.
Seria pois necessário, de bom ou
de mau grado, nos decidirmos com toda a seriedade a fazer a Guerra a fim de
chegarmos ao pacifismo. Foi isso e nada mais a intenção de Wilson, o redentor
universal. Assim pensavam pelo menos os nossos visionários alemães que, por esse
meio, chegaram a seus fins. Talvez o conceito pacifista humanitário chegue a ser
de fato aceitável, quando o homem que for superior a todos, tiver previamente
conquistado e subjugado o mundo, ao ponto de tornar-se o senhor exclusivo desta
terra. A tal idéia torna-se impossível produzir conseqüências nocivas, desde que
a sua aplicação na realidade se torna cada vez mais difícil, e por fim,
impraticável. Portanto, primeiro, a luta, depois talvez o pacifismo. No caso
contrário, a humanidade teria passado o ponto culminante do seu desenvolvimento
resultando, por fim, não o império de qualquer idéia moral, mas sim barbaria e
confusão. Naturalmente um ou outro poderá rir dessa afirmação. É preciso que
ninguém se esqueça, porém, de que este planeta já percorreu o éter milhões de
anos sem ser habitado e poderá, um dia, empreender o mesmo percurso da mesma
maneira, se os homens esquecerem que não devem sua existência superior às
teorias de uns poucos ideólogos malucos, mas ao reconhecimento e à aplicação
incondicional de leis imutáveis da
Natureza.
Tudo que hoje admiramos nesta terra,
- ciência e arte, técnica e invenções - é o produto criador somente de poucos
povos e talvez, na sua origem, de uma única raça. Deles também depende a
estabilidade de toda esta cultura. Com a destruição desses povos baixará
igualmente ao túmulo toda a beleza desta terra. Por mais poderosa que Possa ser
a Influência do solo sobre os homens, seus efeitos sempre hão de variar segundo
as raças. A falta de fertilidade de um país pode estimular uma raça a alcançar
nas suas atividades um rendimento máximo; outra raça só encontrará no mesmo fato
motivo para cair na maior miséria, acompanhada de alimentação insuficiente e
todas as suas conseqüências. As qualidades intrínsecas dos povos são sempre o
que determina a maneira pela qual se exercem as influências externas. A mesma
causa, que a uns leva a passar fome, provoca em outros o estimulo para trabalhar
com mais afinco.
A razão pela qual todas as
grandes culturas do passado pereceram, foi a extinção, por envenenamento de
sangue, da primitiva raça criadora. A última causa de semelhante decadência foi
sempre o fato de o homem ter esquecido que toda cultura dele depende e não
vice-versa; que para conservar uma cultura definida o homem, que a constrói,
também precisa ser conservado. Semelhante conservação, porém, se prende à lei
férrea da necessidade e do- direito de vitória do melhor e do mais
forte.
Quem desejar viver, prepara-se para o
combate, e quem não estiver disposto a isso, neste mundo de lutas eternas, não
merece a vida.
Por mais doloroso que isso seja,
é preciso confessá-lo. A sorte mais dura é, sem dúvida alguma, a do homem que
julga poder vencer a Natureza e na realidade a Natureza do mesmo escarnece. A
réplica da Natureza se resume então em privações, infelicidades e
moléstias!
O homem que desconhece e menospreza
as leis raciais, em verdade, perde, desgraçadamente a ventura que lhe parece
reservada, Impede a marcha triunfal da melhor das raças, com isso estreitando
também a condição primordial de todo progresso humano. No decorrer dos tempos,
vai caminhando para o reino do animal indefeso, embora portador de sentimentos
humanos.
É uma tentativa ociosa querer discutir
qual a raça ou quais as raças que foram os depositários da cultura humana e os
verdadeiros fundadores de tudo aquilo que compreendemos sob o termo
"Humanidade". - Mais simples é aplicar essa pergunta ao presente, e, aqui
também, a resposta é fácil e clara. O que hoje se apresenta a nós em matéria de
cultura humana, de resultados colhidos no terreno .da arte, da ciência e da
técnica, é quase que exclusivamente produto da criação do Ariano. É sobre tal
fato, porém, que devemos apoiar a Conclusão de ter sido ele o fundador exclusivo
de uma humanidade superior, representando assim "o tipo primitivo daquilo que
entendemos por "homem". É ele o Prometeu da humanidade, e da sua fronte é que
jorrou, em todas as épocas, a centelha do Gênio, acendendo sempre de novo aquele
fogo do conhecimento que iluminou a noite dos tácitos mistérios, fazendo
ascender o homem a uma situação de superioridade sobre os outros seres
terrestres, Exclua-se ele, e, talvez depois de poucos milênios, descerão mais
uma vez as trevas sobre a terra; a civilização humana chegará a seu termo e o
mundo se tornará um deserto!
Se a humanidade se
pudesse dividir em três categorias: fundadores, depositários e destruidores de
Cultura, só o Ariano deveria ser visto como representante da primeira classe.
Dele provêm os alicerces e os muros de todas as criações humanas, e os traços
característicos de cada povo em particular são condicionados por propriedades
exteriores, como sejam a forma e o colorido, É ele quem fornece o formidável
material de construção e os projetos para todo progresso humano. Só a execução
da obra é que varia de acordo com as condições peculiares das outras raças.
Dentro de poucas dezenas de anos, por exemplo, todo o leste de Ásia possuirá uma
cultura, cujo último fundamento será tão impregnado de espírito helênico e
técnica germânica quanto o é a nossa. A forma exterior é que, pelo menos
parcialmente, acusará traços de caráter asiático. Muitos julgam erroneamente que
o Japão assimilou a técnica da Europa na sua civilização. Não é o caso. A
ciência e a técnica européias recebem apenas um verniz japonês. A base da vida
real não é mais a cultura específica do Japão, embora seja ela quem dê "a cor
local" à vida do país, o que impressiona mais à observação do Europeu,
justamente devido aos aspectos externos originais. Aquela base se encontra,
porém, na formidável produção científica e técnica da Europa e da América e,
portanto, de povos arianos. Só se baseando nessas produções é que o Oriente
poderá seguir o progresso geral da Humanidade. Só elas é que descortinam o campo
para a luta pelo pão quotidiano, criando, para isso, armas e utensílios; ao
espírito japonês só se vai adaptando gradualmente o aspecto exterior de tudo
isso.
Se a partir de hoje, cessasse toda a
influência ariana sobre o Japão - imaginando-se a hipótese de que a Europa e a
América atingissem uma decadência total - a ascensão atual do Japão no terreno
técnico-científico ainda poderia perdurar algum tempo. Dentro de poucos anos,
porém, a fonte secaria, sobreviveria a preponderância do caráter japonês, e a
cultura atual morreria, regressando ao sono profundo, do qual, há setenta anos,
fora despertada bruscamente pela onda da civilização ariana. Eis porque, em
tempos remotos, também foi a influência, do espírito estrangeiro que despertou a
cultura japonesa. Hoje também o progresso do país é inteiramente devido à
influência ariana. A melhor prova desse fato é a fossilização e a rigidez, que,
mais tarde, se foram verificando em tal cultura, fenômeno este que um povo só
pode assinalar, quando a primitiva semente criadora se perdeu em uma raça, ou
quando velo a faltar a influência externa que dera o impulso e o material
necessários ao primeiro desenvolvimento cultural. Pode-se denominar uma tal raça
depositária, nunca, porém, criadora de cultura. Está provado, que quando a
cultura de um povo, na sua essência, foi recebida, absorvida e assimilada de
raças estrangeiras, uma vez retirada a influência exterior, ela cai de novo no
mesmo torpor.
Um exame dos diferentes povos,
sob tal ponto de vista, confirma o fato de que, nas origens, quase não se trata
de povos construtores, mas, sempre pelo contrário, de depositários de uma
civilização.
Sempre resulta. mais ou menos, o
seguinte quadro de sua evolução:
Tribos arianas
- muitas vezes em número ridiculamente reduzido - subjugam povos estrangeiros,
desenvolvendo, então, animadas por condições especiais da nova região
(fertilidade, clima etc.), favorecidas pelo número avultado de auxiliares da
raça inferior, suas latentes capacidades intelectuais e organizadoras. Elas
criam, freqüentemente, em poucos milênios e até em períodos de séculos,
civilizações, que, de começo, revelam integralmente os traços íntimos da sua
individualidade adaptados às propriedades específicas do solo como dos homens
por elas subjugados. Por fim acontece, porém, que os conquistadores pecam contra
o princípio - observado no começo - da pureza conservadora do sangue,- dão para
misturar-se com os habitantes subjugados, e põem termo com isso à sua própria
existência. A queda pelo pecado, no Paraíso, teve apenas como conseqüência a
expulsão Depois de um milênio ou mais, transparece freqüentemente o último
vestígio visível do antigo povo dominador, na coloração mais clara da pele,
deixada pelo seu sangue à raça vencida e também em uma civilização entorpecida,
criada por ele primitivamente para ser a geradora das
outras.
Da mesma maneira que o verdadeiro
conquistador espiritual se perdeu no sangue dos vencidos, perdeu-se também o
combustível para a tocha do progresso da civilização humana! Tal qual a cor da
pele, devido ao sangue do antigo senhor, ainda guardou como recordação um
ligeiro brilho, a noite da vida espiritual igualmente se acha suavemente
iluminada pelas criações dos primitivos mensageiros de luz. Através de toda a
barbárie recomeçada, elas continuam a brilhar despertando demais no espectador
distraído a suposição de ver o quadro de um povo atual, enquanto ele se mira
apenas no espelho do passado.
Pode então
acontecer, que, no decorrer da sua história, um povo entre em contato duas vezes
e mesmo até mais com a raça de seus antigos civilizadores, sem que seja preciso
existir ainda uma reminiscência de prévios encontros. O resto do antigo sangue
dominador se encaminhará inconscientemente para o novo tipo e a vontade própria
conseguirá então o que, a princípio, só era possível por coação. Verifica-se uma
nova onda civilizadora que se mantém, até que os seus expoentes desapareçam por
sua vez no sangue de povos estrangeiros. Futuramente caberá como tarefa a uma
História Universal e Cultural fazer pesquisas nesse sentido e não se deixar
sufocar na enumeração de fatos puramente exteriores, como se dá, infelizmente,
as mais das vezes, com a ciência histórica da
atualidade.
Já deste esboço sobre o
desenvolvimento de nações depositárias de uma civilização, resulta também o
quadro da formação da atividade e do desaparecimento dos próprios arianos, os
verdadeiros fundadores culturais desta terra. Como na vida corrente, o chamado
"Gênio" necessita de um pretexto, multas vezes até literalmente, de um empurrão,
para chegar ao ponto de brilhar, assim também acontece na vida dos povos, com a
raça genial. Na monotonia da vida quotidiana, indivíduos de valor costumam
freqüentemente parecer insignificantes, elevando-se apenas acima da média comum
dos que o cercam; entretanto, assim que sobrevem alguma situação, que a outros
faria desesperar ou enlouquecer, ergue-se de dentro da criatura média e apagada
a natureza genial, deixando facilmente estupefatos aqueles que a viam dantes, no
quadro estreito da vida burguesa - o que explica talvez o fato do "profeta
raramente valer qualquer coisa em sua terra". Nada melhor do que a Guerra nos
oferece oportunidade para fazer tal observação, Em horas de angústia, surgem
subitamente, de crianças aparentemente inofensivas, heróis dotados de resoluta
coragem, perante a morte e de grande frieza de reflexão. Não fosse tal momento
de provação, ninguém teria pressentido o herói no rapaz ainda imberbe. Quase
sempre é preciso algum solavanco para provocar o gênio. A martelada do destino,
que a uns derriba logo, já em outros encontra resistência de aço, e, destruindo
o invólucro da vida quotidiana, descobre o âmago até então oculto aos olhos do
universo atônito. Este se defende e recusa crer, que exemplares de aparência tão
semelhante possam tão repentinamente mudar de individualidade, processo esse,
que se deve repetir com toda criatura
excepcional.
Apesar de um inventor, por
exemplo, só consolidar a sua fama no dia em que a invenção está terminada, seria
errôneo pensar que a genialidade em si não se contivesse no homem antes desse
momento. A centelha do gênio já faísca, desde a hora do nascimento, na cabeça do
homem verdadeiramente dotado de talento criador, Genialidade verdadeiramente é
sempre inata, nunca fruto de educação ou
estudos.
Como já acentuamos previamente, o
mesmo fenômeno, observado no indivíduo, se produz também na raça, Ainda que
espectadores superficiais queiram desconhecer esse fato, certo é que os povos
que produzem muito são dotados de talento criador desde a sua origem mais
remota. Aqui também a aceitação exterior só se manifesta depois de obras
executadas, o resto do mundo sendo incapaz de reconhecer a genialidade em si,
aplaudindo apenas suas manifestações concretas, como sejam: invenções,
descobertas, construções, pinturas, etc. Mesmo depois disso, ainda passa às
vezes muito tempo, até chegar a ser reconhecida. Na vida do indivíduo
predestinado, a disposição genial ou pelo menos extraordinária, só incentivaria
por motivos especiais, marcha para a sua realização prática; na vida dos povos
também só determinadas hipóteses poderão levar à completa utilização de forças e
capacidades criadoras.
É nos Arianos - raça que
foi e é o expoente do desenvolvimento cultural da Humanidade - que se verifica
tudo isso com a maior clareza. Assim que o destino os lança em situações
especiais, as faculdades que possuem começam a se desenvolver e a se tornar
manifestas. As civilizações por eles fundadas em semelhantes casos, quase sempre
são definitivamente fixadas pelo solo e clima e pelos homens vencidos, sendo
este último fator quase que o mais decisivo. Quanto mais primitivos os recursos
técnicos para um trabalho cultural, mais necessário o auxílio de forças humanas,
que, conjugadas e bem aplicadas, terão que substituir a energia da máquina. Sem
tal possibilidade de empregar gente inferior, o ariano nunca teria podido dar os
primeiros passos para sua civilização, do mesmo modo que, sem a ajuda de animais
apropriados, pouco a pouco domados por ele, nunca teria alcançado uma técnica,
graças à qual vai podendo dispensar os animais. O ditado: "o negro fez a sua
obrigação, pode se retirar", possui infelizmente uma significação profunda.
Durante milênios, o cavalo teve que servir e ajudar o homem em certos trabalhos
nos quais agora o motor suplantou, o que dispensou perfeitamente o cavalo, Daqui
a poucos anos, este terá cessado toda a sua atividade. No entanto, sem a sua
cooperação inicial, o homem só dificilmente teria chegado ao ponto em que hoje
se acha.
Eis como a existência de povos
inferiores tornou-se condição primordial na formação de civilizações superiores,
nas quais só esses entes poderiam suprir a falta de recursos técnicos, sem os
quais nem se pode imaginar um progresso mais elevado. A cultura básica da
humanidade se apoiou menos no animal domesticado do que na utilização de
indivíduos inferiores.
Só depois da
escravização de raças inferiores ê que a mesma sorte tiveram os animais, e não
"vice-versa", como alguém poderia pensar. É certo que foi primeiro o vencido, e
só, depois dele o cavalo, que puxou o arado. Só os bobos pacifistas é que podem
enxergar nisso um indício de maldição humana, sem perceber direito que tal era a
marcha a seguir, para, finalmente, chegar-se ao ponto de onde esses apóstolos
têm pregado ao mundo o seu charlatanismo.
O
progresso humano se assemelha a uma ascensão em uma escada sem fim; não se chega
de forma alguma encima, sem se ter servido dos degraus inferiores. Foi assim que
o ariano teve que trilhar o caminho traçado pela realidade e não aquele com o
qual sonha a fantasia de um pacifista moderno. O caminho da realidade é duro e
espinhoso, mas só ele conduz à finalidade com que os pacifistas sonham
afastando, porém, cada vez mais a humanidade do ideal sonhado. Não é, portanto,
por mero acaso, que as primeiras civilizações tenham nascido ali, onde o ariano,
encontrando povos inferiores, subjugou os à sua vontade; foram eles os primeiros
instrumentos a serviço de uma cultura em
formação.
Com isso ficou porém, claramente
delineado o trajeto que o ariano teria de percorrer. Com a sua autoridade de
conquistador, submeteu ele os homens inferiores, regulando, em seguida, sob o
seu comando, a atividade prática dessas criaturas, conforme a sua vontade e
visando seus próprios fins. Enquanto assim conduzia os vencidos para um trabalho
útil, embora duro, o ariano poupava, não só as suas vidas, como lhes
proporcionava talvez uma sorte melhor do que dantes, quando gozavam a chamada
"liberdade". Todo o tempo em que ele soube manter, sem vacilações, o seu lugar
de senhor e mestre, conservou-se, não somente o senhor absoluto, como o
conservador e pioneiro da civilização, visto esta depender exclusivamente da
capacidade dos conquistadores e da sua própria conservação. No momento em que os
próprios vencidos começaram a se elevar sob o ponto de vista cultural,
aproximando-se também dos conquistadores pelo idioma, ruiu a rigorosa barreira
entre o senhor e o servo. O ariano sacrificou a pureza do sangue, perdendo assim
o lugar no Paraíso, que ele mesmo tinha preparado. Sucumbiu, com a mistura
racial; perdeu, aos poucos, cada vez mais, sua capacidade civilizadora, até que
começou a se assemelhar mais aos indígenas subjugado do que a seus antepassados,
e isso, não só intelectual como fisicamente. Algum tempo ainda, pôde fruir dos
bens já existentes da civilização, mas, depois, sobreveio a paralisação do
progresso e o homem se esqueceu de si próprio. É desse modo que vemos a ruína de
civilizações e remos, que cedem o lugar a outras
formações.
As causas exclusivas da decadência
de antigas civilizações são: a mistura de sangue e o rebaixamento do nível da
raça, que aquele fenômeno acarreta. Está provado que não são guerras perdidas
que exterminam os homens e sim a perda daquela resistência, que só o sangue puro
oferece.
Todo o que, no Mundo, não é raça boa é
joio.
Todo acontecimento na História Universal
não passa de uma manifestação externa do instinto de conservação das raças, no
bom ou no mau sentido. A questão das causas íntimas que determinam a importância
preponderante do arianismo pode ser explicada menos por uma força mais poderosa
do instinto de conservação, propriamente, do que pelo modo especial por que este
se manifesta. A vontade de viver, falando do ponto de vista subjetivo, tem, por
toda parte, a mesma intensidade e só difere pela forma que ela adota na vida
real. Nos seres mais primitivos, o instinto de conservação não vai além da
preocupação com o próprio "eu". O egoísmo - definição que damos a tal tendência
- nesses animais chega a limitar-se às preocupações do momento, que absorvem
tudo, nada reservando para as horas futuras. Nesse estado, o animal vive
exclusivamente para si, procura o alimento só para matar a fome no instante e só
luta pela própria vida.. Enquanto, porém, o instinto de conservação se manifesta
apenas desta maneira, falta lhe completamente a base para a formação de uma
comunidade, mesmo sob a forma mais primitiva da família. Já a comunhão entre o
macho e a fêmea exige uma extensão do instinto de conservação, pelo cuidado e a
luta que, além do próprio "eu", inclui também a outra metade. O macho, às vezes,
também procura alimento para a fêmea; o mais freqüente é eles ambos
procurarem-no para os filhos. Um protege o outro, de modo que aqui se verificam
as primeiras formas, embora infinitamente elementares, de um espírito de
sacrifício. No momento em que este espírito de sacrifício ultrapassa o quadro
estreito da família, estabelecem-se as condições para a fundação de maiores
agremiações e, enfim, de verdadeiros
Estados.
Os povos mais atrasados da terra têm
essa qualidade muito apagada, de modo que, muitas vezes, não chegam além da
formação da família. Quanto mais aumenta a disposição a sacrificar interesses
puramente pessoais, tanto mais se desenvolve a capacidade para erigir
comunidades mais importantes.
É o ariano que
apresenta, do modo mais expressivo, essa disposição para o sacrifício do
trabalho pessoal, e, sendo necessário, até da sua própria vida, que arrisca em
favor dos outros. Por si mesmo, o ariano não se caracteriza por ser um homem
mais bem dotado intelectualmente, mas, sim, pela sua disposição em- pôr todas as
suas faculdades ao serviço da comunidade. Nele, o instinto de conservação
alcançou a forma mais nobre, submetendo o próprio "eu", espontaneamente, à vida
da coletividade, sacrificando-o até inteiramente, se o momento
exigir.
A razão da faculdade civilizadora e
construtora do ariano não reside nos dotes intelectuais. Se ele nada possuísse
fora disso, só poderia agir como destruidor, nunca, porém, como organizador,
pois a significação intrínseca de toda organização repousa sobre o princípio do
sacrifício, que cada indivíduo faz de sua opinião e de seus interesses pessoais
em proveito de uma pluralidade de criaturas. Só depois de trabalhar pelos
outros, recebe ele novamente a parte que lhe toca. Não trabalha mais,
diretamente para si, mas incorpora-se, com o seu trabalho, no quadro geral da
coletividade, visando, não o seu proveito mas sim o bem de todos. A ilustração
mais admirável de semelhante disposição encontra-se na palavra "trabalho" que
para ele não representa absolutamente uma atividade visando somente a manutenção
da vida, mas uma criação que não vai de encontro aos interesses da generalidade.
Em caso contrário, quando as ações humanas só atendem ao instinto de
conservação, sem levar em conta o bem do resto do mundo, o ariano as chama:.
furto, usura, roubo, assalto, etc.
Tal
disposição, que faz ceder o interesses do próprio "eu" à conservação da
comunidade, é realmente a condição indispensável para a existência de toda
civilização humana. Só ela pode criar as grandes obras da humanidade, que ao
fundador pouca recompensa trazem, as maiores bênçãos porém às gerações futuras.
Só esse sentimento é que explica como é que tantos indivíduos podem suportar
honestamente uma existência miserável, que só lhes impõe pobreza e humildade,
mas firma para a coletividade as bases da existência. Cada operário, cada
camponês, cada inventor, cada funcionário, etc., que vai trabalhando, sem chegar
nem uma vez à felicidade ou ao bem-estar, é um expoente desse elevado ideal,
mesmo que nunca venha a penetrar o sentido profundo de seu
proceder.
O que é verdade, no que diz respeito
ao trabalho como base de nutrição e de todo progresso humano, aplica-se ainda,
muito mais, em se tratando de preservar o homem e a sua cultura. A coroação de
todo espírito de abnegação reside no sacrifício da própria vida individual em
prol da existência coletiva. Só assim se pode impedir que mãos criminosas ou a
própria Natureza destruam aquilo que foi obra de mãos
humanas.
Nossa língua possui justamente um
termo que define esplendidamente o modo de agir nesse sentido; é o "cumprimento
do dever" Significa isso não se contentar o indivíduo somente consigo, mas em
procurar servir à coletividade.
A disposição
fundamental de que emana um tal modo de proceder, é chamada por nós Idealismo,
em oposição ao Egoísmo. Entendemos por essa palavra a faculdade de sacrifício do
indivíduo pelo conjunto de seus semelhantes.
É
necessário proclamar repetidamente que o idealismo não significa apenas uma
supérflua manifestação sentimental, era e será sempre, em verdade, a condição
primordial para o que denominamos "civilização"- Foi esse idealismo o criador do
conceito "homem"! É a essa tendência interior que o ariano deve sua posição no
Mundo, esse a ela também deve a existência do homem superior. O idealismo foi
que, do espírito puro, plasmou a força criadora, cuja obra - os monumentos
culturais - brotou de um consórcio singular entre a violência bruta e a
inteligência genial.
Sem as tendências do
idealismo, mesmo as faculdades mais brilhantes não passariam de uma abstração,
pura aparência exterior, sem valor intrínseco, nunca podendo resultar em força
criadora.
Como, entretanto, o idealismo genuíno
não é mais nem menos do que a subordinação dos interesses e da vida do indivíduo
à coletividade, isso também, por sua vez, estabelece as condições para novas
organizações de toda espécie. Esse sentimento, no seu íntimo, corresponde à
vontade mais imperiosa da Natureza. Só ele é que conduz os homens a reconhecerem
espontaneamente o privilégio da força e do vigor, fazendo deles uma poeirinha
insignificante naquela organização que forma e constitui o Universo. O idealismo
mais puro reveste-se inconscientemente do mais profundo
conhecimento.
O quanto isso é verdadeiro, o
quanto é inexistente a relação entre o idealismo real e as fantasmagorias de
brinquedo, ressalta, à primeira vista, do juízo de uma criança pura, de um
menino são, por exemplo. O mesmo jovem que escuta, sem interesses e com
repugnância, as tiradas intermináveis de um pacifista "idealista", prontifica-se
a dar imediatamente sua vida pelo ideal de seu
nacionalismo.
Inconscientemente obedece aí ao
instinto, que reconhece a necessidade recôndita da conservação da espécie, à
custa do indivíduo. Se preciso for, lançará um protesto contra as fantasias do
discursador pacifista, que, em realidade, no seu pape) de egoísta mascarado,
porém covarde, peca diretamente contra as leis da evolução. Esta é condicionada
pela disposição ao sacrifício do indivíduo em prol da espécie, e não por visões
mórbidas de sabichões covardes e críticos da
Natureza.
É justamente nas épocas em que o
sentimento idealista parece querer desaparecer, que podemos também imediatamente
verificar uma queda daquela força formadora de coletividade e, por si mesma,
criadora de possibilidades culturais. Logo que o egoísmo principia a governar um
povo, afrouxam-se os vínculos da ordem e, na caça atrás da felicidade, é que os
homens se precipitam do céu para dentro do
inferno.
Sim, até o posteridade esquece aqueles
que só serviram a seus interesses pessoais e exalta os heróis que renunciaram à
sua própria ventura.
O judeu é que apresenta o
maior contraste com o ariano. Nenhum outro povo do mundo possui um instinto de
conservação mais poderoso do que o chamado "Povo Eleito". Já o simples fato da
existência desta raça poderia servir de prova cabal para essa verdade. Que povo,
nos últimos dois milênios, sofreu menos alterações na sua disposição intrínseca,
no seu caráter, etc., do que o povo judeu? Que povo, enfim, sofreu maiores
transtornos do que este, saindo, porém, sempre o mesmo, no meio das mais
violentas catástrofes da humanidade? Que vontade de viver, de uma resistência
infinita para a conservação da espécie, fala através desses
fatos!
As qualidades intelectuais do judeu
formaram-se no decorrer de milênios, Ele passa hoje por "inteligente" e o foi
sempre até um certo ponto. Somente, sua compreensão não é o produto de evolução
própria, mas de pura imitação. O espírito humano não consegue galgar alturas,
sem passar por degraus; para cada passo ascendente, necessita ele do fundamento
do passado, naquele sentido lato que só na cultura geral pode transparecer.
Apenas uma pequena parte do pensamento universal repousa sobre o conhecimento
próprio; a maior parte é devido às experiências de épocas precedentes. O nível
geral de cultura mune o indivíduo sem que disso ele se aperceba, de uma tal
riqueza de conhecimentos preliminares, que, assim preparado, ele, mais
facilmente, seguirá o seu caminho. O menino de hoje, por exemplo, cresce,
cercado por uma infinidade de inventos técnicos dos últimos séculos, de tal
modo, que muitas coisas - um enigma, há cem anos, para os espíritos mais
adiantados - lhe passam despercebidas, embora a observação e a compreensão dos
nossos progressos no dito terreno sejam para ele de uma importância decisiva. Se
mesmo um cérebro genial da segunda década do século passado saísse hoje do seu
túmulo, encontraria maior dificuldade em se orientar no tempo atual, do que,
hoje, um rapazinho de quinze anos, de Inteligência mediana. Ao ressuscitado
faltaria toda a formação prévia, interminável, quase inconscientemente absorvida
pelo nosso contemporâneo durante seu período de crescimento, no meio das
manifestações da civilização geral. Como então o judeu - por motivos que
ressaltam à primeira vista - nunca possuiu uma cultura própria, as bases do seu
trabalho espiritual sempre foram ditadas por outros. Em todos os tempos, seu
intelecto desenvolveu-se por influências do mundo civilizado que o
cerca.
Nunca se operou um processo
inverso.
Mesmo que o instinto de conservação do
povo judeu não fosse mais fraco e sim mais forte do que o de outros povos,
quando mesmo sua capacidade intelectual pudesse dar a impressão de poder ele
concorrer sem desigualdade com as demais raças, faltar-lhe-ia, no entanto,
inteiramente, a condição "sine qua non" para um povo expoente de cultura - a
mentalidade idealista.
No povo judeu, a vontade
de sacrificar-se não vai- além do puro instinto de conservação do indivíduo. O
sentimento de solidariedade acha seu fundamento em um instinto gregário muito
primitivo, que se manifesta em muitos outros seres nesse mundo. Notável é nisso
tudo o fato dê que o instinto gregário só conduz ao apoio mútuo, ali onde um
perigo comum torna apropriado ou Inevitável tal auxílio. O mesmo bando de lobos
que, era determinado momento, assalta em comum a sua presa, se dispersa de novo,
assim que acaba de matar a fome. O mesmo fazem os cavalos, que, juntos, procuram
defender-se de um ataque, para dispersarem-se, para todos os lados, uma vez o
perigo passado.
Análogo é o caso do judeu. Seu
espirito de sacrifício é só aparente, só perdura, enquanto a existência de cada
um o exige peremptoriamente. Entretanto uma vez vencido o inimigo comum e
afastado o perigo, que a todos ameaçava, os espólios em segurança, cessa a
aparente harmonia dos judeus entre si, para deixar novamente transparecerem as
tendências primitivas. O judeu só conhece a união, quando ameaçado por um perigo
geral ou tentado por uma filhagem em comum; desaparecendo ambos estes motivos,
os sinais característicos do egoísmo mais cru surgem em primeiro plano, e o
povo, ora unido, de um instante l>ara outro transforma-se em uma chusma de
ratazanas ferozes.
Se os judeus fossem os
habitantes exclusivos do Mundo não só morreriam sufocados em sujeira e porcaria
como tentariam vencer-se e exterminar-se mutuamente, contanto que a indiscutível
falta de espírito de sacrifício, expresso na sua covardia, fizesse, aqui também,
da luta uma comédia. É pois uma idéia fundamentalmente errônea, querer enxergar
um certo espírito idealista de sacrifício na solidariedade do judeu na luta ou,
mais claramente, na exploração de seus semelhantes, Aqui igualmente o judeu não
é movido por outra coisa senão pelo egoísmo individual nu e cru. Por isso mesmo,
o Estado judaico - que deve ser o organismo vivo para a conservação e
multiplicação da raça - não possui nenhum limite territorial. Uma formação
estatal compreendida dentro de um determinado espaço, pressupõe sempre uma
disposição idealista na raça, que ocupa esse Estado, antes de tudo, porém, uma
compreensão exata da noção de "trabalho". A falta de tal convicção acarreta o
desânimo, não só para construir, como até para conservar um Estado com limites
marcados. Com isso desaparece o fundamento único da origem de uma
civilização.
Por isso também é que o povo
judeu, apesar de suas aparentes aptidões intelectuais, permanece sem nenhuma
cultura verdadeira e, sobretudo, sem cultura própria. O que ele hoje apresenta,
como pseudo-civilização, é o patrimônio de outros povos, já corrompidos nas suas
mãos.
Para se julgar o judaísmo em face da
civilização humana, é preciso salientar o traço característico mais inerente à
sua natureza, a saber: que nunca houve uma arte Judaica, como hoje ainda não há,
e que as duas rainhas entre as artes - a arquitetura e a música - nada de
espontâneo lhe devem, o que tem feito no terreno artístico é ou fanfarronice
verbal ou plágio espiritual. Além disso, faltam ao judeu aquelas qualidades que
distinguem as raças privilegiadas no ponto de vista criador e
cultural.
A que ponto o judeu aceita por
imitação a civilização estranha, até deformando-a, está provado pelo fato de ser
a arte dramática a que mais o atrai, sendo, como, a que menos depende de
invenção pessoal. Mesmo nessa especialidade, ele realmente não passa de um
"cabotino", melhor ainda, de um macaqueador, faltando-lhe a inspiração para
grandes realizações; nunca é construtor genial, mas sim puro imitador. Os
pequenos truques por ele utilizados não podem entretanto a ninguém enganar,
encobrindo a falta de. vitalidade intrínseca do seu talento. Só a imprensa
judaica, que presta o seu auxilio carinhosamente, completando falhas e entoando,
mesmo sobre o remendão mais medíocre, um tal hino de "louvores" que o resto do
mundo acaba supondo tratar-se de um verdadeiro artista, quando se trata, apenas,
de um miserável comediante. Não. O judeu não possui força alguma suscetível de
construir uma civilização e isso pelo fato de não possuir nem nunca ter possuído
o menor idealismo, sem o qual o homem não pode evoluir em um sentido superior.
Eis a razão por que sua inteligência nunca construirá coisa alguma; ao
contrário, agirá destruindo; quando muito, poder dar um incentivo passageiro,
aparecendo então como o protótipo da "Força, que sempre deseja o Mal, fazendo o
Bem". Não por ele, mas sim apesar dele, vai se realizando de qualquer modo o
progresso da humanidade.
O judeu, não tendo
jamais possuído um Estado com definidos limites territoriais e, portanto,
nenhuma cultura própria, formou-se o hábito de classificar esta raça entre os
nômades. É isto um erro tão grande quanto perigoso. O nômade dispõe, para viver,
de um espaço limitado por fronteiras; não o cultiva, porém, como um lavrador
estabelecido, mas vive do rendimento de seus rebanhos, com os quais percorre as
suas terras. A razão para isso reside, aparentemente, na pouca fertilidade do
solo, que não permite a instalação de uma colônia; no fundo, entretanto, está na
desarmonia entre a civilização técnica de uma época ou de um povo e a pobreza
natural do lugar habitado. Há regiões, onde o ariano, somente pelo
desenvolvimento de sua técnica milenar, consegue, em colônias isoladas,
apoderar-se das terras e delas extrair os elementos necessários ao seu sustento,
se não fosse essa técnica, ou ele teria que se afastar dessas paragens, ou viver
igualmente como nômade, em constante peregrinação. se é que sua educação,
através de milênios, e seu hábito de vida estabelecida, não tornasse semelhante
solução totalmente insuportável. Seja lembrado que quando se descobriu o
Continente Americano, numerosos arianos lutavam pela vida, como armadores de
alçapão, caçadores, etc., e isto freqüentemente, em bandos maiores, com mulher e
filhos, mudando sempre de paradeiro, em uma vida igual à dos nômades. Logo,
porém, que o seu número, por demais acrescido, assim como recursos mais
aperfeiçoados, permitiram desbravar o solo virgem e resistir aos indígenas,
começou a surgir, no país, uma colônia depois da
outra.
É provável que o ariano também tenha
sido primeiro nômade, depois, com o decorrer do tempo, se tenha fixado; mas
nunca o foi o judeu! Não, o judeu não é um nômade, pois, mesmo este já tomava
atitudes definidas quanto ao "trabalho", contanto que, para isso, existissem as
devidas condições espirituais. O idealismo, como sentimento fundamental, existe
nele, embora infinitamente apagado; é por isso que, em todo seu complexo, o
nômade poderá parecer estranho aos povos arianos, mas nunca antipático. Tal não
acontece com o judeu; este nunca foi nômade e sim um parasita incorporado ao
organismo dos outros povos. Sua mudança de domicílio, uma vez por outra, não
corresponde às suas intenções, sendo resultado da expulsão sofrida por ele, de
tempos em tempos, da parte dos povos que o abrigam e que ele explora. O fato
dele continuar a se espalhar pelo mundo é um fenômeno próprio a todo parasita;
este anda sempre à procura de novos terrenos para fazer prosperar sua
raça.
Com o nomadismo isso nada tem que ver,
porque o judeu não cogita absolutamente de desocupar uma região por ele ocupada,
ficando ai, fixando-se e vivendo aí tão bem estabelecido, que mesmo a violência
dificilmente o consegue expulsar. Sua expansão através de países sempre novos só
principia quando neles existem condições precisas para lhe assegurar a
existência, sem que tenha que mudar de domicílio como o nômade, É e será sempre
o parasita típico, um bicho, que, tal qual um micróbio nocivo. Se propaga cada
vez mais, assim que se encontra em condições propicias. A sua ação vital
igualmente se assemelha à dos parasitas, onde ele aparece. O povo, que o
hospeda, vai se exterminando mais ou menos rapidamente. Assim viveu o judeu, em
todos os tempos, nos Estados alheios, formando ali seu próprio "Estado", que
aliás costumava navegar em paz, até que circunstâncias exteriores desmascarassem
por completo seu aspecto velado de "comunhão religiosa". Uma vez, porém, que
adquira bastante força para prescindir de tal disfarce, deixava afinal cair o
véu e torna-se de súbito, aquilo, que os outros não queriam, dantes, nem crer
nem ver: o judeu. Na vida do judeu, incorporado como parasita no meio de outras
nações e de outros Estados, existe um traço característico, no qual Schopenhauer
se inspirou para declarar, come já mencionamos: "O judeu é o grande mestre na
mentira". A vida impele o judeu para a mentira, para a mentira incessante, da
mesma maneira que obriga o homem do norte a vestir roupa
quente.
Sua vida, no seio de povos estranhos,
só pode perdurar, se ele conseguir despertar a crença de ser o representante,
não de um povo, mas de uma "comunhão religiosa", muito embora
singular.
Aí está a primeira grande
mentira.
Para poder levar essa vida, à custa de
outros povos, precisa ele recorrer à negação de sua individualidade interior.
Quanto mais inteligente é cada judeu melhor conseguirá iludir. Pode chegar ao
ponto de grande parte o povo que o hospeda acreditar seriamente que o judeu seja
francês ou inglês, alemão ou italiano, embora pertencente a uma crença especial.
As vítimas mais freqüentes de tão infame fraude são os funcionários oficiais que
parecem sempre influenciados por essa fração histórica da sabedoria universal. O
pensamento independente, em tais rodas, passa, às vezes, como um verdadeiro
pecado contra o progresso na vida, de modo que ninguém se deve admirar, quer por
exemplo, um secretário de Estado na Baviera, até hoje, ainda não possua a mais
leve suspeita de que os judeus constituem um povo e não uma seita religiosa.
Aliás, basta um olhar lançado sobre a imprensa, eivada de judaísmo, para revelar
tal verdade mesmo ao espírito mais curto. É verdade, que o "Eco Judeu" ainda não
é o órgão oficial, não podendo traçar normas ao intelecto de uma tal autoridade
do Governo.
O judaísmo nunca foi uma religião,
e sim sempre um povo com características raciais bem definidas. Para progredir
teve ele, bem cedo, que recorrer a um meio, para dispersar a atenção malévola,
que pesava sobre seus adeptos. Que meio mais conveniente e mais inofensivo do
que a adoção do conceito estranho de "comunhão religiosa"? Pois, aqui, também,
tudo é emprestado, ou, melhor, roubado - a personalidade primitiva do judeu, já
por sua natureza, não pode possuir uma organização religiosa, pela ausência
completa de ideal, e, por isso mesmo, de uma crença na vida futura, Do ponto, de
vista ariano, é impossível imaginar-se, de qualquer maneira, uma religião sem a
convicção da vida depois da morte, Em verdade, o Talmud também não é um livro de
preparação ao outro mundo, mas sim para uma vida presente boa, suportável e
prática.
A doutrina Judaica é, em primeiro
lugar, um guia para aconselhar a conservação da pureza do sangue, assim como o
regulamento das relações dos judeus entre si, mas ainda com os não judeus, isto
é, com o resto do inundo. Não se trata, em absoluto, de problemas morais, e sim
de questões econômicas, muito elementares, Existem hoje e já existiram em todos
os tempos estudos bastantes aprofundados sobre o valor ético do ensino da
doutrina Judaica, espécie de religião, que, aos olhos arianos, parece, por assim
dizer, escabrosa (tais estudos naturalmente não provêm de iniciativa dos judeus,
ao contrário, seriam habilmente adaptados ao fim visado). O produto dessa
educação religiosa - o próprio judeu é o seu melhor expoente. Sua vida só se
limita a esta terra, e seu espirito conservou-se tão estranho ao verdadeiro
Cristianismo quanto a sua mentalidade o foi, há dois mil anos, ao grande
fundador da nova doutrina. Verdade é que este não ocultava seus sentimentos
relativos ao povo judeu; em certa emergência pegou até no chicote para enxotar
do templo de Deus este adversário de todo espírito de humanidade que, outrora,
como sempre, na religião, só discernia um veículo para facilitar sua própria
existência financeira. Por isso mesmo, aliás, é que Cristo foi crucificado,
enquanto nosso atual cristianismo partidário se rebaixa a mendigar votos judeus
nas eleições, procurando ajeitar combinações políticas com partidos de judeus
ateístas e tudo isso em detrimento do próprio caráter
nacional.
Em uma seqüência lógica, amontoam-se
sempre novas mentiras sobre a grande mentira inicial, a saber: que o judaísmo
não é uma raça, mas uma religião. A mentira estende-se igualmente à questão da
língua dos judeus; esta não lhes serve de veículo para a expressão, mas sim de
máscara para seus pensamentos. Falando francês, seu modo de pensar é judeu;
torneando versos em alemão não faz senão fazer transparecer o espírito da sua
raça.
Enquanto o judeu não se torna senhor dos
outros povos é forçado, quer queira quer não, a falar as línguas
desses.
No momento, porém, em que esses se
tornassem seus vassalos, teriam que aprender todos um idioma universal (por
exemplo, o Esperanto!) a fim de assim poderem ser dominados mais facilmente pelo
judaísmo.
Os "Protocolos dos Sábios de Sião",
tão detestados pelos judeus, mostram, de uma maneira incomparável, a que ponto a
existência desse povo é baseada em uma mentira ininterrupta. "Tudo isto é
falsificado", geme sempre de novo o "Frankfurter Zeitung", o que constitui mais
uma prova de que tudo é verdade. Tudo o que muitos judeus talvez façam
inconscientemente, acha-se aqui claramente desvendado. Mas o ponto capital é que
não importa absolutamente saber que do cérebro judeu provêm tais revelações. O
ponto decisivo é a maneira pela qual essas revelações tornam patentes, com uma
segurança impressionante, a natureza e a atividade do povo judeu nas suas
relações íntimas, assim como nas suas finalidades. A melhor critica desses
escritos é fornecida entretanto pela realidade. Quem examinar a evolução
histórica do último século sob o prisma deste livro, logo compreenderá também o
clamor da imprensa judaica, pois no dia em que o mesmo for conhecido de todo o
povo, nesse dia estará evitado o perigo do
judaísmo.
Para bem conhecer o judeu, o melhor
meio é estudar o caminho seguido por ele no seio dos outros povos e no decorrer
dos séculos. Basta para isso estudar um só exemplo, que nos será bastante
instrutivo. Como a sua evolução, sempre e em todos os tempos, foi a mesma, como
também os povos por ele devorados, são sempre os mesmos, seria recomendável, em
um tal estudo, dividir essa marcha da sua evolução em períodos definidos, que
marcarei com letras para simplificar.
Os
primeiros judeus vieram para a Germânia no curso da marcha invasora dos Romanos,
como sempre, negociando. Nos túmulos das invasões parecem entretanto ter
desaparecido, e o tempo da primeira formação de Estados germânicos pode ser
considerado o início de uma nova e permanente invasão Judaica na Europa Central
e Setentrional. Começa aí uma evolução, que sempre foi idêntica, toda vez que,
em qualquer parte, houve colisão dos judeus com povos
arianos.
a) Com a instalação das primeiras
colônias fixas, surge repentinamente o judeu. Ele chega como negociante, e, a
princípio, não se preocupa em disfarçar a sua nacionalidade. Ainda é o judeu,
talvez em parte também, porque, exteriormente, a diferença racial entre ele e o
povo hospitaleiro é grande demais, seu conhecimento da língua muito falho, as
desconfianças da gente da terra muito sensíveis, para lhe permitirem aparecer
sob outro aspecto que o de um comerciante estrangeiro. Com o seu jeito
insinuante e a Inexperiência do outro povo, a conservação de sua personalidade
não apresenta para ele nenhuma desvantagem; pelo contrário, antes uma vantagem
que é a de ser amavelmente recebido na sua qualidade de
estrangeiro.
b) Aos poucos, começa ele a
trabalhar no terreno econômico, não como produtor mas exclusivamente como
intermediário. Na sua habilidade milenar de negociante, supera de muito os
arianos, os quais ainda se mostram sem jeito e, sobretudo, de uma probidade sem
limites. Assim, em pouco tempo, o judeu ameaça adquirir o monopólio do comércio.
Começa com empréstimos de dinheiro, e, como sempre, com juros de usurários. Na
verdade, foi ele quem, por este meio, introduziu o juro. O perigo dessa nova
instituição, a princípio, não é reconhecido, sendo ela até acolhida com
entusiasmo pelas vantagens momentâneas que
oferece.
e) O judeu estabeleceu-se
completamente, isto é, habita em cidades e lugarejos, bairros especiais,
formando cada vez mais um Estado seu, dentro do Estado. Considera o comércio e
todos os negócios financeiros como seu privilégio pessoal, que explora sem
escrúpulo algum.
d) As finanças e o comércio
tornaram-se decididamente monopólio seu. Seus juros de usurários afinal provocam
oposição, seu atrevimento crescente revolta, sua riqueza produz inveja. A medida
chega a transbordar, quando a propriedade e a terra também ingressam no círculo
de seus objetivos comerciais, sendo rebaixados ao grau de mercadoria vendável e
mais apta a ser negociada. Como o judeu nunca cultiva a terra, que para ele
representa um fundo de exploração, o camponês pode ficar vivendo ali, entretanto
tão miseravelmente oprimido por seu novo senhor, que a aversão contra esse vai
pouco a pouco se convertendo em ódio declarado. Sua insaciável tirania torna-se
tão grande que desperta reações violentas. Começa-se a examinar, sempre mais de
perto, o corpo estranho, descobrindo-se nele sempre novos traços e maneiras
repelentes, até que a cisão completa se
opera.
Nas épocas das maiores privações, a
fúria, afinal, rebenta contra ele; as massas exploradas e totalmente aniquiladas
recorrem à defesa própria, a fim de se livrarem do "flagelo de Deus". No
decorrer dos séculos, já o conheceram de sobra, sentindo que sua simples
existência é uma calamidade equivalente à
peste.
e) Então principia o judeu a desvendar
suas qualidades genuínas. Graças à lisonja abjeta, consegue acercar-se dos
Governos, faz girar e trabalhar o seu dinheiro, e deste modo arranja sempre uma
"carta branca' para a exploração de suas vitimas. Mesmo que, às vezes, á ira
popular se torne violenta contra a eterna sanguessuga, isso não impede
absolutamente de aparecer ele no lugar há pouco abandonado e de recomeçar a vida
de outrora. Não há perseguição que o possa demover do seu processo de exploração
humana; nenhuma o poderá expulsar, pois cada perseguição termina ela sua volta
dentro em breve e sob a mesma forma.
Para
impedir, pelo menos, a piores conseqüências, começa-se a retirar a terra da sua
mão usurária, tornando-se a aquisição da mesma impossível dentro da
lei.
f) Quanto mais o poder dos príncipes vai
aumentando, mais o judeu se vai chegando a eles. Mendiga "privilégios" que
facilmente obtém, em troca do devido pagamento destes senhores constantemente em
dificuldades financeiras. Custe o que custar, em poucos anos ele recobra
novamente, com juros sobre juros, o dinheiro empregado. Uma verdadeira
sanguessuga que se agarra ao corpo do infeliz povo e daí não se mexe até que os
príncipes precisem novamente de dinheiro e se encarreguem de lhes extorquir
pessoalmente o sangue sugado. Tal espetáculo repete-se sempre, sendo que o papel
dos príncipes alemães é tão miserável quanto o dos próprios judeus. Foram, com
efeito, perante seu povo, o castigo de Deus. Esses senhores não encontram
paralelos senão em vários ministros da época
atual.
Aos seus príncipes é que a nação alemã
deve o não ter podido libertar-se completamente do perigo judaico. Infelizmente,
as coisas não se modificaram posteriormente, de modo que do judeu só receberam o
pago mil vezes merecido pelos pecados cometidos contra seu povo. Aliaram-se com
o demônio, e foram parar onde ele está!
g) É
assim que o seu processo de sedução tem levado os príncipes à ruína. Devagar,
porém, seguramente, vão se afrouxando os laços que os ligam aos povos, na medida
em que cessam de servir os interesses destes, para se transformarem em
exploradores dos mesmos.
O judeu conhece
perfeitamente o fim reservado aos príncipes e procura, por todos os meios,
apressá-lo. Ele mesmo alimenta seus eternos apertos financeiros, afastando-os
cada vez mais de seus verdadeiros deveres, rodeando-os com a mais vil adulação,
conduzindo-os aos erros e tornando-se cada vez mais indispensável a eles. Sua
habilidade (ou melhor sua falta de escrúpulos, em todas as questões financeiras
sabe se arranjar para extorquir sempre novos recursos dos súditos explorados,
recurso que aos poucos vão desaparecendo. É assim que cada corte possui seu
"judeu da corte", como se denominam esses entes abomináveis que atormentam o
pobre povo até o desespero, proporcionando a seus príncipes alegria
perene.
Quem se admirará, então, que esses
ornamentos do gênero humano por fim também, querendo se enfeitar, subam até à
altura da nobreza hereditária, contribuindo assim, não só a expor essa classe ao
ridículo, como também para envenená-la.
Então,
naturalmente, ele poderá se aproveitar de sua situação para facilitar seu
progresso.
Afinal, ele não precisa mais de
outra coisa senão do batismo para entrar na posse de todas as possibilidades e
de todos os direitos dos filhos do país. Não é raro vê-lo liquidar também esse
negócio, fazendo a alegria das Igrejas pelo novo filho adquirido e de Israel
pelo sucesso da mistificação.
h) No mundo
judaico inicia-se, então, uma metamorfose- Até agora foram judeus, isto é, não
faziam questão de passar por outra coisa, e também era impossível fazê-lo, dados
os sinais raciais tão característicos, de ambos os lados. Ainda na época de
Frederico o Grande, ninguém se lembraria de ver nos judeus outra coisa senão "o
povo estranho", e até Goethe se mostrava horrorizado com o fato dos casamentos
entre cristãos e judeus não serem proibidos legalmente. Goethe, portanto, santo
Deus, não era nenhum retrógrado nem "ilota", O que o fazia falar era nada menos
do que a voz do sangue e da razão, É assim que mau grado toda a conduta
vergonhosa das cortes - o povo via instintivamente no judeu o corpo estranho
introduzido no seu organismo, e tomava, por conseguinte, a atitude que essa
idéia lhe sugeria.
Isso, porém, tinha que
mudar. No decorrer de mais de um milênio aprendeu ele a dominar de tal forma o
idioma do país que o hospeda, que agora pensa poder se aventurar a tornar menos
acentuado seu aspecto judaico, pondo em maior relevo seu "germanismo". Por mais
ridículo, mesmo extravagante que possa parecer isso à primeira vista, permite-se
ele, portanto, o atrevimento de se transformar em um "Germano", isto é, em um
"Alemão", Com isso principia uma das mais infames mistificações inimagináveis.
Não possuindo do "Alemanismo" nada a não ser a arte de maltratar - aliás de um
modo horrível - a língua alemã, com a qual, porém, nunca se identificou, toda
sua nacionalidade alemã se resume exclusivamente na fala. A raça, porém, não
reside na língua, mas unicamente no sangue. Ninguém sabe isso melhor do que o
judeu, que muito pouca importância dá justamente à conservação de sua
língua.
Uma pessoa pode, sem mais nem menos,
mudar sua língua, quer dizer, pode servir-se de outra, mas, no seu novo idioma,
expressará suas idéias antigas, sua natureza intima não sofrerá alteração, o
judeu é o melhor expoente desse fenômeno, Fala várias línguas e conserva-se,
entretanto, sempre judeu. Seus traços característicos conservaram-se sempre os
mesmos, quer - ele tivesse falado romano, há dois mil anos, como vendedor de
cereais em Óstia, ou que hoje fale alemão quebrado, como negociante, que se
enriquece à custa de trigo! É sempre o mesmo judeu. Que essa verdade evidente
não seja compreendida, hoje em dia, por um conselheiro ministerial ou um
funcionário superior da policia, não é de admirar, pois é difícil encontrar-se
coisa mais sem intuição, mais sem espírito do que os servidores de nossa modelar
autoridade oficial dos tempos que correm.
A
causa que leva o judeu à resolução de converter-se subitamente em "alemão" é
evidente. Ele sente como o poder dos príncipes vai começando a se abalar e
procura, por isso, já cedo, uma base sólida para firmar os
pés.
Além disso, já é tão vasta a sua dominação
do mundo econômico pelo dinheiro, que, por não possuir todos os direitos de
cidadão, ele acaba não podendo mais sustentar o colossal edifício por ele
criado, ou pelo menos não podendo mais aumentar a sua influência. Ambos os fins
são, porém, por - ele desejados, pois, quanto mais alto sobe, mais tentador lhe
aparece o antigo fim alvejado, que lhe fora predito, Ë com uma ânsia febril, que
os mais esclarecidos cérebros judaicos vêem aproximar-se novamente o sonho do
domínio universal, tão perto que já parece realizado, É por isso que sua única
aspiração de hoje é a aquisição completa dos plenos direitos de cidadãos. Eis a
razão por que ele tenta ultrapassar as fronteiras do
Ghetto.
i) Deste modo, o judeu cortesão
transforma-se em judeu popular, isto é, permanece, como dantes, no círculo dos
grandes senhores, procura até, cada vez mais, penetrar nessa roda, mas,
simultaneamente, outra parte de sua raça vai se aconchegando ao povo de uma
maneira que inspire confiança. Quando se reflete sobre a soma de males, que, no
decorrer dos séculos, ele havia feito ao povo, como, cada vez mais, ele o
sangrava e explorava sem mercê; quando se pensa ainda, como o povo, por isso,
aos poucos, o foi odiando, vendo afinal na sua existência nada mais do que um
castigo do Céu para os outros povos, pode se avaliar o quanto deve ser difícil
ao judeu essa nova atitude, sim, com efeito, é uma árdua tarefa apresentar-se de
repente como "amigo do gênero humano" às próprias vitimas, às quais sempre havia
arrancado a pele.
Seu primeiro esforço consiste
em reparar, aos olhos do povo, o que até então lhe fizera de mal. Inicia sua
metamorfose na qualidade de "benfeitor" da humanidade. Para que a atitude de
bondade que, agora, resolveu assumir, possua uma base real, ele não se pode
apegar à antiga frase bíblica, segundo a qual a esquerda não deve saber o que a
direita dá, tem que adotar, quer queira quer não, a prática de propagar por toda
parte o quanto sente os sofrimentos da humanidade e que sacrifícios faz
pessoalmente em beneficio desta. Com essa "modéstia", que nele é inata, proclama
com tanto alarde seus merecimentos pelo mundo afora, que todos começam a tomá-lo
a sério. Quem não o fizer, comete uma grande injustiça contra ele. Em pouco
tempo, já principia a revirar os fatos de tal jeito, como se, até hoje, só ele
tivesse sempre sido lesado e não inversamente. Alguns, especialmente os tolos,
acreditam nisso, não se podendo furtar a ter piedade do
infeliz.
Além disso, cumpre ainda observar,
nesse ponto, que apesar de toda a disposição ao sacrifício, o judeu pessoalmente
nunca empobrece. É que ele sabe se arranjar. Só se pode comparar o benefício,
por ele praticado, ao adubo, que também não é posto na terra por amor a esta,
mas sim na previsão do próprio bem-estar do que usa desse processo. Em todo
caso, em um lapso de tempo relativamente curto, ficam todos sabendo que o judeu
se tornou um "benfeitor e filantropo". Que mudança
esquisita!
O que em outras pessoas pode parecer
mais ou menos natural, da parte dele desperta a maior surpresa, mesmo admiração,
por não estar de acordo com seus antecedentes. É o que explica achar-se cada um
de seus atos filantrópicos muito mais extraordinário do que se tivesse sido
praticado por qualquer outra criatura
humana.
Ainda mais: o judeu fica de repente
liberal, começando a sonhar com a necessidade do progresso humano. Pouco a
pouco, transforma-se no arauto de uma nova época. Na verdade, ele está
destruindo cada vez mais os fundamentos de uma economia verdadeiramente útil ao
povo. Pelo recurso das sociedades de ações, vai penetrando nos círculos da
produção nacional, faz desta um objeto mais suscetível de compra e de
traficância, roubando assim às empresas a base de propriedade pessoal. Por isso,
surge entre o patrão e o empregado aquele distanciamento que conduz à Ulterior
luta política de classes.
Cresce assim a
influência dos judeus em matéria econômica, além da Bolsa, e isso com assombrosa
rapidez. Torna-se proprietário ou controlador das forças de trabalho do
país.
Para consolidar sua posição política,
tenta destruir as barreiras raciais e de cidadania, que mais do que tudo o
embaraçam a cada passo. Para atingir tal fim, luta, com sua resistência típica,
pela tolerância religiosa, encontrando na Maçonaria, que caiu inteiramente em
seu poder, um excelente instrumento para o combate e para a realização de suas
aspirações. Os círculos governamentais, assim como as camadas superiores da
burguesia política e econômica, caem em suas armadilhas, guiados por fios
maçônicos, mal se apercebendo disso. Só o povo propriamente dito ou, melhor, a
classe que, despertando, luta pelos seus próprios direitos e sua liberdade, não
pode ser conquistado por esse meio, principalmente nas suas camadas mais
profundas. Essa, porém, é a conquista mais indispensável. O judeu sente que sua
ascensão a uma posição dominadora só se tornará possível, quando existir à sua
frente um "precursor" e este pensa ele descobrir não entre a burguesia mas nas
camadas populares. Não se pode, entretanto, conquistar fabricantes de luvas e
tecelões com os frágeis processos da Maçonaria, tornando-se obrigatório
introduzir, nesse caso, meios mais rudes e grosseiros, porém não menos
enérgicos. Como segunda arma ao serviço do judaísmo, existe, além da Maçonaria,
a imprensa. Com todo o afinco e toda habilidade apossa-se ê]e desse órgão de
propaganda. Com a mesma principia lentamente a enlaçar toda a vida oficial, a
dirigi-la e empurrá-la, tendo a facilidade de criar e superintender aquela
potência, que, sob a denominação de "opinião pública", é hoje melhor conhecida
do que há algumas décadas. Com isso tudo, apresenta-se sempre como animado por
uma infinita sede de saber, elogia todo progresso, sobretudo aquele que acarreta
a ruína dos outros, pois só julga todo saber e toda evolução na medida em que
lhe facilitam a propaganda de sua raça. Quando falta esse objetivo, torna-se
inimigo encarniçado de toda luz, um odiador de toda verdadeira civilização,
Desse modo, utiliza todo o saber aprendido nas escolas alheias, unicamente ao
serviço de sua raça.
Esse espírito racial ele o
preserva como nunca, Enquanto aparenta transbordar de "Instrução", "Liberdade",
"Humanidade" etc., preserva o mais rigorosamente possível a sua raça. Acontece
que, às vozes, impinge suas mulheres a cristãos de influência, porém tem por
princípio conservar sempre a pureza do ramo masculino. Envenenando o sangue
alheio, zela sobremodo pelo seu próprio. Quase nunca o judeu casará com uma
ens1i, o inverso se dá entretanto entre o cristão e a judia, os bastardos,
apesar disso, só herdam as qualidades do lado judeu, a parte mais nobre degenera
completamente. O judeu sabe disso muito bem e empreende, sempre segundo um
programa, esta espécie de "desarmamento" da camada dos "lideres" intelectuais de
seus adversários de raça. Para mascarar seu modo de agir, e para iludir as suas
vítimas, vai falando, cada vez mais, da igualdade de todos os homens, sem
considerações de raça nem de cor. Os tolos já principiam a acreditar nas suas
afirmações. Dado o fato de sua personalidade ainda ter um cunho por demais
exótico para poder prender, sem mais nem menos, sobretudo as grandes massas
populares, dá ele à imprensa a incumbência de representá-lo tão diferente da
realidade quanto seja necessário para servir à finalidade visada. É,
especialmente em jornais humorísticos, que se encontra uma tendência a mostrar
os judeus como um povinho inofensivo, que tem lá suas peculiaridades - como
outros as têm - que, porém, mesmo nas suas maneiras talvez um tanto estranhas,
denota possuir uma alma, possivelmente cômica, mas sempre fundamentalmente
honesta e bondosa. A preocupação dominante é sempre fazê-lo passar antes por
insignificante do que por perigoso.
O fim a
atingir nessa luta é, porém, a vitória da democracia, ou como ele a entende, o
domínio do parlamentarismo, É o que mais satisfaz às suas necessidades, porque,
nesse regime, faz-se abstração da personalidade e institui-se, no seu lugar, a
preponderância da burrice, da incapacidade e, por último, da covardia! O
resultado final haveria de ser, mais cedo ou mais tarde, a queda fatal da
monarquia.
j) A formidável evolução econômica
produz uma alteração na distribuição do povo em classes. Com a morte lenta dos
pequenos ofícios, tornando-se mais rara a possibilidade do operário ganhar a sua
existência independente. ele se vai "proletarizando" à vista d'olhos, É essa a
origem do "operário de fábrica", na indústria. O que melhor o caracteriza é
provavelmente nunca chegar ele a poder assegurar-se mais tarde uma existência
própria. No mais verdadeiro sentido da palavra, não possui nada; sua velhice
torna-se um tormento e quase não merece a denominação de
"vida".
Outrora, havia uma situação análoga que
exigia peremptoriamente uma solução e foi encontrada por fim. Ao camponês e ao
operário, juntou-se a classe do funcionário e empregado, mormente do Estado.
Todos estes também eram indivíduos sem propriedade. A solução que o Estado
descobriu para pôr fim a essa situação de mal-estar, foi cuidar dos funcionários
públicos, impossibilitados de se manterem por si na velhice, instituindo "a
pensão", a aposentadoria Aos poucos, um número cada vez maior de empresas
particulares foi seguindo esse exemplo, de modo que hoje cada empregado fixo
recebe mais tarde sua pensão, desde que a empresa tenha alcançado ou
ultrapassado certo sucesso financeiro. É só a garantia do funcionário público na
idade avançada poderia educá-lo àquele amor ao dever que, antes da Guerra, era a
qualidade mais característica do funcionalismo alemão. Foi desta maneira que
toda uma classe popular, que permaneceu sem propriedades, foi arrancada à
miséria social e assim incorporada ao conjunto da Nação. Problema idêntico,
desta vez em muito maior escala, surgiu recentemente para o Estado e para a
Nação. Sempre novas multidões de gente, milhões, emigravam do campo para as
grandes cidades, a fim de ganhar o pão quotidiano, como operários de fábrica,
nas indústrias novamente fundadas. As condições de vida e de trabalho eram mais
do que deploráveis. Já não convinha, em absoluto, o transporte mais ou menos
mecânico dos velhos métodos de trabalho do antigo operário ou dos camponeses aos
novos quadros. A atividade de um como de outros não era mais comparável aos
esforços exigidos do trabalhador de fábrica. Se, no antigo ofício manual, o
tempo ocupava talvez papel menos importante, nos novos métodos de trabalho, era
fator essencial. Foi de um efeito desastrado a aceitação formal dos antigos
horários de trabalho nas grandes empresas industriais, visto que o produto real
alcançado, outrora, era bem reduzido, pela falta dos processos intensivos de
hoje. Se, portanto, dantes. se podia aturar o dia de 14 e 15 horas de trabalho,
era impossível suportá-lo em uma época, na qual cada minuto é aproveitado. Na
realidade, esta introdução absurda de antigos horários na atividade industrial
de hoje teve um resultado infeliz em dois sentidos: a ruína da saúde e a
destruição da fé em um direito superior. Acrescentou ainda, de um lado, a
miserável diminuição de salários, provocando, por outro, a posição cada vez
melhor do patrão.
No campo não podia haver uma
questão social, uma vez que o senhor e o servo faziam o mesmo trabalho e comiam
do mesmo prato. Até isso se foi
mudando.
Aparece, agora, como consumada, em
todos os setores da vida, a separação do trabalhador e do
patrão.
Os progressos da influência judaica, no
seio do nosso povo, podem ser facilmente descobertos na indiferença, mesmo
desprezo, que inspira o trabalho manual. Aliás, isso não é próprio ao alemão Foi
a influência latina sobre a nossa vida - fenômeno que não passa de uma
influência judaica - que transformou o antigo respeito ao ofício em um certo
desprezo por todo e qualquer trabalho
físico.
Isso deu origem realmente a uma nova
categoria social, muito pouco acatada, devendo um dia surgir a questão, se sim
ou não, a Nação possuiria a força de integrá-lo novamente na sociedade geral, ou
se a diferença de posição se estenderia até à cisão completa entre as
classes.
Uma coisa, entretanto, é inegável. Não
eram os piores elementos que a nova casta apresentava nas suas fileiras, pelo
contrário, eram os mais enérgicos. As sutilezas da chamada "civilização" ainda
não tinham exercido neles seus efeitos de decomposição e de destruição. A nova
classe social, na sua maioria, ainda não tinha sido contaminada pelo veneno
debilitante do pacifismo, mantendo-se robusta, e, segundo as exigências, mesmo
brutal.
Enquanto a burguesia se descuida em
absoluto desta questão de tão grande importância, deixando correr as coisas no
maior indiferentismo, o judeu se prevalece das incomensuráveis possibilidades
futuras, organizando, de um lado, os métodos capitalistas de exploração humana
até os últimos extremos, do outro acercando-se das vítimas de seus atos,
dirigindo, dentro em pouco tempo, a luta deles "contra si mesmos". O grande
mestre na mentira sabe admiravelmente fazer-se passar por muito puro, a fim de
melhor jogar a culpa nas costas alheias. Possuindo o desplante de instituir-se
em guia das massas, estas nem de leve suspeitam a existência, atrás disso tudo,
do logro mais infame de todos os tempos. Entretanto, era assim que as coisas se
passavam. Apenas surgiu a nova categoria social, saída da transformação
econômica que se estende a todas as classes, o judeu avista, com toda a nitidez
e clareza, o novo itinerário a seguir para sua prosperidade sempre crescente.
Outrora, serviu-se da burguesia como arma contra o mundo feudal, agora vai
atiçar o operário contra o burguês. Se, à sombra da burguesia, ele conseguiu,
por meios duvidosos, a conquista dos direitos de cidadania, espera agora
encontrar, na luta do trabalhador pela vida, o caminho para implantar o seu
domínio político.
Doravante, só resta ao
operário a tarefa de pelejar pelo futuro do povo judeu. Sem se aperceber, entra
a serviço da potência que ele tem a ilusão de combater. Com a aparência de
deixá-la atacar o capital, é que se pode melhor fazê-la lutar pelo mesmo. Nisso
tudo, grita-se constantemente contra o capital internacional, quando em verdade
o que se visa e a economia nacional. É esta que importa demolir para que, no seu
cemitério, se possa edificar triunfalmente a Bolsa
Internacional.
O processo aí empregado pelo
judeu é o seguinte: aproxima-se do trabalhador, finge compaixão pela sua sorte
ou mesmo revolta contra seu destino de miséria e indigência, tudo isso
unicamente para angariar confiança. Esforça-se por examinar cada privação real
ou imaginária na vida dos operários, despertando o desejo ardente de modificar a
sua situação. A aspiração à justiça social, latente em cada ariano, é por ele
levada de um modo infinitamente hábil, ao ódio contra os privilégios da sorte; a
essa campanha pela debelação de pragas sociais imprime um caráter de
universalismo bem definido. Está fundada a doutrina
marxista.
Apresentando-a inseparavelmente
ligada a toda uma série de exigências sociais bem legítimas, vai ele favorecendo
sua propaganda e, por outro lado, despertando a aversão da humanidade bem
intencionada em satisfazer aquelas exigências, que, expostas da maneira por que
o são, aparecem desde o inicio, como injustas, e mesmo de impossível
realização.
É que, sob esse disfarce de idéias
puramente sociais, escondem-se intenções francamente diabólicas. Elas são
externadas ao público com uma clareza demasiado petulante. A tal doutrina
representa uma mistura de razão e de loucura, mas de tal forma que só a loucura
e nunca o lado razoável consegue se converter em realidade. Pelo desprezo
categórico da personalidade, por conseguinte da nação e da raça, destrói ela as
bases elementares de toda a civilização humana, que depende justamente desses
fatores. Eis a verdadeira essência da teoria marxista, se é que se pode dar a
esse aborto de um cérebro, criminoso a denominação de "doutrina". Com a ruína da
personalidade e da raça, desaparece o maior reduto de resistência contra o reino
dos medíocres, de que o judeu é o mais típico
representante.
Essa doutrina pode ser julgada
justamente pelos seus desvarios em matéria econômica e política. Todos os que,
de fato, são inteligentes hesitam em entrar no seu séquito, e os outros, a quem
falta suficiente atividade intelectual ou preparo econômico, precipitam-se ao
seu encontro. O judeu, dentro de suas próprias fileiras, "sacrifica'> o
elemento inteligente ao movimento, pois mesmo semelhante movimento não se pode
manter sem inteligência. Assim cria-se um verdadeiro movimento trabalhista, sob
a chefia de judeus. Aparentam visar à melhora das condições dos operários, tendo
na mente, porém, em verdade, a escravização e o aniquilamento de todos os povos
que não são judeus.
A Maçonaria se encarrega,
por meio da imprensa, hoje nas mãos dos judeus, de levar, à burguesia e às
camadas populares, a Idéia de que a defesa do país deve consistir no pacifismo.
A essas duas armas demolidoras assecla-se, em terceiro lugar, a organização da
violência bruta que é a mais temível. Como patrulha de ataque, o Marxismo tem
que consumar a obra de destruição que as outras duas armas
prepararam.
Trata-se de uma ação simultânea,
admiravelmente conjugada. Não deve provocar admiração o fato de semelhante arma
destruir instituições que se comprazem em figurar como expoentes da autoridade
suprema, mais ou menos legendária. É nas mais altas esferas do funcionalismo que
o judeu, em todas as épocas, com raras exceções,, descobriu os promotores mais
dóceis da sua obra de destruição. Essa classe é caracterizada per: submissão
bajuladora quando trata com "superiores", impertinência arrogante com os
subalternos. Outra característica é uma estupidez que grita aos céus e só se vê,
às vezes, superada, por uma presunção fora do
comum.
Tudo isso são defeitos de que o judeu
necessita para agir junto às nossas autoridades e que, por isso, cultiva com
carinho.
A luta que, então, principia, pode ser
"grosso modo" delineada da seguinte maneira.
De
acordo com as finalidades da luta judaica, que não consistem Unicamente na
conquista econômica do mundo, mas também na dominação política, o judeu divide a
organização do combate marxista em duas partes, que parecem separadas mas, em
verdade, constituem um bloco único: o movimento dos políticos e o dos
sindicatos.
Esse último é um trabalho de
aliciamento. Na dura luta pela existência, que o operário tem que enfrentar,
devido à ganância e à miopia de muitos patrões, o movimento lhe propõe ajuda e
proteção e a possibilidade de combater por uma melhora nas suas condições de
vida. Se o operário desejar reivindicar seus direitos humanos em uma época, em
que a "comunidade popular organizada" - o Estado - não se preocupa com ele em
absoluto; se ele não quiser confiar essas suas aspirações à. cega arbitrariedade
de semi-responsáveis, dotados, muitas vezes, de nenhum coração, é preciso que,
pessoalmente, ele se encarregue de sua defesa. Na mesma proporção, a chamada
burguesia nacional, cega pelo dinheiro, põe os maiores obstáculos a essa luta
pela vida, opondo-se contra todas as tentativas de abreviação do horário de
trabalho, desumanamente longo, supressão do trabalho infantil, segurança e
proteção da mulher, melhoramento das condições sanitárias em oficinas e
moradias, etc. O judeu, mais inteligente, toma a defesa dos oprimidos. Aos
poucos, torna-se o chefe do movimento social. Isso lhe é fácil, pois não se
trata, na realidade, de combater com boa intenção as chagas sociais, mas somente
de selecionar uma tropa de combate, nos meios proletários, que lhe seja
cegamente devotada na campanha de destruição da independência econômica do país.
Enquanto a chefia de uma sã política social não aceitar firmemente estas duas
diretrizes: conservação da saúde do povo e segurança de uma independência
nacional no terreno econômico, o judeu na sua luta não só descurará
completamente esses dois problemas, como fará de sua supressão uma verdadeira
finalidade. Não deseja ele a conservação de uma economia nacional independente,
mas, ao contrário, o seu aniquilamento. Em conseqüência, não há escrúpulos de
consciência que possam demovê-lo, como chefe do movimento proletário, de fazer
exigências, não só exorbitantes, como praticamente irrealizáveis e próprias a
acarretar a ruína da economia nacional. Não cogita ele de ver uma geração sadia
e robusta, deseja somente um rebanho contaminado e apto a ser subjugado. Com
esse desideratum, faz exigências tão destituídas de senso que sua realização
(ele não o ignora) se torna impossível e não pode provocar nenhuma modificação
do estado de coisas existente. Serve apenas para excitar a massa popular até ao
desvario. Isso, porém, é o que ele quer e não a modificação para melhor da
situação do proletariado.
A chefia do judeu na
questão social se manterá até o dia em que uma campanha enorme em prol do
esclarecimento das massas populares se exerça instruindo-as sobre sua miséria
infinita, ou até que o Estado aniquile tanto o judeu como sua obra. É claro que,
enquanto durar a falta de perspicácia do povo, e o Estado se conservar
indiferente como o tem sido até hoje, as massas seguirão sempre de preferência
aquele, cujas promessas, de ordem econômica, forem as mais audaciosas. Nisso,
aliás, o judeu leva a palma, pois nenhum escrúpulo moral entrava a sua
ação.
É natural que, em pouco tempo, ele tenha
vencido, nesse terreno, todos os concorrentes. De acordo com sua feroz ganância,
põe ele, a base do movimento operário, o princípio da violência mais brutal.
Quem for perspicaz e opuser resistência à tentação do judeu, terá sua teimosia e
clarividência inutilizadas pelo terror. Os efeitos de tal sistema são
simplesmente fantásticos.
De fato, através do
operariado, que poderia ser uma bênção para a nação, o judeu destrói as bases da
economia nacional.
Paralelamente a isso,
progride a sua organização política.
Sua
cooperação com o movimento proletário manifesta-se pelo modo por que prepara as
massas para a organização política, fustigando-as até pela violência e pela
coação. Além disso, o judeu é a fonte financeira que alimenta o enorme
maquinismo do edifício político. É o órgão fiscalizador da atividade política de
cada um, desempenhando, em todas as grandes manifestações oficiais, o papel de
condutor. Por fim, deixa de se interessar por questões econômicas, pondo à
disposição do ideal político sua principal arma de combate - a renúncia ao
trabalho, sob a forma de greve coletiva e geral. A organização política e
trabalhista consegue, através de uma imprensa apropriada aos mais ignorantes, os
meios para resolver e agitar as camadas mais baixas da nação, amadurecendo-as
para os feitos mais audazes. Sua missão não consiste em arrancar os homens do
pântano dos sentimentos baixos e elevá-los a uma posição mais elevada. Ao
contrário, visa à satisfação dos mais baixos instintos destes. Tudo se resume a
um negócio lucrativo junto à massa popular, tão cheia de presunções quanto
preguiçosa e incapaz de idéias próprias. É essa imprensa o órgão principal para
a destruição, por uma campanha fanática de calúnias, tudo que se pode considerar
como esteio da independência nacional, do progresso cultural e da autonomia da
nação.
Faz ela uma guerra encarniçada às
personalidades que não se querem curvar às pretensões dominadoras dos judeus ou
que, por sua capacidade excepcional, impressionam o judeu como um perigo
iminente. Para que se seja odiado pelo judeu, não é preciso que se o combata.
Basta a suspeita de que seu adversário possa apenas nutrir a idéia de
perseguição ou ser um propagandista da força e grandeza de algum povo hostil à
sua raça.
Seu instinto, incapaz de se enganar
nestas coisas, fareja em cada um a alma primitiva, podendo contar com a sua
inimizade todo aquele cujo espírito não é uma cópia do seu. Não sendo judeu a
vítima e sim o agressor, seu inimigo não é só o que ataca mas também o que
oferece resistência. O meio, porém, pelo qual ele tenta domar almas tão ousadas
e francas, não é por uma luta leal e sim pela mentira e pela calúnia. Nesse
ponto, ele não recua diante de coisa alguma. Torna-se tão ordinário na sua
vulgaridade, que ninguém se deve admirar que, entre o nosso povo, a
personificação do diabo, como símbolo de todo mal, tome a forma do judeu em
carne e osso.
A ignorância da grande massa
sobre a personalidade do judeu, a falta de alcance das nossas altas camadas
sociais, fazem do povo facilmente a vitima dessa campanha judaica de mentiras.
Enquanto as classes mais altas se afastam por covardia do indivíduo atacado pela
mentira e calúnia, o povo propriamente, na sua tolice e ingenuidade, costuma
acreditar em tudo. As autoridades do Governo mantêm-se, porém, em silêncio, ou,
mais freqüentemente, a fim de porem um termo à campanha dos judeus pela
imprensa, perseguem a inocente vitima. Isso aparece aos olhos de um asno, sob a
capa de funcionário, como uma salvaguarda da autoridade do Governo e uma
garantia da ordem e da tranqüilidade!
Sobre o
cérebro e a alma da gente de bem, vai descendo, aos poucos, como um pesadelo, o
temor do judaísmo, a arma dos marxistas.
Todos
começam a tremer diante do terrível inimigo, tornando se assim suas vitimas
definitivas.
k) O domínio do judeu no Estado já
parece tão firmado, que, agora, não só ele tem direito de aparecer como judeu,
como também de externar seus pensamentos mais íntimos a respeito de raça e de
política, sem pôr nisso o menor escrúpulo. Parte da sua raça já se confessa
abertamente como povo estrangeiro, o que ainda é uma pequena mentira. Enquanto o
Sionismo se esforça por fazer crer à Humanidade que a consciência do judeu, como
povo, encontraria satisfação na criação de um Estado na Palestina, os judeus
nada mais fazem que ludibriar os cristãos, da maneira mais
miserável.
Não cogitam absolutamente de
implantar na Palestina um Estado para ali viverem. O que eles desejam, é,
unicamente, um centro de organização autônomo, ao abrigo da intrusão de outras
potências. Querem apenas um refúgio seguro para a sua canalhice, isto é, uma
academia para a educação de trapaceiros.
É,
porém, um indício, não só de sua confiança crescente, como também da consciência
de sua segurança, que uma parte se proclame, aberta e cinicamente, como raça
judaica, ao mesmo tempo que a outra, sem a mínima sinceridade, disfarça-se em
alemães, franceses ou ingleses.
A maneira por
que tratam os outros povos é- um sinal evidente de que vêem muito próxima a
vitória.
O judeuzinho de cabelos negros
espreita, horas e horas, com um prazer satânico, a menina inocente que ele
macula com o seu sangue, roubando-a ao seu povo. Não há meios que ele não
empregue para estragar os fundamentos raciais do povo que ele se propõe vencer.
Do mesmo modo que, segundo um plano traçado, vai corrompendo mulheres e
mocinhas, também não recua diante do rompimento de barreiras impostas pelo
sangue, empreendendo essa obra em grande escala, no país estranho. Foram e
continuam a ser ainda judeus os que trouxeram os negros até o Reno, sempre com
os mesmos intuitos secretos e fins evidentes, a saber: "bastardizar" à força a
raça branca, por eles detestada, precipitá-la do alto da sua posição política e
cultural e elevar-se ao ponto de dominá-la
inteiramente.
Decorre daí que um povo de raça
pura, consciente de seu sangue, nunca poderá ser subjugado pelo judeu. Este só
poderá ser dominador de bastardos. É assim que, sistematicamente, ele tenta
fazer baixar o nível racial por um ininterrupto envenenamento dos
indivíduos.
Em matéria política, começa ele a
substituir o ideal democrático pelo da Ditadura do Proletariado. Na multidão
organizada do marxismo é que ele foi encontrar a arma que a Democracia não lhe
dá e que lhe permite a subjugação e o governo dos povos pela força bruta,
ditatorialmente.
Seu programa visa à revolução
em um duplo sentido: econômico e
político.
Povos que opõem ao ataque interno uma
forte resistência são por ele envolvidos em uma teia de inimigos, graças às suas
influências internacionais. Incita-os à guerra, implantando, se preciso for, nos
campos de batalha, a bandeira revolucionária. Economicamente, eles criam para os
Estados tal situação que as empresas oficiais, deixando de dar residas, são
subtraídas à direção do Estado e submetidas à fiscalização financeira do
judeu.
No terreno político, recusam eles ao
Estado os meios para sua subsistência, destroem as bases de toda e qualquer
defesa nacional, aniquilam a crença em uma chefia, desprezam a história e o
passado, e enlameiam tudo que é expoente de grandeza
real.
A contaminação, em matéria de cultura,
manifesta-se na arte, na literatura, no teatro. Cobrindo de ridículo o
sentimento espontâneo, destroem todo conceito de beleza e elevação, de nobreza e
de bondade, arrastando o homem aos seus sentimentos inferiores. A religião é
ridicularizada Bons costumes e moralidades são taxados de coisas do passado, até
que os últimos esteios de uma nacionalidade tenham
desaparecido.
l) Principia agora a última
grande Revolução.
Chegando a alcançar a
preponderância política, despojam-se eles dos poucos disfarces que ainda lhes
restam, o judeu popular e democrático se transforma no judeu sanguinário e
tiranizador de povos. Procura exterminar, em poucos anos, os expoentes nacionais
da intelectualidade, preparando os povos, que ele priva de uma natural direção
espiritual, para uma opressão contínua.
O
exemplo mais terrível nesse gênero é apresentado pela Rússia, onde o judeu, com
uma ferocidade verdadeiramente fanática, trucidou cerca de trinta milhões,
alguns por meio de torturas desumanas, outros pela fome, e tudo isso com o fito
de assegurar a um lote de literatos judeus e bandidos da Bolsa o domínio sobre
um grande povo. A conseqüência final, entretanto,
não é só a morte da liberdade dos povos oprimidos, mas também a morte desse
parasita internacional. Após a imolação da vítima, morre, também, cedo ou tarde,
o vampiro.
Passando em revista todas as causas
da derrocada da Alemanha, resta, como última e decisiva, o desconhecimento do
problema racial e sobretudo, do perigo
judeu.
Teria sido muito fácil suportar as
derrotas de agosto de 1918, nos campos de batalha. Não foram elas que nos
aniquilaram, mas sim aquela potência que preparou essas derrotas, roubando,
desde muitos anos, sistematicamente, ao nosso povo, os instintos e as forças
morais que são os fatores exclusivos para assegurar a capacidade e os direitos
dos povos à existência.
O antigo Império, não
dando a menor atenção à questão fundamental da raça, que pesa na formação de uma
nacionalidade, desprezou o direito único que explica a vida de um povo. Povos
que se tornam bastardos ou se deixam contaminar, atentam contra a vontade da
Providência, e seu aniquilamento não é uma injustiça e sim um restabelecimento
do direito. Quando um povo não quer mais dar apreço às qualidades inerentes que
lhe foram dadas pela Natureza e que se acham enraizadas no seu sangue, não tem
mais o direito de chorar a perda de sua
existência.
Tudo nesta terra é suscetível de
melhoras. Cada derrota pode engendrar uma vitória futura, cada guerra perdida
origina uma ressurreição vindoura, cada miséria fecunda energias humanas e de
cada opressão as forças conseguem erguer-se até uma renascença espiritual. Tudo
isso, porém, enquanto o sangue se conserva
puro.
A perda da pureza de sangue por si só
destrói a felicidade íntima, rebaixa o homem por toda a vida, e as conseqüências
físicas e intelectuais permanecem para
sempre.
Todos os demais problemas vitais,
examinados e comparados em relação a este, aparecerão ridiculamente mesquinhos.
Todos são limitados no tempo. A questão, porém, da conservação ou não
conservação do sangue perdurará sempre, enquanto existir a
Humanidade.
Todos os importantes sintomas de
decadência de antes da Guerra tinham seu fundamento na questão
racial.
Quer se trate de questões de direito
público ou de abusos na vida econômica, de fenômenos de decadência ou de
degenerescência política, de questões relativas a uma defeituosa educação
escolar ou uma má influência exercida sobre adultos pela imprensa, etc., sempre
e, em toda parte, surge a falta de consideração aos interesses raciais do
próprio povo ou a cegueira diante do perigo racial trazido pelo estrangeiro. Dai
a ineficácia de todas as tentativas de reforma, de todas as obras de assistência
social, de todos os esforços políticos, de todo progresso econômico, de todo
aparente acréscimo do saber. A nação e o Estado já não possuíam saúde real, o
seu mal progredindo à vista d'olhos, cada vez mais, Toda prosperidade fictícia
do antigo Império não conseguia ocultar a fraqueza íntima, toda tentativa de um
verdadeiro fortalecimento do poder ficava sem efeito, pois deixava de lado a
questão de maior importância, a questão
racial.
Seria errôneo supor que os adeptos das
diversas facções políticas, que tentaram esfacelar o organismo alemão, - mesmo
uma parte de seus líderes - fossem homens ordinários ou mal intencionados. A
causa única da esterilidade de seus esforços foi só terem enxergado, quando
muito, as manifestações exteriores de nossa moléstia geral e procurado
combatê-las, deixando cegamente de lado aquele que as provocou. Quem seguir
sistematicamente a linha de evolução do antigo Império, deve chegar, depois de
refletido exame, à conclusão de que, mesmo no tempo da unificação e, portanto,
da época do maior progresso da nação alemã, já era evidente a decadência interna
e que, apesar de todos os aparentes triunfos políticos e da crescente riqueza, a
situação geral piorava de ano para ano. Mesmo as eleições de representantes ao
"Reichstag" anunciavam, com o seu acréscimo patente de votos marxistas, o
desmoronamento interno cada vez mais próximo e a todos manifesto. Todos os
sucessos dos denominados partidos políticos não tinham mais valor, não só por
não poderem fazer parar a ascensão da onda marxista, mesmo nas chamadas vitórias
eleitorais burguesas, como também pelo fato de já trazerem dentro de si os
fermentos da decomposição. Inconscientemente, o mundo burguês já se achava
contaminado pelo veneno mortal do marxismo. Um único travou a luta, nesses
longos anos, com inabalável regularidade, e esse foi o judeu. Sua estrela de
Davi" subiu sempre mais alto, à proporção que a vontade da conservação
desaparecia do nosso povo.
Por isso é que, em
agosto de 1914, não foi um povo resolvido ao ataque que compareceu às urnas, mas
o que se deu foi um último lampejo do instinto de conservação nacional diante da
paralisação progressiva do nosso organismo popular, provocada pelo pacifismo e
pelo marxismo. Como, mesmo nesses dias decisivos, se desconhecia o inimigo
interno, toda resistência era debalde.
Este
conhecimento da situação interna é que deveria formular as diretrizes, assim
como a tendência do novo movimento. Estávamos convencidos de que só isso seria
capaz de fazer estacionar o declínio do povo alemão, criando simultaneamente a
base granítica sobre a qual um dia se poderá manter um Estado que não seja um
mecanismo de finalidade e interesses puramente econômicos, alheio ao povo, mas
sim um organismo popular, isto é, UM ESTADO VERDADEIRAMENTE GERMÂNICO.
CAPÍTULO XII - O PRIMEIRO PERÍODO DE DESENVOLVIMENTO DO PARTIDO NACIONAL
SOCIALISTA DOS TRABALHADORES
ALEMÃES
Quando, no fim deste volume,
descrevo o primeiro período de evolução do nosso movimento, comentando, em
breves palavras, as questões dele decorrentes, não tenho o intuito de fazer uma
preleção sobre os seus fins intelectuais. Os propósitos e fins do novo movimento
são tão importantes que só poderão ser tratados em volume exclusivamente a eles
dedicado. Assim tratarei, em um segundo volume, das bases do programa do
movimento e tentarei demonstrar aquilo que para nós representa a palavra
"Estado". Com a palavra "nós", designo as centenas de milhares de pessoas que,
no fundo, se batem pelos mesmos ideais, sem, isoladamente, acharem as palavras
para designar o que no intimo almejam, pois é característico de todas as grandes
reformas, que para defendê-las apareça, muitas vezes, um só homem, enquanto os
seus adeptos já são milhares. O seu alvo muitas vezes, já é há séculos o desejo
íntimo de milhares de pessoas, até que apareça um que proclame o desejo geral,
e, como porta-estandarte, conduza à vitória as velhas aspirações, por meio de
uma idéia nova.
Que milhões de homens desejam
de coração uma mudança fundamental na situação de hoje, prova-o o
descontentamento profundo que experimentam- Manifesta-se esse descontentamento
de mil maneiras: em alguns pelo desânimo e falta de esperança; em outros pela má
vontade, irascibilidade e revolta; neste em indiferença e naquele em exaltação
furiosa. Como testemunhas desse descontentamento intimo podem servir tanto os
"fatigados de eleições" como os que se inclinam para o fanatismo da
esquerda.
E é a esses, em primeiro lugar, que
se deveria dirigir o novo movimento. Esse não deve ser a organização dos
satisfeitos, dos fartos, mas sim dos sofredores e inquietos, dos infelizes e
descontentes, não deve, principalmente, sobrenadar na onda humana, mas sim
mergulhar até ao fundo da mesma.
Sob o ponto de
vista puramente político, apresentava o ano de 1918 o seguinte aspecto: um povo
dividido em duas partes. Uma, a menor, abrange as camadas da inteligência
nacional com exclusão de todos os trabalhadores manuais. É aparentemente
nacional, mas não é capaz de dar a essa palavra outra significação senão a de
uma representação vaga e fraca dos chamados interesses do Estado, que, por sua
vez, são idênticos aos interesses dinásticos. Procura defender as suas idéias e
seus fins com armas intelectuais, tão superficiais como cheias de lacunas, e que
falham diante da brutalidade do adversário. Com um só golpe terrível, essa
classe até aqui dominante é derrubada e suporta com covardia trêmula todas as
humilhações do vencedor sem escrúpulos.
A outra
parte compõe-se da grande massa do operariado, concentrada em movimentos
marxistas mais ou menos radicais, resolvida a vencer à força bruta toda
resistência dos intelectuais. Não quer ser "nacional", ao contrário, recusa,
conscientemente, trabalhar pelos interesses nacionais, auxiliando do outro lado
a opressão por parte do estrangeiro. Numericamente é a mais forte, abrangendo,
antes de tudo, aqueles elementos do povo, sem os quais não se pode imaginar uma
ressurreição nacional, porque, (sobre isso já em 1918 não deveria ter havido
mais dúvida) todo o reerguimento do povo alemão só seria possível depois da
reconquista do poder perante o exterior. As condições essenciais para isso, não
são, porém, como dizem os nossos "estadistas" burgueses, armas, mas sim as
forças da vontade. Outrora, o povo alemão possuía armas em quantidade mais do
que suficiente. Não soube garantir, a liberdade porque lhe faltou a energia do
espírito nacional de conservação e a vontade firme de auto-conservação. A melhor
arma torna-se material morto e sem valor, quando falta o espírito resoluto para
manejá-la. A Alemanha tornou-se fraca, não porque lhe faltassem armas, mas
porque lhe faltou o ânimo de manejá-las para a conservação nacional. Se, hoje,
principalmente os nossos políticos esquerdistas, apontam a falta de armas como
causa obrigatória de sua política exterior fraca, condescendente, na verdade,
porém, traidora, sã se lhes pode responder uma coisa: Não! O inverso é o que se
dá: a vossa criminosa política de abandono dos interesses nacionais, é que vos
fez entregar as armas. Agora, quereis apresentar a falta de armas como motivo de
Vossa miserável baixeza. Isto, como tudo que fazeis, é mentira e
mistificação.
Essa acusação também se ajusta
exatamente aos políticos da direita. Graças à sua covardia foi possível, em
1918, à corja dos judeus, que se tinha apossado do poder, roubar as armas à
nação. Por isso também eles não podem, com razão, justificar a sua sábia
"moderação" (diga-se covardia) com a hodierna falta de armas, porque essa falta
é justamente um resultado de sua covardia. A questão da reconquista do poder
alemão não deve consistir em saber, por exemplo, como fabricaremos armas, mas
sim, como despertaremos no povo o espírito que o habilite a ser portador de
armas. Quando esse espírito domina um povo, ele achará mil caminhos dos quais
cada um terminará junto a uma arma! Entreguem-se, porém, dez pistolas a um
covarde e, quando for agredido, não será capaz de disparar um tiro sequer. Têm
nas mãos dele menos valia que um bom porrete nas mãos de um homem corajoso. A
questão da reconquista do poder político do nosso povo é, em primeira linha, uma
questão de saneamento do nosso sentimento de conservação nacional, porque,
segundo a experiência ensina, toda política exterior eficiente, assim como todo
o valor de um Estado em si, baseiam-se menos nas armas que possui do que na
reconhecida ou mesmo suposta faculdade de resistência moral da nação. A
possibilidade de alianças é menos designada pela existência de armas mortas do
que pela existência visível de uma incandescente vontade de auto-conservação
nacional e heróico desprezo em face da morte. Uma aliança não é feita com armas
mas sim com homens. Dessa maneira, o povo inglês será considerado o aliado mais
valoroso do inundo, enquanto os seus governantes e o espírito da massa geral
derem mostras de uma brutalidade e persistência que fazem supor que uma luta,
uma vez começada, será continuada até um fim vitorioso, sem medir sacrifícios
nem tempo, não entrando em consideração se os seus preparativos militares estão
em relação aos dos outros Estados ou
não.
Compreendendo-se, porém, que o
reerguimento da nação alemã é uma questão de reconquista da nossa vontade de
auto-conservação, fica evidente que para isso não basta a conquista de elementos
já nacionalistas por si, ao menos pela vontade, mas sim a nacionalização de toda
a massa abertamente antinacional.
Um novo
movimento que almeja o reerguimento de um Estado alemão com soberania própria,
terá que dirigir sua campanha unicamente no sentido da conquista das grandes
massas. Por mais miserável que seja a nossa chamada "burguesia nacional", por
mais fraca que seja a sua convicção nacional, desse lado não se pode esperar uma
resistência séria contra uma política forte interior e exterior. Mesmo que a
burguesia alemã, de idéias e vistas curtas, permaneça em resistência passiva,
come já aconteceu com Bismarck, não nos fará temer nunca uma resistência ativa
devido à sua proverbial covardia.
Outras são as
circunstâncias na massa de nossos compatriotas impregnados de idéias
internacionais. Não só os seus instintos primitivos pendem mais para o emprego
da força, mas também os seus guias judeus são mais brutais e sem consideração.
Eles inutilizarão do mesmo modo todo movimento de ressurreição nacional, como
outrora - quebraram a espinha dorsal ao exército alemão. Principalmente neste
regime parlamentar, por força da sua maioria, farão ruir toda a política
nacional exterior, evitando assim uma avaliação mais alta da força alemã, e,
consequentemente, a possibilidade de alianças. O sintoma de fraqueza que
representam esses 15 milhões de marxistas, democratas, pacifistas e centristas,
não é somente perceptível a nós, mas muito mais ao estrangeiro, que mede o valor
de uma aliança conosco por esse peso morto. Não se faz uma aliança com um Estado
cuja parte ativa da população se conserva passiva, ao menos diante de qualquer
política exterior resoluta. Ajunte-se a isso o fato de serem os chefes desses
partidos de traição nacional adversos, por instinto de conservação, a qualquer
progresso. É, historicamente, difícil imaginar que o povo alemão chegue algum
dia a ocupar a sua posição anterior, sem chamar à prestação de contas aqueles
que motivaram e promoveram o inaudito desmoronamento de que foi vítima o nosso
Estado. Diante do juízo das gerações vindouras, o mês de novembro de 1918 não
será qualificado de alta traição, mas sim de traição à pátria. Assim, a
reconquista da autonomia alemã, perante o exterior, está ligada em primeira
linha à reconquista da união consciente do nosso
povo.
Também, tecnicamente encarada, a idéia da
libertação alemã, perante o estrangeiro, parecerá loucura, enquanto as grandes
massas não aderirem a esse ideal de liberdade. Encarado do ponto de vista
puramente militar, qualquer oficial, depois de alguma reflexão, reconhecerá que
uma campanha externa não poderá ser realizada com batalhões de estudantes, e,
que, além dos cérebros de um povo, também são necessários os seus punhos. Também
precisa ser considerado que a defesa de uma nação, baseada somente na chamada
intelectualidade, seria um sacrifício de bens irreparável. A jovem
intelectualidade alemã dos regimentos de voluntários que, no outono de 1914,
sucumbiu nas planícies de Flandres, mais tarde fez falta enorme. Era o bem mais
valioso que a nação possuía, e a sua perda não pôde mais ser suprida durante a
guerra. Não só a luta é impossível se os batalhões que avançam não têm em suas
fileiras as massas dos operários, mas também os preparativos técnicos não são
realizáveis sem a união interna consciente de nosso povo. Justamente o povo
alemão, que, debaixo das vistas do tratado de Versalhes, vive desarmado, só
poderá tratar de qualquer preparativo técnico para alcançar a liberdade e a
independência humana, depois que o exército de espiões internos estiver dizimado
a ponto de só restarem aqueles cuja falta de caráter lhes permita venderem tudo
e todos pelos conhecidos trinta dinheiros. Mas com esses pode-se acabar.
Invencíveis, no entanto, parecem os milhões que se opõem ao levantamento
nacional por convicções políticas, invencíveis enquanto não se combaterem as
suas idéias marxistas, arrancando-as de seus corações e de seus
cérebros.
Indiferente, portanto, é o ponto de
vista por que se encara a possibilidade da reconquista de nossa independência,
tanto do Estado como do povo, se do ponto do preparo da política exterior, do
ponto técnico do armamento ou mesmo do ponto da luta em si mesma, sempre
persiste a necessidade de conquista anterior da grande massa do povo para a
idéia de autonomia nacional. Sem a reconquista da liberdade exterior toda a
reforma interior significará, no caso mais favorável, a elevação da nossa
capacidade de produzir renda como colônia. Os saldos de toda chamada melhoria
econômica serão absorvidos pelos nossos "controleurs" e todo melhoramento social
elevará a nossa força produtiva em beneficio dos mesmos. Progressos culturais
não nos serão possíveis, porque são intimamente ligados à independência política
e dignidade de um povo.
Se, portanto, a solução
favorável do futuro alemão está em ligação intima com a conquista nacional da
grande massa do nosso povo, deve ser esta a mais alta e importante tarefa de um
movimento, cuja eficiência não se deve esgotar na satisfação de um movimento,
mas deve submeter toda a sua ação a um exame sobre as conseqüências futuras
prováveis. Já no ano de 1919, estávamos convencidos de que o novo movimento
deveria ter por escopo principal a nacionalização das
massas.
No sentido tático resulta daí uma série
de exigências.
1. - Para conquistar as massas
para o levante nacional nenhum sacrifício é pesado demais. Quaisquer que sejam
as concessões econômicas feitas ao operário, nunca estarão em relação ao que
lucra a nação em geral, quando elas contribuem para restituir ao seu povo
grandes camadas dele afastadas.
Só a ignorância
míope que, lamentavelmente, muitas vezes se encontra entre os nossos
empregadores, pode deixar de reconhecer que não é possível incremento econômico
durável para eles e, consequentemente, mais lucros, enquanto não se restabelecer
a solidariedade interna no seio do próprio povo. Se as fábricas alemãs, durante
a guerra, tivessem cuidado dos interesses do operariado, sem outras
considerações, se tivessem, mesmo durante a guerra, exercido pressão, por meio
de greves, sobre os acionistas famintos de dividendos, se tivessem atendido às
exigências dos operários, se se tivessem mostrado fanáticas no seu germanismo,
em tudo que concerne à defesa nacional, se tivessem também dado à pátria o que'
é da pátria, sem restrição alguma, não se teria perdido a guerra. E teriam sido
verdadeiramente insignificantes todas as concessões econômicas, diante da
importância imensa da vitória.
Assim, um
movimento que visa a reincorporar o operário alemão à nação alemã, deve
reconhecer que, neste caso, sacrifícios econômicos não podem ser tomados em
consideração, enquanto não ameaçarem a conservação e a independência da economia
nacional.
2. - A educação nacional das grandes
massas só pode ser realizada depois de uma elevação social porque, só por meio
desta, é que se prepara o terreno que produz as predisposições que permitem ao
indivíduo compartilhar dos bens culturais da
nação.
3. - A nacionalização das grandes massas
nunca se conseguirá por meias medidas, por afirmações tímidas de um chamado
ponto de vista objetivo, mas sim por uma focalização unilateral e fanática no
fim almejado. Quer isso dizer que não se pode tornar nacional um povo no sentido
de nossa hodierna burguesia, isto é, com umas tantas restrições, mas sim
tornando o "nacionalista" com toda veemência. Veneno só pode ser combatido com
contraveneno, e só a lassidão de um caráter burguês é que poderá encarar os
atalhos como conduzindo ,ao reino do céu.
A
grande massa do povo não é composta de professores nem de diplomatas. O pouco
conhecimento abstrato que possui conduz as suas aspirações mais para o mundo do
sentimento. É lá que ela se coloca para a ação positiva ou negativa. Só é
apologista de um golpe de força em uma dessas duas direções, mas nunca de
situações dúbias. Esse sentimento é também a causa de sua persistência
extraordinária. A fé é mais difícil de abalar do que o saber, o amor é menos
sujeito a transformação do que a inteligência, o ódio e mais durável que a
simples antipatia, e a força motriz das grandes evoluções, em todos os tempos,
não foi o conhecimento científico das grandes massas mas sim um fanatismo
entusiasmado e, às vezes, uma onda histérica que as impulsionava. Quem quiser
conquistar as massas deve conhecer a chave que abre as portas do, seu coração.
Essa chave não se chama objetividade, isto é, debilidade, mas sim vontade e
força.
4. - A conquista da alma do povo só é
realizável quando, ao mesmo tempo que se luta para os próprios fins, se aniquila
o adversário dos mesmos. O povo, em todos os tempos, encara a agressão impetuosa
do adversário como uma prova do direito do agressor e considera a abstenção no-
aniquilamento do outro como um sinal de dúvida do próprio direito, quando não
como sinal de ausência do mesmo.
A grande massa
não passa de uma obra da natureza e o seu sentir não compreende o aperto de mão
recíproco entre homens que afirmam pretender o contrário. O que ela quer é a
vitória do mais forte e o aniquilamento do fraco ou a sua rendição
incondicional.
A nacionalização de nossa massa
popular só é realizável quando, na luta positiva para a conquista da alma do
nosso povo, ao mesmo tempo esmagarmos os seus envenenadores
internacionais.
5. - Todas as grandes questões
atuais são questões de momento e representam apenas as conseqüências de
determinadas causas. Importância capital, porém, tem uma só entre todas elas: a
questão da conservação racial do povo. O sangue somente é a base tanto da força
como da fraqueza do homem. Povos que não reconhecem e consideram a importância
dos seus alicerces raciais, assemelham-se a homens que quisessem ensinar a
cachorros "lulu" as qualidades características de cachorros galgos, sem
compreenderem que a ligeireza do galgo e a inteligência do "Pudel" não são
qualidades adquiridas pelo ensino mas sim qualidades inatas da raça. Povos que
se descuidam da conservação da pureza de sua raça, abrem mão também da unidade
de sua alma, em todas as suas manifestações. O enfraquecimento de seu ser é a
conseqüência lógica do "enfraquecimento" do seu sangue e a modificação de sua
força criadora e espiritual é o efeito da transformação de suas bases
raciais.
Quem quiser libertar o povo alemão de
seus vícios de hoje, das manifestações estranhas à sua natureza, precisa
livrá-lo do causador desses vícios e dessas
manifestações.
Sem o mais claro conhecimento do
problema racial e do problema dos judeus, não se poderá verificar um
reerguimento do povo alemão.
A questão das
raças fornece não só a chave para compreensão da historia universal mas também
para a da cultura humana em geral.
6. - O
enfileiramento da grande massa popular (que hoje faz parte de uma massa
internacional) em uma comunidade popular nacionalista, não significa uma
abdicação da representação de interesses legítimos de
classes.
Interesses antagônicos de classes e
profissões não são idênticos a divisões de classes, porque são conseqüências
lógicas da nossa vida econômica de hoje. O agrupamento profissional não se opõe
de forma alguma a uma verdadeira coletividade popular, consistindo essa na união
do espírito nacional em todas as questões que lhe interessam
propriamente.
A incorporação de uma classe à
coletividade da nação não se efetua com o rebaixamento de classes superiores e
sim com a ascensão das inferiores. O expoente desse fenômeno nunca poderá ser a
classe superior mas sim a inferior, que luta pela equiparação de seus direitos.
Não foi por iniciativa dos nobres que os cidadãos de hoje foram incorporados ao
Estado e sim por sua própria energia debaixo de uma direção
autônoma.
Não é através de cenas piegas de
confraternização que o operário alemão será elevado a figurar no quadro da
comunhão nacional e sim por uma elevação consciente de sua posição cultural e
social, até que se possam considerar vencidas as diferenças mais importantes que
o separam das outras classes. Um movimento visando semelhante evolução terá que
procurar seus adeptos, em primeiro lugar, nos acampamentos operários. Só se
deverá recorrer aos intelectuais, na medida em que estes já tiverem percebido
plenamente o alvo aspirado. Este processo de transformação e aproximação não
estará terminado em dez ou vinte anos, provado, como está, que se prolongará por
muitas gerações.
O empecilho maior para a
aproximação entre o operário de hoje e a coletividade nacional não reside na
representação de interesses - conforme cada posição social - porém, ao
contrário, na sua conduta e atitude internacionalistas, hostis ao povo e à
Pátria. As mesmas corporações dirigidas nas suas aspirações políticas e
populares por um nacionalismo fanático, fariam de milhares de operários
preciosíssimos membros da sua organização nacional, sem levar em conta lutas
isoladas de interesse puramente econômico.
Um
movimento visando à restituição honesta do operário alemão ao seu povo, querendo
arrancá-lo à loucura internacionalista, precisa opor uma resistência de aço,
antes de tudo, à convicção que domina as empresas industriais. Aí se entende por
(comunhão popular" a rendição econômica, sem resistência, do trabalhador ao
patrão, enxergando se um ataque à coletividade em cada tentativa de preservação
dos interesses econômicos, nos quais o trabalhador tem os mesmos direitos.
Representar esta idéia eqüivale a ser o expoente de uma mentira consciente: a
coletividade impõe suas obrigações tanto a um lado como ao
outro.
Com a mesma certeza que um trabalhador
prejudica o espírito de uma verdadeira coletividade popular, quando, apoiado na
sua força, faz exigências desmedidas, da mesma forma, um patrão trai essa
comunidade. se, por uma direção desumana e exploradora, abusar da energia de seu
empregado no trabalho, ganhando milhões, como um usurário, à custa do suor
daquele.
Então, perde ele o direito de se
considerar um membro da nação, de falar em uma coletividade nacional, não
passando de um egoísta que, pela introdução da desarmonia social, provoca lutas
futuras. que de uma maneira ou de outra têm que ser perniciosas à
Pátria.
A fonte de reserva, na qual o movimento
incipiente tem de conquistar seus adeptos, será, em primeiro lugar, a massa dos
nossos operários. Esta é que nos cumpre, a todo preço, arrancar à mania
internacional, salvar da miséria social, levantar da crise cultural, para
integrá-la na comunhão geral e, como um- fator bem distinto, precioso, desejando
agir conforme o sentimento e espírito
nacionais.
Se se acharem, nos círculos da
inteligência nacional, indivíduos com o coração vibrando pelo povo e pelo seu
futuro, conhecendo profundamente a importância da luta pela alma dessa multidão,
que sejam benvindos nas fileiras deste movimento, como coluna vertebral do mais
alto valor.
A finalidade desse movimento não
deve consistir na conquista do rebanho eleitoral. Nessa hipótese adquiriria uma
sobrecarga que tornaria impossível a conquista das grandes massas
populares.
Nosso objetivo não é selecionar
elementos no campo nacionalista mas conquistar elementos entre os
antinacionalistas. Esse princípio é absolutamente necessário para a direção
tática do movimento.
7. - Essa consistente e
clara atitude deve ser expressa na propaganda da nossa causa, por exigências da
própria propaganda.
Para que uma propaganda
seja eficiente é preciso que ela tenha um objetivo definido e que se dirija a um
determinado grupo. Ao contrário, ela ou não será entendida por um grupo ou será
julgada pelo outro tão compreensível por si mesma que se torna desinteressante.
Até a forma da expressão, o tom, não pode atuar da mesma maneira em camadas
populares de níveis intelectuais diferentes. Se a propaganda não se inspirar
nesses princípios, nunca atingirá as massas. Entre cem oradores, dificilmente se
encontrarão dez em condições de, em um dia, conseguir sucesso ante um auditório
de varredores de ruas, ferreiros, limpadores de esgotos etc., e, no dia
seguinte, diante de espectadores compostos de estudantes e professores, obter o
mesmo êxito em uma conferência de fundo
intelectual.
Entre mil oradores talvez só se
encontre um capaz de, diante de um auditório de serralheiros e professores de
universidade, conseguir expressões que não só correspondam à capacidade de
apreensão de ambas as partes como provoquem os seus mais entusiásticos aplausos.
Não se deve perder de vista também que as mais belas idéias de uma doutrina, na
maior parte dos casos, só se propagam por intermédio dos espíritos inferiores.
Não se deve considerar o que tem em mente o genial criador de uma idéia, mas em
que forma e com que êxito o defensor dessa idéia a comunicará às grandes
massas.
A grande eficiência da Social
Democracia, do movimento marxista, sobretudo, consiste, em grande parte, na
homogeneidade do público a que se dirige. Quanto mais estreitas e limitadas eram
as idéias propagadas, tanto mais facilmente eram aceitas pelas massas, a cujo
nível intelectual correspondiam
perfeitamente.
Disso resulta para o novo
movimento uma conduta clara e simples. A propaganda, tanto pelas suas idéias
como pela forma, deve ser organizada para alcançai- as grandes massas populares
e a sua justeza só pode ser avaliada pelo êxito na prática. Em um grande comício
popular, o orador mais eficiente não é o que mais se aproxima dos elementos
intelectuais do auditório mas o que consegue conquistar o coração da
maioria.
O intelectual que, presente a uma
reunião, apesar da evidente atuação do orador sobre as camadas inferiores,
critica o discurso, sob o ponto de vista intelectual, dá demonstração da sua
incapacidade e da sua ineficiência para o novo movimento. Para a causa só serão
úteis os intelectuais que já tenham apreendido muito bem a finalidade da mesma e
estejam em condições de avaliar a eficiência da propaganda pelo êxito da mesma
sobre o povo e não pela impressão que produz sobre o espirito deles. A
propaganda não deve visar pessoas que já formam entre os nacionais-socialistas
mas, sim, conquistar os inimigos do nacionalismo, desde que sejam da nossa
raça.
Para o novo movimento devem-se adotar, no
esclarecimento do espirito do povo, as mesmas idéias de que eu já tinha feito
uma síntese na propaganda da Guerra. Que essas idéias eram justas provou-o o
êxito das mesmas.
8. - O objetivo de um
movimento de renovação política nunca será atingido por meio de propaganda
puramente intelectual ou por influência sobre os dominadores do momento, mas sim
pela conquista do poder político. Os que se batem por uma idéia que se destina a
modificar o mundo não só têm o direito mas o dever de recorrer aos meios que
facilitem a sua realização. O êxito é o único juiz sobre a justeza de um tal
movimento inicial. Esse êxito não deve ser compreendido apenas como a conquista
do poder, como aconteceu em 1918, pois um golpe de estado não pode ser visto
como bem sucedido somente porque os revolucionários conseguiram tomar posse da
administração pública, como se pensa nos meios oficiais da Alemanha, mas sim
quando seus objetivos trazem mais vantagens ao povo do que as existentes no
regime precedente. Esse não é o caso da "Revolução Alemã" de 1918, como se
costuma denominar esse golpe de banditismo.
Se
a conquista do poder é a condição preliminar para a realização de reformas
políticas, um movimento com finalidade renovadora deve, desde os primeiros dias
de sua existência, considerar-se como um movimento realmente popular e não um
clube literário ou um clube esportivo de
burgueses.
9. - O novo movimento é, na sua
essência e na sua organização, antiparlamentarista, isto é, rejeita, em
princípio, toda teoria baseada na maioria de votos, que implique na idéia de que
o líder do movimento degrada-se à posição de cumprir as ordens dos outros. Nas
pequenas coisas como nas grandes, o movimento baseia-se no princípio da
indiscutível autoridade do chefe, combinada a uma responsabilidade
integral.
As conseqüências práticas desse
princípio fundamental são as seguintes:
O
primeiro chefe de um grupo local é investido nas suas funções pelo que lhe está
imediatamente superior e assume a responsabilidade da sua direção. Todas as
comissões dependem dele e não ele das comissões. Não há comissões com voto, mas
comissões com deveres. O trabalho é distribuído pelo líder responsável, isto é,
o primeiro chefe ou presidente do grupo. O mesmo critério deve ser adotado nas
organizações maiores. O chefe é sempre indicado pelo seu superior e investido de
toda a responsabilidade. Só o chefe do partido é que, por exigência de uma
direção única, é escolhido pela assembléia geral de todos os correligionários.
Todas as comissões dependem exclusivamente dele e não ele das comissões. Assume
a responsabilidade de tudo. Os adeptos do movimento têm sempre, porém, a
liberdade de chamá-lo à responsabilidade, e, por uma nova escolha, destituí-lo
do cargo, desde que ele tenha abandonado os princípios fundamentais da causa ou
tenha servido mal aos seus interesses.
Uma das
principais tarefas do movimento é tornar esse princípio decisivo, não só dentro
das próprias fileiras do partido como na organização do
Estado.
Quem se propuser a ser chefe terá a
mais ilimitada autoridade, ao lado da mais absoluta responsabilidade. Quem não
for capaz disso ou for covarde demais para não arcar com as conseqüências de
seus atos, não serve para chefe. Só o herói está em condições de assumir esse
posto.
O progresso e a cultura da humanidade
não são produto da maioria mas dependem da genialidade e da capacidade de ação
dos indivíduos.
Cultivar a personalidade,
investi-la nos seus direitos, é a condição essencial para a reconquista das
grandezas e do poder da nossa raça.
Por isso o
movimento é antiparlamentarista. A sua participação em uma tal instituição só
pode ter o objetivo de destruir o parlamento, que deve ser visto como um dos
mais graves sintomas da decadência da
humanidade.
l0. - O movimento evita tomar
posição em todo e qualquer problema fora do campo de sua atividade política ou
que para a mesma não seja de importância fundamental. A sua missão não é a de
uma reforma religiosa mas a da reorganização política do nosso povo. Vê em ambas
as religiões um valioso esteio para a existência da nação, e, por isso, combate
os partidos que pretendam transformar essa base moral e espiritual do povo em
instrumento dos seus interesses.
Finalmente, o
nosso partido não tem por finalidade manter ou restaurar ou combater essa ou
aquela forma de governo, mas criar os princípios fundamentais, sem os quais nem
a República nem a Monarquia podem existir durante muito tempo. Sua missão não
consiste em fundar uma Monarquia ou estabelecer uma República, mas em criar um
Estado germânico.
A questão da forma exterior
desse novo Estado não é de importância fundamental, o que importa é a finalidade
prática.
Um povo que compreendeu os seus
grandes problemas e sua missão nunca será arrastado à luta por formas de
governo.
11. - O problema da organização
interna do movimento não é uma questão de princípios mas de finalidade. A melhor
organização é a que entre a direção do movimento e os seus adeptos possua o
menor número de mediadores, pois a finalidade da organização é comunicar uma
idéia definida - que sempre se origina no cérebro de um único indivíduo - e
trabalhar por vê-la transformada em
realidade.
A organização é apenas um mal
necessário. Na melhor hipótese, é um meio para um fim, na pior hipótese um fim
em si. Como o mundo é composto mais de naturezas mecânicas do que de idealistas,
a forma da organização é mais facilmente percebida do que a
idéia.
A marcha de cada um na realização de
idéias novas, sobretudo entre os reformadores, é, em traços gerais, a
seguinte:
Todas as idéias geniais partem do
cérebro dos indivíduos que se sentem destinados a comunicar os seus pensamentos
ao resto da humanidade. Ele faz a sua pregação e conquista, pouco a pouco, um
certo círculo de adeptos. Essa transmissão direta e pessoal das idéias de um
indivíduo aos seus semelhantes é a melhor e a mais natural. A proporção que
aumenta o número dos adeptos da nova doutrina, torna-se impossível ao portador
da nova idéia continuar a exercer influência direta sobre os inúmeros
correligionários e guiá-los pessoalmente.
A
medida que cresce a coletividade e a ação direta torna-se impossível, surge a
necessidade de uma organização. Termina a situação ideal primitiva e começa a
organização como um mal necessário. Formam-se os pequenos grupos que no
movimento político constituem, como grupos locais, a célula mater da
organização. Essa organização primitiva deve sempre se realizar, a fim de que se
conserve a unidade da doutrina e para que a autoridade do fundador especial da
mesma seja por todos reconhecida. É da mais alta importância geopolítica a
existência de um núcleo central, de uma espécie de Meca do
movimento.
Na organização dos primeiros
núcleos, nunca se deve perder de vista que ao núcleo primitivo de onde saiu a
idéia deve ser dada a maior importância. A proporção que inúmeros outros núcleos
se forem entrelaçando, deve aumentar também o apreço ao lugar que, do aspecto
moral, intelectual e prático, representa o ponto de partida do movimento e a sua
cabeça. Tão fácil é manter a autoridade do núcleo central em face dos outros
grupos locais como difícil é protegê-la contra as mais altas organizações que se
vão formando. No entanto, a conservação dessa autoridade é condição sine qua non
para a consistência de um movimento e para a realização de uma idéia. Quando,
por fim, esses grandes centros se ligam a novas formas de organização, aumenta a
dificuldade de assegurar o absoluto caráter de chefia ao lugar da fundação do
movimento. Assim só se devem formar núcleos de organização quando se pode
conservar a autoridade intelectual e moral do núcleo central. Assim sendo, a
organização interna do movimento deve obedecer às seguintes linhas
gerais:
a) Concentração de todo o trabalho em
um lugar só, que será Munique. Deve-se criar um estado maior de adeptos de
indiscutível confiança, a fim de serem treinados, e fundar uma escola para a
propaganda posterior da idéia. É preciso que nesse centro se adquira a
indispensável autoridade para agir com eficiência no
futuro.
Para tornar a nova causa e seus líderes
conhecidos é necessário não somente destruir a crença na invencibilidade do
marxismo como demonstrar a possibilidade, a viabilidade de um movimento que lhe
seja contrário.
b) Os grupos locais só serão
criados depois que a autoridade da direção central de Munique for por todos
absolutamente reconhecida.
e) A criação de
círculos, distritos, ligas, etc., não surge somente da necessidade da sua
existência mas da absoluta segurança de que reconhecem a autoridade do núcleo
central. Mais ainda, a formação de outros grupos depende dos indivíduos tidos
como líderes no momento.
Há dois caminhos a
seguir:
a) O movimento arranja os meios
financeiros para aperfeiçoar os cérebros capazes de assumir a futura liderança.
.O material adquirido deve ser disposto dentro de um certo plano, de acordo com
os pontos de vista táticos e com a finalidade da
causa.
Esse caminho é o mais fácil e o mais
rápido. Exige, porém, grandes somas de dinheiro, pois esses líderes só a soldo
poderão trabalhar pelo
movimento.
b) O
movimento, em conseqüência da falta de recursos financeiros, não está em
condições de se utilizar de guias pagos, tem que recorrer à atividade de
funcionários gratuitos. Esse caminho é o mais lento e o mais difícil. A direção
do movimento deve, caso convenha, paralisar a atuação em determinados grandes
setores, até que, entre os adeptos da causa, surja uma cabeça capaz de se pôr à
testa da chefia e organizar e dirigir o movimento nesses
locais.
Pode acontecer que não se encontre em
certas regiões ninguém em situação de poder assumir a chefia e que, em outras,
duas ou três pessoas estejam em condições mais ou menos idênticas quanto à
capacidade. São grandes as dificuldades para a evolução do movimento em tal
situação e, só depois de anos, podem elas ser
vencidas.
Em qualquer hipótese, a condição
indispensável na organização é a existência de indivíduos capazes para a
direção. Para a causa é preferível que se deixe de organizar um grupo local a
que se corra o risco de um insucesso, por falta de um guia
eficiente.
Para a liderança não se exige
somente boa vontade, mas também capacidade, que depende mais da energia do que
de pura genialidade.- A combinação da capacidade, do poder de resolução e da
persistência, constitui o ideal.
12. - O futuro
do movimento depende do fanatismo, mesmo da intolerância, com a qual seus
adeptos o defenderem como a única causa justa e defenderem-na em oposição a
quaisquer outros esquemas de caráter
semelhante.
É um grande erro pensar que o
movimento se torna mais forte quando se liga a outros, mesmo que possam ter fins
parecidos.
Todo aumento de extensão realizado
por essa maneira traz, é verdade, um maior desenvolvimento - externo, o que faz
com que o observador superficial pense tratar-se de um aumento de força. Na
realidade, porém. a causa apenas recebe o germe de fraqueza que se fará sentir
mais tarde.
Por mais que se fale da identidade
de dois movimentos, essa identidade nunca existe. Ao contrário, não haveria dois
movimentos, mas apenas um. Pouco importa saber onde estão as divergências.
Fossem elas apenas fundadas na capacidade dos líderes não deixariam por Isso de
existir.
A lei natural de toda evolução não
permite a união de dois movimentos diferentes, mas assegura sempre a vitória do
mais forte e a criação do poder e da força do vitorioso, o que só se pode
conseguir por meio de uma luta
incondicional.
Pode ser que a união de duas
concepções partidárias, em dado momento, ofereça vantagens. Com o tempo, porém,
o êxito assim conseguido é sempre uma causa de
fraqueza.
A um movimento é de vantagem apenas
combater por uma vitória que não seja um acesso momentâneo, mas um êxito de
efeitos duradouros, obtido depois de uma luta incondicional, capaz de maiores
desenvolvimentos posteriores.
Movimentos que
devem seu progresso a ligações com outros de concepções parecidas, dão a
impressão de plantas de estufa. Eles crescem, mas falta-lhes a força para,
durante séculos, resistir às grandes tempestades. A grandeza de toda organização
ativa que corporifique uma idéia está no fanatismo religioso e na intolerância
com que agride todas as outras, convencidos os seus adeptos de que só eles estão
com a razão. Se uma idéia em si é justa e dispõe dessas forças resistirá a todas
as lutas, será invencível. A perseguição que contra a mesma se possa mover
apenas aumentará sua força intrínseca.
A
grandeza do Cristianismo não está em qualquer tentativa para reconciliar-se com
as opiniões semelhantes da filosofia dos antigos, mas na inexorável e fanática
proclamação e defesa das suas próprias
doutrinas.
13. - O movimento tem que educar os
seus adeptos de tal maneira que, na luta, vejam a necessidade do emprego dos
maiores esforços. Não devem temer a Inimizade do adversário, mas considerá-la
como condição essencial para a sua própria existência. Não se devem atemorizar
pelo ódio dos inimigos da nação mas sim desejá-lo do mais intimo da alma. Na
manifestação externa desse ódio, só há mentira e
calúnia.
Quem não é atacado nos jornais judeus,
por eles caluniado e difamado, não é um alemão Independente, não é um verdadeiro
Nacional Socialista. O melhor critério para se avaliar dos seus sentimentos, da
sinceridade de suas convicções e da 'sua força de vontade, é a inimizade contra
os mesmos evidenciada pelos inimigos do povo
alemão.
Os adeptos do movimento e, em sentido
mais lato, todo o povo, devem ficar convencidos de que, nos seus jornais, o
judeu mente sempre e que uma ou outra verdade é apenas o disfarce de uma
falsidade e por isso sempre uma mentira.
O
Judeu é o maior mestre da mentira e a mentira e a fraude são as únicas armas da
sua luta.
Cada calúnia, cada mentira dos Judeus
contra um de nós, deve ser vista como uma cicatriz
honrosa.
Quanto mais eles nos difamarem, mais
nos aproximaremos uns dos outros. Os que nos votam ódio mais mortal são
justamente os nossos melhores amigos.
Quem,
pela manhã, ler um jornal judeu e não tiver sido pelo mesmo difamado, não
aproveitou bem o seu dia, pois se o tivesse, teria sido pelo judeu perseguido,
caluniado, insultado, enxovalhado.
Só os que
enfrentam de maneira eficiente esse inimigo mortal do nosso povo e da
civilização ariana devem esperar a calúnia dessa raça e ver dirigida contra si a
luta desse povo.
Se essas idéias fundamentais
forem totalmente assimiladas pelos nossos correligionários, então o movimento
será inabalável, invencível.
14. - O nosso
movimento deve usar de todos os meios para incutir o respeito pelas
personalidades. Não deve perder de vista que todos os valores humanos residem no
indivíduo, que todas as idéias, todas as realizações, são o resultado do poder
criador de um homem e que a admiração pela grandeza não é simplesmente uma
homenagem prestada mas também um pacto de união entre os que lhe são gratos. Não
há substituto para a personalidade, sobretudo quando essa personalidade não é
mecânica mas corporifica um elemento criador da
cultura.
Assim como um célebre artista não pode
ser substituído e nenhum outro acerta concluir um quadro já quase pronto, o
mesmo acontece com os grandes poetas e pensadores, os grandes estadistas e os
grandes generais. A sua atividade não é formada mecanicamente, mas é um dom da
graça de Deus.
As grandes revoluções, as
grandes conquistas desta terra, suas grandes produções culturais, as obras
imorredouras no terreno da política etc., estão sempre ligadas a um nome e serão
por ele representadas. A falta de reconhecimento do valor excepcional de um
desses espíritos significa a perda de uma força
imensa.
Melhor do que ninguém sabe disso o
judeu. Ele que só é grande na destruição da humanidade e da sua cultura, tem a
maior admiração pelos seus próprios valores. No entretanto, o respeito dos povos
pelos seus grandes espíritos ele tenta apontar como coisa indigna e é
considerado como "culto pessoal".
Quando um
povo é bastante covarde para se deixar vencer por essa insolência e descaramento
dos judeus, renuncia à mais poderosa força que possui, pois essa força não
consiste no respeito às massas mas na veneração pelos
gênios.
Nos primeiros dias do nosso movimento,
a nossa maior fraqueza foi a insignificância dos nossos nomes e a circunstância
de sermos desconhecidos. Só esse fato tornou problemático o nosso
êxito.
O mais difícil, nesses primeiros tempos,
em que apenas seis, sete ou oito pessoas se reuniam para ouvir o discurso de um
orador, era despertar, nesses pequenos círculos, a confiança no grande futuro do
movimento e em mantê-lo.
Pense-se em que seis
ou sete homens, inteiramente desconhecidos, simples pobres diabos, se reuniam
com a intenção de criar um movimento destinado a vencer de futuro, - o que até
então tinha sido impossível aos grandes partidos - e de reerguer a nação alemã
ao seu mais alto poder e esplendor!
Se,
naqueles tempos, nos tivessem prendido ou rido de nós, nós nos sentiríamos
felizes da mesma maneira, pois o que mais nos entristecia, naquele momento, era
o passarmos despercebidos. Era isso o que mais me fazia
sofrer.
Quando me incorporei a essa meia dúzia
de homens, não se podia falar ainda nem em um partido nem em um movimento. Já
descrevi as minhas impressões a respeito do primeiro encontro com essa pequena
organização.
Nas semanas que se sucederam a
esse início tive oportunidade de pensar na aparente impossibilidade desse novo
partido. O quadro que se deparava aos meus olhos era de entristecer. Não
existia, nesse sentido, nada, absolutamente
nada.
O público nada sabia a nosso respeito. Em
Munique, não se conhecia o partido nem de nome, afora a sua meia dúzia de
adeptos e as poucas pessoas de suas
relações.
Todas as quartas-feiras se realizava,
no München Café, uma reunião da comissão e, uma vez por semana, havia
conferência à noite. Como todos os membros do "Movimento" estavam representados
apenas pela comissão, as pessoas eram naturalmente sempre as mesmas. Era, por
isso, essencial que se alargasse o pequeno circulo e se conseguissem novos
adeptos, mas, antes de tudo, fazer com que o nome do movimento se tornasse
conhecido.
Servimo-nos da seguinte
técnica:
Tentamos realizar um comício todos os
meses, e, mais tarde, todas as quinzenas. Os convites para os mesmos eram em
parte datilografados e em parte escritos a mão. Cada um se esforçava por
conseguir, no circulo de suas relações, visitas a essas sessões
preparatórias.
O êxito era dos mais
lamentáveis.
Lembro-me ainda como, naqueles
primeiros tempos, depois de ter distribuído o 80.° convite, esperava, à noite, a
grande massa popular, que deveria assistir a reunião Depois de adiar por uma
hora a reunião, o presidente era obrigado a iniciar a "sessão". Éramos de novo
os sete, sempre os mesmos sete.
Passamos a
copiar na máquina os convites em uma casa de utensílios de escritório e
tirávamos inúmeras cópias. O resultado foi obtermos maior auditório na próxima
reunião. O número subiu lentamente de onze para treze, finalmente para
dezessete, vinte e três, e vinte e
quatro.
Pobres diabos, subscrevíamos pequenas
importâncias entre os nossos conhecidos, com o que conseguimos anunciar um
comício no "Münchener Beobachter" que era, então, independente. O sucesso dessa
vez foi espantoso Tínhamos aprazado a reunião para o Hofbräuh, auskeller. de
Munique, pequena sala que apenas poderia comportar cento e trinta pessoas. O
espaço deu-me, pessoalmente, a impressão de um vasto salão e cada um de nós
estava ansioso por ver se conseguiríamos, na hora marcada, encher este "vasto"
edifício. As sete horas, com a presença de cento e onze pessoas, começou o
comício. Um professor de Munique deveria fazer o primeiro discurso. Eu falaria
em segundo lugar.
Falei trinta minutos e aquilo
que, antes, sem o saber, havia sentido intuitivamente, estava provado: eu sabia
discursar. Depois de trinta minutos, o auditório estava eletrizado e o
entusiasmo foi tal que meu apelo a uma contribuição dos presentes rendeu a soma
de trezentos marcos. Isso nos libertou de uma grande preocupação. A situação
financeira era tão precária que não tínhamos nem recursos para mandar imprimir
as linhas gerais do programa ou mesmo boletins. Afinal tínhamos conseguido uma
base para fazer face às despesas mais indispensáveis e mais
urgentes.
Sob outro aspecto, o êxito dessa
primeira grande reunião era muito
significativo.
Comecei a atrair um grande
número de forças novas. Durante meus longos anos de serviço militar, conheci
muitos camaradas fiéis que começavam, aos poucos, a entrar no movimento, em
conseqüência de minha propaganda. Eram jovens de grande eficiência, habituados à
disciplina e educados, desde o tempo do serviço militar, na convicção de que a
quem quer nada é impossível.
De como era
necessária uma tal afluência de sangue novo pude reconhecer poucas semanas
depois.
O então presidente do Partido, Herr
Barrer, era, por profissão e por treino, um jornalista. Como chefe do Partido,
tinha, porém, uma grande fraqueza: não era orador para as massas. Por mais
consciencioso que fosse no seu trabalho, talvez por falta daquela qualidade,
faltava-lhe o poder de arrastar o povo. Herr Drexler, outrora presidente do
grupo local de Munique, era um simples operário, não valia grande coisa como
orador, e, sobretudo, não tinha qualidades de soldado. Nunca servira na Guerra,
de modo que, além de ser naturalmente fraco e Indeciso, nunca tinha passado pela
única escola que transforma, em verdadeiros homens, espíritos fracos e
indecisos. Nenhum deles possuía qualidades não só para inspirar a fé
entusiástica na vitória de uma causa como para, por uma inabalável força de
vontade, sem contemplações e pelos meios mais violentos, vencer a resistência
oposta à vitória de uma idéia nova. Para esse objetivo servem apenas os homens
que possuem aquelas virtudes físicas e intelectuais do
militar.
Naquele tempo, eu ainda era soldado.
Minha aparência exterior, meu caráter, se tinham formado de tal modo durante
quase dois anos que, naquele meio, devia sentir-me como um estranho. Tinha-me
esquecido de expressões como estas: Isso não pode ser; isso não se realizará;
isso não se deve arriscar; isso é demasiado perigoso,
etc.
De fato, a coisa era perigosa. Em 1920,
era impossível, em muitas regiões da Alemanha, aventurar-se alguém a dirigir um
apelo às massas populares para uma assembléia nacionalista e convidá-las
publicamente para uma visita. Os que participavam dessas reuniões quebravam-se
as cabeças mutuamente. As chamadas grandes reuniões coletivas burguesas eram
debandadas por uma dúzia de comunistas, como aconteceria com lebres em face de
cães.
Os comunistas não davam importância a
esses clubes burgueses inofensivos, que não ofereciam o menor perigo, e que eles
conheciam melhor do que a seus próprios adeptos. Estavam, porém, resolvidos a
liquidar, por todos os meios ao seu alcance, um movimento novo que lhes parecia
perigoso. E o meio mais eficiente, em tais casos, sempre foi o terror, o emprego
da força. Mais do que qualquer outro grupo, os marxistas, ludibriadores da
nação, deveriam odiar um movimento cujo escopo declarado era conquistar as
massas que até então tinham estado a serviço dos partidos marxistas dos judeus
internacionais. Só o titulo "Partido dos Trabalhadores Alemães" já era capaz de
irritá-los. Assim não era difícil prever que, na primeira oportunidade
favorável, surgiria uma definição de atitudes em relação aos agitadores
marxistas ainda ébrios com a vitória.
No
pequeno âmbito do movimento de outrora, ainda se sentia um certo receio ante uma
tal luta. Evitava-se, pelo menos, uma oportunidade pública, com medo de ser-se
batido. Via-se nisso uma mácula para a primeira grande reunião e que o movimento
assim seria sufocado no início. O meu modo de ver era diferente. Pensava que não
se devia evitar a luta, mas, ao contrário, ir a seu encontro e tomar as únicas
precauções garantidoras contra o emprego da força. Não se combate o terror com
armas intelectuais, mas com o próprio terror. O êxito da primeira assembléia
fortaleceu no meu espírito esse ponto de vista. Adquirimos coragem para uma
segunda, já de proporções mais vastas.
Mais ou
menos em outubro de 1919, realizou-se, na Eberlbraukeller, a segunda grande
reunião. O tema foi Brest-Litowsky e Versalhes, os dois tratados).
Apresentaram-se quatro oradores. Eu falei quase uma hora e o êxito foi maior do
que da primeira reunião. O número de convites tinha subido a mais de cento e
trinta. Uma tentativa de perturbação foi abafada de início por meus camaradas,
os responsáveis pela perturbação fugiram de escadas abaixo, com as cabeças
machucadas. Quatorze dias depois realizou-se uma reunião maior, na mesma sala. O
número de ouvintes tinha ultrapassado cento e setenta - uma casa cheia. Falei de
novo e o sucesso foi ainda maior do que da outra
vez.
Procurei conseguir uma sala maior. Por fim
encontramos uma em condições, do outro lado - da cidade, no Deutschen Reich, na
Dachauer Strasse. A freqüência da primeira reunião nessa sala foi menor do que a
anterior, apenas cento e quarenta pessoas.
As
esperanças começaram a se arrefecer e os eternos céticos acreditavam que a causa
da pequena freqüência devia ser vista na repetição constante de nossas
afirmações. Havia fortes divergências, sendo que eu defendia o ponto de vista
segundo o qual uma cidade de setecentos mil habitantes deveria comportar não um
comício de quinzena em quinzena mas dez por semana, a fim de que, por força de
repetir, não houvesse engano sobre o caminho certo que se havia tomado e que
mais cedo ou mais tarde, com incrível constância, haveria de levar ao sucesso.
Durante todo o inverno de 1919 1920, nossa principal luta foi no sentido de
fortalecer a fé na força conquistadora do novo movimento e elevá-la às alturas
do fanatismo capaz de abalar as montanhas.
O
próximo comício do Deutschen Reich de novo provou que eu tinha razão. O
auditório compunha-se de mais de duzentas pessoas e nosso sucesso foi brilhante,
tanto no que diz respeito ao público como sob o ponto de vista
financeiro.
Tomei providências imediatas para
mais vastas reuniões. Apenas quatorze dias depois, realizava-se um novo comício
e a multidão subia a mais de duzentos e setenta
indivíduos.
Nesse tempo, conseguimos dar
organização interna ao movimento. Muitas vezes, no pequeno círculo em que
agíamos, havia divergências mais ou menos fortes. De vários lados, como acontece
ainda hoje, o novo movimento foi acusado de ser um
partido.
Em tal concepção, eu via sempre a
prova de incapacidade prática e de estreiteza de espírito. Trata-se de homens
que não sabem distinguir a realidade no meio das aparências e que procuram
avaliar a importância de um movimento pelas denominações
pomposas.
Difícil era, então, fazer compreender
ao povo que todo movimento, enquanto não tiver atingido a vitória de suas idéias
e a finalidade, é um Partido, qualquer que seja a denominação que se lhe
dê.
Quem quer que possua uma idéia ousada, cuja
realização pareça útil ao interesses de seu próximo e deseje transformá-la em
realidade prática, o primeiro passo a dar é conquistar adeptos que estejam
dispostos a levar avante os seus desígnios. Enquanto esses desígnios se
limitarem a anular os partidos existentes no momento, a ultimar a sua
dissolução, os representantes das novas idéias, os seus pregadores, formarão
sempre um Partido, até que o objetivo seja
alcançado.
É puro jogo de palavras, mera
dissimulação, a tentativa de qualquer teórico popular, cujo êxito na prática
está sempre em relação inversa à sua sabedoria, de imaginar possível que um
movimento ainda com o caráter de partido se transforme apenas pela mudança de
nome.
Quando se trata de um movimento
impopular, sua propaganda é sempre feita sobretudo com expressões alemães
antigas que não só não são aplicadas hoje como não traduzem pensamentos em forma
precisa. E, além disso, podem concorrer para que se aprecie a Importância de um
movimento pelo vocabulário que emprega. Isso é um desatino que se pode observar
hoje, em um sem número de vezes.
O novo
movimento devia e deve precaver-se contra a invasão, por parte de homens, cuja
única recomendação consiste, na maior parte das vezes, no fato de, durante
trinta ou quarenta anos, se terem batido pela mesma idéia. Quem, porém, durante
todo esse tempo, se bate por uma idéia, sem conseguir o menor êxito, sem mesmo
ter evitado as idéias contrárias, dá uma prova evidente da sua incapacidade. O
mais perigoso é que esses indivíduos não querem entrar no movimento como
quaisquer outros adeptos mas intrometem-se na direção do mesmo, na qual
pretendem posições de destaque, atendendo a sua atividade no passado. Ai do novo
movimento que lhes cai nas mãos! Nenhuma recomendação é para um homem de
negócios ter empregado, durante quarenta anos, a sua atividade em determinado
ramo, para, no fim desse prazo. arrastar a sua firma à falência. Ninguém nisso
veria credenciais para confiar-lhe a direção de outra firma. O mesmo acontece
com esses Matusaléns populares que. depois de, no mesmo prazo, haverem
fossilizado uma grande idéia, ainda pensam em dirigir um novo
movimento.
Aliás, esses homens entram em um
novo movimento, com o fim de servi-lo e de ser útil à nova doutrina, mas, na
maioria dos casos, o que pretendem é, sob a proteção do mesmo ou pelas
possibilidades que esse lhes oferece, fazer mais uma vez a infelicidade geral,
com as suas idéias próprias.
A sua
característica principal é possuir-se de entusiasmo pelos antigos heróis
alemães, pelos tempos mais recuados, pela idade da pedra, por dardos e escudos,
mas, na realidade, não passam dos maiores covardes que se pode imaginar. Essa
mesma gente que tanto finge glorificar o heroísmo do passado, prega a luta no
presente com armas intelectuais e foge diante de qualquer cassetete de borracha
nas mãos dos comunistas. A posteridade terá poucos motivos para dai retirar uma
nova epopéia.
Aprendi a conhecer essa gente bem
demais para não sentir o mais profundo nojo ante suas miseráveis simulações. A
sua atuação sobre as massas é irrisória. O judeu tem toda razão para conservar
com cuidado esses comediantes e para preferi-los aos verdadeiros propugnadores
por um novo Estado alemão. Esses indivíduos, apesar de todas as provas da sua
perfeita incapacidade, querem entender tudo melhor do que os outros. Assim
transformam-se em uma verdadeira praga para os lutadores retos e honestos, cujo
heroísmo não se manifesta só na veneração do passado e que se esforçam por
deixar à posteridade, através de seus atos, um quadro de heroicidade igual ao
dos antepassados.
Freqüentemente é difícil
distinguir, no meio dessa gente, quem age por estupidez ou incapacidade e quem
obedece a determinados motivos.
Não foi sem
razão que o novo movimento adotou um programa definido e não empregou a palavra
"popular". Devido ao seu caráter vago, esta expressão não pode oferecer uma base
segura para qualquer movimento nem um modelo para os que ao mesmo de futuro
aderirem.
É incrível o que hoje se compreende
sob essa denominação. Um conhecido professor da Baviera, um dos célebres
lutadores com "armas espirituais", concilia a expressão "popular" com o espírito
monárquico. Esse sábio" esqueceu-se de explicar a identidade existente entre a
nossa velha monarquia e o que hoje se entende por "popular". Acredito que isso
lhe seria quase impossível, pois dificilmente se pode imaginar coisa menos
popular" do que a maior parte dos Estados monárquicos da Alemanha. Se não fosse
assim, esses Estados não teriam desaparecido, ou o seu desaparecimento
significaria que as opiniões do povo estavam
erradas.
Devido ao seu sentido vago, cada um
entende a expressão "popular", a seu jeito. Só esse fato a torna inviável para a
base de um movimento político. Prova disso é o ridículo que
desperta.
Neste mundo, porém, quem não se
dispuser a ser odiado pelos adversários não me parece ter multo valor como
amigo. Por isso, a simpatia desses indivíduos era por nós considerada não só
inútil mas prejudicial. Para irritá-los, adotamos, de começo, a denominação de
Partido para o nosso movimento, que tomou o nome de Partido Nacional Socialista
dos Trabalhadores Alemães.
É claro que teríamos
de ser combatidos, não com armas eficientes mas pela pena, única arma desses
escrevinhadores. A nossa afirmação de que "nos defendemos com a força contra
quem nos combate com a força" era incompreensível para
eles.
Há uma classe de indivíduos contra os
quais não é nunca demasiado chamar a atenção dos nossos correligionários.
Refiro-me aos que "trabalham no silêncio". Não só são covardes como incapazes e
indolentes. Quem quer que entenda do assunto social e veja uma possibilidade de
perigo, tem a obrigação, desde que conheça o meio de evitar esse perigo, de agir
publicamente contra o ma] conhecido e trabalhar abertamente pela sua cura. Se
não fizer Isso é um miserável covarde, sem noção dos seus deveres. É assim que
age a maior parte de tais "trabalhadores silenciosos". Eles nada realizam e, no
entanto, tentam iludir o mundo inteiro com as suas obras; são preguiçosos e dão
a impressão de, com o seu "trabalho silencioso", desenvolverem uma atividade
fora do comum. Em resumo, eles são trapaceiros, aproveitadores políticos, que
vêem com ódio a atividade dos outros.
Qualquer
agitador que tenha coragem para enfrentar seus opositores e defender seus pontos
de vista, com audácia e franqueza, tem mais eficiência que mil desses
hipócritas.
No começo do ano de 1920 eu insisti
pelo primeiro grande comício. A imprensa vermelha começava a se ocupar de nós.
Considerávamo-nos felizes por termos despertado o seu ódio. Tínhamos começado a
freqüentar outras reuniões, como críticos. Com isso conseguimos ser conhecidos e
ver aumentados a aversão e o ódio contra nós. Deveríamos, por isso, esperar que
os nossos amigos vermelhos nos fariam uma visita, ao nosso primeiro grande
comício. Era muito possível que fôssemos atacados de surpresa. Eu conhecia muito
bem a mentalidade dos marxistas. Uma forte reação da nossa parte não só
produziria sobre eles uma profunda impressão como serviria para ganhar adeptos.
Deveríamos, pois, nos decidir a essa
reação!
Harrer, então presidente do Partido,
não concordou com os meus pontos de vista sobre a escolha do momento, e, como
homem de honra, retirou-se da liderança do movimento. O seu sucessor foi Anton
Drexler. Eu tomei a mim a organização da propaganda do movimento e resolvi
levá-la a cabo sem contemplações.
O dia 24 de
fevereiro de 1920 foi a data fixada para o primeiro grande comício do movimento,
até então desconhecido. Eu, pessoalmente, encarreguei-me de arranjar as coisas.
Os preparativos eram os mais simples. O anúncio deveria ser feito por cartazes e
boletins orientados no sentido de produzir a mais forte impressão sobre as
massas.
A cor que escolhemos foi a vermelha,
não só porque chama mais atenção como porque, provavelmente, irritaria os nossos
adversários e faria com que eles se impressionassem
conosco.
Só me dominava uma preocupação.
Perguntava-me: a sala ficará repleta ou teremos que falar em uma sala vazia?
Tinha a certeza de que se tivéssemos auditório, o sucesso seria
completo.
As 7 horas e meia da noite começou o
comício. As 7,15 eu entrei na sala da Hotbrauhaus, de Munique. Senti uma alegria
infinita. A enorme sala - como me parecia então - estava à cunha. No auditório
encontravam-se talvez umas duas mil pessoas, justamente aquelas a que nos
queríamos dirigir. Mais da metade dos presentes era composta de comunistas e de
independentes.
Quando o primeiro orador acabou
de falar, eu pedi a palavra. Dentro de poucos minutos começaram os apartes e
verificaram-se cenas de violência dentro da sala. Alguns fiéis camaradas da
Guerra, depois de espancarem os perturbadores da ordem, restabeleceram a
tranqüilidade. Pude, então, prosseguir. Meia hora depois, os aplausos abafavam
os apartes dos adversários.
Comecei, então, a
expor o programa, ponto por ponto. Depois que expliquei as vinte e cinco teses
do nosso movimento, senti que tinha diante de mim uma massa popular conquistada
às novas idéias, a uma nova crença e animada de uma nova força de
vontade.
A proporção que, depois de quase
quatro horas de discussões, a sala começou a esvaziar-se, senti que as bases do
movimento estavam lançadas.
no coração do
povo.
Estava ateado o fogo de um movimento que,
com o auxílio da espada, haveria de restaurar a liberdade e a vida da nação
alemã.
Pensando no sucesso futuro, sentia que a
deusa da vingança marchava contra os traidores da Revolução de
novembro!
O movimento seguia o seu curso.
SEGUNDA PARTE
CAPÍTULO I - DOUTRINA E PARTIDO
Deu-se
em 24 de fevereiro de 1920 a primeira manifestação pública, em massa, de nosso
novo movimento. No salão de festas da Hofbräuhaus, de Munique, perante uma
multidão de quase duas mil pessoas, foram apresentadas e jubilosamente
aprovadas, ponto por ponto, as vinte e cinco teses do programa do novo
Partido.
Foram, nesse momento, lançadas as
diretrizes e linhas principais de uma luta cuja finalidade era varrer o monturo
de idéias e pontos de vista gastos e de objetivos perniciosos. No putrefato e
acovardado mundo burguês. bem como no cortejo triunfal 4a onda marxista em
movimento, devia aparecer uma nova força para deter, à última hora, o carro do
destino.
É evidente que o novo movimento só
poderia ter a devida importância, a força necessária para essa luta gigantesca,
se conseguisse despertar, no coração de seus correligionários, desde os
primeiros dias, a convicção religiosa de que, para ele, a vida política deveria
ser, não uma simples senha eleitoral, mas uma nova concepção do mundo de
significação doutrinária.
Deve-se ter em mente
a maneira lastimável por que os pontos de vista dos chamados "programas de
partido" são ordinariamente consertados, alindados ou remodelados de tempos a
tempos. Devem ser examinados cuidadosamente os motivos impulsores das "comissões
de programa" burguesas para aquilatar-se devidamente o valor de tais
programas.
É sempre uma preocupação única, que
leva a uma nova exposição de programas ou à modificação dos já existentes: a
preocupação com o êxito nas futuras eleições. Logo que à cabeça desses artistas
do Estado parlamentar acode a idéia de que o povo pode revoltar-se e escapar dos
arreios do carro partidário, costumam eles pintar de novo os varais do veículo.
Ei tão aparecem os astrônomos e astrólogos do partido, os chamados "experientes"
e "entendidos", na maioria velhos parlamentares que, pelo seu largo "tirocínio",
podem recordar-se de casos análogos em que as massas perdiam toda a paciência e
se tornavam ameaçadoras. E recorrem, então, às velhas receitas, formam uma
"comissão", apalpam o sentimento popular, farejam a opinião da imprensa e sondam
lentamente o que poderia desejar o amado povo, o que lhe desagrada, o que ele
almeja. Todos os grupos profissionais, todas as classes de empregados são
acuradamente estudados. Pesquisam-se-lhes os mais íntimos desejos. Então, com
espanto dos que os descobriram e os divulgaram, costumam reaparecer subitamente,
os mesmos estribilhos da temível oposição, já agora inofensivos e como que
fazendo parte do patrimônio do velho
partido.
Reúnem-se as comissões, que fazem a
"revisão" do velho programa e elaboram um novo no qual se dá o seu a seu dono.
Esses senhores mudam de convicções como o soldado no campo de batalha muda de
camisa, isto é. quando a antiga está imunda! Por esse novo programa, o camponês
recebe proteção para a sua propriedade, o industrial para as suas mercadorias, o
consumidor para as suas compras, aos professores elevam-se os vencimentos; aos
funcionários melhora-se a aposentadoria: das viúvas e órfãos cuidará o Estado
com largueza; será incentivado o comércio; as tarifas serão reduzidas e os
impostos serão não totalmente, mas quase abolidos. Por vezes sucede que uma
classe fica esquecida ou não é atendida uma reclamação popular. Nesse caso,
acrescentam-se a toda pressa remendos, que continuam a ser feitos, até que o
rebanho dos burgueses comuns e mais as suas esposas se tranqüilizem e fiquem,
inteiramente satisfeitos. Assim, de ânimo armado pela confiança no bom Deus e na
inabalável estupidez dos cidadãos eleitores, podem começar a luta pelo que
chamam a "reforma", do Estado.
Passa-se o dia
da eleição. Os parlamentares fizeram a última assembléia popular, que só se
renovará cinco anos mais tarde; e, abandonando a domesticação da plebe,
entregam-se ao desempenho de suas altas e agradáveis funções. Dissolve-se a
comissão do programa" e a luta pela reforma das instituições reveste de novo a
modalidade da luta pelo querido pão. nosso de cada dia, pela "dieta", como dizem
os deputados. Todos os dias se dirigem os senhores representantes do povo para a
Câmara, se não para o interior da casa, ao menos para a ante-sala onde se acham
as listas de presença. ,Em fatigante serviço pelo povo, eles registam lá os seus
nomes e aceitam, como bem merecida recompensa, uma pequena indenização pelos
seus extenuantes esforços.
Quatro anos depois,
ou antes, nas semanas críticas, quando começa a aproximar-se a dissolução das
corporações parlamentares, apodera-se deles um impulso Irresistível. Como a
larva não pode fazer outra coisa senão transformar-se em crisálida, assim as
lagartas parlamentares abandonam o casulo comum e voam para o amado povo. Tornam
a falar aos seus eleitores, contam o enorme trabalho que fizeram e a malévola
obstinação dos outros; mas as massas ignaras, em vez de agradecido aplauso,
lançam-lhes em rosto, por vezes, expressões ásperas, cheias de ódio. Se essa
ingratidão popular sobe até um certo ponto, só um remédio pode servir: é preciso
restaurar o esplendor do partido, o programa necessita ser melhorado, renasce
para a vida a "comissão" e recomeça-se a burla. Dada a estupidez granítica dos
homens do nosso tempo, não é de admirar o êxito desse processo. Guiado pela sua
imprensa e deslumbrado com o novo e sedutor programa, o gado "burguês" e
"proletário" torna a voltar ao estábulo e de novo elege os seus velhos
impostores.
Assim, o homem do povo, o candidato
das classes produtoras, transforma-se em lagarta parlamentar, que se ceva na
vida do Estado, para, quatro anos depois, de novo se transmudar em brilhante
borboleta.
Nada mais deprimente que observar a
nua realidade desse estado I de coisas, que ter de ver repetir-se essa eterna
impostura.
Certamente, dessa base espiritual do
mundo burguês não é possível haurir elementos para a luta contra a força
organizada do marxismo.
E nisso não pensam
nunca seriamente os senhores parlamentares. Devido à reconhecida estreiteza e
Inferioridade mental desses médicos parlamentares da raça branca, eles próprios
não conseguem imaginar seriamente como uma democracia ocidental possa arrostar
com uma doutrina para a qual a democracia e tudo que lhe diz respeito é, no
melhor dos casos, um meio para chegar a um determinado fim; um meio que se
emprega para anular a ação do adversário e facilitar a sua própria. E se uma
parte do marxismo, por vezes, tenta, com muita prudência, aparentar indissolúvel
união com os princípios democráticos, convém não esquecer, que esses senhores,
nas horas críticas, não deram a menor importância a uma decisão por maioria, à
maneira democrática ocidental! Isso foi quando os parlamentares burgueses viam a
segurança do Reich garantida pela monumental parvoíce de uma grande maioria,
enquanto o marxismo, com uma multidão de vagabundos, desertores, pulhas
partidários e literatos judeus, em pouco tempo, arrebatava o poder para si,
aplicando, assim, ruidosa bofetada à democracia. Por isso, só ao espírito
crédulo dos magros parlamentares da burguesia democrática cabe supor que, agora
ou no futuro, os interessados pela universal peste marxística e seus defensores
possam ser banidos com as fórmulas de exorcismo do parlamentarismo
ocidental.
O marxismo marchará com a democracia
até que consiga, por via indireta, os seus criminosos fins, até obter apoio do
espírito nacional por ele condenado à extirpação. Que ele se convencesse hoje de
que o caldeirão de feiticeira, que é a nossa democracia parlamentar, poderia
repentinamente fermentar uma maioria que - mesmo que fosse na base de sua
legislação justificada pelo maior número - enfrentasse seriamente o marxismo - e
estaria extinta a ilusão parlamentar, Então os porta-bandeiras da Internacional
vermelha, em lugar de um apelo à consciência democrática, dirigiram uma
incendiária proclamação às massas proletárias e a luta se transplantaria
imediatamente do ar viciado das salas de sessões dos nossos parlamentos para as
fábricas e para as ruas. A democracia ficaria logo liquidada; e o que não
conseguiria a habilidade intelectual dos apóstolos do povo, conseguiriam, com a
rapidez do relâmpago, tal qual aconteceu no outono de 1918, a alavanca e o malho
das excitadas massas proletárias. Isso ensinaria eloqüentemente ao mundo burguês
quanto ele é insensato em imaginar que, com os recursos da democracia ocidental,
é possível resistir à conquista judaica do
mundo.
Como já dissemos, só um espírito crédulo
pode aceitar regras de jogo com um parceiro para o qual elas só vigoram para
"bluff" ou quando lhe são úteis e que as despreza logo que deixem de ser-lhe
vantajosas.
Como em todos os partidos da
chamada classe burguesa, toda luta política na realidade consiste na disputa de
cadeiras individuais no parlamento, luta em que, de acordo com as conveniências,
posições e princípios são atirados fora, como lastros de areia, da mesma maneira
que os seus programas são alterados em todos os sentidos. E por essa bitola são
avaliadas as suas forças. Falta-lhes aquela forte atração magnética, que sempre
seguem as massas, sob a impressão incoercível dos altos, dominadores pontos de
vista e da força convincente da fé inabalável, dobrada pelo espírito combativo
que a sustenta.
Mas, numa época em que uma
parte, aparelhada com todas as armas de uma nova doutrina, embora mil vozes
criminosa, se prepara para o ataque a uma ordem existente, a outra parte só pode
resistir-lhe sempre se adotar fórmulas de uma nova fé política; em nosso caso,
se trocar a senha de uma defesa fraca e covarde pelo grito de guerra de um
ataque animoso e brutal, Por isso, se hoje os chamados ministros
nacionais-burgueses, até mesmo do centro bávaro, fazem a espirituosa censura de
que o nosso movimento trabalha por uma "revolução", só uma resposta se pode dar
a esses políticos liliputianos: Sim, tentamos recuperar o que perdestes com a
vossa criminosa estupidez. Com os princípios do vosso avacalhado
parlamentarismo, cooperastes para que a nação fosse arrastada ao abismo; nós,
porém, mesmo de forma agressiva, lançando uma nova concepção do mundo e
defendendo-lhe os princípios de maneira fanática e inexorável, prepararemos os
degraus pelos quais um dia o nosso povo poderá subir de novo ao templo da
liberdade.
Assim, ao tempo da fundação do novo
movimento, os nossos primeiros cuidados deveriam ser sempre no sentido de
impedir que o exército dos nossos combatentes por uma nova e elevada convicção
se tornasse uma simples liga para a proteção de interesses
parlamentares.
A primeira medida preventiva foi
a elaboração de um programa que conduzisse convenientemente a um desenvolvimento
que, pela sua grandeza Intima, fosse apropriado a afugentar os espíritos
pequeninos e fracos de nossa atual política
partidária.
Quanto era certo o nosso conceito
da necessidade de um programa de pontos de mira definidos, provou claramente o
fatal enfraquecimento que levou a Alemanha à
ruína.
Desse conhecimento devem sair novas
fórmulas do conceito de Estado, que sejam parte essencial de uma nova concepção
do mundo.
Já no primeiro volume desta obra
analisei a palavra "popular" (volkisch), pois constatei que esse termo parece
pouco preciso para permitir a formação de uma definida comunidade de
combatentes. Tudo o que é possível imaginar, embora sejam coisas completamente
distintas, corre sob a capa de "popular". Por isso, antes de passar à missão e
objetivos do Partido Alemão Nacional Socialista dos Trabalhadores, devo
determinar o conceito de "popular" e suas relações com o movimento
partidário.
O conceito "popular" parece tão mal
delimitado, tão mal explicado, e tão Ilimitado no seu emprego quanto a palavra
"religioso". Deveras difícil é compreender-se por essa palavra alguma coisa
exata, quer quanto à percepção do pensamento, quer quanto à realização prática.
O termo "religioso" só é fácil de perceber no momento em que aparece ligado a
uma forma determinada e delimitada de realização. É uma bela e fácil explicação
qualificar um homem de "profundamente religioso". Haverá, decerto, algumas raras
pessoas que se sintam satisfeitas com uma tal denominação geral, porque tais
pessoas podem perceber uma imagem mais ou menos viva desse estado de espírito.
Mas, para as grandes massas, que não são constituídas nem de santos nem de
filósofos, tal idéia geral religiosa apenas significaria para eles, na maioria
dos casos, a tradução de seu modo individual de pensar e de agir, sem
entretanto, conduzir àquela eficiência que imediatamente desperta a intima ânsia
religiosa pela formação, no ilimitado mundo mental, de uma fé definida. De
certo, não é esse o fim em si, mas apenas um meio para o fim; todavia, é um meio
absolutamente inevitável para que afinal se possa alcançar o fim. E esse fim não
é simplesmente ideal, mas, em última análise, essencialmente prático. Como cada
um de nós pode capacitar-se de que os mais elevados ideais sempre correspondem a
uma profunda necessidade da vida, assim a sublimidade da beleza está, em
derradeira instância, na sua utilidade
lógica.
A fé, auxiliando o homem a elevar-se
acima do nível da vida vulgar, contribui em verdade para a firmeza e segurança
de sua existência. Tome-se à humanidade contemporânea a sua educação apoiada nos
princípios da fé e da religião, na sua significação prática, quando à moral e
aos costumes, eliminando-a sem substitui-la por outra educação de igual valor, e
ter-se-á em conseqüência um grave abalo nos fundamentos da existência humana. E
deve ter-se em mente que não é só o homem que vive para servir os altos Ideais,
mas que também, ao contrário, esses altos Ideais pressupõem a existência do
homem. E assim se fecha o circulo.
A
denominação "religioso" implica, naturalmente, pensamentos doutrinários ou
convicções, como, por exemplo, a indestrutibilidade da alma, a sua vida Imortal,
a existência de um ser supremo, etc. Mas todos esses pensamentos, ainda que para
o indivíduo sejam muito convincentes, sofrem o exame critico Individual e com
isso a hesitação que afirma ou nega, até que ele aceite, não a noção sentimental
ou o conhecimento, mas a legítima força da fé apodítica. Esse é o principal
fator da luta que abre brecha no reconhecimento das concepções religiosas. Sem a
clara delimitação da fé, a religiosidade, na sua obscura polimorfia não só seria
inútil para a vida humana, mas provavelmente contribuiria para a confusão
geral.
O mesmo que acontece com o conceito
"religioso" se dá com o termo "popular". Nele se subentendem também noções
doutrinárias. Estas são, todavia, bem que da mais alta significação pela forma,
determinadas com tão pouca clareza, que só tomam o valor de uma opinião a ser
mais ou menos reconhecida quando postas no quadro de um partido político. Porque
a realização dos ideais de uma concepção do mundo e das exigência. dela
decorrentes resulta tão pouco do sentimento puro e da vontade interior do homem,
em si, como, porventura, a conquista da liberdade do natural anseio por ela.
Não, só quando o impulso ideal para a independência sob a forma de força militar
recebe organização combativa - pode o ardente desejo de um povo converter-se em
realidade.
Cada concepção do mundo, por mais
justa e de mais alta utilidade que seja para a humanidade, ficará sem
significação para o aperfeiçoamento prático da vida de uma população, enquanto
não se tornem os seus princípios o estandarte de um movimento de luta, que, por
sua vez, se converte em um partido; enquanto não tiver transformado as suas
idéias em vitória e os seus dogmas partidários não formarem as novas leis
fundamentais do Estado.
Mas se uma
representação mental de um modo geral deve servir de base a um futuro
desenvolvimento, nesse caso a primeira condição é a absoluta clareza do caráter,
natureza e amplitude dessa representação, pois só sobre esses alicerces é
possível organizar um movimento que, pela intrínseca homogeneidade de suas
convicções, possa desenvolver as necessárias forças para a luta. Um programa
político deve ser caracterizado por Idéias gerais e por uma definida fé política
em uma doutrina universal. Esta, visto que o seu objetivo deve ser praticamente
realizável, deverá servir não só à idéia em si, mas também tomar em consideração
os elementos de luta existentes e a serem empregados para a consecução da
vitória dessa Idéia. A uma idéia mentalmente correta que o autor do programa
tenha de anunciar, deve associar-se o conhecimento prático do homem político.
Assim, um eterno ideal deve contentar-se, infelizmente, com ser a estréia guia
da humanidade, tendo em consideração as fraquezas humanas, para não naufragar
desde o Inicio ante a geral deficiência do homem. Ao investigador da verdade
deve associar-se o investigador da psicologia popular, para, do reino do eterno
verdadeiro e do ideal, retirar o que é humanamente possível para os pobres
mortais.
A conversão da representação ideal de
uma concepção do mundo da máxima veracidade em uma fé política e em uma
organização combativa definida e centralizada, pelo espírito e pela vontade é o
serviço mais Importante, pois do feliz resultado desse trabalho dependem
exclusivamente as possibilidades de vitória de uma idéia. Preciso é, pois, que
do exército, por vezes de milhões de homens, dos quais cada um pressente ou
mesmo compreende de modo mais ou menos claro essa verdade, seria alguém que, com
força apodítica, forme, das idéias vacilantes das massas, princípios graníficos
e empreenda o combate em defesa deles, até que do jogo livre das ondas do mundo
mental se erga o rochedo da aliança da fé e da
vontade.
Tentando extrair a significação
profunda da palavra "popular", chegamos à conclusão
seguinte:
A nossa concepção política usual
repousa geralmente sobre a idéia de que ao Estado, em si, se pode atribuir força
criadora e cultural, mas que ele nada tem a ver com a questão racial; e que ele
é, antes de mais nada, um produto das necessidades econômicas ou, no melhor dos
casos, a resultante natural da competição política pelo poder. Essa concepção
fundamental, em seu lógico e conseqüente desenvolvimento progressivo, leva não
só ao desconhecimento das forças primordiais da raça como à desvalorização do
indivíduo. Porque a negação da diferença entre as raças, em relação à capacidade
cultural de cada uma delas, implica necessariamente em transferir esse grande
erro para a apreciação do indivíduo. A aceitação da identidade das raças viria a
ser o fundamento de um semelhante modo de ver em relação aos povos e depois em
relação aos homens individualmente. Por isso, o marxismo internacional é
simplesmente a versão aceita pelo judeu Karl Marx de idéias e conceitos já há
muito tempo existentes de fato sob a forma de aceitação de uma determinada fé
política. Sem o alicerce de uma semelhante intoxicação geral já existente,
jamais teria sido possível o espantoso êxito político dessa doutrina. Entre os
milhões de indivíduos de um mundo que lentamente se corrompia, Karl Marx foi, de
fato, um que reconheceu, com o olho seguro de um profeta, a verdadeira
substância tóxica e a apanhou para, como um feiticeiro, com ela aniquilar
rapidamente a vida das nações livres da terra. Tudo isso, porém, a serviço de
sua raça.
A doutrina de Marx é assim o extrato
espiritual concentrado das doutrinas universais hoje geralmente aceitas. E, por
esse motivo, qualquer luta do nosso chamado mundo burguês contra ela é
impossível, até ridícula, pois esse mundo burguês está inteiramente impregnado
dessas substancias venenosas e admira uma concepção do mundo que, em geral, só
se distingue da marxística em grau e pessoas, o mundo burguês é marxístico, mas
acredita na possibilidade do domínio de determinado grupo de homens (burguesia),
ao passo que o marxismo procura calculadamente entregar o mundo às mãos dos
judeus.
Em face disso, a concepção "racista"
distingue a humanidade em seus primitivos elementos raciais, Ela vê, no Estado,
em princípio, apenas um meio para um fim e concebe como fim a conservação da
existência racial humana. Consequentemente, não admite, em absoluto, a igualdade
das raças, antes reconhece na sua diferença maior ou menor valor e, assim
entendendo, sente-se no dever de, conforme à eterna vontade que governa este
universo, promover a vitória dos melhores, dos mais fortes e exigir a
subordinação dos piores, dos mais fracos. Admite, assim, em princípios, o
pensamento aristocrático fundamental da Natureza e acredita na validade dessa
lei, em ordem descendente, até o mais baixo dos seres. Vê não só os diferentes
valores das raças, mas também os diferentes valores dos indivíduos. Das massas
destaca ela a significação das pessoas, mas, nisso, em face do marxismo
desorganizador, age de maneira organizadora. Crê na necessidade de uma
idealização da vida humana, pois só nela vê a justificação da existência da
humanidade. Não pode aprovar, porém, a idéia ética do direito à existência, se
essa idéia representa um perigo para a vida racial dos portadores de uma ética
superior pois, em um mundo de mestiços e de negros, estariam para sempre
perdidos todos os conceitos humanos do belo e do sublime, todas as idéias de um
futuro ideal da humanidade.
A cultura humana e
a civilização nesta parte do mundo estão inseparavelmente ligadas à existência
dos arianos. A sua extinção ou decadência faria recair sobre o globo o véu
escuro de uma época de barbaria.
A destruição
da existência da cultura humana pelo aniquilamento de seus detentores é, porém,
aos olhos de uma concepção racista do mundo, o mais abominável dos crimes. Quem
ousa pôr as mãos sobre a mais elevada semelhança de Deus ofende a essa maravilha
do Criador e coopera para a sua expulsão do
paraíso.
Assim corresponde a concepção racista
do mundo ao intimo desejo da Natureza, pois restitui o jogo livre das forças que
encaminharão a uma mais alta cultura humana, até que, enfim, conquistada a
terra, uma melhor humanidade possa livremente chegar a realizações em domínios
que atualmente se acham fora e acima
dela.
Todos pressentimos que, em remoto futuro,
surgirão ao homem problemas para cuja solução deverá ser chamada uma raça
superior, apoiada nos meios e possibilidades de todo o- globo
terrestre.
Está claro que a constatação geral
de uma concepção racista de análogo conteúdo pode dar lugar a milhares de
interpretações. De fato, dificilmente acharemos uma, para a nossa nova
instituição política, que não se refira de qualquer modo a essa concepção. Ela
prova, todavia, exatamente pela sua própria existência em face de muitas outras,
a diferença de suas concepções.
Assim, à
organização central da concepção marxística, opõe-se uma mixórdia de conceitos
que, idealmente, à vista da fechada "frente" inimiga, é pouco impressionante.
Não se ganha a vitória pelejando com armas fracas! Somente opondo à concepção
internacional - politicamente dirigida pelo marxismo - uma concepção igualmente
dotada de organização central e direção racista, será possível, com igual
energia combativa, alcançar o sucesso para a verdade
eterna.
Mas a organização de uma concepção do
mundo só pode efetuar-se duradouramente sobre a base de uma fórmula definida e
clara. Os princípios políticos do partido em formação devem ser como os dogmas
para a Religião.
Por isso, a concepção racista
do mundo tem de tornar-se um instrumento que permita ao Partido as devidas
possibilidades de luta, tal como a organização partidária marxista abre o
caminho para o internacionalismo.
Esse fim visa
o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores
Alemães.
Que uma tal compreensão partidária do
conceito racista implica na vitória da concepção racista, a melhor prova é dada,
- ao menos indiretamente, pelos próprios adversários de uma tal união
partidária. Exatamente aqueles que não se cansam de insistir que a concepção
racista não é privilégio de um indivíduo, mas que dormita ou vive sabe Deus no
coração de quantos milhões de pessoas, documentam, com isso, que o fato da
existência de uma tal idéia de modo algum impediria a vitória da concepção
adversa, que, sem dúvida, terá a representação clássica de um partido político.
E se não fora assim, já o povo alemão teria alcançado uma gigantesca vitória e
não jazeria à beira de um abismo. O que deu êxito à concepção internacional foi
o fato de ser representada por um partido político nos moldes de um batalhão de
assalto: o que fez sucumbir a concepção contrária foi a falta, até agora, de uma
representação centralizada. Não é pela faculdade de interpretar um conceito
geral, mas sim, pela forma definida e por isso mesmo concentrada de uma
organização política que pode lutar e vencer uma nova
doutrina.
Por isso, compreendi que a minha
própria missão era especialmente selecionar, da vasta informe matéria de uma
concepção do mundo, as idéias nucleares e fundi-las em fórmulas mais ou menos
dogmáticas, que, na sua clara delimitação, servissem para unir e coordenar os
homens que as aceitassem. Por outras palavras: o Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores Alemães apropria-se das características essenciais do pensamento
fundamental de uma concepção geral racista do mundo; e, tomando em consideração
a realidade prática, o tempo, o material humano existente, com as suas
fraquezas, forma uma já política, a qual, por sua vez, dentro desse modo de
entender a rígida organização das grandes massas humanas, autoriza a prever a
luta vitoriosa dessa nova doutrina.
CAPÍTULO II - O ESTADO
Já nos anos de
1920 e 1921, nosso novo movimento era constantemente acusado nos círculos
burgueses, hoje fora da época, de manter uma atitude de reação contra o Estado.
Dai concluíam todos os partidos que lhes assistia o direito de combaterem, por
todos os meios possíveis, o inconveniente campeão de uma nova doutrina. De
propósito, esqueceram esses partidos que a própria burguesia já não considera o
Estado como um corpo homogêneo e que, do mesmo, não dava e nem pode dar uma
definição precisa. Ë verdade que há professores, nas nossas universidades
oficiais, que, nas suas conferências sobre direito público, tem por tarefa
encontrar uma explicação para a existência mais ou menos feliz do Estado que
lhes assegura o pão. Quanto pior um Estado é constituído tanto mais confusa e
incompreensível é a explicação da sua finalidade. Que poderia, por exemplo,
outrora, um professor da Universidade do império, escrever a respeito do sentido
e da finalidade do Estado em um país cujo Governo é a maior monstruosidade do
século XX? É realmente uma tarefa difícil, se pensarmos que, no ensino do
direito público, em nossos dias, há menos a preocupação de atender à verdade do
que alcançar um determinado objetivo. Esse objetivo consiste em conservar, a
todo preço, a monstruosidade que se designa pelo nome de Estado. Ninguém se
admire de que, na discussão desse problema, sejam postos à margem os verdadeiros
pontos de vista para, em seu lugar, pôr-se um amálgama de valores e objetivos
intelectuais e morais.
Entre esses indivíduos
devem-se distinguir três grupos.
a) O grupo dos
que vêem o Estado como uma reunião mais ou menos voluntária de indivíduos sob a
mesma administração oficial.
Esse grupo é o
mais numeroso. Nas suas fileiras, encontram-se, sobretudo, os fanáticos pelo
princípio da legitimidade, para os quais, nesses assuntos, a vontade dos homens
não desempenha nenhum papel. Para esses, a simples existência do Estado dá-lhes
direito a uma inviolabilidade sagrada. Para defender essa concepção idiota eles
observam uma fidelidade de cão em relação à autoridade do Estado. Assim, com a
rapidez de um relâmpago, eles convertem um meio em uma
finalidade.
O Estado, para estes indivíduos,
não existe para servir aos homens mas estes são destinados a adorar a autoridade
do Estado, que se personaliza em qualquer empregado público. Para que esse
Estado, objeto de uma verdadeira adoração, não se perturbe, é que o governo toma
a si a defesa da ordem e da tranqüilidade. A autoridade, então, já não- é um fim
nem um meio. O Estado tem que cuidar da ordem e da tranqüilidade e,
inversamente, essa ordem e tranqüilidade deve facilitar a existência do Estado.
A vida Toda tem que se circunscrever entre esses dois
pólos.
Na Baviera, eram principais
representantes dessa teoria os políticos do chamado Partido Popular Bávaro; na
Áustria, eram os Legitimistas, no Império alemão, eram os Conservadores que se
batiam por essas idéias.
b) O segundo grupo é
um pouco menor em número. Nesse grupo devem ser computados os que não acreditam
que a autoridade do Estado seja a única finalidade do mesmo, mas condicionam-na
a umas tantas exigências. Esses desejam não somente um Governo único, mas
também, se possível, uma língua única, quando não por outras razões ao menos por
motivos de técnica administrativa. A autoridade já não é a única, a exclusiva
finalidade do Estado. Este tem que cuidar também do bem-estar do povo. Idéias de
"liberdade", geralmente mal compreendidas, insinuam-se na compreensão do Estado,
por parte desse grupo. A forma de governo já não é considerada intangível só por
sua .existência em si. Discute-se também a sua conveniência. O caráter sagrado
da idade não a abriga contra as críticas do presente. Os principais
representantes dessas idéias encontram se entre os burgueses, sobretudo entre os
liberais-democratas.
c) O terceiro grupo é o
mais fraco em número. Vê no Estado um instrumento para realizar tendências vagas
no sentido de uma política de força, por uma nação unificada e falando a mesma
língua.
A aspiração de uma língua única não se
manifesta somente na esperança de se criar um fundamento capaz de produzir um
aumento de prestígio da nação no exterior, mas, não menos, na falsíssima opinião
de que, por esse meio, se conseguirá uma orientação definida na obra de
nacionalização. Era uma tristeza ver-se, durante os últimos cem anos, como
indivíduos tendo essas idéias na maior parte dos casos de boa fé - jogavam com a
palavra "germanizar". Lembro-me como, na minha juventude, esse vocábulo dava
margem a concepções absolutamente falsas. Mesmo nos círculos pan-germanistas,
ouvia-se a opinião de que, com auxílio do Governo, poder-se-ia realizar com
sucesso a germanização da Áustria eslava, sem que ninguém se apercebesse que só
se pode germanizar um território e nunca um povo. O que se compreendia pela
palavra germanização resumia-se na adoção forçada da língua. É quase incrível
que alguém pense ser possível transformar um negro ou um chinês em alemão
somente por ter o mesmo aprendido a língua alemã e esteja disposto a falá-la por
toda a vida e a votar em qualquer dos partidos políticos alemães. Os meios
nacionalistas burgueses nunca se elevaram à compreensão de que semelhante
processo de germanização redundaria em uma desgermanização. Quando, hoje, pela
imposição de uma língua comum, se diminuem ou mesmo se suprimem as diferenças
mais sensíveis entre os povos, isso representa um começo de abastardamento da
raça e, no nosso caso, não uma germanização mas a destruição dos elementos
germânicos. Acontece muito freqüentemente na História que um povo conquistador
consiga impor a sua língua aos vencidos, e que, depois de milhares de anos, essa
língua venha a ser falada pois outro povo e que assim o vencedor passe à posição
de vencido.
Desde que a nacionalidade, ou,
melhor, a raça, não está na língua que se fala, mas no sangue, só se deveria
falar em germanização se, por um tal processo, se pudesse modificar o sangue dos
indivíduos. Isso é absolutamente impossível. Essa modificação teria que ser
feita pela mistura do sangue, o que resultaria no rebaixamento do nível da raça
superior. A conseqüência final seria a destruição justamente das qualidades que
tinham preparado o povo conquistador para a vitória. Por uma tal mistura com
raças inferiores, sobretudo as forças culturais desapareceriam mesmo que o
produto daí resultante falasse perfeitamente a língua da raça superior. Durante
muito tempo, travar-se-á uma luta entre os dois espíritos e pode ser que o povo
que desce cada vez mais de nível consiga, por um esforço supremo, elevar-se e
criar uma cultura de surpreendente valor. Isso pode acontecer com os indivíduos
das raças mais elevadas ou com os bastardos, nos quais, no primeiro cruzamento,
ainda prevalece o melhor sangue: nunca se verificará, porém, esse fato com os
produtos definitivos da mistura. Nesses verificar-se-á sempre um movimento de
regressão cultural.
Deve-se considerar uma
felicidade que a germanização da Áustria, nos moldes da empreendida por
Francisco José, não fosse continuada. O sucesso da mesma ter-se-ia traduzido na
conservação do Estado austríaco, mas em um rebaixamento do nível da raça alemã.
Talvez daí surgisse um novo Estado, mas uma cultura ter-se-ia perdido. Com o
correr dos séculos, ler-se-ia organizado um rebanho, mas esse rebanho seria de
valor muito medíocre. Dai poderia talvez surgir um povo organizado em Estado,
mas com isso teria desaparecido uma
civilização.
Foi muito melhor para a nação
alemã que se não tivesse realizado essa mistura, aliás evitada não por motivos
elevados mas devido à curteza de vistas dos Habsburgos. Se o contrário tivesse
acontecido, hoje mal se poderia apontar o povo alemão como um fator de
cultura.
Não só na Áustria como na própria
Alemanha, os chamados nacionalistas eram e ainda são inclinados a essas idéias
falsas. A tão desejada política polonesa, no sentido de uma germanização do
oeste, apoiava-se quase sempre em idênticos sofismas. Acreditava-se poder
conseguir a germanização dos elementos poloneses apenas pela adoção da língua. O
resultado dessa tentativa só poderia ser funesto. Um povo de raça estrangeira
exprimindo os seus pensamentos próprios em língua alemã só poderia, por sua
mediocridade, comprometer a majestade do espírito
alemão.
Os grandes prejuízos que,
indiretamente, já sofreu o espírito alemão, podem ser constatados no fato de os
americanos, por falta de conhecimentos, confundirem o dialeto judaico com o
alemão. A ninguém passará pela idéia que essa piolheira judaica que, no oriente,
fala alemão, só por isso deve ser vista como de descendência alemã, como
pertencente ao povo alemão.
A história mostra
que foi a germanização da terra, que os nossos antepassados promoveram pela
espada, a que nos trouxe proveitos, pois essa terra conquistada era colonizada
com agricultores alemães, sempre que o sangue estrangeiro foi introduzido no
corpo da nação, os seus desastrados eleitos se fizeram sentir sobre o caráter do
povo, dando lugar ao super-individualismo, infelizmente ainda hoje muito
apreciado.
Nesse terceiro grupo a que aludimos
acima, o Estado é visto, de certa maneira, como um fim, sendo a sua conservação
a mais alta missão da vida dos indivíduos.
Em
resumo, pode-se afirmar que todos esses pontos de vista não têm as suas raízes
mais profundas na convicção de que as forças culturais e criadoras de um povo
repousam nos elementos raciais e que o Estado deve ter como seu mais alto
objetivo a conservação e aperfeiçoamento da raça, base de todos os progressos
culturais da humanidade.
As últimas
conseqüências dessa concepção falsa sobre a existência e a finalidade do Estado
foram tiradas pelo judeu Karl Marx. Enquanto o mundo burguês abandonava o
conceito do Estado, tendo por base os deveres para com a raça, e não conseguia
substituir essa concepção por outra fórmula- que pudesse ser aceita, uma outra
doutrina que chegava a negar o próprio Estado abria caminho no mundo
moderno.
Nesse campo, a luta do mundo burguês
contra o internacionalismo marxístico deveria ser um fracasso completo. A
burguesia já tinha, há - muito tempo, sacrificado os fundamentos absolutamente
indispensáveis para a defesa de suas idéias. Seus espertos adversários,
reconhecendo a fraqueza das instituições do inimigo, lançaram-se na luta com as
próprias armas que este, embora involuntariamente, lhes
fornecera.
Por tudo isso, o primeiro dever de
um novo movimento que repousa sobre o fundamento da raça, é dar uma forma clara,
bem definida, da concepção sobre a existência e a finalidade do
Estado.
O grande princípio que nunca deveremos
perder de vista é que o Estado é um meio e não um fim. É a base sobre que deve
repousar uma mais elevada cultura humana, mas não e a causa da mesma. Essa
cultura depende da existência de uma raça superior, de capacidade civilizadora.
Poderia haver centenas de Estados modelos no mundo e isso não impediria que, com
o desaparecimento dos arianos, formadores de cultura, desaparecesse a
civilização no nível em que se encontra atualmente nas nações mais
adiantadas.
Podemos avançar mais um pouco e
proclamar que o fato dos indivíduos se organizarem em Estados, de nenhum modo
afastaria a possibilidade do desaparecimento da raça humana, desde que uma
capacidade intelectual superior e um grande poder de adaptação se perdessem por
falta de uma raça para conservá-las.
Se, por
exemplo, a superfície da terra fosse inundada por um dilúvio, e, do meio das
vagas do oceano, surgisse um novo Himalaia, nessa terrível catástrofe
desapareceria a cultura humana. Nenhum Estado persistiria, os bandos se
dissolveriam, seriam destruídos os atestados de uma evolução de milhares de anos
e restaria de tudo apenas um vasto cemitério coberto de água e de lama. Mas, se
desse horrível caos, se conservassem alguns homens pertencentes a uma certa raça
de capacidade criadora, de novo, embora isso durasse milhares de anos, no mundo,
depois de cessada a tempestade, se notariam sinais da existência do poder
criador da humanidade. Só o desaparecimento das últimas raças capazes
transformaria a terra em um vasto deserto. O contrário disso vemos em exemplos
do presente. Estados têm existido que por não possuírem, devido a suas origens
raciais, a genialidade indispensável, não puderam evitar a sua ruína. O que
aconteceu com certas espécies animais dos tempos pré-históricos, que cederam
lugar a outras e, por fim, desapareceram completamente, acontece com os povos,
quando lhes falta a força espiritual, única arma capaz de assegurar sua própria
conservação!
O Estado em si não cria um
determinado standard de cultura, pode apenas conservar a raça de que depende
essa civilização. Em outra hipótese, o Estado poderá durar centenas de anos, mas
se não tiver evitado a mistura de raças, a capacidade cultural e todas as
manifestações da vida a ela condicionadas sofrerão profundas
modificações.
O Estado de hoje, por exemplo,
pode, como mecanismo, ainda por muito tempo aparentar vida, mas o envenenamento
da raça criará fatalmente um rebaixamento cultural que, aliás, já se nota hoje
em proporções assustadoras.
Assim sendo, a
condição essencial para a formação de uma humanidade superior não é o Estado mas
a raça.
Nações ou, melhor, raças, possuidoras
de gênio criador trazem sempre essas virtudes consigo, embora, muitas vezes, em
estado latente, mesmo quando circunstâncias exteriores, desfavoráveis em dado
momento, não permitam o seu desenvolvimento. É um ultraje, por exemplo, imaginar
que os povos alemães de antes da era cristã eram bárbaros. Bárbaros nunca foram
eles. O clima áspero dos países do Norte forçou-os a viver sob condições que não
lhes permitiram desenvolver suas qualidades
criadoras.
Se o mundo clássico nunca tivesse
existido, se os alemães tivessem descido para os países do sul, de clima mais
favorável, e ali tivessem contado com os primeiros auxílios da técnica,
empregando a seu serviço raças que lhe eram Inferiores, então a capacidade
criadora latente teria produzido uma civilização tão brilhante como a dos
Helenos.
Mas esta força criadora de cultura nem
sempre se encontra nos climas do Norte. O Lapônio, transportado para o sul,
produziria tão pouco, sob o ponto de vista cultural, como o esquimó. Essa
capacidade dominadora e criadora é característica do ariano, que a possui em
estado latente ou em toda sua eficiência, tudo dependendo das condições do meio
que ou permitem a sua expansão ou a
impedem.
Daí resultam os seguintes
princípios:
O Estado é um meio para um fim. Sua
finalidade consiste na conservação e no progresso de uma coletividade sob o
ponto de vista físico e espiritual. Essa conservação abraça em primeiro lugar
tudo o que diz respeito à defesa da raça, permitindo, por esse meio, a expansão
de todas as forças latentes da mesma. Pela utilização dessas forças,
promover-se-á a defesa da vida física e, por outro - lado, o desenvolvimento
intelectual. Na realidade, os dois estão sempre em função um do outro. Estados
que não atendem a esse objetivo são criações artificiais, simples mostrengos. O
fato de semelhante Estado existir em nada altera essa verdade, assim como o
êxito de uma associação de piratas não justifica o
saque.
Nós, nacionais-socialistas, como
defensores de uma nova concepção do mundo, não devemos nunca nos colocar no
ponto de vista falso das chamadas "realidades". Se assim acontecesse não
seríamos os fatores de uma grande idéia mas escravos das mentiras em voga. Temos
que estabelecer bem claramente a diferença entre o Estado como continente e a
raça como conteúdo. Esse continente só tem sentido se puder manter e proteger o
conteúdo. Na hipótese contrária, torna-se
inútil.
Assim, a finalidade principal de um
Estado nacionalista é a conservação dos primitivos elementos raciais que, por
seu poder de disseminar a cultura, criam a beleza e a dignidade de uma
humanidade mais elevada. Nós, como arianos, i. 'vendo sob um determinado
Governo, podemos apenas imaginá-lo como um organismo vivo da nossa raça que não
só assegurará a conservação dessa raça, mas a colocará em situação de, por suas
possibilidades intelectuais, atingir uma mais alta
liberdade.
O que hoje se tenta apresentar-nos
como um tipo de Estado é apenas o produto de um grande erro de que resultarão as
conseqüências mais deploráveis.
Nós,
nacionais-socialistas, sabemos muito bem que o mundo atual nos contempla como
revolucionários devido às nossas Idéias e, com esse qualificativo, pretende
estigmatizar-nos. Os nossos pensamentos e ações não se devem, porém, deixar
influenciar pela aprovação ou condenação dos contemporâneos, mas, ao contrário,
devemos nos manter cada vez mais firmes na defesa das verdades que reconhecemos.
Poderemos assim ficar certos de que uma mais clara visão da posteridade não só
compreenderá a nossa atuação de hoje, como aceitá-la-á como justa e dar-lhe-á o
devido apreço.
Por esse critério é que devemos,
nós, nacionais-socialistas, medir o valor de um Estado Esse valor será relativo
quanto a um determinado povo e absoluto no que diz respeito à humanidade em si.
Em outras palavras:
O valor de um Estado não
pode ser apreciado pela sua elevação cultural ou pelo seu poder em comparação
com outros povos, mas, em última análise, pela justeza de sua orientação em
relação à posteridade.
Um Estado pode ser
apontado como modelar quando não somente corresponde às condições da vida do
povo que representa mas também assegura a existência material desse povo,
qualquer que seja a importância cultural que as instituições atinjam no resto do
mundo.
A missão do Estado não é criar
capacidades mas tornar possível a expansão das forças
existentes.
Por outro lado, pode-se apontar
como um Estado mal organizado aquele em que, qualquer que seja a elevação de sua
cultura, consente na ruína, sob o ponto de vista racial, dos portadores dessa
cultura. Pois assim se eliminaria praticamente a condição indispensável para a
continuação dessa civilização que, aliás, não foi criada por ele mas é o fruto
de um espírito nacional criador garantido por uma organização estatal
conveniente. O Estado não é um conteúdo mas uma
forma.
A elevação da cultura de um povo,
qualquer que ela seja, não dá a medida por que se deve apreciar o valor de um
Estado.
É evidente que um povo altamente
civilizado dá de si uma impressão mais elevada do que um povo de negros. Não
obstante isso, a organização estatal do primeiro, observada quanto à maneira por
que realiza a sua finalidade, pode ser pior que a dos negros. Assim como a
melhor forma de governo não pode produzir, em um povo, capacidades que não
existiam antes, assim um Estado mal organizado pode, promovendo a ruína dos
indivíduos de uma determinada raça, fazer desaparecerem as qualidades criadoras
que possuíam na origem.
Conclui-se daí que o
julgamento da boa ou má organização de um Estado só poderá ser feito pela
relativa utilidade que oferece a um determinado povo e nunca pela importância
que atinge em face do mundo.
Esse julgamento
relativo pode ser fácil e acertadamente feito. O juízo, porém, sobre o valor
absoluto é muito difícil, pois não depende somente da organização estatal, mas
principalmente das qualidades de determinado
povo.
Quando se fala de uma mais elevada missão
do Estado, não se deve nunca esquecer que a maior finalidade reside no povo e
que o dever do Governo é tornar possível, com a sua organização, a livre
expansão das forças existentes.
Quando, porém,
nos perguntamos qual o Estado que precisamos instituir para nós, devemos
primeiro esclarecer que espécie de homens se há. de propor produzir e qual o
objetivo que está destinado a servir. Infelizmente, o âmago da nacionalidade
alemã já não é mais homogêneo, sob o ponto de vista racial. o processo de fusão
dos elementos originais não tinha ainda ido tão longe que já se pudesse afirmar
que uma nova raça tinha surgido dessa fusão. Ao contrário, o envenenamento
racial de que o nosso país se vem ressentindo, desde a guerra dos Trinta Anos,
não só perturbou a pureza do sangue como da própria alma do
povo.
As fronteiras abertas da Pátria, a
vizinhança de elementos não germânicos nas fronteiras, e, sobretudo, a corrente
contínua de sangue estrangeiro no interior do Império, não dão tempo a uma fusão
absoluta, desde que a invasão continua sem
interrupção.
Não se formará uma nova raça, mas
as diferentes raças continuarão a viver umas ao lado das outras. A conseqüência
disso é que, nos momentos críticos, justamente quando os rebanhos se costumam
unir, os alemães se debandam em todas as
direções.
Não é só nos seus respectivos
territórios que os elementos raciais se comportam diferentemente o mesmo
acontece com os indivíduos de raças diferentes, dentro das mesmas fronteiras.
Coloquem-se homens do norte ao lado de homens de leste, ao lado de homens de
leste homens do oeste e o resultado será a
mistura.
Por um lado, isso é de grandes
vantagens.
Falta aos alemães o espírito
gregário que sempre se verifica quando todos são do mesmo sangue e que protege
as nações contra a ruma, sobretudo nos momentos de perigo, em que todas as
pequenas diferenças desaparecem e o povo, como um só rebanho, enfrenta o inimigo
comum.
Na existência de elementos raciais
diferentes, que se não fundiram, está o fundamento do que designamos pela
palavra super-individualismo.
Nos tempos de
paz, esse super-individualismo poderia ser útil, mas, bem examinadas as coisas,
foi o que nos arrastou a sermos dominados pelo
mundo.
Se o povo alemão, na sua evolução
histórica, possuísse aquela inabalável unidade, que foi de tanta utilidade a
outros povos, seria hoje o senhor do globo terrestre. A história do mundo teria
tomado outro curso. Não veríamos esses cegos pacifistas mendigarem a paz através
de queixas e lamentações, pois a paz do mundo não se mantém com as lágrimas de
carpideiras pacifistas, mas pela espada vitoriosa de um povo dominador que põe o
mundo a serviço de uma alta cultura.
O fato da
não existência de uma perfeita unidade racial causou-nos grandes males. Isso deu
lugar ao surto de um pequeno número de potentados alemães, mas retirou à
Alemanha o direito à dominação, Ainda hoje, o nosso povo sofre as conseqüências
dessa desunião. O que, no passado e no presente, causou a nossa infelicidade,
pode ser, porém, a nossa salvação no futuro. Por mais prejudicial que, por um
lado, tenha sido a falta de fusão dos diferentes elementos raciais, o que
impediu a formação da perfeita unidade nacional, é incontestável que, por outro,
com isso se conseguiu que, pelo menos uma parte do povo, de melhor sangue, se
conservasse na sua pureza, evitando-se assim a ruína da
raças.
Certamente, uma completa fusão dos
primitivos elementos raciais originaria uma unidade mais perfeita, mas, como se
verifica em todos os cruzamentos, a capacidade criadora seria menor do que a
possuída pelos elementos primitivos superiores. Foi uma felicidade que não se
tenha dado a fusão completa, pois, por isso, ainda possuímos representantes do
puro sangue germânico do Norte, em que vemos o mais precioso tesouro para o
nosso futuro. Nos dias sombrios de hoje, em que é completa a ignorância sobre as
leis raciais, em que todos os homens são tidos como iguais, não se tem uma idéia
clara dos diferentes valores dos elementos raciais primitivos. Sabemos hoje que
uma mistura completa dos diversos componentes do nos. w organismo racial
poderia, em conseqüência de uma maior unificação, ter-nos proporcionado maior
poder exterior, mas o maior objetivo da humanidade não poderia ser atingido, uma
vez que os indivíduos apontados pela Providência a realizá-lo tinham
desaparecido na mistura geral.
O que a sorte
evitou, sem o querermos, devemos experimentar e utilizar à luz dos conhecimentos
adquiridos de então para cá.
Quem falar de uma
missão do povo alemão neste mundo, deve saber que essa missão só pode consistir
na formação de um Estado que vê, como sua maior finalidade, a conservação e o
progresso dos elementos raciais que se mantiveram puros no seio do nosso povo,
na humanidade inteira.
Com essa missão, o
Estado, pela primeira vez, assume a sua verdadeira finalidade. Em vez do
palavreado irrisório sobre a segurança da paz e da ordem, por meios pacíficos, a
missão da conservação e do progresso de uma raça superior escolhida por Deus é
que deve ser vista como a mais elevada.
Em
lugar de uma máquina que só se esforça por viver, deve ser criado um organismo
vivo com o objetivo único de servir a uma nova
idéia.
O Estado alemão deve reunir todos os
alemães com a finalidade não só de selecionar os melhores elementos raciais e
conservá-los mas também de elevá-los, lenta mas firmemente, a uma posição de
domínio.
Nesse período de luta, deve-se entrar
com a mais firme resolução. Como sempre acontece em tudo neste mundo, aqui mais
uma vez se verifica a verdade deste provérbio - máquina que não trabalha se
enferruja e também que a vitória está sempre no ataque. Quanto maior for o
objetivo que tivermos diante de nós, quanto menor for a compreensão das massas
no momento, tanto mais prodigioso será - de acordo com as lições da história - o
êxito, desde que o alvo seja bem compreendido e a luta dirigida com firmeza
inabalável.
É muito natural que a maior parte
dos empregados que hoje controlam o Estado se sintam mais a cômodo trabalhando
para conservar o statu quo atual do que lutando por uma nova ordem de coisas.
Eles sentirão que é mais fácil considerar o Estado como uma máquina que existe
somente para garantir-lhes a subsistência, uma vez que as suas vidas, como eles
costumam dizer, pertencem ao Estado.
Como
dissemos acima, é mais fácil ver na autoridade do Estado apenas um mecanismo do
que encará-la como a corporificação da força de conservação de um povo na
terra.
No primeiro caso, para esses espíritos
fracos, o Estado é uma finalidade em si; no segundo, é a arma poderosa a serviço
da eterna luta pela existência, arma que não é mecânica, mas a expressão de uma
vontade geral em favor da conservação da vida. Na luta pelas novas idéias - que
estão em harmonia com o sentido original das coisas - encontraremos poucos
combatentes no seio de uma sociedade de homens envelhecidos, não só de corpo
como de espirito também, o que é ainda mais
lamentável.
Só virão para as nossas fileiras os
indivíduos excepcionais, Isto é, os velhos de coração e de espírito moços. Nunca
se incorporarão às nossas hostes aqueles que pensam ser a finalidade única da
vida manter inalterável a situação
atual.
Contra nós se arregimentara um exército
composto menos dos indivíduos maus do que dos indiferentes, preguiçosos mentais,
e dos interessados na conservação do atual estado de coisas. O grito de guerra
que, logo de início, afugenta os fracos, é o toque de reunir das naturezas
dotadas de espírito combativo.
Devemos ter
sempre presente no espírito que quando uma certa soma de grande energia e
eficiência de um povo é concentrada em um determino4o fim e segregada
definitivamente, da inércia das grandes massas, essa pequena minoria está
destinada a dominar o resto. A história do mundo é feita pelas minorias, desde
que elas tenham incorporado a maior parte do poder de vontade e de determinação
do povo.
Isso que, a muitos, parece uma
desvantagem, é, na realidade, a condição indispensável para a nossa vitória. Na
grandeza e na dificuldade da nossa tarefa, está a possibilidade de que só os
melhores Lutadores formarão conosco. Nessa seleção está a garantia do
sucesso.
A própria natureza consegue fazer
certas correções nos seres vivos, no que diz respeito à pureza da raça. Ela tem
muito pouca inclinação pelos bastardos. Os primeiros produtos desse cruzamento
são os que mais sofrem, quando não na primeira, na terceira, quarta ou quinta
geração. Perdem as qualidades da raça superior, e, pela falta de unidade racial,
perdem também a constância na força de vontade e de decisão. Em todos os
momentos críticos em que as raças puras tomam resoluções certas e firmes, o
bastardo ficará indeciso, tomará meias medidas. Isso não se traduz somente na
inferioridade da mistura em relação à pureza mas, na prática, na possibilidade
de uma mais rápida ruína. Em um sem-número de casos, em que a raça pura resiste,
os bastardos se deixam vencer. Nisso se deve ver uma das maneiras de correção da
natureza. Ela vai mais adiante, quando restringe a possibilidade de procriação.
Com isso proíbe a fecundidade de novos cruzamentos e arrasta-os ao
extermínio.
Se, por exemplo, em uma determinada
raça, um indivíduo cruza com outro de raça inferior, o resultado imediato é a
baixa do nível racial e, depois, o enfraquecimento dos descendentes, em
comparação com os representantes da raça pura. Proibindo-se absolutamente novos
cruzamentos com a raça superior, os bastardos, cruzando-se entre si, ou
desapareceriam, dada a sua pouca resistência, ou, com o correr dos tempos,
através de misturas constantes, criariam um tipo em que não mais se reconheceria
nenhuma das qualidades da raça pura.
Assim se
formaria uma nova raça com uma certa capacidade de resistência passiva, mas
muito diminuída na importância da sua cultura em relação à raça superior do
primeiro cruzamento. Nesse último caso, na luta pela existência, o bastardo será
sempre vencido, enquanto existir, como adversário, o representante de uma raça
pura.
No correr dos tempos, todos esses novos
organismos raciais, em conseqüência do rebaixamento do nível da raça e da
diminuição da elasticidade espiritual, daí decorrente, não poderiam sair
vitoriosos em uma luta com uma raça pura, mesmo intelectualmente
atrasada.
Pode-se, pois, estabelecer o seguinte
princípio:
Toda mistura de raça tende, mais
cedo ou mais tarde, a provocar a decadência do produto híbrido, enquanto a raça
superior do cruzamento se mantiver em sua pureza. Só quando os últimos
representantes da raça superior se tornam bastardos é que para os produtos
híbridos cessa o perigo de
desaparecimento.
Inicia-se, então, um processo
natural, mas lento, de regeneração, que gradualmente eliminará o veneno racial,
desde que ainda exista um es toque de elementos puros e que se tenha impedido a
mistura.
A essa situação podem chegar mesmo
indivíduos com o mais forte instinto racial e que, por força de certas situações
ou por influência de coação, foram obrigados a abandonar os processos normais de
multiplicação! Logo, porém, que essa situação excepcional deixa de exercer sua
influência, a parte pura da raça procurará unir-se aos seus semelhantes, opondo
um dique ao abastardamento. Os produtos bastardos entram por si mesmos para um
segundo Plano a menos que, pelo número considerável por eles já atingido, a
resistência dos elementos raciais puros se tivesse tornado
impossível.
O homem que, uma vez, perdeu os
seus instintos e se nega ao cumprimento dos deveres que a natureza lhe impõe,
não deve, em regra, nada esperar de um corretivo da natureza, desde que não
tenha compensado com um conhecimento visível a perda desse instinto. Há, nesse
caso, sempre o perigo de que o indivíduo, completamente cego, cada vez mais
destrua as fronteiras entre as raças até perder de todo as melhores qualidades
da raça superior. Resultará de tudo isso uma massa informe que os famosos
reformadores de nossos dias vêem como um ideal. Em pouco tempo, desapareceria do
mundo o idealismo. Poder-se-ia com isso formar um grande rebanho de indivíduos
passivos, mas nunca de homens portadores e criadores de cultura. A missão da
humanidade deveria, então, ser vista como
terminada.
Quem não quiser que a humanidade
marche para essa situação, deve-se converter à idéia de que a missão principal
dos Estados Germânicos, é cuidar de pôr um paradeiro a uma progressiva mistura
de raças.
A- geração dos nossos conhecidos
fracalhões de hoje naturalmente gritará e se queixará de ofensa aos mais
sagrados direitos dos homens.
Só existe, porém,
um direito sagrado e esse direito é, ao mesmo tempo, um dever dos mais sagrados,
consistindo em velar pela pureza racial, para, pela defesa da parte mais sadia
da humanidade, tornar possível um aperfeiçoamento maior da espécie
humana.
O primeiro dever de um Estado
nacionalista é evitar que o casamento continue a ser uma constante vergonha para
a raça e consagrá-lo como uma instituição destinada a reproduzir a imagem de
Deus e não criaturas monstruosas, meio homens meio macacos. Protestos contra
isso estão de acordo com uma época que permite qualquer degenerado reproduzir-se
e lançar uma carga de indizíveis sofrimentos sobre os seus contemporâneos e
descendentes, enquanto, por outro lado, meios de evitar a procriação são
oferecidas à venda em todas as farmácias e até anunciados pelos camelôs, mesmo
quando se trata de pais sadios.
Neste estado de
"paz e ordem" dos dias de hoje, neste mundo de bravos "nacionalistas" burgueses,
a proibição da procriação de portadores de sífilis, tuberculose e outras
moléstias contagiosas, de mutilados e de cretinos, é Vista como um crime, ao
passo que a esterilidade de milhares dos indivíduos mais fortes de nossa raça
não é tida como um mal ou ofensa à moral dessa hipócrita sociedade, mas
aproveita ao seu comodismo. Se fosse de outra maneira, eles teriam que quebrar a
cabeça para arranjar meios de prover à subsistência e à conservação dos
elementos sadios da nação, que deveriam prestar esse grande serviço às gerações
futuras.
Como esse sistema é desprovido de
ideal e de honra! Ninguém se preocupa em cultivar o que há de melhor, em
benefício da posteridade, mas, ao contrário, deixam-se as coisas continuarem
como estão.
Até a nossa igreja, que fala sempre
no homem como criado à imagem de Deus, peca contra esse princípio, cuidando
simplesmente da alma, enquanto deixa o homem descer à posição de degradado
proletário. A gente fica transido de vergonha ao ver a atuação da fé cristã, em
nosso próprio país, em relação à "impiedade" desses indivíduos pecos de espírito
e degradados de corpo, enquanto se procura levar a bênção da igreja a cafres e
hotentotes. Enquanto os povos europeus são devastados por uma lepra moral e
física, erra o piedoso missionário pela África Central, organiza missões de
negros, até conseguir a nossa "elevada cultura" fazer de indivíduos sadios,
embora primitivos e atrasados, bastardos, preguiçosos e
incapazes.
Seria muito mais nobre que ambas as
igrejas cristãs, em vez de importunarem os negros com missões, que estes não
desejam nem compreendem, ensinassem aos europeus, com gestos bondosos, mas com
toda seriedade, que é agradável a Deus que os pais não sadios tenham compaixão
das pobres criancinhas sadias e que evitem trazer ao mundo filhos que só trazem
infelicidade para si e para os outros.
O que
não tem sido feito em outros setores deve ser empreendido pelo Estado. , raça
deve ser vista como ponto central da atuação do Estado na vida geral da nação.
Deve ser conservada pura. A infância deve ser vista como a mais preciosa
propriedade da Pátria. Deve-se providenciar para que só pais sadios possam ter
filhos. Só há uma coisa vergonhosa: é que pessoas doentes ou com certos defeitos
possam procriar, e deve ser considerada uma grande honra impedir que isso
aconteça. Por outro lado, deve ser condenado o privar a nação de filhos sadios,
o Estado deve pôr todos os recursos médicos a serviço dessa concepção. Deve
proclamar como incapaz de procriar quem quer que seja doente ou tenha certas
taras hereditárias e levar esse propósito ao terreno prático. Deve providenciar
também para que a fecundidade de uma mulher sadia não seja diminuída pelas
malditas condições econômicas de um regime em que o ter filhos é tido como uma
calamidade pelos pais. Deve-se libertar a nação dessa indolente e criminosa
indiferença com que se tratam as famílias de muitos filhos e, em lugar disso,
ver nelas a maior felicidade de um povo. Os cuidados da nação devem ser mais em
favor das crianças do que dos adultos.
Quem,
física ou espiritualmente, não é sadio ou digno, não deve perpetuar os seus
defeitos através de seus filhos! Nisso consiste a maior tarefa educativa do
Estado nacionalista. Isso será visto, de futuro, como uma obra mais elevada do
que as mais vitoriosas guerras do atual século burguês. Educando o indivíduo, o
Estado deve ensinar que não é uma vergonha, mas uma lamentável infelicidade, ser
fraco ou doente, mas é um crime e também uma vergonha que se arrastem, nessa
infelicidade, por mero egoísmo, inocentes criaturas. Ao contrário é uma prova de
grande nobreza de sentimentos, do mais admirável espírito de humanidade, que o
doente renuncie a ter filhos seus e consagre seu amor e sua ternura a alguma
criança pobre, cuja saúde dá esperança de Vir a ser ela um membro de valor de
uma comunidade forte. Nessa obra de educação, o Estado deve coroar os seus
esforços tratando também do aspecto intelectual. Deve agir, nesse sentido, sem
consideração de qualquer espécie, sem procurar saber se a sua atuação é bem ou
mal entendida, popular ou impopular.
Só uma
proibição, durante seis séculos, da procriação de degenerados físicos e de
doentes de espírito não só libertaria a humanidade dessa imensa infelicidade
como produziria uma situação de salubridade que, hoje, parece quase impossível.
Se se realizar com método um plano de procriação dos mais sadios, o resultado
será a constituição de uma raça que trará em si as qualidades primitivas,
evitando assim a degradação física e intelectual de
hoje.
Só depois de ter tomado esse caminho é
que um povo e um Governo conseguirão melhorar uma raça e aumentar a sua
capacidade de procriar, permitindo, afinal, à coletividade retirar todas as
vantagens da existência de uma raça sadia, o que constitui a maior felicidade de
uma nação.
É preciso que o Governo não deixe ao
acaso os novos elementos incorporados à nação, mas, ao contrário, submeta-os a
determinadas normas. Devem ser organizadas comissões que tenham a seu cargo
fornecer atestados a esses indivíduos, atestados que obedeçam ao critério da
pureza racial. Assim se formarão colônias cujos habitantes todos serão
portadores do mais puro sangue e, ao mesmo tempo, de grande capacidade. Serão o
mais precioso tesouro da nação. O seu progresso deve ser visto com orgulho por
todos, pois neles estão os germes de um grande desenvolvimento da nação e da
própria humanidade.
A nova doutrina deve
procurar no seio do Estado, criar um ambiente mais puro e mais elevado em que os
homens não mais dediquem toda a sua atenção à seleção de cavalos, cães e gatos,
mas sim procurem melhorar a sua própria situação, pela renúncia consciente de
uns - os que não devem procriar - e pelo sacrifício espontâneo de outros, os que
têm aquela capacidade.
Isso não deve ser
impossível em um mundo em que centenas de milhares de homens voluntariamente se
entregam ao celibato, apenas por força de um compromisso
religioso.
Não será possível essa renúncia, se,
em lugar do voto religioso, se colocar a advertência de que se deve pôr um
paradeiro ao envenenamento da raça e dar ao mundo apenas criaturas verdadeiras
feitas à imagem do Criador?
É verdade que o
calamitoso exército dos nossos burgueses de hoje não entenderá isso. Eles
encolherão os ombros ou sairão sempre com as suas eternas evasivas. Dirão: "isso
é muito bonito mas é irrealizável". No mundo deles, isso é, de fato, impossível,
pois não têm capacidade para esse sacrifício. Eles só têm uma preocupação - o
seu próprio eu. O seu único Deus é o dinheiro. Mas nos não nos dirigimos a esses
e sim às grandes legiões daqueles que, por demasiado pobres, vêem na sua própria
vida a única felicidade e que não têm como Deus o dinheiro, mas possuem outras
crenças. Sobretudo à mocidade alemã, é que nos dirigimos. A juventude alemã, de
futuro, ou constrói um novo Estado nacionalista ou será a última testemunha da
derrocada, do fim do mundo burguês.
Quando uma
geração sofre de certos males que ela conhece e contenta-se, como é o caso atual
do mundo burguês, em declarar levianamente que nada se pode fazer, está
fatalmente condenada à destruição.
A principal
característica da nossa burguesia é que já não pode negar a enfermidade. Ela é
obrigada a confessar que há muita coisa podre, mas não é capaz de resolver-se a
combater o mal e, coordenando, com toda energia, a força de sessenta ou setenta
milhões de homens, resistir ao perigo. Quando acontece o contrário, procura-se,
pelo menos de longe, provar a impossibilidade teórica desse modo de proceder e
mostrar que não se deve nem pensar em êxito. Não há razão, por mais absurda, que
não invoquem em apoio da sua mesquinha
propaganda.
Se, por exemplo, um continente
inteiro, envenenado pelo álcool, se recusa a combater esse mal e libertar o povo
das suas garras, o nosso mundo burguês nada encontra para dizer. Limita-se a
arregalar os olhos e levantar os ombros.
Com
uma coisa não devemos nos enganar: a nossa burguesia atual é incapaz de realizar
qualquer grande missão na humanidade. E é incapaz, na minha opinião, não porque
seja deliberadamente má, mas devido a sua incrível indolência e tudo que daí
decorre.
Há muito tempo, os clubes políticos
que atendem pelo nome de partidos burgueses nada mais são do que sociedades que
representam certas classes e profissões e a sua maior finalidade é defender
interesses egoísticos, da melhor maneira possível. É óbvio que uma liga política
de burgueses, como os nossos, presta-se para tudo menos para a luta,
especialmente quando o adversário consiste, não em tímidos lojistas, mas em
massas proletárias e absolutamente resolvidos à
luta.
Se reconhecemos que a nossa maior missão,
a bem do povo, é a conservação e o aperfeiçoamento dos melhores elementos
raciais, é natural que os nossos cuidados não parem após o nascimento, mas
continuem na educação da criança, para a sua transformação em uma
individualidade apta para a
multiplicação.
Assim como, em conjunto, a
condição essencial para a capacidade de realizações espirituais é a virtude
racial, da mesma maneira, quanto ao indivíduo, a educação deve ter em mira, em
primeiro lugar, o aperfeiçoamento físico, pois, em regra, é nos indivíduos
sadios e fortes que se encontra a maior capacidade intelectual. Não desmente
essa verdade o fato de que muitos gênios são fisicamente mal formados e, até
mesmo, doentes. Trata-se, nesse caso, de exceções que apenas confirmam a regra
geral. Se a massa de um povo é composta de degenerados físicos, muito raramente
surgirá desse pântano um espírito realmente grande. Da sua atuação, não é
lícito, em nenhum caso, esperar grande coisa. A massa inferior ou não o
entendera absolutamente ou será tão fraca de vontade que não conseguirá
acompanhar o gênio nos seus surtos.
Tendo isso
em vista, o Estado deve dirigir a educação do povo, não no sentido puramente
intelectual, mas visando sobretudo à formação de corpos sadios. Em segundo
plano, é que vem a educação intelectual. Aqui ainda, a formação do caráter deve
ser a primeira preocupação, especialmente a formação do poder de vontade e de
decisão e do hábito de assumir com prazer todas as responsabilidades. Só depois
disso, é que vem a aquisição do conhecimento
puro.
O Estado deve agir na presunção de que um
homem de modesta educação, mas fisicamente sadio, de caráter firme, confiante em
si mesmo e na sua força de vontade, é mais útil à comunidade do que um indivíduo
fraco, embora altamente instruído.
Um povo de
sábios, fisicamente degenerados, torna-se fraco de vontade e transforma-se em um
corpo de pacifistas covardes que nunca se elevara às grandes ações e nem mesmo
poderá assegurar-se a existência na terra.
Em
uma áspera luta pela vida, é raramente vencido o que sabe menos, mas sempre os
que não podem tirar partido da sua ciência, na sua atuação na vida. Deve, pois,
haver uma harmonia entre os dois pontos de
vista.
De um corpo apodrecido, mesmo servido
por um brilhante espírito, nada de grande é lícito esperar. As altas criações
intelectuais nunca se realizarão por intermédio de caracteres dúbios, sem força
de vontade e fisicamente doentes. O que tornou
imperecível o ideal da beleza grega foi a harmonia entre a beleza física e a
espiritual e moral.
O refrão popular, segundo o
qual a "felicidade, no final das contas, está sempre reservada aos mais capazes"
também se aplica na harmonia que deve existir entre o corpo e o espírito. O
espírito sadio geralmente coincide com o corpo
sadio.
A cultura física não é, pois, um
problema que só interesse ao indivíduo ou que afete somente aos pais, mas é um
requisito Indispensável para a conservação da raça, a que o Estado deve
proteção.
Assim como, já hoje, o Estado, no que
diz respeito à cultura intelectual, passa por cima do livre arbítrio dos
indivíduos e, sem consultar a vontade dos pais, torna obrigatória a freqüência
às escolas, assim também o Estado, de futuro, deve agir no problema da
conservação da raça, sem indagar se as razões para essa atitude são ou não são
compreendidas pelas massas.
O Estado deve
dirigir a educação do povo de maneira que a infância, desde os primeiros tempos,
se prepare a enfrentar a luta pela vida que a espera. Deve tomar todo o cuidado
para que não se forme uma geração de
comodistas.
Esse trabalho de educação e
assistência deve ser iniciado pelas mães. Assim como foi possível, com um
cuidadoso trabalho de dez anos, conseguir um ambiente livre de infecções para o
nascimento, limitando as possibilidades de febres puerperais, também devem ser e
serão possíveis, por meio de real educação das irmãs e das próprias mães, já nos
primeiros anos da criança, cuidados que forneçam excelentes bases para um
desenvolvimento futuro.
Em um Estado
nacionalista, a escola deve reservar mais tempo para o exercícios
físicos.
De nenhum interesses é que se
sobrecarregue o cérebro das crianças com excesso de conhecimentos que, a prática
demonstra, só em uma proporção insignificante, são conservados. Na maior parte
dos casos, esquecem o importante e guardam o que é secundário, sabido como é que
as crianças não estão em condições de fazer a seleção da matéria que lhes é
ensinada. Foi um erro crasso ter-se, hoje, até no programa das escolas médias,
deliberado reservar à ginástica apenas duas horas por semana e, isso mesmo sem
caráter obrigatório. Não se deve passar um dia sem que cada jovem tenha, pelo
menos, uma hora de exercício físico, pela manhã e à tarde, em esportes e
ginástica. Especialmente o boxe, visto por muitos nacionalistas "como rude e
indigno", não deve ser esquecido. É incrível a soma de idéias falsas que, entre
os "educados", há sobre esse assunto. Julga-se natural e honroso que os
indivíduos aprendam a lutar, a bater-se em duelo, mas jogar boxe é grosseiro!
Por que? Não há desporto que estimule tanto o espírito de ataque. Mais do que
nenhum outro, requer decisões rápidas e enrija e torna flexível o corpo, ao
mesmo tempo. Não é mais grosseiro que dois jovens decidam uma disputa a soco do
que a espada. Não é também mais nobre que um indivíduo atacado se defenda a
murros do seu agressor, em vez de correr a gritar por socorro? Antes de tudo, o
rapaz sadio deve aprender a suportar pancadas. Isso, aos olhos dos nossos
"lutadores intelectuais", pode parecer selvagem. Mas um Estado nacionalista não
tem por missão fundar uma colônia de estetas pacifistas ou de degenerados
físicos. O ideal humano não consiste em modestos burgueses ou virtuosas
solteironas, mas, ao contrário, em homens e mulheres fortes que possam dar ao
mundo outros seres em idênticas condições.
A
função do esporte não é somente a de tornar os indivíduos ágeis e destemidos,
mas também de prepará-los para suportarem todas as
reações.
Se as nossas classes intelectuais não
tivessem sido educadas exclusivamente em desportos elegantes; se, em vez disso,
tivessem aprendido o boxe, nunca teria sido possível uma revolução alemã de
rufiões, de desertores e de outros indivíduos do mesmo jaez. O que assegurou o
êxito da Revolução não foi a intrepidez e a coragem dos seus organizadores, mas
a covardia, a miserável irresolução dos que dirigiam o Estado e eram
responsáveis pela sua conservação. Os condutores intelectuais do nosso povo
recebiam apenas educação espiritual e, por isso, ficaram sem poder reagir, no
momento em que os adversários, em vez de armas espirituais, puseram em cena ate
alavancas. A Revolução só triunfou porque a educação ministrada nas escolas
superiores não formava homens, no verdadeiro sentido da palavra, mas
funcionários, engenheiros, juristas, literatos e, por fim, professores
encarregados de manter sempre viva essa instrução puramente
intelectual.
Nossa direção intelectual produziu
brilhantes resultados, mas o cultivo da força de vontade sempre esteve abaixo de
qualquer crítica. É claro que, por meio da educação, não se pode transformar um
intelectual covarde em um homem corajoso. É evidente também que um homem, que
não é covarde por natureza, mas prejudicado no desenvolvimento de suas
qualidades individuais, desde que não receba uma educação que aperfeiçoe a sua
força física e a sua destreza, será, logo de início, derrotado. É no exército
que se pode avaliar o quanto a capacidade física estimula a coragem e desperta o
espírito de ataque. A excelente instrução recebida pelos nossos soldados,
durante a paz, inoculou, nesse gigantesco organismo, a fé sugestiva na sua
própria superioridade, em proporções que os nossos próprios adversários não
julgavam possível.
O imortal espírito de
combatividade e de coragem que, nos meses do fim do verão e no outono de 1914,
se verificou na ofensiva do exército alemão, foi efeito exclusivamente dos
ininterruptos exercícios dos tempos de paz, que permitiram que, de corpos
fracos, se obtivessem os efeitos mais incríveis e que neles inspirou uma
confiança em si mesmos que nunca mais os abandonou nas maiores
refregas.
Justamente agora que a nação alemã
está em colapso, espezinhada por todo mundo, é que mais se faz necessária aquela
confiança em si mesma. Essa confiança deve ser cultivada na juventude, desde a
meninice. Toda a sua educação, todo o seu treinamento, devem ser dirigidos no
sentido de dar-lhe a convicção da sua superioridade. Certa da sua força e da sua
habilidade, a mocidade deve readquirir a fé na invencibilidade da sua nação. O
que levou, outrora, o exército alemão à vitória foi a confiança extraordinária
que cada um tinha em si mesmo e todos tinham nos seus chefes. O que poderá
levantar de novo o povo alemão é a convicção de que a liberdade ainda poderá ser
reconquistada. Mas essa convicção só poderá ser o produto final de um sentimento
partilhado por milhões de indivíduos.
Ninguém
se engane sobre isso.
Inaudita foi a derrocada
da nossa nação, inaudito deve ser o esforço para, um dia, se pôr um fim a essa
deplorável situação. Engana-se desgraçadamente quem acredita que o nosso povo,
continuando essa educação burguesa inspirada na "paz e na ordem", poderá
conquistar a força necessária para modificar a situação atual de ruína e jogar
os nossos grilhões de escravos à face dos nossos adversários. Só por um imenso
desenvolvimento de nossa força de vontade, por uma sede de liberdade e por uma
alta devoção à Pátria é que se poderá reconquistar o que nos tem
faltado.
Até o vestuário dos jovens deve ser
apropriado a esse fim. É uma verdadeira lástima ser obrigado a ver como os moços
de hoje se submetem a uma moda idiota que muito bem se traduz no ditado popular
que as roupas fazem os homens.
Justamente na
mocidade é que o vestuário deve estar em função da finalidade educacional. Um
jovem, que, no verão, anda para cima e para baixo vestido até ao pescoço, só por
isso dificulta a sua educação física. O espírito de honra e - digamos entre nós
- a vaidade devem ser cultivados, não a vaidade de possuir belas roupas, que nem
todos podem comprar, mas a de criar-se um corpo bem formado, a que todos podem
concorrer.
Isso corresponde, para o futuro, a
uma certa finalidade. A rapariga deve conhecer o seu cavalheiro. Se a beleza
física não se ocultasse hoje, completamente, sob as vestes da moda idiota, e a
sedução de centenas de milhares de moças, por judeus bastardos, de pernas tortas
e desengonçados, não seria possível. Está também no interesses da nação que se
chegue à formação de corpos perfeitos, a fim de se criar um novo ideal de
beleza.
Isso é mais necessário, hoje, por
faltar a educação militar, cuja organização supria em parte a deficiência de
nosso sistema educacional de outrora. O êxito dessa organização não se via
somente na educação do indivíduo, mas também na sua influência sobre as relações
entre os dois sexos. A rapariga alemã preferia o soldado ao
civil.
É dever do Estado nacionalista cultivar
a eficiência física, não somente nos anos de freqüência à escola mas também
depois da idade escolar. Enquanto o indivíduo se estiver desenvolvendo
fisicamente, este desenvolvimento deve ser dirigido de modo que se torne para
ele uma bênção futura.
É idiotice pensar que o
direito do Estado em superintender a educação da sua mocidade termina com a
idade escolar e só recomeça com o serviço militar. Esse direito é um dever que
nunca deve ser perdido de vista.
O Governo
atual, que não tem nenhum interesses pela saúde do povo, abandonou essa missão
da maneira mais criminosa. Consente que a mocidade se desmoralize nas ruas e nos
bordéis, em vez de dirigi-la de maneira que de futuro se transforme em homens e
mulheres sadios.
De que maneira o Estado
continua a dirigir essa educação pode ser, hoje, indiferente; o essencial é que
ele o faça e procure o caminho para chegar a esse fim. O Estado tem como uma das
suas finalidades, a educação, tanto intelectual como física, dos jovens, depois
da idade escolar. E essa educação deve ser realizada de acordo com a orientação
oficial, visando, nas suas linhas gerais, o serviço
militar.
O exército não deve, como até agora,
instruir os moços apenas nos exercícios regulamentares mas transformar jovens já
perfeitos, no ponto de vista físico, em verdadeiros
soldados.
Em um Estado nacionalista, o exército
não existe só para ensinar o homem a marchar e a outros exercícios militares,
mas deve ser a mais alta escola da educação nacional. Naturalmente, o jovem
recruta deve aprender a manejar as armas, mas, ao mesmo tempo, deve ser
preparado para a Vida futura. Nessa escola é que o rapaz se deve transformar em
homem. Não deve só aprender a obedecer, mas também a comandar, de futuro. Deve
aprender a silenciar não só quando é censurado com razão, mas deve também
aprender a suportar a injustiça em
silêncio.
Apoiado na confiança de sua própria
força, empolgado pelo espírito de classe, ele deve adquirir a convicção de que
sua Pátria é invencível.
Quando tiver terminado
seu serviço militar deve estar em condições de poder exibir dois documentos: seu
diploma de cidadão, que lhe dá o direito a tomar parte na vida pública, e um
atestado de saúde que lhe dá direito a
casar-se.
A educação do sexo feminino deve
obedecer ao mesmo critério da do sexo masculino. O ponto mais importante é a
educação física, vindo, em seguida, o desenvolvimento do caráter e, por último,
o valor intelectual. A preocupação principal, na educação das mulheres, é formar
futuras mães.
Só, em segundo plano, o Estado
nacionalista tem de promover a for. mação do
caráter.
As qualidades reais de caráter, nos
indivíduos, são inatas: o egoísta é e será sempre egoísta, o idealista sincero
será sempre idealista. Entre esses dois caracteres, absolutamente típicos, há
milhões que aparecem cujo caráter é confuso, indistinto. O criminoso nato será
sempre criminoso, mas há inúmeras pessoas que possuem uma certa tendência para o
crime e que poderão ser corrigidas e transformadas em ótimos membros de uma
coletividade. Inversamente, caracteres dúbios podem, por defeito de educação,
transformar-se em péssimos elementos.
Quantas
vezes, durante a Guerra, não ouvi queixas sobre a indiscrição do nosso povo,
que, com dificuldade, podia guardar os mais importantes segredos, mesmo perante
o inimigo! Mas, consideremos: Que fez a educação alemã, antes da Guerra, para
recomendar a discrição como uma virtude? Na escola, o delator não era preferido
ao que se mantinha em silêncio? Alguém procurou, por acaso, apontar a discrição
como uma grande virtude? Não! Nas nossas escolas, essa virtude é considerada
coisa insignificante. Apenas, essa insignificância custou à nação incontáveis
milhões, pois noventa por cento dos processos de ofensa e outros têm sua origem
na incapacidade de manter o
silêncio.
Afirmações feitas sem
responsabilidade são retrucadas da mesma maneira. Nossa economia é
constantemente prejudicada pela divulgação dos mais importantes métodos de
fabricação, etc., e todos os preparativos para a defesa do país são simplesmente
ilusórios, porque o povo nunca aprendeu a ser discreto. Durante uma guerra, esse
amor à indiscrição pode ocasionar a perda de batalhas e constitui a causa
principal do insucesso de uma campanha. Ninguém se deve esquecer de que o que
não é praticado na mocidade não pode ser aprendido na idade madura. Dai se
conclui que o professor não deve procurar tomar conhecimento de pequenas
travessuras, cultivando a delação. A mocidade tem o seu governo próprio. Ela tem
para com os mais crescidos uma solidariedade mais limitada, perfeitamente
compreensível. A ligação de uma criança de dez anos com outra da mesma idade é
maior e mais natural do que com uma mais crescida. Uma criança que denuncia seu
camarada, pratica uma traição que, no sentido figurado, corresponde a uma
traição contra a Pátria. Tal criança não pode ser vista como "valente" e
"independente", mas como possuindo qualidades de caráter de pouco valor. Para o
professor pode ser mais cômodo, a fim de manter a autoridade, utilizar esse mau
costume, mas, no coração da criança, esse processo ocasionará um sentimento que
agirá como um germe fatal. Não é raro de um pequeno delator sair um grande
tratante.Isso é apenas um exemplo entre muitos. Na escola de hoje o
desenvolvimento intelectual é maior, mas as nobres qualidades de caráter estão
reduzidas quase a zero. Deve-se, por isso, dar maior importância ao outro ponto
de vista. Fidelidade, capacidade de sacrifício, discrição, são virtudes de que
um grande povo precisa e cujo ensino e cultivo nas escolas é mais importante do
que muita coisa que, atualmente, figura nos
programas.
Também deve fazer parte desse plano
o combate às lamúrias e eternas queixas. Se um processo educacional deixa de
atuar, na criança, de modo que essa se acostume a suportar em silêncio todos os
sofrimentos, ninguém se deve admirar que, mais tarde, no momento crítico, na
linha de frente de uma batalha, por exemplo, o tráfico postal só se ocupe em
transmitir cartas lamuriantes de um lado e de outro. Se a nossa juventude, nas
escolas, tivesse aprendido menos conhecimentos e se tivesse mais exercitado no
domínio de si mesma. grandes vantagens se teriam verificado nos anos de
1915-1918.
Por tudo isso, o Estado
nacionalista, na sua missão educativa, deve dar a maior importância à educação
física e à do caráter. Inúmeras deformidades existentes hoje no organismo
nacional seriam, por esse processo de educação, quando não afastadas pelo menos
minoradas.
Da maior importância é a formação da
força de vontade e do poder de decisão, assim como do prazer da
responsabilidade.
Assim como no exército era
convicção geral, antigamente, que uma ordem é sempre melhor do que nenhuma,
também na juventude uma resposta é sempre melhor do que nenhuma. O receio de,
para não dar uma resposta falsa, não dar nenhuma resposta, deve envergonhar mais
do que responder errado. Isso vai aos poucos acostumando os jovens a terem a
coragem de suas atitudes.
Era geral a queixa,
em novembro e dezembro de 1918, de que havia ineficiência em todos os setores, e
que, a partir do Imperador ao último comandante de divisão, ninguém tinha
coragem de tomar uma decisão independente Essa terrível realidade é uma praga da
nossa educação, pois nessa cruel catástrofe apareceu apenas em vasta escala o
que já existia por toda parte em casos de menor
importância.
É essa falta de poder de vontade e
não a falta de material de guerra que, hoje, nos torna incapazes de resistência
séria. Está profundamente arraigada no nosso povo e proíbe-nos de tomar qualquer
resolução que ofereça um perigo, como se a grandeza de uma ação não consistisse
na ousadia com que é atacada.
Sem o querer, um
general alemão encontrou uma fórmula para essa miserável falta de decisão,
quando avançou: Não ao nunca sem. contar pelo menos com 51% de probabilidades de
êxito. Nesses 51% está a razão da trágica ruína da
Alemanha.
Quem confia à sorte a vitória de uma
causa, não compreende a importância de um ato de heroísmo. Esse está justamente
na convicção de que, diante da possibilidade do perigo, dá-se o passo que pode
levar à vitória. Um canceroso, cuja morte é certa, não precisa de 51% de
probabilidades para tentar uma operação. Se essa operação lhe oferece um meio
por cento de possibilidade de cura, ele, sendo homem corajoso, arriscar-se-á à
mesma. Se não o fizer não tem o direito de se queixar da sorte. A epidemia de
falta de vontade e de espírito de decisão é, em última análise, sobretudo a
conseqüência da falha educação da mocidade, cuja atuação devastadora se faz
sentir na vida e cujas últimas conseqüências são a falta de coragem cívica dos
estadistas que dirigem a nação.
Sob o mesmo
aspecto, pode ser visto o terror da responsabilidade que grassa em todo o país.
Nesse caso também, o motivo inicial está na maneira por que se educa a
juventude. Essa falta de responsabilidade conta. mina toda a vida pública e
encontra a sua mais alta expressão na instituição do
Parlamento.
Já na escola dá-se mais valor a uma
demonstração de remorso e de contrição do que a uma franca confissão do
erro.
Justamente porque o Estado nacionalista
deve, de futuro, prestar toda atenção ao cultivo da força de vontade e de
decisão, deve implantar nos corações juvenis, desde a meninice até a idade
adulta, a alegria da responsabilidade e a coragem de confessar as suas
faltas.
Somente quando o Estado compreender
essa necessidade em toda a sua significação, poderá. depois de um trabalho
secular, ter como resultado disso um organismo nacional, não mais composto
dessas criaturas fracas que tanto contribuíram para a nossa
ruína.
A instrução científica que, hoje, é o
objetivo único da educação oficial pode ser adotada pelo Estado nacionalista com
algumas modificações, que podem ser resumidas nestes três
itens.
Em primeiro lugar, o cérebro infantil
não deve ser sobrecarregado com assuntos, noventa por cento dos quais são
desnecessários e cedo esquecidos.
O programa
das escolas populares e das escolas médias, é o mais anarquizado. Em muitos
casos, a matéria é tão vasta que só uma parte é conservada e essa mesmo não
encontra emprego na vida prática. Do outro lado, nada se aprende que seja de
utilidade, em uma determinada profissão, para a conquista do pão
quotidiano.
Tome-se, por exemplo, na idade de
trinta e seis ou quarenta anos, o tipo normal do burocrata, que tenha feito o
curso do Ginásio ou da Oberrealschule, e faça-se um exame sobre o que ele
aprendeu na escola. Como é pouco o que ele conservou de tudo quanto lhe meteram
na cabeça!
Poder-se-á responder que a instrução
ministrada na escola não visa somente o objetivo de posse posterior de múltiplos
conhecimentos mas também o desenvolvimento da capacidade de assimilação, de
raciocínio e de atenção do cérebro. Em parte, isso é
verdadeiro.
Nisso há, porém, sempre, um perigo.
O cérebro juvenil fica empanturrado de impressões que, em raríssimos casos,
consegue assimilar completamente e cuja importância, nos detalhes, não pode
perceber nem compreender. Por isso, na maioria dos casos não é o secundário mas
o essencial, que os jovens esquecem. Não é, por exemplo, compreensível que
milhões de pessoas, no decorrer de anos, sejam obrigados a aprender duas ou três
línguas estrangeiras que, só em proporções insignificantes, podem utilizar, e
que, na maioria dos casos, esquecem inteiramente. De cem mil alunos que aprendem
francês, por exemplo, talvez apenas dois mil possam encontrar utilização para
esse conhecimento, enquanto os outros para o mesmo não encontrarão nenhum
emprego, durante .toda a sua vida. Na juventude, dedicaram milhares de horas a
um assunto, sem nenhum valor para a sua vida futura. Contra mil homens, para os
quais o conhecimento dessa língua foi de alguma utilidade prática, há noventa e
oito mil que foram inutilmente submetidos ao suplício de aprendê-la, com
sacrifício completo do seu tempo.
Além disso,
trata-se, nesse caso, de uma língua da qual não se pode dizer que constitui a
escola para a formação lógica do espírito, como se dá talvez com a língua
latina. Por isso, seria um objetivo mais importante que se estudasse esse idioma
apenas em suas linhas gerais, os fundamentos de sua gramática, a pronúncia, a
construção através de exemplos modelares, etc. Isso bastaria para as
necessidades comuns e, porque, mais fácil de alcançar, de muito mais valor seria
do que a aprendizagem da linguagem falada, que nunca é completamente dominada e
é cedo esquecida.
Deve evitar também o perigo
de, sobrecarregando demais o cérebro dos jovens com matérias que ficam sem
ligação na memória e de que eles só conseguem aprender as que mais despertam a
sua atenção, desapareça, nos cérebros juvenis, a diferença entre o valor e o
desvalor.
O sistema de educação que aqui esboço
em largos traços será suficiente para a grande maioria dos jovens, enquanto que
os outros que, mais tarde, precisarem de uma língua estrangeira, poderão sempre
estudá-la exaustivamente, à sua livre
escolha.
Assim ganhar-se-ia o tempo necessário
para a educação física e para outras exigências mais importantes que já
indiquei.
Sobretudo nos métodos atuais de
ensinar história, deve-se proceder a uma modificação racial. Poucos povos têm
tanta necessidade de aprender história quanto o povo alemão; poucos povos a
utilizam tão mal quanto o nosso. A nossa educação histórica deve ser orientada
pela nossa experiência política. Não nos devemos irritar com os miseráveis
resultados da direção da coisa pública se não estivermos resolvidos a cuidar de
uma melhor educação política. Em noventa e nove por cento dos casos, as
conseqüências do nosso atual sistema de ensinar história são as mais
deploráveis. Algumas datas e nomes, eis o que, habitualmente, fica do estudo da
história. Do mesmo não constam as linhas gerais e claras da evolução. Tudo que é
essencial, de importância, não é ensinado. Deixa-se ao maior ou menor talento
dos indivíduos a descoberta da significação do dilúvio de datas e da sucessão
dos acontecimentos. Por mais arrepiante que seja essa constatação, ela mantém-se
incontestável. Basta, para prova disso, que se leiam com atenção os discursos
dos nossos parlamentares, mesmo em um só período de sessão, sobre os problemas
políticos, até os da política externa. Pense-se em que, ao menos pela
importância de sua posição, esses parlamentares representam a elite nacional, e
que eles, em grande parte, freqüentaram as escolas secundárias e alguns até as
superiores, e compreender-se-á como é insuficiente a cultura histórica desses
homens. Se eles nunca tivessem estudado história mas possuíssem intuições
sadias, isso teria sido muito melhor e mais útil à
nação.
Sobretudo no ensino da história é que se
deve tomar em consideração uma redução nos programas. A parte mais importante é
o conhecimento das linhas gerais da evolução. Quanto mais se restringir o ensino
a esse ponto de vista, tanto mais é de esperar que os indivíduos tirem proveito
dos seus conhecimentos, o que é também de vantagem para a
coletividade.
Não se estuda história somente
para saber o que aconteceu, mas para que ela possa orientar o futuro da
nação.
Essa é a finalidade, o ensino da
história é apenas um meio. Não se argumente que o estudo dessas datas referentes
a indivíduos seja necessário a um fundamental estudo da história, a fim de que
se possa encontrar a base para as linhas gerais da evolução. Essa missão compete
ao especialista. O tipo normal não é, porém, o do professor. Para aquele o
estudo da história deve consistir, em primeiro lugar, em proporcionar-lhe as
noções necessárias para que possa tomar atitude em face dos acontecimentos
políticos da nação. Quem desejar ser professor que se aprofunde mais tarde
nesses estudos. Esse sim terá que se ocupar com todos os detalhes, mesmo os mais
insignificantes.
Sob todos os aspectos, o
ensino atual da história é deficiente, pois para a maioria dos indivíduos é
demasiado extenso e para os especialistas muito
limitado.
Enfim, a missão de um Estado
nacionalista é de esforçar-se por que seja escrita uma história do mundo em que
a questão racial seja o problema dominante.
Em
resumo: o Estado nacionalista racista deve resumir o ensino intelectual,
reduzindo-o ao que é essencial. Só depois disso é que se oferecerá a
possibilidade de uma educação especializada sobre bases
sólidas.
A educação geral, destinada a todos,
deve ser obrigatória. O resto deve ficar ao arbítrio dos
indivíduos.
A redução dos programas e das horas
de estudo que assim se obteria, seria aproveitada em benefício da cultura
física, do caráter, da vontade, do poder de decisão. A pouca importância que as
nossas escolas, sobretudo as secundárias, hoje dão às exigências profissionais
na vida pós escolar, é evidenciada pelo fato de homens saídos de três escolas
diferentes poderem abraçar a mesma profissão. Daí se conclui que o importante é
a educação geral e não a especial. Quando se trata de casos em que um verdadeiro
conhecimento especializado torna-se necessário, os programas das nossas escolas
secundárias aparecem deficientes.
A segunda
reforma que se impõe aos nossos programas de ensino é a seguinte: Prefere-se,
nos tempos de materialismo de hoje, que a nossa educação intelectual se oriente
cada vez mais no sentido de especializações técnicas, como matemática, física,
química, etc. Por mais que isso seja necessário em uma época em que domina a
técnica, que se apresenta, pelo menos aparentemente, como constituindo as
grandes características dos nossos dias, não se deve esquecer nunca o perigo que
resulta para o povo de uma tal orientação. A educação deve sempre e cada vez
mais atender às exigências profissionais, fornecendo apenas as bases para
futuras especializações.
Ao contrário,
desperdiçar-se-ão forças que para a conservação do povo são muito mais
importantes que todos os conhecimentos
especializados.
Não se deve afastar o estudo da
história antiga, pois a história romana, bem apreciada nas suas linhas gerais, é
e será sempre a melhor mestra não só para o presente como para o futuro. O ideal
da cultura helênica, na sua típica beleza, deve ser aproveitado. Não se deve
destruir a grande comunidade racial pelas diferenciações entre os vários povos.
A luta que hoje se agita tem o grande objetivo de, ligando sua existência ao
passado milenar, unificar o mundo greco-romano com o
germânico.
Deve-se estabelecer uma diferença
bem clara entre a educação geral e a
especializada.
Uma vez que a última ameaça
pôr-se ao serviço dos argentários, a educação geral, pelo menos na sua concepção
ideal, deve continuar a servir de contrapeso àquela
tendência.
Devemos nos aferrar à convicção de
que a indústria, a ciência técnica e ocomércio só podem florescer em uma
sociedade que oferece, por seus elevados ideais, as condições indispensáveis
para aquele progresso, esses ideais não consistem em egoísmo material, mas em
capacidade de sacrifício e prazer de
renúncia.
A educação da mocidade tem, como mais
elevado objetivo, dar ao jovem a instrução de que, de futuro, ele precisará para
os seus progressos na vida.
Essa orientação
pode ser expressa na seguinte fórmula: "O jovem deve ser de futuro uma unidade
útil na sociedade humana". Por isso não se deve entender, porém, a sua
capacidade apenas para ganhar o pão.
A
superficial educação do Estado burguês tem bases fraquíssimas. Como o Estado em
si se apresenta apenas como uma forma, é muito difícil educar homens que se
sintam com deveres para com o mesmo. Uma simples forma é fácil de destruir. A
concepção de Estado, de hoje, não possui um conteúdo. Assim sendo, tudo o que se
pode fazer em um tal Estado é promover a educação "patriótica", hoje em voga. Na
Alemanha antiga essa educação consistia em uma espécie de veneração dos pequenos
potentados regionais, o que ocasionou, logo de inicio, a não compreensão da
nação tomada em conjunto. O resultado, por parte das massas populares, foi o
insuficiente conhecimento da nossa história, por falta de percepção das linhas
gerais.
É evidente que, por esse meio, nunca se
poderá chegar a assegurar uma verdadeira grandeza nacional. Falta à nossa
educação a arte de, da evolução histórica da nacionalidade, fazer seleção de
alguns nomes que se imponham à admiração da nação, de maneira a formar um só
bloco nacional. Não se compreendeu a importância de apresentar aos olhos do povo
os verdadeiros grandes homens como grandes heróis, de concentrar sobre os mesmos
a atenção geral, criando-se assim uma opinião definida no seio das massas. Não
se pôde, no trato das diferentes matérias dos programas nacionais destinados à
glória da nação, ultrapassar o nível de uma representação material. Por isso, os
brilhantes exemplos do passado não puderam inflamar o orgulho nacional. Para
aqueles isso parecia chauvinismo. coisa de que, sob essa forma, menos se
gostava. O patriotismo dinástico pareceu mais agradável e mais fácil de executar
que as tempestuosas paixões que desperta o orgulho nacional. Com a primeira
forma de patriotismo estava-se sempre disposto a "servir", com a segunda,
poder-se-ia, um dia, dominar. O patriotismo monárquico terminou nas associações
de veteranos; a meta a que se chegaria com o verdadeiro ardor nacional era mais
difícil de ser determinada. Esse se compara a um cavalo nobre que não consente
em ser montado por qualquer. Não é de admirar, pois, que toda gente preferisse
recuar ante esse perigo. Ninguém pensou em que um dia uma guerra, com todos os
seus horrores, poderia pôr à prova a consistência desses sentimentos
patrióticos. Quando ela apareceu é que se verificou, da maneira mais terrível, a
falta de um elevado sentimento nacional. Os homens tinham cada vez menos vontade
de morrer pelo seu imperador. pelos seus reis. E a "nação" era desconhecida pela
maior parte deles.
Desde que a Revolução entrou
na Alemanha e desapareceu o patriotismo monárquico, o ensino da história só
visara na realidade um objetivo - mera aquisição de conhecimentos. Esse novo
Estado não precisará de entusiasmo nacional; o que ele quer, porém, jamais
conseguirá. Há poucas probabilidades de uma permanente força de resistência em
um patriotismo dinástico. Quanto à República, o entusiasmo é ainda menor. Não,
há nenhuma dúvida que o povo nunca teria permanecido, durante quatro anos e
meio, nos campos de batalha, se a divisa então tivesse sido - pela
República!
O resto do mundo vê com simpatia
essa República. Um fraco é sempre mais bem recebido pelos que dele se utilizam,
do que um indivíduo forte. Na simpatia por essa forma de Governo está, porém, a
maior crítica à mesma. O estrangeiro gosta da República alemã e deixa-a viver,
porque não se poderia encontrar um melhor aliado na obra de escravização de
nosso povo. A isso devemos o "magnífico" quadro da situação atual. Dai a
oposição a qualquer educação verdadeiramente nacional e a exaltação de heróis
fictícios que. na hora do perigo, fugiriam como
lebres.
O Estado nacionalista deve lutar pela
sua existência. Não a defenderá pelo plano Dawes. Para sua existência e garantia
do seu futuro precisará daquilo a que hoje se acredita ter ele renunciado.
Quanto mais importante for a forma que assumir, tanto maiores serão a inveja e a
oposição dos adversários. A sua maior proteção não está nas armas mas nos seus
cidadãos. Não são fortalezas que o defenderão, mas as muralhas vivas das
mulheres e homens, dominados pelo mais elevado amor à Pátria e por um fanático
entusiasmo nacional.
O Estado nacionalista deve
ver na ciência um meio de aumentar o orgulho nacional. Tanto a história
universal como a história da civilização devem ser ensinadas sob esse aspecto.
Um inventor deve ser visto não só porque é inventor, mas também porque é um dos
nossos compatriotas. A admiração por todas as grandes ações deve ser combinada
ao orgulho por ser seu executor um membro de nossa Pátria. Devemos selecionar as
maiores figuras da massa dos grandes nomes da nossa história e pô-las diante da
juventude de modo tão impressionante que elas possam servir de colunas mestras
de um inabalável sentimento nacionalista.
De
acordo com esses pontos de vista, deve ser escolhida a matéria a ser ensinada
nas escolas. A educação deve ser orientada de tal maneira que um jovem, ao
deixar a escola, não seja um pacifista democrata ou coisa que o valha, mas um
verdadeiro alemão, na mais ampla acepção da
palavra.
Para que esse sentimento nacionalista
seja verdadeiro e não meramente artificial, já na juventude deve-se manter no
cérebro de cada um a convicção firme de que quem ama seu povo deve prová-lo
somente pelo sacrifício de que é capaz em favor do mesmo. sentimento nacional
que só visa lucros não existe. Nacionalismo que só tem em consideração o
espírito de classe não merece esse nome. Só o fato de gritar urra! nada
significa e não dará nenhum direito ao título de verdadeiro nacionalista, se
atrás disso não houver a preocupação pela conservação de um espírito nacional
sadio. Só se pode ter orgulho de uma nação, quando, na mesma, não há nenhuma
classe de que a gente precise se envergonhar. Uma nação, porém, em que a metade
vive na miséria, trabalhada pelas maiores preocupações, ou mesmo corrompida, dá
de si uma impressão tão pouco edificante que ninguém por ela pode sentir
orgulho. Enquanto um país não aparecer como sadio de corpo e alma, o prazer de a
ele pertencer não poderá nunca atingir a esse elevado sentimento que denominamos
orgulho nacional. Mas esse orgulho só pode possuir quem conhecer a grandeza de
sua Pátria.
Essa aliança íntima de nacionalismo
e de espírito de justiça social deve ser implantada já nos corações juvenis.
Assim se formará, de futuro, um Estado composto de cidadãos unidos entre si,
fortalecidos, em conjunto, por um amor e um orgulho comum a todos e que se
tornará inabalável e invencível para sempre.
O
pavor do chauvinismo, hoje freqüente, é uma demonstração de incapacidade Como
falta ao Estado burguês aquela força exuberante, que até parece desagradável, o
mesmo não mais está destinado a grandes ações. As maiores revoluções da
humanidade não teriam sido possíveis se as forças impulsoras das mesmas fossem
apenas virtudes burguesas inspiradas na paz e na tranqüilidade", em vez das
fanáticas e histéricas paixões pela causa
defendida.
A verdade é que o mundo passa por
grandes transformações. A única questão a saber é se o resultado final será a
favor da raça ariana ou em proveito do eterno
judeu.
A tarefa do Estado nacionalista será,
por isso, a de preservar a raça e prepará-la para as grandes e finais decisões,
por meio da educação apropriada da mocidade.
A
nação que primeiro entrar no campo da luta alcançará a
vitória.
O trabalho de educação coletiva do
Estado nacionalista deve ser coroado com o despertar do sentido e do sentimento
da raça, que deve penetrar no coração e no cérebro da juventude que lhe foi
confiada.
Nenhum rapaz, nenhuma rapariga deve
abandonar a escola sem, estar convencido da necessidade de manter a pureza da
raça.
Assim se estabelecerão as condições
essenciais para a conservação dos fundamentos raciais e, com isso, as condições
preliminares para o posterior desenvolvimento
cultural.
Toda educação física e intelectual,
em última análise, tornar-se-ia inútil, se não pudesse ser aproveitada por uma
criatura disposta e resolvida a manter-se e a
mantê-la.
Ao contrário aconteceria o que nós
alemães já hoje lamentamos, sem talvez nos darmos conta da extensão dessa
trágica infelicidade: no futuro serviríamos apenas de adubo para a civilização,
não só no sentido das limitadas concepções dos burgueses atuais, que lastimam a
perda dos indivíduos somente porque com eles se perde o Estado burguês, mas
também no sentido de que, apesar de toda a nossa ciência, nossa raça se teria
arruinado.
Enquanto nos misturarmos com outras
raças elevaremos a um nível mais elevado as raças inferiores mas desceremos para
sempre da posição elevada em que nos achávamos
antes.
Sob o ponto de vista racial, essa
educação deve ser completada pelo serviço militar, que deve ser visto como a
conclusão da educação normal de cada
alemão.
Embora seja grande a importância, no
Estado nacionalista, da educação física e espiritual, não o é menos a seleção
dos melhores indivíduos.
Na maioria dos casos,
são os filhos de pais bem situados na vida que são julgados aptos para uma mais
elevada educação. A questão do talento desempenha um papel
secundário.
Um filho de camponês pode ser
dotado de muito mais talento do que um filho de pais que vêm ocupando posições
elevadas há muitas gerações, mesmo quando, na sua capacidade de percepção,
pareça inferior àquele.
O fato de o último
possuir maior soma de conhecimento nada tem que ver com a questão do talento,
mas tem a sua origem na variedade das impressões recebidas pela criança, como
resultado do meio mais elevado em que vive. Se o talentoso camponesinho, desde
os primeiros anos, tivesse crescido no mesmo meio, a sua capacidade de
assimilação seria outra.
Hoje talvez só existe
um setor em que o nascimento vale menos do que os dotes naturais. Refiro-me à
arte. Como aqui não se trata somente de aprender, mas tudo provém de qualidades
inatas que apenas precisam ser desenvolvidas posteriormente, a questão do
dinheiro e da posição dos pais não entra em consideração, o que prova que o
gênio não depende da posição social ou da riqueza. Os maiores não raramente têm
origem em famílias modestas. Muitos pequenos camponeses tornam-se, mais tarde,
festejados mestres.
Não recomenda a profunda
cultura da época que se não tenha tirado partido dessa verdade em benefício da
vida espiritual da coletividade. Pensa-se que isso, que não se pode negar em
relação à arte, não se aplica aos chamados conhecimentos
reais.
Sem dúvida pode-se acostumar os homens a
umas certas habilidades automáticas, assim como é possível, por um hábil
adestramento, levar os cães a executar trabalhos quase incríveis. Em um caso
como no outro, não é, porém, o intelecto do indivíduo que o leva à prática
dessas habilidades.
Pode-se, em qualquer
hipótese, levar um talento inferior a adquirir habilidades científicas, mas o
resultado caracteriza-se sempre pela falta de vida, de alma, tal como acontece
com os animais. Pode-se, por um certo exercício espiritual, Incutir no espírito
de um homem medíocre conhecimentos acima de medíocres, mas essa ciência
mantém-se morta e estéril Dá-se o caso de um indivíduo ser um verdadeiro
dicionário vivo, mas, em todos os momentos da vida, fracassar miseravelmente. A
cada nova exigência que se lhe apresenta ele tem que aprender de novo. esse
indivíduo é incapaz de contribuir com a menor parcela para um maior
desenvolvimento da humanidade.
Essa ciência
mecânica serve admiravelmente para ser aceita pelos burocratas de
hoje.
É perfeitamente compreensível que em
todas as camadas sociais de uma nação serão encontrados talentos e que o valor
do saber será tanto maior quanto mais possa ser vivificado, por essas naturezas
de elite, o conhecimento morto. Realizações criadoras só podem surgir quando se
dá a aliança do saber com a capacidade.
Como a
humanidade de hoje erra nesse sentido demonstra-o um único
exemplo.
De tempos em tempos, os jornais
ilustrados comunicam aos seus leitores burgueses que, pela primeira vez, aqui ou
ali, um negro tornou-se advogado, professor, pastor, primeiro tenor, etc.
Enquanto a burguesia sem espírito fica admirada de um tão maravilhoso
adestramento e, cheia de respeito por esse fabuloso resultado da atual arte de
educar, o judeu esperto compreende que daí será possível tirar mais um aprova da
justeza da teoria que pretende inculcar no público, segundo a qual todos os
homens são iguais. Não se apercebe esse desmoralizado mundo burguês que se trata
de um ultraje à nossa razão, pois é uma criminosa idiotice, adestrar, durante
muito tempo, um meio macaco, até que se acredite que ele se fez advogado,
enquanto milhões de indivíduos, pertencentes às mais elevadas raças, devem
permanecer em uma posição inteiramente digna, se tem em vista a sua capacidade.
É um atentado contra o próprio Criador deixar-se perecerem, no atual pântano
proletário, centenas de milhares das criaturas mais bem dotadas para adestrar
hotentotes e cafres.
No caso, trata-se na
realidade de um adestramento, como o do cão, e nunca de educação científica.
O mesmo cuidado aplicado em relação a raças
inteligentes, daria, a cada indivíduo, mil vezes mais depressa, idêntica
capacidade de realizações.
É intolerável
pensar-se que, todos os anos, centenas de milhares de indivíduos, inteiramente
sem talento, mereçam uma educação superior, enquanto centenas de milhares de
outros, dotados de grande inteligência, fiquem privados dessa educação. Não é
para se desprezar a perda que a nação com isso experimenta. Se, nas últimas
décadas, aumentou consideravelmente o número das invenções importantes,
sobretudo na América do Norte, é que ali se ofereciam, mais do que na Europa,
possibilidades de uma educação superior às camadas
populares.
Para as descobertas não basta a
instrução mal digerida. É imprescindível o talento, infelizmente, hoje em dia,
na Alemanha, não se dá nenhum valor a isso. Só as exigências imperiosas da
necessidade é que despertarão o povo a essa
verdade.
Essa é outra tarefa educacional do
Estado nacionalista. Seu dever não é restringir a determinada classe social a
influência decisiva na vida da nação, mas permitir que surjam os cérebros mais
capazes e prepará-los para as mais altas e mais dignas posições. Sua obrigação é
não só dar uma certa educação ao tipo médio mas também oferecer aos verdadeiros
talentos a oportunidade de desenvolverem suas qualidades excepcionais. Deve
considerar como a sua mais imperiosa obrigação abrir as portas dos
estabelecimentos superiores oficiais a todos os talentos, sem distinção de
classes. Essa finalidade deve ser cumprida, pois só assim, das camadas dos
representantes de uma ciência morta, poderão surgir os condutores geniais da
nação.
Há uma outra razão para que o Estado
deva volver a sua atenção sobre esse assunto. As camadas intelectuais, sobretudo
na Alemanha, vivem em um mundo tão à parte, que não têm nenhuma ligação com as
classes que lhes são inferiores. Daí resultam dois péssimos efeitos: em primeiro
lugar aquela classe nem entende o povo nem por ele tem simpatias. Há tanto tempo
que os intelectuais vivem afastados da massa popular que não podem possuir a
necessária compreensão da psicologia da mesma. Tornaram-se estranhos uns para
com os outros. A essas classes superiores, em segundo lugar, falta a necessária
força de vontade, sempre menos freqüente entre os intelectuais do que na massa
do povo. Graças a Deus, a nós alemães, nunca faltou educação científica; em
compensação era geral a deficiência em força de vontade e poder de decisão.
Quanto mais "intelectuais" eram os nossos estadistas, tanto mais fracas eram as
suas realizações. Nossa preparação política para a guerra, assim como a
preparação técnica, foram insuficientes, não porque os dirigentes da nação
tivessem pouca ilustração, mas, ao contrário, porque eram super instruídos,
cheios de ciência mas vazios de intuições sadias e, sobretudo, de energia e
intrepidez.
Foi uma fatalidade que a nação
alemã tivesse de lutar pela sua existência sob o governo de um chanceler
filósofo e fraco. Se, naquela época, em vez de um Batmann Hollweg, tivéssemos
por chefe um enérgico homem do povo, o sangue heróico dos nossos granadeiros não
teria sido derramado em vão. Além disso, o exagerado intelectualismo dos nossos
guias foi o melhor aliado que podiam encontrar os pulhas da Revolução de
novembro. A maneira vergonhosa por que esses intelectuais sacrificavam o
interesses nacional que lhes estava confiado, em vez de promoverem a sua defesa
pelos meios mais enérgicos, ofereceu aos adversários a condição essencial para a
vitória. Nesse assunto, a Igreja Católica oferece um exemplo muito instrutivo, o
celibato dos sacerdotes obriga-a a recrutar os seus futuros ministros, não nas
suas próprias fileiras, mas na massa do povo. Essa importância do celibato
eclesiástico passa despercebida a muita gente. Aí está a razão da incrível força
dessa instituição multissecular. Porque, ininterruptamente, esse gigantesco
exército de dignitários espirituais é recrutado nas camadas inferiores, só por
isso, a Igreja se assegura uma natural ligação com os sentimentos do povo, como
também uma soma de energia que só se pode encontrar na massa popular. Daí
resulta a impressionante vitalidade dessa formidável organização, a sua
flexibilidade, a sua inquebrantável força de
vontade.
Uma das finalidades do Estado
nacional, no ponto de vista da educação, é agir de maneira que seja possível uma
perpétua renovação das classes intelectuais pela inoculação de sangue novo vindo
das classes inferiores.
É obrigação do Governo
selecionar, com o maior cuidado e exatidão, do meio de todas as classes, o
material humano visivelmente capaz de pô-lo ao serviço da
coletividade.
O Estado e os seus dirigentes não
existem para possibilitar uma vida cômoda às diferentes classes mas para que
essas possam cumprir a missão que lhes está reservada. Isso, porém, só será
possível se para as posições de direção se instruírem os mais capazes, os de
mais força de vontade. Isso se aplica não só a todos os empregados públicos como
aos diretores intelectuais da nação, em todos os setores, e constitui um fator
da grandeza do nosso povo, pois assim se consegue fazer a seleção dos mais
capazes e pô-los a serviço da nação.
Se dois
povos entram em concorrência, em igualdade de condições, vencerá aquele que
souber aproveitar os maiores talentos e serão vencidos os que só cuidam da
defesa de suas posições ou de sua classe, sem nenhuma consideração à capacidade
dos indivíduos.
Isso parece, no mundo de hoje,
impossível. Dir-se-á, em oposição a essa idéia, que o filho de um alto
funcionário público não deve ser operário, porque é superior a não importa que
filho cujos pais foram operários. Isso está de acordo com a idéia que hoje se
faz do trabalho manual. Por isso, o Estado nacionalista deve se esforçar por
modificar a atual concepção do trabalho. Se necessário, mesmo por uma educação
secular, deve o Estado acabar com o desprezo pela atividade física e valorizar
os homens não pela sorte de trabalho que desempenham mas pela forma e vantagens
de sua atuação.
Isso poderia parecer
extravagante em uma época em que os escrevinhadores mais sem espírito, somente
porque manejam com a pena, valem mais do que os melhores
profissionais.
Essa falsa valorização, não tem
fundamento natural, mas é conseqüência da educação, e não existia outrora. Essa
situação artificial é sintoma da super materialização de nossos
tempos.
Todo trabalho tem um duplo valor, um
material e um ideal. O valor material reside na importância do trabalho
realizado, que se avalia pela sua significação em relação à coletividade. Quanto
maior for a utilidade coletiva de um determinado trabalho, tanto maior será o
seu valor. Isso se verifica também quanto à avaliação material do trabalho
individual, isto é, quanto ao salário. O valor do trabalho puramente material
está em função do ideal. O valor material depende da sua necessidade; embora a
utilidade material de uma descoberta possa ser maior do que a de um serviço
doméstico de todos os dias, todos vêem no mesmo plano a importância de ambos
esses serviços, desde que cada indivíduo, na sua esfera, qualquer que ele seja,
trate de se esforçar por cumprir o seu dever da melhor maneira
possível.
Por esse critério, é que se deve
medir o valor de um homem e não pelo que ele
ganha.
Assim, é dever do Estado assegurar a
cada um a atividade que corresponda à sua capacidade, ou, em outras palavras,
aperfeiçoar os indivíduos capazes para os trabalhos que lhes estão reservados. A
capacidade não é, porém, somente conseqüência da educação; é uma qualidade mata,
um presente da natureza e não constitui um mérito para o indivíduo. A avaliação
pela coletividade não pode ser feita pela natureza desse trabalho, que é produto
tanto de qualidades trazidas do berço como de outras adquiridas pela educação. A
medida do valor de um homem depende da maneira por que ele cumpre a missão que
lhe confiou a coletividade. O trabalho não é a finalidade da existência humana,
mas apenas um meio para garanti-la. O homem deve continuar a educar-se, a
enobrecer-se, mas isso só será possível dentro do quadro de uma cultura geral,
cujo fundamento deve ser sempre o Estado. Para a conservação desse Estado, ele
deve trazer a sua contribuição. A forma dessa contribuição é determinada pela
natureza, cabendo ao homem, por sua diligência e honestidade, restituir à
coletividade o que esta lhe deu. A recompensa material deve depender da
utilidade coletiva do trabalho. As forças de que a natureza dotou os indivíduos
e a coletividade aperfeiçoou devem ser consagradas ao interesses geral. Não deve
ser considerado uma vergonha ser um modesto trabalhador. Vergonha é ser um
empregado incapaz que rouba o pão ao povo, é perfeitamente compreensível, porém,
que não se pode exigir de um indivíduo uma determinada tarefa, sem que ele, de
inicio, tenha sido educado para executá-la.
A
sociedade de hoje, está, porém, promovendo a sua própria ruína. Ela introduz o
sufrágio universal, tagarela sobre igualdade de direitos, não encontra, porém,
fundamentos para essa doutrina. Vê na recompensa material a expressão do valor
do indivíduo, demolindo assim as bases da mais nobre igualdade que pode existir.
A igualdade não consiste e não pode consistir nas realizações humanas em si
mesmas, mas é possível na forma por que cada homem cumpre suas obrigações, só
assim, se pode, no julgamento de valor do indivíduo, pôr de lado as diferenças
da natureza, podendo, então, cada um forjar o seu próprio
valor.
Nos tempos de hoje, em que todos os
grupos humanos só se sabem apreciar pelos salários, não pode haver um
entendimento a esse respeito. Isso não é, porém, motivo para que renunciemos às
nossas idéias. Ao contrário. Quem quiser salvar esse mundo apodrecido deve ter a
coragem de mostrar as causas primárias desse mal. A preocupação do movimento
nacional-socialista deve ser esta: desprezando todos os preconceitos burgueses
reunir e coordenar todas as forças capazes de ser aproveitadas como pioneiros da
nova doutrina universal.
Certamente
levantar-se-á a objeção de que, na maioria dos casos, é difícil fazer distinção
entre o valor material e o ideal e que o menor apreço do trabalho seria
ocasionado justamente pelo menor salário. Esse pequeno apreço é, por sua vez, a
causa da menor participação dos indivíduos nas riquezas culturais da nação.
Assim, é prejudicada a cultura ideal dos homens, que nada tem que ver com o seu
trabalho. A vergonha que se sente pelo trabalho material reside nisso: como
conseqüência dos pequenos salários, desce o nível cultural do operário e com
isso se justifica o menor valor em que é tida a sua
atividade.
Nisso há muita verdade. Justamente
por esse motivo, é que, de futuro, se deve evitar uma grande disparidade de
salários. Não se argumente que, assim, o resultado do trabalho individual seria
menor. Seria o mais deplorável sintoma da decadência de uma época se o estímulo
para as mais altas realizações espirituais dependesse apenas de altos salários.
Se esse ponto de vista fosse até hoje o único, então a humanidade não teria
nunca alcançado as suas grandes realizações no domínio da ciência e da cultura.
As maiores invenções, as maiores descobertas, os trabalhos que mais
revolucionaram a ciência, os esplêndidos monumentos da cultura humana, não
surgiram da caça do dinheiro. Ao contrário, a sua origem coincide, não
raramente, com a renúncia aos bens terrenos.
É
possível que o dinheiro se tenha tornado o poder dominante na vida de hoje, mas
um dia virá em que os homens venerarão outros deuses, de mais
elevação.
Muita coisa hoje deve sua existência
à ânsia pelo dinheiro e pelo poder, mas nisso está incluído pouca coisa, cujo
desaparecimento deixaria a humanidade mais pobre. E uma das finalidades do nosso
movimento anunciar que virá um tempo em que se dará ao indivíduo o que ele
precisa para viver, mantendo-se, porém, o princípio de que o homem não deve
viver somente para a satisfação de prazeres materiais. Isso se realizará, de
futuro, com uma sábia graduação de salários que permita a cada trabalhador
honesto ter a certeza de poder viver uma vida ordenada e digna, como homem e
como cidadão.
Não se diga que isso é um ideal
que não resistiria à prática e jamais poderá ser
atingido.
Nós mesmos não somos tão simplórios
que acreditemos na possibilidade de se conseguir restituir a existência a uma
sociedade cheia de defeitos. Isso não nos deve, porém, livrar do dever de
combater as faltas que conhecemos, abolir as fraquezas e lutar por um ideal. A
dura realidade ocasionará somente restrições a essa atividade. Por isso mesmo, o
homem se deve esforçar para atingir o objetivo final. Insucessos não devem
desviá-lo da sua finalidade, da mesma maneira que não se pode renunciar à
justiça somente porque na mesma se verificam erros, nem desprezar a medicina
porque as moléstias continuam a
existir.
Devemos evitar dar tão pouco valor à
força de um ideal. Quem, nesse assunto, sentir-se desalentado, deve lembrar-se,
se já foi soldado, de um tempo cujo heroísmo era representado pela certeza da
força do ideal, o que, então, fez com que os homens se deixassem morrer não foi
a preocupação de ganhar o pão quotidiano, mas o amor da Pátria, a fé na sua
grandeza, o sentimento geral da honra da nação. Somente quando o povo alemão
afastou-se desse ideal, para seguir as promessas da Revolução e trocou as armas
pela sacola é que alcançou o desprezo geral e a
miséria.
É absolutamente necessário que se
ponha, diante das vistas dos homens práticos da República "realista" de hoje, um
Estado ideal.
CAPÍTULO III - CIDADÃOS E "SÚDITOS" DO
ESTADO
A instituição que hoje erroneamente
é designada pelo nome de Estado reconhece apenas duas sortes de indivíduos:
cidadãos e estrangeiros. Cidadãos são aqueles que, pelo nascimento ou pela
naturalização, gozam dos direitos de cidadania; estrangeiros são todos os que
gozam idênticos direitos em seus respectivos países. Entre esses há os que se
podem denominar "cometas", que não pertencem a nenhum Estado e que, por isso,
não têm o direito de cidadania.
Hoje, o direito
de cidadania é adquirido, em primeiro lugar, por se ter nascido dentro das
fronteiras de um determinado Estado. A raça e a nacionalidade nada têm a ver com
isso. O filho de um negro que viveu em um protetorado alemão e que está
domiciliado na Alemanha é automaticamente cidadãos do Estado alemão. Do mesmo
modo, qualquer filho de judeu, de polonês, de africano ou de asiático, pode, sem
maiores dificuldades, tornar-se cidadão
alemão.
Além da naturalização pelo nascimento
existe a possibilidade da naturalização posterior. Essa naturalização está
condicionada a várias exigências, como sejam, por exemplo, as seguintes. O
candidato, quando possível, não será um arrombador de portas ou cáften, não será
suspeito à polícia, não tomará parte em política, isto é, será um imbecil e,
finalmente, não incomodará a sua nova pátria. Naturalmente, o mais importante
nesta época de realismo é a situação financeira do candidato. É uma recomendação
importante apresentar-se como um presumível futuro contribuinte para apressar a
aquisição do direito de cidadania nos tempos
atuais.
Argumentos de raça de nada valem nesse
caso.
Todo o processo para adquirir o direito
de cidadania em nada difere daquele por que se consegue entrar em um clube de
automóveis, por exemplo. O candidato faz seu requerimento e, um dia, por meio
dum escrito, chega ao seu conhecimento a notícia de que está considerado cidadão
alemão, o que se revestia ainda de uma forma pândega. Participava-se ao catre em
questão que "ele com aquela comunicação se tinha tornado cidadão
alemão".
Esse passe de mágica preparava um
presidente da República. O que os céus não podem fazer consegue-o o mais humilde
empregado, enquanto o diabo esfrega um olho. Com uma simples penada, um criado
mongol transforma-se, como por encanto, em alemão da melhor
espécie!
O pior é que não só ninguém se
preocupava com a raça do candidato como não se cogitava também da sua
saúde.
Um indivíduo, por mais roído de sífilis
que esteja, é recebido pelo Governo de hoje como cidadão alemão desde que,
economicamente, não crie problemas financeiros ou caracterize uma ameaça
política.
O cidadão alemão distingue-se do
estrangeiro porque lhe são abertas as portas para os empregos públicos, porque,
eventualmente, está sujeito ao serviço militar e pode votar e ser votado nas
eleições. Nisso está toda a diferença. Quanto à proteção dos direitos pessoais e
da liberdade, a situação dos estrangeiros é a mesma dos alemães e, às vezes,
melhor Pelo menos é isso que acontece na República Alemã de
hoje.
Sei que ninguém gosta de ouvir essas
verdades, mas o que é incontestável é que dificilmente se poderá encontrar no
mundo uma legislação tão insensata, tão louca como a
nossa.
Há um país em que, pelo menos, se notam
fracas tentativas para melhorar essa legislação. Naturalmente não me refiro à
nossa modelar República Alemã mas ao Governo dos Estados Unidos da América do
Norte, onde se está tentando, embora por medidas parciais, pôr um pouco de senso
nas resoluções sobre este assunto.
Eles se
recusam a permitir a imigração de elementos maus sob o ponto de vista da saúde e
proíbem absolutamente a naturalização de determinadas raças. Assim começam
lentamente a executar um programa dentro da concepção racista do
Estado.
O Estado nacionalista divide seus
habitantes em três classes: cidadãos, súditos e
estrangeiros.
Só o nascimento dá, em princípio,
o direito de cidadania. Não dá, porém, o direito de exercer cargo público ou
tomar parte na política, para votar ou ser
votado.
Quanto aos chamados súditos, a raça e a
nacionalidade terão sempre que ser declaradas. A esses é livre passarem dessa
situação à de cidadãos do país, dependendo isso da sua
nacionalidade.
O estrangeiro é diferente do
súdito no fato de ser súdito em um país
estrangeiro.
O jovem súdito da nação alemã é
obrigado a receber a educação que se ministra a todos os alemães. Ele se submete
assim à mesma educação dos nacionais. Mais tarde ele tem que se submeter à
educação física oficial e, finalmente, entra para as fileiras do exército. O
serviço militar é obrigatório. Deve abranger todos os alemães, a fim de
prepará-los, física e espiritualmente, para as possíveis exigências
militares.
Depois do serviço militar, aos
jovens, inteiramente sadios, com solenidade será concedido o título de cidadão.
Esse será o mais importante documento para toda a sua vida. Ele entra na posse
de todos os direitos e goza de todas as vantagens daí decorrentes. É preciso que
se faça a diferença entre os que concorrem para a existência e grandeza da nação
e os que residem no país apenas para ganhar a
vida.
A concessão do título de cidadão exige um
solene juramento em relação à coletividade e ao
Estado.
Nesse título deve ser inscrito: Deve
ser uma honra maior ser varredor de rua em sua Pátria do que rei em país
estrangeiro.
O cidadão alemão é privilegiado em
relação ao estrangeiro. Essa honra excepcional também implica em deveres. O
indivíduo sem honra, sem caráter, o criminoso comum, o traidor da Pátria, etc.,
pode, em qualquer tempo, ser privado desses direitos. Torna-se, então, súdito,
novamente.
As jovens alemãs são súditas e só se
tornam cidadãs depois de casadas. À mulher, porém, que vive do seu trabalho
honesto, pode ser concedido o titulo de cidadã.
CAPÍTULO IV - PERSONALIDADE E CONCEPÇÃO DO ESTADO
NACIONAL
Se o Estado nacional socialista e
racista tem como sua mais importante finalidade a formação e educação do povo,
como esteio do mesmo, é óbvio que não basta somente favorecer os elementos
raciais em si, educá-los para a vida prática. Faz-se necessário também que a sua
própria organização seja estabelecida em harmonia com esse
objetivo.
Seria loucura querer medir o valor
dos homens pela raça, e, ao mesmo tempo, declarar guerra ao princípio marxista
segundo o qual "um homem é sempre igual a outro", se não estivermos resolvidos a
tirar daquele axioma todas as conseqüências. A última conseqüência do
reconhecimento da importância da questão do sangue, isto é, do fundamento do
problema racial, deve consistir em levar aos indivíduos essa convicção. Assim
como eu devo estabelecer a diferença entre os povos pela raça a que pertencem,
assim também devem fazer os indivíduos dentro de uma determinada coletividade. A
afirmação de que os povos não são iguais provoca nos indivíduos de uma nação a
idéia de que nem todas as cabeças são iguais, porque, também nesse caso, embora
as partes essenciais sejam semelhantes nas linhas gerais, nos casos individuais
notam-se milhares de pequenas diferenças.
A
primeira conseqüência desse modo de encarar o problema é também a mais
elementar. Refiro-me ao trabalho de favorecer, no seio da coletividade, os
elementos de mais valor sob o ponto de vista racial e cuidar sobretudo de sua
alimentação.
Mais fácil torna-se essa tarefa,
justamente porque pode ser quase mecanicamente compreendida e resolvida. Mais
difícil é, porém, descobrir, no seio da coletividade, os indivíduos de mais
valor sob o ponto de vista intelectual e ideal e sobre eles exercer uma
influência que ponha esses espíritos superiores a serviço da
nação.
Esse movimento no sentido de estimular a
inteligência e a capacidade não se pode fazer mecanicamente, é um trabalho que
depende da luta diária pela vida.
Uma concepção
social que se propõe, pondo de lado os pontos de vista democráticos das massas,
a entregar a terra aos melhores, aos tipos mais elevados, não deve logicamente
estimular, no seio do povo, o princípio aristocrático, mas assegurar a direção
aos mais capazes, para que esses possam exercer a mais elevada influencia sobre
esse mesmo povo. Esse trabalho não se pode fundar sobre o princípio da maioria
mas deve ser alicerçado no reconhecimento do valor da personalidade. Quem quer
que hoje acredite que um Estado nacional-socialista-racista pode diferenciar-se
dos outros Estados, com a aplicação de meios puramente mecânicos, pela melhoria
da vida econômica, etc., isto é, por uma melhor distribuição da riqueza, por um
maior controle no processo econômico, por salários mais compensadores, pelo
combate às grandes desproporções dos mesmos, quem assim pensar, repetimos,
encontrar-se-á em um absoluto impasse e provará não ter a mais leve idéia do que
entendemos por uma verdadeira concepção do mundo. Por esses processos acima
aludidos, não se chegará nunca a reformas profundas e radicais e de efeitos
duradouros, porque essa maneira de agir toca apenas a superfície das coisas sem
preparar para o povo uma situação que lhe dê uma segurança definitiva de poder
vencer as fraquezas, de que hoje todos
sofremos.
Para mais facilmente compreender-se
essa verdade, é oportuno, mais uma vez, lançar uma vista sobre as causas
primárias da evolução da cultura humana.
O
primeiro passo que, visivelmente, levou o homem a distinguir-se do resto dos
animais foi o que o arrastou a fazer descobertas. Essas descobertas consistiam,
no primeiro momento, na astúcia, cujo emprego facilitou a luta pela vida contra
os outros animais e o êxito na mesma.
Essas
descobertas primitivas não se apresentam claramente no espírito das pessoas,
porque o observador de hoje as vê apenas em massa. Certos artifícios e espertos
expedientes que o homem pode observar nos animais aparecem simplesmente como um
fato natural. Não estando, por isso, em condições de determinar ou investigar
suas causas primárias, contenta-se em considerar essas qualidades como
instintivas.
Em nosso caso, essa última palavra
nada significa.
Quem acredita em uma evolução
mais elevada da vida deve admitir que todas as manifestações dessa luta pela
existência devem ter tido um começo. Em dado momento, um indivíduo praticou uma
determinada ação. Por força da repetição, esse fato se foi tornando cada vez
mais geral até, de certo modo, passar para o subconsciente dos indivíduos e ser
visto como instintivo.
Isso se compreenderá
mais facilmente em relação aos homens. Seus primeiros atos de inteligência na
luta contra os outros animais foram, com certeza, na sua origem, atos praticados
sobretudo pelos indivíduos mais capazes. As qualidades pessoais foram,
incontestavelmente, o estímulo para as decisões e realizações que, mais tarde,
foram aceitas como naturais por toda a humanidade. Da mesma maneira, a confiança
na sua própria força, fundamento atual de toda estratégia, foi, originariamente,
devida a uma determinada cabeça e, só com o correr de muitos anos, talvez
milhares, passou a ser aceita por toda gente como perfeitamente
compreensível.
O homem completou essa primeira
descoberta com uma segunda. Aprendeu outras coisas, outros processos, que pôs a
serviço da sua luta pela subsistência. Com isso começou a atividade criadora,
cujos resultados vemos por toda parte. Essas invenções materiais, que começaram
pelo emprego da pedra como arma, que levaram à domesticação dos animais. e,
através de criações artificiais, deram ao homem o fogo e, assim por diante, até
as múltiplas e espantosas descobertas de nossos dias, são evidentemente devidas
à iniciativa individual, o que se torna claro se examinarmos as descobertas de
hoje, sobretudo as mais importantes, as que mais
impressionam.
Todas as invenções que vemos em
torno de nós foram o resultado do poder criador e da capacidade do indivíduo e
todas elas, em última análise, concorreram para elevar, cada vez mais, o homem
acima do nível dos outros animais, distanciando-o dos mesmos em progressão
sempre crescente.
O que, de começo, era apenas
simples artifício para auxiliar os caçadores da floresta na sua luta pela
existência, serve agora, sob a forma das brilhantes descobertas científicas dos
tempos atuais, a auxiliar a humanidade nas lutas do presente e a forjar as armas
para os embates futuros.
Todo pensamento
humano, todas as invenções, em seus últimos efeitos. servem, em primeiro lugar,
para facilitar a luta do homem pela vida neste planeta, mesmo quando a utilidade
real de uma descoberta ou de uma profunda concepção científica passa
despercebida no momento. Enquanto tudo isso auxilia o homem a elevar-se acima do
nível das criaturas que o cercam, ele fortifica cada vez mais a sua posição,
tornando-se, a todos os respeitos, o rei da
criação.
Todas as descobertas são, pois, a
conseqüência do poder criador do indivíduo. Todos esses inventores constituem,
quer se queira quer não, os maiores ou menores benfeitores da humanidade. Sua
atuação proporciona a milhões de homens, meios de subsistência e recursos
posteriores para a facilitação da luta pela
vida.
Se, na origem da civilização material de
hoje, vemos sempre personalidades que se completam umas às outras e sempre
realizam novos progressos, o mesmo acontece na execução e aperfeiçoamento das
coisas descobertas. Os vários processos de produção, em última análise, são
sempre obras de determinados indivíduos. O trabalho puramente teórico que, em
relação a cada pessoa, dificilmente se pode medir, e que representa a condição
indispensável para todas as descobertas posteriores, até esse trabalho é produto
individual. As massas nunca inventam, nunca organizam ou pensam por si. No
início de tudo está sempre uma atividade
individual.
Uma coletividade humana só é bem
organizada quando facilita, por todos os modos possíveis, o trabalho desses
elementos criadores e utiliza-os em benefício da
comunidade.
O que há de mais importante em
matéria de invenções, quer se trate de invenções de ordem material quer de
descobertas no mundo do pensamento, é sempre o fruto da força criadora de um
indivíduo.
Utilizá-las em benefício da
coletividade é a primeira e a mais elevada tarefa da organização social, que
deve ser apenas o desenvolvimento desse princípio. Por isso deve livrar-se da
praga da orientação mecânica para transformar-se em uma organização viva. Deve
ser, em si mesma, a corporificação do esforço para pôr os valores individuais
acima das massas e subordinar essas
àqueles.
Essa organização não deve impedir que
os valores individuais surjam do seio das massas, mas, ao contrário, por uma
ação consciente, deve promover essa evolução facilitando-a por todos os meios
possíveis. Deve partir do princípio de que a prosperidade do gênero humano nunca
é devida às massas, mas às cabeças criadoras, que, por isso, devem ser vistas
como benfeitoras da espécie.
Facilitar-lhes a
mais vasta influência está no interesses da coletividade. Esse interesses nunca
será atendido pela dominação das massas incapa7es mas Cinicamente pela direção
das almas privilegiadas pela Natureza. A áspera luta pela vida, mais do que
qualquer outra causa, concorre para o aparecimento dos indivíduos superiores.
Nessa luta muitos sucumbem, não resistem às provas, e, no fim, somente poucos
aparecem como os escolhidos.
Nos domínios do
pensamento, das criações artísticas e até nos da economia, ainda hoje esse
processo de seleção se verifica sempre, embora. no terreno econômico, encontre
grandes obstáculos.
A administração do Estado e
o poder das nações representado pela sua capacidade guerreira são dominados pelo
princípio do valor pessoal. Nesse setor domina a idéia da personalidade, a
autoridade desta em relação aos que estão embaixo e a responsabilidade dos que
estão em cima.
A vida política de hoje tem cada
vez mais abandonado esse princípio natural. Enquanto toda a cultura humana não
passa de uma conseqüência da atividade criadora do indivíduo, na comunidade em
geral e especialmente entre os líderes da mesma, o princípio da maioria pretende
ser a autoridade que decide e começa gradualmente a envenenar a vida da nação,
isto é, a arruiná-la.
A ação destruidora do
judaísmo em vários aspectos da vida do povo, deve ser vista como um esforço
constante para minar a importância da personalidade nas nações que os acolhem e
substituí-la pela vontade das massas. O princípio orgânico da humanidade ariana
é substituído pelo princípio destruidor dos judeus. Assim se torna o judaísmo um
"fermento de decomposição" dos povos e raças e, em sentido mais vasto, de ruína
da cultura humana.
O marxismo aparece como a
tentativa dos judeus para enfraquecer, em todas as manifestações da vida humana,
o princípio da personalidade e substituí-lo pelo prestígio das massas. Em
política, o marxismo tem. a sua forma de expressão no regime parlamentar cujos
efeitos sentimos desde as menores células da comunidade até as posições mais
eminentes do Reich. No que diz respeito à economia, o efeito disso é o
estabelecimento de uma organização que, na realidade, não serve aos interesses
do proletariado mas aos propósitos destruidores do judaísmo
internacional.
A proporção que a economia se
subtraia à atuação do princípio da personalidade, e, em lugar do mesmo, se
instalava a influência: ,das massas, perdia a oportunidade de ter a seu serviço
todas as capacidades reais e entrava em decadência
inevitável.
Todas as organizações industriais
que, em vez de atenderem aos interesses dos seus empregados, procuram ter
influência sobre a própria produção, servem a esses mesmos objetivos
destruidores da economia. São nocivos à direção da coletividade e, em
conseqüência, também aos indivíduos tomados
isoladamente.
A satisfação dos interesses dos
membros de uma coletividade, em última análise, não é a conseqüência de meras
frases teóricas, mas, sobretudo, de uma segurança que no indivíduo se oferece a
respeito das necessidades da vida diária e a convicção definitiva daí resultante
de que a direção geral de uma coletividade deve atender aos interesses dos
indivíduos.
Pouco importa que o marxismo, no
terreno da sua teoria das massas, aparente capacidade para tomar sob a sua
direção e desenvolver a economia existente no momento. A crítica sobre a justiça
ou injustiça desse princípio não será determinada pela prova de sua aptidão para
preparar o presente para o futuro, mas pela prova de sua capacidade para criar
uma cultura. Mil vezes poderia o marxismo assumir a direção da economia e
deixá-la progredir, o êxito dessa atividade nada provaria contra o fato de não
estar o mesmo em condições de, pelo emprego do princípio das maiorias, criar
essa cultura.
O próprio marxismo deu disso uma
prova prática. Não só nunca pôde, em parte alguma, criar uma cultura, ou mesmo
um sistema econômico próprios, como também jamais conseguiu desenvolver um
sistema já existente, de acordo com os seus princípios. Ao contrário, depois de
curto espaço de tempo, é forçado a voltar atrás e fazer concessões ao princípio
da personalidade que não pode negar nem mesmo nas suas próprias
organizações.
A concepção racista deve ser
completamente diferenciada desde que aquela reconhece não só o valor da raça
como o do próprio indivíduo, duas colunas sobre que deve repousar todo o
edifício. Esses são os fatores básicos na sua maneira de encarar o
mundo.
Se o movimento nacional-socialista não
compreendesse a importância fundamental dessa verdade, mas, ao contrário, em vez
disso, procurasse pôr remendos ao Estado atual e visse no ponto de vista das
massas um ponto de vista seu próprio, transformar-se-ia em um partido de
concorrência ao marxismo. Não teria, então, o direito de falar em uma nova
doutrina.
Se o programa social do novo
movimento consistisse somente em suprimir a personalidade e pôr em seu lugar a
autoridade das massas, o Nacional-Socialismo, já ao nascer, estaria contaminado
pelo veneno do marxismo, como é o caso dos partidos
burgueses.
O Estado nacionalista racista tem
que cuidar do bem-estar dos seus cidadãos, em tudo em que reconhecer o valor da
personalidade, e, assim, introduzir, em todos os campos de atividade, aquela
produtiva capacidade de direção que só ao indivíduo é
concedida.
O Estado nacionalista deve trabalhar
infatigavelmente para libertar o Governo, sobretudo os altos postos de direção,
do princípio parlamentar da maioria, para assegurar, em seu lugar, a
indiscutível autoridade do indivíduo.
Dai
resultam as seguintes noções:
A melhor forma de
Governo e de constituição é aquela que, com a mais natural firmeza, eleva aos
postos de comando, de maior influência, as melhores cabeças de uma
coletividade.
Como na vida econômica os homens
mais capazes não provêm de cima mas têm que abrir o seu próprio caminho lutando
e nessa luta recebem as lições da experiência, tanto em pequenos negócios como
nas grandes empresas, não podem, por isso, as cabeças de valor político ser
descobertas de um momento para outro.
Na sua
organização, o Estado, desde os lugares mais modestos até aos postos mais
elevados da coletividade, deve basear-se no princípio da
personalidade.
Não deve haver maiorias tomando
decisões mas sim um corpo de pessoas responsáveis. A palavra "Conselho"
reverterá assim à sua antiga significação. Cada um poderá ter conselheiros a seu
lado, mas a decisão caberá sempre a uma
pessoa.
A razão porque o exército prussiano se
pode transformar em um admirável instrumento de grandeza do povo alemão é que,
em sentido figurado, ele representava o edifício de nossa organização nacional:
autoridade e responsabilidade.
Não nos
poderemos passar, mesmo então, dessas corporações que designamos sob o nome de
parlamento. A diferença ó que seus Conselhos serão verdadeiramente conselhos,
mas a responsabilidade recairá sempre sobre uma só pessoa, a única que tem
autoridade e o direito de dar ordens.
Os
parlamentos em si são necessários, antes de tudo porque neles têm oportunidade
de se afirmar os valores individuais, a que, mais tarde, se podem confiar
missões de responsabilidade.
Resulta o
seguinte:
O Estado racista, em nenhum dos
setores, terá um corpo de representantes que possa resolver por meio da maioria
de votos, mas apenas Conselhos consultivos que auxiliam o chefe escolhido e, por
intermédio desse, tomarão parte nos trabalhos e, de acordo com as necessidades,
aceitarão responsabilidades incondicionais, nas mesmas condições em que age o
chefe ou presidente nas grandes questões.
O
Estado racista não tolera que homens cuja educação ou ocupação não lhes tenha
proporcionado conhecimentos especiais, sejam convidados a dar conselhos ou a
julgar, o corpo representativo do Estado será dividido em comitês políticos e
comitês profissionais permanentes.
A fim de
obter uma cooperação vantajosa entre os dois haverá sobre eles um Senado
permanente. Mas nem o Senado nem a Câmara terão poderes para tomar resoluções;
eles são designados para trabalhar e não para decidir. Os seus membros
individuais podem aconselhar mas nunca resolver. Essa prerrogativa é da
competência exclusiva do presidente responsável do
momento.
Esse princípio de absoluta aliança da
responsabilidade com a autoridade pouco a pouco tornará possível a escolha de um
líder, o que, hoje, é absolutamente impossível em face da irresponsabilidade do
parlamento.
Então a constituição política da
nação será posta em harmonia com a lei a que esta já deve a sua grandeza nos
domínios da cultura e da economia.
No que diz
respeito à possibilidade de pôr em prática essa doutrina, devo lembrar que nem
sempre o princípio da maioria de Votos dos parlamentos democráticos governou o
mundo. Ao contrário, esse princípio só é encontrado em pequenos períodos da
história e esses são sempre períodos de decadência das nações ou dos
Governos.
Em todo caso, ninguém imagine que
providências puramente teóricas, partidas de cima, possam provocar essa mudança,
desde que, logicamente, a mesma não se pode limitar à constituição de um Estado
mas toda a legislação e, na realidade, toda a vida da nação, devem por ela ser
influenciadas.
Uma tal revolução só poderá e só
virá a realizar-se por meio de um movimento inspirado naquela idéia e que traga
em si a semente do novo Estado.
Assim o
movimento nacional socialista hoje deve-se identificar com aquela idéia e pô-la
em prática em sua organização própria, de maneira que não só possa guiar o
Estado no bom caminho mas também preparar todo o corpo da nação, assim
melhorada, a receber a nova ordem de coisas.
CAPÍTULO V - CONCEPÇÃO DO MUNDO E
ORGANIZAÇÃO
O Estado nacionalista, que
tentei pintar em linhas gerais, não surgirá apenas do conhecimento das suas
necessidades. Não basta saber que aspecto um tal Estado deverá assumir. Muito
mais importante é o problema da sua formação. Não se pode esperar que os
partidos atuais, que são os maiores aproveitadores do Estado, mudem de atitude
por sua própria iniciativa. Isso é absolutamente impossível, uma vez que seus
verdadeiros chefes são todos judeus.
A evolução
por que passamos terminará um dia, se não lhe opusermos obstáculos, nesta,
profecia judaica: o judeu, na realidade, devorará os povos da terra e
tornar-se-á senhor dos mesmos.
Perfeitamente
consciente dos seus objetivos, o judeu defende-os de maneira irresistível, nas
suas relações com milhões de alemães proletários e burgueses, os quais caminham
para a destruição, principalmente devido á sua covardia, aliada à indolência e à
estupidez.
Os partidos sob a sua direção não
podem fazer outra coisa que não seja combater por seus interesses e nada têm de
comum com o caráter das nações arianas.
Se se
deve fazer uma tentativa para realizar o ideal de um Estado nacionalista, devem
ser postos de parte os que agora controlam a vida pública e deve-se procurar uma
nova força resoluta e capaz de tomar a si a luta por esse
ideal.
A primeira tarefa nesse combate não é a
criação de uma nova concepção do Estado, mas a remoção das concepções judaicas
atuais. Como acontece freqüentemente na história, a principal dificuldade não
está em encontrar os moldes do novo estado de coisas mas em abrir caminho para
instalá-los. Preconceitos e interesses dispõem-se em falanges cerradas
procurando evitar por todos os meios a vitória de uma nova idéia que vejam como
desagradável e ameaçadora.
Por isso, o
combatente por um novo ideal dessa natureza é infelizmente forçado, de maneira
veemente, a começar a luta pela parte negativa que deve terminar pela remoção
das instituições em vigor.
A primeira arma de
uma nova doutrinação que se inspire em grandes princípios, por mais que isso
possa desagradar a certos indivíduos, deve ser o exercício da mais forte critica
contra aqueles que estão na liderança da
sociedade.
De observações superficiais sobre a
história dos povos costuma-se chegar à conclusão de que a evolução dos mesmos,
de nenhum modo, é devida à crítica negativa mas ao trabalho construtivo. Essa
cegueira "popular", infantil e sem sentido, é uma prova de como, nessas cabeças,
até os acontecimentos dos dias de hoje passaram sem deixar
vestígios.
O marxismo possui um objetivo e
também conhece a atuação construtora (somente, porém, quando se trata de
estabelecer o despotismo do capitalismo internacional judeu), mas nem por isso
ele deixou de exercer a critica, durante sessenta anos, aliás uma crítica
demolidora e dissolvente que se prolongou até que o antigo Estado, corroído pelo
acido dessa crítica, foi arrastado à ruína. Só então, começou o seu chamado
peno. do "construtivo". Isso era compreensível, justo e lógico. Uma situação
existente não pode ser posta à margem pela simples anunciação de um novo estado
de coisas. Não é admissível que os adeptos ou interessados na manutenção do
statu quo se convertessem ao novo movimento simplesmente porque se proclamasse a
sua necessidade. Ao contrário, acontece freqüentemente que as duas situações
continuam uma ao lado da outra e, então, a chamada concepção do mundo
transforma-se em partido, não podendo jamais elevar-se acima do nível das
facções.
Uma doutrina universal é sempre
intolerante e não se contenta em representar o papel de um "partido ao lado dos
outros", mas insiste em ser por todos reconhecida e em impor uma nova maneira de
encarar a vida pública, de acordo com os seus pontos de vista. Por esse motivo,
não pode tolerar a continuação de uma força representando a situação
anterior,
O mesmo acontece com as
religiões.
O cristianismo não se satisfez em
erigir os seus altares, mas viu-se na contingência de proceder à destruição dos
altares dos pagãos. Só essa fanática intolerância tornou possível construir
aquela fé adamantina que é a condição essencial de sua
existência.
Pode-se fazer a objeção de que, na
história da humanidade, esse fato é característico do modo de pensar dos judeus
e que a intolerância e o fanatismo são a sua razão de ser. Essa objeção pode ser
muito justa e pode-se até lamentar essa realidade e constatá-la com tristeza na
história humana. Isso, porém, não impede que ainda hoje se verifique o mesmo
fenômeno.
Os homens que querem salvar o nosso
povo da atual situação não devem quebrar a cabeça sobre se as coisas se deveriam
passar dessa ou daquela maneira, mas devem tentar os meios para demover os
obstáculos do presente.
Uma doutrina universal
que se caracteriza por sua infernal intolerância só será destruída por outra
inspirada no mesmo espírito, mantida pela mesma vontade de ferro, baseada,
porém, em idéias mais puras e mais
verdadeiras.
Cada um pode hoje, com tristeza,
constatar que, no tempo antigo, de muito mais liberdade, o primeiro terror
espiritual se verificou por ocasião do aparecimento do cristianismo. Não se
contestará, porém, o falo de que o mundo, desde aquele tempo, foi torturado e
dominado por essa intolerância e que só se vence um terror com outro terror. Só,
então, pode-se iniciar a obra de construção.
Os
partidos políticos estão sempre prontos a assumir compromissos, ao contrário do
que acontece com as concepções universais. Aquelas entram em acordo com os seus
adversários, essas proclamam-se infalíveis.
Os
partidos políticos, de começo, também acariciam a esperança de exercer uma
autoridade despótica. Eles sempre apresentam ligeiros traços de uma concepção
mundial. A estreiteza dos seus programas priva-os do heroísmo que uma doutrina
universal exige. A capacidade de conciliar atrai para o seu seio os espíritos
fracos e com esses nenhuma verdadeira cruzada pode ser levada a efeito. Assim
ficam desde cedo reduzidos às suas mesquinhas proporções. Por isso, não tentam a
luta por uma renovação de concepções, mas, em vez disso, por uma "colaboração
positiva", visam apenas conquistar um lugarzinho na gamela das comidas e ai
permanecer por muito tempo. Nisso consiste todo o seu
esforço.
Quando, por um forte e inteligente
concorrente à pensão, eles são expulsos da manjedoura, concentram toda sua
inteligência e esforços para, por meio da força ou da astúcia, de novo entrar
nas primeiras filas dos seus companheiros famintos, e, embora com o sacrifício
das suas mais sagradas convicções, gozar as delícias das
comidas.
Chacais da
política!
Como uma doutrina mundial nunca entra
em acordo com uma segunda, assim também não poderá colaborar em uma situação
pela mesma condenada, mas, pelo contrário, sente-se no dever de combatê-la e
combater também todas as idéias adversas, preparando, assim, a derrocada das
mesmas.
Logo que essa campanha demolidora, cujo
perigo por todos será imediatamente reconhecido, encontrando por isso
resistência geral, inicia também sua ação positiva, destinada a assegurar o
êxito das novas idéias, então fazem-se necessários lutadores resolutos. Um tal
movimento só levará à vitória as suas idéias se ao mesmo se unirem os mais
corajosos e mais eficientes elementos do momento, em uma organização com
capacidade para a luta. Para isso é, porém, indispensável que essa organização,
tomando em consideração esses elementos, escolha certas idéias e lhes dê uma
forma que, de maneira precisa e incisiva, seja a apropriada a servir de dogma à
nova sociedade.
Enquanto o programa de um novo
partido político consiste apenas em uma receita para o triunfo nas eleições, o
programa de uma nova doutrina deve se traduzir na fórmula de uma declaração de
guerra contra uma ordem de coisas existente, em uma palavra, contra as atuais
maneiras de compreender o mundo.
Não é
necessário que cada lutador, individualmente, tenha conhecimento completo de
todas as idéias e do processo mental dos líderes do movimento. Muito mais
necessário é que se lhe esclareçam certos pontos de vista de conjunto e as
linhas essenciais capazes de provocar um entusiasmo permanente, de maneira que
cada um se compenetre da necessidade da vitória do movimento em que está
empenhado. É o mesmo que acontece com o soldado na tropa, o qual nunca está ao
par dos altos planos estratégicos. Quanto mais é ele educado em uma disciplina
rígida, quanto maior é o seu fanatismo a respeito do direito e da força da sua
causa, tanto mais se entrega de corpo e alma à mesma. Assim acontece com o
adepto de um movimento de grandes proporções, de grande futuro e que exige
grande força de vontade.
Tão pouco valeria um
exército em que os soldados fossem todos iguais aos generais, pela sua educação
e pela sua sagacidade, como um movimento político baseado em uma, concepção
mundial, que se compusesse apenas de um conjunto de "homens de espírito". São
absolutamente necessários os soldados, sem os quais não se pode conseguir a
disciplina.
Está na natureza de uma organização
de combate que ela só pode subsistir se a sua direção, inspirada em idéias
elevadas, servir a - uma massa de indivíduos que nela se enfileiram por motivos
sentimentais.
Um grupo de duzentos homens,
iguais quanto à capacidade intelectual, com o tempo, seria mais difícil de
disciplinar do que um de cento e no. venta homens menos capazes e de dez tipos
superiores.
Dessa verdade a social-democracia
tirou outrora as maiores vantagens. Ela se aproveitou dos que se haviam
licenciado do serviço do exército, já acostumados à disciplina e saídos das
vastas camadas populares, e submeteu-os sua rígida disciplina partidária. A sua
organização se apresentava como um exército de soldados e oficiais. Os operários
que deixavam o serviço militar eram os soldados do partido, o intelectual judeu
era o oficial, os empregados de fábricas o corpo de
suboficiais.
O que a nossa burguesia sempre
olhou com indiferença, isto é, a verdade segundo a qual ao marxismo só se ligam
as classes iletradas, era. na realidade, a condição sine qua non para o êxito do
mesmo. Enquanto os partidos burgueses, na sua intelectualidade superficial, nada
mais representavam do que um bando incapaz e indisciplinado, o marxismo, com um
material humano intelectualmente inferior, formou um exército de soldados
partidários que obedeciam tão cegamente aos seus dirigentes judeus como outrora
aos seus oficiais alemães.
A burguesia alemã,
por julgar-se superior, nunca se preocupou seriamente com os problemas
psicológicos, não julgou necessário, nesse caso, refletir sobre a importância
desse fato e o perigo que nele se ocultava. Acreditava-se, ao contrário, que um
movimento político que se compunha de elementos recrutados nos círculos
intelectuais só por esse fato era de mais valor e tinha mais direito e mesmo
mais probabilidade de alcançar o Governo do que um simples movimento de massas
sem instrução.
Não se apercebeu de que a força
de um partido político não repousa em uma intelectualidade elevada e
independente dos seus adeptos, mas sobretudo na obediência disciplinada com que
a direção intelectual assegura a vitória. Quem decide é a própria
direção.
Quando dois corpos de tropa lutam um
contra o outro, não vence aquele em que cada soldado recebeu uma perfeita
educação estratégica, mas sim o que dispõe da melhor direção e, ao mesmo tempo,
das tropas mais disciplinadas, mais cegas na sua obediência e mais treinadas.
Isso é um ponto de vista fundamental que, no cálculo das possibilidades para a
conversão de uma doutrina em realidade, devemos sempre ter em mente. Se, para
levarmos essa doutrina à vitória, temos que nos transportar ao terreno da luta,
logicamente o programa do movimento deve ter em consideração o material humano
de que se pode dispor.
Quanto mais inalterável
for o objetivo a ser conseguido, quanto mais dogmáticas forem as idéias
fundamentais, tanto mais psicologicamente justo deve ser o programa de
aliciamento das massas, sem o auxilio das quais as idéias mais elevadas ficam
sempre no terreno da teoria.
Para que o
programa racista-nacionalista possa emergir dos vagos anseios de hoje para
tornar-se uma realidade, é preciso que se selecionem, dentro de suas largas
concepções, certas idéias mestras bem definidas que, por sua significação, sejam
apropriadas a atrair e conseguir a adesão de vastas massas populares, justamente
aquelas que podem assegurar o êxito da grande luta de finalidade universal.
Referimo-nos ao proletariado alemão.
Com esse
objetivo, o programa do novo movimento foi sintetizado em vinte e cinco
proposições principais destinadas a orientar a luta. Essas teses são destinadas,
antes de tudo, a dar ao homem do povo uma idéia geral das intenções do
movimento. São por assim dizer, uma declaração de fé política, que, de um lado,
serve à causa e, do outro, visa unir em um bloco sólido os adeptos do movimento
por um compromisso por todos entendido.
Assim,
não devemos nunca abandonar o seguinte aspecto da questão. Como o programa do
movimento, na sua mais alta finalidade, é absolutamente justo mas deve atender
ao momento psicológico, com o correr dos tempos, pode-se chegar à convicção de
que os indivíduos compreendem mal certas proposições e que receberiam melhor
outro programa. Toda tentativa de modificação nesse sentido é, porém, fatal. Com
isso, entregar-se-ia à discussão o que se deveria conservar inabalavelmente
firme. Uma vez que qualquer ponto do dogma político é afastado, não se chegará a
produzir um novo, melhor e mais conforme com o programa mas, ao contrário,
marchar-se-á, através de discussões sem fim, para o caos
geral.
Nessa situação, deve-se sempre procurar
saber o que é mais conveniente, se uma nova fórmula, embora melhor, que ocasiona
a decomposição do movimento, ou uma que, não obstante não ser perfeita, no
momento corporifica-se em uma nova organização inquebrantável, centralizada. Do
exame mais superficial ressalta a vantagem da última hipótese. Como nessas
modificações do programa trata-se apenas de uma questão de forma, elas parecerão
sempre possíveis ou desejáveis.
Devido à
superficialidade dos homens, há o perigo de acabarem estes por considerar a
fórmula do programa como a finalidade real do
movimento.
Diminuem, assim, a vontade e a força
no combate pela idéia, e a atividade que se devia empregar na propaganda externa
gasta-se inutilmente em lutas internas sobre questões de
programa.
Tratando-se de uma doutrina sã, em
suas linhas gerais, é menos prejudicial insistir em uma determinada concepção,
mesmo quando não corresponda perfeitamente à realidade, do que tentar
melhorá-la, abrindo a discussão sobre os princípios básicos do movimento que
devem ser considerados como inalteráveis. Daí só poderão resultar as piores
conseqüências, entre as quais a impossibilidade de vitória do
movimento.
Como é possível inspirar aos
indivíduos a fé cega na excelência de uma doutrina, quando modificações
constantes no programa de propaganda da mesma desenvolvem a incerteza e a
dúvida?
O essencial de um movimento não está
nas aparências externas mas no âmago das suas concepções e, nesse campo, nada
deve ser modificado. Devemos todos desejar que, no seu próprio interesses, o
movimento mantenha a sua força para todos os combates, evitando qualquer
iniciativa que ponha em evidência divisões e falta de entendimento
mútuo.
Também nessa questão muito se pode
aprender com a Igreja Cató1ica. Apesar de suas doutrinas estarem - aliás, sob
certos aspectos, desnecessariarnente - em muitos pontos, em colisão com a
ciência exata e o espírito de investigação, a Igreja não sacrifica uma virgula
dos seus princípios. Com muita sabedoria, ela reconheceu que seu poder de
resistência não consiste em uma maior ou menor harmonia com as conquistas
científicas do momento, sempre variáveis, mas na insistência da defesa dos
dogmas que, em conjunto, expressam o caráter da fé. Conseqüência disso é que a
Igreja mantém-se mais firme do que
nunca.
Pode-se profetizar que, com o tempo,
cada vez conquistará maior número de
adeptos.
Quem realmente desejar com sinceridade
a vitória de uma doutrina racista deve reconhecer que, para a consecução de um
tal resultado, é indispensável, primeiro, que o movimento se revele capaz para a
luta, mas só se manterá se tiver como fundamento um programa inalterável e
firme. Esse programa não deve fazer concessões exigidas pelo espírito publico em
determinado momento, mas manter, para sempre, a fórmula julgada boa ou pelo
menos até à hora da vitória. Antes disso, provocará a desagregação qualquer
tentativa que tenha por fim modificar a finalidade de um ou outro ponto do
programa e terá como conseqüência a destruição do espírito de decisão e da
capacidade para a luta, à proporção que seus adeptos se empenham em discussões
internas.
Acrescente-se a isso que uma
"reforma" executada hoje, já amanhã poderia ser destruída por novas críticas
para, no dia seguinte, encontrar-se uma mais
vantajosa.
Quem entra nesse caminho, toma uma
estrada livre da qual, porém, só se conhece o começo. O ponto terminal perde-se
em horizontes sem fim.
Essa importante noção
deve ser utilizada pelo novo movimento nacional-socialista. O Partido
Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, com o seu programa de vinte e
cinco teses, aceitou uma base que deve ser mantida
inalterável.
A missão dos adeptos do movimento,
os de hoje como os do futuro, não é criticar e alterar essas teses essenciais
mas considerar do seu dever empenhar-se na sua defesa. Ao contrário, as próximas
futuras gerações, com o mesmo direito, dissipariam as suas forças nessa
atividade interna, em vez de atrair para o seio do partido novos adeptos, novas
forças. Para a maior parte dos nossos correligionários a essência do movimento
deve estar menos na letra das teses do que no espírito que podemos lhes
emprestar.
A essa noção o novo partido deveu de
inicio o seu nome, de acordo com a mesma foi organizado o seu programa e nela se
fundamenta o processo do seu desenvolvimento. Para se conseguir a vitória das
idéias racistas, deve-se organizar um partido popular, um partido que não se
componha somente de guias intelectuais mas também de
proletários.
Sem uma organização forte,
qualquer tentativa para promover a realização de idéias no seio do povo será sem
conseqüências, hoje como de futuro.
Só assim o
movimento terá não só o direito mas também o dever de considerar-se como
pioneiro e representante dessas idéias.
As
idéias básicas do movimento Nacional Socialista são nacionalistas, assim como as
idéias nacionalistas são também do Partido Nacional Socialista. Para a vitória
do Partido Nacional Socialista é preciso que ele adira absolutamente a essas
convicções. É seu dever e direito proclamar, da maneira mais incisiva, que é
inadmissível qualquer tentativa de representar a idéia nacionalista fora dos
limites do Partido e que, na maioria dos casos, essa tentativa não passa de
embuste.
Se alguém fizer ao movimento a censura
de que o mesmo age, como se tivesse "monopolizado" a idéia racista nacionalista,
deve-se-lhe dar apenas a seguinte resposta: Não só a "monopolizou" como a criou
para o seu uso.
O que até hoje existia, em
matéria de organização partidária, não estava em condições de exercer a menor
influência sobre a sorte do nosso povo, pois a todas as idéias em voga faltava
uma exteriorização clara, um plano
uniforme.
Tratava-se, na maioria dos casos, de
noções mais ou menos justas, que não raramente se contradiziam e que nenhuma
ligação íntima tinham umas com as outras. Mesmo, porém, que houvesse a união a
que nos referimos, essas idéias, por sua fraqueza, nunca teriam sido suficientes
para, com elas, se organizar um movimento.
Se
hoje, todas as associações e pequenos grupos, e até "grandes partidos" reclamam
para si a denominação de nacionalistas, devemos ver nisso a influência do
movimento nacional-socialista. Sem a atuação deste, nunca teria ocorrido a estas
organizações nem mesmo mencionar a palavra nacionalista. Esse qualificativo nada
lhes teria sugerido. Ao mesmo tempo, essa concepção lhes teria passado
indiferente, o NSDAP, isto é, o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores
Alemães, foi o primeiro a dar um sentido a essa palavra, que hoje tem uma
significação tão vasta e que está na boca de toda gente. Nosso movimento
demonstrou, de maneira tão eloqüente, a força da idéia nacionalista, que a
ambição está forçando os outros partidos pelo menos a pretenderem possuir
aspirações iguais.
Porque eles põem tudo o
serviço de suas pequenas especulações eleitorais, a concepção nacionalista
racista não passou de um estribilho oco, superficial, com o qual os partidos
tentam rivalizar com a força criadora do movimento
nacionalista-socialista.
Só a preocupação de
sua própria subsistência e o receio da prosperidade de um movimento que se faz
em torno de uma nova concepção do mundo, cuja significação eles compreenderam
assim como o perigo de seu espírito exclusivista, obriga-os a usar essa palavra
que há oito anos eles não conheciam, há sete levavam a ridículo, há seis
apontavam como uma insensatez, há cinco combatiam, há quatro odiavam, há três
perseguiam, e só há dois anexaram ao resto do seu vocabulário, para empregá-la
como grito de guerra.
Ainda hoje mesmo, é fácil
demonstrar que todos esses partidos não têm a menor idéia do que é preciso ao
povo alemão. A prova mais evidente disso é a superficialidade com que
compreendem a palavra "nacionalista".
Não menos
perigosos são os partidos que se agitam em torno de idéias aparentemente
nacionalistas, fazem planos fantásticos, apoiados apenas em idéias fixas que, em
si mesmas, podem ser justas, mas, no seu isolamento, não têm nenhuma
significação para uma luta contínua em favor da coletividade e, muito menos,
para a construção de um novo estado de
coisas.
Essa gente, que fabrica um programa de
idéias próprias ou de idéias resultantes de leituras, é geralmente mais perigosa
do que os inimigos declarados da concepção
nacionalista.
Na melhor das hipóteses, são
teóricos estéreis, mas, na maior parte, palradores que se limitam a destruir e
que, não raramente, acreditam que, com suas longas barbas e ademanes
ultra-germânicos, poderão disfarçar a insignificância espiritual de sua maneira
de agir, de sua capacidade.
Em contraposição a
todas essas estéreis tentativas, é bom que se rememore o tempo em que o novo
partido nacional-socialista começou a sua luta.
CAPÍTULO VI - A LUTA NOS PRIMEIROS TEMPOS - A IMPORTÂNCIA DA
ORATÓRIA
Mal tínhamos terminado o primeiro
grande comício de 24 de fevereiro de 1920, na sala de festas do Hofbräuhaus e já
nos preparávamos para o próximo. Até aquele momento tinha-se como quase
impossível, em uma cidade como Munique, fazer um comício de quinze em quinze
dias ou mesmo uma vez por mês. No entanto, íamos realizar um grande mitingue por
semana!
Naqueles tempos, faziamo-nos sempre
esta angustiosa pergunta: O povo virá às nossas reuniões, estará disposto a
ouvir-nos? Quanto a mim, já estava firmemente convencido de que uma vez que o
povo comparecesse aos mitingues, aí permaneceria e ouviria os oradores com
atenção.
No início do movimento a sala de
festas do Hofbräuhaus de Munique tinha, para nós nacionais-socialistas, uma
significação quase sagrada. Todas as semanas ali se realizava um comício, quase
sempre na mesma sala. A concorrência era cada vez maior e a assistência cada vez
mais atenta. A começar da questão de saber a quem cabia a responsabilidade na
guerra, com que ninguém mais se preocupava, até ao tratado da paz, tudo era
discutido, tudo o que de qualquer modo, fosse necessário para a agitação em
favor das nossas idéias, da nossa finalidade. Sobretudo a critica do tratado de
paz despertava grande atenção popular. Quase tudo o que o novo movimento
profetizou sobre esse assunto, junto às massas, realizou-se depois. Hoje é fácil
falar ou escrever sobre o tratado de paz. Outrora, porém, um comício popular
público composto, não de fleumáticos burgueses, mas de operários excitados, e
que tivesse por tema o tratado de Versalhes, era considerado como um ataque à
República e um sintoma de reacionarismo, e até mesmo de tendências monárquicas.
A primeira proposição pronunciada por um crítico desse tratado era
invariavelmente recebida com o grito: "É o tratado de Brest-Litowsky?" A
gritaria da multidão continuava cada vez mais forte até atingir o auge da
violência, se o orador não abandonasse a idéia de, tentar persuadir as massas.
Era de desesperar o espetáculo que então oferecia o
povo!
O povo não queria ouvir, não queria
entender que o tratado de Versalhes era uma vergonha e um opróbrio para a nação
e que esse tratado de paz que nos fora ditado traduzia-se por um verdadeiro
saque. A obra de destruição do marxismo, a sua propaganda envenenadora tinha
cegado o povo. E ninguém se poderia queixar dessa situação, tão grande era a
culpa do lado dos dirigentes. Que tinha feito a burguesia para conter essa
terrível desagregação, contrariá-la e. por uma melhor e mais inteligente
propaganda, abrir o caminho para a verdade Nada, absolutamente nada. Nunca
encontrei, naqueles tempos, os grandes apóstolos de hoje. Talvez estivessem eles
fazendo conferências em reuniões familiares, em five o' clock teas ou em outros
círculos semelhantes. Não se encontravam nunca no lugar em que deveriam estar,
isto é, entre os lobos, uivando com eles.
Eu
via claramente que, para o nosso movimento, então na infância, a questão da
responsabilidade da guerra deveria ser liquidada à luz da verdade histórica. Foi
uma condição sine qua non do êxito da nossa causa o ter proporcionado às massas
a - compreensão do tratado de paz. Como, naqueles tempos, todos viam nessa paz
uma vitória da Democracia, fazia-se necessário lutar contra essa idéia e gravar
na cabeça do povo para sempre o ódio contra esse tratado, para que, mais tarde,
quando essa obra de mentiras, em formas brilhantes, aparecesse na sua dura
realidade, a lembrança de nossa atitude de outrora servisse para conquistar para
nós a confiança do povo. Já naqueles tempos eu tinha tomado a resolução de, nas
importantes questões de princípio, nas quais a opinião pública geral tinha
aceito um ponto de vista falso, tomar uma atitude contrária, sem preocupação de
popularidade. O Partido Nacional Socialista não deve ser um esbirro da opinião
pública mas senhor da mesma.
Em todos os
movimentos ainda em inicio, sobretudo nos momentos em que um adversário mais
poderoso, com a sua arte de sedução, conseguiu arrastar o povo a alguma lunática
revolução ou a tomar uma posição falsa, nota-se uma forte tentação para agir e
gritar com as multidões, especialmente quando há algumas razões, mesmo
ilusórias, para assim agir do ponto de vista do
partido.
A covardia humana procura com tanto
ardor essas razões que quase sempre encontrará alguma coisa que ofereça uma
aparência de justiça para, do seu próprio ponto de vista, colaborar em um tal
crime.
Tive ocasião de observar, algumas vezes,
esses casos, em que se faz - necessário desenvolver a máxima energia para evitar
que a nau do partido não navegue na corrente geral, ou melhor, não se deixe por
ela arrastar. A última vez que isso aconteceu foi quando a nossa infernal
imprensa, que é a Hecuba da nação alemã, conseguiu emprestar à questão do sul do
Tirol uma proeminência que terá sérias conseqüências para a nação
alemã.
Sem refletirem sobre a causa a que
estávamos servindo, muitos dos chamados nacionalistas, indivíduos, partidos e
associações, simplesmente com receio da opinião pública excitada pelos judeus,
fizeram coro comum com o sentir geral e, idiotamente, deram o seu apoio à luta
contra um sistema que nós alemães, especialmente na crise atual, deveríamos ver
como uma brilhante esperança nesse momento de corrupção. Enquanto os judeus
internacionais, lenta mas firmemente, tentam estrangular-nos, os soi-disants
patriotas vociferam contra um homem e um sistema .que se tinham aventurado a
libertar, pelo menos um trato do planeta, da dominação dos judeus-maçons, e a
opor as forças nacionais a esse veneno internacional. Era mais cômodo, porém,
para caracteres fracos, navegar ao sabor dos ventos e capitular ante o clamor da
opinião pública. E, de fato, tudo não passou de uma capitulação. Podem esses
indivíduos, com a falsidade e maldade que lhes é peculiar, não confessar essa
fraqueza, nem mesmo perante a sua própria consciência, mas a verdade é que só
por medo e covardia da opinião pública preparada pelos judeus consentiram em
colaborar no movimento a que nos referimos. Todas as outras razões que
apresentam não passam de miseráveis subterfúgios de quem tem a consciência do
crime praticado.
Tornava-se, pois, necessário,
um punho de ferro para dar outra orientação, a fim de livrá-lo dos danos
ocasionados por essa orientação. Tentar uma mudança dessa natureza em um momento
em que a opinião pública era excitada sempre no mesmo sentido, por todas as
forças, não era uma missão popular, mas, ao contrário, extremamente perigosa,
mesmo para os mais audazes. Não, é, porém, raro na história que, nestes
momentos, indivíduos se deixem lapidar por um gesto que dará à posteridade
motivos para prostrar-se a seus pés.
Com esses
aplausos da posteridade deve contar todo movimento de grande alcance e não
somente com os aplausos dos coevos. Pode acontecer que, nesses momentos, os
indivíduos se deixem entibiar. Não devem porém, esquecer de que, depois dessas
horas difíceis, vem a redenção e de que uma agitação que pretende renovar o
mundo, tem que visar mais o futuro do que o
presente.
Pode-se constatar facilmente que os
maiores sucessos, os de efeitos mais duradouros, na história da humanidade
foram, geralmente, de começo, pouco compreendidos e isso porque se contrapunham
aos pontos de vista e ao gosto da opinião pública. Isso pudemos verificar nos
primeiros dias de nossa apresentação em público. Não procuramos conquistar o
favor das massas, ao contrário fomos de encontro, em tudo, aos desvarios do
povo. Quase sempre acontecia, naqueles tempos, apresentai--me em reuniões de
homens que acreditavam no contrário do que eu lhes queria dizer e queriam o
contrário daquilo em que eu acreditava. Nossa missão era, durante duas horas,
libertar dois a três mil homens das noções erradas que possuíram, por golpes
sucessivos destruir os fundamentos dos mesmos e, finalmente, atraí-los para as
nossas idéias, para a nossa doutrina.
Em pouco
tempo aprendi uma coisa importante que consistia em tirar das mãos do inimigo as
armas de defesa. Logo se tornou evidente que os nossos adversários, sobretudo
tratando-se de discussões verbais, sempre se apresentavam com um repertório
certo de argumentos que, repentinamente, usavam contra as nossas afirmações, de
modo que a uniformidade desse processo de argumentar proporcionou-nos um treno
consciente e de objetivo bem definido. Pudemos compreender o espírito de
disciplina dos nossos adversários, na sua propaganda. Hoje orgulho-me de ter
descoberto os meios não só de tornar a sua propaganda ineficiente como também de
vencer os seus próprios líderes. Dois anos depois eu era mestre nesta
arte.
Em cada discussão, o importante era ter,
de antemão, uma idéia clara da forma e do aspecto prováveis dos argumentos que
se esperavam por parte dos adversários e, mencionar, de começo, as possíveis
objeções e provar a sua falta de consistência. Assim o ouvinte, apesar das
numerosas objeções que lhe tinham sido inspiradas, pela destruição antecipada
das mesmas, era facilmente conquistado para a causa, desde que fosse um homem
bem intencionado. A lição que lhe ensinavam de cor era abandonada e sua atenção
era cada vez mais atraída para a exposição do
orador.
Foi essa a razão por que, depois da
minha conferência sobre o tratado de Versalhes, dirigida às tropas, na qualidade
de "instrutor", mudei a minha orientação e comecei a falar sobre os dois
tratados, de Versalhes e de Brest-Litowsky, o último dos quais antes sempre
irritava o auditório. Depois de algum tempo, no decorrer da discussão que se
seguiu à primeira conferência, pude afirmar que o povo, na realidade, nada sabia
sobre o tratado de Brest-Litowsky e que isso era devido à bem sucedida
propaganda dos partidos políticos que apontavam esse tratado como um dos mais
vergonhosos atos de opressão da história da humanidade. À tenacidade com que
essa mentira era posta diante dos olhos das grandes massas, deve-se o fato de
milhões de alemães verem no tratado de Versalhes nada mais do que um justo
castigo pelo crime que havíamos cometido em Brest-Litowsky. Influenciados por
essa propaganda, os nossos compatriotas viam uma campanha forte contra o tratado
de Versalhes como injusta e, freqüentemente, se irritavam ou se enojavam ante
qualquer tentativa nesse sentido.
Foi por isso
também que o povo se pode acostumar com a impudente e monstruosa palavra
"reparação". Por milhões de nossos compatriotas, iludidos por uma propaganda
falsa, essa mentira passou a ser vista como um ato de grande justiça. A melhor
prova disso está no êxito da propaganda que dirigi contra o tratado de
Versalhes, campanha que sempre iniciava com uma explicação sobre o tratado de
Brest-Litowsky. Durante a argumentação punha os dois tratados um ao lado do
outro, comparava-os, ponto por ponto, mostrava que um, na realidade, se
inspirava em um sentimento generoso, enquanto, ao contrário, o outro se
caracterizava por uma crueldade desumana. Esse processo de comparação era
coroado do mais completo êxito. Muitas vezes, discorri, outrora, sobre esse
tema, em reuniões de milhares de homens, dos quais a maioria me recebia com
olhares agressivos. E três dias depois, tinha diante de mim uma massa agitada
pela mais sagrada revolta, por uma fúria sem limites contra esse tratado. Mais
uma vez uma grande mentira era desalojada dos cérebros de milhares de homens, e,
no lugar do embuste, se instalava a verdade.
Eu
considerava como as mais importantes as duas conferências sobre "As verdadeiras
causas da Guerra e sobre "Os tratados de Versalhes e Brest-Litowsky". Por isso,
repetia-as dezenas de vezes sempre com argumentos novos, até que uma compreensão
clara e definida se formasse no espírito dos ouvintes, no seio dos quais o nosso
movimento granjeava os primeiros adeptos. Esses mitingues tiveram para mim ainda
a vantagem de transformar-me aos poucos em orador de comícios, tendo adquirido o
entusiasmo e os gestos que as grandes reuniões populares
estimulam.
Naqueles momentos, como já afirmei,
a não ser em pequenos círculos, nunca assisti, por iniciativa dos partidos, a
qualquer explicação sobre esses tratados, com a orientação por mim adotada. No
entanto, hoje, esses partidos enchem a boca com essas idéias e agem como se
fossem eles que tivessem modificado a opinião
pública.
Se os chamados partidos políticos
nacionalistas alguma vez fizeram conferências nesse sentido, falavam sempre em
círculos que já possuíam as mesmas idéias dos conferencistas, que apenas serviam
para fortalecer as convicções do auditório.
Não
acontecia nunca, porém, que, por meio da propaganda, procurassem conquistar a
adesão dos que, até então, por sua educação e por suas idéias, se mantinham no
campo oposto.
Também os folhetos foram postos a
serviço da nossa propaganda. Já no seio da tropa, eu havia redigido um folheto
fazendo um confronto entre o tratado de Brest-Litowsky e o de Versalhes, o qual
alcançou uma grande tiragem. Mais tarde, servi-me desse recurso para a
propaganda do partido. Nesse ponto também, a eficiência se fez
sentir.
Os nossos primeiros mitingues se
distinguiam pelo fato de distribuirmos opúsculos, boletins, jornais e brochuras
de toda espécie. No entanto, a nossa maior confiança estava na palavra falada.
É, de fato, a palavra falada, por motivos psicológicos, é a única força capaz de
provocar grandes revoluções.
Em outro capitulo
deste livro, já cheguei à conclusão de que todos os acontecimentos importantes,
todas as revoluções mundiais, não são jamais fruto da palavra escrita mas, ao
contrário, são sempre produzidas pela palavra
falada.
Sobre esse assunto, travou-se, em uma
parte da imprensa, longa discussão em que, sobretudo entre os nossos
espertalhões da burguesia, se combateu essa afirmação A razão por que isso
acontecia era suficiente para destruir os argumentos dos que contraditavam essa
verdade, os intelectuais burgueses protestavam contra uma tal noção somente
porque visivelmente eles não possuíam força e capacidade para exercer influência
sobre as massas, por meio da palavra falada. Acostumados a agir sempre pela
palavra escrita, renunciaram a utilizar a grande força de agitação que é a
palavra falada.
Esse hábito, com o decorrer dos
tempos, teve fatalmente o resultado, que hoje verificamos na burguesia, isto é,
a perda do instinto de atuação sobre as
massas.
Ao passo que lhe permite corrigir os
seus pontos de vista de acordo com a maneira de comportar-se da audiência,
podendo seguir seus argumentos com inteligência e verificar se as suas palavras
estão produzindo o efeito desejado, o escritor nenhum contato tem com seus
leitores. Por isso, o escritor é, de inicio, incapaz de se dirigir a uma
multidão definida, com um programa em condições de arrastá-la e tem que se
limitar a argumentos de ordem geral.
Assim
perde ele, até certo ponto, a fineza necessária para compreender a psicologia
popular e, com o tempo, a plasticidade indispensável. É mais freqüente que um
brilhante orador consiga ser um grande escritor do que
vice-versa.
Releva notar ainda que as massas
humanas são naturalmente preguiçosas, e, por isso, inclinadas a conservar os
seus antigos hábitos. Raramente, por impulso próprio, procuram ler qualquer
coisa que não corresponda às idéias que já possuem ou que não encerre aquilo que
esperam encontrar. Assim sendo, um escrito que visa um determinado fim, na
maioria dos casos, só é lido por aqueles que já possuem a mesma orientação do
autor. Mais eficiente é um boletim ou um folheto. Justamente por serem curtos,
de leitura fácil, podem despertar a atenção do antagonista, durante um
momento.
Grandes possibilidades
possui a imagem sob todas as suas formas, desde as
mais simples até ao cinema. Nesse caso, os indivíduos não são obrigados a um
trabalho mental. Basta olhar, ler pequenos textos. Muitos preferirão uma
representação por imagens à leitura de um longo escrito. A imagem proporciona
mais rapidamente, quase de um golpe de vista, a compreensão de um fato a que,
por meio de escritos, só se chegaria depois de enfadonha
leitura.
O mais importante é que o escritor
nunca sabe em que meios vão parar as suas produções e quem vai aceitar as suas
idéias, A atuação do propagandista será em geral tanto mais eficiente quanto
melhor as noções propagadas correspondam ao nível intelectual e ao modo de vida
dos leitores. Um livro que é destinado às grandes massas deve, em primeiro
lugar, esforçar-se por adotar um estilo e uma elevação inteiramente diversos de
outro que se dirige às altas camadas intelectuais. Só com essa capacidade de
adaptação pode a palavra escrita aproximar-se, nos seus efeitos, da palavra
falada.
Suponhamos que o orador trate do mesmo
assunto explanado em um livro. Se ele é um grande e genial orador, não precisa
repetir o mesmo assunto, duas vezes, da mesma maneira. Ele se identificará tanto
com as massas que as palavras de que precisa fluem naturalmente de modo a tocar
o coração do auditório. Quando se empenha em um caminho errado, tem a
oportunidade de corrigir-se, até mesmo, no seio da multidão. Na fisionomia dos
ouvintes poderá ele observar, primeiro, se está sendo compreendido, segundo, se
todos os ouvintes podem acompanhá-lo, terceiro, se estão persuadidos da justeza
do que lhes apresenta.
Na hipótese de verificar
que não está sendo compreendido, procederá a uma explicação tão clara, tão
simples, que todos a aceitarão. Se sentir que o auditório não pode acompanhá-lo
em todos os seus raciocínios, ele, então, exporá suas idéias lenta e
cuidadosamente, até que os espíritos intelectualmente mais fracos possam
apanhá-las. Se compreender que os ouvintes não estão convencidos da correção de
seus argumentos, repeti-los-á tantas vezes quantas forem necessárias, aduzindo
sempre novos argumentos e fazendo ele mesmo as objeções que julga estarem no
espírito do auditório. Continuará assim até que o último grupo de oposição
demonstre, pela sua maneira de portar-se e por sua fisionomia, que capitulou
ante os raciocínios apresentados.
Não raramente
surge o caso da existência de poderosos preconceitos, que não vêm da razão, mas
ao contrário, são na maior parte, inconscientes e com base apenas nos
sentimentos. É mil vezes mais difícil transpor essa barreira de repulsa
instintiva, de ódio ou de preconceitos negativos, do que corrigir uma noção
errada ou incorreta- A ignorância, falsas concepções podem ser removidas por
argumentos, a obstrução oriunda do sentimento, nunca. Só um apelo a essas forças
ocultas pode ser bem sucedido nesse caso. Isso é quase impossível para um
escritor. Só um orador pode ter esperanças de
consegui-lo.
A prova mais evidente disso está
no fato de a imprensa burguesa apesar de sua grande habilidade, apesar de
espalhar-se por milhões de exemplares, não ter podido evitar que justamente as
massas se constituíssem nos maiores inimigos do mundo burguês. A aluvião de
jornais e de livros que, todos os anos, produzem os intelectuais, escorre, entre
milhões de alemães das camadas inferiores, como água sobre pele untada de
óleo.
Esse fato pode provar duas teses: ou o
erro do conteúdo de todas essas produções escritas ou a impossibilidade de
atingir o coração das massas, só pela palavra escrita, sobretudo quando essa
palavra escrita não está de acordo com a psicologia coletiva, como é o caso
entre nos.
Não se objete (como o tentou um
grande jornal nacionalista de Berlim) que o marxismo, com os seus escritos,
sobretudo pela atuação da obra fundamental de Karl Marx, oferece uma prova em
contrario dessa afirmação.
A força que deu ao
marxismo a sua espantosa influência sobre as massas não foi a obra intelectual
preparada pelos judeus, mas sim a formidável propaganda oral que inundou a
nação, acabando pela dominação das camadas populares. De cem mil proletários
alemães não se tiram talvez Cem que conheçam a obra de Marx, que era estudada,
mil vezes mais, pelos intelectuais, especialmente os judeus, do que por genuínos
adeptos do movimento, nas classes inferiores. Esse livro foi escrito para o povo
mas exclusivamente para os líderes intelectuais da máquina que os judeus
montaram para a conquista do mundo, A agitação foi dirigida com material de
outra espécie, isto é, com a imprensa. Nisso está a diferença entre a imprensa
marxista e a burguesa. Os jornais marxistas eram redigidos por agitadores,
enquanto a imprensa burguesa preferiu dirigir a sua agitação através de
escritores.
O redator clandestino
social-democrata, que quase sempre sai dos locais de reunião para as redações,
conhece a sua gente melhor do que ninguém. O escrevinhador burguês, que sai do
seu escritório para pôr-se em contato com o povo, cai doente só em sentir o
cheiro das massas e, por isso, fica impotente em face delas, com a sua palavra
escrita.
O que fez com que o marxismo
conquistasse milhões de trabalhadores foi menos a maneira de escrever dos papas
marxistas do que a infatigável e verdadeiramente poderosa propaganda de cem mil
incansáveis agitadores, a começar dos apóstolos da primeira fila até aos
pequenos empregados de fábrica e aos oradores populares. Foi nas centenas de
milhares de reuniões, nas salas contaminadas de fumo das estalagens, que os
oradores martelavam as suas idéias na cabeça do povo, obtendo um conhecimento
fabuloso do material humano, que o marxismo aprendia a usar as armas adequadas
para conquistar a opinião pública.
A vitória do
marxismo foi também devida às formidáveis demonstrações coletivas, àqueles
cortejos de centenas de milhares de homens, perante os quais os indivíduos se
Julgavam mesquinhos vermes, mas, não obstante isso, orgulhavam-se de pertencer à
gigantesca organização, ao sopro da qual o odiado mundo burguês poderia ser
incendiado, permitindo à ditadura proletária festejar a sua vitória
final.
Dessa propaganda vêm os homens que
estavam preparados a ler a imprensa social-democrática, imprensa que não é
escrita mas falada. Enquanto, no campo burguês, professores e exegetas, teóricos
e escritores de todas as nuances tentaram a tribuna, os oradores marxistas
também se dedicaram à produção de trabalhos escritos. Sobretudo o judeu, que,
nesses assuntos, não deve ser perdido de vistas, será, graças à sua dialética
mentirosa e à sua maleabilidade, mais afeiçoado à oratória do que à palavra
escrita.
Essa é a razão por que os burgueses
(pondo-se de parte o fato de que estavam em grande maioria influenciados pelos
judeus e não tinham nenhum interesses em instruir a coletividade) não puderam
exercer a menor influência sobre a grande massa do
povo.
De como é difícil destruir preconceitos,
impressões e sentimentos e substitui-los por outros, que dependem de influências
e condições imprevisíveis, só o orador, que sente a alma popular, pode fazer uma
idéia. A mesma conferência, o mesmo orador, o mesmo tema, produzem efeitos, às
dez horas da manhã, diferentes dos que se pode obter às três horas da tarde ou à
noite. Eu mesmo, como principiante, tentei fazer reuniões à tarde e lembro-me
muito bem de uma demonstração que, como "protesto contra a opressão nas nossas
fronteiras", fizemos no Kindl-Keller de Munique. Era a mais vasta sala da cidade
e o risco em que incorríamos parecia acima de nossas forças. Para facilitar a
presença dos nossos adeptos e de todos que quisessem na mesma tomar parte,
marquei a reunião para as dez horas da manhã de um domingo. A expectativa era de
ansiedade, que logo se transformou em uma lição das mais instrutivas: a sala
encheu-se, a impressão era de vitória, mas notava-se a mais fria disposição por
parte do auditório. Ninguém se inflamava. Eu mesmo, como orador, sentia-me
infeliz, não conseguia estabelecer ligação com os ouvintes. Aliás, eu estava
convencido de que não tinha falado mal, mas, não obstante isso, o efeito da
conferência foi nulo. Descontente, apesar de ter adquirido mais uma experiência,
deixei a sala de reuniões. Outras provas que eu, mais tarde, tentei, tiveram o
mesmo resultado.
Isso não deve causar admiração
a ninguém. Quem for assistir a uma representação teatral às três horas da tarde
e depois assistir à mesma peça às oito horas da noite ficará surpreendido com a
diferença de impressões! Qualquer indivíduo de sentimentos delicados e de
capacidade artística para compreender esse estado de espírito, poderá logo
constatar que a impressão causada pela representação à tarde não se pode
comparar com a mesma da noite. O mesmo acontece com o cinematógrafo. Essa última
observação é importante, porque poder-se-ia dizer que, durante o dia, os
artistas de teatro não desenvolvem o mesmo esforço que durante a
noite.
Quanto ao filme, a situação é a mesma,
tanto de noite como de dia. A razão é que é o próprio tempo que provoca a
alteração, tal como acontece comigo em relação ao lugar. Há lugares que provocam
frieza, por motivos que, dificilmente, se podem avaliar, e onde toda tentativa
de afinação com o povo encontra a mais firme resistência. As recordações e
representações do passado, presentes ao espirito dos homens também podem criar
uma certa impressão. Assim uma representação de Parsifal em Bayreuth produzirá
uma impressão diferente da que se terá em qualquer outra parte do mundo. O
místico encanto da casa de Fest-spielhügel da cidade dos antigos margraves não
pode ser substituído nem sobrepujado.
Em todos
os casos, trata-se de uma diminuição do livre arbítrio do homem. Isso é mais
verdadeiro ainda quando se trata de assembléias nas quais os indivíduos possuem
pontos de vista opostos. Pela manhã e mesmo durante o dia, a força de vontade
das pessoas parece resistir melhor, com mais energia, contra a tentativa de
impor-se-lhes uma vontade estranha. À noite, deixam-se vencer mais facilmente
pela força dominadora de uma vontade forte. Na realidade, em cada uma dessas
reuniões há uma luta de duas forças opostas. A superioridade de um verdadeiro
apóstolo, quanto à eloqüência, tornar-lhe-ia mais fácil o êxito da conquista,
para o novo credo de adeptos que já sofreram uma diminuição na sua capacidade de
resistência. Visa ao mesmo objetivo a misteriosa e artística hora do angelus da
igreja católica, com suas luzes, seu incenso, turíbulos,
etc.
Nessa luta do orador com o adversário que
se quer convencer, adquire este, pouco a pouco, um espírito de combatividade que
quase sempre falta ao escritor.
Dai resulta que
as produções escritas, na sua limitada eficiência, prestam-se melhor à
conservação, fortalecimento e aprofundamento de um ponto de vista já existente.
Todas as grandes modificações históricas foram devidas à palavra falada e não à
escrita.
Não se acredite por um momento que a
Revolução Francesa se realizou por força de teorias filosóficas. Ela teria
fracassado se não contasse com um exército de demagogos de alto estilo, que
despertaram as paixões do povo martirizado, a ponto de provocar a terrível
erupção que deixou a Europa transida de
pavor.
A mesma explicação tem a maior revolução
de nossos dias, a revolução comunista da Rússia. Essa não foi conseqüência dos
escritos de Lenine, mas da eficiência oratória de grandes e pequenos oradores,
que desenvolveram o ódio das massas contra a situação existente. Um povo de
analfabetos não seria arrastado nunca a uma revolução comunista pela leitura de
um teórico como Karl Marx, mas sim pelos milhares de agitadores que, a serviço
de uma idéia, discursavam para o povo.
Isso foi
e há de ser sempre assim.
Os nossos
intelectuais, na sua ignorância das realidades, chegam a acreditar que um
escritor é, forçosamente, superior em inteligência a um
orador.
Esse ponto de vista é deliciosamente
ilustrado em um artigo de certo jornal nacionalista, em que se afirma que
geralmente se sente uma desilusão quando se lê um discurso de um grande orador,
por todos admirado como tal.
Lembro-me de outra
crítica que me veio às mãos durante a Guerra. O jornal pegou os discursos de
Lloyd George, então ministro das munições, examinou-os, nos menores detalhes,
para chegar à brilhante conclusão de que esses discursos revelavam inferioridade
intelectual, ignorância e banalidade. Obtive alguns desses discursos enfeixados
em um pequeno volume e não pude deixar de rir, ao pensar que o escrevinhador não
conseguiu compreender a influência que essas obras-primas exercem sobre a
opinião pública. O tal escrevinhador julgou esses discursos somente pela
impressão que os mesmos causavam no seu espírito blasé, ao passo que o grande
demagogo inglês tinha obtido um efeito imenso no seu auditório e em todas as
camadas inferiores da população
britânica.
Examinados por esse prisma, os
discursos de Lloyd George eram produções admiráveis, pois revelavam um grande
conhecimento da psicologia das massas. Sua atuação no espírito do povo foi
decisiva.
Comparem-se os discursos de Lloyd
George com os discursos fúteis, gaguejados por um Bethmann-Hollveg! Talvez as
orações do último sejam superiores sob o ponto de vista intelectual, mas
demonstram a incapacidade do seu autor para falar à nação que ele não
conhecia.
Que Lloyd George era superior a
Bethmann-Hollveg prova-o o fato de ser a forma dada aos seus discursos em moldes
capazes de falar ao coração do seu povo e fazê-lo obedecer à sua vontade. A
simplicidade das suas orações, a forma de expressão, a escolha de ilustrações
simples, de fácil compreensão, são provas evidentes da extraordinária capacidade
política de Lloyd George.
O discurso de um
estadista, falando ao seu povo, não deve ser avaliado pela impressão que o mesmo
provoca no espírito de um professor de Universidade, mas no efeito que produz
sobre as massas.
Só por esse critério é que se
pode medir a genialidade de um orador.
O
admirável progresso do nosso movimento que, há poucos anos, se originara do
nada, e hoje é um movimento de valor, perseguido por todos os inimigos internos
e externos do povo. deve-se ao fato de sempre ter sido tomada em consideração
aquela verdade.
Por mais importante que seja a
produção escrita do movimento, ela terá sempre mais valor para a formação
intelectual dos grandes e pequenos lideres, em um plano único, do que para a
conquista das massas colocadas em pontos de vista contrários. Só em casos
excepcionalíssimos, um social-democrata convencido ou um fanático comunista
condescenderá em adquirir uma brochura ou mesmo um livro nacional-socialista
para lê-los e daí formar uma idéia sobre a nossa doutrina ou para estudar a
critica às suas convicções. Os jornais raramente são lidos quando não trazem bem
claro o sinete do partido a que pertence o leitor. Além disso, a leitura de um
exemplar de jornal pouco adianta. A sua atuação é de tal modo dispersiva que da
mesma nenhuma influência digna de nota se pode esperar. Não se pode e não se
deve exigir de ninguém, sobretudo daqueles para os quais um pfening é muito
dinheiro, que assinem jornais inimigos, só pelo desejo de obter esclarecimento
sobre os fatos. Isso talvez não aconteça em um caso sobre dez mil. Quem já
aderiu a uma causa lerá naturalmente o jornal do seu partido para se pôr ao par
das notícias do movimento em que está
empenhado.
O contrário acontece com o boletim.
Uma ou outra pessoa tomá-lo-á nas mãos, sobretudo quando o mesmo é distribuído
gratuitamente. Isso acontece mais freqüentemente ainda quando, já na epígrafe,
se anuncia a discussão de um tema que está na boca de
todos.
Depois da leitura de alguns desses
boletins, o leitor talvez seja conquistado aos novos pontos de vista ou pelo
menos terá a sua atenção despertada para o novo movimento. Mesmo na hipótese
mais favorável, só se conseguirá, por esse meio, um ligeiro impulso e nunca uma
situação definitiva, isso só se obterá com os comícios
populares.
Os comícios populares são
necessários, justamente porque neles o indivíduo que se sente inclinado a tomar
parte em um movimento mas receia ficar isolado, recebe, pela primeira vez, a
impressão de uma coletividade maior, o que provoca, na maior parte dos
espíritos, um estimulo e um encorajamento.
O
mesmo homem que, nas fileiras de sua companhia ou do seu batalhão, entra na luta
de todo coração, não o faria se estivesse sozinho. Na companhia sente-se como
protegido, mesmo quando milhares de razões houvesse em contrário. O caráter
coletivo nas grandes manifestações não só fortalece o indivíduo, como estabelece
a união e concorre para a formação do espírito de
classe.
O homem que se inicia em uma nova
doutrina e que, na sua empresa ou na sua oficina sofre opressões, precisa de
fortalecer-se pela convicção de que é um membro e um lutador dentro de uma
grande coletividade. Essa impressão ele recebe apenas nas manifestações
coletivas.
Quando ele sai de sua pequena
oficina ou da sua grande fábrica, onde se sente infinitamente pequeno, e, pela
primeira vez, entra em um comício, e aí encontra milhares e milhares de pessoas
com as mesmas idéias que as suas, quando é arrastado pela força sugestiva do
entusiasmo de três a quatro mil pessoas, quando o êxito visível da causa e a
unanimidade de opiniões lhe dão a convicção da justeza do novo movimento e lhe
despertam a dúvida sobre a verdade de suas antigas idéias, então estará sob a
influência do que poderemos designar por estas palavras - sugestão das massas. A
vontade, os anseios, também a força, de milhares, acumulam-se em cada
pessoa.
O indivíduo que entrou para o comício
vacilando, envolvido em dúvidas, dali sai firmemente fortalecido. Tornou-se
membro de uma coletividade.
O movimento
nacional-socialista nunca se deve esquecer disso e não se deve nunca deixar
influenciar por esses patetas burgueses que sabem tudo mas nem por isso deixaram
ir à ruína um grande Estado e perderam até a direção da própria classe. Eles são
extraordinariamente inteligentes, sabem tudo, entendem tudo, só uma coisa eles
não entenderam, isto é, não puderam impedir que o povo alemão caísse nas garras
do marxismo. Nisso eles fracassaram da maneira mais deplorável. A sua presunção
atual é pura ignorância. É sabido que o orgulho anda sempre de par com a
estupidez.
Quando esses indivíduos se recusam a
emprestar qualquer valor à palavra falada, assim agem simplesmente porque,
graças a Deus, estão convencidos da ineficiência do seu palavreado oco.
CAPÍTULO VII - A LUTA COM A FRENTE
VERMELHA
Em 1919/20 e também em 1921,
assisti pessoalmente a algumas das chamadas "assembléias burguesas". A impressão
que delas guardei, foi sempre a mesma, que me causava, na minha juventude, a
colher obrigatória de óleo de fígado de bacalhau. Tem que ser engolida, deve
fazer muito bem, mas o gosto é detestável! Se fosse possível amarrar com cordas
todo o povo alemão, arrastando-o à força para essas manifestações públicas,
trancando as portas para não deixar sair um só, até o fim da representação,
talvez ao cabo de alguns séculos tudo isso desse algum resultado. Aliás devo
confessar abertamente, que se isso acontecesse, eu não teria mais prazer na
vida, preferindo até não ser mais nem alemão. Não sendo isso possível - graças a
Deus - ninguém se deve admirar de que o povo sadio e não corrompido evitasse as
tais "assembléias de grandes multidões burguesas", como o diabo foge da água
benta.
Cheguei a conhecer, muito bem, esses
profetas de uma doutrina burguesa, e, por isso, não me causa a menor surpresa,
sendo até compreensível, que eles não atribuam a, mínima significação à palavra
falada. Naquele tempo, assisti a reuniões de Democratas, de Nacionais-Alemães,
do Partido Popular Alemão, e também do Partido Popular da Baviera (Centro
Bávaro). O fato que em todas elas chamava logo atenção era a homogeneidade do
auditório. Quase sempre, os que tomavam parte em tais manifestações, só eram os
membros dos partidos. Sem disciplina alguma, o conjunto se assemelhava mais a um
clube de jogadores de cartas, que já está com sono, do que à assembléia de um
povo que acabava de passar por sua maior revolução. Para conservar esta
atmosfera de paz, os oradores faziam tudo o que estava na medida de suas forças.
Falavam, ou melhor, liam discursos que mais pareciam artigos de jornal ou
dissertações científicas, evitando toda palavra mais grosseira, aplicando, aqui
e ali, algum insulso gracejo professoral que fazia rir, de uma maneira forçada,
a digníssima mesa da Diretoria. Se bem que não rissem estrondosamente, já era
convidativo esse riso, abafado com distinção e
reserva!
E só essa mesa
presidencial!!!
Uma vez assisti a uma reunião
na "Sala Wagner", em Munique. Era uma manifestação por ocasião do aniversário da
grande batalha de Leipzig. O discurso foi proferido ou lido por um respeitável
senhor de idade, professor em uma universidade qualquer. A diretoria ocupava o
estrado; à esquerda, um monóculo, à direita, um monóculo, entre os dois, um "sem
monóculo", Todos três vestiam sobrecasaca, o que dava a impressão de se estar,
ou em um tribunal, que se prepara a uma execução, ou em um batizado festivo;
enfim, em um ato de solenidade religiosa. O tal discurso, que, escrito, talvez
pudesse ter dado uma impressão sofrível produziu um efeito verdadeiramente
deplorável. Passados três quartos de hora, já a assembléia cochilava, em uma
espécie de estado de transe, interrompido somente pela saída de um ou outro
homem ou melhor, pelo barulho de pratos das copeiras e os bocejos de ouvintes,
em número sempre crescente. Três operários, que assistiam à reunião, por
curiosidade ou sob encomenda, olhavam-se, de quando em vez, com uma careta mal
dissimulada, acotovelando-se, por fim, antes de saírem bem devagarinho. Atrás
deles estava eu. Via-se que, de modo algum, queriam incomodar, precaução
francamente supérflua em uma tal assembléia. Afinal, parecia esta aproximar-se
do termo. Depois de concluída a conferência do professor, cuja voz se fora
tornando cada vez mais fraca, ergueu-se o líder da tal sessão, exprimindo, em
frases bombásticas, sua gratidão aos "irmãos e irmãs" alemães ali reunidos e
sugerindo a atitude que eles deveriam tomar diante do extraordinário e magnífico
discurso do Sr. Professor X., feito com a máxima profundeza e grande
conhecimento do assunto, tendo sido verdadeiramente "um acontecimento vívido",
sim "uma ação cristalizada na palavra". Acrescentar ainda uma discussão a essas
luminosas dissertações, significaria uma profanação desta hora sagrada. De
acordo com todos os presentes, desistia ele, por conseguinte, de continuar a
falar, pedindo a todos, porém, que se levantassem, entoando o brado de: "Nós
somos um povo de irmãos unidos", etc. Para terminar a sessão, foram todos
convidados a entoar a "canção da
Alemanha".
Cantaram, então. A minha impressão
era que, já na segunda estrofe, as vozes diminuíam, só se avolumando muito no
estribilho: na terceira, a mesma impressão aumentou tanto, que cheguei a duvidar
se todos saberiam bem de cor, o que estavam
cantando.
No entanto, que coisa empolgante,
quando semelhante canção jorra, com todo o fervor, do fundo da alma de um alemão
nacionalista!
Depois disso, dispersou-se a
reunião, isto é: todos tinham pressa de sair, uns para beberem cerveja, outros
para tomarem café, outros ainda para passearem. Era o anseio
geral!
Para fora, para o ar livre, para fora!
Minha vontade era de fazer o mesmo, E isso deve servir à maior glória de uma
luta heróica de centenas e milhares de Prussianos e Alemães? Raios os
partam!
Só o governo pode com efeito gostar de
tais coisas! Naturalmente, isso é o que se pode chamar uma assembléia
"pacífica". O Ministro não precisa recear a perturbação da paz e da ordem ou que
as ondas do entusiasmo possam fazer transbordar subitamente a medida da
conveniência burguesa ou que, levado pelo entusiasmo, o povo se precipite fora
da sala, não para o café ou pare a taberna mas sim para marchar, quatro a
quatro, pelas ruas da cidade cantando "urra à Alemanha" e incomodando assim uma
polícia, que deseja descansar. Não! Com tais cidadãos, o Estado pode se dar por
satisfeito.
Ao contrário destas, as assembléias
nacionais-socialistas nada tinham de "pacíficas". Aí, as ondas de duas doutrinas
quebravam-se de encontro uma à outra, não terminando com cantos patrióticos sem
significação e sim cem a irrupção fanática de paixões populares. Desde o
princípio, a introdução da disciplina cega e a garantia da autoridade da direção
impôs-se nas nossas assembléias como uma condição das mais importantes, pois os
nossos discursos não eram comparáveis ao falatório desenxabido de qualquer
orador "burguês", mas, ao contrario, apropriados, pelo conteúdo e pela forma, a
provocar a réplica do adversário.
E quantos e
que sorte de adversários havia nas nossas reuniões! Quantas vezes entravam
instigadores na sala, em número' avultado, no meio deles alguns especialmente
designados, lendo-se em todos os semblantes a convicção: "Hoje acabamos com
vocês"! Sim, quantas vezes nossos amigos vermelhos compareciam até ali, em
colunas cerradas, com a missão bem delineada de dispersar aquilo tudo na mesma
noite, à força de pancada, pondo um fim àquela história, E quantas vezes esteve
tudo perto disso mesmo! As intenções do adversário foram aniquiladas apenas pela
energia férrea de nossos líderes e pelas medidas brutais de nossa polícia
defensiva.
E eles tinham toda a razão de se
sentir irritados.
Só a cor vermelha dos nossos
cartazes fazia com que eles afluíssem às nossas salas de reunião. A burguesia
mostrava-se horrorizada por nós termos também recorrido à cor vermelha dos
bolchevistas, suspeitando, atrás disso, alguma atitude ambígua. Os espíritos
nacionalistas da Alemanha cochichavam uns aos outros a mesma suspeita, de que,
no fundo, não éramos senão uma espécie de marxistas, talvez simplesmente
mascarados marxistas ou, melhor, socialistas. A diferença entre marxismo e
socialismo até hoje ainda não entrou nessas cabeças. Especialmente, quando se
descobriu, que, nas nossas assembléias, tínhamos por princípio não usar os
termos "Senhores e Senhoras" mas "Companheiros e Companheiras", só considerando
entre nós o coleguismo de partido, o fantasma marxista surgiu claramente diante
de muitos adversários nossos. Quantas boas gargalhadas demos à custa desses
idiotas e poltrões burgueses, nas suas tentativas de decifrarem o enigma da
nossa origem, nossas intenções e nossa
finalidade!
A cor vermelha de nossos cartazes
foi por nós escolhida, após reflexão exata e profunda, com o fito de excitar a
Esquerda, de revoltá-la e induzi-la a freqüentar nossas assembléias; isso tudo
nem que fosse só para nos permitir entrar em contato e falar com essa
gente.
Era delicioso seguir naqueles anos a
falta de iniciativa e de recursos dos nossos adversários, pela sua tática
eternamente vacilante. Primeiro, incitavam os seus adeptos a não nos darem a
menor atenção, evitando as nossas reuniões, conselhos aliás geralmente
seguidas.
Como, porém, no decorrer do tempo,
alguns apareciam isoladamente, aumentando lentamente, mas cada vez mais, o
número, e a impressão deixada pela nossa doutrina era manifesta, os chefes iam
ficando nervosos e inquietos, afincando-se na convicção de que esta evolução não
deveria continuar a prolongar-se, devendo-se-lhe dar um paradeiro, por um
sistema de terror.
Depois disso, houve convites
aos "Proletários conscientes de sua classe", para assistirem, em massas
compactas, às nossas assembléias, a fim de atacar "as intrigas monárquicas,
reacionárias", entre seus representantes, com os punhos cerrados do
Proletariado.
De repente, nossas reuniões
começaram a ficar repletas de operários, três quartos de hora antes de
começarem. Assemelhavam-se ao barril de pólvora, que podia a cada instante voar
pelos ares, e sob o qual já se via arder a mecha, Acontecia, entretanto, sempre
o contrário. Esses operários entravam como inimigos e, ao saírem, se já não eram
adeptos nossos, pelo menos submetiam sua própria doutrina a um exame refletido e
crítico. Pouco a pouco, depois de uma conferencia minha, que durou três horas,
adeptos e adversários chegaram a fundir-se em uma só massa cheia de entusiasmo.
Toda tentativa para dispersar a nossa assembléia tornou-se debalde. Os chefes
adversários começavam francamente a ter medo, voltando-se novamente para os
antigos adversários desta tática e que agora apontavam, com uma certa aparência
de razão para sua opinião, e que consistia em vedar categoricamente ao operário
a frequentação das nossas reuniões.
Nesse
ponto, parou ou, pelo menos, diminuiu a freqüência. Ao cabo de pouco tempo,
recomeçou, porém, o mesmo jogo.
Não se
observava a proibição, os correligionários deles compareciam cada vez mais,
triunfando, por fim, os partidários da tática radicalista. Nós estávamos
destinados a saltar pelos ares.
Quando, depois
de várias reuniões, descobriu-se que uma dispersão, por meio de bombas, era mais
fácil em teoria do que na prática, e que o resultado de cada reunião era um
esfacelamento das tropas rubras de combate, elevou-se subitamente outro grito:
"Proletários, companheiros e companheiras! Evitai as Assembléias dos
Instigadores Nacionais Socialistas!" Na imprensa "vermelha" encontrava-se a
mesma tática, eternamente vacilante, Experimentavam matar-nos pelo silêncio e
acabavam convencidos da inutilidade desta tentativa, voltando a tomar medidas
contrárias. To. dos os dias, éramos "citados" em todas as oportunidades e, quase
sempre, com o fim de fazer ver ao operário o ridículo da nossa existência.
Passado algum tempo, os tais senhores tiveram que sentir, entretanto, não só a
inocuidade como até a utilidade de tal iniciativa. Naturalmente, alguns deles
faziam a si próprios a pergunta: "Para que perder tantas palavras com uma coisa,
que não passa de uma ficção ridícula?" A curiosidade popular crescia. Neste
ínterim, operou-se uma reviravolta e começamos a ser tratados como verdadeiros
malfeitores da humanidade, Choviam artigos sobre artigos, com explanação e
provas sempre renovadas a respeito das nossas intenções criminosas, histórias
escandalosas, se bem que bordadas à vontade, de começo ao fim. Isso tudo devia
servir de complemento ao que precedeu. Todavia, já em pouco tempo parecia ter
sido tirada a prova da ineficácia desses
ataques.
Na realidade tudo isto só servia a
contribuir para que a atenção geral se concentrasse sobre nós, ainda mais do que
dantes.
Minha atitude naquela época foi a
seguinte: ficar indiferente à troça ou ao insulto, a ser apontado como palhaço,
bobo ou como criminoso, o que me importava é que fôssemos citados, que a opinião
pública se ocupasse conosco e que aos poucos aparecêssemos, diante do
operariado, como sendo o único poder, com o qual ainda era possível haver
discussão. O que realmente somos e tencionamos realizar ainda chegaremos a
demonstrar, um belo dia, à corja da "imprensa
judaica".
Foi devido à covardia, francamente
incrível, dos chefes da oposição, que, naquela ocasião, não houve quase um só
ataque direto contra as nossas assembléias. Em todos os casos críticos, mandavam
na frente alguns toleirões, que o mais que faziam era espreitarem fora das salas
o resultado da explosão!
Quase sempre vivíamos
bem informados sobre as intenções desses cavalheiros, não só por termos, no meio
dos blocos vermelhos, muitos correligionários, para servirem nossas
conveniências, como também por causa da tagarelice dos próprios manejadores do
partido vermelho. Nesse caso, isso nos foi de grande utilidade, embora não deixe
de ser um defeito infelizmente muito disseminado entre o povo alemão. Não podiam
eles ficar sossegados, quando tinham uma notícia nova; costumavam, a maior parte
das vezes, cacarejar, antes mesmo de pôr o ovo. Quantas e quantas vezes já
tínhamos feito os preparativos mais importantes, sem que os comandantes rubros
do corpo de bombardeio o suspeitassem, nem de
leve.
Esse tempo nos forçou a tomar a peito,
por nossa conta, a proteção das nossas assembléias. Com a garantia das
autoridades não há quem possa contar; ao contrário, está provado que ela só
beneficia os perturbadores da ordem. Em matéria de intervenção de autoridades,
pode-se assinalar, como único resultado efetivo, a dissolução e, portanto, o
encerramento da assembléia, E não era outra a finalidade nem a intenção dos
desordeiros adversários.
De um modo geral,
formou-se, na Polícia, um hábito, que representa a maior monstruosidade
imaginável em matéria de atentado aos direitos humanos. Quando a autoridade, por
meio de qualquer ameaça, é advertida que uma Assembléia corre o perigo de ser
atacada, em vez de prender os ameaçadores, proíbe aos outros - aos inocentes - a
entrada na sala - medida esta, que ainda por cima, enche de orgulho o espírito
comum da nossa Policia. Isto, no seu modo de ver, representa uma medida
preventiva para impedir qualquer infração "às
leis".
O bandido resoluto, por conseguinte,
dispõe, a toda hora, das armas necessárias para impossibilitar o indivíduo
honesto de tomar parte ou trabalhar em questões políticas, Em nome do sossego e
da ordem pública, curva-se a autoridade do governo diante do bandido e pede ao
outro que desista de provocá-lo. Quando então os Nacionais-Socialistas queriam
fazer reuniões em determinados locais, e as corporações operárias declaravam
oposição a tal iniciativa, a Polícia seguramente não poria esses malfeitores
detrás do cadeado e do ferrolho, limitando-se a proibir a nossa reunião. Sim,
esses órgãos da Lei tiveram até o incrível descaramento de nos fazer tal
comunicação, inúmeras vezes, por escrito.
A fim
de escapar a semelhantes eventualidades, era preciso tomar precauções, para
abafar, já no germe, toda tentativa de perturbação. Neste ponto ainda se deveria
considerar o seguinte: "todo comício, que não contar com outra garantia se não a
da polícia, desmoraliza seus organizadores aos olhos da grande massa do povo".
"Assembléias cuja realização só é anunciada por um grande cartaz policial, não
são convidativas, já que as condições para a conquista das camadas mais baixas
de um povo, por si já devem se manifestar como uma força real e bem
sensível".
Tal qual um homem corajoso vencerá
um covarde na conquista de corações femininos, um levante heróico mais
facilmente ganhará a alma popular do que um movimento pusilânime, que só não se
extingue devido à proteção policial.
Era
sobretudo este último motivo, que obrigava o partido incipiente a cuidar de sua
própria defesa e a resistir sozinho ao regime terrorista do
adversário.
Eis os fundamentos da proteção às
assembléias:
1) Uma direção enérgica e
psicologicamente bem compreendida.
2) Uma tropa
organizada para manter a ordem.
Quando nós, os
Nacionais-Socialistas, promovíamos, naquele tempo, uma reunião, esta era
exclusivamente dirigida por nós; direito de chefia esse, que, aliás, sem
interrupção e a cada minuto, sublinhávamos explicitamente. Nossos adversários
sabiam perfeitamente que qualquer provocador de desordem seria enxotado sem a
menor consideração, mesmo que nós só fôssemos doze e eles quinhentos homens. Nas
reuniões daquela época, mormente fora de Munique, quinze ou dezesseis dos nossos
correligionários se encontravam freqüentemente com quinhentos, seiscentos,
setecentos e oitocentos adversários. Ainda assim, não tolerávamos nenhuma
provocação, e os freqüentadores das nossas reuniões sabiam muito bem que nós
preferiríamos a morte à rendição. Mais de uma vez também sucedeu, que um punhado
de correligionários nossos, saiu vitorioso, lutando contra uma maioria de
vermelhos, que berravam e davam pancadas a torto e a
direito
Esses quinze a vinte homens seguramente
teriam acabado por ser vencidos. Mas os outros sabiam, que, antes disso, um
grupo duas ou três vezes maior teria tido ali o crânio partido, e era preferível
não correr esse risco.
Tentamos aprender e
realmente aproveitamos alguma coisa sobre a técnica das assembléias marxistas e
burguesas.
Os marxistas tiveram, desde a
origem, absoluta disciplina, de modo que nenhum grupo burguês jamais cogitou de
atacar uma das suas reuniões. Em compensação, tais intenções eram sempre
alimentadas pelos vermelhos. Aos poucos tinham estes alcançado, nesse terreno,
não só uma indiscutível perícia, mas até chegaram ao ponto de apontar toda
assembléia anti-marxista, em todo o território do "Reich", como "uma provocação
ao proletariado", sobretudo onde os líderes farejavam, em qualquer comício, a
enumeração de seus próprios pecados, destinada a desmascarar a baixeza de seus
atos mentirosos e enganadores praticados contra o povo. Mal se ouvia anunciar
uma reunião desse gênero, a "Imprensa Vermelha", em bloco, começava um berreiro
louco. Os desrespeitadores profissionais da Lei, procuravam então, não
raramente, as autoridades, com o pedido, tão suplicante quanto ameaçador, de
impedir imediatamente tal "Provocação ao Proletariado", a fim de evitar
conseqüências mais graves. Suas palavras eram acolhidas e o sucesso alcançado,
segundo a "estupidez" do "funcionário" a quem se dirigiam. Se, por exceção, em
tal posto se achasse realmente um funcionário alemão (e não "uma criatura
funcionalizada") sendo assim recusada a descarada exigência, seguia-se então o
conhecido convite a repelir uma tal "Provocação". Tratava-se então de marcar
para tal dia uma reunião, à qual compareciam em grande
número.
Para que se possa fazer uma idéia
segura, é preciso ter-se visto uma dessas reuniões, é preciso ter-se passado
pelo pavor, que experimentava a direção de uma tal sessão! Mais de uma vez
bastariam ameaças dessa ordem para fazer adiar uma dessas reuniões. Às vezes, o
medo era tamanho que, em lugar de 8 horas, raramente alguém comparecia à
abertura antes de 9 horas ou 9 menos um quarto. O presidente se esforçava então
por explicar aos presentes "Senhores da Oposição", - e isto por meio de inúmeros
cumprimentos - a que ponto ele e todos os presentes se alegravam intimamente
(mentira crassa!) com a visita de homens que ainda não partilhavam de suas
convicções; pois só a permuta de idéias (o que foi logo de antemão, aprovado, o
mais solenemente possível), podia aproximar as convicções, despertar a
compreensão recíproca e formar como uma ponte entre eles. Asseverava, ao mesmo
tempo, que a assembléia não tinha a mais leve intenção de afastar cada um de
suas idéias antigas. "Longe de nós tal suposição", diziam eles, cada um que
seguisse as suas próprias idéias, consentindo, porém, que os outros fizessem o
mesmo! Por isso pedia ele que deixassem o orador prosseguir até o fim, aliás
próximo, para evitar de dar ao mundo, com esta reunião, o espetáculo vergonhoso
do ódio íntimo entre irmãos da mesma pátria.
É
verdade que a irmandade da esquerda não atendia quase nunca a tal apelo; pois,
antes mesmo do orador abrir a boca, já era ele alvo das mais loucas
descomposturas, tendo que escafeder-se. Não raramente deixava ele a impressão de
uma certa gratidão à sorte, que lhe encurtara o processo martirizante, Debaixo
de um barulho infernal, é que esses "toreros" das assembléias burguesas deixavam
a arena, se é que não rolavam nas escadas com as cabeças cheias de "galos" - o
que acontecia muito freqüentemente.
Desse modo,
a organização dos nossos comícios e, sobretudo, a feição que lhes dávamos, foi
uma verdadeira novidade para os marxistas. Entravam plenamente convencidos de
que poderiam repetir o seu eterno jogo:
"Hoje
devemos acabar com isso!" Quantos, ao penetrarem nas nossas sessões, não terão
proferido, com arrogância, esta frase para algum colega, para caírem diante da
porta da sala, antes de gritarem pela segunda vez! E tudo isso com a rapidez de
um raio.
Em primeiro lugar, já a presidência
dos nossos comícios era diferente da dos demais. Não se mendigava permissão para
fazer conferência, também não se garantia a qualquer um, de antemão, a liberdade
de fazer discursos intermináveis. Observávamos que a presidência era
inteiramente nossa, que estávamos em nossa casa e que a ousadia de interromper a
sessão por intervenções extemporâneas seria, sem piedade, castigada com a
expulsão imediata. Se sobrasse tempo e isso nos conviesse, toleraríamos uma
discussão, mas só nesse caso.
Só isso provocava
espanto.
Em segundo lugar, tínhamos á nossa
disposição um serviço bem organizado de defesa. Entre os partidos burgueses,
esse serviço de defesa, ou, melhor, serviço de ordem, geralmente era confiado a
senhores, que, pela dignidade da sua idade, julgavam possuir algum direito à
autoridade e ao respeito. Como as massas populares, incitadas por marxistas, não
davam, absolutamente, importância a autoridade, nem a idade, essa tal guarda
burguesa era, praticamente, inútil.
Logo no
começo de nossa grande atividade nos comícios, propus a organização de uma
"guarda da sala", como um serviço de ordem para G qual só se deviam recrutar
rapazes fortes. Uns eram camaradas que eu conhecia dos tempos do serviço
militar; outros eram correligionários há pouco angariados e que, desde os
primeiros dias, vinham sendo educados na convicção de que o terror só se vence
pelo terror e que, neste mundo, o sucesso, até hoje, sempre se decidiu do lado
que demonstrou mais coragem e resolução, que o nosso combate gira em torno de
uma idéia formidável, tão grande e elevada que merece plenamente ser resguardada
e protegida, mesmo com o sacrifício da última gota de sangue. Estavam
convencidos da verdade do seguinte princípio: o ataque constitui a arma mais
eficaz da defesa, uma vez que a razão se cala e a violência é chamada a falar.
Nossa tropa de serviço de ordem tem que ser precedida da fama de ser uma
comunidade de combatentes decididos ao extremo, e não um "Clube de
Debates".
E que ânsia reinava, entre essa
mocidade, por uma tal divisa!
Que decepção e
indignação, que nojo e repugnância animava esta geração de batalhadores ante a
moleza sem nome dos burgueses!
Aí é que se via,
claramente, que a Revolução só vingara, graças à desoladora direção burguesa do
nosso povo. Mesmo naquela época, teria sido possível encontrar braços fortes
para proteger o povo alemão, Faltaram, apenas, as cabeças para guiarem-no. Com
que olhos faiscantes me olhavam os meus rapazes, quando eu lhes expunha a
importância da alta missão, assegurando-lhes, cada vez mais, que, neste mundo,
toda sabedoria fracassa quando não é protegida pela força, que a doce deusa da
Paz só pode caminhar ao lado do deus da Guerra e que toda e qualquer ação
pacífica necessita do amparo e do auxílio da força. Essas preleções contribuíram
para a compreensão da idéia de defesa pela força, mais eficientemente do que os
processos outrora adotados. Isso se yen. ficava não no espírito dos
"fossilizados" funcionários públicos, ao serviço de uma autoridade morta, em um
país igualmente morto, mas naqueles que tinham pleno conhecimento do dever, cada
um disposto, individualmente, a pagar com a sua vida o tributo exigido pela
existência coletiva de seu povo.
Com que
entusiasmo se alistavam então esses
rapazes!
Tal qual um enxame de vespas, eles
caíam em cima de quem ousasse perturbar nossos comícios, sem ter em consideração
o fato de os adversários estarem em maioria, sem temer ferimentos nem
sacrifícios de sangue, somente animados do grande ideal, que consistia em abrir
caminho à santa missão do nosso movimento.
Já
no meio do verão de 1920, o Serviço de ordem foi, aos poucos, tomando uma feição
definida, até organizar-se, na primavera de 1921, em grupos de cem, que, por sua
vez, ainda se subdividiram.
Tudo isso era de
uma necessidade premente, pois, nesse ínterim, a atividade nas reuniões
aumentava cada vez mais. Ainda nos reuníamos por vezes, na sala de festas do
"Münchener Hofbräuhaus", mais freqüentemente, porém, em salas mais espaçosas. A
sala de festas do "Bürgerbräu" e do "Münchener Kindl-Keller" foram o teatro, em
1920 e 1921, da realização de assembléias populares cada vez mais formidáveis. O
quadro, porém, era sempre o mesmo. Manifestações do Partido Nacional-Socialista
dos Trabalhadores Alemães, já, naquela época, tinham de ser interditas pela
Polícia, a maior parte das vezes devido à aglomeração antes do início das
reuniões.
A organização do nosso serviço de
ordem veio esclarecer uma questão importantíssima. Até então o movimento não
possuía, nem insígnias nem estandarte próprios do Partido. A falta de
semelhantes emblemas não só apresentava desvantagens no momento, como se tornava
indefensável no futuro. As desvantagens consistiam, no presente, na falta de um
símbolo para exprimir a solidariedade dos correligionários e, de futuro, não
seria possível dispensar um sinal distintivo do movimento que pudesse servir de
oposição à "Internacional".
Já na minha
juventude, tinha tido, muitas vezes, a ocasião de sentir e compreender a
significação psicológica de símbolos dessa ordem. Depois da Guerra, presenciei
uma grande manifestação dos marxistas diante do Palácio Real, no Lustgarten. Uma
imensidade de bandeiras, de faixas e de flores vermelhas davam a essa
manifestação, na qual tomavam parte, aproximadamente, cento e vinte mil pessoas,
uma aparência formidável. Pude sentir com que facilidade o homem do povo é
empolgado pela magia sugestiva de um tal
espetáculo.
A burguesia, que, como partido
político, não representa nenhum ponto de vista geral, por isso mesmo, não
possuía bandeira própria. Compunha-se de "patriotas" e usava as cores do Reich.
Se essas fossem, realmente, o símbolo de uma determinada doutrina,
compreender-se-ia que os proprietários" do Estado enxergassem, também, na
bandeira deste, a representação de seus pontos de vista, uma vez que o símbolo
das suas idéias já se tinha tornado bandeira do Estado e do Reich, graças à sua
própria atividade.
Entretanto, as coisas não se
passavam desse modo. O Reich se tinha formado sem a contribuição da burguesia
alemã. A própria bandeira tinha sido criada no campo da guerra. Não passava,
porém, de uma bandeira do Estado, sem a menor significação no sentido de uma
finalidade universal.
Só na Áustria alemã é que
existia, até então, qualquer coisa parecida com uma bandeira burguesa de
partido. Uma parte da burguesia nacional daquele país, escolhendo as cores de
1848, preto, vermelho e ouro, para representar sua bandeira de partido, havia
criado um símbolo que, apesar de não ter significação mundial, trazia os
característicos políticos do Estado, embora revolucionário. Os inimigos mais
acerbos dessa bandeira preta, vermelha e ouro eram, naquele tempo - não
esqueçamos isso hoje - os Sociais-Democratas e os Sociais-Cristãos. Eram eles,
justamente, que insultavam, então, e emporcalhavam essas cores, tal qual mais
tarde, em 1918, fizeram com o pavilhão preto, branco e vermelho. É verdade que o
preto, o vermelho e o ouro dos partidos alemães da velha Áustria representavam a
cor do ano de 1848, portanto, de uma época que pode ter sido de fantasias, que,
porém, contava, entre os seus representantes, com os alemães mais honestos,
apesar de, por trás dos mesmos, existir invisível o dedo do judeu. Por essa
razão, a traição da pátria e a vergonhosa venda do povo alemão e de suas
riquezas tornaram logo essas bandeiras tão simpáticas ao marxismo e ao Centro,
que estes partidos, hoje, veneram esses símbolos como a sua maior relíquia,
adotando estandartes próprios para proteger a bandeira sobre a qual, outrora,
haviam cuspido.
É assim que, até o ano de 1920.
o marxismo não contava com nenhuma bandeira adversária que oferecesse um
contraste em matéria doutrinária. Mesmo que a burguesia alemã, pelos seus
melhores partidos, não quisesse mais condescender, depois do ano de 1918, em
adotar, como seu próprio símbolo, a bandeira do Reich, preta. vermelha e ouro,
não tinha, também, um programa a apresentar futuramente, nessa nova evolução e
nem a idéia de reconstrução do antigo Reich.
É
a essa idéia que a bandeira preta, branca e vermelha, do antigo Reich, deve a
sua ressurreição como emblema de nossos chamados partidos
nacionais-burgueses.
É evidente que o símbolo de uma crise que podia ser
vencida pelo marxismo, em circunstâncias pouco honrosas, pouco se presta a
servir de emblema sob o qual esse mesmo marxismo tem que ser novamente
aniquilado. Por mais santas e caras que possam ser essas antigas e belíssimas
cores aos olhos de todo alemão bem intencionado, que tenha combatido na Guerra e
assistido ao sacrifício de tantos compatriotas, debaixo dessas cores, não pode
essa bandeira simbolizar uma luta no futuro.
Ao
contrário dos políticos burgueses, sempre defendi, no nosso movimento, a opinião
de que, para a nação alemã, foi uma felicidade ter perdido sua antiga bandeira.
Não precisamos investigar o que a República tem feito debaixo da sua. De todo
coração, deveríamos, porém, ser gratos ao destino misericordioso que preservou a
mais heróica bandeira de guerra de todos os tempos de servir de lençol nos
antros da prostituição.
O Reich atual, que
vende seus cidadãos e a si próprio, nunca deveria arvorar a bandeira preta,
branca e vermelha, coberta de honras e de heroísmo. Enquanto durar a vergonha de
novembro poderá a República continuar a usar suas insígnias próprias sem roubar
a bandeira de um passado honesto. Nossos políticos burgueses deveriam ter
consciência de que o uso da bandeira preta, branca e vermelha, por esse Estado,
eqüivale a um roubo ao passado. O antigo pavilhão, francamente, só se adaptava
ao antigo Reich. Graças a Deus, a República, também, escolheu um de acordo com
as suas idéias.
Eis a razão por que nós,
nacionais-socialistas, não teríamos podido enxergar, na antiga bandeira, um
símbolo expressivo de nossa própria atividade. Nossa intenção não é ressuscitar
o velho Reich, que pereceu por seus próprios erros, mas, sim, construir um novo
Estado.
A questão do novo pavilhão, isto é, o
seu aspecto, ocupava muito a nossa atenção, naquele tempo. De todos os lados
recebíamos sugestões muito bem intencionadas, mas sem sucesso. A nova bandeira
tinha que representar o símbolo da nossa própria luta, e, ao mesmo tempo,
deveria produzir um efeito majestoso sobre as massas. Quem tiver o hábito de
lidar com a massa popular verá, facilmente, nessas bagatelas aparentes, questões
de grande importância. Um emblema que produza grande efeito pode, em milhares de
casos, dar o primeiro impulso ao interesse popular por um movimento
qualquer.
Eis porque tivemos de recusar todas
as propostas, aliás bastante numerosas, para identificar, por uma bandeira
branca, o nosso movimento com o antigo Estado ou, melhor ainda, com aqueles
partidos enfraquecidos. cujo único fim político consistia na restauração de
situações passadas. Acresce ainda que o branco não é uma cor arrebatadora; ela é
apropriada a congregações de virgens castas e puras, e não a movimentos
violentos de uma época revolucionária.
O preto
foi igualmente proposto. Seria próprio para a época atual, não exprimia, porém,
as aspirações do nosso movimento. Além disso, o efeito dessa cor não é
empolgante.
Branco-azul não foi aceito, apesar
do maravilhoso efeito estético, por ser a cor de um Estado da Alemanha,
infelizmente de uma atitude política que não goza da melhor fama, por sua
estreiteza regionalista. Aliás, nessa escolha, não haveria nada que
correspondesse ao nosso movimento. Preto e branco estava no mesmo caso. Preto,
vermelho e ouro, por si mesmo, não entrou em questão, por motivos já
mencionados. Preto, branco e vermelho, pelo menos na mesma disposição antiga,
também não foi discutido. Quanto ao efeito, esta última composição de cores leva
a palma sobre todas as outras, realizando a mais brilhante
harmonia.
Eu mesmo fui sempre um advogado da
conservação das cores antigas, não só por venerá-las como uma relíquia, na minha
qualidade de soldado, como, também, pelo efeito estético que elas exercem e que
é mais conforme ao meu gosto.
Apesar disso, fui
obrigado a recusar, sem exceção, os inúmeros esboços que saíam, naquele tempo,
dos círculos do movimento incipiente, e que, na maior parte, tinham introduzido
a cruz suástica na antiga bandeira. Como líder, eu mesmo não queria aparecer
logo em público com o meu próprio projeto, porque era possível que alguém
tivesse a idéia de outro igual, ou mesmo melhor, do que o meu. Com efeito, um
dentista de Starnberg produziu um desenho bem regular e muito parecido com o
meu, com um único defeito de trazer a cruz suástica com ganchos curvos sobre um
disco branco.
Nesse ínterim, depois de inúmeras
tentativas, eu havia chegado a uma forma definitiva; uma bandeira de fundo
vermelho com um disco branco, em cujo meio figurava uma cruz suástica preta.
Após longas experiências, descobri, também, uma relação determinada entre a
dimensão da bandeira e a do disco branco, como entre a forma e o tamanho da cruz
suástica, e aí fizemos ponto final.
No mesmo
sentido, fez-se logo encomenda de braçais para os encarregados do "serviço de
ordem", sendo o braçal vermelho, com um disco branco, trazendo no centro a cruz
suástica preta.
O emblema do partido foi
esboçado segundo as mesmas diretrizes: um disco branco sobre fundo vermelho e no
centro a cruz. Um ourives de Munique, por nome Füss, forneceu o primeiro esboço
suscetível de ser empregado e adotado.
Em pleno
verão de 1920, o novo pavilhão apareceu, pela primeira vez, em público.
Adaptava-se, admiravelmente, ao nosso movimento incipiente. Partido e bandeira
distinguiam-se pela novidade. Nunca tinham sido vistos antes. Seu efeito,
naquele momento, foi o de uma tocha incendiada. A nossa alegria foi quase
infantil quando uma fiel adepta de nosso partido executou o plano pela primeira
vez e no-lo entregou. Já poucos meses depois, possuíamos meia dúzia em Munique.
As tropas do "serviço de ordem", cada vez mais, extensas, contribuíram,
extraordinariamente, para a propagação do novo símbolo do
movimento.
Era um símbolo de verdade! Por serem
intérpretes da nossa veneração pelo passado, estas cores ardentemente amadas,
que, outrora, alcançaram tanta glória para o povo alemão, eram, agora, ainda a
melhor materialização das aspirações do movimento. Como nacionais-socialistas,
costumamos ver na nossa bandeira o nosso programa. No vermelho, vemos a idéia
socialista do movimento, no branco, a idéia nacional, na cruz suástica a missão
da luta pela vitória do homem ariano, simultaneamente com a vitória da nossa
missão renovadora que foi e será eternamente
anti-semítica.
Dois anos mais tarde, quando as
"tropas de ordem" já se tinham transformado, há muito tempo, em um batalhão de
assalto de muitos milhares de homens, surgiu a necessidade de dar a essa
organização de defesa da nova doutrina ainda um símbolo especial de triunfo: Os
estandartes! Esses, também, foram esboçados por mim e a execução foi confiada a
um fiel adepto do partido, o ourives Guhr. Desde aquele momento, os estandartes
passaram a ser os sinais característicos da campanha
nacional-socialista.
A atividade nos comícios
populares, que crescia, cada vez mais, durante o ano de 1920, levou-nos, por
fim, a marcar duas reuniões por semana, As multidões se aglomeravam diante dos
nossos cartazes, as salas mais espaçosas da cidade estavam sempre repletas e
dezenas de milhares de adeptos, desviados pelos marxistas, voltaram à sua antiga
comunidade, para lutar pela liberdade de um Reich futuro. Já estávamos
conhecidos pelo público de Munique. Falava-se em nosso nome, e a expressão
"Nacional-Socialista" já era familiar a muitos, significando até mesmo um
programa, o número dos adeptos do movimento começou a crescer sem interrupção,
de modo que, no inverno de 1920/21, já podíamos aparecer em Munique com um forte
partido.
Naquele tempo, não havia, fora dos
partidos marxistas, nenhum outro, pelo menos de caráter nacional, que pudesse
registrar tão grandes manifestações
populares.
O "Münchener Kindl-Keller", que
podia comportar cinco mil pessoas, ficou, mais uma vez, à cunha, e só havia um
local que não tínhamos ousado ocupar, Esse era o circo
Krone.
No fim de janeiro de 1921, surgiram,
novamente, grandes preocupações para a Alemanha. O tratado de Paris, pelo qual a
Alemanha se obrigava ao pagamento da soma absurda de cem bilhões de marcos ouro,
devia se tornar uma realidade sob a forma do pacto de
Londres.
Uma associação de trabalhistas, que
existia há muito tempo em Munique e era formada por ligas populares, queria
aproveitar esse pretexto para lançar o convite para um grande protesto coletivo,
o tempo urgia e, eu mesmo, me sentia nervoso diante das eternas hesitações
quanto às resoluções tomadas. Falou-se, primeiro, em uma manifestação de
protesto diante da Feldherrnhaller.
Isso,
também, fracassou, surgindo, então, a proposta para uma reunião geral no
Münchener-Kindl-Keilcr. Nesse ínterim, passava o tempo. Os grandes partidos não
tinham dado a menor atenção ao terrível acontecimento e a associação trabalhista
não se podia decidir a fixar uma data certa para a tal
manifestação.
Na terça-feira, 1.° de fevereiro
de 1921, exigi, com a maior urgência, uma resolução definitiva. Fizeram-me
esperar até quarta-feira, Nesse dia, pedi informações seguras quanto à
possibilidade da tal reunião, A resposta foi novamente incerta e evasiva,
Disseram que tinham a intenção de convidar a associação trabalhista a realizar
uma manifestação daí a oito dias.
Com isso
esgotou-se a minha paciência e tomei a iniciativa de executar, sozinho, uma
manifestação de protesto. Quarta-feira, ao meio-dia, em dez minutos, ditei a uma
datilógrafa o anúncio da reunião, mandando, ao mesmo tempo, alugar o circo
Krone, para o dia seguinte, quinta-feira, 3 de
fevereiro.
Naquela época, isso significava uma
ousadia extraordinária, Não era só a incerteza de poder encontrar auditório para
encher aquele enorme espaço; havia, também, o perigo de um ataque, durante a
sessão.
Nossas "tropas de ordem" não eram
suficientes para vigiar um espaço tão grande. Eu também não tinha uma idéia
definida sobre a atitude a tomar na eventualidade de Um ataque, Acresce que eu
achava a defesa mais difícil em um circo do que em uma sala comum. Devia ser
justamente o contrário, como ficou provado mais tarde. Em uma área gigantesca,
era mais fácil dominar um batalhão de assalto do que em salas
apertadas.
Só havia, de certo, uma coisa: todo
fracasso poderia nos atrasar por muito tempo. Um assalto, coroado de sucesso,
poderia destruir, de um golpe, a nossa fama e encorajar o adversário a recomeçar
o mesmo jogo.
Isso poderia ocasionar uma
sabotagem de toda a nossa atividade nos comícios futuros. E semelhante desastre
só poderia ser reparado depois de muitos meses e após grandes
lutas.
Só dispúnhamos de um dia para pregar
cartazes. Infelizmente chovia de manhã e tínhamos o justo receio de que muitos
prefeririam ficar em casa a irem a uma reunião debaixo de chuva ou de neve,
expondo-se, talvez, até a serem assassinados.
A
verdade é que, na manhã de quinta-feira, apoderou-se de mim o pavor de que não
conseguiria encher a casa. Imediatamente ditei e mandei imprimir alguns boletins
para serem distribuídos à tarde. Se meu receio se realizasse eu passaria uma
grande vergonha, diante da associação trabalhista, os folhetos naturalmente
encerravam o convite para a reunião.
Dois
caminhões, que eu mandei fretar, foram cobertos com o maior número possível de
panos vermelhos, arvorando algumas bandeiras nossas. Quinze a vinte adeptos do
nosso partido partiram nos mesmos, com a ordem expressa de passar por todas as
ruas da cidade jogando boletins, enfim, fazendo propaganda para a colossal
manifestação da noite, Era a primeira vez que caminhões embandeirados passavam
pela cidade sem serem guiados por marxistas. Eis porque a burguesia via,
boquiaberta, a passagem dos carros enfeitados de vermelho e de bandeiras
nazistas que voavam ao vento, enquanto, nos bairros afastados do centro da
cidade, levantavam-se, também, inúmeros punhos cerrados que exprimiam uma fúria
visível contra a última "provocação ao proletariado", Até então só o marxismo
possuía o monopólio de organizar reuniões e de andar para cima e para baixo em
caminhões.
As 7 horas da noite, o circo ainda
não estava repleto. De dez em dez minutos, chamavam-me ao telefone. Sentia-me
bastante inquieto, pois às sete horas ou às sete e um quarto, as outras salas já
estavam quase completamente cheias. A razão, aliás, não tardou a ser descoberta:
eu não tinha contado com as dimensões gigantescas do novo local. Mil pessoas na
sala do Hotbräuhaus já faziam um bonito efeito, enquanto passavam inteiramente
despercebidas no circo Krone. Quase não se via ninguém. Pouco depois começaram a
vir comunicações mais favoráveis e, às oito horas menos um quarto, diziam-me que
três quartos do circo já estavam ocupados, havendo grande multidão diante dos
guichês da entrada. Com essa noticia eu me pus a
caminho.
Cheguei ao circo às oito horas e dois
minutos. Via-se, ainda uma grande multidão diante do mesmo; alguns pareciam
meros curiosos, outros, adversários, que esperavam fora o desenrolar dos
acontecimentos.
Quando penetrei na formidável
área deixei-me empolgar pela mesma alegria que havia experimentado no ano
precedente, quando da primeira reunião na sala de festas da Bräuhaus, de
Munique, Mas somente depois de eu ter, a muito custo, conseguido passar através
de verdadeiras muralhas humanas, até chegar ao estrado um pouco elevado, e que o
sucesso, em toda a sua plenitude, se manifestou aos meus olhos. Esse local se
estendia diante de mim como uma concha enorme, repleta de milhares e milhares de
pessoas.
Até o picadeiro estava repleto. Na
entrada, tinham sido distribuídos cinco mil e seiscentos cartões; sem se contar
o número total dos sem trabalho, dos estudantes pobres e dos nossos homens do
"serviço de ordem", deviam ser ao todo seis mil e quinhentas
pessoas.
"Marchamos para um futuro de
prosperidade ou para a derrocada?" Era esse o tema da minha conferência e meu
coração exultava na convicção de que o futuro estava ali diante dos meus olhos.
Comecei a falar e falei cerca de duas horas e meia. Depois da primeira meia
hora, já eu pressentia que a reunião teria um grande sucesso. Estava
estabelecida a ligação com todos esses milhares de indivíduos. Já no fim da
primeira hora, comecei a ser interrompido por aplausos que explodiam cada vez
mais, espontaneamente, para decrescer novamente, depois de duas horas, passando
a um silêncio solene que eu devia, mais de uma vez, mais tarde, constatar nesse
lugar, e de que cada um de nós guarda uma lembrança imperecível. Quase que não
se ouvia outra coisa senão a respiração dessa multidão colossal e, só depois que
proferi a última palavra, é que se levantou, subitamente, um bramido que somente
cessou com o cântico patriótico "Alemanha", entoado com o máximo ardor. Eu
observava como, aos poucos, a enorme área começava a se esvaziar e uma
monstruosa onda de gente procurava a saída pela grande porta do centro. Isso
durou quase vinte minutos. Só então, possuído do mais vivo contentamento, deixei
o meu lugar, a fim de voltar para
casa.
Tiraram-se fotografias dessa primeira
reunião no circo Krone, de Munique. Melhor do que palavras, servirão elas para
provar a importância da manifestação. Jornais burgueses trouxeram ilustrações e
notícias mencionando, porém, unicamente, o caráter "nacional" da manifestação,
silenciando, porém, como sempre, sobre o nome dos
organizadores.
Com essa demonstração, saímos,
pela primeira vez, do quadro dos partidos existentes. Não podíamos mais passar
despercebidos. Para impedir a todo o preço a impressão de que esse sucesso
pudesse ser visto como efêmero, marquei, imediatamente, para a semana vindoura,
a segunda manifestação no circo, e o sucesso foi
idêntico.
Novamente, o imenso espaço se achava
à cunha, a tal ponto que decidi organizar, pela terceira vez, outra reunião do
mesmo gênero, na semana seguinte e, pela terceira vez, o circo gigantesco ficou
apinhado de gente.
Após esse confortador início
do ano de 1921, desenvolvi ainda mais nossa atividade na organização de
comícios, em Munique. Chegamos a realizar não um, mas, às vezes, dois comícios
por semana. No meio do verão e no fim do outono, realizávamos até três por
semana. Nós nos reuníamos sempre no circo e, para nossa grande satisfação,
constatávamos todas as noites o mesmo brilhante sucesso de
sempre.
O resultado foi então um acréscimo
ininterrupto do número de adeptos do
movimento.
Era natural que esses sucessos
inquietassem os nossos adversários. Uma vez que estes, sempre vacilantes na sua
tática, ora aconselhavam o terror, ora um silêncio absoluto, tornavam-se
incapazes de impedir o progresso do nosso movimento de um modo ou de outro, como
eles próprios eram obrigados a reconhecer. Foi assim que, em um esforço supremo,
resolveram-se a um ato terrorista, a fim de sufocar, definitivamente, a nossa
atividade nos comícios. Como pretexto a tal atitude aproveitaram-se de um
atentado extremamente misterioso contra um deputado da Dieta, por nome Erhard
Auer. Constava que, certa noite, ele tinha recebido um tiro, sem se saber de
quem. A verdade é que ele não foi atingido. Houve, porém, ao que se dizia, a
intenção. Tudo não passou de boatos. A fantástica presença de espírito, assim
como a coragem proverbial do chefe do partido social-democrata, teria não só
anulado o ataque criminoso como, também, induzido a fugir, vergonhosamente, os
miseráveis autores. Tinham fugido tão depressa e para tão longe, que, mesmo mais
tarde, a polícia não pôde mais descobrir o menor rastro deles. Esse processo
misterioso serviu ao órgão do partido social democrata de Munique como
instrumento de intriga contra o nosso movimento. Medidas tinham sido tomadas
para evitar os nossos impressionantes progressos. Nesse programa, estava
prevista uma oportuna intervenção de parte do proletariado, por meio da
violência.
E o dia da intervenção não se fez
esperar.
Foi escolhido um comício, na sala de
festas do Hotbräuhaus, de Munique, na qual eu mesmo devia falar, para se
decidir, definitivamente, a questão.
No dia 4
de novembro de 1921, recebi, entre 6 e 7 horas da noite, as primeiras notícias
positivas sobre o próximo ataque ao comício e soube que se tinha a intenção de
mandar para o local grandes grupos de operários recrutados para esse fim,
especialmente em alguns meios rubros.
A um
feliz acaso devemos o não termos recebido antes disso esse aviso. Nesse dia
mesmo, tínhamos deixado nosso velho e respeitável escritório da Sterneckergasse,
em Munique, mudando-nos para um novo, isto é, tínhamos saído do velho, mas não
podíamos ainda entrar no novo, pois esse estava em obras. Como o telefone da
antiga sede tinha sido retirado e ainda não estava colocado na segunda, foram
inúteis os esforços de numerosas comunicações telefônicas, avisando-nos sobre o
ataque planejado.
A conseqüência disso tudo foi
ficar o serviço de defesa do comício reduzido a algumas patrulhas muito fracas.
Achava-se presente só uma companhia numericamente fraca, de, mais ou menos,
quarenta e seis pessoas. O serviço de patrulhamento ainda não estava bastante
organizado para que se pudesse mandar vir, à noite, dentro de uma hora, um
reforço suficiente. Acrescia ainda que boatos alarmantes desse gênero, já nos
tinham chegado aos ouvidos inúmeras vezes, sem que nada de extraordinário
tivesse acontecido. O velho ditado, segundo o qual, revoluções preditas,
geralmente não arrebentam, até então tinha sido confirmado pelos
fatos.
Eis por que não se tomaram todas as
precauções necessárias para enfrentar um possível ataque, pela maneira mais
violenta. Considerávamos a sala de festas do Hofbräuhaus, de Munique, como
totalmente imprópria para ser atacada. Tínhamos receado isso muito mais nas
grandes salas, sobretudo no circo. A esse respeito, esse dia nos trouxe uma
preciosa lição. Mais tarde estudamos todas essas questões, posso dizer, com
método científico, chegando a resultados tão surpreendentes quanto interessantes
e que se tornaram, nos tempos que se seguiram, de uma importância fundamental
para a direção organizadora e a tática de nossos pelotões de assalto. Quando, às
8 menos um quarto, penetrei na entrada do Hofbräuhaus, não podia, com efeito,
subsistir a menor dúvida sobre tal intenção. A sala estava repleta e, por isso,
interdita pela polícia. Os adversários, que tinham chegado muito cedo,
achavam-se na sala e a maior parte dos nossos adeptos encontravam-se fora do
recinto. A pequena "tropa de assalto" me esperava na entrada. Mandei fechar as
portas da grande sala, dei ordens para que entrassem os quarenta e tantos
homens. Expus aos rapazes que havia chegado a hora de provarem, pela primeira
vez, a sua fidelidade inquebrantável ao movimento. Nenhum de nós tinha o direito
de deixar a sala senão depois de morto. Eu ficaria, pessoalmente, na sala e não
supunha que um só deles ousasse me abandonar. Se, porém, chegasse a avistar
algum que se mostrasse, pessoalmente, covarde, arrancar-lhe-ia o braçal e a
insígnia. Depois disso, incitei-os a irem para frente, logo que notassem
qualquer tentativa de assalto, sem esquecerem que o melhor meio de defesa é o
ataque.
A resposta foi um "viva", repetido três
vezes, e que, nessa ocasião, soou mais alto do que de costume. Depois disso,
entrei na sala, podendo, então, com os meus próprios olhos, colher uma vista
panorâmica da situação. Os inimigos ali estavam, em massas compactas, procurando
furar-me com os olhares. Inúmeras caras se voltavam para mim, mal contendo seu
ódio, enquanto outras, com caretas sarcásticas, faziam exclamações
insofismáveis. "Hoje eles acabariam conosco", "nós devíamos defender nossas
tripas", "nossas bocas seriam definitivamente arrolhadas", enfim uma série de
belas locuções desse jaez. Estavam conscientes de sua superioridade e
manifestavam-se de acordo com a atmosfera do
momento.
Apesar de tudo, a sessão pôde ser
abei-ta e tomei a palavra. Na sala de festas do Hofbräuhaus eu tomava lugar
sempre em um dos lados, em uma mesa de cerveja. Assim ficava, realmente, no meio
do público. Talvez essa circunstância contribuísse para criar, nessa sala, um
ambiente como nunca encontrei em nenhum outro
lugar.
Na minha frente, sobretudo mais para a
esquerda, só havia adversários, sentados e de pé. Eram todos homens e rapazes
robustos, em grande parte trabalhadores da fábrica Maffei, de Kusterman,
Isasrizäher, etc. Ao longo da parede esquerda da sala, já tinham empurrado as
mesas até bem perto da minha e começavam a recolher os quartilhos. Encomendavam
sempre mais cerveja, colocando os recipientes vazios debaixo da mesa. Assim se
formavam verdadeiras baterias. Teria sido um milagre se as coisas, dessa vez,
acabassem em pai. Depois de hora e meia, mais ou menos, - período durante o qual
consegui falar, apesar de todos os apartes - parecia que eu chegaria a dominar a
situação. O mesmo receio parecia terem os chefes do pelotão de ataque. Sua
inquietação aumentava. De vez em quando saiam e entravam novamente, falando,
visivelmente nervosos, com o seu pessoal.
Um
pequeno erro psicológico que cometi, respondendo à um aparte e de cuja
inoportunidade tive imediatamente consciência, mal acabava de proferir a
palavra, foi o sinal para o começo do
conflito.
Depois de alguns apartes enfurecidos,
um homem saltou em cima de uma cadeira, berrando para o público: "Liberdade!" Os
"pioneiros" da liberdade só esperavam esse sinal para entrar na
luta.
Em poucos segundos a sala inteira se
achava repleta de uma multidão que berrava e gritava e, por cima da qual, como
obuses, voavam inúmeros copos; ouviam-se o rachar de pernas de cadeiras, o
quebrar de quartilhos, gritos e berros de toda
espécie.
Era um espetáculo simplesmente
ridículo. Fiquei parado no meu lugar, podendo observar com que consciência meus
rapazes cumpriam o seu dever, Eu desejava ver como se portariam os burgueses em
uma tal situação.
A "dança" ainda não tinha
começado e já minha patrulha de assalto - nome que se guardou desde esse dia -
iniciava seu ataque. Como lobos, precipitavam-se, em matilhas de oito ou dez,
sobre os seus adversários, conseguindo, aos poucos, porem-nos fora da sala. Ao
cabo de cinco minutos, quase todos eles estavam sujos de sangue. Quantos eu
conheci somente a partir daquele momento! A frente de todos estavam o bravo
Maurice. meu atual secretário particular, Hesse e muitos outros que, apesar de
gravemente feridos, voltavam sempre ao ataque, enquanto se podiam manter de pé.
O barulho infernal durou vinte minutos, no fim dos quais, os adversários, que
podiam ser setecentos ou oitocentos, já tinham sido expulsos da sala e jogados
de escada abaixo, pelos meus homens, que não eram mais de
cinqüenta.
Só no lado esquerdo do fundo da sala
ainda permanecia um grande grupo, que opunha a mais encarniçada resistência.
Subitamente, da entrada da sala, deram dois tiros de pistola sobre o estrado.
seguidos de um tiroteio desenfreado. Exultávamos diante de uma tal ressurreição
de antiga cena guerreira.
Não havia mais meio
de distinguir quem atirava. Só uma coisa se podia verificar, é que a fúria dos
meus rapazes, cobertos de sangue, tinha aumentado e que, afinal, os últimos
desordeiros, vencidos, eram jogados fora da
sala.
Tinham decorrido, mais ou menos, vinte e
cinco minutos. O aspecto da sala era como se uma granada aí tivesse
estourado.
Muitos dos meus adeptos estavam
sendo submetidos a curativos, outros tinham que ser transportados, mas nós
tínhamos ficado senhores da situação.
Hermann
Esser, que, nessa noite, havia assumido a chefia da sessão, declarou: A sessão
continua. Tem a palavra o orador. E eu recomecei a
falar.
Depois que, nós mesmos, já tínhamos
encerrado a sessão, entrou de repente um agitado tenente de polícia gritando,
com movimentos descontrolados: "A reunião está
suspensa!"
Involuntariamente, tive que rir
desse retardatário. Nos policiais, essa mania de importância é típica. Quanto
menores eles são, mais querem aparentar
autoridade.
Nessa noite, tínhamos realmente
aprendido muito e nossos adversários, também, não esqueceram a lição recebida.
Até o outono de 1923, o "Münchener Post" não nos amedrontou mais com as ameaças
de violência por parte do proletariado.
CAPÍTULO VIII - O FORTE É MAIS FORTE
SOZINHO
No capítulo precedente, tive
ocasião de mencionar a existência de uma associação trabalhista formada por
ligas racistas alemãs e desejo, aqui, elucidar, em poucas palavras, o problema
dessas organizações.
Geralmente entende-se por
associação trabalhista um agrupamento de ligas que, para facilitarem o seu
trabalho, assumem compromissos recíprocos, escolhem uma direção comum, de
competência mais ou menos reconhecida, para realizarem uma ação de
conjunto.
Só por esse fato, já se vê que se
trata de associações ou partidos, cujas finalidades são mais ou menos
idênticas.
Para o tipo normal do cidadão é
agradável e cômodo saber que, pelo fato de tais ligas se unirem formando uma
associação, elas destacam os traços que as podem unir, pondo de lado o que as
pode separar.
Com isso surge a convicção de que
a força de uma tal agremiação aumentou extraordinariamente e que os pequenos
grupos se transformaram subitamente em uma verdadeira
potência.
Isso, porém, é quase sempre
falso.
É interessante e, na minha opinião, de
grande importância para a compreensão do problema, conseguir ver claramente como
é possível a formação de ligas, associações, etc., todas visando à mesma
finalidade.
Seria lógico que cada liga visasse
apenas a um fim.
Incontestavelmente, esse
objetivo só tinha sido visado por uma liga. Em determinada liga, um indivíduo
proclama uma verdade, convida outros a resolverem uma questão, propõe uma
finalidade e organiza um movimento que tende à realização de seu
objetivo.
Funda-se assim uma associação ou um
partido que, segundo seu programa, deve conseguir ou a supressão dos males
existentes ou o estabelecimento de condições especiais para o
futuro.
Logo que surge um tal movimento, possui
ele praticamente um certo direito de
prioridade.
Nada mais natural que todos os
homens, visando ao mesmo objetivo, se filiassem ao novo movimento,
fortalecendo-o, para melhor servirem à causa
comum.
Cada indivíduo que pensa por si deveria
ver em uma tal filiação a condição indispensável para o êxito da causa
coletiva
Para atingir-se esse objetivo só um
movimento organizado pode ser eficiente.
Há
duas causas para que isso não se verifique. A uma delas eu daria o qualificativo
de "trágica", a segunda reside na própria fraqueza humana. Em verdade, só vejo
em ambas essas causas fatos que se prestam a reforçar a vontade e a energia
humana e, por uma educação aprimorada da atividade dos homens, tornar possível a
solução desse problema.
Eis a razão pela qual
nunca uma liga por si só pode dar a solução de um determinado problema. Toda
realização importante será geralmente a satisfação de um desejo alimentado, de
há muito, secretamente, por milhões de entes
humanos.
Pode acontecer que, durante séculos e
séculos, se anseie pela solução de um determinado problema, sem que, devido à
pressão de condições difíceis, se chegue jamais à realização desses
anelos.
Deve-se dar o qualificativo de
impotentes aos povos que, em uma tal emergência, não encontram uma solução
heróica. A força vital de um povo, o seu direito à vida, se manifestam do modo
mais impressionante, no momento em que esse povo recebe a graça de um homem que
o destino reservou para a realização de suas aspirações, isto é, para a
libertação de um grande cativeiro, para a supressão de amargas
dificuldades.
É um fenômeno típico de todos os
problemas do momento que milhares trabalhem na sua solução, que muitos se
julguem predestinados, para que, enfim, a sorte, no jogo das forças, escolha o
mais competente para confiar-lhe a solução do
problema.
Assim, pode acontecer que durante
muitos séculos, descontentes com a conformação de sua vida religiosa, aspirem a
uma inovação e que, dessa aspiração moral, surjam dúzias de homens que se crêem
eleitos, pela sua clarividência ou pelo seu saber, como profetas de uma nova
doutrina ou pelo menos como lutadores contra outra já
existente.
Aqui também, pela ordem natural das
coisas, certamente será o mais forte que será escolhido para cumprir a grande
missão; apenas os outros só muito tardiamente reconhecem o fato de ser este o
único eleito. Ao contrário, todos se julgam com os mesmos direitos e
predestinados a resolver o problema, sendo que a coletividade geralmente é que
menos sabe distinguir quem dentre eles é capaz de realizar a mais alta missão,
quem merece o apoio de seus semelhantes.
É
desse modo que, no decorrer dos séculos, às vezes, até dentro de uma mesma
época, surgem diferentes homens organizando movimentos que visam, pelo menos na
teoria, finalidades idênticas ou assim julgadas pela grande maioria. O povo
nutre desejos vagos e convicções indeterminadas, sem saber explicar com clareza
o que, realmente constitui a essência da sua finalidade ou do seu desejo próprio
ou mesmo da possibilidade de sua realização.
O
ponto trágico reside no fato de que esses indivíduos aspiram, por caminhos
diferentes, a fim idêntico, sem se conhecerem entre si, e, por isso mesmo, na fé
mais ingênua em sua própria missão, vão seguindo o seu caminho julgando-se no
dever de cumpri-la sem a menor consideração para com os
outros.
Que tais movimentos, partidos,
agrupamentos religiosos, completamente independentes uns dos outros, surjam das
aspirações gerais, em dado momento histórico, para encaminhar a sua atividade na
mesma direção, é o que, pelo menos à primeira vista, parece lastimável, por
prevalecer a opinião geral de que as forças dispersadas em rumos diferentes e
depois concentradas em um só conduzem, mais depressa e mais seguramente, ao
sucesso almejado. Tal, porém, não se verifica. A natureza, na sua lógica
implacável, decide a questão deixando entrarem em luta os diferentes grupos na
competição pela vitória, e conduzindo ao fim almejado o movimento dos que
tiverem escolhido o caminho mais reto, mais curto e mais seguro. Como, porém,
determinar se estava certo ou errado o caminho segui do, quando as forças se
exercem livremente, quando a última decisão deriva da resolução doutrinária de
sabichões e é entregue às infalíveis demonstrações do sucesso visível que, no
final de contas, é sempre a sanção última de uma
ação?
Se, portanto, diversos grupos visam ao
mesmo alvo por caminhos diferentes, logo que tomarem conhecimento da analogia de
suas aspirações com as dos outros, submeterão o seu programa a um exame mais
minucioso, tentando com redobrado esforço alcançar o fim o mais depressa
possível.
Essa concorrência tem por fim um
aperfeiçoamento do combate individual e não é raro que a humanidade deva o
triunfo de suas doutrinas ao fracasso de tentativas precedentes. Assim é que
podemos reconhecer no fato aparentemente lamentável da dispersão inicial e
inconsciente, o remédio pelo qual chegaremos ao melhor
resultado.
A história nos mostra - e nisso,
quase todas as opiniões estão de acordo - que os dois caminhos abertos à solução
do problema alemão, cujos principais representantes e campeões eram a Áustria e
a Prússia, Habsburgos e Hohenzollern, desde o princípio deveriam correr
paralelos. Segundo essas opiniões, nossas forças se deveriam ter unificado e
tomado uma ou outra dessas direções. Naquele tempo, porém, o caminho escolhido
foi o menos importante; as intenções austríacas, entretanto, nunca teriam
conduzido à construção de um Reich alemão.
O
Reich alemão surgiu justamente daquilo que milhões de alemães consideravam, com
o coração sangrando, como o último e mais terrível emblema da nossa briga entre
irmãos: a coroa imperial da Alemanha. saiu verdadeiramente do campo de batalha
de Königgrätz e não dos combates diante de Paris, como geralmente se
supõe.
A fundação do Reich alemão não foi o
resultado de qualquer aspiração comum animando iniciativas comuns; resultou
muito mais de uma luta, ora consciente ora inconsciente, pela hegemonia, sendo
que dessa luta foi a Prússia que saiu vitoriosa por fim. E quem não se deixar
cegar por partidos políticos, renunciando assim à verdade, terá que confirmar
que a chamada sabedoria humana nunca teria tomado a sábia resolução que resultou
do livre jogo das forças reais.
Quem nos países
de raça alemã teria acreditado, há duzentos anos, que não os Habsburgos, mas a
Prússia dos Hohenzollern, seria um dia a célula mater, a pedra fundamental do
novo reino?! Quem, ao contrário, ainda se meteria a negar hoje que o Destino fez
bem, agindo assim? Quem poderia ainda imaginar um Reich alemão implantado sobre
as bases de uma dinastia corrompida e
decadente?
Não, a evolução natural, se bem que
após uma luta secular, assegurou à melhor parte do povo alemão o lugar que lhe
compete.
Foi e será sempre assim na vida das
nações.
Não se deve, pois, lamentar o fato de
diferentes indivíduos se porem em caminho para atingir o mesmo alvo: o mais
forte e o mais expedito será sempre o
vitorioso.
Na vida dos povos, ainda há uma
segunda causa que determina freqüentemente que movimentos de aparência idêntica,
procurem, por vias diversas, uma finalidade aparentemente idêntica. Essa causa,
por demais deplorável, é conseqüência de um misto de inveja, ciúme, ambição e
desonestidade que se encontram, infelizmente, às vezes reunidos em um mesmo
indivíduo. Logo que apareça um homem conhecendo profundamente as misérias do seu
povo e que procure enxergar claramente a natureza dos seus males, tentando
remediar tudo, logo que ele visar um fim e traçar o caminho a seguir,
imediatamente os espíritos mais mesquinhos ficam atentos, seguindo com ansiedade
os passos desse homem que chamou a si a atenção geral, Esses indivíduos se
portam como os pardais, que, aparentemente sem nenhum interesses, na realidade,
observam com ansiedade e com a intenção de furtar, um companheiro mais feliz que
logra achar uma migalha de pão, Basta que um indivíduo enverede por um novo
caminho para que muitos vagabundos fiquem alertas farejando qualquer petisco
saboroso que possa ter sido jogado nesse caminho. Logo que o descobrem, põem-se
em marcha para alcançar o alvo, se possível por um
atalho.
Uma vez lançado o novo movimento e
fixado o seu programa definido, aparece aquela gente pretendendo bater-se pelas
mesmas finalidades; isso, porém, é mentira, pois eles não se alistam nas
fileiras da causa para reconhecer-lhes a prioridade, mas, ao contrário, plagiam
seu programa lançando sobre ele os fundamentos de novo partido. Nisso tudo eles
se mostram desavergonhados, afirmando ao público inconsciente que as intenções
do outro partido já há muito eram as suas também, e o pior é que, com essas
pretensões, conseguem aos poucos aparecer sob um prisma simpático, em vez de
caírem rio desprezo geral que mereciam. Pois, não é uma grande falta de vergonha
tomar a si a missão proclamada pela bandeira alheia, refutar as diretrizes do
programa alheio, para depois seguir seus próprios caminhos como se tivesse sido
o plagiário o criador de tudo? O maior descaramento consiste em serem esses
elementos, - aliás os primeiros causadores da dispersão, por suas sucessivas
inovações - os que mais proclamam a necessidade da união, logo que se convencem
de não poderem tomai- a dianteira do
adversário.
A um processo desses é que se deve
a chamada "dispersão dos elementos racistas". Aliás, como a evolução natural das
coisas tem provado suficientemente, a formação de toda uma série de grupos e
partidos denominados racistas, nos anos de 1918 e 1919, foi um acontecimento que
não pode ser absolutamente atribuído aos seus autores. Desses fatos todos, já no
ano de 1920, tinha surgido vitorioso o Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores Alemães. Não pode haver melhor prova da honestidade 1)1-overbial
dos promotores desse movimento do que a decisão, verdadeiramente admirável, de
muitos deles, de sacrificarem ao movimento mais forte o outro por eles chefiados
e cujo sucesso era muito menor, havendo, por isso, conveniência em dissolvê-lo
ou incorporá-lo incondicionalmente.
Isso se
aplica sobretudo a Julius Streicher, o principal campeão do Partido Socialista
de Nuremberg. Naquela época, o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores
Alemães e o Partido Socialista Alemão tinham nascido inteiramente independentes
um do outro, mas visando às mesmas finalidades. O principal precursor nas lutas
preparatórias para a formação do Partido Socialista Alemão foi, como já
dissemos, Julius Streicher, então professor em Nuremberg. A princípio, estava
ele também solenemente convencido da missão futura do seu movimento. No momento,
porém, em que não restava mais dúvida nenhuma sobre a força maior e a maior
extensão do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães renunciou ele
à sua atividade na propaganda do Partido Socialista Alemão, incitando os seus
adeptos a enfileirarem-se no Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores
Alemães, que tinha saído vitorioso na luta recíproca. Propôs-se então a batalhar
em nossas fileiras pelo ideal comum, o que constitui uma resolução tão heróica
quanto digna de um homem de bem.
Nessa primeira
fase do movimento não se verificou nenhuma dispersão, sendo que quase por toda
parte a vontade bem intencionada dos homens da época conduzia a um resultado
honesto e seguro. Aquilo que hoje entendemos por dispersão dos elementos
racistas" deve sua existência, como já acentuamos, à segunda causa por mim
mencionada (e isso sem exceção): homens ambiciosos que, antes, nunca tinham
visado a fins próprios nem possuído idéias próprias, sentiram a sua "vocação"
precisamente no momento em que os sucessos do Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores Alemães começavam a
firmar-se.
Surgiram, então, programas, do
começo ao fim, copiados dos nossos, combates por idéias decalcadas sobre as
nossas, exposição de finalidades já há anos visadas por nós, escolha de caminhos
há muito já trilhados pelo nosso Partido. Procurou-se por todos os meios achar
um motivo para a formação obrigatória desses novos partidos, já existindo há
tanto tempo o nosso. Quanto mais nobres eram os pretextos menos verdade
continham.
Na verdade um único motivo era a
causa de tudo; a ambição pessoal dos fundadores de representar um papel
dificilmente preenchido pela sua própria pequenez, se não fosse uma grande
ousadia de adotar pensamentos alheios, com uma petulância que, na vida burguesa,
só se costuma atribuir aos ladrões.
Naquela
época não existiam representações nem idéias alheias de que semelhante
cleptômano político não se apoderasse logo para servir aos seus novos
interesses. Os autores de tal plágio eram, porém, os mesmos indivíduos que mais
tarde, com lágrimas nos olhos, ousavam deplorar profundamente a "dispersão dos
elementos racistas" falando sem cessar da "necessidade da união", na secreta
esperança de, finalmente, embrulharem os outros de tal maneira que esses,
cansados de ouvir os gritos de eterna acusação, lhes faziam presente não só das
idéias roubadas como também dos movimentos criados para
propagá-las.
Se todavia não conseguiam isso e
se as novas empresas não rendiam o que se esperava delas, devido à pequena
capacidade intelectual de seus diretores, a coisa se liquidava mediante um preço
menor, e já se considerava feliz quem nesse caso podia ingressar em uma das tais
associações trabalhistas.
Todos os que, naquele
tempo, não conseguiam manter-se independentemente, filiavam-se a tais
associações, inspirados talvez na crença de que oito aleijados de braços dados
certamente serão equivalentes a um
gladiador.
Se acontecia que entre os aleijados
aparecesse de fato um que não o fosse, tinha esse que despender toda sua força
só para manter os outros de pé, acabando finalmente por ficar inválido também. É
preciso considerar sempre como uma questão de tática a cooperação nessas
chamadas associações trabalhistas; não devemos, porém, nos afastar nunca da
seguinte verdade fundamental:
A formação de uma
associação trabalhista nunca concorrerá para transformar ligas fracas em
poderosas; uma liga forte ao contrário pode às vezes enfraquecer-se por causa
daquelas. É falsa a suposição de que da fusão de grupos fracos possa resultar um
fator de energia, pois a maioria, sob toda e qualquer forma e em todas as
hipóteses, tem sido sempre a representante da tolice e da covardia. É assim que
todas as ligas, dirigidas por muitas cabeças, estão totalmente votadas à
covardia e à fraqueza. Acresce ainda que uma tal coesão impede o livre exercício
das forças, a luta pela seleção do melhor elemento, barrando assim a
possibilidade da vitória final, que deve coroar o mais sadio e o mais
forte.
Semelhantes coalizões são, portanto,
contrárias à seleção natural, impedindo, na maior parte das vezes, a solução do
problema a resolver.
Pode acontecer que
considerações de ordem puramente estratégica possam induzir a chefia suprema do
movimento a concluir, por um curto período, um pacto com ligas desse gênero, a
fim de tratar determinadas questões e talvez empreender até alguns passos em
comum, semelhantes relações entretanto, não devem nunca se prolongar
indefinidamente, se o movimento não quiser renunciar à sua missão redentora. É
que, uma vez que se empenha em uma tal união, o movimento perde a possibilidade
e o direito também de exercer plenamente sua própria força, no sentido de uma
evolução natural, como seja a derrota dos rivais e a vitória do fim que se
propõe.
Ninguém deve esquecer que tudo o que há
de verdadeiramente grande neste mundo não foi jamais alcançado pelas lutas de
ligas, mas representa o triunfo de um vencedor único. O êxito de coalizões já
traz na sua origem o germe da corrupção futura. Na realidade só se concebem
grandes revoluções suscetíveis de causar verdadeiras mutações de ordem
espiritual, quando arrebentam sob a forma de combates titânicos de elementos
isolados, nunca, porém, como empreendimentos de combinações de
grupos.
É assim que, antes de tudo, o Estado
nacionalista nunca será criado pela vontade vacilante de uma associação nacional
de operários, mas unicamente pela vontade férrea do movimento que sozinho
alcançou a vitória na luta contra todos.
CAPÍTULO IX - IDÉIAS FUNDAMENTAIS SOBRE O FIM E A ORGANIZAÇÃO DOS
TRABALHADORES SOCIALISTAS
O poder da
antiga nação era apoiado em três colunas: a constituição monárquica, o corpo
administrativo e o exército. A revolução de 1918 revogou a constituição
monárquica, dissolveu o exército e entregou o corpo administrativo à corrupção
partidária. Com isso foram, porém, destruídos os sustentáculos principais da
chamada autoridade do Estado.
Essa baseia-se
quase sempre sobre aqueles elementos que, em geral, são o fundamento de toda
autoridade.
O primeiro fundamento para a
formação do princípio da autoridade consiste sempre na popularidade. Uma
autoridade, porém, que se apoia unicamente nesse fundamento é ainda extremamente
fraca, insegura e vacilante. Todo portador de uma tal autoridade, baseada
exclusivamente sobre as simpatias populares, deverá, por essa razão, tratar de
melhorar a base dessa autoridade pela criação do poder. No poder, na força
material, vemos a segunda base de toda autoridade. É essencialmente mais sólida,
mais segura, mas nem sempre mais vigorosa do que a primeira. Quando se reúne a
popularidade com a força material, e conseguem as mesmas sobreviver juntas, um
certo tempo, então poderá surgir uma autoridade sobre uma base fundamental ainda
mais sólida, a autoridade da tradição. Quando, enfim, se ligam. a popularidade,
a força material e a tradição, pode-se, então, falar de uma autoridade
inabalável.
Com a Revolução esta última
hipótese foi inteiramente afastada, pois já não havia mais a tradição. Com a
queda do Império, com a mudança da antiga forma de governo, com a destruição das
antigas insígnias e símbolos do Império, a tradição foi, de um golpe, destruída,
o resultado disso foi o mais forte abalo ria autoridade do
Estado.
Até a segunda coluna da autoridade, a
força material, não existia mais. A fim de fazer o possível para levar a cabo a
Revolução, era necessário dissolver o exército como encarnação da capacidade
organizadora e da força do Estado. Mais ainda, devia-se utilizar a parte do
exercício dividido como elemento para o combate revolucionário. Se bem que nos
exércitos do front não se tivesse realizado totalmente essa decomposição, os
mesmos, no entanto, à proporção que deixavam atrás de si os gloriosos campos das
suas heróicas lutas, que duraram quatro anos e meio, iam sendo corroídos pelo
ácido da desorganização e acabaram, após a desmobilização, por entrar na
confusão da denominada obediência espontânea da época dos "Conselhos dos
soldados".
Nessas bordas revoltosas de
soldados, que eram de opinião que o serviço militar deveria ser idêntico ao dia
de oito horas de trabalho, não se podia, é claro, apoiar nenhuma autoridade. Com
isso desaparecia também o segundo elemento, que é a garantia da solidez da
autoridade, e a Revolução passava a dispor, unicamente, do primeiro, isto é, da
popularidade, para erigir sobre ele a sua autoridade. Essa base era, porém, um
elemento extraordinariamente incerto. De fato, conseguiu a Revolução, por meio
de um poderoso golpe, destruir o antigo edifício do Estado. A razão por que a
Revolução logrou esse efeito, deve ser vista no fato de já ter sido destruído
pela guerra o equilíbrio normal da organização de nosso
povo.
As nações podem ser divididas em três
grandes classes; em um extremo encontra-se a humanidade superior, portadora de
todas as virtudes, distinguindo-se, principalmente, pela coragem e capacidade de
sacrifícios; na outra extremidade, acham-se os representantes da vileza humana,
possuidores de todos os impulsos e vícios egoístas. Entre estes dois extremos,
encontra-se uma terceira classe, a vasta camada média, na qual não se encontram
nem radiantes heroísmos nem tendências
criminosas.
Tempos de grande prosperidade de
uma nação se distinguem, pode-se dizer mesmo, só existem, quando a sua direção
está nas mãos da parte melhor da
sociedade.
Tempos de um desenvolvimento normal
e harmônico ou de um Estado sólido são caracterizados pela evidente dominação
dos elementos do centro, em que ambos os extremos se encontram em
equilíbrio.
Tempos de ruína de um povo são
determinados pela ação predominante dos elementos
inferiores.
Notável é, nesse caso, que a grande
massa, como classe do centro, como a classifiquei, só apareça quando os dois
extremos se combatem mutuamente. No caso da vitória de um dos extremos, sempre
se subordina voluntariamente ao vencedor.
No
caso de vencer o extremo melhor, a grande massa acompanhá-lo-á; na hipótese de
subir o extremo do mal a massa pelo menos não lhe oporá resistência, pois as
camadas do centro nunca entram em combate.
A
guerra sangrenta, nos seus quatro anos e meio, destruiu, a tal ponto, o
equilíbrio interno dessas três classes, que se pode declarar - sem se deixar de
reconhecer todos os sacrifícios da massa do centro - que o resultado, para a
parte superior da humanidade, foi perder quase completamente o seu
sangue.
É incrível o que, nesses quatro anos e
meio, a Alemanha perdeu. justamente no sangue dos seus heróis. Somemos todas as
centenas de milhares de casos particulares em que se dizia sempre: Voluntários
para o front! Patrulhas de ronda voluntárias! Estafetas voluntários!
Telefonistas voluntários! Voluntários para construções de pontes! Voluntários
para submarinos! Voluntários para aviões! Voluntários para batalhões de assalto,
etc., sempre e sempre, durante quatro anos e meio, em mil ocasiões, voluntários
e novamente voluntários! Via-se sempre o mesmo resultado: os- jovens menores ou
o homem maduro, todos possuídos de ardente amor pela pátria, de grande coragem
pessoal e da mais alta consciência do dever, apresentavam-se ininterruptamente.
Dez mil, cem mil desses casos aconteciam. Pouco a pouco ia diminuindo, cada vez
mais, essa torrente de homens. Os que não tombavam no campo de batalha ficavam
mutilados, aleijados, ou se dispersavam aos poucos, em conseqüência do seu
pequeno número. Considere-se, antes de tudo, que o ano de 1914 pôs em pé de
guerra exércitos completos dos denominados voluntários, os quais, graças à
criminosa falta de consciência dos nossos perversos parlamentares, não tinham
recebido a educação militar devida e, nessas condições, eram apresentados aos
inimigos como carne para canhões! Os quatrocentos mil que, naquele tempo,
tombaram nas batalhas de Flandres ou se transformaram em aleijados, não podiam
mais ser substituídos. Sua perda era mais do que uma perda apenas numérica. Com
os seus mortos, a concha boa da balança subiu, e, mais do que dantes, pesavam
agora os representantes da vileza, da infâmia, da covardia, enfim a grande massa
dos inferiores.
Mas isso não foi
tudo.
Enquanto, durante quatro anos e meio, os
elementos melhores rareavam em proporção assustadora, os piores se conservavam
de maneira surpreendente. A cada herói que, sacrificando sua vida, subia as
escadas da glória, correspondia um safado que, cautelosamente, se salvava da
morte e, no interior do país, desenvolvia a sua atividade mais ou menos
inútil.
Assim, o fim da Guerra apresentava o
seguinte quadro: a grande camada média da nação tinha cumprido com o seu dever,
oferecendo à Pátria o seu sangue; elementos superiores sacrificaram-se em um
heroísmo exemplar; covardes, apoiados, por um lado, por leis insensatas e, por
outro, pela não aplicação dos artigos do código militar, foram, para desgraça
geral, integralmente conservados
Foi essa
escória do nosso povo que, logo depois, fez a Revolução, que pôde organizar,
porque não tinha mais, na sua frente, a nata da nação, sacrificada na
Guerra.
Por isso, a Revolução alemã, desde o
início, era uma empresa de popularidade muito relativa. Não foi o povo alemão
que cometeu este crime de Caim, mas a canalha composta de desertores, rufiões,
etc.
O soldado da frente regozijava-se com o
fim da luta sangrenta, sentisse feliz por poder voltar à Pátria, tornar a ver a
esposa e os filhos. Pela Revolução, porém, não tinha ele, no íntimo, nenhum
interesses; não simpatizava com ela, nem muito menos com seus autores e
organizadores. Nos quatro anos e meio de combate, tinha esquecido as hienas
partidárias e tinha ficado estranho às suas
brigas.
Somente para uma pequena parte do povo
alemão, a Revolução era verdadeiramente popular, isto é, para aquela classe dos
seus auxiliares que tinha escolhido uma sacola como emblema de todos os cidadãos
de honra deste novo Estado. Eles não simpatizavam com a Revolução por si mesma,
como muitos pensam erradamente ainda hoje, mas sim devido às suas conseqüências.
Mas era difícil qualquer autoridade apoiar-se,
de maneira firme, unicamente na popularidade desses filibusteiros marxistas. No
entanto, justamente a nova República precisava de uma autoridade a qualquer
preço, se não quisesse ser devorada, após um curto caos, pela desforra dos
últimos bons elementos do nosso povo.
Nada
temiam mais naquele tempo os organizadores da Revolução do que, no turbilhão de
suas próprias confusões, ver fugir-lhes o chão e verem-se apanhados de surpresa,
por um punho de ferro, como muitas vezes, em tais tempos, acontece na vida das
nações. A República devia consolidar-se, custasse o que
custasse.
Por isso foi forçada a organizar
imediatamente, ao lado da coluna vacilante da sua popularidade, um regime de
violência para, sobre o mesmo, melhor fundamentar uma autoridade mais
sólida.
Quando nos dias de dezembro, janeiro e
fevereiro de 1918/19, os tratantes da Revolução sentiam que a terra firme cedia
a seus pés, procuraram encontrar homens que estivessem prontos a reforçar, pelo
poder das armas, a fraca posição que lhes oferecia o amor de seu povo. A
República anti-militarista necessitava soldados. Como, porém, o primeiro e único
apoio da sua autoridade - isto é, a sua popularidade - se compunha somente de
uma sociedade de rufiões, ladrões, arrombadores, desertores, etc., quer dizer,
daquela parte do povo que devemos classificar como o extremo da vileza, toda
tentativa para encontrar homens prontos ao sacrifício da própria vida em prol do
novo ideal era absolutamente impossível naqueles círculos. Os que haviam feito a
propaganda da idéia revolucionária e haviam organizado a Revolução não eram
capazes nem estavam dispostos a fornecer, das suas próprias fileiras, soldados
para a defesa da mesma. Pois essa gente não desejava, de modo algum, a
organização de um Estado republicano, mas sim a desorganização do Estado
existente, para melhor poder satisfazer seus instintos. Seu lema não era: a
ordem e o progresso da República Alemã, mas, ao contrário: o saque da
mesma.
Assim, fatalmente, o grito de socorro
que; naqueles dias lançavam os defensores da República, apavorados, não podia
ser ouvido por essas camadas. Ao contrário, só poderia provocar recusas e
exasperos. Já então se pensava na constituição de uma autoridade que não fosse
apoiada somente na sua popularidade mas sim também na força. Pensava-se, de
início, em um combate contra os pontos de vista da Revolução, os únicos vitais
para aqueles elementos: isto é, no começo da Guerra contra o direito ao roubo,
contra o poder desenfreado de uma horda de ladrões e arrombadores que haviam
escapulido dos muros das prisões.
Os defensores
da República poderiam gritar tanto quanto quisessem, ninguém das suas fileiras
se apresentava, o contra grito "traidores" lhes fez compreender como os
portadores de sua popularidade
pensavam.
Naquele tempo, pela primeira vez,
muitos jovens alemães se achavam prontos, em nome da "tranqüilidade e da ordem",
como eles diziam, a vestir novamente o uniforme e, de armas aos ombros, com seus
capacetes de aço, dar combate aos destruidores da pátria. Como voluntários
reuniram-se os mesmos em corpos livres e começaram a defender a mesma República
que tanto odiaram e que assim praticamente
reforçavam.
Essa gente agiu de boa
fé.
O verdadeiro organizador da Revolução e seu
manipulador efetivo, o judeu internacional, tinha calculado bem a situação. O
povo alemão ainda não estava bastante amadurecido para ser afogado no mar de
sangue do bolchevismo, como aconteceu na Rússia. O motivo era, em grande parte,
devido à maior unidade de raça que se verificava entre os intelectuais e os
operários alemães. Concorreu para isso também a grande divulgação da cultura
intelectual nas camadas mais baixas do povo, que somente se comparava à dos
demais Estados do oeste da Europa, o que faltava absolutamente na Rússia. Na
Rússia, a intelectualidade, na sua maior parte, não era de nacionalidade russa
ou, pelo menos, era de caráter não eslavo. A camada superior de intelectualidade
da Rússia daqueles tempos podia ser manejada de um momento para outro porque lhe
faltavam absolutamente os elementos que a podiam ligar com a grande massa do
povo. O nível intelectual desta última era, também, horrivelmente
baixo.
No momento em que se conseguiu na
Rússia, atiçar a massa analfabeta contra a fina camada intelectual, com a qual a
mesma não tinha nenhuma relação, estava decidido o destino do país, estava
vitoriosa a Revolução. O analfabeto russo tornava-se escravo incondicional dos
seus ditadores judaicos, os quais, por sua parte, eram bastante inteligentes
para disfarçar essa ditadura com a frase: Na Alemanha, ainda se dava o
seguinte: a Revolução só tinha sido possível em conseqüência da gradual
decomposição do exército. O soldado do front não tinha sido o verdadeiro
causador da Revolução e destruidor do exército, mas sim a miserável canalha, que
ou perambulava nas guarnições do interior ou, então, como "indispensável",
prestava em qualquer parte serviços na economia interna. Esse exército era
reforçado ainda por dezenas de milhares de desertores que, sem o menor risco,
puderam volver as costas ao front. O verdadeiro covarde de todos os tempos nada
teme tanto quanto a morte. A morte ele tinha, porém, diante dos olhos
diariamente no front, sob mil aspectos.
Para
que se possa forçar moços indecisos e vacilantes ou até covardes a cumprir o seu
dever, em todos os tempos só houve um meio: o desertor deve saber que a sua
deserção traz justamente consigo aquilo de que ele desejava fugir, isto é, a
morte. No front pode-se morrer, o desertor deve
morrer.
Unicamente por meio de uma ameaça
draconiana como essa, para toda tentativa de deserção, poder-se-á evitar o
desânimo não só do indivíduo mas também da totalidade, da
massa.
Esses eram o sentido e a finalidade dos
artigos do código militar.
Entrar na grande
luta em prol da existência da nação inteira era uma crença superior, unicamente
apoiada na fidelidade espontânea, nascida e conservada em conseqüência do
reconhecimento de uma necessidade imperiosa. Foi sempre o cumprimento do dever
espontâneo que inspirou as ações dos homens superiores, nunca porém as dos
homens comuns. Por esta razão, são necessárias leis, como, por exemplo, as
contra o roubo, as quais não foram decretadas para os honestos mas sim para os
elementos vacilantes e fracos. Essas leis devem ser o meio para aterrorizar os
maus, a fim de impedir que se crie uma situação em que, finalmente, o honesto
seria contemplado como o mais imbecil e, por conseguinte, sempre cada vez mais
teria a impressão de que seria mais conveniente participar também no roubo do
que presenciar o mesmo, como espectador, com mãos vazias, ou deixar-se
roubar.
Era assim, portanto, um erro
acreditar-se que se poderia numa luta que, conforme todas as previsões humanas,
se poderia prolongai- anos e anos, prescindir dos meios que a experiência de
muitos séculos, até de milênios, apontava capazes de, nos momentos mais graves,
forçar esses homens indecisos e fracos ao cumprimento do seu
dever.
Para os heróis voluntários evidentemente
não se necessitava de artigos do código militar, indispensáveis, porém, para o
covarde egoísta, que, na hora em que a Pátria corria perigo, estimava mais a sua
vida do que a da coletividade. Tais covardes só poderão abandonar a sua covardia
aplicando-se contra eles os mais severos castigos. Quando homens lutam
ininterruptamente com a morte e, durante semanas, são obrigados a permanecer, em
combate sem tréguas, dentro de trincheiras cheias de lama, às vezes sem o mais
indispensável alimento, o indivíduo que prefere a vida nos seus cantões não
poderá ser forçado ao cumprimento do seu dever por meio de ameaça de prisão, mas
sim unicamente por uma rigorosa aplicação da pena de
morte.
Esses indivíduos consideram, nesses
tempos, como o prova a experiência, a prisão como um lugar ainda mil vezes mais
agradável do que o campo de batalha, visto que na prisão ao menos a sua
inestimável vida não está ameaçada.
Causou as
piores conseqüências que, durante a guerra, se tivesse deixado de aplicar a pena
de morte. Um exército de desertores espalhou-se pelo país em 1918 e colaborou na
formação da organização criminosa a que se deve a Revolução de novembro de
1918.
O front estava alheio a tudo isso. Os
soldados que lutavam na frente ansiavam pela paz. Justamente nesse fato havia um
grande perigo para a Revolução. À proporção que, depois do armistício, os
exércitos alemães regressavam à Pátria, no espírito dos revolucionários surgiam
as seguintes perguntas: Que farão as tropas da frente? Suportarão elas tudo
isso?
Durante aquelas semanas, a Revolução na
Alemanha deveria apresentar uma extrema moderação, se não quisesse correr o
perigo de ser destruída de um momento para outro, por algumas divisões alemãs.
Naquela época, se o comandante de uma única divisão tivesse tomado a resolução,
com auxílio de seus dedicados soldados, de arrear os trapos vermelhos, destruir
os "Conselhos" e vencer qualquer resistência, mediante lança-minas e granadas de
mão, essa divisão, em menos de quatro semanas, se teria transformado em um
exército de sessenta divisões. Os judeus que manejavam o movimento temiam isso
mais do que tudo. Justamente para impedir que essa hipótese se realizasse, era
necessário impor à revolução um certo aspecto de moderação, dando-se a impressão
de que ela de nenhum modo degeneraria em bolchevismo, ao contrário devia
dissimular que se batia "pela tranqüilidade e pela ordem". Este foi o motivo das
grandes concessões, o apelo ao antigo corpo de funcionários públicos, aos chefes
do antigo exército. Precisava-se deles, pelo menos por certo tempo, e, somente
depois que o mouro tivesse cumprido o seu dever, poder-se-ia tentar aplicar-lhe
o devido pontapé, e retirar, assim, a República das mãos dos antigos servidores
do Estado e entregá-la às garras dos urubus da
Revolução.
Somente assim pela aparente
inofensividade e tolerância do novo regime se poderia esperar enganar velhos
generais e empregados de Estado e evitar uma possível resistência dos
mesmos.
Até que ponto lograram isso, foi
demonstrado na prática.
A Revolução não foi
feita, porém, por elementos pacíficos e ordeiros, mas, ao contrário, por
elementos revoltosos, ladrões e saqueadores. O mais amplo desenvolvimento da
Revolução não correspondia aos desejos desses últimos elementos, e nem poderiam
eles, por motivos táticos, esclarecer o curso da mesma e torná-la mais
apetecível.
Com o aumento progressivo de sua
influência, a Social Democracia perdeu, mais e mais, o caráter de um partido de
revolução à força bruta. Isso se verificou não porque se visassem outros fins
que os da Revolução ou porque os seus organizadores tivessem mudado de
intenções. Absolutamente não. A razão é que a organização já não se prestava a
realizar aquela finalidade. Com um partido de dez milhões de adeptos já não se
pode fazer revolução. Em um tal movimento já não se pode contar com um extremo
de atividade, devido à influência, no combate por parte da grande massa do
centro. Compreendendo isso, o judeu, ainda durante a Guerra, provocou a célebre
cisão da Social Democracia. Isso significa que, enquanto o Partido Social
Democrático, devido à inércia das suas massas, pesava sobre a defesa nacional
como uma massa de chumbo, dele foram extraídos os elementos radicais e ativos.
Com os mesmos se formariam batalhões de ataque, de uma força decisiva. O Partido
Social Democrático Independente e a "União Espartacista" foram os batalhões de
assalto do marxismo revolucionário. A burguesia covarde foi julgada, nessa
ocasião, realmente com justiça e tratada simplesmente como canalha. Como é
sabido que, pela sua humildade canina, as organizações políticas de uma geração
velha e inválida não eram capazes de qualquer resistência, julgou-se supérfluo
prestar-lhes qualquer atenção.
A Revolução
tinha vencido e demolido os esteios principais do antigo regime, mas o exército,
voltando para a Pátria, aparecia como um fantasma ameaçador que deveria pôr um
freio ao desenvolvimento natural da Revolução. O grosso do exército
social-democrático ocupava as posições conquistadas e os batalhões de assalto
dos Independentes e dos Espartacistas foram postos à
margem.
Isso não se conseguiu, porém, sem
combate.
Não somente as mais ativas formações
de assalto da Revolução se sentiam ludibriadas porque não tinham sido
satisfeitos os seus desejos e que. riam continuar a luta, mas também a sua
desenfreada indisciplina era bem vista pelos que manejavam a Revolução. Mal se
tinha modificado a situação e já apareciam dois partidos, lado a lado: O partido
da "Tranqüilidade e da Ordem" e o grupo terrorista. Que poderia haver de mais
natural, agora, que a nossa burguesia imediatamente entrasse, de bandeiras
desfraldadas, no acampamento "da Tranqüilidade e da Ordem"? Essas miseráveis
organizações políticas tinham assim a possibilidade para uma atividade pela qual
teriam encontrado novamente uma base com que conseguiram solidarizar-se com o
Poder que tanto odiavam, mas que muito temiam. A burguesia política alemã tinha
obtido a alta honra de lhe ser permitido sentar-se na mesma mesa com os malditos
chefes marxistas, para combater pelo
bolchevismo.
Dessa forma, já em dezembro de
1918 e janeiro de 1919, era esta a
situação:
Com uma minoria de péssimos
elementos, foi feita uma revolução à qual aderiram imediatamente todos os
partidos marxistas. A Revolução tem aparentemente um caráter moderado, com o que
provoca a inimizade dos extremistas fanáticos. Estes começam a trabalhar com
granadas de mão e metralhadoras, a ocupar edifícios públicos, enfim, a ameaçar a
revolução moderada. A fim de afastar os horrores de uma tal evolução, os adeptos
do novo regime fazem um armistício com os adeptos do antigo para, solidários,
combaterem os extremistas. O resultado é que os inimigos da República cessaram o
seu combate contra ela e ajudaram a vencer aqueles que, de pontos de vista
completamente diferentes, também eram inimigos da mesma República. O segundo
resultado foi que, desse modo, o perigo de um combate dos adeptos do regime
antigo contra os da nova ordem de coisas parecia definitivamente
afastado.
É importantíssimo não esquecer nunca
esse fato. Somente quem o compreender poderá explicar como foi possível a um
décimo impor essa Revolução a um povo do qual nove décimos nela não tomaram
parte, sete décimos a recusaram e seis décimos a
odiavam.
Os combatentes das barricadas
espartacistas, de um lado, os fanáticos nacionalistas e os idealistas do outro,
derramavam seu sangue e, à medida que esses dois extremos se aniquilavam uns aos
outros, vencia como sempre a massa do centro. Burguesia e Marxismo renderam-se
aos fatos consumados e a República começou a consolidar-se. Isso, no entretanto,
não impedia que os partidos burgueses, especialmente antes das eleições,
falassem ainda por algum tempo nas idéias monárquicas para, evocando os
espíritos do mundo passado, atraírem os espíritos inferiores dos seus adeptos e
conquistarem-nos novamente.
Isso não era
honesto, Todos estavam, há muito tempo, no seu íntimo, desligados da monarquia.
A impureza do novo regime começou a produzir seus efeitos tentadores também no
acampamento do partido burguês. O tipo normal do político burguês de hoje
sente-se melhor na lama da corrupção republicana que na austeridade do regime
antigo que ainda não desapareceu de sua
memória.
Como já explicamos, depois da
destruição do antigo exército, a Revolução estava na contingência de criar um
fator novo - a autoridade de seu Estado. Nas condições em que estavam as coisas,
esse fator novo só podia ser encontrado nas fileiras dos partidários de uma
doutrina política universal contrária à sua. Dessas fileiras poderia, então,
surgir, pouco a pouco, um corpo militar que, numericamente limitado pelos
tratados de paz, nos seus sentimentos devia ser transformado, no correr do
tempo, em um instrumento da nova concepção do
Estado.
Pondo de parte os defeitos reais do
antigo regime, chega se à conclusão de que os motivos por que a Revolução
triunfou foram os seguintes:
1) O
entorpecimento das nossas idéias sobre cumprimento do dever e
obediência.
2) A passividade covarde dos nossos
chamados partidos conservadores.
A isso
acrescente-se a seguinte observação:
A falta da
noção do cumprimento do dever explica-se, em última análise pela ausência do
espírito nacional da nossa educação, orientada apenas no interesses do Estado.
Daí resulta também a confusão entre meios e fins. Consciência do dever,
cumprimento do dever e obediência não são fins em si mesmos, como também não o é
o Estado, mas apenas meios para assegurar a existência a uma comunidade de seres
humanos, homogêneos tanto de corpo como de
espírito.
Em um. momento em que um povo se
arruina a olhos vistos e está sob o jugo da mais dura opressão, graças à
atividade de um punhado de biltres, obediência e cumprimento de dever é puro
formalismo doutrinário, atinge as raias da insensatez. Só se poderia conseguir
evitar a ruína de um tal povo pela recusa à obediência e ao cumprimento do
dever.
De acordo com a atual concepção burguesa
de Estado. o comandante de divisão que, da parte do governo, tivesse recebido
ordem de não fazer fogo, tinha cumprido com o seu dever e procedido
corretamente, porque para o mundo burguês vale mais a obediência formal e
absoluta do que a existência do próprio povo. A concepção nacional socialista,
porém, em momentos semelhantes, é esta: o mais importante não deve ser a
obediência aos superiores indecisos mas sim a obediência à comunidade do povo.
Em uma tal hora, somente deve existir o dever da responsabilidade pessoal
perante a nação inteira.
A Revolução só
triunfou porque o nosso povo ou, melhor, os nossos governos, haviam perdido a
compreensão dessas idéias para aceitarem, em seu lugar, uma compreensão
puramente formal e doutrinária.
O motivo mais
íntimo da covardia dos partidos "conservadores" do Estado é, antes de tudo, o
desaparecimento, das suas fileiras, da parte ativa e bem intencionada do nosso
povo, a parte que se sacrificou, até à última gota de sangue, nos campos de
batalha. Não obstante isso, os partidos burgueses estavam convencidos de poder
defender suas convicções, exclusivamente por meios intelectuais, desde que a
aplicação de meios físicos devia caber unicamente ao Estado. Dever-se-ia logo
reconhecer em uma tal compreensão o sinal de uma decadência que paulatinamente
se ia acentuando. Isso era insensato, em um tempo em que o adversário político,
já de há muito, se tinha afastado desse ponto de vista e proclamava por toda
parte, com a maior franqueza, estar resolvido a defender seus fins políticos até
pela força. No mesmo momento em que apareceu no mundo da democracia burguesa e,
em conseqüência da mesma, o marxismo, seu apelo foi combater com "armas
intelectuais", disparate que um dia haveria de produzir seus terríveis efeitos
sobre o partido, desde que o marxismo sempre defendia a opinião contrária, isto
é, que o emprego das armas devia atender apenas a pontos de vista de
conveniência e que o direito a esse recurso é justificado pelo sucesso do
mesmo.
Quanto essa opinião era exata ficou
provado nos dias 7 e 11 de novembro de 1918. Naquele momento, o marxismo
absolutamente não tomou em consideração nem o parlamentarismo nem a democracia,
mas, por meio de bandos de criminosos armados, deu o golpe de morte em ambos. É
perfeitamente compreensível que as organizações dos palradores burgueses
estivessem desarmadas naqueles dias.
Depois da
Revolução, quando os partidos burgueses, embora sob novos nomes, repentinamente
reapareciam e seus heróicos chefes saíam de rastros da obscuridade de bodegas
seguras e porões bem ventilados, como todos os representantes dessas antigas
organizações, nem tinham esquecido seus erros nem aprendido qualquer coisa de
novo. O seu programa político tinha raízes no passado, na parte em que ainda não
tinham assimilado o novo estado de coisas. O seu objetivo era, no entanto, se
possível, tomar parte no novo estado de coisas. Antes como depois, sua única
arma ficou sempre sendo a palavra.
Mesmo depois
da Revolução, os partidos burgueses sempre capitularam da forma mais miserável,
em todas as manifestações de rua.
Quando se
tratou de votar a "lei de defesa da República" não era possível contar desde
logo com uma maioria. Diante da demonstração de duzentos mil marxistas, os
estadistas burgueses foram tomados de um tal terror, que votaram a lei, contra a
sua convicção, simplesmente com receio de, ao saírem do Reichstag, serem
espancados pela furiosa massa popular. É pena que isso não tenha acontecido em
conseqüência da votação da lei.
Assim, o novo
Estado seguiu o seu caminho, como se nunca tivesse existido uma oposição
nacional.
As únicas organizações, que, naquele
tempo, teriam tido coragem e força para enfrentar o marxismo e as massas
revolucionárias, eram, em primeiro lugar, os corpos voluntários, as organizações
de defesa própria, os corpos de defesa local, etc., e, finalmente, as
associações tradicionais.
O motivo por que
também a existência desses elementos de defesa não conseguiu qualquer sensível
alteração na evolução alemã, foi o
seguinte:
Assim como os chamados partidos
nacionais não conseguiram exercer qualquer influência, por incapacidade de
dominar os movimentos coletivos, da mesma maneira, as denominadas associações de
defesa não o puderam, por falta de idéias políticas, de objetivos
políticos.
Foi a decisão absoluta combinada com
a brutalidade prática que assegurou a vitória do
marxismo.
O que evitou a possibilidade de uma
defesa prática dos interesses alemães foi a ausência de uma colaboração da força
com uma vontade política inteligente. Qualquer que fosse a vontade dos partidos
"nacionais", não tinham eles o mínimo poder de defender essa vontade, pelo menos
nas manifestações públicas. As "associações de defesa" possuíam toda força, eram
senhores da rua e do Estado, mas não possuíam nenhuma idéia, nenhum objetivo
político, com os quais pudessem trabalhar pelo bem-estar da Alemanha. Em ambos
os casos, foi a astúcia do judeu, que conseguiu, por meio de conselhos
prudentes, quando não tornar firme para sempre, pelo menos garantir a situação
existente.
Foi o judeu que soube, por meio da
sua habilíssima imprensa, conseguir dar às ligas armadas um caráter "não
político" e que, na vida política, com igual astúcia, sempre pregava e exigia a
"pura intelectualidade" do combate. Milhões de idiotas alemães repetiram essas
asneiras sem se aperceberem de que, assim, eles mesmos, praticamente, se
desarmavam e se entregavam desarmados aos
judeus.
Para isso, porém, há uma explicação
natural. A falta de uma grande idéia renovadora vale, em todos os tempos, por
uma diminuição da Capacidade de resistência.
A
convicção do direito ao emprego de armas, mesmo as mais brutais, é sempre
associada à existência de uma fé fanática na necessidade da vitória de uma
organização nova e transformadora. Um movimento que não combate por semelhantes
fins e ideais nunca recorrerá às armas.
A
proclamação de uma grande idéia nova foi o segredo do sucesso da Revolução
Francesa! Foi à idéia que a revolução russa deveu a sua Vitória, só pela idéia é
que o fascismo teve a força de, de uma maneira muito feliz, conquistar um povo
para uma grandiosa organização nova.
Partidos
burgueses não são capazes disso.
Não eram
somente os partidos burgueses que reconheciam o seu fim político em uma
restauração do passado, mas sim também as associações de defesa. Associações de
veteranos e outras do mesmo jaez ajudavam a destruir politicamente a mais forte
arma que a Alemanha nacionalista possuía naquele tempo e concorreram para, pouco
a pouco, colocá-la a serviço da República. Que as mesmas nisso agiam com a
melhor intenção, com a melhor boa-fé, em nada modifica a insensatez dos
acontecimentos daquele tempo.
Aos poucos
obtinha o marxismo, no exército imperial, o necessário apoio à sua autoridade, e
começava, em seguida, conseqüente e logicamente, a considerar como
desnecessárias as associações de defesa nacional, aparentemente perigosas.
Principalmente alguns chefes audaciosos, dos quais se desconfiava, foram levados
aos tribunais da justiça e metidos na cadeia. Todos, porém, cumpriam o destino
que tinham merecido.
Com a fundação do N. S. D.
A. P. (Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães) apareceu, pela
primeira vez, um movimento cujo fim não era idêntico aos dos partidos burgueses,
isto é, não consistia em uma restauração mecânica do passado, mas sim no empenho
de erigir, no lugar do atual mecanismo estatal absurdo, um Estado orgânico e
nacionalista.
O novo movimento aceitava, desde
o primeiro momento, que suas idéias tinham de ser defendidas intelectualmente, e
que a sua defesa, em caso de necessidade, também tinha de ser garantida por
meios violentos. Fiel à convicção da grande importância da nova doutrina,
parecia-lhe evidente que, para o alcance de seu fim, nenhuma vítima deveria ser
grande demais.
Eu já demonstrei que um
movimento que visa conquistar o coração de um povo, deve, dentro de suas
próprias fileiras, organizar a defesa contra tentativas terroristas dos
inimigos. Também a experiência da História Universal prova que o terror
desenvolvido por uma nova concepção do mundo nunca poderá ser combatido por meio
de métodos puramente formalísticos, mas simplesmente por outra doutrina, com o
mesmo poder de decisão e de audácia.
Isso terá
de ser desagradável, em todos os tempos, aos empregados encarregados da defesa
do Estado, o que não invalida a verdade do que afirmamos. O poder do Estado só
poderá então garantir "calma e ordem", quando o Estado protege, internamente, a
sua atual concepção, de maneira que os elementos capazes de violência assumem o
caráter de criminosos, e não podem ser vistos como representantes de uma
concepção do Estado contrária à maneira de ver em vigor. Nesse caso, pode a
nação empregar, durante séculos, as maiores medidas de violência contra um
terror que a está ameaçando; no fim, ela nada conseguirá fazer contra o mesmo, e
será sempre vencida.
O Estado alemão está
exposto aos ataques mais duros do marxismo. Não pôde impedir, durante sete anos
de combate, a vitória desta doutrina, mas apesar das milhares de penas de prisão
e das mais sangrentas medidas que decretou, em inúmeros casos, contra os
combatentes do ameaçador dogma marxista, teve que capitular quase completamente.
Isso negará o estadista burguês, não podendo, entretanto, a ninguém
convencer.
O Estado, porém, que, em 9 de
novembro de 1918, se submeteu incondicionalmente ao marxismo não poderá amanhã
aparecer como dominador do mesmo. Os patetas burgueses que ocupam poltronas de
ministros começam já a conversar sobre a necessidade de não tomar atitudes
contra os operários, mostrando com isso que quando se referem a operários pensam
sempre no marxismo. Enquanto eles identificam o operário alemão com o marxismo,
não somente cometem uma falsificação tão covarde como mentirosa, da verdade, mas
tentam dissimular o desmoronamento próprio diante da idéia e da organização
marxista.
Em vista, porém, deste fato, isto é,
da submissão incondicional do atual Estado ao marxismo, tanto mais tem o
movimento nacional-socialista o dever de preparar a vitória das suas idéias, não
somente no sentido intelectual mas também no da sua defesa contra o próprio
terror da Internacional, na embriaguez de suas
vitórias.
Já descrevi como, para os objetivos
práticos do nosso novo movimento, formou-se lentamente, uma guarda para as
reuniões, guarda que assumiu o aspecto de um corpo de tropa encarregado de
manter a ordem e que aspirava tomar a forma de uma organização definitiva.
Embora essa formação, que se organizava paulatinamente, desse a impressão de uma
liga militar de defesa, faltava-lhe muito para poder merecer essa
denominação.
Como já explicamos, as
organizações defensivas alemãs não tinham um programa político definido. Eram,
de fato, apenas uniões para a defesa própria com uma educação e organização que
representavam, a dizer a verdade, um suplemento ilegal aos meios legais de
defesa do Estado. Seu caráter de corpos voluntários era justificado somente pelo
modo de sua formação e pela situação do Estado naquele tempo, mas de nenhum modo
lhes competia o título de formações livres de combate por uma convicção própria.
Não mereciam esse título, apesar da atitude de oposição de um ou outro dos
chefes e de associações inteiras contra a
República.
Não basta que se esteja convencido
da inferioridade de urra situação para poder falar de uma opinião em sentido
mais elevado, pois esta tem as suas raízes no conhecimento de uma situação nova
que a gente se sente no dever de atingir.
Isso
distinguia a "guarda" de ordem do movimento nacional-socialista daqueles tempos,
de todos os outros "corpos de defesa". Aquele não estava absolutamente e nem
desejava estar a serviço da situação criada pela Revolução, mas, ao contrário,
combatia exclusivamente por uma Alemanha
nova.
Essa guarda, é verdade, destinava-se, de
princípio, à defesa dos mitingues. A sua primeira tarefa era restrita a esse
objetivo: tornar possível a realização de reuniões, que, sem essa defesa, teriam
sido imediatamente impedidas pelos adversários. Já naquele tempo era educada
para o ataque, não como se costuma afirmar em estúpidos círculos populares
nacionalistas, pelo prazer da violência, mas porque compreendia que os maiores
ideais podem ser prejudicados quando o seu representante é abatido por um golpe
de força de um adversário insignificante, o que é muito freqüente na história da
humanidade. Eles não viam a força como fim. Pretendiam defender os anunciadores
do grande ideal contra a opressão pela violência. Compreenderam também que não
estavam obrigados a aceitar a defesa de um Estado que não protegia a nação. Ao
contrário, deviam proteger a nação contra aqueles que ameaçavam aniquilá-la
assim como ao Estado. Depois da luta na assembléia do Hofbräuhaus, de Munique,
obteve a "guarda", uma vez para sempre, como recordação eterna dos seus heróicos
ataques, o nome de "corpo de assalto". Como já significa essa denominação, ela
representa, cinicamente uma seção do movimento. Do mesmo faz parte, exatamente
como a propaganda, a imprensa, os institutos científicos.
etc.
Quanto era necessária sua organização
pudemos ver não somente naquela memorável assembléia, mas também quando tentamos
alargar o movimento, além dos limites da cidade de Munique, para as outras
legiões da Alemanha. Desde o momento em que o marxismo começou a nos julgar
perigosos, não deixava passar nenhuma oportunidade para sufocar qualquer
tentativa de uma assembléia nacional--socialista, ou melhor, impedir sua
realização por meio de intervenções tumultuárias. Era perfeitamente
compreensível que as organizações partidárias do marxismo de todas as nuances se
abrigassem, nessas tentativas, atrás dos corpos representativos, isto é. atrás
dos outros partidos. O que deveríamos dizer dos partidos burgueses que,
aniquilados eles próprios pelo marxismo, em muitas cidades nem podiam se atrever
a deixar falar seus representantes publicamente e que, no entanto, com um
contentamento incompreensível e estúpido, dirigiam um combate contra o marxismo,
de todo desfavorável a nós? Para eles era motivo de prazer que não pudesse ser
por nós aniquilado aquele que eles mesmos não tinham podido vencer, o que
devíamos pensar de empregados públicos, comissários de polícia, mesmo ministros,
que se compraziam em se apresentar publicamente como "nacionalistas", em atitude
na realidade sem significação, e que, porém, em todas as ocasiões de discussões
que nós nacionais-socialistas tivemos com o marxismo, ajudavam a estes como
humildes servidores? Que se devia pensar de indivíduos que, na sua
subserviência, chegaram a tal ponto que, por um miserável elogio de jornais
judaicos, perseguiam sem escrúpulos os homens a cujo heróico sacrifício da
própria vida tinham em parte de agradecer o não terem sido suspensos, pela
matilha rubra, poucos anos antes, em postes de iluminação, como cadáveres
dilacerados?
Foram estes tristes fenômenos, que
um dia inspiraram ao inesquecível presidente Põhner - que, na sua dura
franqueza, odiava todos os aduladores, tanto quanto um coração puro era capaz de
odiar - a seguinte expressão: "Em toda a minha vida, sempre desejei ser, em
primeiro lugar, um alemão e, em segundo lugar, um empregado de Estado, mas não
desejei nunca ser confundido com essas criaturas, que, como empregados públicos
prostituídos, prostituíam todo aquele que, em determinado momento, podia
desempenhar o papel de senhor!"
Em tudo isso,
era sobretudo triste que essa classe de homens dominasse, pouco a pouco, dezenas
de milhares dos mais honestos e íntegros servidores do Estado e, além disso, os
infeccionasse pouco a pouco com o seu caráter miserável, perseguisse-os e,
finalmente, os expulsasse dos seus cargas e empregos, enquanto que ela mesma não
deixava de apresentar-se, na sua hipócrita mendacidade, como
"nacionalista".
De homens de tal categoria não
podíamos esperar qualquer apoio e, aliás, o recebemos somente em casos muito
excepcionais. Só a organização da defesa própria podia assegurar a atividade do
movimento e, ao mesmo tempo, conseguir a atenção pública e o respeito geral que
sempre se presta a um homem que se defende de moto próprio, quando
atacado.
Como divisa para a educação interna
desses corpos de ataque, sempre era preponderante o fim, de, ao lado da
capacidade física, educá-los como representantes convictos da idéia
nacional-socialista e, finalmente, aperfeiçoar sua disciplina. Não deviam ter
nada de parecido com uma organização
secreta.
Os motivos que, já naqueles tempos,
tinha para evitar, energicamente, que os corpos de ataque do N. S. D. A. P. se
apresentassem como associação de defesa militar originaram-se das seguintes
considerações:
Por todas as razões práticas, a
defesa militar de um povo não pode ser realizada por grêmios particulares, salvo
quando apoiados por todas as forças do Estado. Imaginar o contrário é confiar
demais nas suas próprias forças. É, de fato, impossível organizar, por meio da
"disciplina voluntária", corpos de grande extensão, com eficiência militar.
Falta aqui o esteio mais importante do poder de comando: o direito de castigo.
Na Verdade, no outono ou ainda melhor na primavera de 1919, era possível formar
os chamados "corpos voluntários", mas isso não somente porque, na sua maior
parte, eles eram soldados do front que tinham passado pela escola do antigo
exército, mas também porque o compromisso que se exigia de cada um deles
submetia-os, ao menos temporariamente, à obediência
militar
Isso falta completamente à "organização
de defesa" de hoje. Quanto mais cresce o número de corpos, tanto mais fraca é a
disciplina, tanto menor deve ser a exigência que se faz individualmente a cada
homem e tanto mais adotará o total o caráter das antigas associações militares
de veteranos.
Uma educação voluntária para o
serviço militar, sem se assegurar a força de comando incondicional, não se
poderá levar a cabo quando se trata de grandes massas. Só muito poucos estarão
prontos a submeter-se voluntariamente à obrigação da obediência, natural e
imprescindível em um exército.
Além disso, uma
educação militar real não é possível em conseqüência dos meios financeiros
ridiculamente restritos de que dispõe um corpo de defesa. A melhor e mais segura
escola, porém, devia ser a tarefa principal de semelhante instituição.
Passaram-se oito anos desde o fim da Guerra e, desde aquele tempo, nenhuma
classe da mocidade alemã recebeu educação militar. Claro está que não pode ser o
fim de um corpo de defesa recrutar adeptos nas classes que, outrora, receberam
educação militar porque, por sua idade, logo no ato de sua admissão, poder-se-ia
com certeza matemática convidá-los a retirarem-se do corpo. Mesmo o soldado moço
de 1918, estará incapaz para o combate, dentro de vinte anos, e este momento
aproxima-se com uma rapidez impressionante. Assim assumirá cada corpo de defesa,
forçosamente, cada vez mais, o caráter de uma associação de veteranos da guerra.
Esse, porém, não pode ser o fim de uma instituição que não deve ser chamada
associação de veteranos mas associação de "defesa", e a qual, já por seu nome,
indica que sua missão não é somente a conservação da tradição e da camaradagem
dos antigos soldados mas a educação para a idéia da defesa e a representação
prática dessa idéia, isto é, a criação de um corpo capaz de pegar em
armas.
Essa tarefa, porém, necessita
absolutamente da educação militar dos elementos até agora não educados nesse
sentido e isso é impossível na prática. Com a educação militar de uma ou duas
horas por- semana, não se pode realmente conseguir formar soldados. Com as
exigências, hoje enormemente aumentadas, no serviço da guerra, a cada indivíduo,
o serviço militar de dois anos mal será suficiente para transformai- o moço em
um soldado experiente. - Nós todos já tínhamos visto no front as terríveis
conseqüências que resultaram de os novos soldados não serem fundamentalmente
educados para a guerra. Formações de voluntários treinados, durante quinze a
vinte semanas, com energia férrea e uma dedicação ilimitada, representavam,
apesar de tudo isso, unicamente comida para os canhões do front. Somente quando
enfileirados, entre velhos e experimentados soldados, podiam os novos recrutas,
educados durante quatro a seis meses, ser membros úteis de um regimento; eles
eram dirigidos nisso pelos "velhos" e, pouco a pouco, ficavam familiarizados com
os seus deveres.
Que esperança se pode
depositar, em vista disso, na tentativa de educar, sem força de comando e sem
grandes recursos materiais, uma tropa militar? Dessa forma pode-se talvez
rejuvenescer velhos soldados, mas nunca se poderá formar de gente nova e
inexperta verdadeiros soldados.
Como, nos seus
resultados, um tal procedimento seria sem valor, pode ser provado pelo fato de
que, no mesmo tempo em que um corpo Voluntário, com dificuldades de toda sorte,
instrui ou tenta instruir uns poucos milhares de homens de boa vontade (os
outros são absolutamente fora de discussão) em idéias de defesa, o Estado rouba,
a milhões e milhões de gente nova, seus instintos naturais, envenena seu
pensamento lógico e patriótico por meio de uma educação pacifista-democrática e
transforma-os, pouco a pouco, em um rebanho de carneiros inerte, incapaz de
reagir contra qualquer despotismo.
Como
ridículos aparecem, em comparação a isso, todos os esforços dos corpos de defesa
em transmitirem suas idéias à juventude
alemã!
Ainda mais importante, porém, é o ponto
de vista que me levou à oposição contra qualquer tentativa de uma preparação
militar sobre a base do voluntariado. Imaginando que, apesar das dificuldades
acima enumeradas, alguma associação conseguisse, todos os anos, transformar um
certo número de alemães em homens de combate, e isso tanto sob o ponto de vista
do caráter como quanto à sua capacidade de resistência militar, haveria de ser
nulo o resultado em um Estado que, de acordo com a sua tendência geral, não
deseja de forma nenhuma um tal armamento, e que até antipatiza com essa idéia,
em desarmonia com os objetivos dos seus dirigentes - elos corruptores do Estado.
Em qualquer hipótese, seria sem valor um tal resultado sob governos que não só
provaram pelos fatos que não têm interesse na força militar da nação, mas
também, que, antes de tudo, nunca admitiram um apelo a essa força, a não ser
para o apoio à sua própria existência.
E hoje
isso é, no entanto, um fato. Não é ridículo o querer instruir militarmente um
exercitozinho de algumas dezenas de milhares de homens no lusco-fusco do
crepúsculo, quando o Estado, poucos anos antes, sacrifícios, expunha-os ao
insultos de todos? É compreensível que não só desprezava os seus serviços, mas
até, como recompensa pelos seus sacrifícios, expunha-os aos insultos de todos? É
compreensível que se foi-me um exército para um Estado que manchava os mais
heróicos soldados de outrora, mandava arrancar-lhes do peito suas condecorações
e as cocardas, arrastar no chão as bandeiras e ridiculariza os seus grandes
feitos? Porventura, o atual regime deu um passo sequer, a fim de restituir a
honra ao antigo exército, de responsabilizar seus destruidores e insultadores?
Absolutamente não. Ao contrário. Os que achincalhavam o exército podem ser
vistos hoje ocupando os mais altos empregos do Estado. No entanto, dizia-se em
Leipzig: O direito está ao lado da força.
Como,
porém, hoje em dia, em nossa República, o poder encontra-se nas mãos dos mesmos
homens que no seu tempo fizeram a Revolução, e essa revolução representa o mais
miserável e vil ato da história alemã e a mais baixa traição à pátria, não se
pode realmente encontrar nenhum motivo por que a força justamente desses
caracteres deva ser aumentada pela formação de um novo exército de jovens. Todos
os motivos que a razão possa inspirar condenam essa
iniciativa.
O valor que esse Estado, mesmo
depois da revolução de 1918. atribuía ao reforço militar da sua posição,
ressaltava, mais uma vez, clara e insofismável, da sua atitude para com as
grandes organizações de defesa própria que, naqueles tempos,
existiam.
Enquanto as mesmas intervinham na
defesa de revolucionários covardes, não eram consideradas indesejáveis. Logo,
porém, que, graças à gradual decadência do nosso povo, o perigo para esses
poltrões parecia removido, a existência das associações passou a significar um
fortalecimento para a política nacionalista. Então passaram a ser supérfluas, e
tudo se fez para desarmá-las e, se possível,
dispersá-las.
A história oferece poucos
exemplos da gratidão de príncipes. Contar com a gratidão de revolucionários
incendiários, saqueadores do povo e traidores da nação, é uma idéia que só
poderia passar pela cabeça dos nossos patriotas burgueses. Sempre que examinava
a possibilidade da formação de associações voluntárias ele defesa eu não podia
deixar de fazer me a seguinte pergunta: Para quem estou recrutando os jovens?
Para que fim serão eles empregados e quando devem ser chamados? A resposta a
isso daria, ao mesmo tempo. a melhor indicação para a conduta que se deveria
ter.
Se a nação de hoje tornasse a lançar mão
ele associações de defesa assim instruídas, não o faria para a proteção de
interesses nacionais externos, mas unicamente para a proteção dos traidores da
nação no interior contra a ira geral do povo enganado, traído e vendido, que
talvez algum dia fosse levado à rebelião.
As
"tropas de assalto" do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, só
por esse motivo, não se deveria interessar por uma organização militar. Eram um
meio de defesa e educação para o movimento nacional-socialista, e seus deveres
estavam em um terreno completamente diferente do dos denominados corpos de
defesa.
Também não deveriam consistir em
organizações secretas. O objetivo de organizações secretas só pode ser contra as
leis. Com isso, porém, diminui-se a amplitude da organização. Não é possível,
principalmente tendo-se em vista a loquacidade do povo alemão, fazer-se uma
organização de certa extensão, e. ao mesmo tempo, conservá-la secreta, ou mesmo
disfarçar os seus fins. Toda tentativa, nesse sentido, será de mil modos
frustrada. Além disso, no seio da nossa polícia, encontra se hoje uma grande
massa de rufiões e gente do mesmo jaez. os quais, pelos trinta dinheiros de
Judas, trairão tudo o que puderem encontrar e inventarão o que possa existir
para ser traído. Só por esse motivo, nunca se poderá conseguir, dos próprios
partidários. o necessário segredo. Somente grupos muito pequenos, por seleção
contínua, durante anos, podem adotar o caráter de organizações secretas
efetivas. A pouca importância de tais formações anularia, porém, o seu valor
para o movimento nacional-socialista.
O de que
nós precisávamos e precisamos ainda é não de cem ou duzentos audaciosos
conspiradores, mas de cem mil e outros cem mil lutadores fanáticos de nossa
doutrina. Não é em congregações secretas que se deve trabalhar, mas sim em
imponentes manifestações populares; não é por meio de punhal, de veneno ou de
pistola que se pode abrir caminho para o movimento, mas, unicamente, mediante a
conquista da rua. Devemos levar ao marxismo a convicção de que o futuro dono da
rua é o Nacional-Socialismo, assim como, de futuro, ele será, o senhor do
Estado.
Há ainda outro perigo nas organizações
secretas. Os seus membros muitas vezes deixam de compreender a grandeza do
problema e são inclinados a pensar que se pode decidir, de um golpe, o destino
de um povo, por um assassinato isolado, na ocasião oportuna. Essa opinião pode
encontrar justificação na história nos casos em que um povo está sob a tirania
de um opressor genial, que unicamente por sua preponderante personalidade
garante a estabilidade interna e alimenta o pavor da pressão inimiga. Em tal
caso, pode um homem decidido sair do seio do povo para sacrificar-se, dando o
golpe de morte no coração do odiado opressor. E, então, só a mentalidade
republicana de pequenos biltres, cientes da sua culpabilidade, declarará um tal
gesto como execrável, enquanto o maior cantor da liberdade de nosso povo
(Schiller) teve a ousadia de glorificar semelhantes feitos, no imortal Wilhelm
Tell.
Nos anos de 1919 e 1920, havia o perigo
de que um membro de qualquer organização secreta, inspirado nos grandes exemplos
da história e impressionado com a desgraça sem limite da pátria, tentasse
vingar-se dos destruidores da nação, na crença de, com isso, pôr fim à miséria
de seu povo. Qualquer tentativa nesse sentido seria, porém, uma loucura, porque
o marxismo não tinha vencido, graças ao gênio superior e à importância pessoal
de um indivíduo, mas unicamente pela ilimitada covardia e incompetência do mundo
burguês. A crítica mais cruel que se pode fazer à nossa burguesia, é o
constatar-se que a Revolução não fez aparecer uma única cabeça de certa
importância e que, apesar disso, essa burguesia se submeteu à mesma. Pode-se
compreender uma capitulação diante de um Robespierre, um Danton ou um Marat, mas
é deprimente que alguém se deixe vencer por um franzino Scheidmann, pelo gordo
Erzberger, por um Friedrich Ebert e por todos os demais anões políticos.
Realmente não existia nenhuma individualidade na qual se pudesse reconhecer o
homem genial da Revolução e nele a desgraça da pátria. Só existiam os percevejos
da Revolução, espartacistas de sacola, en gros et en détail. Eliminar qualquer
um deles seria completamente sem conseqüência e teria no máximo o único
resultado de que um dos outros sanguessugas do mesmo tamanho e, com a mesma
sede, tomaria mais cedo do que devia a posição
vaga.
Naqueles anos, toda oposição não seria
bastante enérgica contra uma opinião que tinha os seus motivos fundamentais nos
grandes fenômenos da história e não menos no caráter liliputiano da época
atual.
Sob o mesmo ponto de vista, deve ser
encarado o problema da eliminação dos chamados traidores da pátria. É,
ridiculamente ilógico fuzilar um rapaz que abandonou um canhão, quando, ao seu
lado, se encontram canalhas nas mais altas posições e que venderam uma nação
inteira, que têm sobre a consciência o crime de haverem sacrificado inutilmente
dois milhões de homens, que são responsáveis por milhões de mutilados, tudo
isso, com o maior sangue-frio, na satisfação dos seus interesses
republicanos.
Eliminar pequenos traidores da
pátria é absurdo em um regime cujo governo liberta esses traidores de qualquer
punição. Assim pode suceder que, algum dia, um idealista honesto que, para o bem
de seu povo, eliminou um covarde traidor das armas, seja responsabilizado pelos
traidores de elite da pátria. Em tal caso, é importante a seguinte pergunta: É
conveniente admitir que um pequeno biltre traidor seja eliminado por outro
biltre ou por um idealista? Em um caso, o sucesso é duvidoso, e a traição para
mais tarde quase certa; noutro caso fica eliminado o biltre com o risco de vida
de um idealista insubstituível.
Nessa questão,
o meu ponto de vista é este: que não se enforquem ladrões pequenos para deixar
impunes os grandes, mas que, em um dia, um grande tribunal de justiça alemão
julgue e execute algumas dezenas de milhares dos organizadores e responsáveis
pelo crime de traição de Novembro e por tudo que se relacione com isso. Um tal
exemplo servirá também de escarmento, uma vez por todas, para o pequeno traidor
militar.
Todas essas considerações levaram-me a
proibir sempre a participação em organizações secretas e preservar as Companhias
de Assalto do caráter de semelhantes organizações. Afastei, naqueles anos, o
movimento nacional-socialista de tentativas dessa natureza, cujos autores, na
maioria dos casos, podiam ser magníficos jovens alemães idealistas, que seriam
vítimas pessoais desses atentados sem, com isso, conseguirem melhorar os
destinos da pátria.
Se, porém, as Companhias de
Assalto não deviam ser organizações de defesa militar nem associações secretas,
deviam dai resultar as seguintes
conseqüências:
1) Sua educação não devia ser
orientada, por pontos ele vista militares mas sim no sentido da utilidade
partidária.
Desde que seus membros se deviam
tornar fisicamente capazes. não só devia dar a maior importância aos exercícios
militares mas sim aos esportivos. O boxe e o jiu-jitsu, no meu modo de ver, eram
mais importantes que qualquer má ou incompleta instrução de tiro. Proporcione-se
à nação alemã seis milhões de homens perfeitamente treinados nos esportes, todos
ardentes de amor fanático pela pátria e educados no mais elevado espírito
ofensivo, e um Estado nacionalista formará deles, se necessário, dentro de menos
de dois anos, um verdadeiro exército desde que para isso exista uma certa base.
Tal base, nas condições atuais, só poder ser a Reichswehr, e nunca um corpo
defensivo deficientemente organizado. A educação física deve criar em cada
indivíduo a convicção da sua superioridade e inocular-lhe aquela confiança que
só pode resultar da consciência da própria força; além disso, deve dar-lhe as
faculdades desportivas que servirão de arma na defesa do movimento
nacionalista.
2) Para evitar, desde o inicio,
qualquer caráter secreto das "Tropas de Assalto", o uniforme deve torná-las por
todos reconhecidas. A própria extensão do seu efetivo está a indicar-lhe o
caminho mais conveniente a seguir, que é o da maior publicidade. Não se devem
reunir em segredo mas devem marchar ao ar livre, de maneira a, por essa atitude,
destruir todas as lendas de "organização secreta". Para distrai-las, também,
intelectualmente de qualquer tentativa para empregar sua atividade em pequenas
conspirações, devem. de começo, ser iniciadas na grande idéia do movimento, no
dever de defender esta idéia, de maneira a que se amplie seu horizonte mental e
que cada um contemple sua tarefa, não na eliminação de qualquer pulha, mas na
colaboração entusiástica para a formação de um novo Estado
nacional-socialista-racista, Assim se conseguiu elevar o combate contra o atual
Estado, de uma atmosfera de pequenas ações de vingança e conspirações, à altura
de uma guerra contra o marxismo e suas criações, sob o ponto de vista
universal.
3) A formação e a organização das
"Tropas de Assalto", no que diz respeito ao seu vestuário e armamento, devem
obedecer à conveniência dos deveres a serem cumpridos e não aos modelos do
exército antigo.
Estas considerações que me
serviram de guia nos anos de 1920 e 1921, e que tratei de imprimir, aos poucos,
às novas organizações, tiveram tanto êxito que, já em pleno verão de 1922,
dispúnhamos de um núcleo respeitável de "corpos de cem" que, em fins do outono
de 1922, receberam seu uniforme característico. Três acontecimentos foram de uma
importância extraordinária para o desenvolvimento futuro das Tropas de
Assalto:
1o. - A grande demonstração geral de
todas as reuniões patrióticas contra a "lei de defesa da República", em fins do
verão de 1922, na Königsplatz, em Munique. As associações patrióticas de Munique
tinham publicado, naquele tempo, o manifesto em que, como protesto contra a
decretação da "lei do defesa da República", convidavam para uma gigantesca
manifestação. O Partido Nacional Socialista devia nela tomar parte. A marcha do
Partido foi encabeçada por seis "companhias" de Munique, as quais eram seguidas
das seções do partido político. No cortejo, marchavam duas bandas de música e
foram levadas cerca de cem bandeiras. A chegada dos Nacionais-Socialistas na
grande praça, já meio repleta, causou um entusiasmo indescritível. Eu
pessoalmente tive a honra de poder falar diante de uma multidão que já agora
atingia sessenta mil pessoas.
O êxito da
manifestação foi formidável, especialmente porque, desafiando todas as ameaças
rubras, ficou provado, pela primeira vez, que também o nacionalista de Munique
se podia utilizar das manifestações de rua. Membros das associações rubras
republicanas que tentaram opor-se pelo terror ao cortejo em marcha foram
dispersados, dentro de poucos minutos, com as cabeças quebradas, pelas
companhias das "Tropas de Assalto". O movimento nacional-socialista, neste dia,
pela primeira vez, ostentava a sua firme vontade de, futuramente, reclamar
também para si o direito sobre a rua e de tirar com isso esse monopólio das mãos
dos traidores internacionais do povo e inimigos da
pátria.
O resultado desse dia foi a prova
indiscutível da exatidão das nossas idéias sobre a organização definitiva das
"Tropas de Assalto".
A experiência havia
provado tão bem que, poucas semanas depois, em Munique já existia um número
duplo de companhias.
2o. - A marcha para Koburg
em outubro de 1922.
As associações
"nacionalistas" decidiram organizar em Koburg um "dia alemão". Eu pessoalmente
fui convidado, com a observação de que seria desejável trazer comigo alguns
amigos. Este convite, que recebi, às 11 horas da manhã, chegou muito a
propósito. Já uma hora mais tarde, eram dadas as ordens para o comparecimento a
esse "dia alemão". Ordenei que oitocentos homens das "Tropas de Assalto",
divididos aproximadamente em quatorze companhias, fossem ,transportados de
Munique, em trem especial, para a pequena cidade que tinha sido incorporada à
Baviera. Ordens idênticas foram dadas a grupos nacionais-socialistas das "Tropas
de Assalto" que se haviam formado em outros
lugares!
Foi a primeira vez que na Alemanha foi
organizado semelhante trem especial. Em todas as estações, onde outros homens
das "Tropas de Assalto" tomavam o trem, causou esse transporte a maior sensação.
Muitos nunca tinham visto as nossas bandeiras. A impressão que as mesmas
causavam era enorme.
Quando chegamos à estação
de Koburg, fomos recebidos por uma deputação dos organizadores do "dia alemão"
que nos anunciaram que, por ordem das uniões sindicais, isto é, do Partido
Independente e dos Comunistas, tinha ficado "combinado" que não nos era
permitido entrar na cidade nem com bandeiras desfraldadas nem como música
(acompanhava-nos uma banda de música de quarenta e dois homens) nem em marcha
cerrada.
Imediatamente, recusei
peremptoriamente tão humilhantes condições mas não deixei de exprimir aos
senhores da direção do "dia" a minha surpresa por terem eles entrado em
combinações com tal gente e declarei que, imediatamente, as "Tropas de Assalto"
marchariam em companhias, com a música a tocar, e entrariam na cidade, com
bandeiras desfraldadas.
E assim se
fez.
Na praça da estação, fomos recebidos por
uma massa de muitos milhares de homens, gritando e berrando: "Assassinos",
"bandidos", "piratas", "criminosos"! Eram os qualificativos com que amavelmente
nos recebiam os modelares fundadores da República alemã. As nossas "Tropas de
Assalto" se mantinham em uma ordem irrepreensível. As companhias formaram na
praça diante da estação e não tomaram em consideração os insultos. Polícias
tímidos levaram o cortejo, em uma cidade completamente desconhecida, não para o
lugar designado, isto é, para o nosso quartel, um grande edifício de tiro,
situado nos arrabaldes de Koburg, mas para o pátio da Hofbräuhaus, perto do
centro da cidade. A esquerda e à direita do cortejo aumentava cada vez mais a
gritaria das massas que o acompanhavam. Apenas tinha entrado, no pátio da adega,
a última companhia, já grandes massas, com barulho infernal, tentavam
acompanhar-nos. Para impedir isso a polícia fechou a adega. Como esta situação
era insuportável, mandei novamente as "Tropas de Assalto" formarem e, em breves
palavras, pedi à polícia que abrisse imediatamente as portas. Depois de uma
longa hesitação ela obedeceu.
Agora voltávamos,
pelo mesmo caminho, para alcançar o nosso quartel, e ali, por fim, tivemos que
enfrentar a multidão. Como não tinham logrado perturbar a calma das companhias,
mediante gritarias e aclamações ofensivas, os representantes do verdadeiro
socialismo, da igualdade e da fraternidade, começavam a jogar pedras. Com isso
foi esgotada a nossa paciência, e, em conseqüência, distribuímos pancadas à
esquerda e à direita, durante dez minutos. Um quarto de hora mais tarde,, não
havia mais um vermelho nas ruas.
Durante a
noite, ainda se verificaram violentos encontros. Patrulhas das "Tropas de
Assalto" haviam encontrado, em estado lastimável, nacionalistas que tinham sido
assaltados isoladamente. Em vista disso, abreviamos o nosso procedimento contra
os adversários. Já na manhã seguinte, o terror vermelho, sob o qual a cidade de
Koburg tinha sofrido por muitos anos, estava completamente
destruído.
Com uma mendacidade genuinamente
marxista-judaica, tentava-se. agora, por meio de panfletos, trazer novamente
para a rua os companheiros e companheiras do proletariado internacional,
assegurando que as nossas "quadrilhas de assassinos" tinham começado em Koburg a
"guerra de extermínio contra os pacíficos operários". A uma e meia, devia ter
lugar a grande "demonstração popular" para a qual se esperava o comparecimento
de dezenas de milhares (te operários de todos os arredores. Mandei formar,
portanto, ao meio dia, as "Tropas de Assalto" que. nesse ínterim, haviam quase
atingido o número de mil e quinhentos homens, firmemente resolvidos a acabar
definitivamente com o terror vermelho, e pus-me com ela em marcha para a
fortaleza de Koburg, seguindo para a grande praça na qual se deveria realizar a
demonstração vermelha. Queria ver se eles se arriscariam, mais uma vez, a nos
incomodar. Quando chegamos na praça, somente estavam presentes poucas centenas
dos anunciados dez mil, os quais. à nossa aproximação, em geral se conservaram
calmos e em parte fugiram. Em alguns lugares, corpos vermelhos que tinham
chegado de fora e não nos conheciam ainda tentaram irritar-nos novamente; mas,
imediatamente, perderam o gosto por essa aventura. Já agora se podia observar
como a população. até agora intimidado, pouco a pouco despertava, ficava
valente, arriscava-se a saudar-nos por aclamações e, à noite, ao despedirmo-nos,
rompeu em muitos lugares, um regozijo
espontâneo.
Na estação, com surpresa nossa, o
pessoal do trem declarou que não guiaria o comboio. Imediatamente mandei
comunicar a alguns desses grevistas que, nesse caso, eu estava resolvido a pegar
todos os vermelhos que me caíssem nas mãos e que nós mesmos guiaríamos o trem e
que tínhamos a intenção de levar conosco, na locomotiva, no tender e, em cada
carro, algumas dúzias de "irmãos da solidariedade internacional", Também não
deixei de lembrar aos cavalheiros que a viagem, com as nossas forças,
naturalmente seria uma empresa infinitamente arriscada e que não seria
impossível que saltassem algumas cabeças e se machucassem alguns ossos. Nós,
porém, ficaríamos muito satisfeitos por não entrarmos, no outro mundo, sozinhos,
mas em companhia de algumas dúzias de "irmãos" vermelhos, em plena igualdade e
fraternidade!
Em conseqüência disso, o trem
partiu muito pontualmente e chegou, na manhã seguinte, são e salvo, em
Munique.
Foi, portanto, em Koburg que, pela
primeira vez, desde o ano de 1914, foi restabelecida a igualdade dos cidadãos
perante a lei, se hoje um alto funcionário público qualquer pode fazer a
alegação de que o Estado defende a vida dos seus cidadãos, naquele tempo isso
não era absolutamente exato; pois eram os cidadãos que se deviam defender dos
representantes do Governo.
A importância
daquele dia, nas suas conseqüências no momento, não podia ser avaliada em toda a
sua extensão. Não somente as vencedoras "Tropas de Assalto" foram
extraordinariamente reforçadas na sua confiança em si mesmas e na fé na justeza
da sua direção, como também, o meio começava a ocupar-se conosco da maneira mais
intensa e muitos reconheciam, pela primeira vez, no movimento
nacional-socialista, a instituição que, com toda probabilidade, um dia seria
chamada a pôr fim à loucura marxista.
Finalmente, a "democracia" sofria
porque podemos nos arriscar a não nos deixarmos pacificamente quebrar os
crânios, mas, ao contrário, retribuíamos um ataque brutal com outro ataque e não
com cânticos pacíficos.
A imprensa burguesa
mostrava-se, como sempre, em parte lamuriante, em parte indiferente, e somente
poucos diários sinceros mostravam-se satisfeitos, porque, ao menos em uma
ocasião, se havia desmanchado a obra dos salteadores
marxistas.
Em Koburg mesmo, uma parte dos
operários marxistas, mesmo dentre os que deviam ser tomados como iludidos, havia
aprendido, à custa dos punhos de operários nacionais-socialistas, que também
estes defendiam seus ideais, porque, como é sabido, a gente só se bate por uma
causa na qual se tem confiança e pela qual se tem
amor.
Quem tirou a maior vantagem foram as
"Tropas de Assalto". Foram rapidamente aumentadas, de maneira que, já na reunião
do partido, no dia 27 de janeiro de 1923, aproximadamente seis mil homens
puderam tomar parte no ato da consagração das bandeiras e já as primeiras
companhias estavam usando o seu novo
uniforme.
As experiências em Koburg haviam
provado como é necessário adotar, nas "Tropas de Assalto", um traje uniforme,
não somente para reforçar o sentimento de camaradagem mas também para evitar
confusões e prevenir o não reconhecimento dos homens entre si. Até então só
tinham o braçal, agora passaram a ter a túnica e o muito conhecido
gorro.
Os acontecimentos de Koburg nos
revelaram também a importância de irmos em tortos os lugares onde o terror
vermelho, por muitos anos, havia impedido qualquer assembléia de pessoas que
pensavam contrariamente a eles e de acabarmos com esse terror, restabelecendo a
liberdade de reunião. Daí por diante, sempre se reuniram batalhões
nacionais-socialistas em tais lugares, e, pouco a pouco, na Baviera. os castelos
vermelhos foram caindo um após outro, ante a propaganda nacional-socialista. As
"Tropas de Assalto", cada vez melhor, compreendiam os seus deveres e com isso
haviam perdido o aspecto de um movimento de defesa absurdo e de nenhum valor e
se haviam elevado a uma organização viva de combate para a formação de um novo
Estado alemão.
Até março de 1923, esse
desenvolvimento seguiu seu caminho lógico. Então aconteceu algo que me obrigou a
desviar o movimento do caminho até então seguido e submetê-lo a uma
transformação.
3o. - A ocupação da província do
Ruhr pelos franceses, nos primeiros meses do ano de 1923, ia ter para o futuro
desenvolvimento das "Tropas de Assalto" uma grande
importância.
Hoje ainda não é possível, e -
sobretudo devido ao interesse nacional - oportuno falar ou escrever sobre isso
abertamente. Posso adiantar apenas que esse assunto já. foi tratado em
discussões públicas, por meio das quais o povo ficou inteirado de
tudo.
A ocupação da província do Ruhr, que não
nos surpreendeu, deixou brotar a esperança justificada de que finalmente
desistiríamos da política covarde da submissão e que, agora, as "Associações de
Defesa" teriam deveres bem definidos. Também as "Tropas de Assalto" que, já
naquele tempo, contavam muitos milhares de homens moços e fortes, não poderiam
deixar de colaborar nesse serviço nacional. Na primavera e no verão do ano de
1923, as "Tropas de Assalto" foram transformadas em uma organização de combate
militar. Foram elas, em grande parte, a causa do desenvolvimento futuro do ano
de 1923, relativamente ao nosso movimento.
Como
vou tratar, em outro lugar, em linhas gerais, do progresso do movimento no ano
de 1923, quero aqui somente constatar que a transformação das "Tropas de
Assalto" em elementos de resistência ativa contra a França, foi
prejudicial.
Os acontecimentos do fim do ano de
1923, por mais desagradáveis que pareçam, à primeira vista, olhados por um
prisma mais elevado, foram quase necessários, pois realizaram, de um só golpe, a
transformação das "Tropas de Assalto", que estavam sendo nocivas ao movimento.
Ao mesmo tempo, esses acontecimentos criavam a possibilidade de uma
reconstrução, a começar do ponto em que tínhamos sido forçados a nos desviar do
caminho reto.
O Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores Alemães, refundido no ano de 1925. deve agora novamente formar,
treinar e organizar as suas "Tropas de Assalto", conforme os princípios acima
mencionados, Deve voltar- para os seus antigos princípios sãos e terá novamente
de considerar como o seu maior dever transformar as "Tropas de Assalto" em um
instrumento de defesa e fortalecimento da luta pela doutrina do
movimento.
O Partido não pode permitir que as
"Tropas de Assalto" desçam ao nível de associações de defesa nem ao de
organizações secretas; ao contrário, deve providenciar para a formação de uma
guarda de cem mil homens para o Nacional Socialismo, doutrina profundamente
nacional.
CAPÍTULO X - A MÁSCARA DO
FEDERALISMO
No inverno de 1919 e,
sobretudo, na primavera e terão de 1920, o novo partido foi obrigado a tomar
posição em face de um problema que. lá durante a Guerra, era da mais alta
relevância. No primeiro volume, aludi aos sintomas de ameaça do descalabro
alemão, visíveis na maneira especial por que os ingleses e os franceses
procuravam, na sua propaganda. estimular a antiga hostilidade entre o Sul e o
Norte. Na primavera de 1915, apareceram sistematicamente os primeiros panfletos
contra a Prússia, apontando-a como a culpada principal da Guerra. No ano de
1916, essa propaganda já tinha chegado ao auge de sua organização, que tanto
tinha de hábil quanto de vergonhosa. Era claro que tal manobra não poderia
deixar de produzir- alguns resultados, desde que se contava com a exploração dos
mais baixos instintos para alimentar a odiosidade dos alemães. Os do Sul contra
os do Norte. Não se podia deixar de acusar os dirigentes daqueles tempos, tanto
na administração civil como na militar - mais ainda no Estado Maior dos corpos
do exército bávaro - por não terem agido com a devida energia. Contra tal
acusação não há defesa. Nada se fazia! Muito ao contrário, parecia que todos se
sentiam satisfeitos com essa maneira de proceder. pensando. cada um, na sua
estreiteza mental, poder impedir, por meio de tal propaganda, a maior unidade do
povo alemão, e que disso resultaria automaticamente uma solidificação das forças
da federação. Talvez nunca na história a uma omissão de má fé tenha sido
infligido castigo tão grande. O enfraquecimento que se pretendia impor à Prússia
atingiu a Alemanha toda. A conseqüência foi a aceleração da catástrofe que não
arruinou só a Alemanha em conjunto mas, sobretudo, as unidades
federadas.
Naquela cidade (Munique), em que o
ódio artificialmente alimentado contra a Prússia era mais violento, foi
justamente onde irrompeu, em primeiro lugar, a revolução contra a Casa Reinante,
de antiquíssima tradição.
Errôneo, no entanto,
seria crer que unicamente à propaganda inimiga coubesse a culpa da formação do
ambiente contra a Prússia e que não tivesse havido atenuantes para o povo que
nela tomou parte. A maneira incrível por que foi organizada a administração, que
tutelava e explorava a Alemanha toda em uma quase que desvairada centralização,
foi a causa principal do surto do espírito anti-prussiano. No espírito das
pessoas do povo, as sociedades bélicas que possuíam em Berlim os seus
escritórios centrais, foram identificadas com Berlim, e Berlim passou a ser
sinônimo de Prússia. Não acorreu à mente da maioria do povo que os organizadores
desses centros, chamados sociedades "pró-guerra", não eram nem berlinenses, nem
pressionas, nem mesmo alemães. Só se constatavam as faltas e erros grosseiros
que lá se cometeram. A contínua arrogância dessa odiosa instituição, que
funcionava na capital do império, fez com que o povo concentrasse todo o seu
ódio sobre Berlim e, simultaneamente, sobre a Prússia, sobretudo porque os
poderes públicos de certos Estados não só nada fizeram para impedir tais
demonstrações de antipatia como até alegravam-se com tal interpretação da parte
do povo.
O judeu era esperto demais para que,
já naquele tempo, não tivesse compreendido que a infame empresa que organizara
contra o povo alemão, sob a capa de sociedades de guerra, haveria de provocar
uma resistência inevitável. Enquanto o povo não o atacasse, ele nada teria a
recear. Para evitar, porém, uma explosão das massas, levadas ao desespero e à
revolta, não podia haver outra receita melhor do que instigar a população contra
outro inimigo qualquer para desviar a atenção da
mesma.
Quanto mais os bávaros e os prussianos
se hostilizassem tanto melhor! A luta mais encarniçada de ambos significava para
o judeu uma paz segura. A atenção geral se concentrava nessa luta regional. e
todos pareciam se ter esquecido da guerra. E se assim mesmo pudesse surgir o
perigo de elementos sensatos - que havia também em grande número na Baviera -
aconselharem prudência e a cessação de tais manobras, o judeu só precisava pôr
em cena uma nova provocação em Berlim e esperar pela vitória, imediatamente
lançar-se-iam todos os usufruidores da discórdia entre o Sul e o Norte sobre
esse acontecimento, e não dariam tréguas enquanto a chama da revolução não se
acendesse de novo.
Foi um jogo habilíssimo que
o judeu desenvolveu naquela época, o de desviar a atenção de certos Estados
alemães para melhor poder saqueá-los.
Depois
veio a Revolução.
Se até o ano de 1918, ou
melhor até novembro daquele ano, o homem normal, principalmente o burguês e o
operário pouco instruídos, ainda não tinham podido dar-se conta da realidade e
das conseqüências inevitáveis das lutas dos Estados alemães entre si,
principalmente na Baviera, pelo menos a parte que se chamava nacionalista,
deveria ter compreendido a gravidade do momento, logo no início da Revolução,
pois mal se iniciara o movimento na Baviera e já o chefe e organizador da
Revolução se transformara em representante dos interesses bávaros. O judeu
internacional Kurt Eisner começou a lançar a Baviera contra a Prússia. Era
perfeitamente compreensível que fosse justamente aquele oriental que, como
jornalista, percorria a Alemanha em todos os sentidos, o menos apontado para
defender os interesses da Baviera, que para ele era absolutamente
indiferente.
Quando Kurt Eisner dava ao
movimento revolucionário na Baviera uma orientação certa contra o resto do
Reich, ele não agia de forma alguma do ponto de vista bávaro mas apenas como
mandatário do judaísmo. Ele se utilizou dos instintos e ódios do povo bávaro
para, por esse meio, aniquilar mais facilmente a Alemanha. O império em ruínas
seria uma presa fácil do bolchevismo. A tática usada por ele foi continuada,
mesmo depois da sua morte.
O Marxismo que
sempre vira com desdém os Estados federados e seus príncipes, de súbito,
apelava, agora, como "partido independente", para aqueles sentimentos e
instintos que tinham nas casas reinantes e nos Estados federados, as suas mais
fortes raízes.
A luta da "República do
Conselho" contra os contingentes libertadores em movimento foi explorada para
fins de propaganda, sobretudo como uma luta de operários bávaros contra o
militarismo prussiano.
Só assim se pode
compreender porque, em Munique, muito diferente das demais regiões alemãs, a
vitória sobre a "República dos Conselhos" não conseguia acordar as grandes
massas populares e sim contribuir cada vez mais para aumentar a odiosidade e a
irritação contra a Prússia. Não podia deixar de produzir ótimos frutos a arte
com que os agitadores bolchevistas procuravam demonstrar que o aniquilamento da
"República dos Conselhos" era uma vitória do militarismo prussiano contra o povo
bávaro, cujos sentimentos eram anti-militaristas e anti-prussianos. Ainda por
ocasião das eleições para a Câmara Legislativa de Munique, Kurt Eisner não pôde
conseguir nem sequer dez mil eleitores, o partido comunista nem três mil. No
entanto, depois da queda da República, os dois partidos em conjunto levaram
quase cem mil correligionários às urnas.
Já
naquele tempo, iniciei a minha luta pessoal contra esse ódio desvairado dos
Estados alemães entre si.
Penso que, em toda
minha vida, nunca me meti em empresa mais impopular que a minha resistência,
naquele tempo, à campanha de ódio contra a Prússia. Em Munique, já durante o
período dos "Conselhos", tinham tido lugar as primeiras demonstrações coletivas
em que se estimulava o ódio contra o resto da Alemanha, principalmente contra a
Prússia, a tal ponto que arriscava a vida um alemão do norte que assistisse a
essas reuniões e esses comícios, os quais quase sempre terminavam com uma
gritaria infernal: Separação da Prússia - Abaixo a Prússia - Guerra contra a
Prússia! Um dos mais brilhantes representantes dos interesses da soberania
bávara definiu bem esse estado de espírito quando, no parlamento alemão,
exclamou: É melhor morrer como bávaro do que putrefazer-se como
prussiano.
Somente quem assistiu aos comícios
de então poderá fazer-se uma idéia do que tive de arrostar quando, pela primeira
vez, cercado de alguns amigos, iniciei o ataque a essa loucura, em ,uma reunião
no Löwenhrãukeller de Munique. Eram meus camaradas de guerra os que, naquela
ocasião me prestavam auxilio. É fácil imaginar o nosso estado de espírito quando
sabíamos que a massa irracional que berrava contra nós e ameaçava espancar-nos
era composta justamente daqueles que, enquanto nós defendíamos a pátria, eles,
na sua maior parte, como desertores vagabundos, perambulavam na terra natal. É
verdade que para mim ofereciam essas cenas uma certa vantagem. Os meus adeptos
sentiam-se assim mais ligados a mim, estabelecendo-se, dentro de pouco tempo,
uma união para a vida e para a morte.
Essas
lutas, que sempre se repetiram e se prolongaram durante todo o ano de 1919,
tornaram-se ainda mais ásperas no começo de 1920. Comício houve - ainda me
recordo muito bem de um que se realizou na Wagnersaal, da Sonnenstrasse, de
Munique - durante o qual o meu grupo, que no correr do tempo tinha-se tornado
maior, teve de sustentar as lutas mais encarniçadas, as quais não raramente
finalizavam com espancamento de dúzias de meus adeptos, jogados por terra, e, a
pontapés atirados fora da sala, com aspecto mais de cadáveres do que de entes
vivos.
A luta, que eu tinha iniciado,
unicamente amparado pelos meus companheiros de guerra, foi considerada, depois,
quase posso dizer, como uma tarefa sagrada do novo
movimento.
Ainda hoje, orgulho-me de poder
afirmar que nós, naquele tempo - quase que dispondo exclusivamente dos nossos
partidários bávaros - havíamos preparado vagarosa, porém firmemente, um ponto
final a essa mistura de estupidez e traição. Digo estupidez e traição porque não
posso atribuir aos seus organizadores e instigadores tanta simplicidade e por
estar convicto da boa índole e da ingenuidade da grande massa dos seus adeptos.
Eu considerava e ainda hoje considero esses instigadores como traidores
assalariados e pagos pela França. Em um caso, no caso Dorten, a história já deu
o seu veredicto.
O que naquele tempo tornava a
ação muito perigosa era a habilidade com que se sabiam esconder as verdadeiras
tendências, apresentando-se, em primeiro plano, intenções federalistas como o
único motivo para esse movimento. Que o atiçamento do ódio contra a Prússia nada
tinha que ver com o federalismo é por todos reconhecido. É curioso também que um
movimento federalista tenha justamente por escopo desmembrar um Estado
federativo. Um federalista honesto, para o qual a idéia do império unido de
Bismarck não representa uma frase mentirosa, não desejaria desligar partes do
Estado prussiano constituído ou em todo caso terminado por Bismarck ou apoiar
publicamente tais aspirações de separação. Como não se teria protestado em
Munique se um partido conservador prussiano tivesse favorecido o desligamento da
Francônia da Baviera o que mais nos penalizava em tudo isso era ver que só as
naturezas honestas, os federalistas bem intencionados, os primeiros a serem
vitimas do ludíbrio, não tinham percebido essa infame trapaçaria. Assim
desviado, o movimento federalista tinha, nos seus próprios adeptos, seus
principais coveiros Não se pode propagar nenhuma formação federalista do Reich
se se põe de lado o membro mais importante de uma tal organização estatal, como
é o caso da Prússia, em uma palavra, se se procura tornar- impossível a sua
participação no todo. Isso era ainda mais incrível pelo fato de a campanha
desses tais federalistas se dirigir justamente contra a Prússia que nenhuma
ligação teve com a Democracia de novembro- Por que as ofensas e ataques desses
tais federalistas não se dirigiam contra os autores da Constituição de Weimar
que eram, na sua maioria, do Sul do país ou judeus, mas sim contra os
representantes da antiga Prússia conservadora, portanto, os adversários da
constituição de Weimar? Não é de admirar que não se tenha tentado tocar nos
judeus. Isso fornecerá, talvez, a chave para a solução de todo o
enigma.
Assim como, antes da Revolução, o judeu
tinha sabido desviar' a atenção de suas sociedades de guerra, ou melhor, de
sobre si mesmo e tinha tido a habilidade de levantar as massas, principalmente
do povo bávaro, contra a Prússia, com certeza teria ele, também após a
Revolução, de mascarar de qualquer modo a nova razia, de proporções
infinitamente maiores. Novamente conseguiu, neste caso, instigar os denominados
elementos nacionais da Alemanha, uns contra os outros A Baviera conservadora
contra a Prússia conservadora! De novo agia o judeu com a sua esperteza de
sempre. Ele que tinha em suas mãos os destinos da Alemanha provocava combates
tão grosseiros e tão sem tino que o sangue das Vítimas consequentemente sempre
provocava novas ebulições Mas esses ataques nunca eram dirigidos contra os
judeus, mas sempre contra o irmão alemão. O Bávaro não via Berlim de quatro
milhões de homens laboriosíssimos e de espírito criador, mas tão somente Berlim
apodrecida do infeliz "Westen"! No entanto, não voltou o seu ódio contra este
"Westen" e, sim, contra a cidade
"prussiana".
Era realmente de
desesperar.
A habilidade dos judeus de desviar
de si a atenção pública e ocupá-la em outra coisa qualquer, pode-se verificar
também nesse movimento.
No ano de 1918, não
havia nenhum combate regular ao judaísmo. Ainda me recordo das dificuldades que
se deparavam a quem, ao menos, pronunciasse a palavra judeu. Das duas uma: ou se
era olhado com espanto ou se encontrava uma resistência fortíssima. As nossas
primeiras tentativas para mostrar em público o verdadeiro inimigo, pareciam
fracassar inteiramente. Só muito lentamente as coisas iam melhorando. Apesar de
errada, no seu plano de organização, a "União de defesa e resistência", não se
pode negar, teve o mérito de trazer novamente para o tapete da discussão a
questão judaica. Em todo caso, começou, no inverno de 1918/1919, a surgir coisa
semelhante a anti-semitismo. Mais tarde, encarregou-se o movimento
nacional-socialista da propagação das idéias anti-semíticas, por processos
inteiramente diversos. Conseguiu desviar esse problema das camadas sociais da
aristocracia e da pequena burguesia para as vastas massas populares. Mal se
lograva inculcar no povo alemão a idéia de reação e já o judeu iniciava a
ofensiva. Recorreu aos seus velhos processos. Com uma rapidez incrível, lançava
ele próprio no seio das massas o brandão da rixa e semeava a discórdia. No
início da questão ultramontana e da resultante luta do catolicismo contra o
protestantismo, como os fatos o provaram, estava a única probabilidade de
entreter a atenção pública com outros problemas, a fim de evitar o assalto
concentrado ao judaísmo. Os erros cometidos por aqueles que lançavam o nosso
povo nessa luta nunca mais poderão ser remediados, o judeu alcançou o fim
almejado: o catolicismo e o protestantismo mantém entre si uma guerra
inofensiva, enquanto o inimigo cruel da humanidade ariana e de toda a
cristandade ri-se consigo mesmo.
Assim como,
outrora, se tinha julgado útil, durante anos e anos, atrair a opinião pública
para a luta entre o federalismo e o unitarismo, até extenuá-la, enquanto o judeu
vendia a liberdade da nação e traía a nossa pátria perante as altas finanças
internacionais, da mesma forma, agora, ele, novamente, consegue arremessar as
duas confissões alemãs uma contra a outra, enquanto as bases de ambas são
minadas e devoradas pelo veneno do judaísmo
internacional.
Se levarmos em consideração as
devastações que o bastardismo judaico causa diariamente no povo alemão,
reconheceremos mui naturalmente que esse envenenamento de sangue, somente depois
de séculos, isso mesmo dificilmente, poderá ser evitado. Em seguida, devemos
todos reconhecer como essa decomposição da raça rebaixa os nossos últimos
valores arianos, não só os desvaloriza mas também freqüentemente os destrói.
Assim, a nossa força, como nação portadora de cultura, está retrogradando
visivelmente e nos arriscamos, ao menos nas grandes cidades, a chegar ao mesmo
nível em que hoje já se encontra o sul da Itália. Esse envenenamento de sangue
para o qual centenas de milhares do nosso povo são cegos, está, hoje,
metodicamente, sendo posto em prática pelo judeu. Sistematicamente, esses
parasitas das nações estão desonrando as nossas inexperientes jovens, destruindo
dessa forma um valor que nunca mais pode ser restituído. As confissões cristãs,
todas duas, estão presenciando indiferentes a essa profanação e destruição de um
nobre e incomparável ser presenteado à nossa terra pela graça de Deus. Para o
futuro da humanidade, não importa saber se os protestantes vencem os católicos
ou os católicos os protestantes, mas sim, se o homem ariano é conservado no
mundo ou se desaparece. Apesar disso, essas duas confissões, longe de combaterem
o destruidor da espécie, tratam apenas de se aniquilarem mutuamente. Justamente
o homem de sentimentos nacionalistas devia ter a sagrada obrigação, cada um
dentro do seu próprio credo, de cuidar, não só de falar sempre da vontade de
Deus, mas também de cumpri-la, não permitindo que a obra de Deus seja desonrada.
A vontade de Deus foi que deu aos homens sua forma exterior, sua natureza e suas
faculdades. Aquele que destruir a obra de Deus está desta forma combatendo a
obra divina, a vontade divina. Por isso cada um se esforce por agir com
eficiência no campo da sua confissão e reconheça como seu primeiro e mais
sagrado dever fazer frente contra aqueles que, por palavra, atos ou omissões,
saem do terreno da sua religião e tentam imiscuir-se com as outras confissões.
Pois o combate aos detalhes de uma determinada religião tem, devido à
divergência religiosa existente na Alemanha, forçosamente como resultado uma
guerra de efeitos destruidores para os dois credos. As nossas circunstâncias
particulares não permitem de forma nenhuma uma comparação, quer com a França,
quer com a Espanha ou mesmo com a Itália. Pode-se, por exemplo, em qualquer
dessas três nações, fazer uma propaganda contra o clericalismo ou
ultramontanismo sem correr perigo de que, por esse fato, se arruine a nação
francesa, espanhola ou italiana. De forma nenhuma, porém, se deveria agir assim
na Alemanha, certo como é que em uma tal luta os protestantes também tomariam
parte ativa. A defensiva organizada naqueles países católicos contra a
usurpação, no terreno político, por parte dos próprios chefes da igreja,
assumiria, na Alemanha, infalivelmente, o aspecto de um ataque do protestantismo
contra o catolicismo, quer dizer do ataque de uma religião contra a outra. O que
é suportável, da parte de um adepto do mesmo credo, mesmo que se trate de uma
crítica injusta, será imediatamente combatido, da forma mais áspera, desde que o
adversário se encontra nas fileiras da outra confissão. Esse sentimento vai tão
longe que mesmo os homens que, em determinado momento, estavam dispostos a
aceitar qualquer sugestão no sentido de remediar um visível erro no terreno da
sua própria confissão, abandonariam essa idéia e concentrariam as suas
resistências contra essa mesma proposta, caso essa partisse de uma outra
religião. Eles sentem que não é uma conduta nem justificada nem permitida, e até
indigna, o meter-se alguém em assuntos que não são da sua competência. Tais
intervenções não se desculpam nem mesmo em casos que se justificam pela defesa
dos direitos ou dos interesses da comunhão nacional, porque os sentimentos
religiosos ainda são mais poderosos que quaisquer conveniências políticas
nacionais. Isso não se transformará instigando as duas confissões a uma guerra
sem tréguas. Só há para isso um remédio, que consiste, por meio de concessões
dos dois lados, em preparar um futuro que, por sua grandeza, teria efeitos
paulatinamente reconciliadores.
Não hesito em
declarar que julgo os homens que arrastam o movimento de hoje na crise de
divergências religiosas piores inimigos da pátria que qualquer comunista com
tendências internacionais, pois converter o comunista é a tarefa do movimento
nacional-socialista. Quem trata de remover o nacional-socialista das suas
próprias fileiras, de removê-lo da sua verdadeira missão, está agindo da maneira
mais condenável. E, consciente ou inconscientemente, um combatente em favor dos
interesses dos judeus. O interesses do judeu é hoje este: esgotar as forças do
movimento nacional-socialista por uma guerra religiosa, justamente na ocasião em
que este movimento começa a oferecer-lhe perigo. Estou acentuando de propósito a
palavra esgotamento, pois só um homem absolutamente ignorante da história
mundial pode imaginar ser possível solucionar assim um problema em que
soçobraram esforços seculares e estadistas de
vulto.
Além disso, os fatos falam por si. Os
que, no ano de 1924, de repente descobriram que a mais alta missão do movimento
nacionalista seria a guerra contra o ultramontanismo, não destruíram o
ultramontanismo mas sim destruíram o movimento nacionalista. Também devo fazer
uma advertência contra a opinião de que um partidário qualquer do movimento
nacionalista, com idéias pouco maduras, seja capaz de realizar aquilo que mesmo
um Bismarck não foi capaz de realizar. Sempre será o mais nobre dever da direção
do movimento nacional socialista fazer frente absoluta contra qualquer tentativa
de envolver o movimento em combates desta espécie e de remover imediatamente das
suas fileiras qualquer propagandista com semelhantes idéias. Na realidade,
tínhamos conseguido esse objetivo até o outono de 1923. Nas fileiras do nosso
partido o mais convencido protestante podia sentar-se ao lado do mais sincero
católico, sem entrar no mais leve conflito, por motivos de convicção religiosa.
O grandioso combate comum iniciado pelas duas confissões contra o destruidor da
coletividade ariana tinha levado os dois grupos a se estimarem e a se
respeitarem. Aliás, justamente naqueles anos, o movimento nacionalista estava
empenhado na guerra mais violenta contra o partido centrista, não por motivos
religiosos mas exclusivamente por motivos nacionais, motivos de raça e motivos
de política econômica. O resultado, naqueles tempos, foi a nosso favor, como é
hoje contra os sabichões.
Nestes últimos anos,
a situação chegou, algumas vezes, a tal ponto que círculos nacionalistas, na
maldita cegueira das suas discussões religiosas, nem sequer se apercebiam do
desvario do seu modo de proceder no fato de jornais marxistas, ateístas, de
repente, se transformarem, quando se fazia necessário, em advogados de
comunidades religiosas, para, por esse meio, prejudicarem um ou outro lado dos
combatentes, com manifestações muitas vezes demasiado estúpidas, atiçando assim
o fogo entre os dois grupos.
Justamente um povo
como o alemão, capaz de lutar até a última gota de sangue em qualquer sorte de
guerras, como o prova a sua história, é que correrá perigo de morte
envolvendo-se em tais lutas. Sempre foi esse o meio para desviar nosso povo dos
problemas reais da sua vida. Enquanto nos consumíamos combatendo por problemas
religiosos, os outros repartiram o mundo entre si. Enquanto o
nacional-socialista discute sobre se o perigo ultramontano é maior do que o
perigo judaico ou vice-versa, o judeu continua a destruir os fundamentos raciais
da nossa existência, aniquilando, desta maneira, cada vez mais a nação. No que
diz respeito a esses combatentes "nacionalistas", o nosso movimento e o povo
alemão pedem ao Todo-Poderoso que nos livre de semelhantes amigos, que dos
inimigos nós nos saberemos livrar.
A guerra
entre o federalismo e o unitarismo, propagada nos anos de 1919/20/21, de modo
tão manhoso pelos judeus, forçou o movimento nacional-socialista, pela
condenação da mesma, a encarar de frente os seus problemas
essenciais.
A Alemanha deve ser um Estado
federativo ou unitário? Quais os característicos que distinguem praticamente as
duas formas? Ao meu juízo, a mais importante questão é a última, porque não
somente é indispensável para o esclarecimento do problema mas também concorre
para um entendimento mútuo e conseqüente
reconciliação.
Que é um Estado
federativo?
Por Estado federativo compreendemos
uma união dos Estados soberanos que, em virtude da sua própria soberania,
unem-se renunciando a favor dessa união parte de direitos que torna a mesma
possível e oferece garantias à sua
existência.
Essa forma teórica não está de
acordo com a prática em nenhum dos Estados federativos existentes hoje em dia,
menos ainda na União Norte Americana, onde, na maior parte dos seus Estados, nem
sequer se pode falar de uma soberania primitiva. Muitos deles, só no correr dos
tempos. começaram a figurar no mapa geral da União. Nos Estados da União Norte
Americana trata-se, na maioria dos casos, de menores ou maiores territórios
formados por motivos de técnica administrativa, territórios que antes nunca
possuíram soberania própria e nem podiam possuir. Não foram estes Estados que
fundaram a União, mas, ao contrário, foi a União que criou grande parte destes
chamados Estados. Os importantes direitos outorgados naquela ocasião aos
diferentes territórios correspondem não somente ao caráter especial dessa união
mas estão em harmonia com a vastidão da área, suas dimensões territoriais que
eqüivalem quase às dimensões de um continente. Quando se fala da União
Americana, não se pode aludir a soberanias estaduais dos seus diferentes
membros, mas somente a direitos garantidos pela Constituição, ou, melhor, por
ela facultados.
Também no caso da Alemanha não
corresponde inteiramente aos fatos a fórmula acima descrita. É verdade que, ali,
existiam primitivamente Estados separados e independentes e por eles foi fundado
o Império, mas este não foi fundado pela livre vontade ou pela igual cooperação
dos diferentes Estados, mas porque um deles, a Prússia, conseguiu hegemonia
sobre os demais. A grande diferença territorial dos Estados alemães não permite
um paralelo com a fundação, por exemplo, da União Norte Americana. A diferença
territorial entre os primitivos minúsculos Estados alemães e os maiores,
sobretudo o maior, a Prússia, prova a disparidade da formação entre o Império
alemão e a União Americana, assim como explica a desigualdade na área dos
Estados. De fato, não se pode falar, em relação à maior parte destes Estados, em
uma soberania efetiva, a não ser que a palavra soberania tenha apenas a
significação de uma frase oficial. Na realidade, não somente no passado, mas
também no presente, inúmeros desses Estados denominados soberanos tinham
desaparecido, o que claramente demonstra a fraqueza dessa concepção de
"soberania".
Não desejamos mencionar aqui como
cada um desses Estados se formou historicamente. É incontestável, porém, que os
mesmos, quase em nenhum caso, têm os seus limites primitivos. São criações
puramente políticas, as quais têm suas raízes, na maioria dos casos, nos mais
tristes tempos da fraqueza da nação e da conseqüente decomposição da nossa
pátria.
Tudo isto tomou em consideração, pelo
menos em parte, a Constituição do primeiro Reich, não dando aos diferentes
Estados a mesma representação numérica no Conselho Federal, mas unicamente uma
representação que correspondia a unidades federativas na formação do
Reich.
Os direitos de soberania cedidos pelas
unidades federativas para tornar possível a fundação da União, só em poucos
casos, foram renunciados espontaneamente. Na sua maioria, ou não existiam
praticamente ou já tinham sido perdidos pela pressão preponderante da Prússia. O
princípio seguido por Bismarck não era dar ao Reich tudo o que podia obter de
cada um dos Estados mas sim de exigir das unidades federativas unicamente o que
o Reich absolutamente necessitava, princípio esse tão moderado como sábio que,
por um lado, respeitava, ao extremo, hábitos e tradições e que, por outro lado,
assim assegurava de antemão ao novo Império a maior soma de entusiástica
cooperação. É um erro fundamental, porém, atribuir essa deliberação de Bismarck
a qualquer convicção de sua parte de que, por esse meio, o Reich adquiria todos
os direitos de soberania que garantissem a sua existência. Essa convicção não
tinha Bismarck, de modo algum. Ao contrário, ele desejava unicamente deixar para
o futuro o que, no momento, teria sido difícil de realizar e difícil de manter.
Ele contava com a vagarosa e aplainadora força do tempo e com a pressão do
progresso em si, que ele julgava ter, no correr dos tempos, mais força de que
uma tentativa de reagir logo contra a resistência dos diferentes Estados rio
momento. Com isso provou da maneira mais eloqüente a sua grande habilidade de
homem de Estado. Na realidade, a soberania do Reich aumentou constantemente à
custa da soberania dos diferentes Estados. O tempo realizou as esperanças de
Bismarck. Com o colapso alemão e com a queda do sistema monárquico, essa
evolução foi acelerada. Como as diferentes unidades alemãs deviam a sua
existência menos a fundamentos nacionalistas do que a motivos puramente
políticos, era lógico que a importância desses Estados tinha que desaparecer no
momento em que desapareceu a encarnação fundamental do desenvolvimento político
dos mesmos: o sistema monárquico, com as suas dinastias, muitas dessas criações
políticas perderam, assim, tanta força interior que, em conseqüência disso,
automaticamente deviam renunciar a uma ulterior existência, ou reunir-se, por
motivos de conveniência, com outras, ou ainda, voluntariamente, se deixarem
absorver por outras de maior importância. Isso é a prova mais evidente da
fraqueza extraordinária da soberania efetiva dessas pequenas formações políticas
e da pouca consideração em que elas mesmas eram tidas por seus próprios
cidadãos.
Se a abolição do sistema monárquico e
de seus representantes deu um golpe forte ao caráter federativo do Reich muito
mais ainda o fez o encargo das obrigações resultantes do tratado de
"paz".
Que os diferentes Estados perdessem a
sua autonomia financeira a favor do Reich era natural e evidente por si mesmo,
no momento em que o Reich, com o fracasso da Guerra, devia aceitar obrigações
financeiras que nunca teriam encontrado cobertura nas importâncias parciais que
podiam fornecer os diferentes Estados federados. Também a iniciativa era
conseqüência inevitável da escravização do nosso povo, que, pouco a pouco, se
realizava por força do tratado de paz. O Reich foi forçado a tomar conta de
novos valores para fazer frente às obrigações resultantes de novas extorsões.
Dada a maneira desvairada por que, às vezes eram feitas as extorsões, muito
lógico e natural era aquele fato. A culpa disso coube aos partidos e aos homens
que nada haviam feito para terminar a Guerra com a vitória. Culpados foram,
especialmente na Baviera, os partidos que, visando fins egoísticos, abandonaram,
durante a Guerra, o ideal do Reich, o que deveriam mil vezes lamentar depois da
Guerra perdida. A vingança da história! Raramente o castigo do céu foi tão rude,
depois do crime, como neste caso. Os mesmos partidos que, poucos anos antes,
haviam colocado os interesses dos seus Estados particulares - especialmente na
Baviera - acima dos interesses do Reich, deviam agora presenciar como, sob a
pressão dos fatos, o Reich sufocava a existência desses mesmos Estados. Tudo por
culpa deles próprios.
É uma hipocrisia sem par,
perante as massas dos eleitores (pois só a estes se dirige a agitação dos nossos
partidos atuais), queixarem-se esses partidos da perda da soberania dos Estados,
quando todos eles se emulavam na prática de uma política que, nas suas últimas
conseqüências, naturalmente deveria provocar profundas alterações no interior da
Alemanha. O império de Bismarck era livre, tanto no exterior como no interior.
Obrigações financeiras tão asfixiantes e, ao mesmo tempo, absolutamente
improdutivas, como tem de suportar a atual Alemanha, graças ao plano Dawes, não
existiam nos tempos de Bismarck. No interior eram poucas, só as absolutamente
necessárias, as despesas que tinha de satisfazer. Assim podia passar-se muito
bem de uma predominância financeira, e viver da contribuições dos Estados
particulares. Compreende-se, facilmente, que, de um lado, a conservação da
soberania dos Estados, e, do outro lado, as relativamente pequenas contribuições
financeiras ao Reich, muito concorreram para o entusiasmo dos Estados em relação
a este. Não é verdade, é inteiramente falso, alegar-se, hoje, como propaganda,
que a atual falta de entusiasmo pelo Reich é conseqüência única da dependência
financeira dos Estados para com ele. Não, essa não é a verdade dos latos. A
diminuição do entusiasmo pelas idéias do Reich não é a conseqüência da perda da
soberania dos Estados, mas, sim, o resultado da maneira miserável por que a
nação alemã era representada no seu governo central. Apesar de todas as
manifestações, em nome da bandeira alemã e da Constituição, o Governo de hoje é
alheio aos sentimentos de todas as camadas da nação e as leis republicanas podem
impedir um ataque às instituições republicanas, nunca, porém, conquistar o amor
de um só alemão. O cuidado excessivo em defender a República contra seus
próprios cidadãos, mediante leis e cadeia, é a crítica mais demolidora à
instituição e a suo mais formal condenação.
Por
outro lado, também, a alegação de certos partidos de hoje, segundo a qual o
desaparecimento do entusiasmo pelo Reich é a conseqüência de desmandos do mesmo,
em face de certos direitos de soberania dos Estados particulares, não
corresponde à verdade. Suposto que o Reich não tivesse abusado de sua
autoridade, não é de crer que o amor dos Estados pelo mesmo fosse maior, se, não
obstante isso, as contribuições totais fossem as mesmas de hoje. Ao contrário:
se os Estados, hoje, devessem suportar as contribuições de que o Governo central
necessita para o cumprimento do tratado de escravidão, a odiosidade contra o
Reich seria ainda muito mais forte. A importância das contribuições, que teriam
de pagar os Estados ao Reich, só com muita dificuldade poderia ser cobrada.
Seria preciso empregar meios de coação. Como a base sobre a qual a República foi
fundada consiste nos tratados de paz, e como não tem a coragem, nem a intenção
de rompê-los, ela deve pensar, na maneira de cumprir essas obrigações. Também
neste caso, são culpados, unicamente, os partidos que, a toda hora, falam às
massas de eleitores da necessidade de autonomia dos Estados e, ao mesmo tempo,
favorecem uma política que, necessariamente, terá o resultado de destruir os
restos dos chamados "direitos de
soberania".
Digo "necessariamente" porque, ao
Reich de hoje, não resta, absolutamente, outra possibilidade para fazer frente à
sobrecarga das suas obrigações, originadas por uma política infame, tanto no
interior como no exterior. Cada impulso cria novo impulso e cada dívida nova,
com que o Reich é sobrecarregado pela criminosa representação de interesses
alemães no exterior, deve ser saldada no interior, mediante aumento da pressão,
aumento que, novamente, tem como resultado abolir, pouco a pouco, toda a
soberania dos Estados, isso com o fim de não deixar nesses formarem-se germes de
resistência ou conservarem-se os já
existentes.
Em geral, a diferença
característica da política do Reich de hoje, em comparação com a política de
outrora, é a seguinte: o primeiro Império dava liberdade no interior,
demonstrava força no exterior, e a República está demonstrando fraqueza no
exterior e está oprimindo os seus cidadão no interior. Um fato é a conseqüência
do outro. Um Estado nacionalista vigoroso necessita, para a sua vida interior,
somente de poucas leis, em conseqüência do maior amor e dedicação dos seus
cidadãos; um Estado de escravos, com tendências internacionalistas, somente por
violência bruta pode conseguir serviços forçados dos seus súditos. Uma das mais
atrevidas insolências do governo de hoje é falar de "cidadãos livres". Cidadãos
livres somente existiam na Alemanha de outrora. A República, como colônia de
escravos, sob o domínio estrangeiro, não tem cidadãos, mas, na melhor das
hipóteses, súditos. Por esse motivo, também não possui uma bandeira nacional,
mas, unicamente, um símbolo de privilégios, criado pelas autoridades e protegido
pelas leis. Esse símbolo, admitido como "chapéu de Gessler", da democracia
alemã, sempre ficará estranho aos íntimos sentimentos da nação. A República que,
sem o mínimo respeito pela tradição, pela grandeza do passado, enlameou os
emblemas deste passado, ficará admirada como é superficial a afeição dos seus
súditos para com os emblemas dela. Essa República, por culpa própria, figurará
na história alemã sob o aspecto de
"intermezzo".
Assim, o Estado de hoje, para
segurar sua própria existência, é forçado a suprimir, mais e mais, os direitos
de soberania dos Estados e isto não somente do ponto de vista material, mas,
também, do ponto de vista ideal. Pois, tirando aos seus cidadãos a última gota
de sangue, como conseqüência da sua política financeira de extorsão, vê-se,
também, na contingência de privá-los dos últimos direitos, se não quiser ver o
descontentamento geral, um belo dia, inflamar-se e transformar se em rebelião
violenta.
Resulta, para nós
Nacionais-Socialistas, o seguinte princípio fundamental: Um Governo nacionalista
forte que defende, por todos os meios, os interesses dos seus cidadãos contra o
estrangeiro, pode oferecer liberdade no interior, sem necessidade de recear pela
solidez do Estado. Por outro lado, porém, é licito a um governo nacionalista
forte fazer mesmo importantes incursões, na liberdade individual, como na dos
Estados, e acarretar com a responsabilidade, quando o cidadão pode reconhecer
nessas providências um meio para promover a grandeza da sua
nação.
É um fato que todos os Estados do mundo
se estão transformando na sua organização interna, no sentido de uma certa
unificação. A Alemanha não fará exceção a isso. Já hoje em dia é um absurdo
falar, tratando-se dos diferentes Estados alemães, de uma "soberania de estado",
soberania, que já não existe, dadas as proporções ridículas dessas formações
estaduais Tanto no terreno econômico, como no técnico administrativo, diminui,
cada vez mais, a importância dos diferentes Estados. A técnica moderna dos
transportes encurta cada vez mais as distâncias. Uma nação antiga representa,
hoje em dia, unicamente, uma província, e nações da atualidade seriam vistas,
antigamente, como continentes. Do ponto de vista técnico, a dificuldade de
administrar uma nação, como a Alemanha, não é maior do que a dificuldade da
administração de uma província, como Brandenburgo, há cento e vinte anos atrás.
Vencer a distância de Munique a Berlim é, hoje em dia, mais fácil do que a de
Munique a Starnberg, há cem anos. E todo o território nacional hoje é, devido à
técnica atual dos transportes, menor do que qualquer uma unidade federativa
mediana alemã, ao tempo da guerra de Napoleão. Quem foge das conseqüências
resultantes de verdades provadas, fica precisamente na retaguarda do tempo.
Criaturas que procedem por esse modo, existiam em todos os tempos, e também
existirão sempre no futuro. Podem diminuir a marcha dos acontecimentos, nunca,
porém, fazê-los parar.
Nós nacionais
socialistas não devemos passar cegamente sobre as conseqüências dessas verdades.
Nesses assuntos, não devemos, também, nos deixar prender pelas frases dos nossos
denominados partidos burgueses nacionalistas. Eu faço uso da palavra frases,
primeiro, porque esses partidos não acreditam, seriamente, na possibilidade de
levar a cabo as suas intenções, e, em segundo lugar, porque os mesmos são
culpados, e, grandemente, pela situação atual. Principalmente na Baviera, o
grito pela descentralização é, realmente, mais um jogo de partido, sem intenções
de sérias conseqüências. Em todos os momentos em que esses partidos deveriam ter
tomado a sério as suas "frases", falharam, sem exceção, de uma maneira
lastimável. As frases, como "assalto aos direitos soberanos" do Estado da
Baviera pelo Reich, não passam de um latido- repugnante, sem a mínima
resistência. se, realmente, alguém se atrevesse a fazer, com seriedade, frente a
esse desorientado sistema, estão era considerado como - fora do Estado, pelos
mesmos partidos posto fora da lei e condenado e perseguido até ser constrangido
ao silêncio, ou por meio da cadeia ou por meio de uma proibição legal de falar
ou escrever. Justamente, em conseqüência disso, devem os nossos adeptos
reconhecer a mentira desses chamados círculos federalistas, Assim como acontece
com a religião, o federalismo é apenas um meio para atingirem os seus sujos
interesses partidários.
Por mais natural que
possa parecer uma certa unificação, principalmente no terreno dos meios de
comunicações, para nós, nacionais-socialistas, há a obrigação de fazer contra
uma tal evolução a mais forte oposição, desde que as providências tomadas têm
unicamente o fim de disfarçar ou tornar possível uma funesta política exterior.
Justamente porque o Reich de hoje se propõe controlar os trens, correios,
finanças, etc., não de pontos de vistas superiores da política nacionalista,
mas, sim, só para, desse modo, ter nas suas mãos os meios e as garantias de uma
política de obrigações sem fim, devemos, nós nacionais-socialistas, fazer todo o
possível, tudo o que, de qualquer modo, pareça conveniente a dificultar a
realização de uma tal política, se possível impedi-la. Para esse fim, porém, é
preciso lutar contra a atual centralização de importantes organizações, a qual
só é empreendida para, por esse meio, se conseguirem os milhões que facilitem a
nossa política de depois da Guerra, em relação com o
estrangeiro.
O segundo motivo que nos leva a
resistir a uma tal centralização, é que, nessa centralização, poderia ser
reforçada a eficiência de um sistema de governo no interior que, nos seus
efeitos gerais, havia dado origem à maior desgraça da nação alemã. O Reich, do
"judeu democrático" de hoje, que se transformou em uma verdadeira maldição para
o povo, trata de anular as objeções levantadas pelos Estados que, até agora,
ainda não adotaram o modo de pensar corrente, reduzindo-o a uma completa
nulidade. Em face de uma tal situação, a nós nacionais socialistas, está
reservada a tarefa de tentar, não somente dar à posição destes diferentes
Estados a base de uma força nacional, com possibilidades de sucesso, mas
transformar, totalmente, sua luta contra a centralização e dar lhe a expressão
de um mais alto interesse nacional. Enquanto, porém, o Partido Popular Bávaro,
por motivos regionais insignificantes, trata de se assegurar direitos especiais
para a Baviera, devemos servir-nos dessa situação especial a favor de um
interesses nacional mais elevado, agindo contra a Democracia de
novembro.
O terceiro motivo, que nos pode
induzir a reagir contra a centralização é a convicção de que, grande parte dos
chamados controles, de fato não constituem uma unificação e muito menos uma
simplificação, mas, ao contrário, em muitos casos, trata-se somente de reduzir a
soberania dos Estados, para abrir a porta à defesa dos interesses dos partidos
revolucionários. Jamais, na história alemã, houve um favoritismo tão despudorado
como na República democrática. A maior parte do furor atual de centralização
teve sua origem nos partidos que, outrora, prometeram aproveitar os homens
ativos e capazes e, quando se tratou da nomeação para empregos e posições
públicas, tiveram em vista, exclusivamente, o critério partidário. Foram,
sobretudo, os judeus que inundaram, desde os primeiros dias da República, em
número incrível, as grandes organizações econômicas e as repartições públicas,
que assim passaram, inteiramente, ao seu controle. Principalmente, essa terceira
consideração obriga-nos, por motivos táticos, a examinar, com o maior rigor,
qualquer medida no sentido da centralização, e, se necessário, tomar uma atitude
decisiva contra a mesma. Os nossos pontos de vista terão de ser, neste caso, os
pontos de vista políticos nacionais mais elevados e nunca mesquinhos
regionalismos.
Essa última observação é
necessária, a fim de não se criar, no espírito de nossos partidários, o conceito
de que nós, nacionais-socialistas, não daríamos ao Reich o direito de
corporificar uma soberania mais elevada que a dos diferentes Estados. Sobre esse
direito não deve e não pode existir, entre nós, nenhuma dúvida. Como o Estado em
si é, para uns, unicamente, uma forma e que o essencial é o seu conteúdo, isto
é, o povo, é claro que, aos interesses soberanos deste, tudo terá de
subordinar-se. Sobretudo, não podemos permitir que nenhum Estado, dentro da
nação e do Reich, que representa a mesma, goze da absoluta soberania política
como Estado. O absurdo de diferentes unidades federativas poderiam manter
representações no estrangeiro e entre si deverá ter e terá um fim. Enquanto
semelhantes fatos forem possíveis, não nos devemos admirar de que o estrangeiro
continua a pôr em dúvida a estabilidade da nossa estrutura estatal e aja de
acordo com essa dúvida. O absurdo de tais representações ressalta ainda mais
quando consideramos que só desvantagens acarreta. Interesses de um cidadão
alemão no estrangeiro, que não podem ser percebidos pelo embaixador do Reich,
sê-lo-ão muito menos pelo embaixador de um minúsculo Estado, de proporções
ridículas na situação atual do mundo. Nessas pequenas unidades federativas
devem-se ver unicamente estimulantes à tendência de desagregação da nação alemã
e ao seu enfraquecimento interno e externo. Nossas representações diplomáticas,
no estrangeiro, eram, já ao tempo do antigo império, tão miseráveis, que
tornavam completamente dispensáveis outras experiências
posteriores.
A importância das diferentes
Estados terá de ser, futuramente, sem restrições, mas no terreno da política
cultural. O monarca que mais fez pela reputação da Baviera, não foi um obstinado
regionalista, de intenções anti-alemãs, mas, sim, Luís I, que tinha tanto
entusiasmo pela grandeza alemã como pela Arte. Quando ele utilizava as forças do
Estado, na promoção do progresso cultural da Baviera, e não no fortalecimento
dos poderes políticos, prestava maiores e mais duráveis serviços ao seu povo do
que teria sido possível se agisse de outra maneira. Elevando Munique, da posição
de capital provincial de pouca importância, à de uma grande metrópole de arte
alemã, transformou-a em um centro de cultura que ainda hoje, tem a faculdade de
atrair a esse Estado até os franceses, apesar do seu modo de pensar ser tão
diferente. Supondo que Munique tivesse ficado no que era antigamente, ter-se-ia
repetido, na Baviera, a mesma evolução que se verificou na Saxônia, unicamente
com a diferença de que Nurenbergue, a Leipzig bávara, não teria ficado uma
cidade bávara, ruas se teria transformado em uma cidade da Francônia. Não foram
os que gritavam "abaixo a Prússia!" que tornaram grande a cidade de Munique, mas
sim o rei que, com ela, queria fazer à nação alemã um presente de 'ima jóia de
arte, que merecia ser vista e apreciada e que, de fato, o foi, posteriormente.
Nisso deve-se ver uma lição para o futuro. A importância dos diferentes Estados,
absolutamente não se deve basear, futuramente, no terreno do poder político, mas
na raça ou tio campo cultural. Mesmo aqui, a ação do tempo é niveladora. As
facilidades do transporte moderno estão aproximando os homens de tal forma que,
paulatina e continuamente, as fronteiras das raças desaparecerão e, com isso, o
quadro cultural dos diferentes povos tenderá, pouco a pouco, a atingir o mesmo
nível.
O exército deve ser, severamente.
afastado das influências estaduais. O futuro Estado nacional socialista não deve
incorrer nos mesmos erros do passado, impondo ao exército tarefas que não lhe
competem, nem devem competir. A finalidade do exército alemão não é a de uma
escola para manutenção de regionalismos, mas uma escola que ensine todos os
alemães a se entenderem e a viverem em harmonia entre si. Tudo o que, na vida da
nação, tende a provocar desuniões deve ser convertido pelo exército em uma força
em sentido contrário. O exército deve tirar cada. jovem do ambiente estreito da
sua terra natal e colocá-lo no seio da nação alemã, ensinando-o a ver, não as
fronteiras de sua província, mas, sim, as da sua pátria, pois são estas que um
dia ele terá de defender. É. portanto, uma loucura deixar o jovem alemão na
região em que nasceu. Muito mais acertado é dar-lhe a oportunidade de conhecer a
Alemanha, durante o tempo do seu serviço militar. Isso é hoje em dia tanto mais
necessário quanto os alemães não costumam viajar, assim alargando os seus
horizontes, como o faziam antigamente. Não é contraproducente deixar o jovem
bávaro em Munique, o francônio em Nuremberg, o habitante de Baden em Karlsruhe,
o Württemburgo, em Stuttgart, etc.? Não seria mais razoável mostrar ao jovem
bávaro o Rheno e o Mar do Norte, ao hamburguês os Alpes, ao prussiano do este as
montanhas da Alemanha Central, etc.? O amor pela terra natal deve ser cultivado
no exército e não nas guarnições regionais. Toda tentativa de centralização
deverá ter a nossa desaprovação, nunca, porém, a que se operar no exército.
Mesmo que outras tentativas de centralização não fossem aconselháveis, essa,
pelo menos, deve sê-lo. Pondo de parte o absurdo de conservar separadas as
corporações do exército alemão, vemos na efetiva unificação do exército um passo
que, de futuro, quando se tratar da reorganização do exército nacional, nunca
mais deveremos interromper.
Além disso, um
movimento novo deve afastar qualquer empecilho que possa anular a sua atividade
na luta pela vitória das suas idéias. O Nacional-Socialismo deve reclamar para
si o direito de impor à totalidade da nação alemã, sem consideração às atuais
fronteiras dos Estados, os seus princípios e educar a nação nas suas idéias. Da
mesma forma que as religiões não são dependentes dos limites políticos, a idéia
nacional-socialista. independe dos diferentes Estados da nossa
pátria.
A doutrina nacional socialista não é
destinada a servir a interesses políticos dos diferentes Estados federados, mas
a guiar a nação alemã.
Ela deve organizar,
novamente, a vida de toda a nação e, por esse motivo, deve reclamar,
categoricamente, para si, o direito de ultrapassar fronteiras traçadas por
acontecimentos políticos que condenamos. Quanto mais decisiva for a vitória
destas idéias, tanto maior poderá, mais tarde, ser a liberdade individual,
cercada de todas as garantias no interior.
CAPÍTULO XI - PROPAGANDA E
ORGANIZAÇÃO
O ano de 1921 teve, em vários
sentidos, para o movimento, uma importância capital, Depois da minha entrada no
"Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães", tomei imediatamente
conta da direção da propaganda. Eu tinha este setor, naquele momento, como o
mais importante de todos. Tratava-se menos de assuntos de organização do que de
propagar a idéia ao maior número possível. A propaganda devia preceder à
organização, conquistando o material humano necessário a esta. Além disso,
sempre fui inimigo de um trabalho de organização demasiadamente rápido e
pedantesco. Daí resulta, na maioria dos casos, somente um mecanismo morto, raras
vezes uma organização viva. As organizações estão em função da vida, do
desenvolvimento orgânico de um povo. Idéias que conquistaram um certo número de
indivíduos sempre provocarão a necessidade de uma certa disciplina,
absolutamente indispensável. Mas, também aqui, se deve contar com a fraqueza
humana, inclinada a opor-se, pelo menos no começo, contra uma direção superior.
Na hipótese de uma organização sem vida surge imediatamente o grande perigo de
aparecer um homem, apontado por todos mas ainda não inteiramente experimentado e
que, talvez, de inferior capacidade, trate de impedir, dentro do movimento, a
elevação de elementos mais capazes. O mal daí resultante, pode ser,
especialmente em movimento novo, de conseqüências
fatais.
Por essa razão é mais conveniente
divulgar a idéia, pelo menos durante certo tempo, centro de um determinado
núcleo, para daí selecionar o material humano em condições de dirigir o
movimento. Mais de uma vez se evidenciará que, nessa seleção, não devemos julgar
pelas aparências.
Seria, porém, inteiramente
falso ver, em conhecimentos teóricos, provas de capacidade de
direção.
O contrário acontece
freqüentemente.
Um grande teórico é raramente
um grande organizador, pois o valor do teórico consiste, em primeiro lugar, na
noção de definição de leis abstratamente exatas, enquanto o organizador deve ser
em primeiro lugar um conhecedor da psicologia popular. Deve ver os homens como
eles são na realidade. Não lhes deve dar demasiada importância nem depreciá-los
no meio da massa, Ao contrário, deve ter em conta a sua fraqueza como o seu
aspecto instintivo, para, tomando em consideração todos os fatores, organizar
uma força capaz de sustentar uma idéia e de garantir o
sucesso!
Um grande teórico será raramente um
líder. A um agitador e mais fácil possuir essas qualidades, apesar da oposição
dos teóricos puros.
Isso é perfeitamente
compreensível. Um agitador capaz de comunicar uma idéia à grande massa, precisa
conhecer a psicologia do povo, mesmo que ele não seja senão um demagogo. Mesma
nessa hipótese, ele será um líder mais apto do que o teórico desconhecedor da
psicologia humana. Para ser chefe é preciso ter a capacidade para movimentar
massas. A capacidade intelectual nada tem que ver com a capacidade de comando.
Por - isso é completamente supérfluo discutir se há mais valor em criar idéias e
finalidades do que em realizá-las. Aqui acontece o mesmo que em muitos outros
casos: um não pode dispensar o outro. A mais bela doutrina não tem nem
finalidade nem eficiência se o líder não consegue empolgar as massas. Por outro
lado, de que utilidade seria a genialidade de um condutor de massas, se o
teórico não indicasse as finalidades das lutas humanas? A existência, no mesmo
indivíduo, do teórico, do organizador e do líder é o mais raro fenômeno deste
mundo. Quando isso se dá trata-se de um
gênio.
Dediquei-me, nos primeiros tempos da
minha atividade partidária, à propaganda. Por essa propaganda dever-se-ia
conseguir, pouco a pouco, um pequeno núcleo de indivíduos, convencidos da nova
idéia, os quais formariam assim o material que, mais tarde, poderia fornecer os
primeiros elementos de uma organização. Visávamos mais a propaganda do que a
organização.
Quando um movimento tem como
finalidade demolir uma situação existente para reconstruir, em seu lugar, um
mundo novo, é preciso que os seus líderes estejam todos acordes sobre os
seguintes princípios fundamentais: cada movimento deve dividir o estoque humano
conquistado para a causa em dois grandes grupos: adesistas e
combatentes.
O dever da propaganda é alistar
adesistas, o da organização é conquistar
combatentes.
Adesista de um movimento é aquele
que aceita a sua finalidade, com. batente aquele que luta pela
mesma.
O adesista é alistado para um movimento
por meio da propaganda. O combatente é levado, pela organização, a cooperar
pessoal e ativamente, paro- o alistamento de novos adesistas, dos quais então se
podem recrutar novos combatentes.
Como a
qualidade de adesista exige somente o reconhecimento passivo de uma idéia, e a
qualidade de combatente a representação ativa e a sua defesa, entre dez
adesistas encontrar-se-ão no máximo um a dois
combatentes.
A qualidade de adesista baseia-se
na compreensão da doutrina, a de combatente na coragem de defender e divulgar as
noções adquiridas.
A doutrina pura corresponde
melhor à psicologia da maioria da humanidade, comodista e covarde. Os requisitos
exigidos para pioneiros do Partido correspondem à uma capacidade prática que só
se encontra em raros indivíduos.
Assim sendo, a
constante preocupação da propaganda deve ser no sentido de conquistar adeptos,
ao passo que a organização deve cuidar escrupulosamente de selecionar, entre os
adesistas, os lutadores mais eficientes. A propaganda, portanto, não necessita
examinar o valor de cada um dos por ela convertidos, quanto à eficiência,
capacidade, inteligência ou caráter, enquanto que a organização deve escolher
cautelosamente, da massa destes elementos, os que efetivamente têm capacidade
para levar o movimento à vitória.
A propaganda
trata de impor uma doutrina a todo o povo; a organização aceita no seu quadro
unicamente aqueles que não ameaçam se transformar em obstáculo a uma maior
divulgação da idéia.
A propaganda estimula a
coletividade no sentido de uma idéia, preparando-a para a vitória da mesma; a
organização tem de ganhar a vitória mediante concentração dos adeptos corajosos,
capazes de combater pelo triunfo comum.
A
vitória de uma idéia será mais fácil quanto mais intensa for a propaganda e
quanto mais exclusiva, rígida e solida for a organização que, praticamente, toma
a si a realização do combate.
Daí resulta, que
nunca é exagerado o número dos adeptos, enquanto que, no que diz respeito aos
combatentes, não se deve cogitar de número mas de
qualidade.
Quando a propaganda já conquistou
uma nação inteira a uma idéia, surge o momento asado para a organização, com um
punhado de homens, retirar as conseqüências práticas. Propaganda e organização,
estão em função uma da outra. Quanto melhor tiver agido a propaganda tanto menor
poderá ser a organização; quanto maior for o número de adesistas, tanto mais
modesto pode ser o número dos combatentes e, vice-versa; quanto pior for a
propaganda, tanto maior deve ser a organização e quanto mais diminuto o número
de adesistas de um movimento tanto mais numeroso deve ser o número dos seus
organizadores, se se quiser contar com
sucesso.
O primeiro dever da propaganda
consiste em conquistar adeptos para a futura organização; o primeiro dever da
organização consiste em conquistar adeptos para a continuação da propaganda. O
segundo dever da propaganda é a destruição do atual estado de coisas e a
disseminação da nova doutrina, enquanto que o segundo dever da organização deve
ser a luta pelo poder para conseguir, por esse meio, o sucesso definitivo da
doutrina.
O sucesso mais decisivo de uma
revolução sempre será conseguido quando a nova doutrina for divulgada peio maior
número, imposta a todos depois, ao passo que a organização da idéia, isto é, o
movimento, deve abranger unicamente os homens absolutamente necessários aos
postos de comando.
Por outras palavras: em cada
grande movimento destinado a revolucionar o mundo a propaganda primeiramente
terá de divulgar a idéia do mesmo. Incessantemente terá de esclarecer as massas
sobre as novas idéias, atraí-las para as suas fileiras ou, pelos menos, abalar
as crenças em voga. Como, porém, a divulgação de uma idéia, isto é, a
propaganda, deve ter um núcleo central de direção, será necessário uma
organização sólida. A organização recruta os seus sócios do número total dos
adesistas conquistados pela propaganda.
A mais
alta missão da organização é, pois, tomar precauções para que não nasçam
divergências íntimas, entre os adeptos do movimento, que possam originar uma
desarmonia e, com isso, um enfraquecimento da causa, e para que se conserve
sempre o espírito de ataque e de resolução. Não é necessário que aumente
infinitamente o número de combatentes; ao contrário, como só uma pequena parte
da humanidade possui um caráter enérgico e resoluto, ficaria forçosamente
enfraquecido um movimento que aumentasse desproporcionadamente a sua organização
central. Organizações passando além de um certo número de membros, perdem, pouco
a pouco, seu poder de combate e a capacidade de apoiar a propaganda de uma
idéia, de maneira resoluta.
Quanto mais forte e
revolucionária for uma idéia, tanto mais eficiente devem ser os seus defensores,
devendo-se dela afastar os covardes e incapazes. Às escondidas, esses quererão
passar como adesistas, mas, de público, desistirão de provar a sua adesão. Assim
incorporam-se à organização de uma doutrina efetivamente revolucionária somente
os mais eficientes dentre os adeptos conquistados pela propaganda. É justamente
na eficiência dos membros de um movimento, garantida pela sua escolha natural,
que está a condição essencial para uma propaganda correspondente e para um
combate bem sucedido pela realização da
doutrina.
O maior perigo que pode ameaçar um
movimento é um número exagerado de adeptos adquiridos em conseqüência de êxito
fácil. Todos os covardes e egoístas fogem de um movimento, enquanto este tem de
enfrentar lutas ásperas, ao passo que ao mesmo acorrem quando o êxito é fácil de
prever ou já se realizou.
Esse é o motivo por
que muitos movimentos vitoriosos fracassam antes de atingir a sua finalidade,
suspendem a luta e finalmente desaparecem. Em conseqüência da vitória inicial,
entram na sua organização tantos elementos maus, indignos, sobretudo covardes,
que esses caracteres inferiores conseguem finalmente a preponderância sobre os
lutadores enérgicos e logo forçam o movimento em favor dos seus próprios
interesses, degradando o e nada fazendo para completar a vitória da idéia
primitiva. Desaparece o entusiasmo fanático, anula se a força de combate ou,
como em casos idênticos, se diz nos meios burgueses: "Jogue-se água no vinho".
Está sacrificado o surto do movimento.
Por essa
razão é indispensável que, ao menos por instinto de conservação, imediatamente
se dificulte a admissão de adeptos no momento em que o sucesso se inclina para a
causa e, de futuro, se alargue a organização com a máxima cautela e depois de um
exame muito rigoroso, unicamente assim, o movimento se conservará,
invariavelmente, sadio, na sua essência. É preciso que se tomem precauções para
que seja exclusivamente o núcleo central que continue a promover o progresso do
movimento, isto é, que oriente a propaganda destinada a conquistar a adesão
geral e tome como detentor do poder as medidas necessárias à realização prática
das suas idéias.
A organização deve recrutar do
primitivo núcleo do movimento não somente os homens que devem ocupar todas as
posições importantes no terreno conquistado, mas também os da direção geral, e
isso deve durar até que os atuais princípios e doutrinas do partido se
transformem em base do novo Estado. Só, então, poderá passar, aos poucos, o
governo a ser dirigido pela nova constituição, nascida do espírito do movimento.
Isso, porém, geralmente também se realiza mediante lutas recíprocas, por que não
se trata de uma questão de idéias mas de jogo de forças, que, é verdade, podem
ser previamente reconhecidas, mas não podem ser constantemente
controladas.
Todos os grandes movimentos, quer
sejam de natureza religiosa quer de natureza política, devem seus grandes
sucessos exclusivamente ao conhecimento e à aplicação destes princípios. Nenhum
êxito de efeitos duradouros é possível sem o respeito a essas
leis.
Como chefe de propaganda do Partido,
muito me esforcei, não somente por preparar o terreno para o desenvolvimento
futuro da causa, mas também para assegurar, por uma compreensão exata desses
princípios. que a organização - somente recebesse o melhor material humano.
Quanto mais radical e incitadora era a minha propaganda, tanto mais assustava os
homens débeis e as naturezas tímidas, impedindo a sua entrada no núcleo
primitivo da nossa organização. Eles talvez tenham ficado adeptos da causa, mas
certamente não com espírito decidido. Quantos milhares asseguravam, naquele
tempo, que estariam absolutamente decididos a tudo, mas nem por isso puderam ser
aceitos como membros do Partido. O movimento teria que ser tão radical que os
seus adeptos poderiam ser expostos aos mais sérios perigos, de maneira que não
se devia censurar um cidadão respeitável e pacifico por, ao menos por certo
tempo, ficar á margem, embora de todo coração pertencesse à
causa.
Foi muito bom que assim se
fizesse.
Se todos os que, no íntimo, não
estavam de acordo com a Revolução se tivessem filiado ao nosso partido,
poderíamos ser hoje vistos como uma congregação pia, nunca, porém, como um
movimento forte e pronto para o combate.
A
forma agressiva que se deu, naquele tempo, à nossa propaganda consolidou e
garantiu a tendência radical do novo movimento, porque, assim efetivamente, o
mesmo ficou constituído, salvo raríssimas exceções, de homens radicais, capazes
de assumir a responsabilidade de defensores da
causa.
O efeito dessa propaganda era tal que,
dentro de pouco tempo, centenas de milhares não somente concordaram conosco mas
desejavam a nossa vitória, embora, pessoalmente, fossem covardes demais para
fazerem o sacrifício de entrar para o
Partido.
Até o meado de 1921, esta atividade
unicamente no sentido da propaganda era suficiente e útil para o movimento.
Acontecimentos especiais, porém, no verão daquele ano, mostraram que seria
conveniente que a organização marchasse pari passu com a propaganda, cujo êxito
era cada vez mais evidente.
O ensaio de um
grupo de racistas de fancaria, com o apoio benévolo do primeiro presidente do
Partido de então, de apoderar-se da direção do mesmo, teve como resultado o
desmoronamento desta pequena intriga. Em uma assembléia geral, foi entregue a
mim, unanimemente, a liderança de todo o movimento. Ao mesmo tempo, foi tomada
unia nova resolução pela qual o presidente era investido de responsabilidade, e
que abolia as resoluções das comissões substituindo-as por um sistema de divisão
de trabalho que, desde aquele tempo, tem dado os melhores
resultados.
Desde 1o. de agosto de 1921,
encarreguei-me desta reorganização interna do Partido e encontrei nisso o apoio
de um número de forças excelentes, cujos nomes julguei necessário mencionar em
um capítulo especial.
A experiência trazida
pelos resultados da propaganda deveria, quando se tratou da organização, afastar
um certo número de hábitos atuais e estabelecer princípios que não existiam em
nenhum dos partidos do momento.
Nos anos de
1919 e 1920, o movimento tinha, na sua direção, uma comissão eleita em
assembléias de sócios, de acordo com os estatutos. A comissão compunha se de um
1.° e de um 2.° tesoureiro; um 1.° e de um 2.° secretário e como chefes um 1.° e
um 2.° presidente. A isto juntaram ainda um fiscal, o chefe da propaganda e
vários assistentes.
Esse comitê corporificava -
o que era extremamente cômico - justamente o que o movimento devia combater do
modo mais enérgico, isto é, o parlamentarismo. Era claro que se tratava de uma
organização que, partindo do pequenino grupo local, e passando pelos futuros
distritos, províncias, etc., até que o governo no Reich, representava o
mesmíssimo sistema parlamentar, sob o qual nós todos estávamos e estamos ainda
hoje sofrendo.
Era de uma necessidade
urgentíssima modificar esse estado de coisas, a menos que não quiséssemos que o
movimento ficasse para sempre sacrificado em conseqüência das bases falsas da
sua organização interna.
As assembléias do
comitê que obedeciam a um certo protocolo e nas quais eram tomadas as decisões
por maioria de votos, eram na realidade um pequeno parlamento. Nelas havia
ausência de qualquer responsabilidade pessoal. Como nas grandes assembléias
políticas, imperavam nesses comitês os mesmos absurdos e as mesmas
extravagâncias. Foram nomeados para esse comitê secretários, tesoureiros,
representantes da totalidade dos membros da organização, representantes para a
propaganda e para muitas outras coisas mais. Todos juntos é que deviam, porém,
tomar resoluções, por meio do voto, a respeito de qualquer questão isolada. Quer
isso dizer que o indivíduo que representava a seção de propaganda decidia sobre
um assunto da competência do encarregado das finanças, este decidia sobre
assuntos da organização, sobre detalhes que competiam aos secretários,
etc.
O motivo por que se nomeava um
especialista para a propaganda, quando tesoureiros, secretários, etc., deviam
decidir sobre assuntos que somente eram da competência daquele, parece tão
incompreensível para um cérebro normal, quão incompreensível seria se, em uma
grande em presa industrial, os gerentes ou diretores de outras seções e de
outros ramos decidissem sobre assuntos com os quais não tinham absolutamente
nada que ver.
Não me conformei com essa
loucura; muito pouco tempo depois, já não aparecia mais nessas assembléias. Fiz
eu mesmo a minha propaganda, protestando sempre quando qualquer ignorante nesse
assunto tratava de intrometer-se na mesma. Pelo mesmo princípio eu, também, não
me intrometia nas funções alheias.
Quando, com
a aprovação dos novos estatutos e com a minha nomeação para primeiro presidente,
tinha adquirido a necessária autoridade e o direito de agir de acordo com a
mesma, acabei imediatamente com aquela idiotice. Em lugar de resoluções de
comitê, estabeleci o princípio da responsabilidade
absoluta.
O primeiro presidente tem a
responsabilidade da direção geral do movimento. Ele divide o trabalho a fazer
tanto entre os membros do comitê a ele subordinado como entre os demais
colaboradores porventura necessários. Cada um destes senhores fica inteiramente
responsável pelos deveres de que são incumbidos. Estão subordinados apenas ao
primeiro presidente que tem de cuidar da cooperação de todos e de tornar esta
cooperação eficiente, a começar pela escolha das personalidades e pela indicação
das diretrizes gerais.
Esse princípio da
responsabilidade tornou-se pouco a pouco natural destro do movimento, pelo menos
quanto à direção do Partido. Nos pequenos grupos locais e talvez também nos
distritos serão precisos anos para fazer vingar esses princípios, porque
espíritos tímidos e incapazes sempre se oporão aos mesmos. Para esses sempre
será desagradável a responsabilidade pessoal em qualquer empreendimento,
sentem-se melhor e mais livres se tiverem, em qualquer decisão difícil, o apoio
da maioria de um comitê. Parece, porém, necessário enfrentar, com todo rigor,
tais tendências, não fazer concessões à covardia ante a responsabilidade e
conseguir assim, embora depois de muito tempo, uma compreensão do dever de chefe
que permita surgirem, para a posição de lideres, justamente os mais competentes,
os predestinados.
Em. qualquer hipótese, um
movimento que se propõe fazer guerra à loucura parlamentar deve ele mesmo evitar
o mal que combate, somente sobre uma tal base pode adquirir a força para a sua
luta.
Um movimento que, em pleno domínio da
maioria, baseia-se em tudo no princípio da autoridade do chefe e na
responsabilidade daí resultante, com segurança matemática, há de aniquilar,
algum dia, o atual estado de coisas e sair
vencedor.
Esse princípio deu lugar, no seio do
movimento, a uma completa reorganização do mesmo, e, no seu resultado lógico,
uma separação muito rigorosa entre as funções partidárias do movimento e as
funções da direção política geral. A idéia da responsabilidade foi adotada
também para todas as funções partidárias e trouxe, como era de esperar,. em
idêntica proporção, um saneamento das mesmas, libertando-as de quaisquer
influências políticas e limitando-as a pontos de vista puramente
econômicos.
Quando, no outono de 1919, entrei
para o Partido, então composto de seis membros, este não tinha nem um escritório
nem um empregado; nem mesmo formulários, carimbos, impressos, existiam, o local
para as reuniões do comitê era, a princípio, um restaurante na Herrengasse e
mais tarde um café em Casteig. Isso era uma situação intolerável. Pouco tempo
depois pus-me a visitar um grande número de cervejarias e restaurantes de
Munique, com a intenção de poder alugar um quarto separado ou qualquer outro
local para o partido. No antigo Sterneckerbrãu da rua Tal encontrei um pequeno
lugar, um sótão que, antigamente, serviu aos conselheiros de Estado da Baviera
como uma espécie de taberna. Era sombrio e escuro e tão próprio para seu
anterior destino quão impróprio para os novos objetivos o beco para o qual dava
sua única janela era tão estreito que, mesmo nos dias mais claros de verão, o
quarto era escuro. Este foi o nosso primeiro escritório. Como, porém, o aluguel
era apenas de cinqüenta marcos por mês (para nós naquele tempo era uma soma
enorme), não podíamos alimentar grandes pretensões nem nos podíamos
queixar.
Mesmo assim, isso já significava um
grande progresso. Pouco a pouco fomos melhorando a instalação. Primeiro
instalamos luz elétrica, depois um telefone; levamos para dentro uma mesa com
algumas cadeiras emprestadas, finalmente uma prateleira, um pouco mais tarde um
armário; dois balcões pertencentes ao dono da casa deviam servir para guardar
folhetos, cartazes, etc.
A direção do
movimento, por meio de uma assembléia do comitê, uma vez por semana, era
impossível ser conservada por muito tempo. Só um empregado, pago pelo movimento,
poderia garantir um andamento contínuo dos
negócios.
Isso era muito difícil naquele tempo.
Contávamos ainda com um número tão diminuto de adeptos, que- foi preciso uma
habilidade especial para encontrar entre eles o homem para o momento, que se
contentasse com pouco e pudesse satisfazer às múltiplas exigências do
movimento.
Era um soldado, antigo camarada meu,
de nome Schüssler. Encontrávamos, após busca prolongada, o primeiro diretor
econômico do partido. No princípio, ele, diariamente, entre 18 e 20 horas,
comparecia ao nosso escritório, mais tarde entre 17 e 20 horas, e, pouco tempo
depois, nosso secretário exclusivo, ocupando-se, desde a manhã até alta noite,
com os seus trabalhos. Era um homem tão ativo como reto, absolutamente honesto;
trabalhava em todos os sentidos e era um fiel partidário Schüssler trouxe
consigo uma pequena máquina de escrever "Adler", de sua propriedade. Era a
primeira máquina para o serviço do nosso movimento. Mais tarde essa máquina foi
comprada a prestação. Uma pequena caixa forte parecia ser necessária para evitar
o furto do fichário e dos livros dos membros do Partido. Esta compra não foi
feita, pois, para depositar as grandes somas de dinheiro, que, naquele tempo.
pudéssemos ter. Ao contrário, tudo era infinitamente pobre, e, muitas vezes,
sacrifiquei parte das minhas pequenas
economias.
Um ano e meio mais tarde, o
escritório era pequeno demais e mudávamo-nos para um outro local na
Corneliusstrasse. Mais uma vez era para um restaurante que nos mudávamos, mas
agora já não tinham somente um quarto, e sim três. Naquele tempo essas
instalações nos pareciam enormes. Nesse local permanecemos até novembro de
1923.
Em dezembro de 1920, foi comprado o
Võlkische Beobachter. Este diário, que defendia, como já indicava o seu nome,
interesses populares e geral, devia agora ser transformado em órgão do Partido
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. No princípio era publicado duas
vezes por semana, no começo de 1923 diariamente, e, em fins de agosto 1923, foi
publicado no formato grande que conservou daí por
diante.
Naquele tempo, sem a mínima experiência
em matéria de imprensa tive que fazer uma aprendizagem que me custou muito
sacrifício.
Era de fazer cismar o fato de, ao
lado da poderosa imprensa judaica só existir um único jornal popular de real
importância. O motivo deste fato, como depois pessoalmente verifiquei, inúmeras
vezes na prática residia na organização comercial pouco hábil das denominadas
empresas populares. Na sua direção dava-se mais importância ao lado intelectual
do que ao prático. Esse ponto de vista é completamente falso, pois a idéia tem a
sua maior expressão na realização. Aquele que está efetivamente criando para sua
nação coisas de valor, está provando com isso possuir uma idéia de valor
idêntico, enquanto outro que apenas finge defender uma idéia sem entretanto
executar serviços úteis para a nação, está sendo funesto a qualquer ideal real.
Ele está pesando sobre a comunidade com sua
idéia.
Também o "Völkisher Beobachter" era,
como o seu título indica, um órgão "popular", com todas as vantagens e,
sobretudo, todos os defeitos fraquezas inerentes a todas as instituições
populares. Embora fosse. excelente sua matéria, a sua direção comercial era
inviável. Era da opinião que os jornais populares deviam ser mantidos por
subscrições populares em lugar de entrarem na concorrência com os demais. Não se
compreendia que era uma indecência querer cobrir os erros da direção comercial
da empresa com os donativos de patriotas bem
intencionados.
Tratei de remediar esta
situação, cujo perigo logo compreendi. F para mim uma felicidade o ter
encontrado o homem, o qual, desde aquele tempo, não somente como diretor
econômico do jornal mas também como diretor econômico do Partido, prestou
serviços inestimáveis à causa. No ano de 1914, no front, cheguei a conhecer
(naquele tempo como meu superior) o homem que é hoje, diretor econômico do
Partido - Max Amann. Durante os quatro anos da Guerra, tive a oportunidade de
quase diariamente observar a extraordinária capacidade, a diligência e os
grandes escrúpulos do meu futuro cooperador. No
verão de 1921, quando o movimento passava por uma forte crise, quando eu já não
estava contente com um grande número de empregados e até tinha tido com um deles
desagradável experiência, dirigi-me a meu antigo camarada de regimento, que um
dia casualmente encontrei, rogando-lhe que se encarregasse da direção 'econômica
do movimento. Depois de longa hesitação, pois Amann tinha um emprego promissor,
consentiu finalmente em aceitar o cargo com a condição formal de que nunca.
ficaria à mercê de quaisquer comitês de ignorantes e de que reconheceria
exclusivamente um chefe. Ao inesquecível merecimento deste primeiro diretor do
movimento, de uma educação comercial efetivamente completa, deve se o ter sido
possível introduzir a ordem nas finanças do Partido. Desde aquele tempo, a
direção tornou se modelar, incomparavelmente melhor do que a de qualquer das
sub-organizações. Como, porém, sempre na vida, a capacidade, não raras vezes, é
a causa da inveja e do ciúme, isso devia-se naturalmente esperar também neste
caso.
Já no ano de 1922, existiam certas
diretrizes para guiar o movimento, tanto no sentido econômico como no que diz
respeito propriamente à organização. Já existia um fichário central completo,
que abrangia todos os membros do movimento. Do mesmo modo estavam as finanças
orientadas firmemente. Despesas normais deviam ser cobertas por entradas
normais, entradas extraordinárias eram empregadas para satisfazer a despesas
extraordinárias. Apesar dos maus tempos, podia-se manter o movimento.
Trabalhava-se como em uma empresa particular: o pessoal devia distinguir-se pela
sua competência e de nenhum modo somente pelo critério da célebre "convicção"
partidária. A "convicção" de cada nacional socialista prova-se. em primeiro
lugar, pela sua boa vontade, pela sua atividade e capacidade para o cumprimento
do trabalho que lhe foi confiado pela coletividade. Quem não cumpre o seu dever,
não se deve vangloriar de uma idéia contra a qual ele próprio, na realidade,
está protestando. O novo diretor econômico do Partido defendia, com toda
energia, contra quaisquer influências, o ponto de vista, segundo o qual funções
partidárias não se devem transformar em sinecuras para membros ou sócios pouco
dispostos ao trabalho. Um movimento que luta de forma tão áspera contra a
corrupção partidária do nosso atual aparelho administrativo deve conservar sua
própria organização limpa de semelhantes vícios. Aconteceu que foram admitidos
na administração do jornal elementos que, quanto a suas "convicções", tinham
pertencido ao Partido Popular Bávaro, que, porém, pelos seus trabalhos, deviam
ser qualificados como de primeira classe. O resultado desta experiência foi
excelente. Justamente por este leal e franco reconhecimento da capacidade de
cada um, o movimento conquistou os corações destes empregados mais rapidamente
do que dantes. Tornaram se mais tarde bons nacionais-socialistas, não somente em
palavras, mas pelo trabalho consciencioso e leal que executaram a serviço do
novo movimento. É claro que, em igualdade de condições, dava-se preferência ao
partidário. Ninguém, porém, era empregado só por ser membro do partido. A
energia com que o novo diretor econômico defendia este princípio fundamental,
pondo o em prática contra quaisquer resistências, produziu, no futuro, as
maiores vantagens para o movimento. Somente assim foi possível que, nos tempos
difíceis da inflação monetária, quando dezenas de milhares de empresas faliram e
milhares de jornais deviam fechar as portas, não somente a direção do movimento
pode ser conservada e cumprir seus deveres, mas a feitura do Völkische
Beobachter cada vez mais se aperfeiçoava. Era classificado, naquele tempo, entre
os grandes jornais.
O ano de 1921, teve, além
disso, outra significação. Consegui lentamente, como presidente do Partido,
subtrair também as diferentes formações do mesmo da crítica e das contradições
de tantos membros de comitês. Isso foi importante porque não se pode conquistar
para qualquer trabalho uma cabeça realmente capaz, quando, continuamente, os
ignorantes se metem em tudo, de tudo dizem entender e, em verdade, provocam
apenas a pior confusão, para depois se retirarem silenciosamente à procura de
outro campo para a sua atividade "fiscalizadora" e "inspiradora" Havia gente
possuída de uma verdadeira idéia fixa de procurar intrometer se em tudo,
eternamente prenhe de planos excelentes, idéias, projetos, métodos, etc. Seu
mais alto ideal era, na maioria dos casos, formar um comitê que, como órgão
fiscalizador, deveria imiscuir se, como perito, no trabalho correto dos outros.
Quão prejudicial e pouco conforme ao nacional socialismo era que a gente que
nada sabe de uma determinada coisa estivesse continuamente contrariando homens
realmente competentes, nunca entrou na consciência daqueles entusiastas de
comitês. Julguei meu dever defender, naqueles tempos, todas as forças eficientes
do movimento, sobre as quais recaíam todas as responsabilidades, contra
semelhantes elementos, de garantir-lhes o necessário apoio e um campo de
atividade em que pudessem, continuar a
trabalhar.
O melhor meio de tornar inofensivos
esses comitês que nada faziam ou somente amontoavam resoluções impraticáveis,
era distribuir-lhes um trabalho verdadeiro. Era cômico o constatar-se como tal
comitê desaparecia, como por encanto, não sendo mais encontrado em parte alguma.
Lembrava-me, naquelas ocasiões, da mais imponente das instituições desse- gênero
do Reichstag. Como rapidamente desapareciam repentinamente todos, quando se lhes
confiava, em lugar das discurseiras de costume, um verdadeiro trabalho, isto é,
um trabalho que cada um destes tagarelas pessoalmente teria de executar com
responsabilidade própria.
Já naquele tempo
exigi que, como na vida particular, também a respeito do movimento, se deveria
buscar, dentro dos diferentes setores, o empregado, administrador ou gerente
evidentemente capaz e honesto. Depois disso, dever-se-ia conferir-lhe a
autoridade e a liberdade de ação incondicionais a respeito dos seus
subordinados, e, ao mesmo tempo, exigir deles responsabilidade ilimitada para
com os seus superiores. Ninguém pode ter autoridade sobre subordinados sem
pessoalmente conhecer o trabalho em questão. No curso de dois anos, logrei cada
vez maior êxito com essa prática, hoje aceita como natural no nosso movimento,
pelo menos no que diz respeito à suprema
direção.
O êxito desta atitude tornou-se
evidente no dia 9 de novembro de 1923. Quando, quatro anos antes, entrei para o
movimento, não existia um simples carimbo. No dia 9 de novembro de 1923, foi
dissolvido o Partido e confiscada sua fortuna. Esta montava, incluindo todos os
objetos de valor e o jornal, em mais de cento e setenta mil marcos ouro.
CAPÍTULO XII - A QUESTÃO SINDICAL
O
rápido crescer do movimento obrigou-nos, no ano de 1922, a tomar-mos posição em
torno de um problema que, ainda hoje, não está totalmente
solucionado.
Em nossas tentativas de estudarmos
os métodos que, de maneira mais fácil e mais rápida, poderiam abrir caminho para
levar o movimento ao coração das grandes massas, chocamo-nos sempre com a
objeção de que o operário nunca nos pertenceria completamente, enquanto a defesa
dos seus interesses na esfera puramente econômica e profissional permanecesse em
mãos de pessoas orientadas de maneira diversa da nossa e a sua organização
política estivesse sob a influência das
mesmas.
É claro que muita coisa falava a favor
dessa objeção. O operário que exercia a sua atividade em uma fábrica, não podia,
segundo a convicção geral, de modo nenhum existir, se não se tornasse membro de
um sindicato. Não era apenas a sua importância profissional que parecia
protegida por esse meio; também a estabilidade de sua posição na fábrica, só era
concebível sendo ele filiado a um sindicato. A maioria dos operários fazia parte
de uniões sindicais. Essas tinham, em geral, defendido as lutas pelo salário e
concluído pactos tarifários, os quais, agora, iam assegurar ao operário um
rendimento determinado. Indubitavelmente os resultados dessa luta eram
favoráveis a todos os operários da fábrica, e, para o homem honesto,
especialmente, iriam surgir conflitos de consciência, se porventura ele viesse a
partilhar do salário obtido a custa de luta pelos sindicatos, tendo, entretanto,
pessoalmente, permanecido alheio à mesma.
Com o
tipo. normal do empreiteiro burguês mui difícil era o poder-se falar acerca
desse problema. Eles não tinham a compreensão (ou não queriam tê-la) do lado
material da questão e nem tão pouco do lado moral. Finalmente, todos os
pretensos interesses econômicos especiais falam, na verdade, de antemão, contra
toda e qualquer concentração organizadora das forças de trabalho deles
dependentes, de sorte que, já por esse motivo, na maioria deles, dificilmente se
pode formar um juízo imparcial. Portanto, nesse caso, como aliás em muitos
outros, é necessário que a gente se dirija aos que estão de fora, os quais não
sucumbem à tentação de, estando na Igreja, não ver os santos. Esses, depois, com
boa vontade, lograrão compreensão mais fácil para um assunto que, de uma maneira
ou de outra, pertence ao número dos mais importantes da nossa vida do presente e
da nossa vida futura.
Já me manifestei no
primeiro tomo acerca da natureza, finalidade e necessidade dos sindicatos.
Adotei ali o ponto de vista de que, enquanto não surgir uma mudança na atitude
do patrão com relação ao emprega do, seja por meio de medidas do Estado (as
quais, geralmente, são em sua maioria infrutíferas), seja por meio de uma
reeducação geral, ao operário não restará outra coisa senão defender ele mesmo
os seus interesses apelando para o direito que lhe assiste como parte
contratante de igual valor na vida econômica. Acentuei mais que em uma tal
defesa repousaria, absolutamente, o sistema duma comunidade nacional inteira, se
por meio dela lograssem ser evitadas injustiças sociais que pudessem trazer como
conseqüência prejuízos graves para a comunhão geral de um povo Expliquei mais
ainda que essa necessidade deverá ser considerada como existente, enquanto
houver entre os patrões homens que não possuem em si sentimento, já não direi de
deveres sociais, mas até mesmo dos mais comezinhos direitos humanos. Tirei daí a
conclusão de que, desde o instante em que uma tal autodefesa seja considerada
necessária, sua forma, analogicamente, só pode consistir em uma concentração dos
empregados em bases sindicais.
Quanto a
concepção geral nada se modificou em mim no ano de 1922, Mas, na verdade,
teve-se então de procurar uma fórmula dai-a e determinada para a atitude a ser
tomada em face desse problema. Não se tratou, daí por diante, de se contentar a
gente, apenas, com reconhecimentos, mas foi necessário que se tirassem deles
conclusões de ordem prática.
Tratava-se de
responder às seguintes perguntas:
1. Os
sindicatos são necessários?
2. Deve o N. S. D.
A. P. (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães) exercer sua
atividade sindicalmente ou conduzir os seus membros a exercerem uma tal
atividade em qualquer outra forma?
3. De que
espécie deve ser um sindicato nacional socialista? Quais são as nossas tarefas e
os seus objetivos?
4. Como chegaremos a tais
sindicatos?
Creio ter respondido à primeira
pergunta à saciedade. Tais como se encontram as coisas, hoje em dia, de acordo
com a minha maneira de pensar, os sindicatos não podem ser dispensados. Pelo
contrário, pertencem eles ao número das instituições mais importantes da vida
econômica da nação. Mas a sua importância não repousa apenas na esfera político
social, e sim, e em grau maior, em um setor político-nacional geral. Pois um
povo, cujas extensas massas obtêm, por meio de um movimento sindical bem
orientado, satisfação para as necessidades de sua vida, mas ao mesmo tempo
educação, também, alcançará por esse meio uma força de resistência enorme em sua
luta pela existência.
Os sindicatos são
necessários, sobretudo, como pedra fundamental do futuro parlamento econômico e,
relativamente, das câmaras de classes.
A
segunda pergunta já não é tão fácil de ser respondida. Se o movimento sindical é
importante, então é claro que o nacional socialismo deve tomar a sua posição não
apenas teoricamente, mas também praticamente. Na verdade, o como já é mais
difícil de explicar.
O movimento nacional
socialista, que tem em mira o Estado nacional socialista racista, não deve
alimentar a menor dúvida de que todas as instituições futuras desse Estado
deverão surgir de dentro do próprio movimento. É um erro gravíssimo acreditar
que a gente possa, de repente, apenas de posse do poder, empreender uma
reorganização, sem já dispor antecipadamente de um punhado de homens, cujo
caráter, antes de tudo, esteja firmemente nos mesmos princípios. Aqui, também,
tem valia o princípio de que, mais importante do que a forma exterior, a qual
pode ser criada mecanicamente, muito depressa, permanece sendo sempre o espírito
que enche uma tal forma. Autoritariamente pode-se, na verdade, enxertar, por
exemplo, em organismo estatal o princípio "führeriano", de maneira ditatorial.
Mas esse só adquirirá vida se, em sua própria evolução, se tiver formado nas
mínimas coisas, paulatinamente, a si mesmo e pela constante seleção que põe
diante de si, ininterruptamente, a dura realidade da vida, receber, no decurso
de muitos anos, o material dirigente necessário à execução desse
princípio.
Assim sendo, não se deve imaginar
seja possível se logre tirar de uma pasta, assim sem mais aquelas, o projeto de
uma nova constituição e se ponha à luz do dia e, depois, por uma decisão
autoritária, se possa "introduzir" de cima. Tentativas nesse sentido, se poderão
fazer, é claro, mas o resultado não terá capacidade de vida, e sim que será,
seguramente, uma criança natimorta. Isso me faz lembrar perfeitamente a
Constituição de Weimar e a tentativa de outorgar ao povo alemão uma nova carta
constitucional e unia nova bandeira, constituição essa que não se achava em
conexão alguma com os acontecimentos vividos pelo nosso povo no último meio
século.
Também o Estado nacional socialista
deve se precaver contra tais experiências. Ele poderá evoluir organicamente de
uma organização já há muito tempo existente. Essa organização deve possuir em
si, originariamente, vida nacional socialista, para, finalmente, criar um Estado
nacional socialista vivo.
Como já foi
acentuado, os núcleos das câmaras econômicas estarão contidos nas diversas
representações profissionais, portanto, antes de tudo, nos sindicatos. Mas se
essa posterior representação de classes e o parlamento econômico central tiverem
de representar uma instituição nacional socialista, então haverá mister que
também esses importantes núcleos sejam portadores de uma opinião e de uma
concepção nacional socialistas. As instituições do movimento serão transportadas
para o Estado, mas o Estado não pode assim, repentinamente, tirar do nada, por
artes mágicas, instituições correspondentes, a não ser que elas tenham de ficar
sendo figuras absolutamente destituídas de
vida.
Já desse ponto de vista máximo, o
movimento nacional socialista deve reconhecer a necessidade de uma atividade
sindical própria.
Ele o deve ainda mais pelo
fato de que uma educação realmente nacional socialista, tanto do empregador como
do empregado, no sentido de uma articulação de ambos os lados na moldura geral
da comunidade nacional não se realizará mediante doutrinamentos teóricos,
proclamações ou advertências, mas por meio da luta da vida quotidiana. Nela e
por ela o movimento tem de educar os diferentes grupos econômicos e, nos grandes
pontos de vista, aproximá-los uns dos outros. Sem um trabalho preparatório desse
gênero, qualquer esperança na durabilidade de uma verdadeira comunidade nacional
futura fica sendo ilusão brilhante, somente o grande ideal de concepção do
universo que o movimento defende, poderá ir formando lentamente aquele estilo
geral, o qual, então, nos novos tempos, há de aparecer como um estilo de
fundamentos interiores realmente firmes e não como um estilo feito apenas
exteriormente.
A resposta à terceira Pergunta
resulta do dito anteriormente. O sindicato nacional socialista não é órgão de
luta de classe, mas um órgão da representação profissional. O Estado nacional
socialista não conhece classes", mas, sob o aspecto político, apenas cidadãos
com direitos absolutamente iguais e, por conseguinte, deveres gerais também
iguais e ao lado disso membros do Estado que, do ponto de vista político
estatal, porém, são absolutamente sem
direitos.
O sindicato, na maneira de entender
nacional socialista, não tem por missão o transformar em uma classe,
paulatinamente, determinados homens concentrados no seio de uma corporação
nacional, para depois ir com ela travar luta contra elementos organizados de
maneira idêntica no seio da comunidade nacional, Essa missão não a podemos,
aliás, atribuir ao sindicato, mas ela lhe será distribuída no instante em que
ele se transformar em instrumento de luta do marxismo. Não o sindicato cm si é
que é "lutador de classes", mas o marxismo é que fez dele um instrumento para a
luta de classes. Ele criou as armas econômicas de que se utiliza o judaísmo
internacional para arruinar as bases econômicas dos Estados nacionais livres,
independentes, para aniquilamento da sua indústria nacional e do seu- comércio
nacional e por conseqüência para a escravização de povos livres ao serviço do
judaísmo financeiro universal, super-estata1, o sindicato nacional socialista
tem, por conseguinte, de aumentar a segurança da economia nacional, mesmo por
meio da concentração organizadora de determinados grupos de participantes do
processo econômico nacional, e de robustecer as forças dessa economia nacional,
por meio da eliminação retificadora de todas os situações embaraçosas que, em
suas últimas conseqüências fenomenológicos, obram de maneira destruidora sobre a
nação, a força viva da comunidade nacional, mas com isso, também, causa danos ao
Estado e, no fim de contas, leva a economia à desgraça e à
corrupção.
Para o sindicato nacional
socialista, portanto, a greve não é um meio de destruição e abalo da produção
nacional, mas, pelo contrário, meio para o seu aumento e o seu escoamento
mediante o combate a todas as situações embaraçosas que, em conseqüência do seu
caráter anti-social, entravam a capacidade da economia e consequentemente a
existência da comunidade, Pois a capacidade do indivíduo está sempre em ligação
causativa com a posição jurídica e social geral que ele adota dentro do processo
econômico e com o reconhecimento que, somente dai, resulta da necessidade de
florescimento desse processo para a sua própria
vantagem.
O empregado nacional socialista deve
saber que o florescimento da economia nacional importa na sua própria felicidade
material. O empregador nacional socialista deve saber que a felicidade e o
contentamento dos seus empregados é a pressuposição necessária para a existência
e evolução da sua própria grandeza
econômica.
Empregadores e empregados
nacionais-socialistas são, ambos, encarregados e procuradores da comunidade
nacional toda. A elevada medida de liberdade pessoal, que lhes é outorgada em
seu agir, é explicável pelo fato de que, de acordo com a experiência, a
capacidade do indivíduo é aumentada mais com a concessão de ampla liberdade do
que com a coação vinda de cima e é, também, apropriada para impedir que o
processo de seleção natural, que deve ser facilitado aos mais hábeis, aos mais
capazes e aos mais diligentes, seja
entravado.
Para o sindicato nacional
socialista, portanto, a greve é um meio que, só pode ser empregado e, na
verdade, só o deve ser, enquanto não existir o Estado nacional socialista. Este,
de fato, deverá tomar a seu cargo, em lugar da grande luta em massa dos dois
grandes grupos - Empregadores e Empregados - (luta que prejudica a comunidade
nacional toda em conseqüência da diminuição da produção que ela acarreta) o
cuidado e a proteção dos direitos de todos. As Câmaras Econômicas, propriamente
ditas, caberá o dever de conservar em andamento a economia nacional e de
eliminar essas faltas e erros prejudiciais. O que, hoje em dia, é disputado na
luta e nos combates de milhões, sê-lo-á, no futuro, nas câmaras de classes e no
parlamento econômico central, aí deverá encontrar a sua solução. Com isso os
empresários e operários não se lançarão furiosamente mais uns contra os outros
em luta tarifária e salarial, prejudicando a existência econômica de ambos, mas
entregam a solução desse problema a uma autoridade mais alta, a qual deve ter
sempre a flutuar diante dos seus olhos, em letras bem luminosas, o bem-estar da
comunidade nacional e do Estado.
Também aqui,
como aliás em toda parte, tem de valer o princípio brônzeo de que, em primeiro
lugar, vem a pátria e depois, então, o
partido.
A missão do sindicato nacional
socialista é a educação e a preparação para esse objetivo que, então, se define:
Trabalho em comum de todos, para a manutenção e segurança do nosso povo e do
nosso Estado, de acordo com as aptidões e forças inatas do indivíduo e as que
ele vem a adquirir por educação, através da comunidade
nacional.
A quarta pergunta: Como chegarmos a
esses sindicatos? parece, pelo seu lado, ser a mais difícil de
responder.
É mais fácil, em geral, lançar um
alicerce em uma terra virgem do que em uma região que já possui um alicerce
parecido. Em um lugar em que ainda não existe um negócio de uma determinada
espécie, pode-se, facilmente, organizar um nessas condições. Mais difícil se
torna isso quando já se encontra aí uma empresa semelhante, e dificílimo quando,
além disso, coexistam circunstâncias, em virtude das quais somente um logra
florescer. Pois aqui os fundadores se encontram diante da tarefa de, não apenas
introduzir seu próprio negócio novo, mas de serem obrigados, para que possam
subsistir, a aniquilar o que anteriormente já se encontrava no
lugar.
Um sindicato nacional socialista, lado a
lado de outros sindicatos, é coisa inadmissível. Pois ele, também, deve se
sentir compenetrado da sua missão possuidora de uma concepção do mundo e da
intolerância que decorre desse dever inato, com relação a outras formações
análogas ou hostis e da acentuação da necessidade exclusivista do seu próprio
Eu. Não há aqui, também, entendimentos, nem compromissos, com aspirações afins,
mas tão somente a manutenção do direito único e
exclusivo.
Há, apenas, dois caminhos para se
atingir essa evolução.
1. Poder-se-ia fundar um
sindicato próprio e, depois, paulatinamente, empreender a luta contra os
sindicatos marxistas internacionais, ou se
poderia
2. penetrar nos sindicatos marxistas e
tratar, então, de imbui-los totalmente com o novo espírito e transformá-los,
relativamente, em instrumentos do novo mundo de idéias. Contra o primeiro
recurso falam as seguintes ponderações: nossas dificuldades financeiras eram,
naquele tempo, sempre mais graves os meios que tínhamos à disposição,
absolutamente sem importância. A inflação paulatina, mas sempre crescente,
agravava a situação pela circunstância de que, nesses anos, se poderia falar de
uma utilidade material tangível do sindicato para o seu membro. O operário, de
per si, considerado desse ponto de vista, não tinha, absolutamente, motivo algum
para fazer contribuições monetárias para o sindicato. Mesmo os sindicatos
marxistas existentes estavam quase às portas da falência, até que, em virtude da
genial ação do Ruhr do senhor Cuno, os milhões lhes caíram, subitamente no seio.
Esse chanceler federal, sedicente "nacional", pode ser designado como o salvador
dos sindicatos marxistas.
Com tais
possibilidades financeiras é que nós não podíamos contar nessa ocasião; e não
podia seduzir a ninguém o entrar em um sindicato que, em conseqüência da sua
impotência financeira, não teria podido lhe oferecer a mínima coisa. Por outro
lado, devo eu me defender, incondicionalmente, de criar em uma dessas novas
organizações apenas uma sinecura para espíritos, mais ou menos,
grandes.
Aliás, a questão pessoal desempenha o
papel maior de todos. Não dispunha, outrora, de nem sequer uma cabeça a que eu
teria confiado a solução desse momentoso tema. Quem, naquele tempo, tivesse
realmente arruinado sindicatos marxistas a fim de, em. lugar dessa instituição
da luta de classes aniquiladora, colocar a idéia do sindicato nacional
socialista e contribuir para a sua vitória, esse pertence ao número dos
verdadeiros grandes homens do nosso povo e seu busto deverá, um dia, ser
dedicado à posteridade, no Walhalla de
Regensburg.
Mas eu não conheci nenhum crânio
que tivesse se adaptado a uma tal peanha.
É
absolutamente falso, sob esse aspecto, o deixar-se transviar pelo fato de que os
sindicatos internacionais dispõem até mesmo de meras cabeças medianas. Isso na
realidade não diz nada; pois quando esses sindicatos foram fundados, outrora,
não havia outros. Hoje o movimento nacional socialista tem de lutar contra uma
organização gigantesca já existente há muito tempo e bem construída em seus
mínimos detalhes. Mas o conquistador deve sempre ser mais genial do que o
defensor, ele quer vencer a este. A fortaleza sindical marxista, hoje em dia,
pode, na verdade, ser administrada por bonzos comuns; mas assaltada ela só o
será pela selvagem energia e pela capacidade de uma grandeza extraordinária
colocada do lado oposto. Se não se encontrar uma tal, é coisa destituída de
objetivo o estar-se a contender com o destino, e ainda muito mais insensato o
querer forçar a coisa com sucedâneos
inadmissíveis.
Aqui se trata de valorizar o
conhecimento de que, na vida, é melhor, muitas vezes, o deixar de lado uma
causa, do que começá-la só pela metade. por falta de forças
apropriadas.
Uma outra ponderação que, na
verdade, não se deveria designar como demagógica, surge ainda aqui. Eu possuía,
outrora, e possuo ainda hoje, a convicção inabalável de que é perigoso o ligar
uma grande política de concepções filosóficas, demasiado prematuramente, com
assuntos econômicos. Isso vale especialmente para o nosso povo alemão. Pois
aqui. em um tal caso, a luta econômica roubará energias em seguida à luta
política. Assim como o povo já chegou à convicção de que, por meio de economia,
ele poderá obter uma casinha, ele irá se dedicar apenas a essa tarefa, e não lhe
restará mais tempo algum para a luta política contra aqueles que, mais dia menos
dia, pensam em lhe subtrair de novo os mil-réis economiza. dos. Em vez de
pelejarem na luta política pela opinião e convicção adquiridas, dirigir-se-á
ele, então, apenas para a sua idéia de "colonização", e no fim de contas, em sua
maioria, ficarão a ver navios.
O movimento
nacional socialista está, hoje, no início da sua luta. Em sua maior parte deve
ele primeiro formar a sua concepção filosófica e completá-la. Ele tem que
pelejar com todas as suas energias pela realização dos seus grandes ideais e um
sucesso só é admissível se todas as forças entraram, sem exceção, a serviço
dessa luta. Mas o quanto a ocupação somente com problemas econômicos, pode
paralisar a força ativa de luta, vemos, justamente hoje, em um exemplo clássico
à nossa frente:
A revolução de novembro de 1918
não foi feita por sindicatos, mas realizou-se contra eles. E a burguesia alemã
não moveu uma luta pelo futuro alemão, porque esse futuro no trabalho
construtivo da economia parece suficientemente
garantido.
Devemos aprender com essas
experiências; pois conosco também as coisas não se passariam de outra maneira.
Quanto mais nós concentramos a força toda do nosso movimento na luta política,
tanto mais depressa poderemos contar com o sucesso em tida a linha; mas quanto
mais nós, prematuramente, nos sobrecarregarmos com problemas de sindicatos,
colonização e outros semelhantes, tanto mais limitada será a vantagem para a
nossa causa, considerado de uma maneira geral. Pois, por mais importantes que
essas circunstâncias o sejam, a sua realização só. poderá aparecer em grande
extensão, quando estivermos em condições de colocar o poder público a serviço
desses pensamentos. Até lá esses problemas o que farão é tanto mais paralisar o
movimento, quanto mais cedo ele se ocupar dessas coisas e tanto mais fortemente
a sua vontade ideal se tornaria prejudicada. Poderia se dar facilmente o caso de
que movimentos sindicais passassem a governar o movimento político, em lugar da
concepção nacional socialista forçar o sindicato a seguir o seu
rumo.
Utilidade real para o movimento, como
para o nosso povo em geral, porém, só pode surgir de um movimento sindical
nacional socialista, se esse já estiver tão fortemente embebido das nossas
idéias nacional socialistas que ele não corra mais perigo de seguir as pegadas
marxistas. Pois um sindicato nacional socialista, que visse como sua missão
apenas a concorrência aos marxistas, seria pior do que nenhum. Ele tem de
declarar a sua luta ao sindicato marxista, não apenas como organização, mas,
antes de tudo, como idéia. Ele deve encontrar nele o pregoeiro da luta de
classes e da idéia de classes e deve se tornar, em lugar deles, o guardião dos
interesses profissionais dos cidadãos
alemães.
Todos esses pontos de vista falavam,
outrora, e falam ainda hoje, contra a fundação de sindicatos próprios, seria
preciso que surgisse, subitamente, uma cabeça evidentemente designada pelo
destino para solução desse problema.
Assim
sendo, havia, apenas, duas outras possibilidades: ou recomendar aos próprios
correligionários que saíssem dos sindicatos, ou permanecessem neles até aqui
para agirem aí de maneira mais destrutiva
possível.
De uma maneira geral eu recomendei
esse último recurso. Especialmente no ano de 1922 e no ano de 1923, podia-se
levar a cabo isso sem mais delongas; pois a vantagem financeira que durante o
tempo da inflação, o sindicato, em conseqüência da juventude do nosso movimento,
dispunha em suas fileiras de sócios não muito numerosos, era quase nulo. Mas o
prejuízo para ele foi muito grande, pois os partidários nacionais socialistas
eram os seus críticos mais agudos e por isso os seus destruidores
internos.
Nessa ocasião impugnei, inteiramente,
todas as experiências que já de antemão traziam em si o fracasso. Eu teria
considerado como um crime, tirar do ganho escasso de um operário qualquer soma
para uma instituição, de cuja utilidade para os seus membros eu não possuía
convicção íntima.
Se um novo partido político
um dia torne a desaparecer, isso mal chega a ser um dano, mas quase sempre uma
vantagem, e ninguém tem o direito de se lamentar por causa disso; pois, o que o
indivíduo dá a um movimento político, ele o dá a fonds perdu. Mas quem faz as
suas contribuições para um sindicato tem direito ao cumprimento de uma
compensação a ele assegurada. Se as contas não são ajustadas com ele, então os
organizadores de um tal sindicato são embusteiros, ou quando menos pessoas
levianas, que devem ser chamadas à
responsabilidade.
De acordo com essa maneira de
ver foi que, no ano de 1922, agimos assim também. Outros julgaram isso
aparentemente melhor e fundaram sindicatos. Eles nos exprobraram da falta de um
tal sindicato como o sintoma mais evidente da nossa visão errônea e limitada.
Entretanto, não se passou muito tempo até que essas instituições mesmas
desaparecessem a sua vez, de sorte que a situação final era a mesma que a
nossa.
Somente com a diferença que nós nem nos
enganáramos e nem aos outros.
CAPÍTULO XIII - FOLÍTICA DE ALIANÇA DA ALEMANHA APÓS A
GUERRA
A confusão reinante na direção da
política externa do Reich, a falta de orientação segura na política de alianças,
não só continuou com a Revolução mas até piorou. Se antes da Guerra, a confusão
geral de idéias foi o motivo principal da má orientação do nosso governo em
matéria de política externa, depois da Guerra foi a falta de boa vontade a causa
de situação idêntica. Era natural que aqueles meios que, com a Revolução, viram
afinal alcançados os seus objetivos destruidores, não pudessem ter qualquer
interesses em uma política de alianças cujo resultado final devia ser a
reconstrução de um Estado alemão livre. Não somente uma tal evolução estaria em
contradição com as idéias do atentado de novembro, mas assim se interromperia ou
mesmo se anularia o plano de internacionalização da economia alemã. Por outro
lado, o efeito político interno de uma reconquista da liberdade na política
externa seria fatal, no futuro aos atuais detentores do poder. Mal se pode fazer
idéia do ressurgimento de um povo sem uma nacionalização prévia do mesmo. Por
outro lado, todo grande sucesso político externo forçosamente tem esse
resultado. É um fato sabido que qualquer combate pela liberdade resulta em um
fortalecimento do sentimento nacional, da consciência da dignidade própria e
também em um sentimento mais acentuado contra elementos e esforços
anti-nacionalistas. Situações e pessoas que, em tempos pacíficos, são toleradas
e, muitas vezes, até passam desapercebidas, encontram, em momentos de entusiasmo
nacional, não somente repulsa mas até uma resistência, que freqüentemente, lhes
é fatal. Basta que nos lembremos, por exemplo, do receio que todos tinham dos
espiões que, no momento de estalar a Guerra, no fervor das paixões humanas, eram
levados às mais brutais e injustificadas perseguições. No entanto, todos,
facilmente, se poderiam convencer de que o perigo da espionagem, durante os
longos tempos de paz, é muito maior, embora não desperte, nas mesmas proporções,
a atenção geral.
Por seu instinto apurado, os
parasitas de Estado, trazidos à tona pelos acontecimentos de novembro, já estão
prevendo a sua própria destruição, por um combate pela liberdade do nosso povo,
apoiado em uma sábia política de alianças e no alvoroço de paixões nacionais
inflamadas por essa política.
Assim se
compreende por que os detentores do poder, desde 1918, falharam quanto à
política externa e porque a direção de Estado se opunha, quase sempre
premeditadamente, aos interesses da nação alemã. O que, à primeira vista, podia
parecer como não obedecendo a nenhum plano, aparece, após exame mais detido,
como a conseqüência lógica da orientação tomada publicamente pela Revolução de
novembro de 1918.
Verdade é que, nesse caso,
deve-se distinguir entre os chefes responsáveis ou, melhor, "os que deveriam ser
responsáveis" pelos negócios públicos, entre a média dos politiqueiros
parlamentares e o grande e estúpido rebanho do nosso povo, de paciência de
carneiros.
Uns sabem o que querem. Os outros ou
os acompanham conscientemente ou porque são covardes de mais para oporem-se
firmemente a fatos cuja nocividade compreendem. Outros ainda se submetem por
incompreensão e estupidez.
Enquanto o Partido
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães tinha a extensão de um pequeno
grupo, pouco conhecido, podia-se compreender que os problemas da política
externa tivessem importância secundária ria opinião de certo número de
partidários. No seio do nosso movimento sempre foi e devia ser propagada a idéia
fundamental de que a liberdade externa não é proporcionada como presente do céu
ou de poderes terrestres, mas só pode ser o fruto de um esforço interno. Só o
afastamento das causas do nosso desmoronamento e o aniquilamento dos
aproveitadores do mesmo, pode tornar possível o combate pela liberdade
externa.
Em conseqüência de tais pontos de
vista, pode se compreender porque, nos primeiros tempos, o valor das questões da
política externa em comparação com as intenções de reformas internas, foi
relegado a segundo plano.
Logo que se alargou o
quadro da pequena e insignificante união, e a nova formação adquiriu a
importância de uma grande associação, resultou também a necessidade de se tomar
atitude em face das questões de política externa. Tratava-se de estabelecer
diretrizes que não somente não fossem contrárias aos princípios fundamentais da
nossa doutrina, como até representassem uma conseqüência desse modo de
pensar!
Justamente da falta de educação do
nosso povo, em política externa, resulta, como dever do novo movimento,
facilitar, mediante diretrizes gerais, tanto a cada um dos diferentes chefes
como à grande massa, uma maneira de pensar a respeito da política a adotar, que
seja a condição indispensável para qualquer futura realização prática no sentido
da recuperação da liberdade do nosso povo e de uma soberania efetiva o
Reich.
O princípio essencial que, no julgamento
desta questão, sempre devemos ter presente é que a política a externa é apenas
um meio para se chegar a uma finalidade, e que o objetivo final é exclusivamente
o progresso da nossa própria nacionalidade. Nenhuma deliberação em política
externa deve ser tomada senão deste ponto de vista: resulta isso em proveito
imediato ou futuro da nossa nação ou será prejudicial à
mesma?
Essa é a única prevenção que deve
prevalecer no tratamento dessa questão. Pontos de vista político partidários,
religiosos, humanitários, ou quaisquer outros devem ser
afastados.
Se, antes da Guerra, a política
alemã externa tinha o dever de assegurar a alimentação do nosso povo, pelos
meios que pudessem conduzir a esse fim, como a solidariedade com aliados
eficientes, o seu dever de hoje é o mesmo, apenas com esta diferença: antes da
Guerra tratava-se da conservação da nacionalidade alemã, tendo-se em
consideração a força viva do Estado independente, hoje deve-se, primeiro,
recuperar para o povo a força, na forma de um Estado livre, que é a condição
essencial para a direção posterior de uma política externa prática no sentido da
conservação, da alimentação e do progresso do nosso
povo.
Em outras palavras: O fim atual de uma
política alemã externa deve ser a preparação para a recuperação da
liberdade.
Nisso não se deve deixar de observar
um princípio fundamental: a possibilidade de recuperar a independência de um
povo não depende absolutamente dos limites territoriais mas sim da existência de
uma base, por menor que seja, desse povo e desse Estado, capaz de dispor da
necessária liberdade, de ser a personificação não somente da comunidade
intelectual da nação inteira, mas também o preparador para o combate militar em
favor da independência.
Se um povo de cem
milhões tolera o jugo da escravidão, só para conservar a integridade do Estado,
isso é pior do que se tal Estado ou tal povo tivesse sido destroçado e se
tivesse conservado somente uma parte do mesmo a liberdade completa. Isso,
naturalmente, na hipótese de que esta última somente de apregoar
ininterruptamente a união intelectual e cultural mas também de preparar, pelas
armas, a definitiva libertação e de reunir novamente as partes
oprimidas.
Além disso, não nos devemos esquecer
que o problema da recuperação de partes perdidas do território de uma nação
consiste, em primeiro lugar, na reconquista do poder político e da independência
da Pátria, que, portanto, em um tal caso, os interesses de territórios perdidos
devem ser absolutamente postos de lado, visando-se apenas o interesse da
recuperação da liberdade nacional. Pois a libertação de partes isolados de uma
raça ou de províncias de um Estado não se realiza em virtude do desejo dos
oprimidos ou de protestos, mas sim pelos recursos de força dos remanescentes,
conservados mais ou menos independentes, da primitiva pátria
comum.
Portanto, a condição essencial para a
recuperação de territórios perdidos é o fortalecimento do território que se'
conservou livre e a resolução inabalável de pôr, no momento oportuno, a nova
força adquirida ao serviço da libertação e da união de toda a nacionalidade. Em
resumo, deve-se adiar a defesa dos interesses dos territórios conquistados, e
ver apenas o interesses de conseguir para a nação um poder e força políticos
absolutamente necessários para a correção da obra do vencedor inimigo. Povos
subjugados não serão reconduzidos ao seio da Pátria comum por meio de protestos
ardentes, mas mediante uma espada
eficiente.
Forjar essa espada é a missão dos
dirigentes da política interna de um povo; assegurar o funcionamento da forja e
preparar companheiros de combate é o dever da direção e política
externa.
No primeiro volume dessa obra
ocupei-me da fraqueza da nossa política de aliança de antes da Guerra. Dos
quatro caminhos que se ofereciam para a conservação da nossa nacionalidade e
alimentação do nosso povo, tinha-se escolhido justamente o menos vantajoso. Em
lugar de fazer se uma sã política territorial européia, preferiu-se uma política
colonial e econômica. Isto era tanto mais errado quanto se acreditava poder
assim evitar-se uma decisão pelas armas. O resultado dessa tentativa de querer
apoio em vários lados foi a queda, como sempre acontece em casos idênticos. A
guerra mundial foi apenas a última conseqüência que o Reich sofreu em
conseqüência de sua má direção.
O melhor
caminho já naquele tempo teria sido: o reforçamento do poder no Continente
mediante a aquisição de novos territórios na Europa, com o que justamente se
teria alcançado a possibilidade de uma futura política colonial. Na realidade,
aquela política só teria sido possível em aliança com a Inglaterra ou levando a
força militar a um desenvolvimento tal que, por quarenta a cinqüenta anos,
prejudicaria todos os objetivos culturais. A importância cultural de uma nação
quase sempre está ligada à liberdade política e à independência da mesma, e,
consequentemente, é esta a condição sine qua non para a garantia de sua
existência.
Por esse motivo, todo sacrifício em
favor da liberdade política é perfeitamente justificado, o sacrifício dos
interesses culturais por uma preparação militar será grandemente compensado.
Pode-se mesmo dizei- que, depois de um esforço concentrado no sentido da
conservação da independência nacional, geralmente se verifica uma surpreendente
expansão das forças culturais da nação até então relegadas a segundo plano. O
perigo das guerras dos Persas provocou o florescimento do século de Péricles e,
devido às inquietações das guerras púnicas, começou o Estado romano a
preocupar-se com uma cultura mais elevada.
É
claro que não se pode confiar à força de resolução de uma maioria de idiotas
parlamentares a subordinação incondicional de todos os demais interesses de uma
nação ao dever único da preparação militar para a segurança do Estado. Só o pai
de Frederico, o Grande, seria capaz de sacrificar todos os demais problemas ao
da preparação militar, mas os pais da nossa parlapatice parlamentar de cunho
judaico não são capazes disso.
Só por esse
motivo, a preparação militar, antes da Guerra, visando uma conquista territorial
na Europa, era quase impossível, sem uma inteligente política de
alianças.
Como, em geral, não se cogitava
absolutamente de uma preparação sistemática para a guerra, renunciou-se à
política de conquistas territoriais na Europa e sacrificou-se, com a política
colonial e econômica, a natural aliança com a Inglaterra, aliás perfeitamente
possível. Não se cogitou, como seria lógico, de um apoio na Rússia, e, por isso,
ficamos isolados, apoiados apenas, na Guerra, pelos doentes
Habsburgos.
A nossa política internacional não
possui uma diretriz que a caracterize. Se, antes da Guerra, tomava-se
erradamente o quarto caminho, para segui-lo indecisamente, depois da Revolução
nem para os olhos mais perspicazes seria possível descobrir uma orientação. Mais
do que antes da Guerra, faltava qualquer plano regular, a não ser o de tentar
aniquilar a última possibilidade de uma ressurreição do nosso
povo.
Um exame imparcial das relações das
potências européias leva-nos às seguintes conclusões:
Durante trezentos anos,
a história do nosso continente caracterizou-se pela tentativa da Inglaterra de
cercar-se da necessária garantia contra coalizões de potências que pudessem
perturbar os seus planos de política mundial.
A
tendência tradicional da diplomacia britânica, com a qual, na Alemanha, só pode
ser comparada a tradição do exército prussiano, era, desde o governo da rainha
Elisabeth, impedir, por todos os meios, que qualquer uma das grandes potências
européias se elevasse de maneira a tornar-se predominante. E, para alcançar esse
objetivo, não recuaria nem mesmo ante intervenções militares. Os meios que a
Inglaterra em tal caso costumava empregar, variavam, segundo a situação
existente ou o problema a resolver, mas a firmeza de resolução era sempre a
mesma. Quanto mais difícil era a situação da Inglaterra tanto mais necessário
parecia ao governo inglês a conservação do statu quo das diferentes forças da
Europa, mantendo-se as rivalidades entre as mesmas. A independência política da
antiga colônia norte-americana, com o tempo, deu lugar a que o governo britânico
dispendesse os maiores esforços para garantir a sua política
continental.
Depois que a Espanha e os
Países-Baixos deixaram de ser grandes potências marítimas, as forças do Estado
inglês concentraram-se contra a elevação da França à posição de grande potência,
até que, finalmente, com a queda de Napoleão I, a hegemonia desse poder militar,
o mais perigoso para a Inglaterra, parecia para sempre
destruída.
A mudança de orientação da
diplomacia inglesa a respeito da Alemanha foi um processo lento, porque a
Alemanha, em conseqüência da sua falta de unidade, não oferecia nenhum perigo
para a Inglaterra. A opinião pública, uma vez preparada por meio de propaganda
para um fim político determinado, somente aos poucos toma novos rumos. As
opiniões dos estadistas transformam-se, no espírito do povo, em valores
sentimentais que não só são mais eficientes na sua atuação, mas também resistem
à ação do tempo. Assim o estadista, depois de ter alcançado seu objetivo,
facilmente muda de idéias; a massa, porém, só depois de uma lenta e continuada
propaganda, poderá servir de instrumento da nova orientação dos
chefes.
Já em 1870/71, a Inglaterra tinha
adotado a sua nova atitude. Suas vacilações resultantes da importância da
América na economia mundial assim como o desenvolvimento do poder político da
Rússia, infelizmente não foram aproveitados pela Alemanha. O resultado foi que a
tendência histórica da diplomacia britânica tornou-se cada vez mais
firme.
A Inglaterra via na Alemanha a potência,
cuja importância econômica e portanto política, em conseqüência da sua enorme
industrialização, aumentava em proporções tão ameaçadoras, que já se podiam
colocar os dois países no mesmo plano. A conquista do mundo por processos
"econômicos pacíficos", que os nossos estadistas viam como a última palavra da
sabedoria política, forneceu ao político inglês o motivo da organização da
resistência contra a Alemanha. Essa resistência não podia deixar de assumir a
forma de um ataque universal organizado, sabido como é que a diplomacia inglesa
não visava a manutenção de uma paz duvidosa, mas sim a consolidação do domínio
britânico no mundo. Para isso a Inglaterra recorreu a alianças com todos os
países militarmente fortes, o que estava de acordo com a sua proverbial
precaução na avaliação das forças do inimigo e com o conhecimento da sua própria
fraqueza militar no momento. Essa atitude não se pode denominar inescrupulosa,
pois a organização de uma guerra não obedece a pontos de Vista de nobreza de
sentimentos, mas ao senso da oportunidade. O dever de qualquer diplomacia é
evitar que uma nação pereça heroicamente, e que se conserve praticamente.
Qualquer caminho que conduza a este objetivo é, então, conveniente, e a não
utilização do mesmo deve ser classificada de crime, de esquecimento do
dever.
Na agitação política da Alemanha a
diplomacia britânica encontrou o meio seguro de evitar a ameaça de uma hegemonia
mundial germânica.
Já agora não existe, da
parte da Inglaterra, o interesse de riscar completamente a Alemanha do mapa
europeu. Ao contrário, justamente a horrível derrocada conseqüente ao movimento
de novembro de 1918, colocou a diplomacia britânica em frente de uma situação
nova que, de princípio, não se poderia acreditar como possível. A Alemanha
estava destruída e a França tornava-se a primeira potência militar do
continente.
Durante quatro anos e meio, o
império britânico tinha lutado para evitar a hipotética preponderância de uma
potência continental. Agora, com a perda da Guerra, parecia desaparecer
completamente aquela potência. Dava-se uma demonstração da ausência do mais
primitivo instinto de conservação própria; acreditou-se que o equilíbrio europeu
estava rompido por um acontecimento de apenas 48
horas.
A propaganda extraordinária que, na
Guerra, manteve o entusiasmo e a perseverança do povo britânico e revolveu todos
os seus instintos primitivos e paixões, devia agora ser o pesadelo dos
diplomatas britânicos. Com o aniquilamento da Alemanha, isto é, da sua política
colonial econômica e comercial, estava alcançado o objetivo britânico da guerra;
tudo que não fosse isso redundaria em prejuízo para os interesses ingleses. Com
o aniquilamento de um estado poderoso, como a Alemanha, na Europa continental,
somente podiam ganhar os inimigos da Inglaterra. Apesar disso, uma mudança na
orientação da diplomacia inglesa, que, durante a Guerra, se tinha servido mais
do que nunca das forças sentimentais da grande massa, não era mais possível em
novembro de 1918 e no verão de 1919. Não era possível do ponto de vista da
orientação efetiva do próprio povo e não era possível em vista das proporções
entre as diferentes potências militares. A França podia ditar a sua vontade aos
outros. A única potência, porém, que durante estes meses, em que tudo se
regateava e mercadejava, teria sido capaz de trazer uma mudança à situação, era
a Alemanha, mas esta sofria as convulsões da guerra civil e anunciava, pela voz
dos seus chamados diplomatas, a sua disposição para aceitar qualquer
tratado.
Quando um povo, em conseqüência da
falta absoluta de instinto de conservação própria, perde a capacidade de
constituir-se em aliado eficiente de outro, degenera em uma nação escrava e
passa para a categoria de colônia.
Justamente
para não deixar crescer o poder da França desproporcionadamente, a única
política possível, por parte da Inglaterra, era participar da política de
pilhagem da França.
Na realidade, a Inglaterra
não alcançou os objetivos com que entrou para a Guerra. Não conseguiu evitar a
existência de uma grande potência militar capaz de perturbar o equilíbrio
europeu; ao contrário, concorreu para a formação da
mesma.
A Alemanha, como potência militar,
estava, no ano de 1914, apertada entre dois países dos quais um dispunha de um
poder igual, o outro de um maior que ela. A isso dever-se-ia juntar o
predominante poder marítimo da Inglaterra. A França e a Rússia sozinhas
ofereciam a qualquer desmedida expansão alemã obstáculos e resistências
invencíveis. Além disso, a situação geográfica, extraordinariamente desfavorável
do Reich, sob o ponto de vista militar, deveria ser vista como mais uma
segurança contra um demasiado aumento da força da Alemanha. Especialmente o
litoral alemão era, do ponto de vista militar, desfavorável no caso de uma
guerra contra a Inglaterra, por suas pequenas proporções em face da extensão da
frente continental, inteiramente
aberta.
Totalmente diferente é a posição da
França de hoje. Militarmente, é a primeira potência, sem nenhum concorrente
sério no continente: as suas fronteiras no sul estão bem protegidas com a
Espanha e a Itália. Por outro lado, está protegida contra a Alemanha pela
fraqueza da nossa pátria. O seu litoral, apresenta uma frente extensa contra o
império britânico. Os seus aeroplanos e baterias de grande alcance podem
facilmente alcançar os seus alvos ingleses, As ações do submarino seriam
expostas as vias de comunicação do comércio britânico. Uma guerra submarina, com
apoio tanto nas extensas costas do Atlântico quanto nas não menos extensas do
Mediterrâneo, na Europa e na África do Norte, teria conseqüências
devastadoras.
Assim o resultado da guerra
contra o aumento do poder da Alemanha foi, sob o ponto de vista político, da
hegemonia francesa no continente. O resultado militar foi a consolidação da
França como primeira potência militar e o reconhecimento dos Estados Unidos da
América do Norte como potência marítima eqüivalente. Em matéria de política
econômica, o que se verificou foi a passagem de grandes territórios, onde
predominavam os interesses britânicos, a aliados
antigos.
Assim como os tradicionais objetivos
políticos da Inglaterra exigem uma espécie de balcanização da Europa, os da
França são no sentido de uma balcanização da
Alemanha.
O desejo da Inglaterra é e sempre
será impedir a formação de ama grande potência continental com uma exagerada
importância política universal, para assim manter o equilíbrio europeu, condição
indispensável à hegemonia britânica no mundo.
O
desejo da França é e sempre será impedir a formação de um poder sólido na
Alemanha, conservando um sistema de pequenos Estados com forças equilibradas e
sem uma direção uniforme, com a ocupação da margem esquerda do Reno para
assegurar a sua hegemonia na Europa.
O objetivo
final da diplomacia francesa será eternamente contrário ao da diplomacia
britânica.
Quem, dos pontos de vista acima
explicados, fizer um exame das possibilidades de aliança da Alemanha deve chegar
à convicção de que só nos resta- um entendimento possível e esse é com a
Inglaterra. Por mais horrorosas que tenham sido e sejam ainda para a Alemanha as
conseqüências da política inglesa na Guerra, não se deve perder de vista que já
não existe, de parte da Inglaterra, o desejo de aniquilar a Alemanha, mas, ao
contrário, a política inglesa, cada vez mais, trabalha para pôr um freio ao
excesso de poder da França. Agora não mais se fará uma política de alianças
influenciada por divergências passadas mas apoiada na experiência. A experiência
devia ter ensinado que alianças para a execução de fins negativos são
naturalmente fracas.
Os destinos de povos só se
aliam pela perspectiva de um sucesso comum no sentido de aquisições
territoriais, de conquistas comuns, em aumento de força de ambos os
lados.
A falta de senso do nosso povo, em
assuntos de política externa, demonstra-se claramente nas notícias diárias da
imprensa a respeito da maior ou menor "simpatia pela Alemanha" manifestada por
esse ou aquele diplomata estrangeiro, na qual se vê a garantia de uma política
de colaboração conosco. Isso é um absurdo incrível, uma exploração da
ingenuidade sem par do tipo normal do político alemão. Não há estadista inglês,
americano ou italiano que possa ser indicado como simpático ao povo alemão. Cada
estadista inglês naturalmente será antes de tudo inglês, qualquer americano,
americano, e não há diplomata italiano que esteja inclinado a fazer outra
política que não seja a reclamada pelos interesses de seu país. Quem, pois,
acredita poder fundar alianças com nações estrangeiras baseadas na simpatia dos
estadistas para com a Alemanha, ou é um asno ou um hipócrita. A condição
essencial para a aliança de povos não está nunca em uma estima recíproca, mas na
previsão de uma conveniência das partes contratantes. Isso significa que um
diplomata inglês sempre fará política pró Inglaterra e nunca pró Alemanha. Pode
acontecer, porém, que os objetivos da política inglesa e da alemã sejam
idênticos, embora por motivos diferentes. Essa harmonia que se verifica em
determinado momento pode desaparecer de futuro. A habilidade diplomática de um
estadista está justamente em encontrar para a execução de seus próprios
interesses, em determinado tempo, os colaboradores que, na defesa de interesses
idênticos, têm de percorrer o mesmo caminho.
A
utilidade prática para a atualidade somente pode resultar da resposta às
seguintes interrogações: Quais são atualmente os Estados que não têm interesse
vital em que, mediante o afastamento da hipótese de uma Europa central alemã,
chegue o poder econômico e militar francês a assegurar-se a absoluta hegemonia
continental? Quais são os Estados que. em virtude das suas próprias condições de
vida e da sua tradicional orientação política, vêem na hegemonia da França uma
ameaça ao seu próprio futuro?
Não devemos ter a
mínima dúvida de que o inimigo mortal, inexorável, do povo alemão é e será
sempre a França. É indiferente que a França seja governada por Bourbons ou
jacobinos, bonapartistas ou democratas burgueses, republicanos clericais ou
bolchevistas vermelhos. O objetivo da sua atividade política será sempre a
tentativa da conquista das fronteiras do Reno e de uma garantia para a posse
deste rio, pela França, com o enfraquecimento da
Alemanha.
A Inglaterra não deseja que a
Alemanha se transforme em potência mundial, a França não nos quer como potência
de espécie alguma. Há uma grande diferença nesses dois pontos de
vista!
Hoje em dia, não estamos, porém,
combatendo para conquistar a posição de potência mundial; temos de lutar pela
existência da nossa pátria, pela união da nossa nação e pelo pão de todos os
dias para nossos filhos. Aceitando esse ponto de vista, só dois Estados na
Europa podem fazer aliança conosco: a Inglaterra e a
Itália.
A Inglaterra não deseja uma França cujo
poder militar não controlado pelo resto da Europa, disponha das condições
essenciais para uma posição ameaçadora. E, além disso, nunca a Inglaterra pode
desejar uma França que, pelo enfraquecimento do resto da Europa, venha a ocupar,
na política, uma posição tão segura que permita e até provoque o
restabelecimento de uma política francesa em, maior
escala.
A preponderância militar da França é
para o império inglês um pesadelo muito maior que as bombas dos nossos
Zepelins.
A Itália também não pode desejar o
aumento da preponderância francesa na Europa. O futuro da Itália sempre
dependerá da sua expansão territorial na bacia do Mediterrâneo. O motivo que
levou a Itália à guerra, certamente não foi o desejo de aumentar o poder da
França, mas muito mais a intenção de dar um golpe de morte no odiado concorrente
adriático. Qualquer aumento de força da França no continente eqüivale, para o
futuro, a uma diminuição da Itália. Ninguém se deve, pois iludir pensando que a
afinidade de raças entre nações seja capaz de anular
rivalidades.
Refletindo-se, friamente, chega-se
à conclusão de que a Inglaterra e a Itália são os dois Estados, cujos interesses
naturais menos se encontram em conflito com as condições essenciais para a
existência da nação alemã e que, até certo ponto, se identificam com os nossos
interesses.
No julgamento das possibilidades de
uma tal aliança, não devemos desprezar três fatores: O primeiro reside em nós,
os outros dois dizem respeito aos outros
países.
Será possível fazer uma aliança com a
Alemanha atual? As potências só se aliam para reforçar as suas posições, o seu
caráter ofensivo. Quem cogitaria de aliar-se a um Estado, cujo governo, há anos,
oferece o espetáculo de lastimável incapacidade, de covardia pacífica, e no qual
a maior parte do povo, cega pelos democratas-marxistas, está atraiçoando os
interesses da própria nação, de uma maneira que clama ao céu? Pode qualquer
potência, hoje em dia, alimentar a esperança de fazer aliança eficiente com um
Estado, na suposição de defender um dia interesses comuns. se esse Estado
aparentemente não tem nem coragem nem ânimo de defender a própria vida? Existirá
uma potência qualquer, - para a qual uma aliança seja mais que um pacto de
garantia para a conservação de um Estado em lento apodrecimento - que se
comprometa, para a vida ou para a morte, com uma nação cujos característicos
consistem em submissão canina para com o exterior e na mais vergonhosa ausência
de virtudes nacionais do interior, com uma nação que não possui mais grandeza
porque já não a merece, em conseqüência de sua própria conduta, com governos que
não gozam da mínima estima por parte dos cidadãos e muito menos por parte dos
estrangeiros?
Não. Uma potência, que veja em
uma aliança mais do que vantagens para parlamentares ávidos de lucros, não
entrará, não poderá entrar em uma aliança com a Alemanha de hoje. A nossa
incapacidade para qualquer aliança é a causa mais importante da solidariedade
dos piratas inimigos. Como a Alemanha nunca se defende senão por alguns
ardorosos "protestos, por parte dos nossos parlamentares, o resto do mundo não
tem razão para libertar nações covardes. O próprio Criador não dá a liberdade- a
povos pusilânimes! Em face das lamentações dos nossos "patriotas", não resta,
aos Estados que não tenham nenhum interesses direto em ver-nos completamente
aniquilados, nada mais que tomar parte nas piratarias francesas quando não por
outros motivos ao menos para, por uma tal participação no roubo, evitar o
fortalecimento exclusivo da França.
Além disso,
não se deve desconhecer a dificuldade de conseguir uma transformação dos
sentimentos das grandes massas populares, quando influenciadas em uma certa
direção por uma propaganda intensiva. Não se pode, pois, apontar, durante anos,
uma nação como composta de "Hunos", "piratas", "vândalos", para, de repente, de
um dia para outro, proclamar o contrário e recomendar o antigo inimigo como
aliado.
Mais atenção ainda merece um terceiro
fato, de importância capital para a formação de futuras alianças na
Europa.
Admitindo-se mesmo que seja pequeno o
interesse da Inglaterra na continuação da derrocada da Alemanha, não se deve
perder de vista que é imenso o do judaísmo financeiro internacional. A
divergência entre os estadistas britânicos e as forças judaicas da Bolsa em
parte nenhuma aparece mais clara do que nas suas respectivas atitudes nas
questões da política internacional inglesa. O judaísmo financeiro, deseja,
contrariando os interesses do Estado britânico, não somente o inteiro
aniquilamento econômico da Alemanha, mas também sua completa escravização
política. A internacionalização da economia alemã, isto é, a exploração do
trabalho alemão por parte dos financeiros judeus internacionais, somente será
praticável em um Estado politicamente bolchevizado. Mas a tropa de assalto
marxista do capitalismo internacional judaico só poderá quebrar definitivamente
a espinha dorsal do Estado alemão mediante a assistência amigável de fora. Por
isso, os exércitos da França devem ocupar a Alemanha, até que o Reich, corroído
no interior, seja dominado pelas forças bolchevistas a serviço do capitalismo
judaico internacional.
Assim, o judeu é, hoje
em dia, o grande instigador do absoluto aniquilamento da Alemanha. Todos os
ataques contra a Alemanha, no mundo inteiro, são de autoria dos judeus. Foram
eles que, na paz como durante a guerra, pela sua imprensa, atiçaram,
premeditadamente o ódio contra a Alemanha, até que Estado por Estado abandonou a
neutralidade e assentou praça na coligação mundial, renunciando aos verdadeiros
interesses dos seus povos.
As idéias do
judaísmo nesse assunto são de uma clareza meridiana. A bolchevização da
Alemanha, isto é, a exterminação da cultura do nosso povo e a conseqüente
pressão sobre o trabalho alemão por parte dos capitalistas judeus é apenas o
primeiro passo para a conquista do mundo por essa raça. Como tantas vezes na
história, também neste monstruoso combate, a Alemanha é o alvo fixado. Caso o
nosso povo e o nosso Estado sejam vítimas destes tiranos sanguinários e ávidos
de ouro, o mundo inteiro cairá nos tentáculos deste polvo; se a Alemanha
conseguir libertar-se das garras do judaísmo, estará afastado, para felicidade
do mundo, esse formidável perigo que representa a dominação
judaica.
Por isso é que o judaísmo desenvolve
todos os seus esforços não somente para manter a atual hostilidade das nações
contra a Alemanha, mas, se possível, para aumentá-la ainda mais. Nesse trabalho,
somente em proporção insignificante, defendem os verdadeiros interesses dos
povos assim envenenados. O judaísmo, no seio das diferentes nacionalidades,
sempre lutará com armas que pareçam ser, em face da mentalidade dessas nações,
as mais eficientes e de êxito mais seguro. No seio do nosso povo, sem unidade
racial, as idéias que propagam os judeus são mais ou menos "cosmopolitas",
pacifistas, sentimentais, enfim de tendências internacionais, das quais o
judaísmo se serve no seu combate pelo poder; na França operam por meio do muito
apreciado chauvinismo; na Inglaterra agem inspirados em pontos de vista
econômicos e políticos universais. Em uma palavra, agem sempre de acordo com os
atributos essenciais que caracterizam a mentalidade de cada nação. Quando, por
essa maneira, conseguem uma certa influência predominante na direção econômica e
política é que desprezam essas armas e revelam as verdadeiras intenções íntimas
da sua luta. Começa o período de destruição, cada vez mais acentuado, até terem
convertido em um campo de ruínas uma nação após outra e, sobre essas ruínas,
erigirem a soberania do império judaico
eterno.
Na Inglaterra como na Itália, é clara,
ressalta aos olhos, a divergência entre as opiniões dos verdadeiros estadistas e
as intenções do judaísmo financeiro mundial.
Só
na França existe, hoje mais do que nunca, uma intima harmonia entre as intenções
do capitalismo judaico e os desejos de uma política nacional chauvinista.
Justamente nessa harmonia está um perigo enorme para a Alemanha; justamente por
esse motivo a França é e será sempre o inimigo mais terrível. Esse povo,
continuando cada vez mais a degenerar-se pela mistura com os negros africanos,
representa, na sua ligação com os objetivos da dominação mundial judaica, um
perigo latente para a existência da raça branca na Europa. A infecção do sangue
africano no Reno, no coração da Europa, significa não só a sede de vingança
sadística e perversa desse eterno inimigo hereditário do nosso povo como a fria
resolução do judeu de começar assim o abastardamento do centro do continente
europeu, privando a raça branca, mediante infecção com sangue humano inferior,
dos fundamentos para uma existência autônoma.
O
que está fazendo hoje a França, na Europa, instigada pela própria sede de
vingança, guiada pelo judeu, é um atentado contra a existência da humanidade
branca, que um dia há de atiçar contra esse povo as explosões de vingança de uma
geração que tenha reconhecido no aviltamento da raça o maior crime da espécie
humana.
Para nós alemães, porém, o perigo
francês nos impõe o dever, com abandono de todos os motivos sentimentais, de
estender a mão àquele que sob as mesmas ameaças, não estiver disposto a apoiar e
permitir os desejos de dominação da França
Na
Europa, só dois aliados são possíveis à Alemanha: a Inglaterra e a
Itália.
Quem se der o trabalho de lançar um
golpe de vista retrospectivo sobre a orientação da política externa da Alemanha
desde a Revolução, deve, ante as constantes falhas do nosso governo, ou perder a
esperança de dias melhores ou rebelar-se contra semelhante Governo. Não se pode
imaginar nada de mais contrário ao bom senso. Os gigantes intelectuais da
Revolução de novembro chegaram a esta coisa inconcebível a qualquer cérebro
normal: procurar merecei- as simpatias da França! Naqueles tempos, com uma
comovente ingenuidade procuravam os nossos estadistas insinuar-se junto à
França, lisonjear sempre a "grande nação" e, em cada- truque do carrasco
francês, procuravam ver o sinal de uma mudança de sentimentos a nosso respeito.
Os verdadeiros orientadores da nossa política externa naturalmente nunca
acreditaram em tal idiotice. Para eles a lisonja da França era o meio natural
para evitarem qualquer política de alianças que servisse aos interesses da
nação. Eles sabiam perfeitamente quais eram as intenções da França e dos que
manobravam por trás dos bastidores. O que os forçou a fingir que acreditavam
honestamente na possibilidade de uma mudança na situação alemã foi a certeza de
que, de outro modo, o nosso povo provavelmente teria, por si mesmo, tomado outra
orientação.
Naturalmente é difícil para nós,
nacionais-socialistas, imaginar a Inglaterra como possível aliada futura. A
nossa imprensa judaica conseguiu sempre alimentar o ódio especialmente contra a
Inglaterra, e muitos alemães simplórios se deixaram fisgar pelo estratagema dos
judeus, que consistia em fazer frases sobre a ressurreição de um poder marítimo
alemão, em protestar contra a perda das nossas colônias, em sugerir a sua
recuperação, cooperando assim, para fornecer o material que o miserável judeu
mandava aos seus correligionários na Inglaterra, para efeitos de propaganda. Os
nossos idiotas políticos burgueses deviam ter compreendido que, hoje, já não
devemos lutar por poder marítimo, etc. Mesmo antes da guerra já era uma loucura
orientar as forças nacionais nesse sentido, sem uma prévia consolidação da nossa
posição na Europa. Tal aspiração é uma estupidez que, em política, deve ser
vista como crime.
Era de fato, para desesperar,
quando se observava como os judeus conseguiam entreter o povo alemão com
assuntos secundários, arrastá-lo a manifestações e protestos, enquanto, ao mesmo
tempo, a França dilacerava a nossa nação, subtraindo-nos os fundamentos da nossa
independência.
Devo aqui mencionar que o
problema do sul do Tirol era objeto constante das explorações dos
judeus.
Se insisto nesse assunto, é porque
desejo chamar a contas essa corja de mentirosos que, contando com a falta de
memória e a estupidez das grandes massas populares, atreve-se a fingir um
movimento de revolta nacional, que sobretudo, aos mistificadores parlamentares,
é tão absurdo como a noção de propriedade é a uma
pega.
Desejo acentuar que, pessoalmente, quando
estava sendo decidida a sorte do Tirol do Sul - isto é, desde agosto de 1914 até
novembro de 1918 - eu me encontrava entre os que defendiam esse território, isto
é, no exército. Ajudei- a combater, naquele tempo, para que não se perdesse o
Tirol do Sul, para que o mesmo continuasse incorporado a Pátria como qualquer
outro território alemão.
Naquele tempo não
estavam nas linhas de combate os bandidos parlamentares, a corja dos políticos
partidários. Ao contrário, quando estávamos combatendo na convicção de que só
uma vitória militar poderia conservar para a nação alemã o Tirol do Sul, esses
novos Efialtes batiam se contra essa vitória até conseguirem abater, pela
traição, o alemã heróico. A conservação do Tirol do Sul em poder da Alemanha
naturalmente não podia ser garantida pelos discursos inflamados e hipócritas dos
elegantes parlamentares da "Rathausplatz" de Viena ou em frente à
"Feldherrnhalle" de Munique, mas exclusivamente pelos batalhões combatentes do
front. Os que enfraqueceram o front foram os verdadeiros traidores do Tirol do
Sul como das outras partes do território
alemão.
Quem hoje acredita poder resolver, por
meio de protestos, declarações manifestações de entusiasmos de clubmen, a
questão do Tirol do Sul, ou é um pulha ou um grande
ingênuo.
Devemos nos convencer de que não
conseguiremos a recuperação do territórios perdidos por meio de invocações
solenes ao bom Deus ou por esperanças vás cm uma Liga das Nações, mas unicamente
pelo poder das armas.
O problema deve ser posto
nestes termos: quem estará pronto a força a recuperação destes territórios
perdidos pelo emprego das armas?
No que diz
respeito à minha pessoa posso asseverar, que teria vontade de tentar a conquista
do Tirol do Sul à frente de um batalhão composto de parlamentares, de chefes de
partidos e de conselheiros da corte Como me regozijaria se, sobre as cabeças
veementes protestadores, à repente estalassem alguns schrapnel. Se uma raposa
invadisse um galinheiro, o cacarejo não podia ser pior e o "salva-se quem puder"
das galinhas não poderia ser mais acelerado do que o desses
discursadores.
O que, porém, é mais infame em
tudo isso, é que esses indivíduos estão longe de acreditar, que, dessa maneira,
poderiam chegar a algum resultado positivo. Eles conhecem, mais do que ninguém,
a impossibilidade a ingenuidade dos seus processos. Agem assim porque hoje é
mais fácil discutir sobre a recuperação do Tirol do Sul do que combater outrora
pela sua conservação. Cada um desempenha o seu papel: nós arriscamos outrora a
vida, hoje aquela corja afia a língua.
Ë
curioso também observar-se como aumenta o entusiasmo dos legitimastes vienenses
no seu atual trabalho de recuperação do Tirol do Sul. Sete anos atrás, a augusta
dinastia concorreu, mediante uma vil traição paira que uma coligação mundial
conquistasse o Tirol do Sul. Naquele tempo, ajudaram esses círculos a política
da sua pérfida dinastia e nenhum caso fizeram nem do Tirol do Sul nem de
qualquer outra coisa. Naturalmente hoje é mais simples combater, por esses
territórios, com arma "intelectuais", fazer protestos, até enrouquecer, de
íntima e sublime ir dignação, escrever artigos de jornais até ficarem
paralisados os dedos, d que fazer voar pontes pelos
ares.
O motivo por que, nos últimos anos, em
certos círculos, a questão d Tirol do Sul constitui o eixo das relações
teuto-italianas é, pois, evidente. Os legitimistas judeus e habsburgueses têm o
máximo interesse em fazer fracassar nina política de aliança da Alemanha, de que
possa resultar ressurreição de uma pátria alemã livre. Não é por amor do Tirol
do Si que assim procedem - pois com isso não se lhe presta um serviço, mm ao
contrário, um desserviço - mas pelo receio de um entendimento entre a Itália e a
Alemanha.
Nessa tendência para caluniar e
mentir, muito freqüente nesses círculos, está a explicação da ousadia com que
tentam descrever as coisas de maneira que passemos como "traidores" da causa do
Tirol do Sul.
É preciso que se diga a. esses
cavalheiros com toda clareza: O Tirol do Sul foi atraiçoado, primeiro por todo
alemão sadio, que, nos anos de 1914-1978, não se achava no front pondo à
disposição da pátria seus serviços; em segundo lugar, por todos os que, naqueles
anos, não se esforçaram por aumentar a resistência a perseverança do nosso povo
na guerra; em terceiro lugar, por todos os que cooperaram, direta ou
indiretamente, na revolução de novembro, inutilizando a única arma que teria
podido salvar o Tirol do Sul: e, em quarto lugar, por todos os partidos que
aceitaram os tratados vergonhosos de Versalhes e St.
Germain.
Hoje estou convencido de que não se
pode readquirir territórios perdidos por meio de discursos, mas pelo emprego da
força.
Não hesito, porém, em declarar que
agora, depois dos fatos consumados, penso que a reconquista do Tirol do Sul não
só é impossível, como se deveria desistir da mesma, desde que não se pode mais
conseguir, em torno dessa questão, despertar o entusiasmo nacional indispensável
para a vitória. Sou, ao contrário, da opinião que, se algum dia, para isso se
arriscasse a vida, consumar-se-ia um crime combatendo por duzentos mil alemães,
enquanto, nas fronteiras do país, mais de sete milhões estão gemendo debaixo do
domínio estrangeiro, enquanto o sangue alemão está sendo contaminado por hordas
de negros africanos.
Se a nação alemã quiser
pôr um termo à situação que ameaça o seu extermínio na Europa, não deve incorrer
nos mesmos erros de antes da Guerra, em que fez inimigos em Deus e todo o mundo,
mas deverá reconhecer o adversário mais perigoso e concentrar todas as suas
forças para combatê-lo. E se esta vitória foi' conseguida mediante sacrifícios
em outros setores, as gerações futuras não nos condenarão. Saberão avaliar tanto
melhor os motivos dessa amarga resolução quanto mais radiante for o sucesso
alcançado.
A nossa constante preocupação deve
ser a compreensão de que, acima de recuperação de territórios perdidos, está a
questão da recuperação da independência política e da força da
Pátria.
Realizar esse objetivo mediante uma
política inteligente é o principal dever de um governo
consciente.
Justamente nós,
nacionais-socialistas, devemos evitar ser arrastados pelos nossos patriotas
burgueses de fancaria, chefiados pelos judeus. Ai do nosso movimento, se, em vez
de prepararmo-nos para a luta, continuássemos no hábito de protestos platônicos.
A fantasia da aliança da Alemanha com o cadáver político dos Habsburgos foi o
motivo por que a Alemanha se arruinou. Uma sentimentalidade fantasista no
tratamento das possibilidades políticas internacionais é o melhor meio de
impedir para sempre a nossa ressurreição.
É
necessário que também me ocupe, ainda que brevemente, das objeções referentes às
três seguintes questões já anteriormente
mencionadas:
1o. - É de esperar que alguma
potência se queira aliar com a Alemanha de hoje, visivelmente
enfraquecida?
2o. Serão
as nações inimigas capazes de tomar uma nova
orientação?
3o. A
influência inegável do judaísmo, mais forte que a possível boa vontade das
nações, não aniquilará todos os novos
planos?
Penso já ter discutido, nos seus pontos
principais, a primeira questão. É claro que ninguém entraria em uma aliança com
a Alemanha atual. Não há potência no mundo que se arrisque a associar seu
destino ao de uma nação, cujo Governo não inspira nenhuma confiança. Deve-se,
porém, protestar energicamente contra a tentativa de muitos de nossos
compatriotas, de desculpar a política do Governo com a deplorável mentalidade do
povo alemão.
Não há dúvida de que a falta de
caráter do nosso povo, dos últimos seis anos para cá, é profundamente
lamentável, sua indiferença pelos interesses mais vitais do país é deprimente, e
a sua covardia, às vezes, clama aos céus. Não se deve esquecer nunca que, apesar
disso, trata se de um povo que, poucos anos antes, dera ao mundo um exemplo
admirável das mais altas virtudes humanas. Desde agosto de 1914 até o fim da
Guerra, nenhuma nação do mundo jamais demonstrou maior coragem, mais tenaz
perseverança e paciência do que a nossa, hoje em situação tão miserável. Ninguém
chegará a afirmar que a vergonha da época atual é uma característica da nação. O
que hoje sofremos é apenas a horrível conseqüência do crime de 9 de novembro de
1918. Mais de uma vez fica provado a asserção do poeta: "Um mal gera sempre
outro mal". Mas não se perderam de todo os bons elementos fundamentais da raça,
eles estão latentes e, às vezes, como raios no horizonte enegrecido,
resplandecem virtudes, nas quais a Alemanha futura verá os primeiros sinais do
início da convalescença. Mais de uma vez, milhares e milhares de jovens alemães,
dispostos a todos os sacrifícios, apresentaram-se, voluntária e alegremente,
oferecendo a sua vida, tal como em 1914, à Pátria querida. Milhões voltaram a
trabalhar assiduamente, como se nunca tivesse havido a Revolução destruidora. O
ferreiro voltou para a bigorna, o lavrador para o arado e o homem de estudo para
seu gabinete, todos com o mesmo empenho, com a mesma dedicação no cumprimento do
dever.
Não se vê mais em face das opressões dos
nossos inimigos o riso pronunciado de outrora, mas sim fisionomias pesarosas. É
incontestável que se iniciou uma importante mudança na mentalidade do
povo.
Se tudo isso hoje ainda não se manifesta
em renascença da orientação política e do instinto de conservação do nosso povo,
a culpa está nos que, desde 1918, estão dirigindo o país para a
morte.
Quando hoje lastimamos a sorte da nação,
devemos sempre nos fazer a seguinte pergunta: Que foi feito para torná-la
melhor? Que têm feito os nossos governos para inocular novamente neste povo o
espírito de conservação, a pertinácia, é o ódio contra os
inimigos?
Quando, no ano de 1919, o tratado de
paz foi imposto ao povo alemão, podia-se ter motivo de esperar que, justamente
esse instrumento de opressão, deveria ter sido aproveitado para auxiliar o
movimento da libertação da Alemanha. Tratados de paz cujas condições caem sobre
os povos como chicotadas, não raras vezes são o primeiro toque de reunir para o
ressurgimento nacional.
Que possibilidades
oferecia, nesse sentido, o tratado de paz de Versalhes! Como era fácil a um
governo enérgico fazer deste instrumento de extorsão um meio para exaltar ao
máximo as paixões nacionais! Como era fácil, mediante uma inteligente propaganda
das crueldades e do sadismo dos conquistadores, transformar a indiferença do
povo cm revolta, a revolta no ódio mais
intenso!
Cada artigo do tratado devia ter sido
impresso no cérebro e no coração do povo, até que finalmente a vergonha sentida
por todos e o ódio de todos se transformassem, cm sessenta milhões de homens e
de mulheres. em um mar de labaredas, de cujas chamas logo se levantaria uma
vontade férrea a clamar: Queremos de novo nos
arma!
Não há dúvida (te que para isso se
conseguir nada mais apropriado do que um tratado de paz como o de
Versalhes.
A opressão desmedida, o despudor das
exigências feitas pelo inimigo ofereciam a melhor arma de propaganda para a
ressurreição dos sentimentos adormecidos da
nação.
Tudo deveria ter sido posto a serviço
dessa grande missão, desde o abecedário das crianças até ao último jornal, todo
teatro, todo cinema, toda coluna de cartazes. Isso se deveria repetir até que a
tímida oração dos nossos atuais "patriotas" - "Deus Todo-Poderoso libertai-nos!"
- Se transformasse, mesmo no cérebro dos mais jovens rapazinhos, na súplica
ardente:, "Deus Todo-Poderoso. abençoai no futuro as nossas armas; sede tão
justo como sempre fostes; decidi, agora, se somos dignos da liberdade; Deus
Todo-Poderoso, abençoai o nosso
combate!"
Perderam-se todas as oportunidades,
nada se fez.
Não é, pois, de estranhar que o
nosso povo não seja o que deveria, o que poderia ser e que os outros povos o
vejam como o cão que lambe as mãos que acabaram de
castigá-lo.
A nossa atual incapacidade para
alianças resulta da situação do povo e, mais ainda, da orientação dos nossos
governos. São estes, com a sua corrupção, os responsáveis por tudo. Por isso é
que, depois de oito anos de desmedida opressão, existe tão pouco desejo de
liberdade.
Uma eficiente política de aliança
está sempre dependente da idéia em que é tido o nosso povo e da existência de um
Governo que não queira ser escravo de nações estrangeiras mas arauto da
consciência nacional.
Se o povo alemão contar
com um Governo que veja nisso a sua principal finalidade, menos de seis anos
depois, uma altiva orientação política externa terá em seu apoio a firme vontade
de uma nação sedenta de liberdade.
A segunda
objeção, isto é, a grande dificuldade da mudança de mentalidade dos povos
inimigos a nosso respeito poderá ser respondida
assim:
As antipatias universais contra a
Alemanha, cultivadas em todos os países pela propaganda durante a Guerra,
continuarão a produzir seus efeitos, até que a Alemanha, pela visível
restauração de uma vontade de conservação própria, recupere o caráter de um
Estado que tenha um papel a representar no jogo da política européia. Somente
quando, tanto por parte do Governo como por parte do povo, estiver assegurado
esse ambiente de confiança, é que uma ou outra potência, estimulada por
interesses idênticos aos nossos, poderá pensar em modificar a opinião do seu
povo pela propaganda. Para isso são precisos anos de um trabalho continuo e
hábil. Justamente porque essa remodelação da opinião pública exige trabalho
demorado, é que se explica a necessidade de agir prudentemente quando se
oferecer a ocasião de começá-lo. Não se iniciará nunca uma tal propaganda sem se
ter antes a absoluta certeza do valor de semelhante trabalho e dos seus efeitos
futuros. Ninguém há de querer modificar a mentalidade de uma nação, somente em
conseqüência do palavrório vazio de um ministro do exterior mais ou menos
inteligente, sem ter a certeza do valor real de uma tal modificação. Resultaria
isso, aliás, em um completo esfacelamento da opinião publica. A segurança mais
sólida para a possibilidade de uma aliança entre povos não está em frases
pomposas de um ou outro membro do Governo, mas na estabilidade de uma
determinada orientação do Governo assim como em uma opinião pública dirigida em
sentido análogo. Essa segurança será tanto maior quanto mais firme Fr a
atividade do Governo na preparação e no auxílio à
mesma.
Um país na situação do nosso só será
julgado capaz de alianças quando o seu Governo e a opinião pública estiverem
fanaticamente resolvidos a trabalhar juntos pela sua liberdade. - Esta é a
condição indispensável para que outros Governos comecem a modificar a opinião
dos seus respectivos povos. Então, com os Estados dispostos a defender seus
interesses próprios, ao lado de um parceiro que lhes parece conveniente, é que
uma aliança é possível.
Mas nisso é preciso que
se observe o seguinte. Como a modificação de uma certa mentalidade do povo é uma
tarefa penosa, e que, por muitos, de inicio, não será compreendida, é um crime e
ao mesmo tempo, uma tolice, fornecer, por seus próprios erros, armas para a
reação dos elementos contrários a essas
idéias.
É perfeitamente compreensível que se
passará muito tempo até que um povo compreenda inteiramente as intenções do
Governo, pois não se pode dar explicações públicas sobre a finalidade de uma
certa preparação política. Deve se contar unicamente ou com a fé cega das massas
ou com a intuição das camadas dirigentes de um nível intelectual mais elevado.
Como, porém, muita gente não tem tato político, nem o poder de adivinhar, e como
explicações não podem ser dadas, por motivos políticos, sempre haverá uma parte
da camada intelectual dirigente que fica em oposição às novas tendências que,
por não serem compreendidas, facilmente podem ser interpretadas como simples
experiências. E assim se incentiva a resistência dos elementos políticos
conservadores.
Justamente por esse motivo, é
preciso tomar providências para subtrair todas as armas das mãos de tais
perturbadores do início da harmonia recíproca, especialmente se se trata, como
em nosso caso, de palavrórios puramente fantasistas de enfatuados patriotas de
clubes e de burgueses freqüentadores de cafés. A reclamação em favor de uma nova
marinha em favor da recuperação das nossas colônias, etc., nada mais é que
palavrório oco, sem possuir uma única idéia de possibilidade prática. Isso se
torna evidente à menor reflexão.
É desvantajoso
para a Alemanha o modo por que se exploram, na Inglaterra, esses insensatos
palavreados de lutadores de fancaria, em parte ingênuos em parte idiotas, mas
sempre a serviço dos nossos inimigos mortais. Esgotando nos em demonstrações
hostis a Deus e a todo mundo, esquecemo-nos do princípio que é essencial a todo
e qualquer sucesso, e que se traduz nas seguintes palavras: O trabalho que
começares deves continuar com afinco. Irritando cinco ou dez países, deixa-se de
fazer a concentração de todas as forças para o golpe decisivo contra o nosso
adversário mais cruel e sacrifica-se a possibilidade de adquirir força em novas
alianças para a reparação da vergonha que nos foi imposta pela
Guerra.
O movimento nacional socialista tem,
nesse assunto, uma missão a desempenhar. Deve ensinar o nosso povo a desprezar
as coisas insignificantes e visar apenas o mais importante, a não fragmentar a
sua atividade. a não esquecer nunca que o fim pelo qual devemos combater hoje, é
a existência da nação e que o único inimigo que devemos visar, é e será sempre o
país que nos está roubando esta existência.
É
verdade que muitos males nos torturam. Mas longe de ser isso um motivo de perder
a calma e de, com gritaria insensata, irritar todo o mundo, deve estimular-nos a
concentrar todas as nossas forças contra o maior inimigo, o mais
perigoso.
Além disso, o povo alemão não tem o
direito de queixar-se dos outros por motivos da atitude que adotam, enquanto não
tiver ajustado contas com os criminosos que venderam e atraiçoaram o próprio
país. Não é honesto protestar e declamar de longe contra a Inglaterra, a Itália,
etc.. e permitir que se movimentem livremente entre nós os próprios criminosos,
que, pagos pelos propagandistas inimigos, arrancaram-nos as armas, tiraram-nos a
força moral e venderam por trinta dinheiros o Reich
manietado.
O inimigo age como era de prever.
Devíamos retirar lições das suas atitudes.
Quem
não se puder elevar à compreensão de semelhante dever, deve considerar que,
então, não nos restará mais nada do que cruzar os braços, pois ficará afastada
de futuro qualquer política de alianças. Por essa teoria, não somos capazes de
entrar em uma aliança com a Inglaterra porque esta nos roubou as colônias; com a
Itália porque tem em seu poder o Tirol do Sul, nem com a Polônia e a
Checoslováquia. Restaria, então, na Europa, apenas a França que - digamos de
passagem - roubou-nos a Alsácia Lorena.
Se com
isso se presta ou não um serviço à Alemanha não pode haver dúvidas. O que é
duvidoso é se uma tal opinião é defendida por um simplório estúpido ou por um
patife refinado.
No que diz respeito aos
chefes, estou convencido de que a segunda hipótese é sempre
verdadeira.
Assim uma modificação da psicologia
dos diferentes povos, até agora inimigos, cujos interesses futuros, porém, forem
mais ou menos idênticos aos nossos, só poderá ser possível, se o poder interno
do nosso Estado e a vontade visível pela conservação da nossa existência
permitirem a suposição de que voltamos a ter novamente valor como
aliados.
A mais difícil a responder é a
terceira pergunta.
É concebível que os
representantes dos reais interesses das nações, com que alianças sejam
possíveis. consigam realizar as suas intenções contra a vontade do judeu,
inimigo mortal de todos os Estados livres?
As
forças da tradicional política britânica poderão anular a influência devastadora
do judeus?
Responder a essa pergunta é muito
difícil. É preciso estudar um grande número de fatores para fazei- a esse
respeito um juízo definitivo. Em todo caso, um é certo: só há um Estado em que
se pode considerar o atual poder público tão firmemente estabelecido e servindo
aos interesses do país tão incondicionalmente, que ali não se pode falar de uma
reação eficaz do judaísmo internacional contra a orientação
política.
O combate que está realizando a
Itália fascista contra as três armas principais do judaísmo, inconscientemente
talvez, (do que eu pessoalmente duvido) é o melhor sinal de que, indiretamente,
estão sendo extraídos os dentes venenosos àquela potência internacional. A
interdição das lojas maçônicas secretas, a perseguição da imprensa
internacionalista, assim como o constante combate ao marxismo internacional, por
outro lado a constante consolidação da doutrina fascista, habilitarão, no curso
dos anos, o Governo italiano a, cada vez mais, poder servir aos interesses do
seu povo, sem receio da hidra judaica.
Mais
difícil é a situação da Inglaterra. Neste país da mais liberal "Democracia", o
judeu continua a dominar, de maneira quase absoluta, por intermédio da opinião
pública. No entanto, ali também, há uma luta constante entre os representantes
dos interesses nacionais britânicos e os defensores da ditadura universal
judaica. Como se chocam essas forças opostas pode-se ver, pela primeira vez,
depois da Guerra, do modo mais claro, na diferença de opiniões entre o Governo
britânico e a imprensa a respeito do problema
nipônico.
Imediatamente depois da Guerra,
reapareceu a anterior irritação entre a América e o Japão. Naturalmente, as
grandes potências mundiais da Europa não podiam ficar indiferentes ante este
novo perigo de guerra. Todas as afinidades de sangue não puderam impedir, na
Inglaterra, um certo sentimento de apreensão em vista do crescente aumento da
União Americana, em todos os domínios da economia internacional e da política.
Parece formar-se da antiga colônia uma nova soberana do mundo. É perfeitamente
compreensível que a Inglaterra submeta a novas provas suas antigas alianças e a
diplomacia britânica pense no tempo em que não mais se possa
dizer:
"A Inglaterra, soberana dos mares", mas
"Os mares para a América!"
É mais difícil
enfrentar o gigantesco colosso americano, com as suas imensas riquezas, do que a
nação alemã cercada por todos os lados. Se, algum dia, se tiver de decidir essa
disputa entre as duas grandes potências marítimas, a Inglaterra será fatalmente
vencida, se continuar no seu
isolamento.
Enquanto o governo inglês não
queria, devido à luta em comum na Europa, afrouxar a aliança com o Japão, tida a
imprensa judaica atacava essa aliança. Como se compreende que a imprensa
judaica, que, até 1918, era paladina "leal" do combate britânico contra a
Alemanha, de repente tenha traído essa atitude, tomando outra
orientação?
A destruição da Alemanha não estava
no interesse da Inglaterra, mas dos judeus, assim como, hoje, uma destruição do
Japão serve menos aos interesses políticos britânicos que aos Vastos desejos dos
dirigentes do esperado império mundial judaico. Enquanto a Inglaterra se esgota
na conservação da sua posição no mundo, o judeu organiza seu ataque para
conquistar a Terra.
Ele já contempla os atuais
Estados europeus como instrumentos passíveis nas suas mãos, por meio da chamada
democracia ocidental ou na forma de um domínio direto mediante o bolchevismo
russo. Não é só o velho mundo que se está enredando nessa trama; a América está
também ameaçada da mesma sorte. Judeus são os reis da Bolsa da União Norte
Americana. Cada vez mais eles controlam as forças de trabalho de um povo de
cento e vinte milhões; muito poucos são os que se mantêm completamente
independentes.
Com uma grande habilidade
preparam a opinião pública, formando dela o instrumento de combate para o futuro
da sua causa.
Os chefes mais importantes do
judaísmo já estão convencidos de aproximar se o cumprimento da profecia dos seus
livros sagrados - a destruição dos povos. No meio deste grande número de
territórios coloniais desnacionalizados, só um Estado independente poderia fazer
ruir na última hora, toda a obra, pois o bolchevismo só pode perdurar,
abrangendo a totalidade do mundo.
Quando mesmo
só um Estado ficasse conservando a sua grandeza nacional sucumbiria o império
mundial dos sátrapas judaicos, como qualquer tirania neste mundo há de sucumbir
diante do poder da idéia nacional.
O judeu sabe
muito bem que, com sua capacidade de acomodação, pode minar povos europeus e
transformá-los em bastardos e que dificilmente poderia fazer o mesmo com um
Estado asiático nacionalista como o Japão. Ele pode, hoje, minar o alemão, o
inglês, o americano e o francês, mas para fazê-lo em relação ao asiático
amarelo, faltam as pontes de ligação. Por isso trata de destruir o Estado
nacional nipônico com as forças atuais. para livrar se deste adversário
perigoso, para poder transformar a última potência nacional em um despotismo
sobre seres desarmados, o que é indispensável para a fundação do império judaico
mundial. Atiça as paixões dos povos contra o Japão, como antes o fez contra a
Alemanha, e assim pode acontecer que, enquanto os estadistas britânicos tentam
conservar a aliança com o Japão, a imprensa judaica comece a exigir a guerra
contra o aliado, preparando contra o mesmo a luta de extermínio, com
proclamações em favor da democracia e ('em o grito de batalha: "Abaixo o
militarismo e o imperialismo japonês!"
O judeu
na Inglaterra tornou se hoje um rebelde.
O
combate contra o perigo mundial judaico começará também
ali.
É nesse terreno que o movimento
nacional-socialista tem de cumprir a sua missão mais
importante.
O Nacional Socialista deve abrir os
olhos do povo a respeito das nações estrangeiras e deve continuar sempre a
apontar ao mundo de hoje o seu verdadeiro inimigo, Em lugar do ódio contra raças
arianas, das quais podemos estar separados por muitos motivos, mas com as quais
estamos unidos pelo sangue comum e pela homogeneidade da cultura, deve pregar a
cólera comum contra o perverso inimigo da humanidade, o verdadeiro autor de
todos os males atuais.
Tem que cuidar, ao menos
no nosso país, de tornar conhecido o adversário mais mortal, para que o combate
contra o mesmo abra o caminho aos demais povos para a luta pela salvação da
humanidade ariana.
Que seja a razão o nosso
guia, que seja a vontade a nossa força; que o dever sagrado de assim proceder
nos dê perseverança e o nosso mais forte apoio seja sempre a nossa fé.
CAPÍTULO XIV - ORIENTAÇÃO PARA LESTE OU POLÍTICA DE
LESTE
Duas razões me levam a submeter a
exame especial as relações da Alemanha para com a
Rússia.
1. Trata-se, no caso, talvez da questão
mais decisiva da política externa alemã.
2.
Esse problema põe à prova a capacidade política do movimento nacional socialista
para pensar com clareza e agir com acerto.
Devo
confessar que, sobretudo, o segundo ponto muitas vezes me encheu de apreensões.
Como o nosso movimento não angaria seus adeptos rio campo dos indiferentes e,
sim, na maioria dos casos, entre os ideólogos mais extremados, é muito natural
que esses homens, no que diz respeito à política externa, estejam
preliminarmente sobrecarregados dos preconceitos e da estreiteza de vistas dos
círculos a que anteriormente pertenciam, política e ideologicamente. Isso não
acontece com os que nos chegam da "esquerda". Ao contrário. Por mais errados que
os ensinamentos até então fossem com relação a esses problemas, em não raros
casos, ao menos parcialmente, eles eram compensados por um resto existente de
instinto natural e sadio. Seria então necessário substituir a influência
anterior por uma noção, freqüentemente melhor; o nosso aliado, nesse trabalho,
era a intuição sadia ainda existente, bem como o instinto de
conservação.
Muito mais difícil, ao contrário,
é fazer com que uma criatura, cuja educação anterior nesse sentido não foi feita
de acordo com a razão e com a 1ó'gica e que tenha sacrificado todo o resto do
instinto natural no altar da objetividade, pense com clareza em matéria
política. Justamente os nossos chamados intelectuais é que são os que mais
dificilmente chegam à compreensão verdadeira e clara de seus interesses e dos
interesses de seu povo. Eles não só estão saturados de idéias e preconceitos os
mais absurdos, como, além disso, perderam todo o instinto de conservação. O
movimento nacional socialista tem de sustentar sérias lutas com essas criaturas,
lutas sérias justamente porque, infelizmente, não obstante a sua completa
incapacidade, não raramente eles são possuídos de extraordinário orgulho, o que
faz com que, sem justificação, olhem de cima para baixo as outras criaturas, ate
as que lhes são superiores. São pretensiosos e arrogantes sabichões, sem
qualquer capacidade de exame sereno e de ponderação, condições primordiais de
qualquer resolução em política externa.
Como
justamente essas criaturas começam hoje, de uma maneira nociva, a desviar nossa
política externa de qualquer representação real dos interesses nacionais, a fim
de que a mesma seja útil às suas fantásticas teorias, sinto-me obrigado a falar,
com especial cuidado, aos meus adeptos, sobre uma importantíssima questão de
política externa, isto é, sobre as nossas relações com a Rússia, pois isso deve
ser compreendido por todos e tratado em uma obra como
esta.
De um modo geral, quero ainda dizer
preliminarmente o seguinte:
Se devemos
compreender como política externa a regulamentação das relações de um povo para
com o resto do mundo, essa espécie de regulamentação será condicionada por fatos
determinados. Como nacionais socialistas, podemos, em seguida, estabelecei- a
seguinte proposição, quanto ao caráter da política externa de um Estado
nacionalista.
O dever da política externa de um
Estado nacionalista é assegurar a existência da raça incluída no Estado,
estabelecendo uma proporção natural entre o número e o crescimento da população,
de um lado, e, do outro, a extensão e a qualidade do
solo.
Quando falo em proporção natural
refiro-me à possibilidade do Estado de assegurar alimentação a um povo no seu
próprio solo. Qualquer outra situação, dure ela séculos ou mesmo milhares de
anos, nem por isso é menos natural e, mais cedo ou mais tarde, conduzirá ao
enfraquecimento se não ao aniquilamento do
povo.
Somente um suficiente espaço na terra é
que assegura, a um povo a liberdade de
existência.
Por isso, não se pode julgar a
extensão da área de povoamento somente pelas exigências do presente, nem mesmo
pela capacidade de produção da terra em referência ao número de habitantes.
Pois, como já explanei no primeiro volume, no capitulo "Política de aliança da
Alemanha antes da Guerra", cabe à superfície de um Estado, além .de sua
importância como fonte direta da alimentação de um povo, também nina outra, a de
caráter político-militar. Quando um povo tem assegurada a sua alimentação pela
extensão de seu território, é ainda necessário considerar a garantia do próprio
solo. Esta reside na força política do Estado, que, por sua vez, é determinada
por pontos de vista militares e geográficos.
Só
desse modo pode a nação alemã defender-se como potência mundial. Por cerca de
dois mil anos, os nossos interesses nacionais, como devem ser chamadas as nossas
atividades externas, mais ou menos felizmente concebidas, representaram o seu
papel na história universal. Nós próprios podemos dar testemunho disso, pois a
grande luta de 1914 a 1918 não foi mais que a luta da nação alemã pela sua
existência no mundo e teve o nome de guerra
mundial.
O povo alemão entrou naquela luta como
pretensa potência mundial. Digo pretensa porque, na realidade, ele não o era.
Tivesse tido o povo alemão, no ano de 1914, uma outra relação entre a área de
seu solo e o número de seus habitantes e a Alemanha teria sido na realidade uma
potência mundial e a Guerra teria podido terminar favoravelmente, abstraindo
todos os demais fatores.
Não é aqui minha
tarefa ou mesmo minha intenção mostrar o "se", caso não tivesse havido o "mas".
Sinto, entretanto, como uma necessidade imperiosa, expor, de maneira simples, o
atual estado de coisas, apontar suas angustiantes fraquezas, para, ao menos nas
fileiras do Nacional-Socialismo, aprofundar o exame no que é
essencial.
Hoje a Alemanha não é uma potência
mundial. Mesmo que a nossa atual impotência militar fosse remediada, não
poderíamos ter mais nenhuma pretensão a esse título. Que significa hoje em dia
uma estrutura que, na sua relação de habitantes para a área, é tão
lamentavelmente constituída como o império alemão de antes da Guerra? Em uma
época em que aos poucos o mundo é dividido entre alguns Estados, dos quais uns
quase que abraçam continentes, não se pode falar em potência mundial de uma
nação cuja metrópole política se acha restrita a uma área ridícula de menos de
quinhentos mil quilômetros
quadrados.
Considerada, sob o ponto de vista
puramente territorial, a superfície do império alemão é insignificante em face
das chamadas potências mundiais. A Inglaterra não é exemplo a ser citado, desde
que a mãe-pátria britânica não é na realidade senão a grande capital do seu
império mundial, que considera, como propriedade sua, cerca de um quarto da
superfície terrestre. Devemos antes olhar para Estados gigantescos como a União
Americana e depois a Rússia e a China, - que possuem áreas, algumas das quais
dezenas de vezes maiores que o império alemão. A própria França deve ser contada
como um deles. Ela não somente completa constantemente o seu exército com a
população de cor de seu império gigantesco, como também, racialmente, faz tais
progressos na sua negrificação que, na realidade, já se pode falar no
aparecimento de um Estado africano em solo europeu. A política colonial da
França atual não se pode comparar com a passada política alemã. se o
desenvolvimento da França prosseguir, na forma atual, por trezentos anos, os
últimos restos de sangue franco desaparecerão no Estado europeu-africano de
mulatos que se está formando e ela terá um território formidável, do Reno ao
Congo, povoado por uma raça inferior que cada vez mais se abastarda. Nisso é que
a política colonial francesa difere da anterior política
alemã.
A política alemã de outrora era feita
por metade, como tudo que fazíamos. Ela nem aumentou as terras ocupadas com a
raça alemã, nem empreendeu a tentativa criminosa de fortalecer o império pela
introdução de sangue negro. O caso dos askaris na África oriental alemã foi um
pequeno e hesitante passo nesse caminho, mas, na realidade, só serviu para a
defesa da própria colônia. A idéia de trazer para o teatro de guerra européia
tropas pretas, abstraindo inteiramente a impossibilidade disso, durante a
Guerra, nunca foi objeto de cogitações de nossa parte, mesmo em condições mais
favoráveis, ao passo que, ao contrário, entre os franceses, sempre foi
considerada e sentida como fundamento de sua atividade
colonial.
Assim é que, hoje em dia, há no
mundo, uma série de potências que ultrapassam não só em população a grandeza do
povo alemão, como, sobretudo quanto à sua superfície, possuem o maior apoio ao
seu poderio político. Desde o começo de nossa história, há dois mil anos atrás,
e agora de novo, nunca foi tão desfavorável a proporção, quanto área e à
população, entre o império alemão e outras potências em evidência. Naquela
época, irrompemos como um povo jovem em um mundo de grandes nações em
decadência, cujo último gigante, Roma, nós mesmos ajudamos a aniquilar.
Encontramo-nos hoje em dia num mundo de grandes potências em formação. entre as
quais o nosso país cada vez mais diminui de
importância.
É necessário que encaremos
calmamente essa amarga verdade. Faz-se mister que acompanhemos e comparemos o
Império alemão, através dos séculos, nas suas relações com outros Estados, no
que diz respeito à população e superfície. Sei que cada um chegará com
consternação ao resultado por mim já proclamado ao tratar desse assunto: A
Alemanha não é mais uma potência mundial, pouco importando que ela esteja
militarmente forte ou fraca.
Cessamos de
desfrutar o mesmo prestigio das outras grandes nações do mundo, e isso
exclusivamente devido à direção nefasta de nossa política externa, a uma
absoluta falta de tradição, por assim dizer, de uma política externa visando
objetivo determinado, e à perda de todo e qualquer instinto de
conservação.
Se o movimento nacional socialista
quer realmente consagrar-se a uma grande missão em favor de nosso povo perante a
História, ele terá de lutar condenado, compenetrado da dor provocada pela atual
situação de nosso povo e tendo em mira um objetivo determinado, contra a
dispersão e incapacidade que até então nos conduziram pelos caminhos de sua
política externa. Ele terá de encontrar a coragem para, desprezando tradições" e
preconceitos, congregar o povo e suas forças para a marcha pela estrada que nos
libertará da estreiteza atual do nosso solo, livrando-nos assim, para sempre, do
perigo de perecer ou de ter, como povo escravizado, de servir a outros
povos.
O movimento nacional socialista terá de
tentar eliminar a disparidade entre a nossa população e a área de nosso solo -
este considerado tanto como fonte de subsistência como também de baluarte
político, e entre nosso passado histórico e o desespero de nossa impotência
atual. Ele se deverá convencer de que, como preservadores do mais alto espirito
de humanidade, estamos ligados ao mais elevado dos deveres e ele tanto mais
facilmente cumprirá essa missão quanto mais fizer o povo alemão atingir a sua
consciência racial.
A prova de minha afirmação
de que a política externa alemã de até então era sem objetivo e incapaz, reside
no fracasso real da mesma. Fosse o nosso povo intelectualmente inferior e
covarde, os resultados de suas. lutas no mundo não poderiam ter sido piores do
que os que vemos diante de nós, hoje em dia. Os acontecimentos dos últimos
decênios anteriores à Guerra não nos devem enganar, pois, não se pode medir o
poder de uma nação por si mesma e sim pela comparação com outros países. É,
porém, justamente uma tal comparação que fornece a prova de que o acréscimo de
poder de outros Estados não só foi mais uniforme como também maior no seu efeito
final e que, portanto, o caminho tomado pela Alemanha, não obstante a ascensão
aparente, na verdade cada vez mais se afastava do de outros países, ficando ela
muito para trás. Em poucas palavras: a diferença de grandeza aumentava
desfavoravelmente a nós. Mesmo quanto à população, à medida que passava o tempo,
mais ficávamos para trás. Como o nosso povo incontestavelmente não é, em
heroísmo, ultrapassado por nenhum outro povo do mundo e mesmo foi que, no final
das contas, maior tributo de sangue pagou, entre todos os povos, pela
conservação de sua existência, o insucesso só pode ser atribuído à maneira
errônea pela qual esse tributo foi pago.
Se
examinarmos, em conjunto, os acontecimentos políticos do nosso povo num período
de mil anos, fazendo desfilar diante de nossos olhos as inúmeras guerras e
lutas, e analisarmos o resultado final, teremos de confessar que, na verdade,
desse mar de sangue só surgiram três fenômenos que poderemos considerar frutos
de uma política externa claramente
delineada.
1. A colonização da Marca Oriental
(Ostmark) devida principalmente aos
Bajuwares.
2. A aquisição e penetração do
Território a Leste do Elba.
3. A organização,
devida aos Hohenzoller, do Estado Brandenburgo prussiano, como modelo e ponto de
cristalização de um novo Reich.
Uma advertência
cheia de ensinamentos para o futuro!
Aqueles
dois primeiros grandes sucessos de nossa política externa foram os mais
duradouros. Sem eles, o nosso povo, hoje em dia, não teria mais importância no
rol das nações. Foram eles a primeira tentativa e, infelizmente também a única
conseguida, de procurar estabelecer um equilíbrio entre a população crescente e
a extensão do solo. Deve ser considerado uma verdadeira fatalidade o fato de
nossos historiadores não terem nunca sabido dar o verdadeiro valor a esses dois
resultados, os mais formidáveis e de maior repercussão para a posteridade.
Entretanto glorificaram tudo, heroísmos de fantasia, elogiaram inúmeras guerras
e lutas de aventuras, em vez de reconhecerem quão insignificante a maioria
desses acontecimentos fora para o desenvolvimento da
Nação.
O terceiro grande sucesso de nossa
atividade política está na formação da Prússia e na idéia de Estado cultivado
pela mesma, bem como na formação de um exército alemão dotado de todos os
requisitos modernos da técnica. A mudança da idéia de defesa regional para a de
defesa nacional considerada um dever, surgiu diretamente da formação desses
Estado e dos novos princípios por ele introduzidos. É impossível exagerar a
significação desse acontecimento. A nação alemã, desunida pelo excesso de
regionalismo inato, tornou-se disciplinada sob a direção do exército prussiano e
recobrou, por seu intermédio, ao menos em parte, a capacidade de organização que
se havia perdido. Por meio do exercício militar conquistamos para nos aquilo que
as outras nações sempre possuíram - isto é,
unidade.
Por isso, a abolição do serviço
militar obrigatório - que seria sem importância para uma dezena de outras nações
- para nós é de conseqüências desastradas. Dez gerações de alemães sem a
disciplina e a educação militares, abandonados a influências malsãs provenientes
da falta de unidade inerente a seu sangue, e nosso país teria perdido os últimos
vestígios de existência independente neste planeta. O espírito germânico Leria
dado a sua contribuição à civilização, exclusivamente sob as bandeiras de nações
estrangeiras e sua origem se teria perdido no esquecimento. Passaria a ser
"adubo de civilização" até que o último resto de sangue ariano nórdico se
tivesse decomposto e desaparecido em nós.
É
digno de nota o fato de nossos inimigos compreenderem e darem valor do que nós à
importância dessas verdadeiras vitórias políticas, conseguidas por nosso povo em
suas lutas milenárias. Até hoje ainda apreciamos um heroísmo que custou aos
alemães milhões de seus mais nobres valores, sem resultado final apreciável. É
altamente importante para nossa maneira de agir, tanto agora como no futuro, que
as verdadeiras vitórias da nossa nação e os objetivos estéreis pelos quais tanto
sangue se. derramou sejam claramente distinguidos e
separados.
Nós, os nacionais socialistas não
devemos jamais aderir ao patriotismo viciado e barulhento de nosso atual mundo
burguês. É sobretudo extremamente perigoso nos considerarmos ligados por menos
que seria a ultima orientação anterior à guerra. De todo o período histórico do
século dezenove não se pode deduzir, naquilo que nos diz respeito, um único
compromisso que estivesse bem fundamentado nesse mesmo período. Temos de, em
contraposição à atitude dos representantes daquela época, converter-nos ao ponto
de vista mais elevado de qualquer política externa, a saber: Procurar
estabelecer o equilíbrio entre o solo e a população Podemos mesmo tirar do
passado o ensinamento que nos diz que devemos orientar o nosso objetivo de ação
política em duas direções: o solo como finalidade de nossa política externa e,
como objetivo de política interna, uma base nova e uniforme solidificada por
princípios gerais.
Até que ponto a exigência de
solo é moralmente justificada, eis a questão de que ainda quero tratar. Isso se
torna necessário, pois, infelizmente, aparecem, mesmo nos chamados círculos
nacionalistas, toda sorte de faladores vazios, que se esforçam por propor ao
povo alemão, como objetivo de toda política externa, a reparação da injustiça de
1918, achando, entretanto, necessário assegurar ao mundo inteiro, a fraternidade
das raças, desde que aquele desideratum esteja
atingido.
Eu desejaria antecipar o
seguinte:
A exigência do restabelecimento das
fronteiras do ano de 1914 é uma tolice política de tal quilate e de tais
conseqüências, que fazem com que ela deva ser considerada um crime, abstraindo
mesmo inteiramente o fato de serem as fronteiras do Reich em 1914 tudo menos
lógicas. Pois elas não eram completas em relação ao conjunto da população de
origem alemã nem racionais em relação à sua conveniência geográfico-militar. Não
foram o resultado de uma ação política estudada e sim fronteiras eventuais
oriundas de lutas políticas inacabadas, e, até em parte conseqüência de mero
acaso. Com o mesmo direito e, em muitos casos, com mais direito, poder-se-ia
tomar um ano qualquer da história alemã, a fim de. recompondo as condições
daquela época, esclarecer o objetivo de uma ação no terreno da política externa.
A exigência acima corresponde, entretanto, inteiramente, ao nosso mundo burguês,
que também aqui não possui um único pensa mento político para o futuro, e vive
antes no passado, sobretudo no passado mais próximo. Os seus olhares
retrospectivos não vão além de sua própria época. A lei da inércia o prende a
uma dada situação, faz com que ofereça resistência contra qualquer modificação
da mesma. Assim é. pois, natural que o horizonte político dessa gente não
ultrapasse o limite do ano de 1914. Proclamando, porém, como objetivo político
de sua ação o restabelecimento daquelas fronteiras. eles estão sempre renovando
a aliança de nossos inimigos, já em vias de destruição. Só assim é que se
explica porque, oito anos após a guerra mundial, em que tomaram parte nações
cujas finalidades e desejos eram os mais heterogêneos, consegue se manter a
coligação entre vitoriosos, de uma maneira mais ou menos
sólida.
E nós não os enganamos. Fixando como
ponto de seu programa político o restabelecimento das fronteiras de 1914, o
nosso mundo burguês amedronta o parceiro que por acaso queira abandonar a
aliança, pois este terá medo de ser atacado isoladamente, perdendo a proteção
dos aliados. Cada Estado se sente atingido e ameaçado por aquela
plataforma.
E, no entretanto, ela é tola sob
dois pontos de vista:
1. Porque faltam os meios
materiais para, do fumo das reuniões noturnas dos restaurantes, torná-la uma
realidade.
2. Porque mesmo que ela se pudesse
tornar realidade, o resultado seria outra vez tão lamentável, que, com toda a
sinceridade, não teria valido a pena desperdiçar o sangue de nosso povo em uma
tal empreitada.
É evidente que o
restabelecimento das fronteiras de 1914 só poderia ser conseguido com sangue. Só
espíritos ingenuamente infantis é que se podem embalar na ilusão de que a
reparação do erro de Versalhes poderá ser conseguido por vias indiretas. Isso
sem considerar que uma tal tentativa exigiria uma natureza à Talleyrand, que não
possuímos. Uma metade de nossos políticos é constituída de elementos
essencialmente ladinos, sem . caráter e inimigos de nosso povo, enquanto a outra
metade é constituída de homens fracos, boa gente, inocente e cheia de
complacência.
Além disso, os tempos mudaram
muito desde o Congresso de Viena:
Não são mais os príncipes e amantes de
príncipes que mercadejam e negociam as fronteiras do Estado e sim o implacável
judeu internacional que luta pelo domínio sobre os povos. Não há povo que
consiga afastar esse punho de sua garganta, a não ser pela espada. Somente a
força unida e concentrada de uma paixão nacional em ebulição consegue fazer
frente à escravização internacional dos povos. Uma tal solução é e terá de sei
sempre por meio da violência.
Se, entretanto,
existe a convicção que, de uma maneira ou de outra, o futuro da Alemanha exige o
maior sacrifício, é necessário, que, abstraindo quaisquer considerações sobre
habilidade política, 3á por causa desse sacrifício, é preciso saber se o
objetivo pelo qual se quer combater é digno do
mesmo.
As fronteiras de 1914 nada significam
quanto ao futuro da Alemanha. Elas não constituíam uma proteção no passado nem
significarão força no futuro. Elas não dariam a solidariedade interna à nação
alemã nem poderiam prover à sua alimentação; do ponto de vista militar, elas não
serviriam, nem satisfariam, nem melhorariam a nossa atual situação com relação
às outras potências, ou melhor em relação àquelas que são as verdadeiras
potências mundiais. A distância que nos separa da Inglaterra não diminuiria, não
seria possível atingir à grandeza da União Americana, nem mesmo a França
sofreria sensível diminuição na sua importância como
potência.
Uma coisa, porém, seria certa:
qualquer tentativa no sentido de restaurar as fronteiras de 1914, mesmo bem
sucedida, só conduziria a mais derramamento de sangue, até que não restasse mais
o indispensável à reconstrução da vida e do futuro da nação. Ao contrário, a
embriagues de uma vitória tão vazia, faria com que sobreviesse a desistência de
qualquer objetivo, tanto mais quanto estaria reparada a "honra nacional" e novas
portas abertas ao desenvolvimento comercial, ao menos por algum tempo. Em
contraposição, nós os nacionais-socialistas devemos nos manter firmes nos nossos
propósitos quanto à política externa, isto é, os de assegurar ao povo alemão o
solo que lhe compete neste mundo. E essa ação é a única que justifica, perante
Deus e a posteridade alemã, um tributo de sangue. Perante Deus, uma vez que
fomos colocados neste mundo com a obrigação de lutar eternamente pelo pão de
cada dia, sendo como somos criaturas que nada recebem de presente e que devem a
sua posição de senhores no mundo exclusivamente ao gênio e à coragem com que
sabemos lutar por ela; perante a nossa posteridade alemã, uma vez que jamais
derramamos o sangue de um cidadão sem que fossem doados à posteridade milhares
de outros. O solo em que algum dia as gerações de camponeses alemães poderão
gerar filhos fortes, explicará o sacrifício dos filhos de hoje e os estadistas,
embora perseguidos no presente, serão futuramente absolvidos do crime de
derramamento de sangue e de sacrifício do
povo.
Da maneira mais violenta, sou obrigado a
me insurgir contra aqueles escritores que vêem em uma tal aquisição do solo "uma
violação dos sagrados direitos das gentes", dirigindo os seus escritos contra
uma tal atuação. Não se sabe nunca quem está escondido atrás de tais indivíduos.
O que é certo, porém, é que a confusão que eles conseguem estabelecer é desejada
por alguém e favorece os nossos inimigos. Tomando tais atitudes, eles ajudam
criminosamente a diminuir, a eliminar em nosso povo a vontade de persistir no
ponto de vista certo quanto às suas necessidades vitais. Pois não há povo neste
mundo que possua um único quilômetro quadrado, por vontade superior ou direito
superior. Assim como as fronteiras da Alemanha são fronteiras devidas ao acaso,
à luta política da ocasião, assim também acontece em relação às fronteiras
dentro das quais vivem os outros povos. E, assim como só um néscio pode
considerar graniticamente imutável a formação de nossa superfície terrestre,
superfície essa que é a criação de formidáveis forças da natureza, e que quiçá
amanhã sofrerá destruição ou transformação por forças mais poderosas ainda,
assim também acontece na vida dos povos, em relação às fronteiras entre as quais
eles vivem.
Os limites entre os países são
criados pelos homens e por eles modifica dos.
O
fato de um povo ter conseguido adquirir uma extensão desmedida de solo não
significa uma obrigação superior de reconhecer-se eternamente essa aquisição.
Isso prova, quando muito, a força do conquistador e a fraqueza daqueles que o
toleram. É somente nessa força é que reside o direito. O fato do povo alemão,
hoje em dia, encontrar-se apertado em uma extensão territorial insignificante,
aguardando um futuro deplorável, não é um desígnio do destino, assim como também
uma rebelião contra esse estado de coisas representa uma mudança brusca contra o
mesmo. Assim como nossos antepassados não receberam como dádiva do céu o solo em
que hoje vivemos e sim através de árduas lutas, com sacrifício de suas vidas,
também para o futuro o solo e a vida de nosso povo não advirá de nenhum favor e
sim somente por intermédio da força de uma espada
vitoriosa.
Por mais que reconheçamos hoje em
dia a necessidade de um entendimento com a França, esse entendimento será
ineficaz em linhas gerais caso ao mesmo omitam o nosso objetivo geral em matéria
de política externa. Esse entendimento só poderá e só terá sentido, se oferecer
uma garantia de aumento de nosso solo na Europa. A aquisição de colônias não
resolve essa questão. De fato, não há solução fora da conquista de território
para colonização que aumente a extensão territorial da mãe pátria e com isso não
só mantenha os colonizadores em contato íntimo com o seu país de origem como
também assegure as vantagens de uma unidade
perfeita.
O movimento nacionalista não deverá
ser o advogado de outros povos e sim o pioneiro do seu próprio povo. A não ser
assim, ele será supérfluo e sobretudo não terá direito de falar sobre o passado,
pois, nesse caso, estaria agindo como esse. A antiga política alemã foi
erradamente determinada em obediência a pontos de vista de dinastias. De futuro
não deverá ser conduzida por sentimentalismo. Sobretudo não somos policia de
proteção dos conhecidos "pobres e pequenos povos" e sim soldados de nosso
próprio povo.
Nós os nacionais-socialistas
temos de ir mais longe: o direito ao solo não se trata de um qualquer poviléu de
negros e sim da Pátria germânica pode se tornar um dever quando um grande povo,
sem possibilidade de aumento territorial, parece destinado ao desaparecimento.
Sobretudo quando que imprimiu ao mundo de hoje o seu cunho cultural. A Alemanha
tornar-se-á uma potência mundial ou deixará de existir. Para tanto ela necessita
daquela grandeza que hoje em dia a sua importância lhe confere e a seus cidadãos
a vida oferece.
Nós os nacionais socialistas
traçamos com isso, deliberadamente, uma linha, antes da Guerra, sobre a
tendência divisória de nossa política externa. Começamos ali onde os outros
terminaram, há 600 anos atrás. Fazemos parar a eterna corrente germânica em
direção ao sul e ao ocidente da Europa e lançamos a vista para as terras de
leste. Terminamos, finalmente, a política colonial e comercial de antes da
Guerra e passamos à política territorial do
futuro.
Quando hoje em dia falamos, na Europa,
de nosso solo, pensamos, em primeira linha, somente na Rússia e Estados
adjacentes, a ela subordinados.
O próprio
destino parece querer nos indicar a direção. O destino, ao abandonar a Rússia ao
bolchevismo, roubou ao povo russo a classe educada que criara e garantira a sua
existência como Estado. A organização de um Estado russo não foi o resultado da
capacidade política do eslavismo na Rússia, e sim um maravilhoso exemplo da
eficiência, como criadores de Estados, dos elementos germânicos no seio de uma
raça inferior. Assim foram criados numerosos impérios poderosos do mundo. Povos
inferiores, tendo elementos como organizadores e dirigentes dos mesmos, mais de
uma vez cresceram e se mantiveram prósperos, enquanto se conservou o cerne da
raça em formação. Durante séculos, as camadas superiores da Rússia se
aproveitaram dessa influência germânica. Hoje em dia, ela pode ser considerada
inteiramente destruída. Em seu lugar, apareceu o judeu. É tão impossível à
Rússia livrar-se do jugo judaico, por suas próprias forças, como ao judeu manter
o controle sobre o vasto império, ainda por muito tempo. Ele não é um elemento
organizador, e sim antes um fermento de decomposição. O imenso império do
oriente está prestes a ruir. O fim do domínio judaico na Rússia será também o
fim da Rússia como Estado. Fomos escolhidos pelo destino para sermos testemunhas
de uma catástrofe que será a mais formidável confirmação da verdade da teoria
racial.
Nossa finalidade, a missão do movimento
nacional socialista, é porém, convencer o povo alemão de que não deve ver aí o
seu objetivo do futuro realizado na embriaguez de uma nova campanha de Alexandre
e sim no trabalho laborioso do arado alemão ao qual só a espada tem de dar o
solo.
É natural que os judeus oponham a essa
política a mais tenaz resistência. Eles sentem melhor do que ninguém a
importância dessa questão, no que diz respeito ao seu próprio futuro. Justamente
esse fato é que devia esclarecer todos os homens de idéias nacionalistas sobre a
retidão dessa nossa orientação. Infelizmente, porém, dá-se justamente o
contrário. Não só nos círculos germânicos nacionalistas como também mesmo nos
"racistas" combate-se fortemente essa idéia de uma política oriental,
invocando-se, como quase sempre em ocasiões semelhantes, uma autoridade mais
alta. Cita se o espírito de Bismarck para acobertar uma política que é tão
insensata como impossível, e perniciosa em alto grau ao povo alemão. Diz-se que
Bismarck fizera outrora sempre questão das boas relações com a Rússia. Isso é,
até certo ponto, certo. Mas se esquecem de mencionar, a esse respeito, que ele
dava igualmente grande valor, por exemplo às boas relações com a Itália, que o
mesmo Bismarck se aliara outrora à Itália para melhor liquidar a Áustria. Porque
é que não se continua, pois, essa política? "Porque a Itália de hoje não é a
Itália de outrora", dir-se-á. Bem. Mas nesse caso, honrados senhores,
permitam-me objetar que a Rússia atual não é mais a Rússia de então. A Bismarck
nunca ocorreu, por princípio, querer fixar, para sempre, um mesmo caminho em
táticas políticas. Ele era por demais senhor do momento para impor a si mesmo um
tal compromisso. A pergunta não deve, portanto, ser: que fez então Bismarck? E
sim, antes: Que faria ele hoje em dia? Essa pergunta é mais fácil de responder.
Com sua inteligência política, ele nunca se aliaria a um Estado condenado ao
aniquilamento.
Além disso, já naquela época,
Bismarck observava com restrições a política alemã de colonização e comércio,
pois o que mais de perto lhe interessava era garantir, da maneira mais segura, a
consolidação do Estado por ele criado. Esse, também, foi o único motivo por que
ele, naquela ocasião, aceitou com agrado que a Rússia lhe guardasse as costas,
deixando-lhe livre o braço direito para agir no ocidente. Entretanto, aquilo
que, então, trouxe vantagem para a Alemanha, seria hoje
prejudicial.
Já nos anos de 1920/21, quando o
movimento nacional socialista começava lentamente a se elevar no horizonte
político e já era considerado um movimento de libertação da nação alemã, o
Partido foi abordado, por vários lados, por certos indivíduos, com o projeto de
estabelecer-se entre o mesmo e os momentos de libertação de outros países uma
certa ligação, nos moldes há muito preconizados de "Aliança das Nações
Oprimidas". Tratava-se sobretudo de representantes de Estados balcânicos,
egípcios e indianos, que me davam sempre a impressão de presunçosos tagarelas,
sem quaisquer elementos. Mas houve uns raros alemães, especialmente entre os
nacionalistas, que se deixaram levar por aqueles enfatuados orientais e
imaginaram que qualquer estudante indiano ou egípcio que aparecia era um genuíno
"representante" do povo da Índia ou do Egito. Nunca se deram ao trabalho de
obter informações, nem compreenderam que essa gente não tinha elementos nem
autoridade dada por quem quer que fosse para realizar qualquer espécie de
acordo. Assim sendo, tratar com tais personagens era a mesma coisa que nada
fazer e perder tempo. Eu sempre me defendi contra tais tentativas, não só porque
tinha mais o que fazer do que perder semanas em "confabulações" estéreis, como
também porque considerava, mesmo que se tratasse de representantes autorizados
daquelas nações, tudo isso imprestável e mesmo
pernicioso.
Já era bastante mau que, no tempo
da paz, a política de aliança alemã tivesse terminado em uma aliança defensiva
de Estados velhos, politicamente inválidos, em virtude da falta de intenções
eficientes de combate. Tanto a aliança com a Áustria como com a Turquia tinham
pouco de agradável, em si. Enquanto os maiores Estados do mundo, militares e
industriais, se reuniam em uma aliança ofensiva, fazíamos a reunião de alguns
Estados velhos e impotentes e, com essas velharias destinadas a desaparecerem,
procurávamos enfrentar uma coligação mundial eficiente. A Alemanha pagou caro
esse erro da política externa. Entretanto isso não impediu que os nossos eternos
sonhadores caíssem imediatamente no mesmo erro, pois a tentativa de desarmar um
vencedor todo-poderoso por meio de uma "aliança de nações oprimidas" é não só
ridícula como nociva. É nociva porque, com isso, o nosso povo é sempre desviado
de suas possibilidades reais, e se entrega a esperanças e ilusões fantásticas e
estéreis. O alemão de hoje se assemelha na realidade ao náufrago que se agarra a
qualquer palha, mesmo quando se trata de gente muito culta. Logo que aparece o
fogo-fátuo de uma esperança, por mais irreal que seja, essas criaturas põem-se a
caminho e seguem esse fantasma, seja o mesmo uma aliança de nações oprimidas,
uma liga das nações ou qualquer outra fantasia; nem por isso essa fantasia
deixará de encontrar milhares de almas
crentes.
Lembro-me ainda das esperanças, tão
infantis quanto incompreensíveis, que, nos anos de 1920/21, surgiram nos
círculos "populares". Pensava-se que a Inglaterra estava diante de um fracasso
na Índia. Um prestidigitador asiático qualquer, um desses libertadores da Índia
que não estavam em atividade na Europa, tinha conseguido encher a cabeça de
gente geralmente insensata com a idéia fixa de que o império britânico que
possuía o seu ponto de apoio na Índia, se encontrava em face da ruína.
Naturalmente não se deram conta de que também nesse caso, somente o seu próprio
desejo é que gerava todas as suas idéias. Tão pouco compreendiam a contradição
de suas próprias esperanças. Esperando ver na queda do domínio inglês na Índia o
fim do império mundial britânico e do poderio inglês, eles mesmos reconhecem que
justamente a Índia é para a Inglaterra da mais eminente
importância.
Essa questão, de importância
vital, não é, porém, somente conhecida de qualquer profeta popular germânico que
disso faça o seu maior segredo, e sim provavelmente também por parte dos
dirigentes ingleses. É verdadeiramente infantil supor que, na Inglaterra, não se
saiba avaliar a importância do Império das Índias para a união britânica. É
apenas uma triste prova de não se ter tomado a lição da guerra mundial e de não
se ter compreendido o caráter firme do anglo-saxão o imaginar-se que a
Inglaterra deixaria a Índia tornar-se independente. Isso também prova a completa
ignorância dominante na Alemanha quanto aos métodos com que a Inglaterra
administra aquele império. A Inglaterra jamais deixará a Índia separar-se, a não
ser que ela caia na confusão racial (hipótese completamente afastada na Índia),
ou a não ser que ela a isso seja forçada pela espada. de um poderoso inimigo. Os
levantes indianos jamais terão êxito. Nós alemães conhecemos bem, por
experiência, quanto é duro contrariar a Inglaterra. Além de tudo isso, falando
como alemão, eu prefiro ver a Índia sob o domínio da Inglaterra do que sob o de
qualquer outra nação.
São igualmente sem
fundamento as míticas esperanças de um levante no Egito. A "guerra santa" pode
provocar em nossos ingênuos alemães a agradável sensação proveniente do fato de
outros estarem dispostos a perder sangue por nós, pois essa especulação covarde
foi, realmente, a causa dessas esperanças. Na verdade, qualquer tentativa de
levante teria um fim infernal, sob o fogo das companhias de metralhadoras
inglesas e sob uma chuva de bombas.
O que é
fato é que é uma impossibilidade, com uma coligação de aleijados, lutar contra
um Estado poderoso que está decidido a sacrificar, por sua existência, se
necessário, a última gota de sangue. Como um racista que julga a humanidade pelo
critério da raça, não posso admitir que se acorrentem os destinos de uma nação
às chamadas "nacionalidades oprimidas", desde que, racialmente, elas são de
insignificante valor.
Justamente a mesma
posição temos de adotar em relação à Rússia. A Rússia de hoje, desprovida da
elite germânica, não é, mesmo pondo de parte inteiramente as intenções íntimas
de seus atuais senhores, um aliado próprio a uma luta pela libertação alemã. Sob
o ponto de vista puramente militar, as conseqüências, no caso de uma guerra da
Alemanha e da Rússia contra o ocidente da Europa e, provavelmente, também.
contra o resto do mundo, seriam verdadeiramente catastróficas. A luta
desenrolar-se-ia, não em terreno russo, mas em território alemão, sem que a
Alemanha pudesse receber da Rússia o menor auxílio eficiente. O poder material
do atual império alemão é tão precário e de tal maneira impróprio para uma luta
externa, que toda qualquer proteção da fronteira ocidental, inclusive da
Inglaterra, não seria de possível realização. E justamente a região industrial
alemã estaria indefesa contra as armas concentradas de nossos inimigos. Acresce
a circunstância de haver, entre a Alemanha e a Rússia, a Polônia, que se-
encontra totalmente em mãos francesas. No caso de uma guerra da Alemanha e da
Rússia contra o ocidente da Europa, a Rússia teria de, primeiro, vencer a
Polônia, antes de poder trazer o seu primeiro soldado ao "front" alemão". Nesse
caso não se trata tanto de soldados como de armamento técnico e repetir-se-ia,
de maneira muito mais horrorosa, a situação da guerra mundial. Assim como a
indústria alemã ainda teve de suprir os nossos famosos aliados e a Alemanha teve
de lutar sozinha, no terreno da guerra técnica, assim, nessa luta, a Rússia
seria inteiramente desprezível, como fator técnico. Quase nada poderemos
contrapor à motorização geral do mundo, a qual na próxima guerra será
violentamente decisiva. Não só a Alemanha ficou vergonhosamente em atraso nesse
importantíssimo terreno, como teria de manter, com o pouco que possui, ainda a
Rússia, que até hoje não dispõe de uma única fábrica ria qual possa produzir um
automóvel caminhão capaz de funcionamento. Assim sendo, uma tal luta assumiria
somente o caráter de uma carnificina. A juventude alemã seria mais sacrificada
do que outrora, pois, como sempre, o peso da luta cairia sobre nós
exclusivamente e o resultado seria uma derrota
inevitável.
Mas, mesmo no caso de se dar um
milagre e de uma tal luta não terminar com o completo aniquilamento da Alemanha,
o resultado final seria que o povo alemão, exangue, continuaria, como dantes,
rodeado de grandes potências militares, sem que, portanto, a sua situação real
se modificasse de qualquer maneira.
Não se
objete que, no caso de uma aliança com a Rússia tenha logo de aparecer a
hipótese de guerra ou que, no caso afirmativo, possa ser feita uma preparação
fundamental para a mesma. Uma aliança, cujo objetivo não compreenda a hipótese
de uma guerra, não tem sentido nem valor. Alianças só se fazem para luta.
Embora, no momento de ser realizado um tratado de aliança, esteja muito afastada
a idéia de guerra, a probabilidade de uma complicação bélica é, não obstante, a
verdadeira causa. E não se pense, por acaso, que qualquer potência interprete de
outra maneira uma tal aliança. Ou uma coligação russo-alemã ficaria só no papel
- e nesse caso seria para nós sem significação e sem valor - ou se
transformaria, das letras do tratado, em realidade visível, e o resto do mundo
ficaria de sobreaviso. Como é ingênuo pensar que a Inglaterra e a Fiança, em tal
caso, esperariam um decênio, até que a aliança russo alemã tivesse terminado os
seus preparativos técnicos para a luta! Não. A tempestade cairia de chofre sobre
a Alemanha.
Assim, pois, o simples fato de uma
aliança com a Rússia é uma indicação da próxima guerra. O seu desenlace seria o
fim da Alemanha.
Acresce ainda o
seguinte:
1. Os atuais detentores do poder, na
Rússia, não pensam, absolutamente, cm fazer uma aliança honesta ou de
mantê-la.
É preciso não esquecer nunca que os
dirigentes da Rússia atual são sanguinários criminosos vulgares e que se trata,
no caso, da borra da sociedade, que, favorecida pelas circunstâncias, em uma
hora trágica, derrubou um grande Estado e, na fúria do massacre, estrangulou e
destruiu milhões dos mais Inteligentes de seus compatrícios e, agora, há dez
anos, dirige o mais tirânico regime de todos os tempos. Não devemos esquecer que
muitos deles pertencem a uma raça que combina uma rara mistura de crueldade
bestial e grande habilidade em mentir e que se julga especialmente chamada,
agora, a submeter todo o mundo a sua sangrenta opressão. Não devemos esquecer
que o judeu internacional, que continua a dominar na Rússia, não olha a Alemanha
como um aliado mas como um Estado destinado à mesma sorte. Não se conclui,
porém, nenhum tratado com uma parte, cujo único interesse está no aniquilamento
da outra. Não se concluem contratos sobretudo com indivíduos para os quais
nenhum contrato seria sagrado, pois que eles não vivem neste mundo como
representantes da honra e da verdade, mas sim como representantes da mentira, da
impostura, do furto, do saque, do roubo. Pensar em poder concluir relações
contratuais com parasitas, assemelha-se à tentativa de uma árvore em, para
vantagem sua, fazer um acordo com um agarico.
A
ameaça a que a Rússia sucumbiu, pende perpetuamente sobre a Alemanha. Somente o
burguês ingênuo é capaz de imaginar que o perigo bolchevista esteja afastado. Na
sua maneira superficial de pensar, ele não tem a menor idéia de que se trata,
aqui, de um processo instintivo, isto é, de um esforço pelo domínio da terra da
parte do povo judeu, de um processo que é tão natural como o instinto do
anglo-saxão de apropriar-se deste mundo. E assim como o anglo-saxão segue esse
caminho a seu modo e luta com as suas armas, assim também o judeu. Este procura
insinuar-se entre os povos e carcomê-los, lutando com as suas armas, isto é, com
a mentira e com a calúnia, o veneno e a corrupção, aumentando a luta até à
sangrenta extirpação do inimigo odiado. Devemos enxergar no bolchevismo russo a
tentativa do judaísmo, no século vinte, de apoderar-se do domínio do mundo,
justamente da mesma maneira por que, em outros períodos da história, ele
procurou, por outros meios, embora intimamente parecidos, atingir os mesmos
objetivos. A sua aspiração tem raízes na sua maneira de ser. Assim como outros
povos não desistem, por si, de expandir o seu poder e são levados a isso por
circunstâncias exteriores sob pena de diminuírem de importância. assim também o
judeu não renuncia espontaneamente a sua aspiração de uma ditadura mundial, nem
reprime o seu eterno desejo nesse sentido. Ou ele será repelido por forças
exteriores para outro caminho ou o seu desejo de domínio universal só
desaparecerá com a extinção da raça. A impotência dos povos, sua própria morte
pela idade, baseia-se no problema de sua pureza de sangue. E essa pureza o judeu
guarda melhor que qualquer povo da terra. Assim segue ele o seu caminho nefasto,
até que se lhe oponha uma outra força que, em luta gigantesca, atire o invasor
do céu nos braços de Lúcifer.
A Alemanha é hoje
o próximo grande objetivo do bolchevismo. É necessária toda a força de uma idéia
nova, com o caráter de uma emissão, para mais uma vez fazer ressurgir o nosso
povo, livrá-lo da fascinação dessa serpente internacional e no interior pôr um
dique à corrupção do sangue, de maneira que as forças da nação, assim libertada,
possam ser empregadas para preservar a nossa raça, evitando, para sempre, a
repetição das últimas catástrofes. Se esse é o nosso objetivo, é loucura a
aliança com uma potência cuja finalidade é aniquilar-nos de futuro. Como é que
se quer libertar o nosso povo das cadeias desse amplexo corruptor, atirando o
aos seus braços? Como é possível explicar ao trabalhador alemão que o
bolchevismo é um crime horroroso contra a humanidade, se o governo se alia a
esse produto do inferno, reconhecendo-o oficialmente? Com que direito se
condenam as grandes massas por suas simpatias por uma doutrina, se os próprios
chefes do Estado escolhem os dirigentes dessa teoria universal para
aliados?
A luta contra a bolchevização mundial
exige uma atitude clara com relação à Rússia soviética. Não se pode afugentar o
Diabo com Belzebu.
Quando os próprios círculos
nacionalistas se entusiasmam com uma aliança com a Rússia, devem eles lançar as
suas vistas para a Alemanha e examinar com quem contarão para isso. Ou encaram
os racistas como benéfica para o povo alemão uma ação que é recomendada e
exigida pela imprensa marxista internacional? Desde quando combatem os racistas
com uma armadura que, como escudo, nos apresenta o
judeu?
Ao antigo império se podia fazer, em
relação à sua política de aliança, uma censura capital: que prejudicava as suas
relações para com todos pela sua hesitação e fraqueza, querendo conservar a paz
a todo custo só de uma coisa não se pode censurá-la: não continuou a manter as
suas relações com a Rússia.
Admito francamente
que, durante a Guerra, teria sido melhor para a Alemanha que ela tivesse
renunciado à sua louca política colonial e à sua política naval, que se tivesse
unido à Inglaterra em uma aliança de defesa contra uma invasão da Rússia e que
tivesse abandonado a sua fraca aspiração de envolver todo o mundo em uma
determinada política de aquisição territorial no continente
europeu.
Não esqueço as perpétuas e insolentes
ameaças feitas à Alemanha pela Rússia pan-eslavista; não esqueço as continuas
mobilizações, cujo único fim era molestar a Alemanha; não esqueço a disposição
da opinião pública da Rússia, que, antes da Guerra, primava em ataques
inspirados pelo ódio à nossa nação e ao Império, nem posso esquecer a maioria da
imprensa da Rússia, que sempre tinha mais entusiasmo pela França que por
nós
Entretanto, antes da Guerra ainda teria
sido possível um segundo caminho: o apoio da Rússia contra a
Inglaterra.
Hoje, as condições são outras. Se,
antes da Guerra, recalcando todos os possíveis sentimentos, havia possibilidade
de acompanhar a Rússia, hoje em dia já não há mais. O ponteiro do relógio
mundial desde então já tem avançado e esse mesmo relógio, em formidáveis
pancadas, nos anuncia a hora em que o destino de nosso povo terá de decidir-se
de uma maneira ou de outra. A atual consolidação das grandes potências é a
última advertência que nos é feita para compreendermos a realidade e
reconduzirmos o nosso povo, dos domínios do sonho, para a dura verdade e mostrar
lhe o único meio pelo qual o Reich poderá ainda
reflorescer.
Se o movimento do Partido Nacional
Socialista abandonar todas as ilusões e tomar a razão como seu único guia, a
catástrofe de 1918 pode transformar-se em uma imensa bênção para o futuro de
nossa nação. Partindo desse colapso, o nosso povo poderá chegar a uma orientação
inteiramente nova para sua atuação na política externa e, prosseguindo firmado,
intimamente, na sua nova concepção universal, atingir, finalmente a
estabilização de sua política externa. Podemos acabar ganhando o que a
Inglaterra possui, o que mesmo a Rússia possuía e o que a França sempre e sempre
teve, ao tomar decisões nos seus próprios interesses: uma tradição
política.
A tradição política da nação alemã,
na sua atuação externa, deverá e terá de ser sempre
esta:
Não tolereis jamais a formação de duas
potências continentais na Europa. Divisai em toda tentativa de formar, nas
fronteiras alemãs, uma segunda potência militar como um ataque contra a
Alemanha, mesmo que se trate de um Estado apenas capaz de se transformar em
potência militar; e vede nisso, não só um direito, como um dever, de, por todos
os meios, mesmo com o emprego de força armada, evitar a formação de um tal
Estado, ou destruí-lo, caso ele já se tenha formado. Diligenciai para que a
força de nosso povo não se baseie em colônias e, sim, em território na Europa.
Não considereis jamais o Reich em segurança, enquanto ele não estiver em
condições de, por séculos, oferecer a cada rebento de nosso povo, o seu próprio
pedaço de terra. Não esqueçais nunca que o direito mais sagrado neste mundo é o
direito sobre a terra que queremos cultivar e o sacrifício mais sagrado o sangue
que derramamos por essa terra.
Não queria
terminar estas considerações sem, mais uma vez, apontar a única possibilidade de
aliança que no momento há para nós na Europa. Já no capítulo anterior, referente
ao problema alemão de aliança, apontei a Inglaterra e a Itália como os dois
únicos Estados na Europa com os quais seria desejável e promissor que
conseguíssemos mais estreitas relações. Quero, aqui, em poucas palavras,
referir-me à importância militar de uma tal aliança. As conseqüências militares
da conclusão dessa aliança seriam em tudo e por tudo opostas às de uma aliança
com a Rússia. O mais importante é o fato de que uma aproximação com a Inglaterra
e a Itália de maneira alguma provocaria o risco de guerra. A única potência que
poderia assumir uma atitude de oposição a essa aliança, a França, não estaria em
condições de fazê-lo. Com isso, porém, a aliança daria à Alemanha a
possibilidade de, com toda a calma, fazer aqueles preparativos que, no quadro de
uma tal coligação, de uma maneira ou de outra teriam de ser feitos. O mais
importante em tal aliança está justamente no fato de - que a Alemanha. nesse
caso, não será repentinamente sujeita a uma invasão inimiga; e sim que com a
aliança inimiga se desbaratará a "entente", à qual devemos tanta infelicidade,
e, com isso, a França, o inimigo mortal de nossa povo, cairá no isolamento.
Mesmo que essa vitória, de princípio, só tivesse efeito moral, ela bastaria para
dar à Alemanha uma liberdade de movimento difícil de ser avaliada hoje. As
iniciativas estariam em mãos da nova aliança européia anglo-germânica-italiana e
não nas mãos da França.
O resultado seguinte
seria que, de um, golpe, a Alemanha estaria libertada de sua posição estratégica
desfavorável. A mais poderosa proteção dos flancos, de um lado, a completa
asseguração de nosso abastecimento de víveres e material bélico de outro, seria
o efeito benéfico da nova ordem
política.
Talvez mais importante seria o fato
da nova aliança abranger Estados de capacidade técnica que em muitos pontos se
completam. Pela primeira vez, a Alemanha teria aliados que não seriam
sanguessugas de nossa economia, mas até poderiam contribuir e contribuiriam para
completar o nosso preparo técnico.
Não se deve
perder de vista o último fato de que, nos dois casos, se trataria de aliados que
não se podem comparar à Turquia ou à Rússia atual. A maior potência mundial e um
jovem Estado nacionalista teriam outras condições para uma luta na Europa que os
putrefatos cadáveres de Estados, com os quais a Alemanha se havia aliado na
última guerra.
Certamente, como já acentuei no
capitulo precedente, as dificuldades que se opõem a uma tal aliança são grandes.
Entretanto, a formação da Entende foi, porventura, uma obra menos penosa? O que
o rei Eduardo VII conseguiu, em parte com interferências naturais, temos e
haveremos de conseguir, quando nos convencermos de uma tal necessidade, a ponto
de determinarmos o nosso próprio modo de proceder nesse sentido, com inteligente
abnegação. Isso se conseguirá no momento em que advertido pela necessidade, em
vez da política externa sem objetivo dos últimos dez anos, se seguir
persistentemente por um único caminho com objetivo determinado. Não é a
orientação para o Ocidente e para o Oriente que deve ser o futuro objetivo de
nossa política externa e, sim, a política do Oriente necessária ao nosso povo.
Como para isso é necessário força e o nosso inimigo mortal, a França, nos sufoca
inexoravelmente e nos rouba essa força, teremos de fazer todos os sacrifícios,
cujas conseqüências sejam propícias a contribuir para o aniquilamento das
tendências francesas de hegemonia na Europa. Toda potência que, como nós, não
suporta a febre de poder da frança no continente é hoje em dia nosso aliado
natural. Nenhum passo nosso junto a uma tal potência, nenhuma renúncia nos devem
ser irrealizável, desde que o resultado final ofereça possibilidade do
aniquilamento de nosso mais feroz inimigo. Deixemos a cura de nossas pequenas
feridas aos efeitos suaves do tempo, desde que consigamos cauterizar e fechar a
maior.
Naturalmente, ficaremos sujeitos ao
ladrar odiento dos inimigos de nosso povo no interior. Nós nacionais
socialistas, não devemos nos transviar, deixando de proclamar aquilo que,
segundo a nossa mais íntima convicção, é necessário. Devemos nos encorajar para
enfrentarmos a opinião pública, ensandecida pela astúcia judaica que explora a
nossa falta de sentimento nacional. Muitas vezes os vagalhões batem com fúria em
torno de nós. Entretanto, aquele que nada na corrente mais facilmente será
perdido de vista do que aquele que enfrenta as ondas. Hoje não somos senão uma
rocha no rio; dentro de alguns anos o destino poderá levantar-nos como um dique
contra o qual a corrente geral só rebentará para correr em um novo
leito.
É por isso necessário que, perante os
olhos do resto do mundo, o movimento nacional socialista, seja reconhecido e
estabelecido como o portador de uma determinada intenção política. Seja qual for
o destino que o Céu nos reserve, hão de reconhecer-nos pelo nosso altivo
programo.
Assim que nós mesmos reconhecermos a
grande necessidade de definir a nossa ação na política externa, desse
reconhecimento promanará a persistência de que as vezes necessitamos, quando,
sob fogo cerrado da matilha da nossa imprensa inimiga, um ou outro se amedronta
e se deixa levar pela inclinação de, para não ter todos contra si, fazer
concessão ao menos neste ou naquele terreno e uivar com os lobos.
CAPÍTULO XV - O DIREITO DE
DEFESA
Quando depusemos as armas, em
novembro de 1918, foi iniciada uma política que, segundo todas as probabilidades
humanas, era destinada a conduzir à ruína. Exemplos semelhantes, tirados da
história, mostram que os povos que depõem as armas antes de tentarem um último
esforço, mais facilmente preferem, no correr do tempo, sofrer as maiores
humilhações e opressões a tentarem uma mudança de seu destino por meio de um
novo apelo à violência.
Isso é perfeitamente
humano. Um vencedor inteligente fará, se possível, as suas exigências ao
vencido, por partes. Ele poderá contar, então, no caso de tratar-se de um povo
que se tornou sem caráter - e como tal se pode considerar todo povo que se rende
voluntariamente - que não encontrará em cada uma dessas opressões um motivo
suficiente para mais uma vez se pegar em armas. Quanto mais opressões forem
aceitas voluntariamente, tanto mais injustificado parece, a esses homens,
porem-se em guarda ante novas opressões, sempre repetidas, embora isoladamente,
sobretudo considerando que, no final de contas, já se tolerou muito maior
desgraça em silêncio.
A decadência de Cartago é
uma horrível imagem do suplício de um povo
culpado.
Por isso, Clausewítz destaca, nas suas
três "confissões", de maneira incomparável, esses pensamentos e os fixa para
sempre, dizendo: "que é indelével a mácula vergonhosa de uma submissão covarde;
que essa gota de veneno passa para o sangue da posteridade e paralisará e
destruirá a força das gerações vindouras"; e, em contraposição, "mesmo a
derrocada dessa liberdade após uma luta sangrenta e honrosa assegura o
renascimento de um povo e é o núcleo vital de que deitará raízes uma nova
árvore."
Naturalmente, uma nação que perdeu a
honra e o caráter não dará ouvidos a uma tal doutrina, pois quem a toma a peito
não poderá descer a tanto. Só decai quem a esquece ou dela não quer mais saber.
Daí não se poder esperar que os responsáveis por uma submissão covarde caiam em
si e, baseados na experiência humana, ajam de maneira diferente da de até então.
Ao contrário, justamente esses afastarão de si qualquer doutrina nesse sentido,
até que o povo se acostume definitivamente à sua situação de escravo ou até que
forças melhores aflorem à superfície para tirar o poder das mãos do perverso
corruptor. No primeiro caso, essas criaturas nem se sentem mal, pois, não raras
vezes, recebem dos inteligentes vencedores o cargo de feitor de escravos, cargo
esse que essas naturezas desbriadas exercem geralmente da maneira mais
impiedosa, com relação ao seu próprio povo, do que qualquer fera estrangeira ai
colocada pelo inimigo.
Os acontecimentos, desde
o ano de 1918, nos mostram que na Alemanha a esperança de, por meio de submissão
voluntária, poder conseguir o favor do vencedor, infelizmente determina, da
maneira mais nefasta, a conduta política da grande massa. Eu desejaria, por
isso, ressaltar o valor que empresto à grande massa, pois não consigo
convencer-me de que a maneira de agir dos dirigentes de nosso povo possa ser
atribuída a essa mesma loucura nefasta. Como, desde o fim da Guerra, a direção
de nossos destinos é sabidamente orientada por judeus, não se pode, na
realidade, supor que exclusivamente uma noção falha tenha sido a causa de nossa
desgraça, mas, ao contrário, deve se ter a convicção de que uma intenção
consciente conduz nosso povo ao aniquilamento. E desde que se examine, desse
ponto de vista, a aparente loucura na direção da nossa política externa, ela se
desvenda como uma lógica extremamente requintada e fria ao serviço da idéia e da
luta dos judeus pela conquista do
mundo.
Torna-se compreensível como se passou,
sem ser utilizado, um período de tempos, entre 1806 e 1813, suficiente para dar
à Prússia, inteiramente derrotada como estava, nova energia e espírito
combativo. Esse tempo não só não foi utilizado como, de fato, conduziu a maior
enfraquecimento de nosso Estado.
Sete anos
depois de novembro de 1918 foi assinado o tratado de Locarno! As coisas se
passaram como ficou indicado acima. Logo que se assinou o vergonhoso armistício,
ninguém teve energia nem coragem para opor-se às medidas de opressão que o
inimigo executava repetidamente. Ele era muito inteligente para pedir demasiado
de cada vez. Restringiu a sua opressão a uma extensão que, no modo de ver e na
opinião de nossos dirigentes alemães, no momento seria suportável, sem que se
tivesse de temer uma explosão do sentimento público. Quanto mais assinavam
"Tratados" e os toleravam, tanto menos parecia justificado, por meio de mais uma
opressão ou mais uma humilhação exigida, fazer de repente aquilo, que não se
tinha feito de outras vezes, isto é, opor resistência. Isso é justamente aquela
"gota de- veneno" de que fala Clausewitz: a indignidade, uma vez perpetrada,
aumenta cada vez mais. Ela pode tornar-se um terrível peso de que um povo
dificilmente conseguirá livrar-se e que antes arrastará definitivamente uma raça
à escravidão.
Assim é que na Alemanha se
alternavam ordens de desarmamento e de escravização, enfraquecimento político e
pilhagem econômica, a fim de, por último, produzir aquela mentalidade que
consegue ver na mediação e no plano Dawes uma felicidade e no tratado de Locarno
uma grande vitória. É verdade que, observando essa questão de um ponto de vista
superior, nessa penúria só se pode falar de uma única felicidade e esta é: é
possível iludir o homem mas não é possível subornar o céu. Com efeito, esse não
deu a sua bênção. A miséria e os cuidados, desde então, não têm cessado de ser
os fiéis companheiros do nosso povo, nossos únicos aliados inseparáveis. Desde
que não sabemos mais prezar a honra. vemo-nos obrigados, pelo menos, a dar o
devido valor à liberdade na conquista do pão. A humanidade já aprendeu a gritar
pelo pão; ainda fará preces um dia. porém, pela
liberdade.
Por mais amarga e patente que tenha
sido a derrocada do nosso povo, nos anos que seguiram 1918. mais encarniçada e
violenta era, precisamente. neste tempo, a perseguição de todo aquele que
ousasse profetizar o acontecimento que efetivamente se realizou mais tarde. A
direção do povo era tão deplorável como grande era a sua presunção,
especialmente quando se tratava de pôr de lado aqueles que enxergavam o perigo e
por isso pareciam importunos e antipáticos. Então, e ainda hoje, podiam-se ver
os maiores imbecis parlamentares, verdadeiros fabricantes de arreios e de luvas,
(aliás o fato da profissão não teria a menor importância) elevar-se subitamente
ao pedestal de homens de Estado, para, lá de cima, atacar os pequenos mortais.
Não importava absolutamente que semelhante "homem de estado", talvez já no sexto
mês de sua atividade, fosse desmascarado como o maior mistificador, "aureolado"
pelo escárnio e o desprezo de todo o resto do mundo, não sabendo para onde se
virar, dando assim a prova infalível de sua completa incapacidade! Não, isso não
tinha a mínima importância. Ao contrário: quanto mais esses estadistas
parlamentares carecem de verdadeira eficiência no serviço dessa República, tanto
maior é a fúria com a qual perseguem aqueles que esperam deles realizações, que
se atrevem a constatar a paralisação de sua atividade e profetizam seu fracasso
no futuro. Se, porém, se chega a pegar um tal honrado parlamentar, de modo que
não possa o estadista de fancaria negar o desastre de toda a sua atividade e a
falência dos seus resultados, então, acha ele mil e um pretextos de desculpas
para os seus fracassos, recusando-se a confessar a verdade de ser ele a causa
única de todo o mal.
O mais tardar, no inverno
de 1922 a 1923, dever-se-ia ter compreendido, por toda parte, que a França,
mesmo depois da conclusão da Paz, esforçava-se, com uma lógica de ferro, por
alcançar ainda a finalidade guerreira com a qual, desde o princípio, sonhava.
Pois ninguém acreditaria que, na luta mais decisiva da sua história, a França
empenhasse o sangue de sei povo que, já não é muito abundante, somente para,
mais tarde, receber indenizações pelos estragos praticados. A própria Alsácia
Lorena, por si só, não explicaria ainda a energia da atuação militar dos
franceses, se em tudo isso não estivesse em jogo uma parte do programa futuro,
verdadeiramente grandioso, elaborado pela política exterior da França. Eis a
definição de tal finalidade: dissolução da Alemanha, no caos dos pequeno
Estados. Eis o motivo de luta para a França chauvinista, luta, aliás, na qual,
em verdade, ela vendeu seu povo ao judeu cosmopolita e
internacionalista.
Essas aspirações militares
dos franceses já teriam sido alcançadas pela Guerra, se, como a princípio se
esperava em Paris, os combates se tivessem sucedido em terreno alemão.
Imagine-se que as sangrentas batalhas de Guerra se tivessem desenrolado, não às
margens do Some, em Flandres no Artois, diante de Varsóvia, Nischnij-Nowgorod,
Kowno, Riga, ou outro qualquer lugar, e sim na Alemanha, na região do Ruhr ou às
margens do Meno, do Francfort, do Elba, diante de Hannover, Leipzig, Nuremberg
etc., e será preciso convir que teria havido possibilidade para uma destrui cão
em regra da Alemanha. É muito duvidoso que a nossa federação, bastante recente,
tivesse resistido a essa grande prova durante quatro ano e meio, tal qual a
França, que já vem centralizada rigorosamente há muito' séculos e só tem um
centro indiscutível: Paris. O fato deste combate entre povos (o mais formidável
que já existiu) ter-se desenrolado fora dos limites da nossa pátria, não foi só
o merecimento imortal do incomparável antigo exército, como, também, a maior
felicidade possível para o futuro da Alemanha. Estou firmemente convencido de
que, dada a segunda hipótese, há muito tempo não existiria mais um Reich alemão,
mas, apenas, "Estados alemães". Eis, também, a única razão pela qual o sangue de
nossos amigos e irmãos mortos na guerra não correu totalmente. em
vão.
Tudo veio ao contrário do que se esperava!
Com a rapidez de um raio operou-se, em novembro de 1918, a derrocada completa da
Alemanha. Quando a catástrofe caiu sobre o nosso país, as tropas de campanha
ainda continuavam a agir bem longe, em terra inimiga. A primeira preocupação da
França, nesse momento, não era mais a dissolução da Alemanha e, sim, a seguinte:
Como fazer saírem o mais depressa possível as tropas alemãs da França e da
Bélgica? Para os dirigentes dos franceses, a primeira missão, depois de
terminada a Guerra, foi o desarmamento dos soldados alemães, o seu repatriamento
mais rápido possível. Só em segundo lugar se poderia cogitar da realização das
finalidades guerreiras iniciais, que eram as verdadeiras. Na satisfação dessas,
a França já se achava bastante manietada. Para a Inglaterra, a guerra de fato
tinha terminado, vitoriosamente, com o aniquilamento da Alemanha como potência
colonial e comercial e seu rebaixamento .à categoria de Estado de segunda ordem.
Não existia somente interesses no esmagamento total da potência alemã como
também era legítimo o desejo de criar, no futuro, um grande rival contra a
França na Europa. Deste modo, a política francesa teve que continuar, na paz, um
trabalho resoluto, continuando o que a guerra já tinha encaminhado: a opinião de
Clemenceau, segundo a qual, a Paz não passava de uma continuação da guerra,
recebeu, assim, uma significação
maior.
Continuamente, sob todos os pretextos,
era necessário abalar a organização do Rewh. Em Paris esperava-se conseguir isso
lentamente, de um lado, pela imposição de novas ordens de constante
desmobilização e de outro pela exploração econômica provocada por esse meio.
Quanto mais declinava na Alemanha a honra nacional, tanto mais fácil era
alcançar efeitos de destruição política pela pressão econômica e a miséria
permanente. Semelhante política de opressão e exploração no terreno político e
econômico, levada a efeito durante dez a vinte anos, tem que destruir, pouco a
pouco, o mais forte organismo político, apto a dissolver-se pela ruína. Com
isso, porém, estariam alcançados, afinal, os objetivos políticos da
França.
Já desde o inverno de 1922 e 1923,
dever-se-ia ter descoberto nisso a intenção capital da França. Assim restavam,
somente, duas possibilidades: podia-se esperar ou enfraquecer a vontade da
França na luta contra a resistência do organismo popular alemão, ou fazer o que
era praticamente inevitável por fim, isto é, no caso especialmente crítico,
desviar a direção do barco do
governo.
Significava isso, aliás, um combate de
vida e de morte, só havendo esperança de salvação, se houvesse possibilidade de
isolar a França de tal modo que essa segunda luta não fosse mais uma luta da
Alemanha com o mundo, mas uma defesa da Alemanha contra a França, que, sem
cessar, está sempre perturbando a paz
universal.
Sublinho este ponto, e disso estou
plenamente convicto, que essa hipótese se realizará fatalmente. Não acredito
nunca que as intenções da França, a nosso respeito, possam um dia mudar; pois,
elas estão definitivamente arraigadas e se traduzem na conservação da
nação.
Se eu próprio fosse francês, desejando,
portanto, o engrandecimento da França, como em realidade desejo o da Alemanha,
também não poderia, nem quereria, agir de outra maneira do que a indicada por
Clemenceau.
O espírito francês, ameaçado de
desaparecer lentamente, não só pela diminuição da densidade de sua população
como, sobretudo, dos seus melhores elementos raciais, só poderá manter, de uma
maneira duradoura, sua importância mundial, pela aniquilação da Alemanha, Não
importa quantas vezes a política francesa se possa desviar, no fim, aparecerá
sempre esse objetivo como realização dos desejos máximos e da mais arraigada
aspiração nacional. É um erro, porém, supor que uma vontade puramente passiva e
que só visa a sua própria conservação possa resistir, até o fim, a outra não
menos forte mas que procede de um modo ativo. Enquanto o eterno conflito entre a
Alemanha e a França só se traduzir por uma defesa alemã contra um ataque
francês, o mesmo permanecerá sem solução; a Alemanha, entretanto, de século em
século, irá perdendo uma etapa após outra. Analisando a extensão da fronteira
lingüística da Alemanha, do século XII até hoje, será difícil esperar ainda
resultado satisfatório de uma atitude e de uma evolução que tanto mal já nos têm
trazido.
Somente quando a Alemanha se
compenetrar dessa verdade, e não mais deixar enfraquecer-se a vontade de existir
da nação por uma atitude de defesa passiva, mas, ao contrário, armar-se para um
encontro decisivo com a França e lançar-se nessa última luta de vida e de morte
com as maiores finalidades em vista, que se chegará ao ponto de pôr um termo à
eterna e infrutífera peleja entre nós e a França. Isso, aliás, só deverá
acontecer sob a condição da Alemanha enxergar no aniquilamento da França um
meio, apenas, para finalmente dar ao nosso povo, em outro terreno, a sua
possível expansão. Hoje contamos, na Europa, oitenta milhões de alemães! Essa
política externa só será reconhecida e aprovada quando, antes de um século,
duzentos e cinqüenta milhões de alemães viverem nesse continente, não
comprimidos uns contra os outros como escravos do resto do mundo mas, como
camponeses e operários que, pelo seu trabalho, facilitam a existência uns aos
outros.
Em dezembro de 1922, a situação entre a
França e a Alemanha parecia novamente tensa e isso de um modo verdadeiramente
ameaçado. A França tinha em vista novas e monstruosas extorsões. A exploração
econômica tinha que ser procedida por uma pressão política, e só um pulso
violento intervindo no centro do sistema nervoso de toda a vida alemã, poderia
ser, aos olhos dos franceses, um meio suficiente para submeter nosso povo
"rebelde" a um jugo mais pesado.
Com a ocupação
do Ruhr esperava-se, na França não só quebrar definitivamente a espinha dorsal
da Alemanha, como também colocar-nos economicamente em uma situação tão
precária, que bem ou mal teríamos que aceitar os compromissos mais
onerosos.
Era uma questão de curvar ou quebrar.
E a Alemanha, logo no princípio, curvou-se para acabar em uma completa
desagregação.
Com a ocupação do Ruhr, a sorte,
mais uma vez, deu a mão ao povo alemão, para erguê-lo novamente. Aquilo que, no
primeiro momento, devia aparecer como uma grande desgraça, examinado de perto,
continha a esperança de poder pôr um termo ao sofrimento
geral.
Quanto à política externa, a ocupação do
Ruhr, pela primeira vez, conseguia modificar contra a França os sentimentos da
Inglaterra e isso, não só nos círculos da diplomacia britânica, que só tinha
concluído e mantido o pacto francês com as intenções de frios calculadores, mas,
também, nos círculos mais largos do povo inglês. Era, sobretudo, nos meios
econômicos ingleses, que se sentia um mal-estar, mal dissimulado, diante do
incrível aumento de forças da potência continental francesa. Pondo de lado o
fato de, no terreno puramente militar e político, a França ocupar uma posição na
Europa como mesmo a Alemanha nunca o tinha feito, recebia ela, agora, bases
econômicas que a tornavam capaz de concorrer na política com uma situação, por
assim dizer, única. As maiores minas de ferro e de carvão da Europa achavam-se
reunidas nas mãos de uma nação, que tinha visto- os seus interesses vitais de um
modo resoluto e eficiente, ao contrário do que tinha acontecido com a Alemanha,
e que, pela guerra mundial, tinha provado perante o mundo a sua grande
capacidade militar. Com a ocupação pela França das jazidas carboníferas do Ruhr,
perdia a Inglaterra novamente, todo o seu sucesso na Guerra. Não tinha vencido a
esperta diplomacia britânica e sim o Marechal Foch e a França por ele
representada.
Na Itália, também, os sentimentos
para com a França, que já não eram precisamente róseos desde o fim da Guerra,
transformaram-se em verdadeiro ódio. Era chegado o grande momento histórico no
qual os aliados de então se podiam tornar os inimigos de amanhã. Porque não
aconteceu o contrário, e porque os aliados, como na segunda guerra dos Balcãs,
não entraram subitamente em lutas recíprocas, deve-se unicamente à circunstância
de não haver na Alemanha um Enver-Paxá, mas somente um chanceler
Cuno.
A invasão do Ruhr pelos franceses
ofereceu à Alemanha as maiores possibilidades, não só para sua política externa,
como para a interna. Uma parte considerável do nosso povo, que, devido à
influência ininterrupta de sua imprensa mentirosa, ainda via na França o campeão
do progresso e da liberalidade, achou-se bruscamente curada de tal loucura.
Assim como o ano de 1914 tinha varrido dos cérebros dos trabalhadores alemães os
sonhos de solidariedade internacional, precipitando-os, novamente, rio mundo das
pelejas eternas, onde um ser se mantém à custa do outro e a morte do mais fraco
simboliza a vida do mais forte, com as mesmas desilusões rompeu a primavera de
1923.
No dia em que o francês realizou suas
ameaças, penetrando, finalmente, na região carbonífera da baixa Alemanha,
primeiro com muito cuidado e alguma hesitação, neste dia soou para a Alemanha
uma grande e decisiva hora da sua existência. Se, naquele momento,, o nosso
povo, mudando de sentimentos, também tivesse modificado a atitude mantida até
então, a região do Ruhr poderia ter sido para a França o que Moscou foi para
Napoleão.
Só havia então duas possibilidades:
ou suportava-se isso ainda sem resistência, ou com o olhar voltado para os
fornos de Essen, criava-se para o povo alemão a vontade abrasadora de pôr termo
a essa eterna vergonha, suportando, de preferência, o terror a uma opressão que
não acabava nunca. Cabe a Cuno, então chanceler do Reich, o mérito imperecível
de ter descoberto uma terceira solução, sendo ainda uma maior honra a que coube
aos nossos partidos burgueses que o admiraram e trilharam o caminho por ele
seguido.
Aqui me proponho examinar, da maneira
mais sucinta, em primeiro lugar, a segunda solução: como, com a ocupação do
Ruhr, a França tinha realizado uma brilhante infração ao tratado de Versalhes,
tinha, com isto, se incompatibilizado com várias grandes potências, sobretudo,
porém, com a Inglaterra e a Itália. Qualquer apoio desses Estados para sua
própria campanha egoísta de pilhagem estava fora de questão. Esta tinha que
levar a fim, sozinha, com os seus próprios recursos, a sua aventura. Para um
governo nacionalista alemão só podia haver uma única saída - a traçada pela
honra. Era patente que ninguém podia enfrentar de chofre a França, pelo emprego
das armas. Entretanto, era necessário que se compreendesse que toda ação não
apoiada na força só levaria a resultados ridículos e estéreis, Era um absurdo,
sem a perspectiva de uma resistência ativa, fazer a seguinte declaração: "Não
entraremos em nenhuma negociação" Maior absurdo seria, porém, acabar por entrar
na negociação sem se ter tomado a precaução de apoiar-se em alguma
força.
Não digo com isso que se tivesse podido
impedir a ocupação do Ruhr por medidas militares. Somente um louco podia
aconselhar tal solução. É verdade, porém, que sob a impressão desse proceder da
França e durante o tempo que durou a execução dos seus planos, era preciso
ter-se em mente sem tomar-se em consideração o tratado de Versalhes, já violado
pela própria França - os meios de defesa militar que podiam ser fornecidos aos
negociadores para que se chegasse ao fim visado. Desde o princípio não restava
dúvida sobre as decisões que seriam tomadas, em qualquer conferência, em relação
a esta região, ora ocupada pela França. Da mesma maneira era preciso ver com
clareza que mesmo os mais hábeis negociadores alcançariam pouco sucesso,
enquanto não tivessem absoluto apoio do povo. Um indivíduo fraco não pode lutar
com atletas, da mesma forma que um diplomata sem armas terá, para fazer frente à
espada inimiga, de opor-se com outra, espada. Não era francamente uma miséria
ter-se que presenciar as comédias das negociações que, desde o ano de 1918,
procederam sempre os respectivos tratados? Esse espetáculo vergonhoso, oferecido
ao mundo inteiro, de convidar-nos, como por escárnio, a sentarmo-nos na mesa das
conferências, a fim de nos mostrar resoluções e programas, há muito
definitivamente elaborados, sobre os quais se podia falar, que porém, tinham que
ser considerados como inalteráveis?
A verdade é
que os nossos diplomatas raríssimas vezes ultrapassam o tipo médio e, na quase
generalidade, justificam a arrogante afirmação de Lloyd George na presença do
então chanceler Simon, na qual, ironicamente, dizia que os "alemães não sabiam
escolher homens de valor intelectual para seus chefes e representantes". Mas nem
mesmo gênios teriam, em face da resoluta vontade do inimigo e da lamentável
fraqueza do nosso povo, podido alcançar grande sucesso, sob qualquer
aspecto.
Quem, na primavera de 1923, quisesse
aproveitar a ocupação do Ruhr pela França, para o restabelecimento do poder
militar da Alemanha, teria, primeiro, que dar à nação armas espirituais,
fortalecer o poder da vontade nacional e anular os destruidores dessa
inestimável força, condição sine qua non de qualquer resistência
material.
O erro, neste caso, foi o mesmo
cometido em 1918. Dever-se-ia ter começado por alvejar a cabeça da hidra
marxista e assim destrui-la uma vez por
todas.
Qualquer idéia de resistência contra a
França seria rematada loucura, se não se declarasse guerra de morte aos
elementos marxistas que, cinco anos antes, impediram que a Alemanha continuasse
a luta nas linhas da frente. Só pela cabeça de indivíduos simplórios poderia
passar a idéia de terem os marxistas mudado de orientação e que os canalhas da
Revolução de 1918, que, friamente, passaram sobre os cadáveres de dois milhões
de alemães, para mais facilmente se instalarem no poder, de um momento para
outro, se dispusessem a pagar o seu tributo a nação! Não podia haver idéia mais
absurda, mais louca, de que a de acreditar que traidores da Pátria se
transformassem, repentinamente, em campeões das liberdades alemães. Assim como
uma hiena nunca despreza um cadáver, assim também o marxista nunca deixará de
ser traidor da Pátria. Não se faça a objeção de que muitos operários deram,
também, o seu sangue à Pátria. esses, porém, eram reais operários alemães, já
não eram marxistas internacionalistas. Se, em 1914, o operariado alemão
consistisse de marxistas, a guerra teria terminado dentro de três
semanas.
A Alemanha teria sido derrotada antes
que seu primeiro soldado atravessasse as
fronteiras.
O fato de ter o nosso soldado
outrora lutado com ardor é a prova mais evidente de que não estava ainda
contaminado pela loucura marxista.
A proporção,
porém, que o soldado e o operário alemão, com o decorrer da Guerra, iam caindo
nas garras do marxismo, eram elementos perdidos- para a
Pátria.
Se, no começo e durante a Guerra,
tivéssemos submetido à prova de gases asfixiantes uns doze ou quinze mil desses
judeus, desses corruptores de povos, prova a que, nos campos de batalha, se
submeteram centenas de milhares dos nossos melhores operários alemães de todas
as Categorias, não se teria visto o sacrifício de milhões de nossos compatriotas
das linhas da frente. A eliminação de doze mil patifes, no momento oportuno,
teria talvez influído sobre a vida de um milhão de homens honestos que muito
úteis poderiam 'ser à nação de futuro. É característico dos estadistas"
burgueses não hesitarem no sacrifício da vida de milhões, nos campos de batalha
e verem em dez ou doze mil traidores, ladrões, usurários e mentirosos, preciosas
relíquias da nação que proclamam como insubstituíveis. Nesse mundo burguês não
se sabe o que mais admirar se a cretinize, a fraqueza e a covardia ou se a sua
absoluta tratante. Trata-se na realidade de um classe destinada a desaparecer e
que, infelizmente, arrastará na sua ruma um povo
inteiro.
No ano de 1923 estávamos em face de
uma situação idêntica à de 1918. Qualquer que fosse a maneira - de resistir que
se escolhesse, a condição indispensável, seria livrar, primeiro, o nosso povo do
marxismo corruptor.
E, segundo a minha
convicção, o primeiro problema em um governo verdadeiramente nacionalista, era,
naquela ocasião, procurar e achar as forças que estivessem decididas a declarar
guerra de morte ao marxismo e, em seguida, dar liberdade de ação a essas forças.
Era dever do mesmo não render culto à tolice da "paz e da ordem" em um momento
em que o inimigo externo desfechava o golpe mais terrível sobre a nossa Pátria,
enquanto, no seio do país, em cada esquina se encontrava um traidor. Não, um
governo verdadeiramente nacional tinha de desejar naquela ocasião a desordem e a
intranqüilidade, contanto que no meio desse caos finalmente fosse possível
realizar-se uma prestação de contas com os inimigos mortais de nosso povo, os
marxistas. Deixando-se de fazer isso, qualquer idéia de resistência, fosse de
que espécie fosse, não passaria de pura
loucura.
Entretanto, uma prestação de contas
real e de importância universal não é possível realizar-se segundo as idéias de
qualquer conselheiro privado ou de uma alma fanada de ministro e, sim, segundo
as leis eternas da vida neste mundo, que são e sempre serão uma luta por esta
mesma vida. Era necessário ter-se em mente que das mais sangrentas guerras civis
muitas vezes nasceu um povo de aço, cheio de saúde, enquanto da paz
artificialmente cultivada mais de uma vez se desprendem as exaltações das coisas
podres. O destino dos povos não se orienta com luvas de pelica. Assim é que em
1923 havia necessidade de agir com pulso de aço, a fim de agarrar as víboras que
envenenavam o organismo nacional. Só quando isso fosse conseguido é que se teria
sentido o preparo de uma resistência
ativa.
Naquela ocasião falei até enrouquecer,
tentando ao menos esclarecer os chamados círculos nacionalistas sobre o que
desta vez estava em jogo e convencê-los que, com os mesmos erros de 1914 e dos
anos seguintes, forçosamente teria de surgir um resultado igual ao de 1918.
Roguei-lhes sempre deixassem ao destino livre curso e dessem ao nosso movimento
a possibilidade de um ajuste de contas com o marxismo. Eu, porém, pregava a
orelhas moucas. Eles todos se julgavam mais sabidos, inclusive o chefe da
defesa, até que finalmente se encontraram diante da capitulação mais lamentável
de todos os tempos.
Naquela ocasião convenci-me
profundamente de que a burguesia alemã chegara ao fim de sua missão e que não
seria mais chamada a desempenhar nenhuma outra. Vi, então, como todos esses
partidos brigavam com o marxismo somente por uma inveja de concorrentes, sem
quererem destruí-lo seriamente. Intimamente, todos eles, há muito, se tinham
conformado com a destruição da Pátria e o que os movia era exclusivamente a
preocupação de poderem tomar parte no funeral. Somente por isso é que eles ainda
-"lutavam".
Confesso francamente que, naquele
tempo, eu nutria fervente admiração pelo grande homem do sul dos Alpes, cujo
profundo amor pela sua nação lhe vedava negociar com os inimigos internos da
Itália e que lutava por destruí-los por todos os meios e métodos possíveis. A
qualidade que emparelha Musselina com os maiores homens do mundo é a sua
determinação de não dividir a Itália com o marxismo, mas de salvar a sua pátria
levando à destruição os inimigos da nação. Como, em comparação com eles, parecem
anões os pseudo estadistas da Alemanha e como nos sentimos enojados quando essas
nulidades se atrevem, com todo convencimento, a criticar um homem mil vezes
maior que eles; e como é doloroso pensar que isso acontece em um país que há
pouco menos de meio século possuía um dirigente do quilate de
Bismarck!
Com essa atitude da burguesia e a
tolerância ao marxismo, já em 1923, podia-se considerar inutilizada qualquer
tentativa de resistência ativa no Ruhr. Querer combater a França tendo-se um
inimigo mortal dentro das próprias fronteiras, era pura tolice. O que se fez
então podia no máximo ser encenação levada a efeito a fim de contentar um pouco
o elemento nacionalista na Alemanha, acalmar "a alma do povo em efervescência"
ou, na realidade, com o fito de embair. Se eles acreditassem seriamente no que
faziam teriam de reconhecer que a força de um povo, em primeiro lugar, não
reside em suas armas e, sim, na sua vontade e que, antes de vencer inimigos
externos, tem de ser destruído o inimigo interno; do contrário, ai desse povo,
se a vitória não recompensa a luta no primeiro dia. A menor sombra de uma
derrota de um povo que não está livre de inimigo interno destruirá a sua
resistência própria e o inimigo se tornará definitivamente
vitorioso.
Isso podia ser previsto já na
primavera de 1923. Não se venha falar da incerteza de um sucesso militar contra
a França! Pois se o resultado da ação alemã, em face da invasão francesa no
Ruhr, tivesse sido unicamente a destruição do marxismo no interior, somente com
isso a vitória já seria nossa. Uma Alemanha libertada desses inimigos fatais de
sua vida e de seu futuro teria uma força que ninguém mais conseguiria destruir.
No dia em que, na Alemanha, for. destruído o marxismo, romper-se-ão, na verdade,
para sempre, os nossos grilhões. Pois nunca, em nossa história, fomos vencidos
pela força dos inimigos e sim, sempre, por nossos próprios erros e por inimigos
no nosso próprio campo.
Como com a orientação
do nosso governo naquela ocasião, não era possível surgir, um tal ato de
heroísmo, logicamente ele só poderia seguir o primeiro caminho, a saber: não
fazer nada e deixar as coisas correrem como de
costume.
Entretanto, em momento de grande
inspiração, o Céu presenteou a Alemanha com um grande homem: o Sr. Cuno!
Verdadeiramente, ele não era estadista ou político de profissão e muito menos,
naturalmente, de nascimento; ele representa uma espécie de político que era
utilizado para resolver certas questões; no mais era um homem de negócios. Isso
foi uma maldição para a Alemanha, por isso que esse negociante político
considerava a política como uma empresa econômica, agindo nessa conformidade.
"A França ocupava a bacia do Ruhr. Que há na
região do Ruhr? Carvão. Portanto, a França ocupa a região do Ruhr por causa do
carvão." Que coisa mais natural para o Sr. Cuno que o pensamento de então de
fazer greve, a fim de que os franceses não obtivessem carvão, até que, segundo o
seu modo de ver, os franceses, seguramente, um dia abandonariam de novo a região
do Ruhr, em virtude de não dar resultado a empresa. Mais ou menos assim se
desenrolava o raciocínio desse "importante" "estadista" "nacional", que teve
permissão de falar ao "seu povo" em Stuttgart e em outras localidades e que, por
esse mesmo povo, era admirado com
beatitude.
Para a greve eram naturalmente
necessários os marxistas, pois eram os operários que teriam de fazer a mesma.
Portanto, era necessário fazer com que o operário (e na cabeça de um estadista
burguês o operário significa a mesma coisa que marxista) formasse uma frente
única com todos os outros alemães. Era de ver, então, o entusiasmo dessa
mentalidade bolorenta em face de uma tal divisa, nacionalista e genial ao mesmo
tempo! Finalmente tinham conseguido aquilo que ultimamente haviam procurado todo
o tempo! Estava achada a ponte para o marxismo e para o cavalheiro de indústria
nacional era possível estender a mão ao traidor internacional com aparências de
alemão e frases nacionalistas. E este último mais que depressa aderiu. Pois
assim como Cuno precisava, para a sua "frente única", do apoio dos dirigentes
marxistas, da mesma maneira estes últimos necessitavam o dinheiro de Cuno. Com
isso as duas partes se completavam. Cuno conseguiu a sua frente única formada de
tagarelas nacionalistas e de gatunos anti-nacionalistas e os impostores
internacionais podiam, mediante dinheiro do Governo, servir à sua elevada
missão, isto é, destruir a economia nacional e (desta vez até às expensas do
Estado. Uma idéia imortal, essa de salvar uma nação por meio de uma greve geral
paga, senha com a qual mesmo o vagabundo mais indiferente pode concordar com
todo entusiasmo.
Que não se pode livrar um povo
por meio de rezas é uma coisa geralmente sabida. O que tinha de ser
historicamente experimentado era se não seria talvez possível livrá-lo por meio
da inatividade. Se, em vez de ter lançado mão da greve geral paga, fazendo dela
a base da "frente única" o Sr. Cuno tivesse naquela ocasião exigido de cada
alemão somente mais duas horas de trabalho, a impostura dessa "frente única"
ler-se-ia liquidado por si no primeiro dia. Os povos não se libertam por meio da
inação e, sim, por meio de sacrifício.
É
verdade que essa chamada resistência passiva não pode ser mantida por muito
tempo, pois que somente uma criatura inteiramente antibelicosa é que poderia
imaginar poder afugentar exércitos de ocupação por meios tão ridículos. Somente
esse poderia ter sido o sentido de uma ação cujo custo subiu a bilhões e que
ajudou poderosamente a destruir completamente a moeda
nacional.
Naturalmente os franceses puderam se
instalar com certo sossego, na região do Ruhr, no momento em que viram a
resistência se utilizar de tais meios eles recebiam justamente de nós mesmos, as
melhores receitas para chamar a razão uma população civil obstinada, quando,
pelo seu modo de proceder, pudesse constituir um perigo sério para as
autoridades ocupantes. Com que presteza tínhamos, nove anos antes, aniquilado os
bandos de franco-atiradores belgas e esclarecido a população civil quanto à
gravidade da situação, quando, devido à atividade daqueles, o exército alemão
corria risco de sofrer sérios danos. Logo que a resistência passiva no Ruhr se
tivesse tornado realmente séria, a tropa de ocupação teria, em menos de oito
dias, e com a máxima facilidade, dado um fim cruel a toda essa travessura
infantil. Pois essa é sempre a última pergunta: que se poderá fazer quando,
finalmente, a resistência passiva irrita o inimigo e ele se decide a lutar com
brutalidade sanguinária contra essa atitude? Decidir-se-á então continuar a
resistência? No caso afirmativo, bem ou mal será necessário acarretar com as
mais pesadas perseguições. Com isso, porém, fica-se onde se estaria em caso de
resistência ativa, a saber, na luta. Daí se conclui que toda resistência passiva
só tem um sentido quando atrás dela está a decisão de, no caso de necessidade,
continuar essa resistência em campo aberto ou em guerrilhas. De um modo geral,
toda luta assim está ligada à convicção de uma possível vitória. Quando uma
fortaleza sitiada, duramente atacada pelo inimigo, é forçada a perder a última
esperança de socorro, praticamente com isso ela se rende, sobretudo quando em um
caso como esse, em vez da morte provável, o defensor é atraído ainda pela vida
certa. Tire-se à guarnição de uma fortaleza sitiada a esperança de uma possível
salvação, e todas as forças de defesa bruscamente se
desfarão.
Por isso, uma resistência passiva no
Ruhr, tendo-se em vista as últimas conseqüências que ela devia e teria de trazer
consigo, se tivesse de ser vitoriosa, só teria sentido se formasse atrás de si
uma resistência ativa. Então, poder-se-ia sem dúvida conseguir de nosso povo
algo de extraordinário. Se cada um desses habitantes da Westfália tivesse a
certeza de que a pátria levantaria um exército de oitenta ou cem divisões, os
franceses teriam pisado em espinhos. Mas há mais homens valentes a se
sacrificarem por uma causa com possibilidade de êxito do que por uma visível
insensatez.
Foi um caso clássico que forçou a
nós nacionais-socialistas tomarmos uma atitude decidida contra esse chamado lema
nacionalista. E fizemos isso. E naqueles meses, não poucas vezes, fui atacado
por criaturas cujo sentimento nacionalista era somente um xisto de tolice e de
fingimento; todos eles gritavam com a perspectiva agradável de, de repente e sem
perigo, também poderem ser nacionalistas. Considerei essa mais que lamentável
frente única como um dos fatos mais ridículos, e a história me deu
razão.
Logo que as uniões profissionais
marxistas encheram, praticamente, os seus cofres com as contribuições de Cuno e
ficou quase resolvido mudar a resistência passiva em ataque ativo, a hiena
vermelha imediatamente rompeu com o rebanho nacional e voltou a ser o que sempre
fora. Sem um murmúrio, o sr. Cuno retirou-se para bordo de seus navios e a
Alemanha enriqueceu-se com mais uma experiência e empobreceu de mais uma
esperança.
Até o fim do verão, muitos oficiais
- certamente não os piores - intimamente não acreditavam em um desenlace tão
vergonhoso. Todos eles tinham nutrido a esperança de que, embora não
abertamente, em segredo, tivessem sido tomadas as providências no sentido de
tornar esse atrevidíssimo assalto na França um novo ponto de partida para a
ressurreição alemã. Também em nossas fileiras havia muitos que tinham confiança
ao menos no exército. E essa convicção era tão viva que orientava o modo de agir
e sobretudo a educação de inúmeros
jovens.
Quando veio, porém, o ignominioso
colapso e se deu a vergonhosa capitulação depois de um sacrifício de bilhões em
dinheiro e de milhares de jovens alemães, que tinham sido todos bastante para
acreditar nas promessas dos governantes do Reich, explodiu a indignação contra
tal traição ao nosso infeliz povo. Em milhões de cabeças de repente se arraigou
a convicção de que somente a mudança completa do regime em vigor é que poderia
salvar a Alemanha.
Nunca uma época foi mais
oportuna, nunca se exigiu tão peremptoriamente tal solução como no momento em
que, de um lado, manifestava-se cruamente a traição à Pátria, enquanto, por
outro lado, um povo era condenado. lentamente, à morte pela fome. Como era o
próprio governo que pisava todos os princípios de lealdade e de fé, que zombava
dos direitos de seus cidadãos, que escarnecia do sacrifício de milhões dos seus
mais dedicados filhos, e que roubava o último vintém de outros milhões, ele não
tinha o direito de esperar dos seus, outra coisa que não o ódio. E esse ódio
contra os que desgraçaram o povo e a Pátria, de. um modo ou de outro, conduziria
a uma explosão. Chamo a atenção para o último período de meu discurso, por
ocasião do grande processo da primavera de
1924:
"Embora os Juizes deste Estado se sintam
satisfeitos com a condenação de nossos atos, a História, essa deusa de uma
verdade mais elevada e de uma lei melhor, com um sorriso rasgará essa sentença e
declarará todos nós inocentes, isto é, não passíveis de culpa e
expiação".
A história, porém exigirá que
compareçam perante o seu Tribunal aqueles que hoje, donos do poder, pisam o
direito e a lei, e que conduziram o nosso povo à miséria e à desgraça e que, em
um período de infelicidade para a Pátria, estimam mais o seu eu do que a vida da
coletividade.
Não quero descrever aqui os
acontecimentos que conduziram ao 8 de. novembro de 1923 e que os motivaram. Não
o quero fazer porque penso que não serão de valor para o futuro e porque
sobretudo não adianta reabrir feridas que hoje em dia mal estão cicatrizadas;
além disso não adianta falar sobre a culpa de pessoas, que talvez no íntimo de
seu coração, estivessem como nós apegadas à sua Pátria e que somente erraram o
caminho ou não o compreenderam.
Em face da
grande desgraça geral de nossa Pátria eu não desejava hoje ofender e talvez
afastar aqueles que um dia ainda terão de formar a grande frente única dos
alemães verdadeiramente leais de coração contra a frente geral dos inimigos de
nosso povo. Pois eu sei que chegará a época em que, mesmo aqueles que então
estavam em campo contrário ao nosso, se lembrarão com respeito dos que, pelo
povo alemão, - enveredaram pelo áspero caminho da
morte.
Aqueles dezoito heróis a quem dediquei o
primeiro volume de minha obra, quero apresentá-los, no fim do segundo volume,
aos adeptos e lutadores de nossa doutrina, como heróis que na mais plena
consciência se sacrificaram por todos nós. Eles terão de chamar ao cumprimento
do dever os vacilantes e os fracos, ao cumprimento de um dever que eles mesmos
levaram na melhor boa-fé até às últimas conseqüências. E entre eles quero
incluir aquele homem que como um dos melhores dedicou a sua vida à ressurreição
de seu, de nosso povo, tanto no pensamento como na ação.
Dietrich
Eehkart.
POSFÁCIO
A 9 de novembro de 1923, no
quarto ano de sua existência, o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores
Alemães (National Sozialistische Deutsche Arbeiterpartei) foi dissolvido e
proibido em todo o Reich. Hoje, em novembro de 1926, ele de novo é livre no
Reich inteiro, mais forte e intimamente mais sólido do que
nunca.
Todas as perseguições ao movimento e aos
seus dirigentes, todas as injúrias e difamações nada conseguiram contra ele. O
acerto de suas idéias, a pureza de sua vontade, o espírito de sacrifício de seus
adeptos, até hoje fizeram com que ele saísse de todas as opressões mais
prestigiado do que nunca.
Se no mundo de nossa
atual corrupção parlamentar cada vez mais ele se compenetra da essência de sua
luta e se sente como corporificação do valor da raça e do indivíduo e se dirige
de acordo com esses princípios, com certeza quase matemática, ele sairá ainda
vitorioso na luta da mesma maneira que a Alemanha necessariamente tem de
recuperar a posição que lhe compete nesse mundo, desde que seja dirigida e
organizada pelos mesmos ideais.
Um Estado, que,
na época do envenenamento das raças, se dedica a cultivar os seus melhores
elementos raciais, tem de um dia se tornar senhor do
mundo.
Que os adeptos de nosso movimento não se
esqueçam nunca disso, mesmo que, pela enormidade do sacrifício, possam vir a
recear da possibilidade do sucesso.