
 
Minha Luta
(Mein Kampf)
Adolf Hitler
  
APRESENTAÇÃO
Nélson Jahr Garcia
     Minha Luta 
(Mein Kampf) foi a melhor obra já escrita contra o nazismo. Já se escreveram 
livros, artigos, crônicas; fizeram-se filmes, peças de teatro. Por mais que 
demonstrassem o totalitarismo, a crueldade e a desfaçatez daquele regime, nada 
conseguiu superar o original.
     A comunidade 
judaica, pelo menos alguns de seus setores, batalham por proibir a divulgação do 
livro. Não entendo. Quanto mais se conhecer, maior se tornará o repúdio e 
aversão.
     É certo que os filhos de Israel foram 
perseguidos, mas não só. Também o foram os negros, os eslavos, membros das 
"Resistências", maçons, todos originários de qualquer raça que não fossem 
considerados "arianos". Em suma, perseguiu-se tantos quanto se opuseram aos 
planos megalomaníacos do pequeno austríaco que resolveu tornar-se rei do 
universo.
     Certa vez perguntei a um ex-capitão 
do exército mecanizado nazista: "Como foi possível que um dos povos mais cultos 
da Europa apoiasse um projeto neurótico e genocida como o dos nazis?" 
Respondeu-me, com certa simplicidade: "Perdêramos a I Grande Guerra, 
engenheiros, médicos e tantos reviravam latas de lixo para encontrar comida, os 
judeus, comerciantes em sua maioria, expunham suas mercadorias sugerindo serem 
beneficiados pela situação, era solo fértil para as pregações 
anti-semitas".
     Quanto ao anti-semitismo, além 
da postura racista inquestionável e confessa, havia uma estratégia de 
propaganda. Hitler entendia que qualquer movimento precisava de inimigos para 
fortalecer-se. Subestimando a capacidade intelectual do povo, afirmava 
explicitamente, que as massas tinham dificuldades de entendimento e compreensão. 
Daí a necessidade de reduzir os vários adversários a um inimigo único: os 
judeus. As críticas da imprensa eram escritas por judeus, que também dominavam a 
literatura, as artes e o teatro. França e Inglaterra estavam controladas pelo 
capitalismo judaico. Os judeus levavam imigrantes negros para contaminar as 
raças européias. Os marxistas e revolucionários russos eram judeus. A maçonaria 
era controlada por judeus. Uma generalização absurda que, infelizmente, 
funcionou.
     Penso que "Minha Luta" deva ser 
amplamente conhecido, um texto preconceituoso, presunçoso e que traz embutidos 
neuroses e psicoses indiscutíveis, conhecê-lo talvez seja a melhor forma de 
impedir que aquelas idéias ressuscitem. Além disso sou contra qualquer forma de 
censura. Os romanos incendiaram a Biblioteca de Alexandria, Hitler e Stalin 
queimaram livros, Getúlio Vargas também, os militares de nossa recente ditadura 
inclusive, e outros tantos, a humanidade só 
perdeu.
     Por isso tudo divulgo o livro, uma peça 
de propaganda bastante eficiente, mas apenas no seu tempo e contexto. Devemos 
ler, analisar, discutir e produzir vacinas. Como os vírus, as idéias absurdas 
tendem a retornar fortalecidas e resistentes; só conhecendo poderemos 
enfrentá-las.
  
PREFÁCIO
     No dia 1.° de abril de 1924, 
por força de sentença do Tribunal de Munique, tinha eu entrado no presídio 
militar de Landsberg sobre o Lech.
     Assim se me 
oferecia, pela primeira vez, depois de anos de ininterrupto trabalho, a 
possibilidade de dedicar-me a uma obra, por muitos solicitada e por mim mesmo 
julgada conveniente ao movimento nacional 
socialista.
     Decidi-me, pois, a esclarecer, em 
dois volumes, a finalidade do nosso movimento e, ao mesmo tempo, esboçar um 
quadro do seu desenvolvimento.
     Nesse trabalho 
aprender-se-á mais do que em uma dissertação puramente 
doutrinária.
     Apresentava-se-me também a 
oportunidade de dar uma descrição de minha vida, no que fosse necessário à 
compreensão do primeiro e do segundo volumes e no que pudesse servir para 
destruir o retrato lendário da minha pessoa feito pela imprensa 
semítica.
     Com esse livro eu não me dirijo aos 
estranhos mas aos adeptos do movimento que ao mesmo aderiram de coração e que 
aspiram esclarecimentos mais substanciais.
     Sei 
muito bem que se conquistam adeptos menos pela palavra escrita do que pela 
palavra falada e que, neste mundo, as grandes causas devem seu desenvolvimento 
não aos grandes escritores mas aos grandes 
oradores.
     Isso não obstante, os princípios de 
uma doutrinação devem ser estabelecidos para sempre por necessidade de sua 
defesa regular e contínua.
     Que estes dois 
volumes valham como blocos com que contribuo à construção da obra coletiva.
O 
AUTOR
Landsberg sobre o Lech
Presídio Militar
DEDICATÓRIA
     No dia 9 de novembro de 
1923, na firme crença da ressurreição do seu povo, às 12 horas e 30 minutos da 
tarde, tombaram diante do quartel general assim como no pátio do antigo 
Ministério da Guerra de Munique os seguintes 
cidadãos:
     Alfarth (Felix). Negociante, nascido 
a 5 de julho de 1901.
     Bauriedl (Andreas). 
Chapeleiro, nascido a 4 de maio de 
1879.
     Casella (Theodor). Bancário, nascido a 8 
de agosto de 1900.
     Ehrlich (Wilhelm). Bancário, 
nascido a 19 de agosto de 1894.
     Faust (Martin). 
Bancário, nascido a 27 de janeiro de 
1901.
     Hechenberger (Ant.). Serralheiro, nascido 
a 28 de setembro de 1902.
     Kõrner (Oskar). 
Negociante, nascido a 4 de janeiro de 
1875.
     Kuhn (Karl). Garção.Cehfe, nascido a 26 
de julho de 1897.
     Laforce (Karl). Estudante de 
engenharia, nascido a 28 de outubro de 
1904.
     Neubauer (Kurt). Doméstico, nascido a 27 
de março de 1899.
     Pope (Claus von). Negociante, 
nascido a 16 de agôsto de 1904.
     Pforden 
(Theodor von der). Membro do Supremo Tribunal, nascido a 14 de maio de 
1873.
     Rickmers (Joh.). Capitão de Cavalaria, 
nascido a 7 de maio de 1881.
     Scheubner-Richter 
(Max Erwin von). Engenheiro, nascido a 9 de janeiro de 
1884.
     Stransky (Lorenz Ritter von). Engenheiro, 
nascido a 14 de março de 1899.
     Wolf (Wilhelm). 
Negociante, nascido a 19 de outubro de 1898.
     As 
chamadas autoridades nacionais recusaram aos heróis mortos um túmulo 
comum.
     Por isso eu lhes dedico, para a 
lembrança de todos, o primeiro volume desta obra, a fim de que esses mártires 
iluminem para sempre os adeptos do nosso 
movimento.
     Landsberg sobre o Lech, Presídio 
Militar, 16 de outubro de 1924.
Adolf Hitler
PRIMEIRA PARTE
CAPÍTULO I - NA CASA PATERNA
     Considero 
hoje como uma feliz determinação da sorte que Braunau no Inn tenha sido 
destinada para lugar do meu nascimento. Essa cidadezinha está situada nos 
limites dos dois países alemães cuja volta à unidade antiga é vista, pelo menos 
por nós jovens, como uma questão de vida e de 
morte.
     A Áustria alemã deve voltar a fazer 
parte da grande Pátria germânica, aliás sem se atender a motivos de ordem 
econômica. Mesmo que essa união fosse, sob o ponto de vista econômico, inócua ou 
até prejudicial, ela deveria realizar-se. Povos em cujas veias corre o mesmo 
sangue devem pertencer ao mesmo Estado. Ao povo alemão não assistem razões 
morais para uma política ativa de colonização, enquanto não conseguir reunir os 
seus próprios filhos em uma pátria única. Somente quando as fronteiras do Estado 
tiverem abarcado todos os alemães sem que se lhes possa oferecer a segurança da 
alimentação, só então surgirá, da necessidade do próprio povo, o direito, 
justificado pela moral, da conquista de terra estrangeira. O arado, nesse 
momento será a espada, e, regado com as lágrimas da guerra, o pão de cada dia 
será assegurado à posteridade.
     Por isso, essa 
cidadezinha da fronteira aparece aos meus olhos como o símbolo de uma grande 
missão. Sob certo aspecto, ela se apresenta como uma exortação nos tempos que 
correm. Há mais de cem anos, esse modesto ninho, cenário de uma tragédia cuja 
significação todo o povo alemão compreende, conquistou, pelo menos, na história 
alemã, o direito à imortalidade. No tempo da maior humilhação infligida à nossa 
Pátria, tombou ali, por amor à sua idolatrada Alemanha, Johannes Palm, de 
Nuremberg, livreiro burguês, obstinado nacionalista e inimigo dos franceses. 
Tenazmente recusara-se, como Leo Schlagter, a denunciar os seus cúmplices, ou 
melhor os cabeças do movimento. Como este, ele foi denunciado à França, por um 
representante do governo. Um chefe de polícia de Ausburgo conquistou para si 
essa triste glória e serviu assim de modelo às autoridades alemãs no governo de 
Severing.
     Nessa cidadezinha do Inn, 
imortalizada pelo martírio de grandes alemães, bávara pelo sangue, austríaca 
quanto ao governo, moravam meus pais no fim do ano 80 do século passado, meu pai 
como funcionário público, fiel cumpridor dos seus deveres, minha mãe toda 
absorvida nos afazeres domésticos e, sobretudo, sempre dedicada aos cuidados da 
família. Na minha memória, pouco ficou desse tempo, pois, dentro de alguns anos, 
meu pai teve que deixar a querida cidadezinha e ir ocupar novo lugar em Passau, 
na própria Alemanha.
     A sorte de empregado 
aduaneiro austríaco se traduzia, naquele tempo, por uma constante peregrinação. 
Pouco tempo depois, meu pai foi para Linz, para onde finalmente se dirigiu 
também depois de aposentado. Essa aposentadoria não devia, porém, significar um 
verdadeiro descanso para o velho funcionário. Filho de um pobre lavrador, já 
noutros tempos ele não tolerava a vida inativa em casa. Ainda não contava treze 
anos e já o jovem de então fazia os seus preparativos e deixava a casa paterna 
no Waldviertel. Apesar dos conselhos em contrário dos "experientes" moradores da 
aldeia, o jovem dirigiu-se para Viena, como objetivo de aprender um ofício 
manual. Isso aconteceu entre 1850 e 1860. Arrojada resolução essa de afrontar o 
desconhecido com três florins para as despesas de viagem. Aos dezessete anos, 
tinha ele feito as provas de aprendiz. Não estava, porém, contente. Muito ao 
contrário. A longa duração das necessidades de outrora, a miséria e o sofrimento 
constantes fortaleceram a resolução de abandonar de novo o ofício, para vir a 
ser alguma coisa mais elevada. Naquele tempo, aos olhos do pobre jovem, a 
posição de pároco de aldeia parecia a mais elevada a que se podia aspirar; 
agora, porém, na esfera mais vasta da grande capital, a sua ambição maior era 
entrar para o funcionalismo. Com a tenacidade de quem, na meninice, já era um 
velho, por eleito da penúria e das aflições, o jovem de dezessete anos insistiu 
na sua resolução e tornou-se funcionário público. Depois dos Vinte e três anos, 
creio eu, estava atingido o seu objetivo. Parecia assim estar cumprida a 
promessa que o pobre rapaz havia feito, isto é, de não voltar para a aldeia 
paterna sem que tivesse melhorado a sua 
situação.
     Agora estava atingido o seu ideal. Na 
aldeia, porém ninguém mais dele se lembrava e a ele mesmo a aldeia se tornara 
desconhecida.
     Quando, aos cinqüenta e seis 
anos, ele se aposentou, não pôde suportar esse descanso na ociosidade. Comprou, 
então, uma propriedade na vila de Lambach, na alta Áustria, valorizou-a e voltou 
assim, depois de uma vida longa e trabalhosa, à mesma origem dos seus 
pais.
     Nesse tempo, formavam-se no meu espírito 
os primeiros ideais. As correrias ao ar livre, a longa caminhada para a escola, 
as relações com rapazes extremamente robustos - o que muitas vezes causava a 
minha mãe os maiores cuidados - esses hábitos me poderiam preparar para tudo 
menos para uma vida sedentária. Embora, mal pensasse ainda seriamente sobre a 
minha futura vocação, de nenhum modo as minhas simpatias se dirigiam para a 
linha de vida seguida por meu pai. Eu creio que já nessa. época meu talento 
verbal se adestrava nas discussões com os 
camaradas.
     Eu me tinha tornado um pequeno chefe 
de motins, que, na escola, aprendia com facilidade, mas era difícil de ser 
dirigido.
     Quando, nas minhas horas livres, eu 
recebia lições de canto no coro paroquial de Lambach, tinha a melhor 
oportunidade de extasiar-me ante as pompas festivas das brilhantíssimas festas 
da igreja. Assim como meu pai via na posição de pároco de aldeia o ideal na 
vida, a mim também a situação de abade pareceu a aspiração mais elevada. Pelo 
menos temporariamente isso se deu.
     Desde que 
meu pai, por motivos de fácil compreensão, não podia dar o devido apreço ao 
talento oratório do seu bulhento filho, para daí tirar conclusões favoráveis ao 
futuro do seu pimpolho, é óbvio que ele não concordasse com essas idéias de 
mocidade. Apreensivo, ele observava essa disparidade da 
natureza.
     Na realidade a vocação temporária por 
essa profissão desapareceu muito cedo, para dar lugar a esperanças mais 
conformes com o meu temperamento.
     Revolvendo a 
biblioteca paterna, deparei com diversos livros sobre assuntos militares, entre 
eles uma edição popular da guerra franco-alemã de 1870-1871. Eram dois volumes 
de uma revista ilustrada daquele tempo. Tornaram-se a minha leitura favorita. 
Não tardou muito para que a grande luta de heróis se transformasse para mim em 
um acontecimento da mais alta significação. Daí em diante, eu me entusiasmava 
cada vez mais por tudo que, de qualquer modo, se relacionasse com guerra ou com 
a vida militar. Sob outro aspecto, isso também deveria vir a ser de importância 
para mim. Pela primeira vez, embora ainda de maneira confusa, surgiu no meu 
espírito a pergunta sobre se havia alguma diferença entre estes alemães que 
lutavam e os outros e, em caso afirmativo, qual era essa diferença. Por que a 
Áustria não combateu com a Alemanha nesta guerra? Por que meu pai e todos os 
outros não se bateram também? Não somos iguais a todos os outros alemães? Não 
formamos todos um corpo único? Esse problema começou, pela primeira vez, a 
agitar o meu espírito infantil. Com uma inveja intima, deveria às minhas 
cautelosas perguntas aceitar a resposta de que nem todo alemão possuía a 
felicidade de pertencer ao império de Bismarck. Isso era inconcebível para 
mim.
     Estava decidido que eu deveria 
estudar.
     Considerando o meu caráter e, 
sobretudo o meu temperamento, pensou meu pai poder chegar à conclusão de que o 
curso de humanidades oferecia uma contradição com as minhas tendências 
intelectuais. Pareceu-lhe que uma escola profissional corresponderia melhor ao 
caso. Nessa opinião, ele se fortaleceu ainda mais ante minha manifesta aptidão 
para o desenho, matéria cujo estudo, no seu modo de ver, era muito negligenciado 
nos ginásios austríacos. Talvez estivesse também exercendo influência decisiva 
nisso a sua difícil luta pela vida, na qual, aos seus olhos, o estudo de 
humanidades de pouca utilidade seria. Por princípio, era de opinião que, como 
ele, seu filho naturalmente seria e deveria ser funcionário público. Sua amarga 
juventude fez com que o êxito na vida fosse por ele visto como tanto maior 
quanto considerava o mesmo como produto de uma férrea disposição e de sua 
própria capacidade de trabalho. Era o orgulho do homem que se fez por si que o 
induzia a querer elevar seu filho a uma posição igual ou, se possível, mais alta 
que a do seu pai, tanto mais quando por sua própria diligência, estava apto a 
facilitar de muito a evolução deste.
     O 
pensamento de uma repulsa aquilo que, para ele, se tornou o objetivo de uma vida 
inteira, parecia-lhe inconcebível. A resolução de meu pai era, pois, simples, 
definida, clara e, a seus olhos, compreensível por si mesma. Finalmente para o 
seu temperamento tornado imperioso através de uma amarga luta pela existência, 
no decorrer da sua vida inteira, parecia coisa absolutamente intolerável, em 
tais assuntos, entregar a decisão final a um jovem que lhe parecia inexperiente 
e ainda sem responsabilidade.
     Seria impossível 
que isso se coadunasse com a sua usual concepção do cumprimento do dever, pois 
representava uma diminuição reprovável de sua autoridade paterna. Além disso, a 
ele cabia a responsabilidade do futuro do seu 
filho.
     E, não obstante, coisa diferente deveria 
acontecer. Pela primeira vez na vida fui, mal chegava aos onze anos, forçado a 
fazer oposição.
     Por mais firmemente decidido 
que meu pai estivesse na execução dos planos e propósitos que se formara, não 
era menor a teimosia e a obstinação de seu filho em repelir um pensamento que 
pouco ou nada lhe agradava.
     Eu não queria ser 
funcionário.
     Nem conselhos nem "sérias" 
admoestações conseguiram demover-me dessa 
oposição.
     Nunca, jamais, em tempo algum, eu 
seria funcionário público.
     Todas as tentativas 
para despertar em mim o amor por essa profissão, inclusive a descrição da vida 
de meu pai, malogravam-se, produziam o efeito 
contrário.
     Era para mim abominável o pensamento 
de, como um escravo, um dia sentar-me em um escritório, de não ser senhor do meu 
tempo mas, ao contrário, limitar-me a ter como finalidade na vida encher 
formulários! Que pensamento poderia isso despertar em um jovem que era tudo 
menos bom no sentido usual da palavra? O estudo extremamente fácil na escola 
proporcionava-me tanto tempo disponível que eu era mais visível ao ar livre do 
que em casa.
     Quando hoje, meus adversários 
políticos examinam com carinhosa atenção a minha vida até aos tempos da minha 
juventude para, finalmente, poder apontar com satisfação os maus feitos que esse 
Hitler já na mocidade havia perpetrado, agradeço aos céus que agora alguma coisa 
me restitua à memória daqueles tempos 
felizes.
     Campos e florestas eram outrora a sala 
de esgrima na qual as antíteses de sempre vinham à 
luz.
     Mesmo a freqüência à escola profissional 
que se seguiu a isso em nada me serviu de 
estorvo.
     Uma outra questão deveria, porém, ser 
decidida.
     Enquanto a resolução de meu pai de 
fazer-me funcionário público encontrou em mim apenas uma oposição de princípios, 
o conflito foi facilmente suportável. Eu podia, então dissimular minhas idéias 
íntimas, não sendo preciso contraditar constantemente. Para minha tranqüilidade, 
bastava-me a firme decisão de não entrar de futuro para a burocracia. Essa 
resolução era, porém, inabalável. A situação agravou-se quando ao plano de meu 
pai eu opus o meu. Esse fato aconteceu já aos treze anos. Como isso se deu, não 
sei bem hoje, mas um dia pareceu-me claro que eu deveria ser artista, 
pintor.
     Meu talento para o desenho, 
inquestionavelmente, continuava a afirmar-se, e foi até uma das razões por que 
meu pai me mandou à escola profissional sem contudo nunca lhe ter ocorrido 
dirigir a minha educação nesse sentido. Muito ao contrário. Quando eu, pela 
primeira vez, depois de renovada oposição ao pensamento favorito de meu pai, fui 
interrogado sobre que profissão desejava então escolher e quase de repente 
deixei escapar a firme resolução que havia adotado de ser pintor, ele quase 
perdeu a palavra.
     "Pintor! Artista!" exclamou 
ele.
     Julgou que eu tinha perdido o juízo ou 
talvez que eu não tivesse ouvido ou entendido bem a sua 
pergunta.
     Quando compreendeu, porém, que não 
tinha havido mal-entendido, quando sentiu a seriedade da minha resolução, 
lançou-se com a mais inabalável decisão contra a minha 
idéia.
     Sua resolução era demasiado firme. 
Inútil seria argumentar com as minhas aptidões para essa 
profissão.
     "Pintor, não! Enquanto eu viver, 
nunca!" terminou meu pai.
     O filho que, entre 
outras qualidades do pai, havia herdado a teimosia, retrucou com uma resposta 
semelhante mas no sentido contrário.
     Cada um 
ficou irredutível no seu ponto de vista. Meu pai não abandonava o seu nunca e eu 
reforçava cada vez mais o meu não obstante.
     As 
conseqüências disso não foram muito agradáveis. O velho tornou-se irritado e eu 
também, apesar de gostar muito dele. Afastou-se para mim qualquer esperança de 
vir a ser educado para a pintura. Fui mais adiante e declarei então 
absolutamente não mais estudar. Como eu, naturalmente, com essa declaração teria 
todas as desvantagens, pois o velho parecia disposto a fazer triunfar a sua 
autoridade sem considerações de qualquer natureza, resolvi calar daí por diante, 
convertendo, porém, as minhas ameaças em 
realidade.
     Acreditava que quando meu pai 
observasse a minha falta de aproveitamento na escola profissional, por bem ou 
por mal consentiria na minha sonhada 
felicidade.
     Não sei se meus cálculos dariam 
certo. A verdade é que meu insucesso na escola verificou-se. Só estudava o que 
me agradava, sobretudo aquilo de que eu poderia precisar mais tarde como pintor. 
O que me parecia sem significação para esse objetivo ou o que não me era 
agradável, eu punha de lado inteiramente.
     Nesse 
tempo os meus certificados de estudos, apresentavam sempre notas extremas, de 
acordo com as matérias e o apreço em que eu as tinha. Digno de louvor e ótimo, 
de um lado; sofrível ou péssimo do 
outro.
     Incomparavelmente melhores eram os meus 
trabalhos em geografia e, sobretudo, em história. Eram essas as duas matérias 
favoritas, nas quais eu fazia progressos na 
classe.
     Quando, depois de muitos anos, examino 
o resultado daqueles tempos, vejo dois fatos de muita 
significação:
     1.° Tornei-me 
nacionalista.
     2.° Aprendi a entender a história 
pelo seu verdadeiro sentido.
     A antiga Áustria 
era um "estado de muitas nacionalidades".
     O 
cidadão do império alemão, pelo menos outrora, não podia, em última análise, 
compreender a significação desse fato na vida diária do indivíduo, em um Estado 
assim organizado como a Áustria.
     Depois do 
maravilhoso cortejo triunfal dos heróis da guerra franco-prussiana, os alemães 
que viviam no estrangeiro eram vistos como cada vez mais estranhos à vida da 
nação, que, em parte, não se esforçavam por apreciar ou mesmo não o 
podiam.
     Confundia-se, na Alemanha, sobretudo em 
relação aos austro-alemães, a desmoralizada dinastia austríaca com o povo que, 
na essência, se mantinha são.
     Não se concebe 
como o alemão na Áustria - não fosse ele da melhor têmpera - pudesse possuir 
força para exercer a sua influência em um Estado de 52 milhões. Não se concebe 
também, sem essa hipótese, que, até na Alemanha, se tenha formado a opinião 
errada de que a Áustria era um Estado alemão, disparate de sérias conseqüências 
que constitui, porém, um brilhante atestado em favor dos dez milhões de alemães 
da fronteira oriental.
     Só hoje, que essa triste 
fatalidade caiu sobre muitos milhões dos nossos próprios compatriotas, que, sob 
o domínio estrangeiro, acham-se afastados da Pátria e dela se lembram com 
angustiosa saudade e se esforçam por ter ao menos o direito à sagrada língua 
materna, compreende-se, em maiores proporções, o que significa ser obrigado a 
lutar pela sua nacionalidade.
     Só então um ou 
outro poderá, talvez, avaliar a grandeza do sentimento alemão na velha fronteira 
oriental, sentimento que se manteve por si mesmo, e que, durar te séculos, 
protegera o Reich na fronteira oriental para finalmente se resumir a pequenas 
guerras destinadas apenas a conservar as fronteiras da língua. Isso se dava em 
um tempo em que o governo alemão se interessava por uma política colonial, 
enquanto se mantinha indiferente pela defesa da carne e do sangue de seu povo, 
diante de suas portas.
     Como sempre acontece em 
todas as lutas, havia na campanha pela língua três classes distintas: os 
lutadores, os indiferentes e os traidores.
     Já 
na escola se começava a notar essa separação, pois o mais digno de nota na luta 
pela língua é que é justamente na escola, como viveiro das gerações futuras, que 
as ondas do movimento se fazem sentir mais 
vibrantes.
     Em torno da criança empenha-se a 
luta, e a ela é dirigido o primeiro 
apelo:
     "Menino de sangue alemão, não te 
esqueças de que és um alemão; menina, pensa que um dia deverás ser mãe 
alemã".
     Quem conhece a alma da juventude poderá 
compreender que são justamente os moços que com mais intensa alegria ouvem tal 
grito de guerra. De centenas de maneiras diferentes costumam eles dirigir essa 
luta em que empregam os seus próprios meios e armas. Eles evitam canções não 
alemães, entusiasmam-se pelos heróis alemães, tanto mais quanto maior é o 
esforço para deles afastá-los, sacrificam o estômago para economizarem dinheiro 
para a luta dos grandes Em relação ao estudante não-alemão, são incrivelmente 
curiosos e ao mesmo tempo intratáveis. Usam as insígnias proibidas da nação e 
sentem-se felizes em ser por isso castigados ou mesmo batidos. São, em pequenas 
proporções, um quadro fiel dos grandes, freqüentemente com melhores e mais 
sinceros sentimentos.
     A mim também se ofereceu 
outrora a possibilidade de, ainda relativamente muito jovem, tomar parte na luta 
pela nacionalidade da antiga Áustria. Quando reunidos na associação escolar, 
expressávamos os nossos sentimentos usando lóios e as cores preta, vermelha e 
ouro, que, entusiasticamente, saudávamos com urras. Em vez da canção imperial, 
cantávamos "Deutschland über alles", apesar das admoestações e dos castigos. A 
juventude era assim politicamente ensinada em um tempo em que os membros de uma 
soi-disant nacionalidade, na maioria da sua nacionalidade conhecia pouco mais do 
que a linguagem. Que eu então não pertencia aos indiferentes, compreende-se por 
si mesmo. Dentro de pouco tempo, eu me tinha transformado em um fanático 
Nacional-Alemão, designação que, de nenhuma maneira, é idêntica à concepção do 
atual partido com esse nome.
     Essa evolução fez 
em mim progressos muito rápidos, tanto que, aos quinze anos, já tinha chegado a 
compreender a diferença entre patriotismo dinástico e nacionalismo racista. O 
último conhecia eu, então, muito mais.
     Para 
quem nunca se deu ao trabalho de estudar as condições internas da monarquia dos 
Habsburgos, um tal acontecimento poderá não parecer claro. Somente as lições na 
escola sobre a história universal deveriam, na Áustria, lançar o germe desse 
desenvolvimento, mas só em pequenas proporções existe uma história austríaca 
específica.
     O destino desse Estado é tão 
intimamente ligado à vida e ao crescimento do povo alemão, que uma separação 
entre a história alemã e a austríaca parece impossível. Quando, por fim, a 
Alemanha começou a separar-se em dois Estados diferentes, até essa separação 
passou para a história alemã.
     As insígnias do 
Imperador, sinais do esplendor antigo do Império, preservadas em Viena, parecem 
atuar mais como um poder de atração do que como penhor de uma eterna 
solidariedade.
O primeiro grito dos austro-alemães, nos dias do 
desmembramento do Estado dos Habsburgos, no sentido de uma união com a Alemanha, 
era apenas efeito de um sentimento adormecido mas de raízes profundas no coração 
dos dois povos o anelo pela volta à mãe-pátria nunca 
esquecida.
     Nunca seria isso, porém, 
compreensível, se a aprendizagem histórica dos austro-alemães não fosse a causa 
de uma aspiração tão geral. Ai está a fonte que nunca se estanca, a qual, 
sobretudo nos momentos de esquecimento, pondo de parte as delícias do presente, 
exorta o povo, pela lembrança do passado, a pensar em um novo 
futuro.
     O ensino da história universal nas 
chamadas escolas médias ainda hoje muito deixa a desejar. Poucos professores 
compreendem que a finalidade do ensino da história não deve consistir em 
aprender de cor datas e acontecimentos ou obrigar o aluno a saber quando esta ou 
aquela batalha se realizou, quando nasceu um general ou quando um monarca quase 
sempre sem significação, pôs sobre a cabeça a coroa dos seus avós. Não, graças a 
Deus não é disso que se deve tratar.
     Aprender 
história quer dizer procurar e encontrar as forças que conduzem às causas das 
ações que vemos como acontecimentos históricos. A arte da leitura como da 
instrução consiste nisto: conservar o essencial, esquecer o 
dispensável.
     Foi talvez decisivo para a minha 
vida posterior que me fosse dada a felicidade de ter como professor de história 
um dos poucos que a entendiam por esse ponto de vista e assim a ensinavam. O 
professor Leopold Pötsch, da escola profissional de Linz, realizara esse 
objetivo de maneira ideal. Era ele um homem idoso, bom mas enérgico e, sobretudo 
pela sua deslumbrante eloqüência, conseguia não só prender a nossa atenção mas 
empolgar-nos de verdade. Ainda hoje, lembro-me com doce emoção do velho 
professor que, no calor de sua exposição, fazia-nos esquecer o presente, 
encantava-nos com o passado e do nevoeiro dos séculos retirava os áridos 
acontecimentos históricos para transformá-los em viva realidade. Nós o ouvíamos 
muitas vezes dominados pelo mais intenso entusiasmo, outras vezes comovidos até 
às lágrimas. O nosso contentamento era tanto maior quanto este professor 
entendia que o presente devia ser esclarecido pelo passado e deste deviam ser 
tiradas as conseqüências para dai deduzir o presente. Assim fornecia ele, muito 
freqüentemente, explicações para o problema do dia, que outrora nos deixava em 
confusão. Nosso fanatismo nacional de jovens era um recurso educacional de que 
ele, freqüentemente apelando para o nosso sentimento patriótico, se servia para 
completar a nossa preparação mais depressa do que teria sido possível por 
quaisquer outros meios. Esse professor fez da história o meu estudo favorito. 
Assim, já naqueles tempos, tornei-me um jovem revolucionário, sem que fosse esse 
o seu objetivo.
     Quem, com um tal professor, 
poderia aprender a história alemã, sem ficar inimigo do governo que, de maneira 
tão nefasta, exercia a sua influência sobre os destinos da 
nação?
     Quem poderia, finalmente, ficar fiel ao 
imperador de uma dinastia que no passado e no presente sempre traiu os 
interesses do povo alemão, em beneficio de mesquinhos interesses 
pessoais?
     Já não sabíamos, nós jovens, que esse 
Estado austríaco nenhum amor por nós possuía e sobretudo não podia 
possuir?
     O conhecimento histórico da atuação 
dos Habsburgos foi reforçado pela experiência diária. No norte e no sul, o 
veneno estrangeiro devorava o nosso sentimento racial, e até Viena tornava-se, a 
olhos vistos e cada vez mais, estranha ao espírito 
alemão.
     A Casa da Áustria tchequizava-se, por 
toda parte, e foi por efeito do punho da deusa do direito eterno e da inexorável 
lei de Talião que o inimigo mortal da Áustria alemã, arquiduque Franz 
Ferdinando, foi vítima de uma bala que ele próprio havia ajudado a fundir. Era 
ele o patrono da eslavização da Áustria, que se operava de cima para baixo, por 
todas as formas possíveis.
     Enormes foram os 
ônus que se exigiam do povo alemão, inauditos os seus sacrifícios em impostos e 
em sangue, e, não obstante, quem quer que não fosse cego, deveria reconhecer que 
tudo isso seria inútil.
     O que nos era mais 
doloroso era o fato de ser esse sistema moralmente protegido pela aliança com a 
Alemanha, e que a lenta extirpação do sentimento alemão na velha monarquia até 
certo ponto tinha a sanção da própria 
Alemanha.
     A hipocrisia dos Habsburgos com a 
qual se pretendia dar no exterior a aparência de que a Áustria ainda era um 
Estado alemão, fazia crescer o ódio contra a Casa Austríaca, até atingir a 
indignação e, ao mesmo tempo, o desprezo.
     Só no 
Reich os já então predestinados" nada viam de tudo 
isso.
     Como atingidos pela cegueira, caminhavam 
eles ao lado de um cadáver e, nos sinais da decomposição, acreditavam descobrir 
indícios de nova vida.
     Na fatal aliança do 
jovem império alemão com o arremedo de Estado austríaco estava o germe da Grande 
Guerra, mas também o do desmembramento.
     No 
decurso deste livro terei que me ocupar mais demoradamente deste problema. Basta 
que aqui se constate que, já nos primeiros anos da juventude, eu havia chegado a 
uma opinião que nunca mais me abandonou, mas, pelo contrário, cada vez mais se 
fortificou. E essa era que a segurança do germanismo pressupunha a destruição da 
Áustria e que o sentimento nacional não era idêntico ao patriotismo dinástico e 
que, antes de tudo, a Casa dos Habsburgos estava destinada a fazer a 
infelicidade do povo alemão.
     Dessa convicção eu 
já tinha outrora tirado as conseqüências: amor ao meu berço austro-alemão, 
profundo ódio contra o governo austríaco.
     A 
arte de pensar pela história, que me tinha sido ensinada na escola, nunca mais 
me abandonou. A história universal tornou-se para mim, cada vez mais, uma fonte 
inesgotável de conhecimentos para agir no presente, isto é, para a política. Eu 
não quero aprender a história por si, mas, ao contrário, quero que ela me sirva 
de ensinamento para a vida.
     Assim como logo 
cedo tornei-me revolucionário, também tornei-me 
artista.
     A capital da alta Áustria possuía 
outrora um teatro que não era mau. Nêle se representava quase tudo. Aos doze 
anos, vi pela primeira vez "Guilherme Te!!" e, alguns meses depois, "Lohengrin", 
a primeira ópera que assisti na minha vida. Senti-me imediatamente cativado pela 
música. O entusiasmo juvenil pelo mestre de Bayreuth não conhecia 
limites.
     Cada vez mais me sentia atraído pela 
sua obra, e considero hoje uma felicidade especial que a maneira modesta por que 
foram as peças representadas na capital da província me tivesse deixado a 
possibilidade de um aumento de entusiasmo em representações posteriores mais 
perfeitas.
     Tudo isso fortificava minha profunda 
aversão pela profissão que meu pai me havia escolhido. Essa aversão cresceu 
depois de passados os dias da meninice, que para mim foram cheios de pesares. 
Cada vez mais eu me convencia que nunca seria feliz como empregado público. 
Depois que, na escola profissional, meus dotes de desenhista se tornaram 
conhecidos, a minha resolução ainda mais se 
afirmou.
     Nem pedidos nem ameaças seriam capazes 
de modificar essa decisão.
     Eu queria ser pintor 
e, de modo algum, funcionário público.
     E, coisa 
singular, com o decorrer dos anos aumentava sempre o meu interesses pela 
arquitetura.
     Eu considerava isso, outrora, como 
um natural complemento da minha inclinação para a pintura e regozijava-me 
intimamente com esse desenvolvimento da minha formação 
artística.
     Que outra coisa, contrário a isso, 
viesse acontecer, não previa eu.
     O problema da 
minha profissão devia, porém, ser decidido mais rapidamente do que eu 
supunha.
     Aos treze anos perdi repentinamente 
meu pai. Ainda muito vigoroso, foi vítima de um ataque apoplético que, sem 
provocar-lhe nenhum sofrimento, encerrou a sua peregrinação na terra, 
mergulhando-nos na mais profunda dor.
     O que 
mais almejava, isto é, facilitar a existência de seu filho, para poupar-lhe a 
vida de dificuldades que ele próprio experimentara, não havia sido alcançado, na 
sua opinião. Apenas sem o saber, ele lançou as bases de um futuro que não 
havíamos previsto, nem ele, nem 
eu.
     Aparentemente, a situação não se modificou 
logo.
     Minha mãe sentia-se no dever de, conforme 
aos desejos de meu pai, continuar minha educação, isto é, fazer-me estudar para 
a carreira de funcionário. Eu, porém, estava ainda mais decidido do que antes, a 
não ser burocrata, sob condição alguma. A proporção que a escola média, pelas 
matérias estudadas ou pela maneira de ensiná-las, afastava-se do meu ideal, eu 
me tornava indiferente ao 
estudo.
     Inesperadamente, uma enfermidade veio 
em meu auxílio e, em poucas semanas, decidiu do meu futuro, pondo termo à 
constante controvérsia na casa paterna.
     Uma 
grave afecção pulmonar fez com que o médico aconselhasse a minha mãe, com o 
maior empenho, a não permitir absolutamente. que, de futuro, eu me entregasse a 
trabalhos de escritório. A freqüência à escola profissional deveria também ser 
suspensa pelo menos por um ano.
     Aquilo que eu, 
durante tanto tempo, almejava, e por que tanto me tinha batido, ia, por força 
desse fato, uma vez por todas, transformar-se em 
realidade.
     Sob a impressão da minha moléstia, 
minha mãe consentiu finalmente em tirar-me, tempos depois, da escola 
profissional e em deixar-me freqüentar a Academia.
Foram os dias mais felizes 
da minha vida, que me pareciam quase que um sonho e na realidade de sonho não 
passaram.
     Dois anos mais tarde, o falecimento 
de minha mãe dava a esses belos projetos um inesperado 
desenlace.
     A sua morte se deu depois de uma 
longa e dolorosa enfermidade que, logo de começo, pouca esperança de cura 
oferecia. Não obstante isso, o golpe atingiu-me atrozmente. Eu respeitava meu 
pai, mas por minha mãe tinha verdadeiro amor.
     A 
pobreza e a dura realidade da vida forçaram-me a tomar uma rápida resolução. Os 
pequenos recursos econômicos deixados por meu pai foram quase esgotados durante 
a grave enfermidade de minha mãe. A pensão que me coube como órfão, não era 
suficiente nem para as necessidades mais imperiosas. Estava escrito que eu, de 
uma maneira ou de outra, deveria ganhar o pão com o meu 
trabalho.
     Tendo na mão unia pequena mala de 
roupa e, no coração, uma vontade imperturbável, viajei para 
Viena.
     O que meu pai, cinqüenta anos antes, 
havia conseguido, esperava eu também obter da sorte. Eu queria tornar-me 
"alguém", mas, em caso algum, empregado público.
CAPÍTULO II - ANOS DE APRENDIZADO E DE SOFRIMENTO EM 
VIENA
     Quando minha mãe morreu, meu destino 
sob certo aspecto já se tinha decidido.
     Nos 
seus últimos meses de sofrimento eu tinha ido a Viena para fazer exame de 
admissão à Academia. Armado de um grosso volume de desenhos, dirigi-me à capital 
austríaca convencido de poder facilmente ser aprovado no exame. Na escola 
profissional eu já era sem nenhuma dúvida, o primeiro aluno de desenho da minha 
classe. Daquele tempo para cá a minha aptidão se tinha desenvolvido 
extraordinariamente. de maneira que, contente comigo mesmo, esperava, orgulhoso 
e feliz, obter o melhor resultado da prova a que me ia 
submeter.
     Só uma coisa me afligia: meu talento 
para a pintura parecia sobrepujado pelo talento para o desenho, sobretudo no 
domínio da arquitetura. Ao mesmo tempo, crescia cada vez mais meu interesses 
pela arte das construções. Mais vivo ainda se tornou esse interesse quando, aos 
dezesseis anos incompletos, fiz minha primeira visita a Viena, visita que durou 
duas semanas. Ali fui para estudar a galeria de pintura do "Hofmuseum", mas 
quase só me interessava o próprio edifício do museu. Passava o dia inteiro, 
desde a manhã até tarde da noite, percorrendo com a vista todas as raridades 
nele contidas, mas, na realidade, as construções é que mais me prendiam a 
atenção. Durante horas seguidas, ficava diante da Ópera ou admirando o edifício 
de Parlamento. A "Ringstrasse" atuava sobre mim como um conto de mil-e-uma 
noites.
     Achava-me agora, pela segunda vez, na 
grande cidade, e esperava com ardente impaciência, e, ao mesmo tempo, com 
orgulhosa confiança, o resultado do meu exame de admissão. Estava tão convencido 
do êxito do meu exame que a reprovação que me anunciaram feriu-me como um raio 
que caísse de um céu sereno. Era, no entanto, uma pura verdade. Quando me 
apresentei ao diretor para pedir-lhe os motivos da minha não aceitação à escola 
pública de pintura, assegurou-me ele que, pelos desenhos por mim trazidos, 
evidenciava-se a minha inaptidão para a pintura e que a minha vocação era 
visivelmente para a arquitetura. No meu caso, acrescentou ele, o problema não 
era de escola de pintura mas de escola de 
arquitetura.
     Não se pode absolutamente 
compreender, em face disso, que eu até hoje não tenha freqüentado nenhuma escola 
de arquitetura nem mesmo tomado sequer uma 
lição.
     Abatido, deixei o magnífico edifício da 
"Shillerplatz", sentindo-me. pela primeira vez na vida, em luta comigo mesmo. O 
que o diretor me havia dito a respeito da minha capacidade agiu sobre mim como 
um raio deslumbrante a revelar uma luta íntima, que, de há muito, eu vinha 
sofrendo, sem até então poder dar-me conta do porquê e do 
como.
     Em pouco tempo, convenci-me de que um dia 
eu deveria ser arquiteto. O caminho era, porém, dificílimo, pois o que eu, por 
teimosia, tinha evitado aprender na escola profissional, ia agora fazer-me 
falta. A freqüência da Escola de Arquitetura da Academia dependia da freqüência 
da escola técnica de construções e a entrada para essa exigia um exame de 
madureza em uma escola média. Tudo isso me faltava completamente. Dentro das 
possibilidades humanas, já não me era mais lícito esperar a realização dos meus 
sonhos de artista.
     Quando, depois da morte de 
minha mãe, pela terceira vez, e desta vez para demorar-me muitos anos, fui a 
Viena, a tranqüilidade e uma firme resolução tinham voltado a mim, com o tempo 
decorrido nesse intervalo.
     A antiga teimosia 
também tinha voltado e com ela a persistência na realização do meu objetivo. Eu 
queria ser arquiteto. Obstáculos existem não para que capitulemos diante deles 
mas para os vencermos. E eu estava disposto a arrostar com todas essas 
dificuldades, sempre tendo, diante dos olhos, a imagem de meu pai, que, de 
simples aprendiz de sapateiro de aldeia, tinha subido até ao funcionalismo 
público. O chão sobre que eu pisava era mais firme, as possibilidades na luta, 
maiores. O que, outrora, me parecia aspereza da sorte, aprecio hoje como 
sabedoria da Providência. Enquanto a necessidade me oprimia e ameaçava 
aniquilar-me, crescia a vontade de lutar. E, finalmente, foi vitoriosa a 
vontade. Agradeço àqueles tempos o ter-me tornado forte e poder sê-lo ainda. E 
ainda mais agradeço o ter-me livrado do tédio da vida fácil e ter-me tirado do 
conforto despreocupado do lar, para dar-me o sofrimento como substituto de minha 
mãe e lançar-me na luta de um mundo de misérias e de pobreza, que aprendi a 
conhecer e pelo qual mais tarde deveria 
lutar.
     Nesse tempo, abriram-se-me os olhos para 
dois perigos que eu mal conhecia pelos nomes e que, de nenhum modo, se me 
apresentavam nitidamente na sua horrível significação para a existência do povo 
germânico: marxismo e judaísmo.
     Viena, a cidade 
que para muitos reputada como um complexo de inocentes prazeres, como lugar para 
homens que se querem divertir, vale para mim, infelizmente, como uma viva 
lembrança dos mais tristes tempos da minha vida. Ainda hoje, essa capital só 
desperta em mim pensamentos sombrios. Cinco anos de miséria e de sofrimentos, 
eis o que significa a minha estadia nessa cidade de prazeres. Cinco anos em que, 
primeiro como ajudante de operário, depois como aprendiz de pintor, vime forçado 
a trabalhar pelo pão quotidiano, mesquinho pão que nunca bastava para saciar a 
minha fome habitual, A fome era então minha companheira fiel que nunca me 
deixava sozinho e que de tudo igualmente participava. Cada livro que eu comprava 
aumentava a sua participação na minha vida. Uma visita à Ópera fazia com que ela 
me fizesse companhia o dia inteiro. Era uma eterna luta com o meu impiedoso 
companheiro. E, não obstante isso, nesse tempo aprendi mais do que nunca. Além 
do meu trabalho em construções, das raras visitas à Ópera, - feitas com o 
sacrifício do estômago - tinha como único prazer a leitura. Li muito e 
profundamente. No tempo livre, depois do trabalho, subia imediatamente ao meu 
quarto de estudo. Em poucos anos, lancei os alicerces de conhecimentos de que 
ainda hoje me utilizo. Mais importante do que tudo isso: naqueles tempos adquiri 
uma noção do mundo que serviu de fundamento granítico para o meu modo de agir de 
então. A essa noção precisei acrescentar pouca coisa, mudar 
nada.
     Ao 
contrário.
     Estou firmemente convencido de que, 
em conjunto, várias idéias criadoras que hoje possuo, já na mocidade apareciam 
fundadas em princípios. Faço diferença entre a sabedoria da velhice, que vale 
pela sua maior profundidade e prudência, resultantes da experiência de uma longa 
vida, e a genialidade da juventude que, em inesgotável proliferação, cria 
pensamentos e idéias sem poder logo elaborá-las definitivamente, em conseqüência 
do tumulto em que elas se sucedem. A mocidade fornece o material de construção e 
os pia-nos de futuro, dos quais a velhice toma os blocos, trabalha-os e levanta 
a construção, isso quando a chamada sabedoria dos velhos não sufoca a 
genialidade dos moços.
     A vida que eu até ali 
tinha levado na casa paterna diferenciava-se em pouco ou em nada da vida dos 
outros. Sem cuidados, podia esperar pelo dia seguinte, e para mim não havia 
questão social. As relações da minha juventude compunham-se de pequenos 
burgueses, por conseguinte de um mundo que mantinha muito poucas relações com o 
verdadeiro operário. Por mais estranho que isso possa parecer à primeira vista, 
o abismo entre essa camada social, cuja situação econômica nada tem de 
brilhante, e o trabalhador manual, é freqüentemente mais profundo do que se 
pensa. A razão dessa quase inimizade jaz no receio que tem um grupo social que, 
apenas há pouco tempo, elevou-se acima do nível do proletariado, de descer à 
antiga e pouco prezada posição ou de, pelo menos, ser visto como pertencendo a 
essa classe. A isso se acrescente, entre muitos, a desagradável lembrança da 
ignorância dessa baixa classe, a constante brutalidade nas suas relações uns com 
os outros e compreender-se-á porque a pequena burguesia, em uma posição social 
ainda inferior, considera todo contato com essas ínfimas camadas sociais como um 
fardo insuportável.
     Isso explica porque é mais 
freqüente a uma pessoa altamente colocada, do que a um parvenu, nivelar-se, sem 
afetação, com os mais humildes. O parvenu é o que, por sua própria força de 
vontade, passa, na luta pela vida, de uma posição social a outra mais elevada. 
Essa luta, as mais das vezes áspera, mata a compaixão no coração humano e 
estanca a simpatia pelos sofrimentos dos que ficam 
atrás.
     Sob esse aspecto, a sorte foi comigo 
compassiva. Enquanto me compelia a voltar para esse mundo de pobreza e de 
incertezas, que, no decurso de sua vida, meu pai já havia abandonado, punha, ao 
mesmo tempo, diante dos meus olhos, com todos os seus aspectos repugnantes, a 
educação estreita dos pequenos burgueses. Só então aprendi a conhecer os homens, 
aprendi a fazer a diferença entre ocas aparências, exteriorizações brutais e a 
essência íntima das coisas.
     Já no fim do século 
passado, Viena pertencia ao número das cidades em que era visível o 
desequilíbrio social.
     Brilhante riqueza e 
degradante pobreza revezavam-se em contrastes violentos. No centro da cidade e 
nas suas adjacências sentia-se o bater do pulso do Império de cinqüenta e dois 
milhões, com todo o seu poder mágico de atração, nesse Estado de várias 
nacionalidades. A Corte no seu deslumbrante esplendor, agia como ímã sobre a 
riqueza e a inteligência do resto do Estado. A isso deve-se juntar a forte 
centralização da política da monarquia dos Habsburgos. Nessa concentração, 
estava a única possibilidade de manter-se em firme união essa salada de povos. A 
conseqüência disso foi, porém, uma exagerada concentração das autoridades 
governamentais na capital, na residência da 
Corte
     Além disso, Viena era, não só espiritual 
e politicamente, mas também economicamente, o centro da antiga monarquia 
danubiana. Em frente ao exército de oficiais superiores, funcionários públicos, 
artistas e sábios, estendia-se um exército ainda maior, composto de 
trabalhadores; em frente da riqueza da aristocracia e do comércio, uma pobreza 
atroz. Diante dos palácios da Ringstrasse perambulavam milhares de sem-trabalho 
e, por baixo dessa via triunfal da velha Áustria, amontoavam-se os sem-teto, no 
lusco-fusco e na imundície dos 
canais.
     Dificilmente em uma cidade alemã se 
poderia tão bem estudar a questão social como em Viena. Mas ninguém se iluda. 
esse estudo não pode ser feito de cima para baixo. Quem não se viu nas garras 
dessa víbora nunca aprenderá a conhecer os seus dentes venenosos. Sem essa 
etapa, tudo redunda em palavreado superficial ou sentimentalismo hipócrita. Um e 
outro caso são de conseqüências nocivas: no primeiro, porque não se pode descer 
ao âmago da questão, no segundo, porque se passa sobre 
ela.
     Não sei o que é mais desolador: a 
indiferença pela miséria social que se nota diariamente na maioria dos que foram 
favorecidos pela sorte ou que subiram pelos seus próprios méritos, ou a 
afabilidade soberba, importuna, sem tato, embora sempre compassiva, de certas 
senhoras da moda que afetam sentir com o povo. Essa gente peca por falta de 
instinto mais do que se pode supor. Por isso, com surpresa sua, o resultado de 
sua atividade social é sempre nulo, freqüentemente provoca repulsa, o que é 
interpretado como prova da ingratidão do 
povo.
     Dificilmente entra na cabeça dessa gente 
que uma atividade social não consiste nisso e que, sobretudo, não se deve 
esperar gratidão, pois, no caso, não se trata de distribuição de favores mas 
apenas de restabelecimento de direitos.
     Por 
isso, escapei de entender a questão social por essa forma. Quando ela me 
arrastou aos seus domínios parecia não me convidar para aprender mas sim para 
pôr-me à prova. Não foi por seu merecimento que a cobaia, ainda sadia, suportou 
a operação.
     Na maior parte dos casos não era 
muito difícil, naquele tempo, encontrar trabalho, uma vez que eu não era 
operário técnico, mas devia conquistar o pão de cada dia, como ajudante de 
operário e muitas vezes como trabalhador de. 
emergência.
     Colocava-me, por isso, no ponto de 
vista daqueles que sacodem dos pés a poeira da Europa, com o irremovível 
propósito de, rio Novo Mundo, criar uma nova vida, construir uma nova pátria. 
Libertados de todas as noções até aqui falhas sobre profissão, ambiente e 
tradições, pegam-se a todo ganho que se lhes oferece, agarram-se a todo 
trabalho, lutando sempre, com a convicção de que nenhuma atividade envergonha, 
pouco importando de que natureza esta possa ser. Assim estava eu também decidido 
a lançar-me de corpo e alma no mundo para mim novo e abrir-me um caminho, 
lutando.
     Cedo me convenci de que trabalho há 
sempre, mas perdemo-lo com a mesma facilidade com que o 
encontramos.
     A incerteza do ganho do pão 
quotidiano, dentro de pouco tempo pareceu-me ser o aspecto mais sombrio da nova 
vida.
     O operário técnico não é lançado tão 
freqüentemente na rua, como os que não o são, mas ele também não está 
inteiramente ao abrigo dessa sorte. Entre eles, ao lado da perda do pão por 
falta de trabalho, podem concorrer o chômage e as suas próprias 
greves.
     Nesses casos, a incerteza do ganho do 
pão diário tem fortes reações sobre toda a 
economia.
     O camponês que se dirige às grandes 
cidades atraído pelo trabalho que imagina fácil ou que o é realmente, mas sempre 
trabalho de pouca duração, ou o que é atraído pelo esplendor da grande cidade, o 
que sucede na maioria dos casos, esse ainda está habituado a uma certa segurança 
do pão. Ele costuma só abandonar os antigos postos, quando tem outro pelo menos 
em perspectiva.
     A falta de trabalhadores do 
campo é grande e, por isso, a probabilidade de falta de trabalho é ali muito 
pequena.
     É pois, um erro acreditar que o jovem 
trabalhador que se dirige à cidade seja inferior ao que fica trabalhando na 
aldeia. A experiência mostra que acontece o contrário com todos os elementos de 
emigração, quando são sadios e ativos. Entre esses emigrantes devem-se contar 
não só os que vão para a América mas também os jovens que se decidem a abandonar 
sua aldeia para se dirigirem as grandes capitais desconhecidas. Esses também 
estão dispostos a aceitar uma sorte incerta. Na maioria, trazem algum dinheiro, 
e, por isso, não se vêem na contingência de ser arrastados ao desespero logo nos 
primeiros dias, se, por infelicidade, de começo não encontram trabalho. O pior 
é, porém, quando perdem, em pouco tempo, o trabalho que haviam encontrado. 
Encontrar outro, sobretudo no inverno, é difícil, se não impossível. Nas 
primeiras semanas, a situação é ainda insuportável, pois ele recebe da caixa do 
sindicato a proteção dada ao seu trabalho e atravessa como pode os dias de 
desemprego. Quando o seu último vintém é gasto, quando a caixa, em conseqüência 
da longa duração da falta de trabalho, também suspende o pagamento, vem a grande 
miséria. Então, faminto, erra para cima e para baixo, empenha ou vende os 
objetos que lhe restam e cada vez mais sensível se lhe torna a falta de roupas. 
Desce a uma Convivência que acaba por envenenar-lhe o corpo e a alma. Fica sem 
casa e, se isso acontece no inverno como é comum, então a miséria aumenta. 
Finalmente, encontra algum trabalho, mas o jogo se repete. Uma segunda vez 
atingiu de maneira semelhante à primeira, a terceira vez as coisas se tornaram 
ainda mais difíceis, e assim, pouco a pouco, ele aprende a suportar com 
indiferença a eterna insegurança. Por fim, a repetição adquire força de 
hábito.
     E assim o homem, outrora diligente, 
abandona inteiramente a sua antiga concepção da vida, para, pouco a pouco, 
transformar-se em um instrumento cego daqueles que dele se utilizam apenas na 
satisfação dos mais baixos proveitos. Sem nenhuma culpa sua ele ficou tantas 
vezes sem trabalho, que, mais uma vez, menos uma vez, pouco lhe importa. Assim 
mesmo quando não se trata da luta pelos direitos econômicos do operariado mas de 
destruição dos valores políticos, sociais ou culturais, ele será então, quando 
não entusiasta de greves, pelo menos indiferente a 
elas.
     Essa evolução eu tive oportunidade de 
acompanhar cuidadosamente em milhares de exemplos. Quanto mais eu observava 
esses fatos, tanto mais aumentava a minha aversão pela cidade dos milhões que os 
homens, cheios de cobiça, acumulavam para, depois, tão cruelmente, 
desperdiçá-los.
     Eu também fui fustigado pela 
vida na grande metrópole e à minha própria custa submeti-me a essa provação, 
experimentando, uma por uma todas essas dolorosas 
sensações.
     Observei ainda que essa rápida 
mudança do trabalho para a ociosidade forçada e vice-versa, essa eterna 
oscilação do emprego para o desemprego, com o tempo, haveria de destruir o 
sentimento de economia e as razões para um prudente equilíbrio de vida. 
Lentamente o corpo parece acostumar-se a viver à farta nos bons tempos e a 
passar fome nos maus. A fome destrói todos os projetos dos operários no sentido 
de um melhor e mais razoável modus vivendi. Nos bons tempos eles se deixam 
embalar por uma constante miragem pelo sonho de uma vida melhor, sonho que 
empolga de tal modo a sua existência que eles esquecem as antigas privações, 
logo que recebem os seus salários. Dai resulta que o que consegue trabalho, 
imediatamente, da maneira mais desrazoável, esquece uma prudente distribuição de 
suas despesas, para viver à larga, apenas nos dias imediatos. Isso conduz ao 
transtorno da manutenção da casa durante a semana, tornando não mais possível 
uma razoável distribuição da receita. O dinheiro da semana, de começo, dá para 
cinco dias em vez de sete, mais tarde para três em vez de quatro, finalmente 
apenas para um dia e, por fim, logo na primeira noite é inteiramente gasto em 
prazeres.
     Em casa, as mais das vezes, há mulher 
e crianças. Também elas recebem a influência dessa maneira de viver, 
principalmente se o chefe de família é bom para os seus. Nesse caso, o ganho da 
semana é esbanjado com todos em casa nos três primeiros dias. Come-se e bebe-se 
enquanto o dinheiro dura, e, nos últimos dias, todos passam fome. Então a mulher 
percorre humildemente a vizinhança e os arredores, pede emprestado alguma coisa, 
faz pequenas dividas no vendeiro e procura assim manter-se com os seus nos 
últimos dias da semana. Ao meio-dia, sentam-se todos juntos, diante de magros 
pratos, muitas vezes até esses faltam, e, fazendo planos, esperam pelo dia do 
pagamento. Enquanto passam fome sonham de novo com a felicidade. E assim as 
crianças desde a mais tenra idade, acostumam-se a essa miséria, o pior, porém, é 
quando, desde o começo, o marido segue o seu caminho e a mulher, por amor aos 
filhos, levanta-se contra isso. Então surgem as brigas, as disputas constantes. 
E à proporção que o marido se afasta da mulher, aproxima-se do álcool. Todos os 
sábados ele se embriaga. Por instinto de conservação, por si e pelos filhos, a 
mulher briga para tomar os últimos vinténs do marido quando este se dirige da 
fábrica para a espelunca. Por fim, domingo ou segunda-feira, à noite, ele volta 
para casa, embriagado e brutal, sempre sem vintém. Então desenrolam-se 
freqüentemente cenas lastimáveis.
     Assisti tudo 
isso em centenas de casos. No começo sentia-me enojado ou irritado para, mais 
tarde, compreender toda a tragédia dessa miséria e as suas causas mais 
profundas. Infelizes vitimas de péssimas condições 
sociais.
     Tão tristes, talvez, eram, outrora, as 
condições das habitações. A crise de casas para os ajudantes de operários de 
Viena era horrível. Ainda hoje sinto calafrios quando penso naqueles horríveis 
covis, as estalagens e nas habitações coletivas, naqueles sombrios quadros de 
sujeira e de escândalos. Que poderia resultar daí, quando desses covis de 
miséria a torrente de escravos abandonados se lançasse sobre a outra parte da 
humanidade, livre de cuidados, 
despreocupada?
     Sim, o resto do mundo é 
despreocupado. Despreocupado fica, deixando que as coisas sigam o seu caminho, 
sem pensar que, na sua falta de intuição, a revanche terá lugar, mais cedo ou 
mais tarde, se em tempo os homens não modificarem essa triste 
realidade.
     Quanto agradeço hoje à Providência o 
ter-me lançado nessa escola! Aí eu não podia mais sabotar o que não me era 
agradável. Essa escola educou-me depressa e 
solidamente.
     A menos que eu não quisesse perder 
a esperança nos homens com quem convivia outrora, deveria fazer a diferença 
entre a vida que aparentavam e as razões da mesma. Tudo isso deveria, pois, ser 
suportado sem desânimo. Então, de toda essa infelicidade e miséria, de toda essa 
sujidade e degradação, deveriam surgir na minha mente não mais homens, mas 
miseráveis produtos de leis miseráveis. Por isso, a gravidade da luta pela vida 
que sustentei, evitou que eu capitulasse por mero sentimentalismo ante os pecos 
resultados desse processo de evolução.
     Não, 
isso não deveria ser compreendido assim.
     Já, 
naqueles tempos, eu havia chegado à conclusão de que só um caminho duplo poderia 
conduzir ao objetivo da melhoria dessa situação: um mais profundo sentimento de 
responsabilidade no sentido do estabelecimento de melhores bases para a nossa 
evolução, combinado isso com a brutal resolução de demolir todas as 
incorrigíveis excrescências.
     Assim como a 
natureza concentra os seus maiores esforços não na conservação do que existe mas 
no cultivo do que cria, para continuação da espécie, assim também na vida humana 
trata-se menos de melhorar artificialmente o que há de mau - o que, pela 
natureza humana, em noventa e nove por cento dos casos é impossível - do que, 
desde o início, assegurar, por melhores métodos, a evolução das novas 
criações
     Já durante a minha luta pela vida em 
Viena, tornou-se evidente ao meu espírito que a atividade social nunca deverá 
ser vista como uma obra de proteção sem- finalidade e irrisória, mas sim na 
remoção de defeitos substanciais na organização de nossa vida econômica e 
cultural que possam concorrer para a degeneração dos indivíduos ou pelo menos 
para o seu desvio.
     A dificuldade dessa maneira 
de proceder em face dos últimos e brutais meios contra os delitos dos inimigos 
do Estado, jaz justamente na incerteza do julgamento sobre os. motivos íntimos 
ou causas principais dos fenômenos 
contemporâneos.
     Essa incerteza é fundada na 
convicção da culpa de cada um nessas tragédias do passado e inutiliza toda séria 
e firme resolução. Causa ao mesmo tempo, a fraqueza e a indecisão na execução 
até mesmo das mais necessárias medidas de 
conservação.
     Quando um tempo vier não mais 
empanado pela sombra da consciência da própria culpabilidade, a conservação de 
si mesmo criará a tranqüilidade íntima, a força exterior, brutal e sem 
considerações, para matar os maus rebentos da erva 
ruim.
     Como o Estado Austríaco praticamente 
desconhecia qualquer legislação social, sua incapacidade para o combate de morte 
aos maus germes saltava diante dos nossos olhos em toda sua 
evidência.
     Eu não sei o que naqueles tempos 
mais me horrorizava, se 'a miséria econômica dos meus camaradas, se a sua 
grosseria espiritual .e moral e o nível baixo de sua 
cultura.
     Quantas vozes não se tomava de cólera 
a nossa burguesia, quando, da boca de algum miserável vagabundo, ouvia a 
declaração de que lhe era indiferente ser ou não alemão, contanto que ele 
tivesse a sua subsistência garantida.
     Essa 
falta de orgulho nacional, é, então, censurada da maneira mais incisiva e a 
repulsa por um tal modo de sentir é expressa em termos 
enérgicos.
     Quantos, porém, já se fizeram a 
pergunta sobre quais eram as causas de possuírem eles próprios melhores 
sentimentos?
     Quantos compreendem a infinidade 
de recordações pessoais sobre a grandeza da pátria, da nação,' em todas as 
fronteiras da vida artística e cultural que lhes inspiram o justo orgulho de 
poderem pertencer a um povo tão 
favorecido?
     Quantos pensam na dependência do 
orgulho nacional em relação ao conhecimento das grandezas da Pátria em todos 
esses domínios?
     Refletem nossos círculos 
burgueses em que irrisória extensão esses motivos de orgulho nacional se 
apresentam ao povo?
     Ninguém se desculpe com o 
argumento de que "em outros países a coisa não se passa de outra maneira" e que, 
não obstante, o trabalhador orgulha-se da sua nacionalidade. Mesmo que isso 
fosse assim, não poderia servir como desculpa para a nossa própria negligência. 
Tal, porém, não se dá. O que nós sempre pintamos como uma educação 
"chauvinística" dos franceses, por exemplo, não é mais do que a exaltação das 
grandezas da França em todos os domínios da Cultura, ou da "civilisation", como 
a denominam os nossos vizinhos.
     O jovem francês 
não é educado para o objetivismo, mas para as opiniões subjetivas, que a gente 
só pode avaliar, quando se trata da significação das grandezas políticas ou 
culturais da sua pátria.
     Essa educação terá que 
ser sempre restrita aos grandes e gerais pontos de vista que, se preciso, por 
meio de eterna repetição, se gravem na memória e nos sentimentos do 
povo.
     Entre nós, aos erros por omissão, 
junta-se ainda a destruição do pouco que o indivíduo tem a felicidade de 
aprender na escola. O envenenamento político do nosso povo elimina ainda esse 
pouco do coração e da memória das vastas massas, quando a necessidade e os 
sofrimentos já não o tinham feito.
     Pense-se no 
seguinte.
     Em um alojamento subterrâneo, 
composto de dois quartos abafados, mora uma família proletária de sete pessoas. 
Entre os cinco filhos, suponhamos um de três anos. É esta a idade em que a 
consciência da criança recebe as primeiras impressões. Entre os mais dotados 
encontra-se, mesmo na idade madura, vestígio da lembrança desse tempo. O espaço 
demasiado estreito para tanta gente não oferece condições vantajosas para a 
convivência. Brigas e disputas, só por esse motivo, surgirão freqüentemente. As 
pessoas não vivem umas com as outras, mas se comprimem umas contra as outras. 
Todas as divergências, sobretudo as menores, que, nas habitações espaçosas, 
podem ser sanadas por um ligeiro isolamento, conduzem aqui a repugnantes e 
intermináveis disputas. Para as crianças isso é ainda suportável. Em tais 
situações, elas brigam sempre e esquecem tudo depressa e completamente. Se, 
porém, essa luta se passa entre os pais, quase todos os dias, e de maneira a 
nada deixar a desejar em matéria de grosseria, o resultado de uma tal lição de 
coisas faz-se sentir entre as crianças. Quem tais meios desconhece dificilmente 
pode fazer uma idéia do resultado dessa lição objetiva, quando essa discórdia 
recíproca toma a forma de grosseiros desregramentos do pai para com a mãe e até 
de maus tratos nos momentos de embriaguez. Aos seis anos, já o jovem conhece 
coisas deploráveis, diante das quais até um adulto só horror pode sentir. 
Envenenado moralmente, mal alimentado, com a pobre cabecinha cheia de piolhos, o 
jovem "cidadão" entra para a escola.
     A custo 
ele chega a ler e escrever. Isso é quase tudo. Quanto a aprender em casa, nem se 
fale nisso. Até na presença dos filhos, mãe e pai falam da escola de tal maneira 
que não se pode repetir e estão sempre mais prontos a dizer grosserias do que 
pôr os filhos nos joelhos e dar-lhes conselhos. O que a criança ouve em casa não 
é de molde a fortalecer o respeito às pessoas com que vai conviver. Ali nada de 
bom parece existir na humanidade; todas as instituições são combatidas, desde o 
professor até às posições mais elevadas do Estado. Trata-se de religião ou da 
moral em si, do Estado ou da sociedade, tudo é igualmente ultrajado da maneira 
mais torpe e arrastado na lama dos mais baixos sentimentos. Quando o rapazinho, 
apenas com quatorze anos, sai da escola, é difícil saber o que é maior nele: a 
incrível estupidez no que diz respeito a conhecimentos reais ou a cáustica 
imprudência de suas atitudes, aliada a uma amoralidade que, naquela idade, faz 
arrepiar os cabelos.
     Esse homem, para quem já 
quase nada é digno de respeito, que nada de grande aprendeu a conhecer, que, ao 
contrário, conhece todas as vilezas humanas, tal criatura, repetimos, que 
posição poderá ocupar na vida, na qual ele está à 
margem?
     De menino de treze anos ele passou, aos 
quinze, a um desrespeitador de toda 
autoridade.
     Sujidade e mais sujidade, eis tudo 
o que ele aprendeu. E isso não é de molde a estimulá-lo a mais elevadas 
aspirações.
     Agora entra ele, pela primeira vez, 
na grande escola da vida.
     Então começa a mesma 
existência que nos anos da - meninice ele aprendeu de seus pais. Anda para cima 
e para baixo, entra em casa Deus sabe quando, para variar bate ele mesmo na 
alquebrada criatura que foi outrora sua mãe, blasfema contra Deus e o mundo e, 
enfim, por qualquer motivo especial, é condenado e arrastado a uma prisão de 
menores.
     Lá recebe ele os últimos 
polimentos.
     O mundo burguês admira-se, no 
entanto, da falta de "entusiasmo nacional" deste jovem 
"cidadão".
     A burguesia vê, como no teatro e no 
cinema, no lixo da literatura e na torpeza da imprensa, dia a dia, o veneno se 
derramar sobre o povo, em grandes quantidades, e admira-se ainda do precário 
"valor moral", da "indiferença nacional" da massa desse povo, como se a sujeira 
da imprensa e do cinema e coisas semelhantes pudessem fornecer base para o 
conhecimento das grandezas da Pátria, abstraindo-se mesmo a educação individual 
anterior. Pude então bem compreender a seguinte verdade, em que jamais havia 
pensado:
     O problema da "nacionalização" de um 
povo deve começar pela criação de condições sociais sadias como fundamento de 
uma possibilidade de educação do indivíduo. Somente quem, pela educação e pela 
escola, aprende a conhecer as grandes alturas, econômicas e, sobretudo, 
políticas da própria Pátria, pode adquirir e adquirirá, certamente, aquele 
orgulho íntimo de pertencer a um tal povo. Só se pode lutar pelo que se ama, só 
se pode amar o que se respeita e respeitar o que pelo menos se 
conhece.
     Logo que o interesses pela questão 
social foi em mim despertado, comecei a estudá-la profundamente. Aos meus olhos 
surgia um novo mundo até então desconhecido.
     No 
ano de 1909 para 1910, minha própria situação modificou se um pouco porque não 
precisava mais ganhar o pão de cada dia como ajudante de operário. Já 
trabalhava, por minha conta, como desenhista e aquarelista. Continuava a ganhar 
muito pouco - o essencial para viver - mas em compensação tinha lazeres para 
aperfeiçoar-me na profissão que havia escolhido. Já não entrava em casa, à 
noite, como antigamente, cansado ao extremo, incapaz de parar a vista em um 
livro sem adormecer dentro de pouco tempo. Meu trabalho de agora corria paralelo 
com a minha profissão artística. Podia, então, como senhor do meu próprio tempo, 
dividi-lo melhor do que antes.
     Eu pintava para 
ganhar o pão e estudava por prazer.
     Assim foi 
possível às minhas observações sobre a questão social juntar o complemento 
teórico indispensável. Eu estudava quase tudo que sobre esse assunto se podia 
assimilar em livros, dando assim às minhas próprias idéias base mais 
sólida.
     Creio que os que comigo conviviam 
naquele tempo tinham-me por um tipo 
esquisito.
     Era natural que eu, com ardor, 
satisfizesse à minha paixão pela arquitetura. Ao lado da música, a arquitetura 
me parecia a rainha das artes. Minha atividade, em tais condições, não era um 
trabalho, mas um grande prazer. Podia ler ou desenhar até tarde da noite, sem 
cansar-me absolutamente. Assim fortalecia-se a convicção de que o meu belo 
sonho, depois de longos anos, transformar-se-ia em realidade. Estava 
inteiramente convencido de um dia conquistar um nome como 
arquiteto.
     Não me parecia muito significativo 
que eu também tivesse o maior interesse por tudo que se relacionasse com a 
política. Ao contrário, isso era, em minha opinião, um dever natural de cada ser 
pensante. Quem nada entende de política perde o direito a qualquer critica, a 
qualquer reivindicação.
     Também sobre esse 
assunto li e aprendi muito.
     Sob o nome de 
leitura, concebo coisa muito diferente do que pensa a grande maioria dos 
chamados intelectuais.
     Conheço indivíduos que 
lêem muitíssimo, livro por livro letra por letra, e que, no entanto, não podem 
ser apontados como "lidos". Eles possuem uma multidão de "conhecimentos", mas o 
seu cérebro não consegue executar uma distribuição e um registro do material 
adquirido. Falta-lhes a arte de separar, no livro, o que lhes é de valor e o que 
é inútil, conservar para sempre de memória o que lhes interessa e, se possível, 
passar por cima, desprezar o que não lhes traz vantagens, em qualquer hipótese 
não conservar consigo esse peso sem finalidade. A leitura não deve ser vista 
como finalidade, mas sim como meio para alcançar uma finalidade. Em primeiro 
lugar, a leitura deve auxiliar a formação do espírito, a despertar as 
disposições intelectuais e inclinações de cada um. Em seguida, deve fornecer o 
instrumento, o material de que cada um tem necessidade na sua profissão, tanto 
para o simples ganha-pão como para a satisfação de mais elevados desígnios. Em 
segundo lugar, deve proporcionar uma idéia de conjunto do mundo. Em ambos os 
casos, é, porem, necessário que o conteúdo de qualquer leitura não seja confiado 
à guarda da memória na ordem de sucessão dos livros, mas como pequenos mosaicos 
que, no quadro de conjunto, tomem o seu lugar na posição que lhes é destinada, 
assim auxiliando a formar este quadro no cérebro do leitor. De outra maneira, 
resulta um bric-á-brac de matérias aprendidas de cor, inteiramente inúteis, que 
transformam o seu infeliz possuidor em um presunçoso, seriamente convencido de 
ser um homem instruído, de entender alguma coisa da vida, de possuir cultura, ao 
passo que a verdade é que, a cada acréscimo dessa sorte de conhecimentos, mais 
se afasta do mundo, até que acaba em um sanatório ou, como "político", em um 
parlamento.
     Nunca um cérebro assim formado 
conseguirá, da confusão de sua "ciência", retirar o que é apropriado às 
exigências de determinado momento, pois seu lastro espiritual está arranjado não 
na ordem natural da vida mas na ordem de sucessão dos livros, como os leu e pela 
maneira por que amontoou os assuntos no cérebro. Quando as exigências da vida 
diária dele reclamam o justo emprego do que outrora aprendeu então precisará 
mencionar os livros e o número das páginas e, pobre infeliz, nunca encontrará 
exatamente o que procura.
     Nas horas críticas, 
esses "sábios", quando se vêem na dolorosa contingência de pesquisar casos 
análogos para aplicar às circunstâncias, só descobrem receitas 
falsas.
     Não fosse assim e não se poderiam 
conceber os atos políticos dos nossos sábios heróis do Governo que ocupam as 
mais elevadas posições, a menos que a gente se decidisse a aceitar as suas 
soluções não como conseqüências de disposições intelectuais patológicas, mas 
como infâmias e trapaçarias.
     Quem possui, 
porém, a arte da boa leitura, ao ler qualquer livro, revista ou brochura, 
dirigirá sua atenção para tudo o que, no seu modo de ver, mereça ser conservado 
durante muito tempo, quer porque seja útil, quer porque seja de valor para a 
cultura geral.
     O que por esse meio se adquire 
encontra sua racional ligação no quadro sempre existente que a representação 
desta ou daquela coisa criou, e corrigindo ou reparando, realizará a justeza ou 
a clareza do mesmo. Se qualquer problema da vida se apresenta para exame ou 
contestação, a memória, por esta arte de ler, poderá recorrer ao modelo do 
quadro de percepção já existente, e por ele todas as contribuições coligidas 
durante dezenas de anos e que dizem respeito a esse problema são submetidas a 
uma prova racional e ao nosso exame, até que a questão seja esclarecida ou 
respondida.
     Só assim a leitura tem sentido e 
finalidade.
     Um leitor, por exemplo, que, por 
esse meio, não fornecer à sua razão os fundamentos necessários, nunca estará na 
situação de defender os seus pontos de vista ante uma contradita, correspondam 
os mesmos mil vezes à verdade. Em cada discussão a memória o abandonará 
desdenhosamente. Ele não encontrará razões nem para o fortalecimento de suas 
afirmações, nem para a refutação das idéias do adversário. Enquanto isso 
acarreta, como no caso de um orador o ridículo da própria pessoa, ainda se pode 
tolerar; de péssimas conseqüências é, porém, que esses indivíduos que "sabem" 
tudo e não são capazes de coisa alguma, sejam colocados na direção de um 
Estado.
     Muito cedo esforcei-me por ler por 
aquele processo e fui, da maneira mais feliz, auxiliado pela memória e pela 
razão. Observadas as coisas por esse aspecto, foi me fecundo e proveitoso, 
sobretudo o tempo que passei em Viena. A experiência da vida diária servia de 
estímulo para sempre novos estudos dos mais diversos problemas. Quando eu, por 
fim, cheguei à situação de poder fundamentar a realidade na teoria e tirar a 
prova da teoria na experiência, na prática, estava em condições de evitar o 
excesso de apego à teoria, ou descer demais à 
realidade.
     Assim, a experiência da vida diária, 
nesse tempo, em dois dos mais importantes problemas, além do social, tornou-se 
definitiva e serviu de estimulante para sólido estudo 
teórico.
     Quem sabe se eu algum dia me teria 
aprofundado na teoria e na vida do marxismo, se, outrora, eu não tivesse 
quebrado a cabeça com esse problema? O que eu, na minha mocidade, conhecia sobre 
a social democracia era muito pouco e muito 
errado.
     Causava-me intenso prazer que a social 
democracia dirigisse a luta pelo direito do voto secreto e universal. A minha 
razão já me dizia, porém, que essa conquista deveria levar a um enfraquecimento 
do regime dos Habsburgos, por mim já tão 
odiado.
     Na convicção de que o Estado danubiano 
nunca se manteria sem o sacrifício do espírito alemão, e que o mesmo prêmio de 
uma lenta eslavização do elemento germânico de modo algum ofereceria garantia de 
um governo verdadeiramente viável, pois a força criadora do Estado dos eslavos é 
muito hipotética, via eu com prazer todo movimento que, na minha imaginação, 
poderia contribuir para o desmembramento desse Estado de dez milhões de alemães, 
inviável e condenado à morte. Quanto mais o palavrório corroía o parlamento, 
mais próximo deveria estar a hora da ruína desse Estado babilônico e com ela 
também a hora da libertação dos meus compatriotas austro-alemães. Só assim se 
poderia voltar à antiga anexação à 
mãe-pátria.
     Por isso, a atividade da 
social-democracia não me parecia antipática. Como esse movimento se preocupava 
em melhorar as condições vitais do operariado - como eu acreditava na minha 
ingenuidade de outrora - pareceu-me melhor falar a seu favor do que contra. O 
que mais me afastava da social-democracia era sua posição de adversária em 
relação ao movimento pela conservação do espírito germânico, a deplorável 
inclinação em favor dos "camaradas" eslavos que só aceitavam esse alerta quando 
era acompanhado de concessões práticas, repelindo-o, arrogantes e orgulhosos, 
quando não viam interesses. Davam, assim, ao importuno mendigo a paga 
merecida.
     Na idade de dezessete anos, a palavra 
marxismo era-me pouco conhecida, enquanto socialismo e social-democracia 
pareciam-me concepções idênticas. Foi preciso, também, nesse caso, que o punho 
forte do destino me abrisse os olhos para essa maldita maneira de ludibriar o 
povo.
     Até então eu só tinha contato com a 
social-democracia como observador em algumas demonstrações coletivas, sem 
possuir nenhuma idéia da mentalidade de seus adeptos ou da essência da doutrina. 
De repente. pude sentir os efeitos de sua doutrinação e de sua maneira de 
encarar o mundo. O que, talvez só depois de dezenas de anos, tivesse acontecido, 
aprendi agora no decurso de poucos meses, isto é, a verdadeira significação de 
uma peste ambulante sob a máscara de virtude social e amor ao próximo e da qual 
se deve depressa libertar a terra, pois, ao contrário, muito facilmente a 
humanidade será por ela imolada.
     No serviço de 
construções teve lugar o meu primeiro encontro com os sociais-democratas. Logo 
de começo, não foi muito agradável. Minhas roupas ainda estavam em ordem, minha 
linguagem era cuidada, minha vida comedida. Tinha tanto que lutar com a minha 
sorte que pouco podia cuidar do que me cercava. Só procurava trabalho para não 
passar fome e para ter a possibilidade de continuar, mesmo lentamente, a minha 
educação. Talvez eu não me tivesse absolutamente preocupado com o novo meio em 
que me achava, se, 1á no terceiro ou quarto dia, não se tivesse dado um fato que 
me forçou a tomar imediatamente uma posição definida: fui intimado a entrar no 
sindicato.
     Meus conhecimentos sobre organização 
sindical eram então quase nulos. Nem a sua utilidade nem a sua inutilidade podia 
eu aquilatar. Quando me esclareceram que eu deveria entrar, recusei-me. 
Fundamentava a minha resolução com a razão de que eu não entendia do assunto e 
que, sobretudo, não me deixava levar à força para parte alguma. Talvez fosse a 
primeira a razão por que não me puseram imediatamente na rua. Talvez esperassem 
que, dentro de alguns dias, eu estivesse convertido ou pelo menos mais 
dócil.
     Haviam-se enganado 
radicalmente.
     Depois de quatorze dias, eu não 
poderia mais entrar para o sindicato, mesmo que o tivesse desejado. Nestes 
quatorze dias, pude conhecer de mais perto os que me cercavam, de modo que 
nenhuma força do mundo poderia mais arrastar-me a uma organização, cujos esteios 
me apareceram sob uma luz tão desfavorável.
     Nos 
primeiros dias fiquei indignado.      Ao meio-dia, uma 
parte dos operários ia para a estalagem próxima, enquanto a outra ficava no 
local da- construção e aí tinha o seu magro almoço. Estes eram casados, para os 
quais as mulheres, em miseráveis vasilhas, traziam a sopa do meio-dia. Para o 
fim da semana, o número desses era sempre maior. A razão disso só mais tarde 
compreendi.
     Então conversava-se política. 
     Eu bebia minha garrafa de leite e comia o meu 
pedaço de pão, conservando-me sempre afastado, e estudava com atenção meus novos 
conhecidos ou refletia sobre a minha triste sorte. Não obstante isso, ouvia mais 
do que o suficiente. Pareceu-me freqüentemente que se aproximavam de mim de 
propósito para me forçarem a tomar uma posição. Em todo caso, como vim a saber, 
isso visava o efeito de me provocar.
     Ali tudo 
se negava: a nação era uma invenção das classes capitalistas (que número 
infinito de vezes ouvi essa palavra!); a Pátria era um instrumento da burguesia 
para exploração das massas trabalhadoras; a autoridade da lei era simples meio 
de opressão do proletariado; a escola era instituto de cultura do material 
escravo e mantenedor da escravidão; a religião era vista como meio de atemorizar 
o povo para melhor exploração do mesmo; a moral não passava de uma prova da 
estúpida paciência de carneiro do povo. Não havia nada, por mais puro, que não 
fosse arrastado na lama mais asquerosa.
     De 
começo, tentei manter-me em silêncio. Por fim, não podia mais. Comecei a tomar 
posição, comecei a contraditar. Então passei a compreendei- que essa oposição de 
nada valia, enquanto eu não possuísse conhecimentos seguros sobre os pontos 
debatidos. Comecei a pesquisar nas próprias fontes, de onde eles extraíam a sua 
fictícia sabedoria. Li livros sobre livros, brochuras sobre brochuras. No local 
do serviço, as coisas chegavam freqüentemente à exaltação. Eu discutia cada vez 
melhor, até que um dia foi empregado um meio que facilmente levava de vencida a 
razão: o terror, a força. Alguns dos defensores do lado contrário intimaram-me a 
abandonar a construção imediatamente ou a ser jogado do andaime. Como estava 
sozinho e a resistência seria impossível, preferi seguir o primeiro alvitre, 
adquirindo assim mais uma experiência.
     Saí, 
enojado, mas, ao mesmo tempo, tão impressionado que já agora seria inteiramente 
impossível para mim abandonar a questão. Não. Depois da eclosão da primeira 
revolta, a obstinação de novo venceu. Estava firmemente resolvido a voltar, 
apesar de tudo para outro serviço de construção. Essa decisão foi fortalecida 
pela situação precária em que me encontrei algumas semanas mais tarde, depois de 
gastar as pequenas economias. Não me restava outra saída, quer eu quisesse quer 
não. E cena idêntica desenrolou-se, para acabar da mesma forma que a 
primeira.
     Travou-se uma luta no meu íntimo, que 
se define nesta pergunta: isso é gente digna de pertencer a um grande 
povo?
     Eis uma pergunta angustiosa. Se a 
respondermos afirmativamente, a luta por uma nacionalidade merecerá os trabalhos 
e os sacrifícios que os melhores fazem por um tal rebotalho? Se a resposta for 
negativa, então o nosso povo já está muito pobre em 
homens.
     Com desânimo inquietador via eu, 
naqueles dias críticos e atormentados, a massa, que já não pertencia a seu povo, 
tornar-se um exército ameaçador.
     Com que 
sentimentos diferentes fitava, então, as filas sem fim dos trabalhadores 
vienenses em um dia de demonstração coletiva! Durante quase duas horas, de pé, 
um dia, observei, com a respiração suspensa, a monstruosa onda humana que rolava 
lentamente. Tomado de um desânimo inquieto, abandonei a praça e dirigi-me para 
casa. No caminho, vi em uma tabacaria o "Arbeiterzeitung", órgão central da 
antiga social-democracia. Em um café popular, que eu freqüentava constantemente 
a fim de ler os jornais, esse periódico também era exposto à venda. Eu não 
podia, porém, fazer o sacrifício de passar uma vista por mais de dois minutos na 
folha infame, que, para mim, tinha o efeito do 
vitríolo.
     Debaixo da acabrunhadora impressão 
que a demonstração coletiva havia produzido, senti uma voz íntima que me 
incitava a comprar o jornal e lê-lo inteiramente. À noite tratei disso, vencendo 
a crescente repulsa que sempre experimentava ao ver essa torneira de mentiras 
concentradas. Melhor do que em toda a literatura teórica, pude, pela leitura 
diária da imprensa social-democrática, estudar a essência do movimento e o curso 
das suas idéias.
     Que diferença entre as 
cintilantes frases de liberdade, beleza e dignidade da literatura teórica, entre 
o fogo-fátuo do palavrório que, laboriosamente, aparenta a mais profunda e 
irresistível sabedoria, pregada com uma segurança profética, e a brutal 
virtuosidade da mentira da imprensa diária que trabalhava pela salvação da nova 
humanidade sem recuar ante nenhuma objeção, usando de todos os recursos da 
calúnia!
     Uma é destinada aos estúpidos das 
camadas intelectuais médias e superiores, a outra às 
massas.
     A meditação sobre a literatura e a 
imprensa dessa doutrinação, servia-me para descobrir de novo a minha 
gente.
     O que, a princípio, me parecia um abismo 
intransponível, devia tornar-se motivo para amar cada vez mais o meu 
povo.
     Só um louco poderia, depois de conhecer 
esse monstruoso trabalho de envenenamento, condenar ainda as vítimas do mesmo. 
Quanto mais independente eu me tornava nos anos seguintes, tanto mais longe 
alcançava a minha vista as causas íntimas do êxito da social-democracia. Então 
compreendendo a significação da exigência brutal feita ao operário para só ler 
jornais vermelhos, só freqüentar assembléias vermelhas, só ler livros vermelhos, 
etc., vi, muito claro, os efeitos violentos dessa doutrinação da 
intolerância.
     A psique das massas é de natureza 
a não se deixar influenciar per meias medidas, por atos de 
fraqueza.
     Assim como as mulheres, cuja 
receptividade mental é determinada menos por motivos de ordem abstrata do que 
por uma indefinível necessidade sentimental de uma força que as complete e, que, 
por isso preferem curvar-se aos fortes a dominar os fracos, assim também as 
massas gostam mais dos que mandam do que dos que pedem e sentem-se mais 
satisfeitas com uma doutrina que não tolera nenhuma outra do que com a tolerante 
largueza do liberalismo. Elas não sabem o que fazer da liberdade e, por isso, 
facilmente sentem-se abandonadas.
     A impudência 
do terrorismo espiritual passa-lhes despercebida, assim como os crescentes 
atentados contra a sua liberdade que as deveriam levar à revolta. Elas não se 
apercebem, de nenhum modo, dos erros intrínsecos dessa doutrinação. Elas vêem 
apenas a força incontrastável e a brutalidade de suas resolutas manifestações 
externas, ante as quais sempre se curvam.
     Se 
uma doutrina que encerrasse mais inveracidade ao lado de idêntica brutalidade na 
propaganda, fosse oposta à social-democracia, triunfaria, do mesmo modo, por 
mais áspera que fosse a luta.
     Em menos de dois 
anos, não só a doutrina da social-democracia mas também o seu emprego como 
instrumento prático, tornaram-se-me claros.
     Eu 
compreendi o infame terror espiritual que esse movimento exerce especialmente 
sobre a burguesia.
     A um dado sinal, os seus 
propagandistas lançam um chuveiro de mentiras e calúnias contra o adversário que 
lhes parece mais perigoso, até que se rompam os nervos dos agredidos que, para 
terem tranqüilidade, se rendem ao inimigo.
     Mas 
é do destino dos tolos nunca alcançarem o 
sossego.
     O jogo recomeça e repete-se inúmeras 
vozes, até que o pavor ante os monstros selvagens provoca uma significativa 
imobilidade do adversário.
     Como a social 
democracia, por experiência própria, conhece muito bem o valor da força, 
lança-se mais violentamente contra aqueles em cuja individualidade descobre 
algum sistema de resistência. Por outro lado, incensa todos os fracos do lado 
oposto, a princípio cautelosamente e depois abertamente, conforme essas 
qualidades morais sejam reais ou 
imaginárias.
     Eles receiam menos um gênio 
impotente e sem vontade do que uma natureza forte, mesmo intelectualmente 
modesta.
     A social-democracia se recomenda 
sobretudo aos fracos de espírito e de 
caráter.
     Esse partido sabe aparentar que só ele 
conhece o segredo da paz e tranqüilidade, enquanto, cautelosamente mas de 
maneira decidida, conquista uma posição depois da outra, ora por meio de 
discreta pressão, ora através de requintadas escamoteações em momentos em que a 
atenção geral está dirigida para outros assuntos, não quer por ele ser 
despertada ou tem a oportunidade como não merecendo grande interesses ou receia 
provocar o perverso adversário.
     Essa é uma 
tática que, tendo em conta exatamente tidas as fraquezas humanas, é coroada de 
êxito matemático, quando o adversário não aprende a usar gás venenoso contra gás 
venenoso, isto é, as mesmas armas do 
agressor.
     É preciso que se diga às naturezas 
fracas que se trata de uma luta de vida ou de 
morte.
     Não menos compreensível para mim 
tornou-se a significação do terror material em relação aos indivíduos e às 
massas.
     Aqui também havia um cálculo exato de 
atuação psicológica. O terror nos lugares de trabalho, nas fábricas, nos locais 
de reunião e por ocasião das demonstrações coletivas, era sempre coroado de 
êxito, enquanto um terror maior não se lhe 
opunha.
     Quando acontece essa última hipótese, o 
partido, em gritos de pavor, embora habituado a desrespeitar a autoridade do 
Estado, em altos berros pedirá seu auxílio, para, na maioria dos casos, no meio 
da confusão geral, alcançar o seu verdadeiro objetivo, isto é: encontrar 
covardes autoridades que, na tímida esperança de poder de futuro contar com o 
temível adversário, auxiliem-no a combater o 
inimigo.
     Que impressão um tal êxito exerce 
sobre o espírito das vastas massas e dos seus adeptos, assim como sobre o 
vencedor, só pode avaliar quem conhece a alma do povo, não através de livros mas 
pelo estudo da própria vida, pois, enquanto, no círculo dos vencedores, o 
triunfo alcançado é tido como uma vitória do direito de sua causa, o adversário 
batido, na maioria dos casos, duvida do êxito de uma outra 
resistência.
     Quanto melhor eu conhecia os 
métodos da violência material, tanto mais me inclinava a desculpar as centenas 
de milhares de proletários que cediam ante a força 
bruta.
     A compreensão desse fato devo 
principalmente aos meus antigos tempos de sofrimentos, os quais me fizeram 
entender o meu povo e fazer a diferença entre as vítimas e os seus 
condutores.
     Como vítimas devem ser vistos os 
que foram submetidos a essa situação corruptora. Quando eu me esforçava por 
estudar, na vida real, a natureza íntima dessas camadas "inferiores", não podia 
delas fazer uma idéia justa, sem a segurança de que, nesse meio, também 
encontrava qualidades recomendáveis, como sejam capacidade de sacrifício, fiel 
camaradagem, extraordinária sobriedade, discreta modéstia, virtudes essas muito 
comuns, sobretudo nos antigos sindicatos. Se é verdade que essas virtudes se 
diluíam cada vez mais nas novas gerações, sob a atuação das grandes cidades, 
incontestável é também que muitas conseguiam triunfar sobre as vilezas comuns da 
vida. Se esses homens, bons e bravos, na sua atividade política, entravam nas 
fileiras dos inimigos do nosso povo e a estes auxiliavam, era porque não 
compreendiam e nem podiam compreender a vileza da nova doutrina ou porque, em 
ultima ratio, as injunções sociais eram mais fortes do que todas as vontades em 
contrário. As contingências da vida a que, de um modo ou de outro, estavam 
fatalmente sujeitos, faziam-nos entrar no acampamento da 
social-democracia.
     Como a burguesia, inúmeras 
vezes, da maneira mais inepta e também a mais imoral, fazia frente às mais 
justas aspirações coletivas, sem muitas vezes retirar ou esperar retirar 
qualquer proveito de uma tal atitude, mesmo o mais ordeiro trabalhador saia da 
organização sindical para tomar parte na atividade 
política.
     Milhões de proletários, na 
intimidade, foram, sem dúvida, de começo, inimigos do partido 
social-democrático. Foram, porém, derrotados na sua oposição pela conduta idiota 
do partido burguês combatendo todas as reivindicações da massa dos 
trabalhadores.
     A impugnação cega da burguesia a 
todos os ensaios por uma melhoria nas condições do trabalho, tais como um 
aparelhamento de defesa contra as máquinas, a proteção ao trabalho das crianças 
e a proteção da mulher, pelo menos nos últimos meses de gravidez, tudo isso 
auxiliou a social-democracia a pegar as massas nas suas redes. Esse partido 
sabia aproveitar todos os casos em que pudesse manifestar sentimentos de piedade 
para com os oprimidos. Nunca mais poderá a nossa burguesia política reparar os 
seus erros, pois, enquanto ela se opunha a todas as tentativas por uma remoção 
dos males sociais, semeava ódio e justificava mesmo as afirmações dos inimigos 
da nacionalidade, segundo as quais só o Partido Social Democrata defendia os 
interesses das classes produtoras.
     Aí estão as 
razões morais da resistência dos sindicatos e os motivos por que prestaram os 
melhores serviços àquele partido político.
     Nos 
meus anos de aprendizado em Viena fui forçado, quer quisesse quer não, a tomar 
posição no problema dos sindicatos.
     Como eu os 
via como parte integral e indivisível do Partido Social Democrata, minha decisão 
foi rápida e falsa.
     Como era natural, 
recusei-me a entrar para o sindicato.
     Também 
nesta importante questão foi a vida real que me serviu de 
mestre.
     O resultado foi uma reviravolta nos 
meus primeiros julgamentos.
     Aos vinte anos, já 
fazia a diferença entre o sindicato como meio de defesa dos direitos sociais dos 
empregados e de luta pela melhoria das condições de vida dos mesmos e o 
sindicato como instrumento do partido na luta política de 
classes.
     Como a social-democracia compreendeu a 
enorme significação do movimento sindicalista, assegurou para si a colaboração 
desse instrumento e dai o seu êxito; como a burguesia não a compreendeu, isso 
lhe custou a sua posição política. Na sua teimosa oposição, imaginou a burguesia 
fazer parar uma evolução fatal e, na realidade, conseguiu apenas forçá-la a 
tomar um caminho ilógico. Dizer-se que o movimento sindical em si é inimigo da 
Pátria é uma idiotice, e além disso, uma inverdade. O contrário é que é a 
verdade. Se uma atividade sindical tem como objetivo a melhoria de uma classe 
que constitui uma das colunas mestras da nação e se esforça por realizá-lo, essa 
atividade não só não se exerce contra a Pátria e o Estado mas, no verdadeiro 
sentido da palavra, consulta os interesses nacionais. É fora de qualquer dúvida 
que essa atuação auxilia a criar programas sociais, sem o que nem se deve pensar 
em uma educação nacional coletiva. Esse movimento atinge seu maior mérito 
quando, pelo combate aos cancros sociais existentes, ataca as causas das 
moléstias do corpo e do espírito, contribuindo para a conservação da saúde do 
povo. É ociosa a discussão sobre as vantagens dessas 
agitações.
     Enquanto, entre os que distribuírem 
trabalho, houver homens que não compreendam a questão social ou possuam idéias 
erradas de direito e de justiça, é não só direito mas dever dos por eles 
empregados, - que aliás formam uma parte do nosso povo - proteger os interesses 
da quase totalidade contra a avidez ou a irracionalidade de poucos, pois a 
manutenção da fé na massa do povo é para o bem-estar da nação tão importante 
quanto a conservação da sua saúde.
     Ambos esses 
interesses serão seriamente ameaçados pelos indignos empregadores que não têm os 
mesmos sentimentos da coletividade, de que vivem divorciados. Devido à sua 
condenável atitude, inspirada na ambição ou na intransigência, nuvens 
ameaçadoras anunciam tempestades 
futuras.
     Remover as causas de uma tal evolução 
é conquistar um mérito em relação à Pátria. Agir ao contrário é trabalhar contra 
os interesses da nação.
     Não se diga que cada um 
tem independência suficiente para tirar todas as conclusões das injustiças reais 
ou fictícias que lhe são feitas. Não, isso é hipocrisia e deve ser visto como 
tentativa para desviar a atenção das soluções 
justas.
     A alternativa é a seguinte: evitar 
acontecimentos nocivos à coletividade consulta ou não os interesses da nação? Na 
primeira hipótese, a luta deve ser aceita com todas as armas que possam 
assegurar o triunfo.
     O trabalhador, 
individualmente, não está nunca em condições de empenhar-se, com êxito, em uma 
luta contra o poder do grande empregador. Nesse conflito não se trata do 
problema da vitória do direito. Se assim fosse, o simples reconhecimento desse 
direito faria cessar toda luta, pois desapareceria, em ambas as partes, o desejo 
de combater. Trata-se, porém, de uma questão de força. Naquele caso, o 
sentimento de justiça por si só faria terminar a luta de modo honroso, ou 
melhor, nunca se chegaria a ela. Se atos indignos ou contrários aos interesses 
sociais arrastam à -reação, a luta só poderá ser decidida em favor do lado mais 
forte, salvo se a justiça se dispuser à solução desses 
males.
     Além disso, é evidente que o empregador, 
apoiado na força concentrada de suas empresas, terá que enfrentar o corpo de 
empregados, se não quiser ser compelido a perder, desde o início, qualquer 
esperança de vitória.
     Assim a organização 
sindical pode produzir o fortalecimento dos ideais sociais por unia atuação mais 
prática e, com isso, o afastamento de causas de irritação que sempre dão motivo 
a descontentamentos e a queixas. Se isso não acontece deve-se em grande parte 
àqueles que a todas as soluções legais das dificuldades do povo julgam opor 
obstáculos ou impedi-las por meio de sua influência 
política.
     Enquanto a burguesia não compreendia 
a significação da organização sindical, ou, melhor, não queria entendê-la, e 
insistia em fazer-lhe oposição, a social-democracia punha-se ao lado do 
movimento combatido.
     Vendo longe, ela criou 
para si uma base firme que nos momentos críticos, já lhe havia servido de último 
esteio. A verdade, porém, é que a antiga finalidade era, pouco a pouco, 
abandonada, para dar lugar a outros 
objetivos.
     A social-democracia nunca pensou em 
solucionar os problemas reais do movimento 
profissional.
     Em poucas décadas, nas mãos 
espertas da social-democracia, o movimento sindical de instrumento de defesa dos 
direitos sociais passou a ser instrumento de destruição da economia 
nacional.
     Os interesses dos trabalhadores não 
deveriam em nada obstar a sua ação, pois, politicamente, o emprego de meios de 
compressão econômica sempre permite a extorsão e o exercício de violências a 
toda hora, sempre que, de um lado, há a necessária falta de escrúpulos e, do 
outro, a suficiente estupidez junta a uma paciência de cordeiro. E isso acontece 
nos dois campos em luta.
     Já no começo deste 
século o movimento sindical, de há muito, havia deixado de servir ao seu 
objetivo de outrora.
     De ano a ano, ele, cada 
vez mais, caía nas mãos dos políticos da social-democracia, para, por fim, ser 
utilizado apenas como pára-choque na luta de classes. Em conseqüência de 
permanentes conflitos deveria, finalmente, levar à ruína toda a organização 
econômica, pacientemente construída, arrastando o edifício do Estado à mesma 
sorte, pela destruição de suas fundações 
econômicas.
     Cogitava-se cada vez menos da 
defesa de todos os interesses reais do proletariado, até chegar-se à conclusão 
de que a prudência política considerava como não aconselhável melhorar as 
condições sociais e culturais das grandes massas, pois, ao contrário, corria-se 
o perigo de que essas, tendo seus desejos satisfeitos, não mais poderiam ser 
eternamente utilizadas como tropas de combate facilmente 
manejáveis.
     Essa evolução atemorizou de tal 
maneira os guias da luta de classes que eles, por fim, se opuseram a todas as 
salutares reformas sociais e, da maneira mais decidida, tomaram posição de 
combate às mesmas.
     Na justificação dos 
fundamentos dessa atitude negativa e incompreensível nada deviam 
recear.
     No campo burguês estava se 
escandalizado com essa visível falta de sinceridade da tática da social 
democracia, sem que, porém, dai se tirassem as mínimas conclusões para um 
acertado plano de ação. Justamente o receio da social-democracia diante de cada 
melhoria real da situação do proletariado em relação à profundidade de sua até 
então miséria cultural e social, talvez tivesse concorrido a arrancar esse 
instrumento das mãos dos representantes de 
classes
     Isso não aconteceu, porém. Em vez de 
tomar a ofensiva, a burguesia deixou apertar-se cada vez mais o cerco em torno 
de si para, enfim, adotar providências inadequadas que, por muito tardias, 
tornaram-se sem eficiência, e, por isso mesmo, eram facilmente repelidas. Assim 
ficou tudo como antes, apenas o descontentamento tornou-se cada vez 
maior.
     Os "sindicatos independentes", como uma 
nuvem tempestuosa, obscureciam o horizonte político, ameaçando também a 
existência dos indivíduos. Essas organizações se transformaram no mais temível 
instrumento de terror contra a segurança e independência da economia nacional, a 
solidez do Estado e a liberdade dos 
indivíduos.
     Foram eles, sobretudo, que 
transformaram a concepção da democracia em uma frase asquerosa e ridícula, que 
profanava a liberdade e escarnecia, de maneira imperecível, da fraternidade, 
nesta proposição: "Se não quiseres ser dos nossos, nós te arrebentaremos a 
cabeça".
     Assim começava eu a conhecer esses 
inimigos do "gênero humano".
     No decurso dos 
anos, a opinião sobre eles desenvolveu-se e aprofundou-se, sem modificar-se, 
porém.
     Quanto mais eu estudava o aspecto 
exterior da social-democracia, tanto mais crescia o desejo de penetrar na 
estrutura íntima dessa doutrina.
     A literatura 
oficial do Partido de pouca utilidade me poderia ser na realização desse 
objetivo. Ela é, no que diz respeito a questões econômicas, falsa nas suas 
afirmações e conclusões e mentirosa quanto à finalidade 
política.
     Daí a razão por que eu me sentia, de 
coração, afastado dos novos modos de expressão da eterna rabulice política e da 
sua maneira de descrever as coisas.
     Com um 
inconcebível luxo de palavras de significação obscura, gaguejavam sentenças que 
deveriam ser ricas de pensamento como eram falhas de 
senso.
     Só a decadência dos nossos intelectuais 
das grandes cidades poderia, neste labirinto da razão, sentir-se 
confortavelmente, para, no nevoeiro deste dadaismo literário, compreender a 
"vida íntima", apoiado na proverbial inclinação de uma parte do nosso povo, para 
sempre farejar a sabedoria profunda no meio dos paradoxos 
pessoais.
     Enquanto eu, na realidade de suas 
demonstrações, pesava todas as mentiras e desatinos teóricos dessa doutrina, 
chegava, pouco a pouco, a uma compreensão mais clara da sua 
vontade.
     Nestas horas apoderavam-se de mim 
idéias tristes e maus presságios. Vi diante de mim uma doutrina, constituída de 
egoísmo e de ódio, que, por leis matemáticas, poderá ser levada à vitória mas 
arrastará a humanidade à ruína.
     Nesse ínterim, 
eu já tinha compreendido a ligação entre essa doutrina de destruição e o caráter 
de uma certa raça para mim até então 
desconhecida.
     Só o conhecimento dos judeus 
ofereceu-me a chave para a compreensão dos propósitos íntimos e, por isso, reais 
da social-democracia. Quem conhece este povo vê cair-se-lhe dos olhos o véu que 
impedia descobrir as concepções falsas sobre a finalidade e o sentido deste 
partido e, do nevoeiro do palavreado de sua propaganda, de dentes arreganhados, 
vê aparecer a caricatura do marxismo.
     Hoje é-me 
difícil, senão impossível, dizer quando a palavra judeu pela primeira vez foi 
objeto de minhas reflexões. Na casa paterna, durante a vida de meu pai, não me 
lembro de tê-la ouvido. Creio que ele já via nessa palavra a expressão de uma 
cultura retrógrada. No curso de sua vida, ele chegou a uma concepção mais ou 
menos cosmopolita do mundo combinada a um nacionalismo radical que, também, 
exercia seus efeitos sobre mim.
     Na escola 
também não encontrei oportunidade que me pudesse levar a uma modificação desse 
modo de encarar as coisas, que me havia transmitido meu 
pai.
     É verdade que, na escola profissional, eu 
havia conhecido um jovem judeu que era tratado por nós com certa prevenção, mas 
isso somente porque não tínhamos confiança nele, devido ao seu todo taciturno e 
a vários fatos que nos haviam escarmentado. Nem a mim nem aos outros despertou 
isso quaisquer reflexões.
     Só dos meus quatorze 
para os quinze anos deparei freqüentemente com a palavra judeu, ligada em parte 
a conversas sobre assuntos políticos. Sentia contra isso uma ligeira repulsa e 
não podia evitar essa impressão desagradável que, aliás, sempre se apoderava de 
mim quando discussões religiosas se travavam na minha 
presença.
     Nesse tempo eu não via a questão sob 
qualquer outro aspecto.
     Em Linz havia muito 
poucos judeus. Com o decorrer dos séculos, o aspecto do judeu se havia 
europeizado e ele se tornara parecido com gente. Eu os tinha por alemães, Não me 
era possível compreender o erro desse julgamento, porque o único traço 
diferencial que neles via era o aspecto religioso diferente do nosso. Minha 
condenação a manifestações contrárias a eles, a perseguição que se lhes movia, 
por motivos de religião como eu acreditava, levavam-me à irritação, Eu não 
pensava absolutamente na existência de um plano regular de combate aos 
judeus.
     Com essas idéias vim para 
Viena.
     Absorvido pela avalancha de impressões 
que a arquitetura despertava, abatido pelo peso da minha própria sorte, eu não 
tinha olhos para observar a estrutura da população da grande 
cidade.
     Embora Viena, já naquele tempo, 
possuísse duzentos mil judeus em uma população de dois milhões, não me apercebi 
desse fato. Nas primeiras semanas, os meus sentidos não puderam abarcar o 
conjunto de tantos valores e idéias novas. Só depois que, pouco a pouco, a 
serenidade voltou e as imagens confusas dos primeiros tempos começaram a 
esclarecer-se, é que mais acuradamente pude ver em torno de mim o novo mundo que 
me cercava e, então, deparei também com o problema 
judaico.
     Não quero afirmar que a maneira por 
que eu os conheci me tenha sido particularmente agradável. Eu só via no judeu o 
lado religioso. Por isso, por uma questão de tolerância, considerava injusta a 
sua condenação por motivos religiosos. O tom, sobretudo da imprensa 
anti-semítica de Viena, parecia me indigno das tradições de cultura de um grande 
povo, Causava-me mal-estar a lembrança de certos fatos da Idade Média, cuja 
reprodução não desejava ver. Como esses jornais não valiam grande coisa - e a 
razão disso eu então não conhecia - via neles mais o produto de mesquinha inveja 
do que o resultado de uma questão de princípios, embora 
falsos.
     Fortaleci-me nessa maneira de pensar 
pela forma infinitamente mais digna (assim pensava eu então) por que a grande 
imprensa respondia a todos esses ataques ou - o que me parecia de mais mérito 
ainda pelo silêncio de morte em que se 
mantinha.
     Lia com fervor a chamada grande 
imprensa ("Neue Freie Presse", "Wiener Tageblatt", etc.) e ficava admirado ante 
a extensão dos assuntos que oferecia ao leitor assim como diante da objetividade 
das suas manifestações em cada caso particular. Apreciava o seu estilo elegante, 
distinto. Os exageros de forma não me agradavam, 
chocavam-me.
     Porque eu tenha visto Viena assim, 
apresento como desculpa o esclarecimento que me dei a mim 
mesmo.
     O que repetidamente me causava 
repugnância era a maneira indigna pela qual a imprensa bajulava a 
corte.
     Não havia acontecimento na corte que não 
fosse comunicado aos leitores em tom do mais intenso entusiasmo ou da mais 
lamurienta consternação, prática essa que, mesmo tratando-se do "mais sábio 
monarca" de todos os tempos, podia ser comparada aos excessos incontidos de um 
galo silvestre.
     Isso me parecia exagerado e era 
por mim visto como uma mancha para a Democracia liberal. 
     Pretender as graças desta corte e de maneira 
tão indigna era o mesmo que trair a dignidade da 
nação.
     Esta foi a primeira sombra que devia 
perturbar as minhas afinidades espirituais com a grande imprensa de 
Viena.
     Como sempre, também em Viena, eu 
acompanhava todos os acontecimentos da Alemanha com o maior ardor, quer se 
tratasse de questões políticas ou de problemas 
culturais.
     Com uma admiração a que se juntava o 
maior orgulho, eu comparava a elevação do Reich com a decadência do Estado 
austríaco, Enquanto os acontecimentos da política externa, na sua maior parte, 
provocavam geral contentamento, a política interna freqüentemente dava margem a 
sombrias aflições. A campanha que, naquele tempo, se movia contra Guilherme II, 
não tinha a minha aprovação, Nele eu não via só o Imperador dos Alemães mas 
também o criador da frota alemã. A imposição feita pelo Reichstag de não 
permitir ao Kaiser fazer discursos indignava-me de modo tão extraordinário, 
porque essa proibição partia de uma fonte que, aos meus olhos, nenhuma 
autoridade possuía, atendendo a que, em um só período de sessão, esses gansos do 
parlamento haviam grassitado mais idiotices do que o poderia fazer, durante 
séculos, uma inteira dinastia de imperadores, dado o seu muito menor 
número.
     Eu me encolerizava com o fato de, em um 
país em que qualquer imbecil não só reivindicava para si o direito de crítica 
mas, no Parlamento, tinha até a permissão de decretar leis para a Pátria, o 
detentor da coroa imperial pudesse receber admoestações da mais superficial das 
instituições de palavrório de todos os 
tempos.
     Irritava-me ainda mais com o fato de 
ver que a mesma imprensa "vienense" que, diante de um cavalo da corte, se 
desfazia nas mais respeitosas mesuras a um acidental movimento da cauda do 
mesmo, aparentando cuidados que para mim não passavam de mal encoberta maldade, 
pudesse exprimir o seu pensamento contra o imperador dos 
alemães!
     Em tais casos o sangue me subia à 
cabeça.
     Foi isso o que, pouco a pouco, me fez 
olhar com mais atenção a grande imprensa.
     Fui 
forçado a reconhecer uma vez que um dos jornais anti-semíticos, o "Deutsche 
Volksblatt", em uma oportunidade idêntica, portara se de maneira mais 
decente.
     O que também me enervava era a nojenta 
bajulação com que a grande imprensa se referia à 
França.
     Éramos forçados a nos envergonhar de 
sermos alemães quando nos chegavam aos ouvidos esses açucarados hinos de louvor 
à "grande nação da cultura".
     Essa lastimável 
galomania mais de uma vez me levou a deixar cair das mãos um desses grandes 
jornais.
     Freqüentemente, procurava o 
"Volksblatt" que, apesar de muito menor, parecia-me mais limpo nesses 
assuntos.
     Não concordava com a sua atitude 
radicalmente anti-semítica, mas, de vez em quando, eu encontrava argumentações 
que me faziam refletir.
     De qualquer modo, por 
meio de "Volksblatt", eu pude conhecer aos poucos o homem e o movimento de que 
dependiam a sorte de Viena: o Dr. Karl Lueger e o Partido Social 
Cristão.
     Quando vim para Viena era francamente 
contrário a ambos.
     O movimento e o seu líder me 
pareciam reacionários.
     O habitual sentimento de 
justiça deveria, porém, modificar esse julgamento, à proporção que se me 
oferecia oportunidade de conhecer o homem e a sua atuação. Com o tempo, 
tornei-me de franco entusiasmo por ele. Hoje, vejo-o, mais do que antes, como o 
mais forte burgo-mestre alemão de todos os 
tempos,
     Quantas de minhas arraigadas convicções 
caíram por terra com essa mudança de modo de ver a respeito do movimento 
social-cristão!
     A minha maior metamorfose foi, 
porém, a que experimentei em relação ao movimento 
anti-semítico.
     Isso me custou, durante meses, 
as maiores lutas íntimas, entre os meus sentimentos e as minhas idéias, luta em 
que as idéias acabaram por triunfar.
     Por 
ocasião dessa áspera luta entre a educação sentimental e a razão pura, a 
observação da vida de Viena prestou-me serviços 
inestimáveis.
     Eu já não errava pelas ruas da 
importante cidade como um cego que nada vê. Com os olhos bem abertos, observava 
não mais somente os monumentos arquitetônicos mas também os 
homens.
     Um dia em que passeava pelas ruas 
centrais da cidade, subitamente deparei com um indivíduo vestido em longo caftan 
e tendo pendidos da cabeça longos caches 
pretos.
     Meu primeiro pensamento foi: isso é um 
judeu?
     Em Linz eles não tinham as 
características externas da raça.
     Observei o 
homem, disfarçada mas cuidadosamente, e quanto mais eu contemplava aquela 
estranha figura, examinando-a traço por traço, mais me perguntava a mim mesmo: 
isso é também um alemão?
     Como acontecia sempre 
em tais ocasiões, tentei remover as minhas dúvidas recorrendo aos livros. Pela 
primeira vez na minha vida, comprei, por poucos pfennigs, alguns panfletos 
anti-semíticos. Infelizmente, todos partiam do ponto de vista de já ter o leitor 
algum conhecimento da questão semítica. O tom da maior parte desses folhetos era 
tal que, de novo, fiquei em dúvida. As suas afirmações eram apoiadas em 
argumentos tão superficiais e anticientíficos que a ninguém 
convenciam.
     Durante semanas, talvez meses, 
permaneci na situação primitiva.      O assunto 
parecia-me tão vasto, as acusações tão excessivas, que, torturado pelo receio de 
fazer uma injustiça, de novo fiquei em um estado de incerteza e ansiedade. 
     Não me era lícito duvidar que, no caso, não se 
tratava de uma questão religiosa, mas de raça, pois logo que comecei a estudar o 
problema e a observar os judeus, Viena apareceu-me sob um aspecto diferente. Já 
agora, para qualquer parte que me dirigisse, eu via judeus e quanto mais os 
observava mais firmemente convencido ficava de que eles eram diferentes das 
outras raças. Sobretudo no centro da cidade e na parte norte do canal do 
Danúbio, notava-se um verdadeiro enxame de indivíduos que, por seu aspecto 
exterior, em nada se pareciam com os alemães. Mesmo, porém, que me assaltassem 
ainda algumas dúvidas, todas as hesitações se dissipavam em face da atitude de 
uma parte dos judeus.
     Surgiu entre eles um 
grande movimento de vasta repercussão em Viena que muito concorreu para um juízo 
seguro sobre o caráter racial dos judeus. esse movimento foi o 
Sionismo.
     Parecia, à primeira vista, que só uma 
parte dos judeus aprovava essa atitude e que a grande maioria condenava aquele 
princípio e o rejeitava decididamente. Após observação mais acurada, 
verificava-se que essa aparência se traduzia em um misto de teorias, para não 
dizer de mentiras, apresentadas por motivos tácitos, pois o chamado judeu 
liberal rejeitava os pontos de vista dos sionistas, não porque esses fossem não 
judeus mas porque eram judeus que pertenciam a um credo pouco prático e talvez 
mesmo perigoso para o próprio judaísmo.
     Essa 
discórdia em nada alterava, porém, a solidariedade íntima entre os 
adversários.
     A luta aparente entre os sionistas 
e os judeus liberais muito cedo me despertou nojo. Comecei a vê-la como 
hipócrita, uma deslavada miséria, de começo a fim, e, sobretudo, indignada da 
tão proclamada pureza moral desse povo.
     De mais 
a mais, essa pureza moral ou de qualquer outra natureza era uma questão 
discutível. Que eles não eram amantes de banhos podia-se assegurar pela simples 
aparência. Infelizmente não raro se chegava a essa conclusão até de olhos 
fechados, Muitas vezes, posteriormente, senti náuseas ante o odor desses 
indivíduos vestidos de caftan. A isso se acrescentem as roupas sujas e a 
aparência acovardada e tem-se o retrato fiel da 
raça.
     Tudo isso não era de molde a atrair 
simpatia. Quando, porém, ao lado dessa imundície física, se descobrissem as 
nódoas morais, maior seria a repugnância.
     Nada 
se afirmou em mim tão depressa como a compreensão, cada vez mais completa, da 
maneira de agir dos judeus em determinados 
assuntos.
     Poderia haver uma sujidade, uma 
impudência de qualquer natureza na vida cultural da nação em que, pelo menos um 
judeu, não estivesse envolvido?
     Quem, 
cautelosamente, abrisse o tumor haveria de encontrar, protegido contra as 
surpresas da luz, algum judeuzinho. Isso é tão fatal como a existência de vermes 
nos corpos putrefatos.
     O judaísmo provocou em 
mim forte repulsa quando consegui conhecer suas atividades, na imprensa, na 
arte, na literatura e no teatro.
     Protestos 
moles já não podiam ser aplicados. Bastava que se examinassem os seus cartazes e 
se conhecessem os nomes dos responsáveis intelectuais pelas monstruosas 
invenções no cinema e no drama, nas quais se reconhecia o dedo do judeu, para 
que se ficasse por muito tempo revoltado. Estava-se em face de uma peste, peste 
espiritual, pior do que a devastadora epidemia de 1348, conhecida pelo nome de 
Morte Negra. E essa praga estava sendo inoculada na 
nação.
     Quanto mais baixo é o nível intelectual 
e moral desses industriais da Arte, tanto mais ilimitada é a sua atuação, pois 
até os garotos, transformados, em verdadeiras máquinas, espalham essa sujeira 
entre os seus camaradas. Reflita-se também no número ilimitado das pessoas 
contagiadas por esse processo, Pense-se em que, para um gênio como Goethe, a 
natureza lança no mundo dezenas de milhares desses escrevinhadores que, 
portadores de bacilos da pior espécie, envenenam as 
almas.
     É horrível constatar, - mas essa 
observação não deve ser desprezada.-.ser justamente o judeu que parece ter sido 
escolhido pela natureza para essa ignominiosa 
tarefa.
     Dever-se-ia procurar na ignomínia dessa 
missão o motivo de haver essa escolha recaído nos 
judeus?
     Comecei a estudar cuidadosamente os 
nomes de todos os criadores dessas podridões artísticas fornecidas ao povo. O 
resultado foi aumentar as minhas prevenções na atitude em relação aos judeus. 
Por mais que isso contrariasse meus sentimentos, eu era arrastado pela razão a 
tirar as minhas conclusões do que 
observava.
     Não se podia negar - porque era uma 
realidade - o fato de correrem por conta dos judeus nove décimos da sordidez e 
dos disparates da literatura, da arte e do teatro, fato esse tanto mais grave 
quanto é sabido que esse povo representa um centésimo da população do 
país.
     Comecei também a examinar debaixo do 
mesmo ponto de vista a grande imprensa de minha 
predileção.
     À proporção que o meu exame se 
aprofundava diminuía o motivo de minha antiga admiração por essa imprensa. O 
estilo desses jornais era insuportável, as idéias eu as repelia por superficiais 
e banais e as afirmações pareciam aos meus olhos conter mais mentiras do que 
verdades honestas. E os editores dessa imprensa eram 
judeus!
     Muitas coisas que até então quase me 
passavam despercebidas agora me chamavam a atenção como dignas de ser 
observadas, outras que já tinham sido objeto de minhas reflexões passaram a ser 
melhor compreendidas.
     Comecei a ver sob outra 
luz as opiniões liberais desses periódicos. O tom de distinção das réplicas aos 
ataques, assim como o seu completo silêncio em certos assuntos, revelavam-se 
agora como truques inteligentes e vis. As suas brilhantes criticas teatrais 
sempre favoreciam os autores judeus e as apreciações desfavoráveis só atingiam 
os autores alemães.
     Suas ligeiras alfinetadas 
contra Guilherme II, assim como os elogios à cultura e à civilização francesa, 
evidenciavam a persistência nos seus métodos. O conteúdo das novelas era de 
repelente imoralidade e na linguagem via-se claramente o dedo de um povo 
estrangeiro. O sentido geral dos seus escritos era tão evidentemente depreciador 
de tudo quanto era alemão, que não se podia deixar de nisso ver uma intenção 
deliberada.
     Quem teria interesses nessa 
campanha?
     Seria tanta coincidência mero 
acaso?
     A dúvida foi crescendo em meu 
espírito.
     Essa evolução mental precipitou-se 
com a observação de outros fatos, com o exame dos costumes e da moral seguidos 
pela maior parte dos judeus.
     Aqui ainda foi o 
espetáculo das ruas de Viena que me proporcionou mais uma lição 
prática.
     As ligações dos judeus com a 
prostituição e sobretudo com o tráfico branco podiam ser estudadas em Viena, 
melhor do que em qualquer cidade da Europa ocidental, como exceção, talvez, dos 
portos do sul da França.
     Quem à noite passeasse 
pelas ruas e becos de Viena seria, quer quisesse quer não, testemunha de fatos 
que se conservaram ocultos a grande parte do povo alemão, até que a Guerra deu 
aos lutadores oportunidade de poderem, ou melhor, de serem obrigados a assistir 
a cenas semelhantes.
     Quando, pela primeira vez, 
vi o judeu envolvido, como dirigente frio, inteligente e sem escrúpulos, nessa 
escandalosa exploração dos vícios do rebotalho da grande cidade, passou-me um 
calafrio pelo corpo, logo seguido de um sentimento de profunda 
revolta.
     Então não mais evitei a discussão 
sobre o problema semítico.
     Como procurava 
aprender a vida cultural e artística dos judeus sob todos os aspectos, 
encontrei-os em uma atividade que jamais me tinha passado pela 
mente.
     Agora que me tinha assegurado de que os 
judeus eram os líderes da social-democracia, comecei a ver tudo claro. A longa 
luta que mantive comigo mesmo havia chegado ao seu ponto 
final.
     Nas relações diárias com os meus 
companheiros de trabalho, já minha atenção tinha sido despertada pelas suas 
surpreendentes mutações, a ponto de tomarem posições diferentes em torno de um 
mesmo problema, no espaço de poucos dias e, às vezes, de poucas 
horas.
     Dificilmente eu podia compreender como 
homens que, tomados isoladamente, possuem visão racional das coisas, perdem-na 
de repente, logo que se põem em contato com as massa. Era motivo para duvidar de 
seus propósitos.
     Quando, depois de discussões 
que duravam horas inteiras, eu me tinha convencido de haver afinal esclarecido 
um erro e já exultava com a vitória, acontecia que, com pesar meu, no dia 
seguinte, tinha de recomeçar o trabalho, pois tudo tinha sido debalde. Como um 
pêndulo em movimento, que sempre volta para as mesmas posições, assim acontecia 
com os erros combatidos, cuja reaparição era sempre 
fatal.
     Assim pude compreender: 1.° que eles não 
estavam satisfeitos com a sorte que tão áspera lhes era; 2.° que odiavam os 
empregadores que lhes pareciam os responsáveis por essa situação; 3.° que 
injuriavam as autoridades que lhes pareciam indiferentes ante a sua deplorável 
situação; 4.° que faziam demonstrações nas ruas sobre a questão dos preços dos 
gêneros de primeira necessidade.
     Tudo isso 
podia-se ainda compreender, pondo-se a razão de lado. O que, porém, era 
incompreensível era o ódio sem limites à sua própria nação, o achincalhamento 
das suas grandezas, a profanação da sua história, o enlameamento dos seus 
grandes homens.
     Essa revolta contra a sua 
própria espécie, contra a sua própria casa, contra o seu próprio torrão natal, 
era sem sentido, inconcebível e contra a 
natureza.
     Durante dias, no máximo semanas, 
conseguia-se livrá-los desse erro Quando, mais tarde, encontrávamos o pretenso 
convertido, já os antigos erros de novo se haviam apoderado de seu espírito. A 
monstruosidade tinha tomado posse de sua 
vítima.
     Pouco a pouco, compreendi que a 
imprensa social-democrática era, na sua grande maioria, controlada pelos judeus. 
Liguei pouca importância a esse fato que, aliás, se verificava com os outros 
jornais. Havia, porém, um fato significativo: nenhum jornal em que os judeus 
tinham ligações poderia ser considerado como genuinamente nacional, no sentido 
em que eu, por influência de minha educação, entendia essa 
palavra.
     Vencendo a minha relutância, tentei 
ler essa espécie de imprensa marxista, mas a repulsa por ela crescia cada vez 
mais. Esforcei-me por conhecer mais de perto os autores dessa maroteira e 
verifiquei que, a começar pelos editores, todos eram 
judeus.
     Examinei todos os panfletos 
sociais-democráticos que pude conseguir e, invariavelmente, cheguei à mesma 
conclusão: todos os editores eram judeus. Tomei nota dos nomes de quase todos os 
líderes e, na sua grande maioria, eram do "povo escolhido", quer se tratasse de 
membros do "Reichscrat", de secretários dos sindicatos, de presidentes de 
associações ou de agitadores de rua. Em todos encontravam-se sempre a mesma 
sinistra figura do judeu. Os nomes de Austerlitz, David, Adler, Ellenbogen etc., 
ficarão eternamente na minha memória.
     Uma coisa 
tornou-se clara para mim. Os líderes do Partido Social Democrata, com os 
pequenos elementos do qual eu tinha estado em luta durante meses, eram quase 
todos pertencentes a uma raça estrangeira, pois para minha satisfação íntima, 
convenci-me de que o judeu não era alemão. Só então compreendi quais eram os 
corruptores do povo.
     Um ano de estadia em Viena 
tinha sido suficiente para dar-me a certeza de que nenhum trabalhador deveria 
persistir na teimosia de não se preocupar com a aquisição de um conhecimento 
mais certo das condições sociais. Pouco a pouco, familiarizei-me com a sua 
doutrina e dela me utilizava como instrumento para a formação de minhas 
convicções íntimas.
     Quase sempre a vitória se 
decidia para o meu lado.
     Todo esforço devia ser 
tentado para salvar as massas, ainda com grandes sacrifícios de tempo e de 
paciência.
     Do lado dos judeus nenhuma esperança 
havia, porém, de libertá-los de um modo de encarar as 
coisas.
     Nesse tempo, na minha ingenuidade de 
jovem, acreditei poder evidenciar os erros da sua doutrina. No pequeno círculo 
em que agia, esforçava-me, por todos os meios ao meu alcance, por convencê-los 
da perniciosidade dos erros do marxismo e pensava atingir esse objetivo, mas o 
contrário é o que acontecia sempre. Parecia que o exame cada vez mais profundo 
da atuação deletéria das teorias sociais democráticas nas suas aplicações servia 
apenas para tornar ainda mais firmes as decisões dos 
judeus.
     Quanto mais eu contendia com eles, 
melhor aprendia a sua dialética. Partiam eles da crença na estupidez dos seus 
adversários e quando isso não dava resultado fingiam-se eles mesmos de 
estúpidos. Se falhavam esses recursos, eles se recusavam a entender o que se 
lhes dizia e, de repente, pulavam para outro assunto, saíam-se com verdadeiros 
truismos que, uma vez aceitos, tratavam de aplicar em casos inteiramente 
diferentes. Então quando, de novo, eram apanhados no próprio terreno que lhes 
era familiar, fingiam fraqueza e alegavam não possuir conhecimentos 
preciosos.
     Por onde quer que se pegassem esses 
apóstolos, eles escapuliam como enguias das mãos dos adversários. Quando, um 
deles, na presença de vários observadores, era derrotado tão completamente que 
não tinha outra saída senão concordar, e que se pensava haver dado um passo para 
a frente, experimentava-se a decepção de, no dia seguinte, ver o adversário 
admirado de que assim se pensasse. O judeu esquecia inteiramente o que se lhe 
havia dito na véspera e repetia os mesmos antigos absurdos, como se nada, 
absolutamente nada, houvesse acontecido. Fingia-se encolerizado, surpreendido e, 
sobretudo, esquecido de tudo, exceto de que o debate tinha terminado por 
evidenciar a verdade de suas afirmações.
     Eu 
ficava pasmo.
     Não se sabia o que mais admirar, 
se a sua loquacidade, se o seu talento na arte de 
mentir.
     Gradualmente comecei a 
odiá-los.
     Tudo isso tinha, porém, um lado bom. 
Nos círculos em que os adeptos, ou pelo menos os propagadores da 
social-democracia, caíam sob as minhas vistas, crescia o meu amor pelo meu 
próprio povo.
     Quem poderia honestamente 
anatematizar as infelizes vítimas desses corruptores do povo, depois de 
conhecer-lhes as diabólicas habilidades?
     Como 
era difícil, até mesmo a mim, dominar a dialética de mentiras dessa 
raça!
     Quão impossível era qualquer êxito nas 
discussões com homens que invertem todas as verdades, que negam descaradamente o 
argumento ainda há pouco apresentado para, no minuto seguinte, reivindicá-lo 
para si!
     Quanto mais eu me aprofundava no 
conhecimento da psicologia dos judeus, mais me via na obrigação de perdoar aos 
trabalhadores.
     Aos meus olhos, a culpa maior 
não deve recair sobre os operários mas sim sobre todos aqueles que acham não 
valer a pena compadecer-se da sua sorte, com estrita justiça dar aos filhos do 
povo o que lhes é devido, mas poupar os que os desencaminham e 
corrompem.
     Levado pelas lições da experiência 
de todos os dias, comecei a pesquisar as fontes da doutrina marxista. Em casos 
individuais, a sua atuação me parecia clara. Diariamente, eu observava os seus 
progressos e, com um pouco de imaginação, podia avaliar as suas conseqüências. A 
Única questão a examinar era saber se os seus fundadores tinham presente no 
espírito todos os resultados de sua invenção ou se eles mesmos eram vitimas de 
um erro.
     As duas hipóteses me pareciam 
possíveis.
     No primeiro caso, era dever de todo 
ser pensante colocar-se à frente da reação contra esse desgraçado movimento, 
para evitar que chegasse às suas extremas conseqüências; na segunda hipótese, os 
criadores dessa epidemia coletiva deveriam ter sido espíritos verdadeiramente 
diabólicos, pois só um cérebro de monstro - e não o de um homem - poderia 
aceitar o plano de uma organização de tal porte, cujo objetivo final conduzirá à 
destruição da cultura humana e à ruína do 
mundo.
     Nesse último caso, a solução que se 
impunha, como última tábua de salvação, era a luta com todas as armas que 
pudesse abraçar a razão e a vontade dos homens, mesmo se a sorte do combate 
fosse duvidosa.
     Assim comecei a entrar em 
contato com os fundadores da doutrina a fim de poder estudar os princípios em 
que se fundava o movimento marxista. Consegui esse objetivo mais depressa do que 
me seria lícito supor, devido aos conhecimentos que possuía sobre a questão 
semítica, embora ainda não muito profundos. Essa circunstância tornou possível 
uma comparação prática entre as realidades do mesmo e as reivindicações teóricas 
da social-democracia, que tanto me tinha auxiliado a entender os métodos verbais 
do povo judeu, cuja principal preocupação é ocultar ou pelo menos disfarçar os 
seus pensamentos. Seu objetivo real não está expresso nas linhas mas oculto nas 
entrelinhas.
     Foi por esse tempo que se operou 
em mim a maior modificação de idéias que devia experimentar. De inoperante 
cidadão do mundo passei a ser um fanático anti-semita. Mais uma vez ainda - e 
agora pela última vez - pensamentos sombrios me arrastavam ao 
desânimo.
     Durante meus estudos sobre a 
influência da nação judaica, através de longos períodos da história da 
civilização, o tétrico problema se armou diante de mim não teria inescrutável 
destino, por motivos ignorados por nós, pobres mortais, decretado a vitória 
final dessa pequena nação?
     A esse povo não 
teria sido destinado o domínio da Terra como uma 
recompensa?
     À proporção que me aprofundava no 
conhecimento da doutrina marxista e me esforçava por ter uma idéia mais clara 
das atividades do marxismo, os próprios acontecimentos se encarregavam de dar 
uma resposta àquelas dúvidas.
     A doutrina 
judaica do marxismo repele o princípio aristocrático na natureza. Contra o 
privilégio eterno do poder e da força do indivíduo levanta o poder das massas e 
o peso-morto do número. Nega o valor do indivíduo, combate a importância das 
nacionalidades e das raças, anulando assim na humanidade a razão de sua 
existência e de sua cultura. Por essa maneira de encarar o universo, conduziria 
a humanidade a abandonar qualquer noção de ordem. E como nesse grande organismo, 
só o caos poderia resultar da aplicação desses princípios, a ruína seria o 
desfecho final para todos os habitantes da 
Terra.
     Se o judeu, com o auxilio do seu credo 
marxista, conquistar as nações do mundo, a sua coroa de vitórias será a coroa 
mortuária da raça humana e, então, o planeta vazio de homens, mais uma vez, como 
há milhões de anos, errará pelo éter.
     A 
natureza sempre se vinga inexoravelmente de todas as usurpações contra o seu 
domínio.
     Por isso, acredito agora que ajo de 
acordo com as prescrições do Criador Onipotente. Lutando contra o judaísmo, 
estou realizando a obra de Deus.
CAPÍTULO III - REFLEXÕES GERAIS SOBRE A POLÍTICA DA ÉPOCA DE MINHA ESTADA EM 
VIENA
     Estou convencido de que, a menos que 
se trate de indivíduos dotados de dons excepcionais, o homem, em geral, não se 
deve ocupar, publicamente, de política, antes dos trinta anos de idade. Não o 
deve, porque só então se realiza, o mais das vezes, a formação de uma base de 
idéias, de acordo com a qual, ele examina os diferentes problemas políticos e 
determina a sua atitude definitiva em relação aos mesmos. Só depois de adquirir 
uma tal concepção fundamental e de alcançar, por meio dela, firmeza no- modo de 
encarar as questões particulares do seu tempo, deve ou pode o homem, 
intelectualmente amadurecido, tomar parte na direção da coisa 
pública.
     A não ser assim, corre ele o perigo de 
um dia mudar de atitude sobre questões essenciais ou, contra as suas idéias e 
sentimentos, permanecer fiel a uma maneira de ver desde muito tempo repelida 
pela sua razão, pelas suas convicções. O primeiro caso, é, para o indivíduo 
pessoalmente doloroso, porque, quem vacila não tem mais o direito de esperar que 
a fé de seus adeptos tenha a inabalável firmeza que dantes tinha; e, para os 
seus dirigidos, a fraqueza do chefe sempre se traduz em perplexidade e não raro 
no sentimento de um certo vexame em face daqueles que até então combatiam. Em 
segundo lugar, sobrevem o que. sobretudo hoje, é muito freqüente: à medida que o 
chefe não dá mais crédito ao que ele próprio disse, a sua defesa torna-se mais 
fraca e, por isso mesmo, vulgar quanto à escolha dos meios. Ao passo que ele 
próprio não pensa mais em defender os seus pontos de vista políticos (ninguém 
morre por aquilo em que não crê), as suas exigências junto aos seus partidários, 
tornam-se proporcionalmente cada vez mais imprudentes até que, afinal, ele 
sacrifica as suas últimas qualidades de chefe para converter-se num "político", 
isto é, nesse tipo de homem cujo único sentimento verdadeiro é a falta de 
sentimento, ao lado de uma arrogante impertinência e uma descarada arte de 
mentir.
     Se, por infelicidade dos homens 
decentes, um sujeito desses chega ao Parlamento, deve saber-se desde logo que, 
para ele, a essência da política consiste apenas numa luta heróica pela posse 
duradoura de uma "mamadeira" para si e para a sua família. Quanto mais dependam 
dele mulher e filhos, tanto mais aferradamente lutará pelo seu mandato. Qualquer 
outro homem de verdadeiros instintos políticos é, por isso mesmo, seu inimigo 
pessoal. Em qualquer novo movimento, fareja ele o possível começo do fim de sua 
carreira, e em cada homem superior a probabilidade de um perigo que 
ameaça.
     Adiante, falarei mais detalhadamente 
dessa espécie de percevejos parlamentares.
     O 
homem de trinta anos ainda terá de aprender muito, no curso de sua vida, mas 
isso será apenas o complemento e acabamento do quadro doutrinário traçado pela 
concepção por ele já aceita. Para ele, aprender não é mais mudar de método, mas 
enriquecer os seus conhecimentos; e seus partidários não terão de suportar a 
angústia de até então terem recebido dele ensinamentos errôneos, mas, ao 
contrário, a evidente evolução do chefe lhes dará satisfação, porque o que este 
aprende significa o aprofundamento da doutrina deles. E isso é uma prova da 
justeza de suas intuições.
     Um chefe político 
que se vir na contingência de abandonar as suas idéias, reconhecendo-as como 
falsas, só procederá com decência se, ao reconhecer a falsidade das mesmas, 
estiver disposto a ir até às últimas conseqüências. Em tal caso, deve, no 
mínimo, renunciar ao exercício público de uma futura atividade política. Porque, 
tendo admitido o reconhecimento de um erro fundamental, fica aberta a 
possibilidade de uma segunda descaída. De modo algum, pode mais pretender ou 
exigir a confiança de seus concidadãos.
     Atesta 
quão pouco se atende hoje a esse decoro a vileza da canalha que, - por vezes, se 
julga chamada a "fazer" política.
     Da regra 
geral quase ninguém escapa.
     Outrora, sempre me 
abstive de ingressar publicamente na vida pública, se bem que sempre me tivesse 
preocupado com a política, mais que muitos outros. Só a círculos restritos 
falava eu do que me impelia ou atraia. E o falar em pequenos grupos tinha, em 
si, de certo modo, muita utilidade. No mínimo, eu aprendia a "falar" e com isso 
a conhecer os homens nas maneiras de ver e de objetar, às vezes extremamente 
simplistas. Assim, sem perder tempo nem oportunidade, aperfeiçoava o meu 
espírito. A ocasião era, nesse tempo, em Viena, mais favorável do que em 
qualquer parte da Alemanha.
     As idéias políticas 
em voga, na velha Monarquia do Danúbio, eram de mais interesses que na velha 
Alemanha da mesma época, exceto em parte da Prússia, em Hamburgo e nas costas do 
Mar do Norte. Sob a denominação de "Áustria" entendo nesse caso, o domínio do 
grande Império dos Habsburgos, em que a população alemã era, sob todos os 
aspectos, não somente o motivo histórico da formação daquele Estado, mas a força 
que, por si só, durante séculos, tornara possível a formação cultural do país. 
Quanto mais o tempo passava, mais dependiam da conservação dessa "célula mater" 
a estabilidade e o futuro daquele Estado.
     Os 
velhos domínios hereditários eram o coração do Império, que sempre fornecia 
sangue fresco à circulação da vida do Estado e da sua cultura. Viena era, então, 
ao mesmo tempo, cérebro e vontade.
     Só pelo seu 
aspecto exterior, Viena se impunha como a rainha daquele conglomerado de povos. 
A magnificência de sua beleza fazia esquecer o que ali havia de 
mau.
     Por mais violentamente que palpitasse o 
Império, no interior, em sangrentas lutas das diferentes raças, o estrangeiro e, 
em particular, os alemães, só viam, na Áustria, a imagem agradável de Viena. 
Maior ainda era a ilusão porque, a esse tempo, Viena parecia ter atingido a sua 
fase de maior prosperidade. Sob o governo de um burgomestre verdadeiramente 
genial, despertava a venerável residência do soberano do velho Império, mais uma 
vez, para uma vida maravilhosa. O último grande alemão, o criador do povo de 
colonizadores da fronteira oriental, não era tido oficialmente entre os chamados 
"estadistas". O Dr. Lueger, tendo prestado inauditos serviços como burgomestre 
da "cabeça do Estado" e "cidade residência" (Viena), fazendo-a progredir, como 
por encanto, em todos os domínios econômicos e culturais, fortalecera o coração 
do Império, tornando-se assim, indiretamente, maior estadista que todos os 
"diplomatas" de então reunidos.
     Se o aglomerado 
de povos a que se dá o nome de "Áustria" fracassou, isso nada quer dizer contra 
a capacidade política do germanismo na antiga fronteira oriental, mas é o 
resultado forçado da impossibilidade em que se encontravam dez milhões de 
indivíduos de conservarem duradouramente um Estado de diferentes raças com 
cinqüenta milhões de habitantes, a não ser que ocorressem na ocasião oportuna 
determinadas circunstâncias favoráveis.
     O 
alemão austríaco teve que enfrentar um problema acima das suas possibilidades. 
Ele sempre se acostumou a viver no quadro de um grande Estado e nunca perdeu o 
sentimento inerente à sua missão histórica. Era o único, naquele Estado, que, 
além das fronteiras do apertado domínio da coroa, via ainda as fronteiras do 
Império. Quando, afinal o destino o separou da pátria comum, ele tentou tomar a 
si a grandiosa tareia de tornar se senhor e conservar o germanismo que seus 
pais, outrora, em infindos combates, haviam imposto ao leste. A propósito, 
convêm não esquecer que isso aconteceu com forças divididas, pois, no espírito 
dos melhores descendentes da raça alemã, nunca cessou a recordação da - pátria 
comum de que a Áustria era uma parte.
     O 
horizonte geral do alemão-austríaco era proporcionalmente mais amplo. As suas 
relações econômicas abrangiam quase todo o multiforme Império. Quase todas as 
empresas verdadeiramente grandes se achavam em suas mãos e o pessoal dirigente, 
técnicos e funcionários, era na maior parte colocado por ele. Era também o 
detentor do comércio exterior em tudo o que o judaísmo ainda não havia posto a 
mão, nesse campo de suas preferências. Só o alemão conservava o Estado 
politicamente unido. Já o serviço militar o punha fora do lar. O recruta alemão 
austríaco ingressaria talvez, de preferência, num regimento alemão, mas o 
regimento poderia estar tanto na Herzegovina como em Viena ou na Galícia. o 
corpo de oficiais era sempre alemão, prevalecendo sobre o alto funcionalismo. 
Alemãs, finalmente, eram a arte e a ciência. Abstração feita do "kitsch" que é o 
novo processo na Arte, cuja produção podia ser sem dúvida também de um povo de 
negros, era só o alemão o possuidor e vulgarizador do verdadeiro sentimento 
artístico. Em música, literatura, escultura e pintura, era Viena a fonte que 
inesgotavelmente abastecia, sem cessar, toda a dupla 
monarquia.
     O germanismo era enfim o detentor de 
toda a política externa, abs. traindo-se um pouco da 
Hungria.
     Portanto, era vã toda tentativa de 
conservar o Império, Visto faltar, para isso, a condição 
essencial.
     Para o Estado de povos austríacos só 
havia uma possibilidade: vencer as forças centrifugas das diferentes raças. O 
Estado, ou tornava-se central e interiormente organizado, ou não podia 
existir.
     Em vários momentos de lucidez 
nacional, essa idéia chegou às "altíssimas" esferas, para logo ser esquecida ou 
ser posta de lado por inexeqüível. Todo pensamento de um reforço da Federação, 
forçosamente teria de fracassar em conseqüência da falta de um núcleo estatal de 
força predominante. A isso acrescentem-se as condições intrinsecamente 
diferentes do Estado austríaco em face do Império alemão, segundo o conceito de 
Bismarck. - Na Alemanha tratava-se apenas de vencer as tradições políticas, pois 
sempre houve uma base comum cultural. Antes de tudo, possuía o Reich, à exceção 
de pequenos fragmentos estranhos, um povo 
único.
     Inversa era a situação da 
Áustria.
     Lá a recordação da própria grandeza, 
em cada raça, desapareceu inteiramente ou foi apagada pela esponja do tempo ou 
pelo menos tornou-se confusa e indistinta. Por isso, desenvolveram-se, então, na 
era dos princípios nacionalistas, as forças racistas. Vencê-las tornava-se 
relativamente mais difícil, visto que, à margem da monarquia, começaram a 
formar-se Estados nacionais, cujos - povos, racialmente aparentados ou iguais às 
nações desmembradas, podiam exercer mais força de atração, ao contrário do que 
acontecia com o austro-alemão.
     A própria Viena 
não podia resistir por muito tempo a essa 
luta.
     Com o desenvolvimento de Budapeste, que 
se tornou grande cidade tinha ela, pela primeira vez, uma rival, cuja missão não 
era mais a concentração de toda a monarquia, mas antes o fortalecimento de uma 
parte da mesma. Dentro de pouco tempo, Praga seguiu o exemplo e depois Lemberg, 
Laibach, etc. Com a elevação dessas cidades, outrora provincianas, a metrópoles 
nacionais, formaram se núcleos culturais mais ou menos independentes. E dai as 
tendências nacionalistas das diferentes raças. Assim devia aproximar-se o 
momento em que as forças motrizes desses Estados seriam mais poderosas que a 
força dos interesses comuns e, então, extinguir-se-ia a 
Áustria.
     Essa evolução tomou feição definida 
depois da morte de José II, dependendo a sua rapidez de uma série de fatores em 
parte inerentes à própria monarquia, mas que por outro lado eram o resultado da 
atitude do Reich na política internacional de 
então.
     Se se pretendesse seriamente admitir a 
possibilidade da conservação daquele Estado e lutar por ela, só se poderia ter 
por objetivo uma centralização absoluta e obstinada. Depois, primeiro que tudo, 
se devia acentuar, pela fixação de uma língua oficial una, a homogeneidade pura 
e formal, cuja direção, porém, deteria nas mãos os expedientes técnicos, pois 
sem isso não pode subsistir um Estado uno. Depois, com o tempo, tratar-se-ia de 
desenvolver um sentimento nacional uno, por meio das escolas e da instrução. 
Isso não se alcançaria em dez ou vinte anos, mas em séculos, pois em todas as 
questões de colonização a pertinácia vale mais que a energia do 
momento.
     Compreende-se, sem maiores 
explicações, que a administração, bem como a direção política, deveriam ser 
conduzidas com a mais rigorosa unidade de 
vistas.
     Era para mim imensamente instrutivo 
examinar porque isso não aconteceu, ou melhor, porque não se fez isso. O culpado 
por essa omissão foi o culpado pelo desmoronamento do 
Reich.
     Mais que qualquer outro Estado estava a 
antiga Áustria dependente da inteligência dos seus guias. A ela faltava o 
fundamento do Estado nacional, que possui, na base racista, sempre uma força de 
conservação.
     O Estado racionalmente uno pode 
suportar a natural inércia de seus habitantes (e a força de resistência a ela 
inerente), a pior administração, a pior direção, por períodos de tempo 
espantosamente longos, sem por isso subverter-se. Muitas vezes, tem-se a 
impressão de que em tal corpo não há mais vida, é como se estivesse morto e bem 
morto. De repente, o suposto cadáver se levanta e dá aos homens surpreendentes 
sinais de sua força vital.
     Assim não acontece 
com um Estado composto de raças diferentes, mantido, não pelo sangue comum, mas 
por um só pulso. Nesse caso, qualquer fraqueza na direção pode não só conduzir o 
Estado à estagnação como dar causa ao despertar dos instintos individuais, que 
sempre existem, sem que em tempo oportuno possa exercer-se uma vontade 
predominante. Só por via de uma educação comum, durante séculos, por uma 
tradição comum, por interesses comuns, pode esse perigo ser atenuado. Por isso, 
tais formações estatais, quanto mais jovens, mais dependentes são da 
superioridade da direção; e quando são obras de homens violentos ou de heróis 
espirituais, logo desaparecem após a morte de seu grande fundador. Mas, mesmo 
depois de séculos, esses perigos não devem ser considerados como vencidos; 
apenas adormecem, para, às vezes, despertarem de repente, quando a fraqueza da 
direção comum e a força da educação e a sublimidade de todas as tradições não 
podem mais dominar o impulso da própria vitalidade das diferentes 
raças.
     Não ter compreendido isso é talvez a 
culpa, de tão trágicas conseqüências, da casa dos 
Habsburgos.
     Só a um deles o destino apresentou 
o fanal, que logo depois se apagou para sempre, do destino da sua 
pátria.
     José II, imperador católico-romano, 
viu, angustiosamente, que, um dia, no redemoinho de uma Babilônia de povos que 
se comprimiam à fronteira do Império, desapareceria a sua Casa, a não ser que, à 
última hora, fossem sanados os descuidos dos antepassados. Com sobre-humana 
força, o "amigo dos homens" tentou remediar a negligência de seus antecessores e 
procurou recuperar em décadas o que se havia perdido em séculos. Se para a 
realização de sua obra, ao menos duas gerações, depois dele, tivessem 
continuado, com o mesmo afinco, a tarefa iniciada, provavelmente se teria 
realizado o milagre. Mas quando, após dez anos de governo, faleceu, exausto de 
corpo e de espírito, com ele caiu a sua obra no túmulo, para não mais despertar, 
para adormecer para sempre na sepultura.
     Os 
seus sucessores não estavam à altura da tarefa, nem pela inteligência, nem pela 
energia.
     Quando, através da Europa, flamejavam 
os primeiros sinais da tempestade revolucionária, começou também a Áustria a 
pegar fogo, pouco a pouco. Quando, porém, o incêndio irrompeu afinal, já a 
fogueira era atiçada menos por causas sociais ou políticas que por forças 
impulsoras de origem racial.
     Em outra parte 
qualquer, a revolução de 1848 podia ser uma luta de classes, mas na Áustria já 
era o começo de um novo conflito racial. Quando o alemão daquele tempo, 
esquecendo ou não reconhecendo essa origem, se colocava a serviço da sublevação 
revolucionária, traçava ele próprio o seu destino. Com isso auxiliava o 
despertar do espírito da democracia ocidental, que, dentro de pouco tempo, teria 
de subverter-se-lhe a base da própria 
existência.
     Com a formação de um corpo 
representativo parlamentar, sem o prévio estabelecimento e fixação de uma língua 
oficial, foi colocada a pedra fundamental do fim do domínio do germanismo na 
monarquia dos Habsburgos. Desde esse momento, estava perdido também o próprio 
Estado. O que se seguiu foi apenas a liquidação histórica de um 
Império.
     Era tão comovente quão instrutivo 
acompanhar essa decomposição. Sob milhares de formas realizava-se aos poucos a 
execução dessa sentença histórica. O fato de que parte dos homens se agitava às 
cegas através dos acontecimentos prova apenas que estava na vontade dos deuses o 
aniquilamento da Áustria.
     Não desejo perder me 
aqui em minúcias, pois esse não é o fim deste livro. Apenas quero incluir no 
quadro geral de uma observação aqueles acontecimentos que, como causas sempre 
invariáveis da decadência de povos e Estados, também têm significação para o 
nosso tempo e finalmente se fazem sentir, em apoio dos fundamentos de meu 
pensamento político.
     Entre as instituições que, 
aos olhos mesmo pouco perspicazes do cidadão comum, mais claramente podiam - 
mostrar a decomposição da monarquia austríaca, estava, em primeiro lugar, aquela 
que parecia dever procurar na força a razão de sua própria existência, isto é, o 
Parlamento ou, como se dizia na Áustria, o Conselho do Império 
("Reichsrat").
     Evidentemente, o modelo dessa 
corporação encontrava-se na Inglaterra, o país da "democracia" clássica. De lá 
transportaram essa maldita instituição e estabeleceram-na em Viena, tanto quanto 
possível sem modificá-la.
     Na Abgeordnetenhaus e 
na Herrenhaus, o sistema bicameral inglês festejava a sua ressurreição. As 
"casas" eram, porém, algo diferentes. Quando, outrora, Barry fez surgir das 
ondas do Tâmisa o seu palácio do Parlamento, mergulhou na História do Império 
Britânico e retirou dela ornatos para os 1200 nichos, consolos e colunas de sua 
monumental construção. Assim as Câmaras dos Comuns e dos Lordes se tornaram, 
pelas suas esculturas e pinturas, o templo da glória 
nacional.
     Aí surgiu a primeira dificuldade para 
Viena. Quando o dinamarquês Hansen acabava de colocar a última cumeeira da casa 
de mármore para os novos representantes do povo, só lhe restava, para decoração, 
recorrer a empréstimos à arte clássica. Os estadistas e filósofos gregos e 
romanos embelezaram esse teatro da "democracia ocidental" e, com ironia 
simbólica, avançam sobre as duas casas quadrigas em direção aos quatros pontos 
cardeais, expressando melhor, dessa maneira, as tendências divergentes então 
existentes no interior.
     As várias raças 
tomariam como ofensa e provocação que nessa obra se glorificasse a História da 
Áustria, exatamente como no império Alemão foi preciso vir o ribombar das 
batalhas da guerra mundial para que se ousasse consagrar ao povo alemão a obra 
de Wallot - o Reichstag.
     Quando, com menos de 
20 anos de idade, penetrei no majestoso palácio de Franzensring, para assistir, 
como ouvinte e espectador a uma sessão da Câmara dos Deputados, senti-me 
possuído dos mais desencontrados 
sentimentos.
     Sempre odiei o Parlamento, mas não 
a instituição em si. Ao contrário, como homem de sentimentos liberais, eu não 
podia imaginar outra possibilidade de governo, pois a idéia de qualquer 
ditadura, dada a minha atitude em relação à casa dos Habsburgos, seria 
considerada um crime contra a liberdade e contra a 
razão.
     Não pouco contribuiu para isso uma certa 
admiração pelo Parlamento inglês, que adquiri insensivelmente, devido à 
abundante leitura de jornais de minha juventude - admiração que não poderia 
perder facilmente. Causava-me enorme impressão a gravidade com que a Câmara dos 
Comuns cumpria a sua missão (como de maneira tão atraente costuma descrever a 
nossa imprensa). Poderia haver uma forma mais elevada de self .government de um 
povo?
     Justamente por isso é que eu era um 
inimigo do Parlamento austríaco. Considerava a sua forma de atuação indigna do 
grande modelo. Além disso, acrescia o 
seguinte:
     O destino do germanismo (Deutschtum) 
no Estado Austríaco dependia de sua posição no Reichsrot. Até à introdução do 
sufrágio universal e secreto, os alemães, no Parlamento, estavam em maioria, 
embora pequena. Já esse estado de coisas era grave, pois não merecendo a 
social-democracia a confiança nacional, esta, para não afugentar os adeptos não 
alemães, era sempre, nas questões críticas referentes ao germanismo, contrária 
às aspirações alemãs. Já naquela época a social-democracia não podia ser 
considerada um partido alemão. Com a introdução do sufrágio universal cessou a 
supremacia alemã, numericamente falando. Não havia, pois, nenhum empecilho no 
caminho da futura desgermanização do Estado.
     Já 
naquele tempo, o instinto de conservação nacional fazia com que eu me sentisse 
pouco inclinado pela representação popular, na qual a raça alemã, em vez de ser 
representada, era sempre traída. Entretanto, esses defeitos, como muitos outros, 
não deviam ser atribuídos ao sistema em si, mas ao Estado austríaco. Eu pensava 
outrora que, com o restabelecimento da maioria alemã, nos corpos 
representativos, não haveria mais necessidade de uma atitude doutrinária contra 
aquela instituição,. enquanto perdurasse o velho Estado 
austríaco.
     Com essa disposição interior entrei 
pela primeira vez nos tão sagrados quão disputados salões. É verdade que para 
mim eles só eram sagrados devido à beleza da magnífica construção. Uma 
obra-prima helênica em terra alemã.
     Mas, dentro 
de pouco tempo, sentia verdadeira indignação ao assistir ao lamentável 
espetáculo que se desenrolava ante meus 
olhos.
     Estavam presentes centenas desses 
representantes do povo, que tinham de tomar atitude sobre uma questão de 
importância econômica.
     Bastou para mim esse 
primeiro dia para fazer refletir durante semanas e semanas sobre a 
situação.
     O conteúdo mental do que se discutia 
era de uma "elevação" deprimente, a julgar pelo que se podia compreender do 
falatório, pois alguns deputados não falavam alemão e, sim línguas eslavas, ou 
melhor, seus dialetos. O que, até então, só conhecia através da leitura de 
jornais, tinha agora oportunidade de ouvir com os meus próprios ouvidos. Era uma 
massa agitada que gesticulava e gritava em todos os tons. Um velhote inofensivo 
se esforçava, suando por todos os poros, para restabelecer a dignidade da casa, 
agitando uma campainha, ora falando com benevolência, ora 
ameaçando.
     Tive de 
rir.
     Algumas semanas mais tarde, tornei a 
aparecer na Câmara. O quadro estava mudado a ponto de não ser reconhecido. A 
sala completamente vazia. Dormia-se lá em baixo. Alguns deputados se encontravam 
em seus lugares e bocejavam. Um deles "falava". Estava presente um vice 
presidente da Câmara, o qual, visivelmente aborrecido, percorria a sala com os 
olhos.
     Surgiram-me as primeiras dúvidas. Cada 
vez que se me oferecia uma oportunidade, corria para lá. e observava silenciosa 
e atentamente o quadro, ouvia os discursos, sempre que podia compreendê-los, 
estudava as fisionomias mais ou menos inteligentes desses eleitos das raças 
daquele triste Estado e, aos poucos, fazia as minhas próprias 
reflexões.
     Bastou um ano dessa calma observação 
para modificar ou afastar definitivamente o meu juízo sobre o caráter dessa 
instituição. No meu íntimo já tinha tomado atitude contra a forma adulterada que 
essa instituição tomava na Áustria. Já não podia mais aceitar o Parlamento em 
si. Até então eu vira o insucesso do Parlamento austríaco na falta de uma 
maioria alemã: agora, porém, eu reconhecia a fatalidade na essência e caráter 
dessa instituição.
     Naquela ocasião 
apresentou-se-me uma série de questões. Comecei a familiarizar-me com o 
princípio da resolução por maioria como base de toda a Democracia. Entretanto, 
não dispensava menor atenção aos valores mentais e morais dos cavalheiros que, 
como eleitos do povo, deviam servir a esse 
desideratum..
     Aprendi assim a conhecer ao mesmo 
tempo a instituição e os seus 
representantes.
     No decurso de alguns anos, 
desenvolveu-se em minha mente o tipo plasticamente claro do fenômeno mais 
respeitável dos nossos tempos, o homem parlamentar. Começou-se a gravar de tal 
forma em minha memória, que não sofreu modificação essencial daí por 
diante.
     Desta vez também o ensino intuitivo da 
realidade prática evitou que eu aceitasse uma teoria que, à primeira vista, tão 
sedutora parece a muitos e que, entretanto, deve ser contada entre os sinais de 
decadência da humanidade.
     A atual Democracia do 
ocidente é a precursora do marxismo, que sem ela seria inconcebível Ela oferece 
um terreno propicio, no qual consegue desenvolver-se a epidemia. Na sua 
expressão externa - o parlamentarismo - apareceu como um mostrengo "de lama e de 
fogo", no qual, a pesar meu, o fogo parece ter-se consumido depressa demais. Sou 
muito grato ao destino por ter-me apresentado essa questão a exame, 
anteriormente em Viena, pois cismo que, na Alemanha, não poderia tê-la resolvido 
tão facilmente. Se eu tivesse reconhecido em Berlim, pela primeira vez, o 
absurdo dessa instituição chamada Parlamento, teria talvez caldo no extremo 
oposto e, sem aparente boa razão, talvez me tivesse enfileirado entre aqueles a 
cujos olhos o bem do povo e do Império está na exaltação da idéia imperial e que 
assim se põem, cegamente, em oposição à humanidade e ao seu 
tempo.
     Isso seria impossível na 
Áustria.
     Lã não era tão fácil cair de um erro 
no outro. Se o Parlamento nada valia, menos ainda valiam os Habsburgos. Lá a 
rejeição do parlamentarismo, por si só, não resolveria nada, pois ficaria de pé 
a pergunta: e depois? A eliminação do Reichsrat deixaria ficar, como único poder 
governamental, a casa dos Habsburgos, - idéia que se me afigurava 
intolerável.
     A dificuldade desse caso 
particular conduziu-me a estudar o problema de maneira mais profunda do que, de 
outra forma, teria feito em tão verdes anos.
     O 
que mais que tudo e com mais insistência me fazia refletir no exame do 
parlamentarismo era a falta evidente de qualquer responsabilidade individual dos 
seus membros.
     O Parlamento toma qualquer 
decisão - mesmo as de conseqüências mais funestas - e ninguém é por ela 
responsável, nem é chamado a prestar 
contas.
     Pode-se, porventura, falar em 
responsabilidade, quando, após um colapso sem precedentes, o governo pede 
demissão, quando a coalizão se modifica, ou mesmo o Parlamento se 
dissolve?
     Poderá, por acaso, uma maioria 
hesitante de homens ser jamais 
responsabilizada?
     Não está todo conceito de 
responsabilidade intimamente ligado à personalidade? 
     Pode-se, na prática, responsabilizar o dirigente 
de um governo pelos atos cuja existência e execução devem ser levadas à conta da 
vontade e do arbítrio de um grande grupo de 
homens?
     Porventura consistirá a tarefa do 
estadista dirigente não tanto em produzir um pensamento criador, um programa, 
como na arte com que torna compreensível a natureza de seus planos a um estúpido 
rebanho, com o fim de implorar-lhe o final assentimento? Pode ser critério de um 
estadista que ele deva ser tão forte na arte de convencer como na habilidade 
política da escolha das grandes linhas de conduta ou de 
decisão?
     Está provada a incapacidade de um 
dirigente pelo fato de não conseguir ele ganhar, para uma determinada idéia, a 
maioria de uma aglomeração reunida mais ou menos por simples 
acaso?
     Já aconteceu que essas câmaras 
compreendessem uma idéia antes que o êxito se tornasse o proclamador da grandeza 
dessa mesma idéia?
     Toda ação genial neste mundo 
não é um protesto do gênio contra a inércia da 
massa?
     Que pode fazer o estadista que só 
consegue pela lisonja conquistar o favor desse aglomerado para os seus 
planos?
     Deve ele comprar o apoio desses 
representantes do povo ou deve - em lace da tolice da execução das tarefas 
consideradas vitais - retrair-se e permanecer 
inativo?
     Em tal caso, não se dá um conflito 
insolúvel entre a aceitação desse estado de coisas e a decência ou, melhor, a 
opinião sincera.
     Onde está o limite que separa 
o dever para com a coletividade e o compromisso da honra 
pessoal?
     Qualquer verdadeiro dirigente não 
deverá abster-se de degradar-se assim em aproveitador 
político?
     E, inversamente, não deverá todo 
aproveitador estar destinado a "fazer" política, desde que a responsabilidade 
não caberá, afinal, a ele, mas à massa 
intangível?
     O princípio da maioria parlamentar 
não deve conduzir ao desaparecimento da unidade de 
direção?
     Acreditamos, acaso, que o progresso 
neste mundo provenha da ação combinada de maiorias e não de cérebros 
individuais?
     Ou pensa-se que, no futuro, 
podemos dispensar essa concepção de cultura 
humana?
     Não parece, ao contrário, que a 
competência hoje seja mais necessária do que 
nunca?
     Negando a autoridade do indivíduo e 
substituindo-a pela soma da massa presente em qualquer tempo, o princípio 
parlamentar do consentimento da maioria peca contra o princípio básico da 
aristocracia da natureza; e, sob esse ponto de vista, o conceito do princípio 
parlamentar sobre a nobreza nada tem a ver com a decadência atual de nossa alta 
sociedade.
     Para um leitor de jornais judeus é 
difícil imaginar os mais que a Instituição do controle democrático pelo 
parlamento ocasiona, a não ser que ele tenha aprendido a pensar e a examinar o 
assunto com independência. Ela é a causa principal da incrível dominação de toda 
a vida política justamente pelos elementos de menos valor. Quanto mais os 
verdadeiros chefes forem afastados das atividades políticas, que consistem 
principalmente, não em trabalho criativo e produção, mas no regatear e comprar 
os favores da maioria, tanto mais a atuação política descerá ao nível das 
mentalidades vulgares e tanto mais essas se sentirão atraídas para a vida 
pública.
     Quanto mais tacanho for, hoje em dia, 
em espírito e saber, um tal mercador de couros, quanto mais clara a sua própria 
intuição lhe fizer ver a sua triste figura, tanto mais louvará ele um sistema 
que não lhe exige a força e o gênio de um gigante, mas contenta-se com a astúcia 
de um alcaide e chega mesmo a ver com melhores olhos essa espécie de sapiência 
que a de um Péricles. Além disso, um palerma assim não precisa atormentar-se com 
a responsabilidade de sua ação. Ele está fundamentalmente isento dessa 
preocupação, porque, qualquer que seja o resultado de suas tolices de estadista, 
sabe ele muito bem que, desde muito tempo, o seu fim está escrito: um dia terá 
de ceder o lugar a um outro espírito tão grande quanto ele próprio. Uma das 
características de tal decadência é o fato de aumentar a quantidade de "grandes 
estadistas" à proporção que se contrai a escala do valor individual. O valor 
pessoal terá de tornar-se menor à medida que crescer a sua dependência de 
maiorias parlamentares, pois tanto os grandes espíritos recusarão ser esbirros 
de ignorantões e tagarelas, como, inversamente, os representantes da maioria, 
isto é, da estupidez, nada mais odeiam que uma cabeça que 
reflete.
     Sempre consola a uma assembléia de 
simplórios conselheiros municipais saber que tem à sua frente um chefe cuja 
sabedoria corresponde ao nível dos presentes. Cada um terá o prazer de fazer 
brilhar, de tempos em tempos, uma fagulha de seu espírito; e, sobretudo, se 
Sancho pode ser chefe, por que não o pode ser 
Martinho?
     Mas, ultimamente, essa invenção da 
democracia fez surgir uma qualidade que hoje se transformou em uma verdadeira 
vergonha, que é a covardia de grande parte de nossa chamada "liderança". Que 
felicidade poder a gente esconder-se, em todas as verdadeiras decisões de alguma 
importância, por trás das chamadas 
maiorias!
     Veja-se a preocupação de um desses 
salteadores políticos em obter a rogos o assentimento da maioria, garantindo-se 
a si e aos seus cúmplices, para, em qualquer tempo, poder alienar a 
responsabilidade. E eis aí uma das principais razões por que essa espécie de 
atividade política é desprezível e odiosa a todo homem de sentimentos decentes 
e, por. tanto, também de coragem, ao passo que atrai todos os caracteres 
miseráveis - aqueles que não querem assumir a responsabilidade de suas ações, 
mas antes procuram fugir-lhe, não passando de covardes pulhas. Desde que os 
dirigentes de uma nação se componham de tais entes desprezíveis, muito depressa 
virão as conseqüências. Ninguém terá mais a coragem de uma ação decisiva: toda 
desonra, por mais ignominiosa, será aceita de preferência à resolução corajosa. 
Ninguém mais está disposto a arriscar a sua pessoa e a sua cabeça para executar 
uma decisão temerária.
     Uma coisa não se pode e 
não se deve esquecer: a maioria jamais pode substituir o homem. Ela é sempre a 
advogada não só da estupidez, mas também da covardia, e assim como cem tolos 
reunidos não somam um sábio, uma decisão heróica não é provável que surja de um 
cento de covardes.
     Quanto menor for a 
responsabilidade de cada chefe individualmente, mais crescerá o número daqueles 
que se sentirão predestinados a colocar ao dispor da nação as suas forças 
imortais. Com impaciência, esperarão que lhes chegue a vez; eles formam em longa 
cauda e contam, com doloridos lamentos, o número dos que esperam na sua frente e 
quase que calculam a hora quando possivelmente alcançarão o seu desiderato. Daí 
a ânsia por toda mudança nos cargos por eles cobiçados e daí serem eles gratos a 
cada escândalo que lhes abre mais uma vaga. Caso um deles não queira recuar da 
posição tomada, quase que sente isso como quebra de uma combinação sagrada de 
solidariedade comum. Então é que eles se tornam maldosos e não sossegam enquanto 
o desavergonhado, finalmente vencido, não põe o seu lugar novamente à disposição 
de todos. Por isso mesmo, não alcançará ele tão cedo essa posição. Quando uma 
dessas criaturas é forçada a desistir do seu posto, procurará imediatamente 
intrometer-se de novo na fileira dos que estão na expectativa, a não ser que o 
impeça, então, a gritaria e as injúrias dos 
outros.
     O resultado disso é a terrível rapidez 
de mudança nas mais altas posições e funções, em um Estado como o nosso, fato 
que é desfavorável, de qualquer modo, e que freqüentemente opera com efeitos 
absolutamente catastróficos, porque não só o estúpido e o incapaz são vitimados 
por esses métodos de proceder, mas mesmo os verdadeiros chefes, se algum dia o 
destino os colocar nessas posições de 
mando.
     Logo que se verifica o aparecimento de 
um homem excepcional, imediatamente se forma uma frente fechada de defesa, 
sobretudo se um tal cabeça, não saindo das próprias fileiras, ousar, mesmo 
assim, penetrar nessa sublime sociedade. O que eles querem fundamentalmente é 
estarem entre si, e é considerado inimigo comum todo cérebro que possa 
sobressair no meio de tantas nulidades. E, nesse sentido, o instinto é tanto 
mais agudo quanto é falho a outros respeitos.
     O 
resultado será assim sempre um crescente empobrecimento espiritual das classes 
dirigentes. Qualquer um, desde que não pertença a essa classe de "chefes", pode 
julgar quais sejam as conseqüências para a nação e para o Estado. 
     O regime parlamentar na velha Áustria já 
existia em germe.
     É verdade que cada chefe de 
gabinete ministerial era nomeado pelo imperador e rei, porém essa nomeação nada 
mais era do que a execução da vontade parlamentar. O hábito de disputar e 
negociar as várias pastas já era democracia ocidental do mais puro quilate. Os 
resultados correspondentes também aos princípios em voga. Em particular, a 
mudança de personalidades se dava em períodos cada vez mais curtos, para 
transformar-se, finalmente, numa verdadeira caçada. Ao mesmo tempo decaía 
crescentemente a grandeza dos "estadistas" de então, até que só ficou aquele 
pequeno tipo de espertalhão parlamentar, cujo valor se aquilatava e reconhecia 
pela capacidade com que conseguia promover as coligações de então, isto é, com 
que realizava os pequeninos negócios políticos - únicos que justificavam a 
vocação desses representantes do povo para um trabalho 
prático
     Nesse terreno oferecia a escola de 
Viena as melhores perspectivas ao observador.
     O 
que me impressionava também era o paralelo entre a capacidade e o saber desses 
representantes do povo e a gravidade dos problemas que tinham de resolver. Quer 
se quisesse, quer não, era preciso também atentar mais de perto para o horizonte 
mental desses eleitos do povo, sendo ainda impossível deixar de dar a atenção 
necessária aos processos que conduzem ao descobrimento desses impressionantes 
aspectos de nossa vida pública      Valia a pena também 
estudar e examinar a fundo a maneira pela qual a verdadeira capacidade desses 
parlamentares era empregada e posta a serviço da pátria, ou seja o processo 
técnico de sua atividade.
     O panorama da vida 
parlamentar parecia tanto mais lamentável quanto mais se penetrava nessas 
relações íntimas e se estudavam as pessoas e o fundamento das coisas, com 
desassombrada objetividade. E isso vem muito a propósito, tratando-se de uma 
instituição que, por intermédio de seus detentores, a todo passo se refere à 
"objetividade" como única base justa de qualquer atitude. Examinem-se esses 
cavalheiros e as leis de sua amarga existência e o resultado a que se chegará 
será espantoso.
     Não há um princípio que, 
objetivamente considerado, seja tão errado quanto o 
parlamentar.
     Pode-se mesmo, nesse caso, 
abstrair inteiramente a maneira pela qual se realiza a escolha dos senhores 
representantes do povo, mesmo os processos por que chegam a seu posto e à sua 
nova dignidade, Considerando que a compreensão política da grande massa não está 
tão desenvolvida para adquirir por si opiniões políticas gerais e escolher 
pessoas adequadas, chegar-se-á com facilidade à conclusão de que, nos 
parlamentos, só em proporção mínima, é que se trata da realização de um desejo 
geral ou mesmo de uma necessidade pública.
     A 
nossa concepção ordinária da expressão "opinião pública" só em pequena escala 
depende de conhecimento ou experiências pessoais, mas antes do que outros nos 
dizem. E isso nos é apresentado sob a forma de um chamado "esclarecimento" 
persistente e enfático.
     Do mesmo modo- que o 
credo religioso resulta da educação, ao passo que o sentimento religioso dormita 
no íntimo da criatura, assim a opinião política da massa é o resultado final do 
trabalho, às vezes incrivelmente árduo e intenso, da inteligência 
humana.
     A quota mais eficiente na "educação" 
política, que, no caso, com muita propriedade, é chamada "propaganda", é a que 
cabe à imprensa, a que se reserva a "tarefa de esclarecimento" e que assim se 
constitui em uma espécie de escola para adultos. Todavia, essa instrução não 
está nas mãos do Estado, mas é exercida por forças em geral de caráter muito 
inferior. Quando ainda jovem, em Viena, eu tive as melhores oportunidades para 
adquirir conhecimento seguro sobre os chefes e sobre os hábeis operários mentais 
dessa máquina destinada à educação popular.
     O 
que primeiro me impressionou foi a rapidez com que aquela força perniciosa do 
Estado conseguia fazer vitoriosa uma definida opinião, muito embora essa opinião 
implicasse no falseamento dos verdadeiros desejos e idéias do público. Dentro de 
poucos dias um absurdo irrisório se tornava um ato governamental de grande 
importância, ao mesmo tempo que problemas essenciais caíam no esquecimento geral 
ou antes eram roubados à atenção das 
massas.
     Assim, no decurso de algumas semanas, 
alguns nomes eram como que magicamente tirados do nada e, em torno deles, se 
erguiam incríveis esperanças no espírito público; dava-se-lhes uma popularidade, 
que nenhum verdadeiro homem jamais esperaria conseguir durante toda a sua vida. 
Ao mesmo tempo, perante os seus contemporâneos, velhos e dignos caracteres da 
vida pública e administrativa eram considerados mortos, quando se achavam em 
plena eficiência, ou eram cumulados de tantas injúrias que seus nomes pareciam 
prestes a tornar-se símbolos de infâmia. Era necessário estudar esse vergonhoso 
método judeu de, como por encanto, atacar de todos os lados e lançar lama, sob a 
forma de calúnia e difamação, sobre a roupa limpa de homens honrados, para 
aquilatar. em seu justo valor, todo o perigo desses patifes da 
imprensa.
     Não há nenhum meio a que não recorra 
um tal salteador moral para chegar aos seus 
objetivos.
     Ele meterá o focinho nas mais 
secretas questões de família e não sossegará enquanto o seu faro não tiver 
descoberto um miserável incidente que possa determinar a derrota da infeliz 
vítima. Caso nada seja encontrado, quer na vida pública quer na vida particular, 
o patife lança mão da calúnia, firmemente convencido, não só de que, mesmo 
depois de milhares contestações, alguma coisa sempre fica, como também de que 
devido a centenas de repetições que essa demolição da honra encontra entre os 
cúmplices, impossível é à vítima manter a luta na maioria dos casos. Essa corja 
nem mesmo age por motivos que possam ser compreensíveis para o resto da 
humanidade.
     Deus nos livre! Enquanto um bandido 
desses ataca - o resto da humanidade, essa gente esconde-se por trás de uma 
verdadeira nuvem de probidade e frases untuosas, tagarela sobre "dever 
jornalístico" e quejandas balelas e alteia-se até a falar em "ética" de 
imprensa, em assembléias e congressos, ocasiões em que a praga se encontra em 
maior número e em que a corja mutuamente se 
aplaude.
     Essa súcia, porém, fabrica mais de 
dois terços da chamada "opinião pública", de cuja espuma nasce a Afrodite 
parlamentar.
     Seria necessário escrever volumes 
para poder pintar com exatidão esse processo e representá-lo na sua inteira 
falsidade. Mas, mesmo abstraindo tudo isso e observando somente os efeitos da 
sua atividade, parece-me isso suficiente para esclarecer o espírito mais crédulo 
quanto à insensatez objetiva dessa 
instituição.
     Mais depressa e mais facilmente 
compreenderemos a falta de senso e perigo dessa aberração humana se compararmos 
o sistema democrático parlamentar com uma verdadeira democracia 
germânica.
     Na primeira, o ponto mais importante 
é o número. Suponhamos que quinhentos homens (ultimamente também mulheres), são 
eleitos e chamados a dar solução definitiva sobre tudo. Praticamente, porém, só 
eles constituem o governo, pois se é verdade que dentro deles é escolhido o 
gabinete, o mesmo, só na aparência, pode fiscalizar os negócios públicos. Na 
realidade, esse chamado governo não pode dar um passo sem que antes lhe seja 
outorgado o assentimento geral da assembléia. O Governo contudo não pode ser 
responsável por coisa alguma, desde que o julgamento final não está em suas mãos 
mas na maioria parlamentar.
     Ele só existe para 
executar a vontade da maioria parlamentar em todos os casos. Propriamente só se 
poderia ajuizar de sua capacidade política pela arte com que ele consegue se 
adaptar à vontade da maioria ou atrair para si essa mesma maioria. Cai, assim, 
da posição de verdadeiro governo para a de mendigo da maioria ocasional. Na 
verdade, o seu problema mais premente consistirá, em vários casos, em 
garantir-se o favor da maioria existente ou em provocar a formação de uma nova 
mais favorável. Caso consiga isso, poderá continuar a "governar" por mais algum 
tempo; caso não o consiga, terá de resignar o poder. A retidão de suas 
intenções, por si só, não importa.
     A 
responsabilidade praticamente deixa de 
existir.
     Uma simples consideração mostra a que 
ponto isso conduz.
     A composição intima dos 
quinhentos representantes do povo, eleitos, segundo a profissão ou mesmo segundo 
a capacidade de cada um, resulta em um quadro tão disparatado quanto lastimável. 
Não se irá pensar por acaso que esses eleitos da nação sejam também eleitos da 
inteligência. Não é de esperar que das cédulas de um eleitorado capaz de tudo, 
menos de ter espírito, surjam estadistas às centenas. Ademais, nunca é excessiva 
a negação peremptória à idéia tola de que das eleições possam nascer gênios. Em 
primeiro lugar, só muito raramente aparece em uma nação um verdadeiro estadista 
e muito menos centenas de uma só vez; em segundo lugar, é verdadeiramente 
instintiva a antipatia da massa contra qualquer gênio que se destaque. É mais 
fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha que ser "descoberto" um grande 
homem por uma eleição. O indivíduo que realmente ultrapassa a medida normal do 
tipo médio costuma fazer-se anunciar, na história universal, pelos seus próprios 
atos, pela afirmação de sua 
personalidade.
     Quinhentos homens, porém, de 
craveira abaixo da medíocre, decidem sobre os negócios mais importantes da 
nação, estabelecem governos que em cada caso e em cada questão têm de procurar o 
assentimento da erudita assembléia. Assim é que, na realidade, a política é 
feita pelos quinhentos.
     Mas, mesmo pondo de 
lado o gênio desses representantes do povo, considere-se a quantidade de 
problemas diferentes que esperam solução, muitas vezes em casos opostos, e 
facilmente se compreenderá o quanto é imprestável uma instituição governamental 
que transfere a uma assembléia o direito de decisão final - assembléia essa que 
possui em quantidade mínima conhecimentos e experiência dos assuntos a serem 
tratados. As mais importantes medidas econômicas são assim submetidas a um foro 
cujos membros só na porcentagem de um décimo demonstraram educação econômica. E 
isso não é mais que confiar a decisão última a homens aos quais falta em 
absoluto o devido preparo.
     Assim acontece 
também com qualquer outra questão. A decisão final será dada sempre por uma 
maioria de ignorantes e incompetentes, pois a organização dessa instituição 
permanece inalterada, ao passo que os problemas a serem tratados se estendem a 
todos os ramos da vida pública, exigindo, pois, constante mudança de deputados 
que sobre eles tenham de julgar e decidir. É de todo impossível que os mesmos 
homens que tratam de questões de transportes, se ocupem, por exemplo, com uma 
questão de alta política exterior. Seria preciso que todos fossem gênios 
universais, como só de séculos em séculos aparecem. Infelizmente trata-se, não 
de verdadeiras "cabeças", mas sim de diletantes, tão vulgares quanto convencidos 
do seu valor, enfim de mediocridade da pior espécie. Daí provém a leviandade 
tantas vezes incompreensível com que os parlamentares falam e decidem sobre 
coisas que mesmo dos grandes espíritos exigiriam profunda meditação. Medidas da 
maior relevância para o futuro de um Estado ou mesmo de uma nação são tomadas 
como se se tratasse de uma simples partida de jogo de baralho e não do destino 
de uma raça.
     Seria certamente injusto pensar 
que todo deputado de um tal parlamento tivesse sempre tão pouco sentimento de 
responsabilidade. Não. Absolutamente 
não.
     Obrigando esse sistema o indivíduo a tomar 
posição em relação a questões que não lhe tocam de perto, ele corrompe aos 
poucos o seu caráter. Não há um deles que tenha a coragem de declarar: "Meus 
senhores, eu penso que nada entendemos deste assunto. Pelo menos eu não entendo 
absolutamente". Aliás, isso pouco modificaria, pois certamente essa maneira de 
ser franco seria inteiramente incompreendida e, além disso, não se haveria de 
estragar o brinquedo por caso de um asno honesto. Quem, porém, conhece os 
homens, compreende que em uma sociedade tão ilustre ninguém quer ser o mais tolo 
e, em certos círculos, honestidade é sempre sinônimo de 
estupidez.
     Assim é que o representante ainda 
sincero é jogado forçosamente no caminho da mentira e da falsidade. Justamente a 
convicção de que a reação individual pouco ou nada modificaria, mata qualquer 
impulso sincero que porventura surja em um ou outro. No final de contas, ele se 
convencerá de que, pessoalmente, longe está de ser o pior entre os demais e que 
com sua colaboração talvez impeça maiores 
males.
     É verdade que se fará a objeção de que o 
deputado pessoalmente poderá não conhecer este ou aquele assunto, mas que a sua 
atitude será guiada pela fração a que pertença; esta, por sua vez, terá as suas 
comissões especiais que serão suficientemente esclarecidas pelos entendidos. À 
primeira vista, isso parece estar certo. Surgiria, porém, a pergunta: por que se 
elegem quinhentos, quando só alguns possuem a sabedoria suficiente para tomarem 
atitude nas questões mais importantes?
     Aí é que 
está o busilis.
     Não é móvel de nossa atual 
Democracia formar uma assembléia de sábios, mas, ao contrário, reunir uma 
multidão de nulidades subservientes, que possam ser facilmente conduzidas em 
determinadas direções definidas, dada a estreiteza mental de cada uma delas. Só 
assim pode ser feito o jogo da política partidária, no mau sentido que hoje tem. 
Mas isso, por sua vez, torna possível que os que manobram os cordéis fiquem em 
segurança por trás dos bastidores, sem possibilidade de serem tornados 
pessoalmente responsáveis. Atualmente, uma decisão, por mais nociva que seja ao 
povo, não pode ser atribuída, perante os olhos do público, a um patife único, ao 
passo que pode sempre ser transferida para os ombros de todo um 
grupo.
     Praticamente, pois, não há 
responsabilidade, porque a responsabilidade só pode recair sobre uma 
individualidade única e não sobre as gaiolas de tagarelice que são as 
assembléias parlamentares.
     Por isso esse tipo 
de Democracia se tornou o instrumento da raça que, para a consecução de seus 
objetivos, tem de evitar a luz do sol, agora, e sempre. Ninguém, a não ser um 
judeu, pode estimar uma instituição que é tão suja e falsa quanto ele 
próprio.
     Em contraposição ao que precede, está 
a verdadeira democracia germânica. que escolhe livremente o seu chefe, sobre 
quem recai a inteira responsabilidade de todos os atos que pratique ou deixe de 
praticar. Nela não há a votação de uma maioria no que se refere às várias 
questões, sem a determinação de um indivíduo único que responda com seus bens e 
vida por suas decisões.
     Caso se objete que em 
tais condições só dificilmente haverá alguém que queira dedicar a sua pessoa a 
tão arriscada tarefa, poder-se-á retrucar:
     O 
verdadeiro sentido da democracia germânica reside, justamente, graças a Deus, no 
fato de não ser possível ao primeiro ambicioso, indigno ou impostor, chegar, por 
caminhos escusos, ao governo de seu povo. A extensão da responsabilidade 
assumida afasta os incompetentes e os 
fracos.
     Na hipótese de um indivíduo dessa 
estofa tentar insinuar-se, fácil será ir-lhe ao encontro com esta apóstrofe: 
Para fora, covarde, patife. Retira o pé, tu maculas os degraus da escada, pois a 
ascensão ao panteon da história não é para os que rastejam e, sim, para os 
heróis!
     Após dois anos de freqüência ao 
parlamento de Viena já havia chegado a essa 
conclusão.
     Não me aprofundei mais sobre o 
assunto.
     O regime parlamentar teve, como seu 
principal mérito, enfraquecer, nos últimos anos, o velho Estado dos Habsburgos. 
Quanto mais se enfraquecia, pela sua ação, o predomínio do germanismo, tanto 
mais se caía em um regime de choque entre as várias raças. No próprio Reichsrat 
isso se dava sempre à custa do Império, pois, por volta da passagem do século, o 
mais inocente indivíduo veria que a força de atração da monarquia não conseguia 
mais banir as tendências separatistas dos diferentes 
povos.
     Ao 
contrário.
     Quanto mais mesquinhos se tornavam 
os meios empregados pelo Estado para a sua conservação, tanto mais aumentava o 
desprezo geral pelo mesmo Estado. Não só na Hungria, como também nas várias 
províncias eslavas, o sentimento de fidelidade à monarquia era tão frágil que a 
sua fraqueza não era considerada uma vergonha. Esses sinais de declínio que 
apareciam provocavam até alegria, pois era mais desejada a morte que a 
convalescença do antigo regime.
     No parlamento 
conseguiu-se evitar o colapso total por uma renúncia indigna e pela realização 
de toda sorte de opressão sobre o elemento germânico. No interior jogava-se, 
habilidosamente, um povo contra o outro. Entretanto, nas linhas gerais, a 
atuação política era dirigida contra os alemães. Sobretudo, desde que a sucessão 
ao trono começara a dar ao arquiduque Fernando uma certa influência, 
estabeleceu-se um plano regular na tchequização praticada pelo governo. Aquele 
futuro soberano da dupla monarquia procurava, por todos os meios possíveis, 
fazer progredir a desgermanização, promovendo-a por todos os modos ou, no 
mínimo, defendendo-a. Localidades puramente alemãs eram, por via indireta, na 
burocracia oficial, devagar porém seguramente, incluídas na zona perigosa das 
línguas mistas. Na própria Baixa Áustria esse processo progredia mais ou menos 
rapidamente e muitos tchecos consideravam Viena como a sua principal 
cidade.
     O pensamento predominante desse novo 
Habsburgo, cuja família falava o theco de preferência (a esposa do arquiduque 
era uma condessa tcheca e casara com o príncipe morganaticamente, sendo o meio 
em que ela nascera tradicionalmente anti-germânico), era estabelecer 
gradualmente um Estado eslavo na Europa central, em linhas estritamente 
católicas, como uma proteção contra a Rússia ortodoxa. Nesse sentido, como 
tantas vezes aconteceu aos Habsburgos, a religião era mais uma vez arrastada a 
servir a uma concepção puramente política, concepção lamentável, quando encarada 
do ponto de vista germânico.
     A vários 
respeitos, o resultado foi mais que trágico. Nem a casa dos Habsburgos nem a 
Igreja Católica tiraram o proveito que 
esperavam.
     O Habsburgo perdeu o trono, Roma 
perdeu um grande Estado.
     Chamando forças 
religiosas a servirem a seus fins políticos, a coroa provocou um estado de 
espírito que ela própria inicialmente julgou ser impossível. A tentativa de 
exterminar o germanismo na velha monarquia despertou o movimento pangermanista 
na Áustria.
     Na década de 80 o liberalismo 
manchesteriano, de origem judaica, atingira, se não ultrapassara, o seu ponto 
culminante na monarquia. A reação contra ele, entretanto, não proveio como em 
tudo, na Áustria, de pontos de vista sociais e, sim, de pontos de vista 
nacionais. O instinto de conservação obrigou o germanismo a pôr se em guarda, da 
maneira mais viva. Só em segundo plano é que as considerações econômicas 
começaram a ganhar influência apreciável. Assim- é que desabrocharam, da 
confusão política, dois partidos, um mais nacionalista, outro mais socialista, 
ambos porém altamente interessantes e Instrutivos para o 
futuro.
     Após o fim deprimente da guerra de 1866 
a Casa Habsburgo preocupava-se com a idéia de uma revanche no campo de batalha. 
Só a morte do imperador Maximiliano, do México, cuja expedição infeliz se 
atribuiu em primeira linha a Napoleão III e cujo abandono, por parte dos 
franceses, provocou geral indignação, evitou uma aliança mais íntima com a 
França. Entretanto, os Habsburgos estavam de alcatéia na ocasião. Caso a guerra 
de 1870-71 não se tivesse transformado numa expedição triunfal, única no gênero, 
a corte de Viena teria ousado tentar um golpe sangrento de vingança por causa de 
Sadowa. Quando, porém, chegaram as primeiras narrações dos feitos heróicos dos 
campos de batalha, maravilhosos e quase incríveis e, no entretanto, verdadeiros, 
o mais "sábio> de todos os monarcas reconheceu que a hora não era propícia e 
aparentou alegrar-se com o que, na realidade, contrariava os seus 
planos.
     A luta de heróis desses dois anos 
conseguira milagre muito mais formidável, pois, quanto aos Habsburgos, a sua 
atitude modificada jamais correspondia a um impulso íntimo de coração, mas sim à 
força das circunstâncias. O povo alemão, na velha Marca oriental, foi arrastado 
pela embriaguez da vitória do Reich e via, profundamente comovido, a 
ressurreição do sonho dos antepassados convertido em maravilhosa 
realidade.
     Que ninguém se engane, porém. O 
Austríaco de sentimento verdadeiramente germânico reconhecera, dessa hora em 
diante, em Königratz, a condição tão trágica quanto indispensável da restauração 
do império, o qual não devia estar ligado ao marasmo podre da antiga aliança, e 
não o estava.
     Sobretudo ele, aprendeu a sentir, 
à sua própria custa, que a casa dos Habsburgos terminara a sua missão histórica 
e que o novo Império só poderia eleger imperador quem, pelo seu sentimento 
histórico, fosse capaz de oferecer uma cabeça digna à "coroa do Reno". Tanto 
mais era, pois, de louvar o destino por ter realizado essa investidura no 
rebento de uma dinastia que, com Frederico, o Grande, já dera à nação, em tempos 
perturbados, um exemplo eloqüente para inspirar a grandeza da 
raça.
     Quando, porém, após a grande guerra, a 
casa dos Habsburgos se lançou decididamente no caminho da destruição lenta porém 
inexorável, da perigosa germanização da dupla monarquia (cujas intenções intimas 
não podiam deixar dúvidas) - e esse tinha de ser o fim da política de 
eslavização - irrompeu a resistência do povo condenado ao extermínio e de 
maneira nunca vista na história alemã dos tempos 
modernos.
     Pela primeira vez, homens de 
sentimentos nacionalistas e patrióticos se fizeram rebeldes. Rebeldes, não 
contra a nação ou contra o Estado, e sim contra uma forma de governo que, 
segundo as suas convicções, tinha de conduzir ao aniquilamento da própria 
raça.
     Pela primeira vez, na história alemã, 
contemporânea, o patriotismo corrente, dinástico, se divorciou do amor à pátria 
e ao povo.
     Deve-se ao movimento pangermanista 
da Áustria alemã da década de 90 o ter constatado de maneira clara e 
insofismável que uma autoridade pública só tem direito de exigir respeito e 
proteção, quando ela corresponde aos desejos de uma nacionalidade ou pelo menos 
quando não lhe causa dano.
     Não pode haver 
autoridade pública que se justifique pelo simples fato de ser autoridade, pois, 
nesse caso, toda tirania neste mundo seria inatacável e 
sagrada.
     Quando, por força da ação do governo, 
uma nacionalidade é levada à destruição, a rebelião de cada um dos indivíduos de 
um tal povo não é só um direito, mas também um dever. Quando um caso assim se 
apresenta a questão não se decide por considerações teóricas, mas pela violência 
e - pelo êxito.
     Como todo poder público, 
naturalmente, chama a si o dever de conservar a autoridade do Estado, mesmo que 
ela seja má e traia mil vozes os desejos de uma nacionalidade, o instinto de 
conservação, em luta com esse poder pela conquista da liberdade ou da 
independência, terá de usar das mesmas armas com as quais o adversário procura 
manter-se. A luta será, portanto, travada com o recurso aos meios "legais". 
enquanto o povo não deverá recuar mesmo diante de meios ilegais, quando o 
opressor colocar-se fora da lei.
     De um modo 
geral, não se deve esquecer nunca que a conservação de um Estado ou de um 
governo não é o mais elevado fim da existência humana, mas o de conservar o seu 
caráter racial. Caso este se ache em perigo de ser dominado ou eliminado, a 
questão da legalidade terá apenas importância secundária. Mesmo que o poder 
dominante empregue mil vezes os meios "legais" na sua ação, o instinto de 
conservação dos oprimidos é sempre uma justificação elevada para a luta por 
todos os meios.
     Só admitindo essa hipótese é 
que se pode compreender porque os povos deram tão formidáveis exemplos 
históricos nas lutas pela liberdade, contra a escravização, quer seja interna, 
quer externa.
     Os direitos humanos estão acima 
dos direitos do Estado.
     Se, porém, na luta 
pelos direitos humanos, uma raça é subjugada, significa isso que ela pesou muito 
pouco na balança do destino para ter a felicidade de continuar a existir neste 
mundo terrestre, pois quem não é capaz de lutai pela vida tem o seu fim 
decretado pela providência.
     O mundo não foi 
feito para os povos covardes.
     Quanto é fácil a 
uma tirania proteger-se com o manto da "legalidade", ficou clara e 
eloqüentemente demonstrado com o exemplo da 
Áustria.
     O poder legal do Estado baseava-se, 
então, no anti-germanismo do parlamento, com a sua maioria não-germânica e na 
casa reinante, também germanófoba. Nesses dois fatores, estava encarnada toda a 
autoridade pública. Querer modificar o destino do povo teuto-austríaco dessa 
posição era tolice. Assim, porém, segundo o parecer dos veneradores da 
autoridade do Estado e da legalidade, toda resistência deveria ser abandonada 
por não ser exeqüível por meios legais. Isso, porém, significaria o fim do povo 
alemão na monarquia, necessariamente, forçosamente, e dentro de breve tempo. 
Efetivamente só pela derrocada daquele Estado foi o germanismo salvo desse 
destino.
     Os teoristas de óculos, preferem, 
porém, morrer por sua doutrina a morrer pelo seu 
povo.
     Como os homens, primeiro, criam as leis, 
pensam, depois, que estas estão acima dos direitos 
humanos.
     Foi mérito do movimento pangermanista 
de então na Áustria o ter varrido de uma vez essa tolice, para desespero de 
todos os cavaleiros andantes e fetichistas da teoria do 
Estado.
     Enquanto os Habsburgos tentavam 
perseguir o germanismo, este partido atacava - e impavidamente - a sublime, Casa 
soberana. Pela primeira vez, ele lançou a sonda nesse Estado apodrecido, abrindo 
os olhos a centenas de milhares de pessoas. Foi seu mérito ter libertado a 
maravilhosa noção de amor pátrio da influência dessa triste 
dinastia.
     Aquele partido, nos seus primeiros 
tempos, contava com muitos adeptos, ameaçando mesmo transformar-se em verdadeira 
avalanche. Entretanto, o êxito não durou. Quando cheguei a Viena, o movimento há 
muito já havia sido ultrapassado pelo Partido Cristão Socialista, que alcançara 
o poder e se encontrava em estado de 
decadência.
     Esse processo de evolução e 
desaparecimento do movimento pangermanista de um lado e da incrível ascensão do 
partido socialista, de outro, deveria tornar-se, para mim, da maior importância 
como objeto de estudo.
     Quando cheguei a Viena, 
minhas simpatias estavam inteiramente do lado da orientação 
pangermanista.
     Que se tivesse a coragem de 
exclamar no parlamento - viva Hohenzollern! - me impunha respeito e me causava 
contentamento; que se considerasse esse Partido como parte apenas 
momentaneamente separada do Império alemão e se proclamasse esse sentimento 
publicamente, a cada momento, despertava-me alegre confiança; que se admitissem 
impavidamente todas as questões referentes ao germanismo e nunca se entregassem 
a compromissos parecia-me o único caminho ainda acessível para a salvação de 
nosso povo; que, porém, o movimento, depois de sua magnifica ascensão, tornasse 
a decair, não podia eu compreender. Menos ainda compreendia que o Partido 
Cristão Socialista conseguisse alcançar nessa mesma época, tão grande violência. 
Este havia chegado exatamente ao auge de sua 
glória.
     Ao comparar os dois movimentos, deu-me 
o destino o melhor ensinamento, apressado pela minha aliás triste situação, para 
que eu compreendesse as causas desse 
enigma.
     Preliminarmente, começarei o meu exame 
por dois homens que podem ser considerados os chefes e fundadores dos dois 
partidos: Georg von Schönere e o Dr. Karl 
Lueger.
     Quanto ao ponto de vista do caráter, 
ambos se elevam muito acima da média das chamadas personalidades parlamentares. 
No pantanal de uma corrupção política generalizada, a minha simpatia pessoal de 
início dirigia-se ao pangermanista Schönere e só pouco a pouco também ao chefe 
cristão social.
     Comparados quanto às suas' 
capacidades, já naquele tempo, Schönere me parecia o melhor e mais sólido 
pensador dos problemas básicos. Melhor que qualquer outro, ele reconheceu, de 
modo mais certo e claro, o fim fatal do Estado austríaco. Se as suas 
advertências tivessem achado eco, sobretudo no Reichstag, no que dizia respeito 
à monarquia dos Habsburgos, a desgraça da guerra da Alemanha contra a Europa 
jamais teria acontecido.
     Mas se Schönere 
compreendia os problemas, na sua essência Intima, errava muito quanto aos 
homens.
     Nesse conhecimento estava, ao 
contrário, a força do Dr. Lueger.
     Este era um 
raro conhecedor dos homens, que se precavia de vê-los melhores do que eles são 
na realidade. Por isso contava ele mais com as reais possibilidades da vida, de 
que conhecimento tinha Schönere. Tudo o que pensava o pangermanista estava 
teoricamente certo, mas faltava-lhe a força e a habilidade de transmitir à massa 
o conhecimento teórico, pois essa capacidade é e sempre será limitada. Essa 
falta de real reconhecimento dos homens conduziu, com o correr dos anos, a um 
engano na avaliação de vários movimentos, bem como de instituições 
antiquíssimas.
     Finalmente reconheceu Schönere, 
sem dúvida, que se tratava, no caso, de questões de concepção universal, porém 
não entendeu que a grande massa se presta admiravelmente para detentora dessas 
convicções quase religiosas.
     Infelizmente, teve 
ele uma percepção muito imperfeita das extraordinárias limitações da disposição 
da burguesia para a luta. Devido a sua situação econômica, os burgueses são 
tímidos, não se arriscam a prejuízos, o que sempre os impede de 
agir.
     Essa incompreensão da importância das 
camadas baixas da sociedade foi a causa da extrema ineficiência de suas opiniões 
sobre questões sociais.
     Em tudo Isso o Dr. 
Lueger era o oposto de Schönere.
     O profundo 
conhecimento dos homens fazia com que aquele não só fizesse juízo certo das 
forças aproveitáveis, como também ficasse a coberto de uma avaliação 
demasiadamente baixa das instituições existentes, sendo que, talvez por esse 
motivo, aprendesse a empregá-las em auxilio da consecução de seus 
intentos.
     Ele compreendeu perfeitamente que a 
força combativa da burguesia superior, hoje em dia, é pequena, é insuficiente 
para conseguir a vitória de um grande e novo movimento. Dai vem que atribuía 
grande importância, na sua atividade política, à conquista das camadas cuja 
existência estava ameaçada e, nas quais, por isso mesmo, a vontade de lutar 
servia de estímulo em vez de ser motivo de inércia. Além disso, ele era 
inclinado a empregar todos os meios violentos para atrair a si as fortes 
instituições existentes com o fito de tirar, dessas velhas fontes de poder, todo 
o proveito para o seu movimento.
     Por isso, 
baseou o seu novo partido, em primeira linha na classe média. ameaçada de 
extinção, e assegurou-se, assim, uma classe de adeptos extremamente difíceis de 
serem abalados e dotados de tão grande espírito de sacrifício como de vontade de 
lutar. A sua atitude extremamente hábil em relação à Igreja Católica 
conquistou-lhe, em pequeno espaço, a mais nova geração do clero, e de tal 
maneira que o antigo partido clerical foi forçado a retirar-se do campo ou, mais 
avisadamente, a aderir ao novo partido a fim de, paulatinamente, ganhar posição 
a posição.
     Grande injustiça seria feita a esse 
homem, se se considerasse essa como a sua única característica, pois, além da 
qualidade de um tático inteligente, ele possuía as de um reformador 
verdadeiramente grande e genial. Entretanto, também nessa grande personalidade 
não era completo o conhecimento das possibilidades existentes bem como de sua 
própria capacidade pessoal.
     Os objetivos que 
esse homem verdadeiramente notável se tinha proposto eram eminentemente 
práticos. Ele queria conquistar Viena. Viena era o coração da monarquia. Dessa 
cidade partia ainda o último alento de vida para o corpo doentio e envelhecido 
do império decadente. Quanto mais saudável se tornasse o coração, mais 
facilmente reviveria o resto do corpo. Uma idéia correta em princípio, que, 
porém, só podia ter aplicação durante um tempo determinado e 
limitado.
     Aí é que estava a fraqueza desse 
homem. O que ele realizou como burgomestre na cidade de Viena é imortal no 
melhor sentido da palavra. Mesmo assim, não conseguiu, porém, salvar a monarquia 
- era tarde demais.
     Seu rival Schönere vira 
mais claramente.
     Na sua atuação prática o Dr. 
Lueger obtinha admirável êxito. O efeito, porém, do que ele esperava sempre 
deixava de realizar-se.
     O que Schönere 
desejava, ele não o conseguia; o que ele temia, realizava-se, infelizmente, de 
uma maneira terrível.
     Assim, os dois homens não 
realizaram o seu objetivo. Lueger não pôde mais salvar a Áustria e Schönere não 
conseguiu evitar a ruína do povo alemão.
     É 
infinitamente instrutivo para o nosso tempo estudar a causa do fracasso desses 
dois partidos. É essencial, sobretudo, para os meus amigos, pois, em muitos 
pontos, as condições de hoje são semelhantes às daquele tempo, podendo-se, por 
isso, evitar erros que conduziram à morte de um. movimento e à esterilidade do 
outro.
     O colapso do movimento pangermanista na 
Áustria teve, a meu ver, três causas:
     Primeira; 
a noção pouco clara da importância do problema social, justamente tratando-se de 
um partido novo essencialmente 
revolucionário.
     Enquanto Schönere e seus 
adeptos se dirigiam em primeira linha às camadas burguesas, o resultado só podia 
ser fraco, inofensivo.
     A burguesia alemã é, 
sobretudo nas suas camadas superiores, embora que não o pressintam os 
indivíduos, pacifista a ponto de renunciar a si mesma, principalmente quando se 
trata de questões internas da nação ou do Estado. Nos bons tempos, isto é, nos 
tempos de um bom governo, tal disposição é uma razão do valor extraordinário 
dessas camadas para o Estado; em épocas de governos maus, porém, ela age de 
maneira verdadeiramente maléfica. Para conseguir a realização de uma luta séria, 
o movimento pangermanista tinha de lançar-se á conquista das massas. O fato de 
não se ter agido assim tirou-lhe, de começo, o impulso inicial que uma tal onda 
necessita para não desfazer-se.
     Quando, 
inicialmente, não se tem em mira e não se executa esse princípio básico, o novo 
partido perde, para o futuro, toda possibilidade de evitar os efeitos do erro de 
começo. Aceitando, em número excessivo, elementos moderados burgueses, a atitude 
do movimento será dirigida por estes, ficando assim excluída a possibilidade de 
recrutar forças apreciáveis no seio da grande massa popular. Tal movimento não 
passará mais de pálidos mexericos e críticas. Nunca mais se poderá criar a fé 
quase religiosa aliada a idêntico espírito de sacrifício; surgirá, porém, em seu 
lugar, a tendência de, por meio de cooperação "positiva" - neste caso isso 
significa o reconhecimento do statu quo - aos poucos, aparar a dureza da luta 
para finalmente chegar a uma paz podre.
     Foi o 
que aconteceu ao movimento pangermanista, pelo fato de não ter, desde o 
princípio, acentuado principalmente a conquista de seus adeptos entre os 
círculos da grande massa. Tornou-se um movimento "burguês, distinto, 
moderadamente radical".
     Desse erro decorreu, 
porém, a segunda causa de seu rápido 
desaparecimento.
     A situação na Áustria, para o 
germanismo, no tempo do aparecimento do movimento pangermanista, já não dava 
lugar a esperanças. De ano a ano, o parlamento se tornava, cada vez mais, uma 
instituição destinada ao aniquilamento lento do povo alemão. Toda tentativa de 
salvação na décima-segunda hora só podia oferecer uma probabilidade, embora 
pequena, de êxito, na extinção dessa 
instituição.
     Com isso surgiu, junto ao 
movimento, uma questão de importância 
teórica.
     Para destruir o parlamento, 
dever-se-ia ir ao parlamento, a fim de esvaziá-lo "de dentro para fora" ou 
devia-se conduzir essa luta de fora, atacando aquela 
instituição.
     Os pangermanistas entraram no 
parlamento e foram derrotados.
     Verdade é que se 
devia penetrar ali.
     Conduzir uma luta contra 
tal potência, do lado de fora, significava armar-se de coragem inabalável é 
estar também disposto a sacrifícios infinitos. Agarra-se o touro pelos cornos e 
recebe-se fortes marradas. As vezes se cairá por terra, podendo levantar-se com 
os membros partidos, somente depois da mais áspera luta é que a vitória sorrirá 
ao ousado atacante. Somente a grandeza dos sacrifícios conquistará novos 
lutadores para a causa, até que a persistência garanta 
sucesso.
     Para isso, porém, são necessários os 
filhos do povo, tirados da grande massa.
     Só 
eles são suficientemente decididos e tenazes para conduzir essa luta ao seu fim 
sangrento.
     O movimento pangermanista, porém, 
não possuía essa grande massa; nada mais lhe restava, pois, que ir ao 
parlamento.
     Seria falso pensar que essa 
resolução tivesse sido o resultado de longos sofrimentos íntimos ou mesmo de 
meditações; não, não se pensava absolutamente em outra 
coisa.
     Essa tolice, nada mais era que o reflexo 
de noções pouco claras sobre a importância e o efeito de tal participação numa 
instituição reconhecida, já em princípio, como falsa. Esperava-se, geralmente, 
facilitar o esclarecimento da grande massa popular, uma vez que se tinha a 
oportunidade de falar diante do "foro da nação inteira". Parecia também claro 
que o ataque à raiz do mal teria mais êxito que o ataque feito de fora. 
Pensava-se que a proteção das imunidades fortaleceria a segurança dos vários 
lutadores, de sorte que o ataque se tornaria mais 
forte.
     Na realidade, porém, as coisas tomaram 
outro aspecto.
     O "foro" perante o qual falavam 
os deputados pangermanistas em vez de tornar-se maior, tornara-se menor, pois 
cada um só fala diante do círculo que é capaz de ouvi-lo ou que, por meio dos 
comunicados da imprensa, recebe uma reprodução do que foi 
dito.
     O maior foro de ouvintes é representado 
não pela sala de um parlamento e, sim, por um grande comício 
público.
     No comício se encontra um grande 
número de pessoas que vieram somente para ouvir o que o orador tem a dizer-lhes, 
ao passo que no salão de sessões da Câmara dos Deputados só há algumas centenas 
de indivíduos que estão em geral apenas para receberem o seu subsídio e não para 
receber esclarecimentos da sapiência de um ou outro senhor "representante do 
povo".
     Antes de tudo, porém, trata se, no caso, 
do mesmo público que nunca está disposto a aprender algo de novo, pois, além de 
faltar-lhe inteligência, falta-lhe a necessária vontade para 
isso.
     Jamais um desses representantes fará por 
si mesmo honra à melhor verdade para, em seguida, pôr-se a seu serviço. Não. 
Nenhum fará isso, a não ser que tenha razão de esperar que tal mudança possa 
salvar o seu mandato por mais uma legislatura. Só quando pressentem que o seu 
partido sairá mal nas próximas eleições é que essas glórias da humanidade se 
mexem para verificar como se poderá mudar para um partido de orientação mais 
segura, sendo que essa mudança de atitude se processa sob um dilúvio de 
justificações morais. - Daí, acontecer sempre que quando um partido decai em 
grande escala do favor público e que há ameaça provável de uma derrota 
fulminante, começa a grande migração: os ratos parlamentares abandonam o navio 
partidário.
     Isso nada tem que ver com o saber e 
o querer, mas é um índice daquele dom divinatório que adverte, ainda em tempo 
oportuno, o tal percevejo parlamentar, fazendo com que ele se abrigue em outra 
cama partidária mais quente.
     Falar perante um 
tal "foro" significa, na verdade, jogar pérolas a porcos. De fato, isso não vale 
a pena! Nesse caso o êxito não pode ser senão igual a 
zero.
     E assim era, na realidade. Os deputados 
pangermanistas poderiam falar até rebentar: o efeito, porém, seria 
nulo.
     A imprensa, por sua vez, conservava-se 
muda ou mutilava os discursos de tal maneira que qualquer conexão era impossível 
e mesmo o sentido era deturpado, quando não se perdia inteiramente. E por isso a 
opinião pública só recebia uma imagem muito imperfeita das intenções do novo 
movimento. Era inteiramente destituído de importância o que dizia cada um dos 
deputados: a importância estava naquilo que se dava a ler como sendo deles. 
Consistia isso em extratos de seus discursos, que, mutilados, só podiam e deviam 
provocar impressão errônea. Assim o público perante o qual eles falavam 
realmente era os escassos quinhentos parlamentares. E isso nos diz 
bastante.
     O pior, porém, era o seguinte: o 
movimento pangermanista só poderia contar com sucesso caso tivesse compreendido, 
desde o primeiro dia, que não se deveria tratar de um novo partido e, sim, de 
uma nova concepção política do mundo. Só esta conseguiria provocar as forças 
internas para essa luta gigantesca. Para esse fim, porém, só servem para chefes 
as melhores e mais corajosas cabeças.
     Caso a 
luta por um sistema universal não seja conduzida por heróis prontos ao 
sacrifício, em curto espaço de tempo será impossível encontrar lutadores 
preparados para morrer. Um homem que combate exclusivamente por sua existência 
pouco terá de sobra para a causa geral. A fim de que se possa realizar aquela 
hipótese, é necessário que cada um saiba que o novo movimento trará honra e 
glória ante a posteridade e que, no presente, nada oferecerá. Quantos mais 
postos tenha um movimento a distribuir, maior será a concorrência dos 
medíocres., até que estes políticos oportunistas, sufocando pelo número o 
partido vitorioso, o lutador honesto não mais reconheça o antigo movimento e os 
novos adesistas o rejeitem decididamente como um intruso" 
incômodo.
     Com isso, porém, estará liquidada a 
"missão" de tal movimento.
     Logo que a agitação 
pangermanista aceitou o parlamento, começou a dispor de "parlamentares" em vez 
de guias e lutadores de verdade. O partido baixou ao nível de qualquer das 
facções do tempo e, por isso, perdeu a força necessária para enfrentar o destino 
com a audácia dos mártires. Em vez de lutar, aprendeu também a "falar" e a 
"negociar". Em breve tempo, o novo parlamentar sentia como mais nobre dever, - 
porque menos arriscado - combater a nova concepção do mundo com as armas 
"espirituais" da eloqüência parlamentar, em vez de lançar-se numa luta com o 
risco da própria vida - luta de resultado incerto e que nada rende para os seus 
líderes.
     Como eles estavam no parlamento, os 
adeptos, lá fora, começaram a esperar milagres, que naturalmente não se 
realizaram e nem poderiam realizar-se. Dentro em pouco, apareceu a impaciência, 
pois, mesmo o que se conseguia ouvir dos próprios deputados de modo algum 
correspondia às esperanças dos eleitores. Isso era de fácil explicação, pois a 
imprensa inimiga evitava transmitir ao público uma imagem exata da ação dos 
representantes pangermanistas.
     Quanto mais 
crescia o gosto dos novos representantes do povo pela maneira ainda suave da 
luta "revolucionária" no parlamento e nas dietas, tanto menos se achavam eles 
dispostos a voltar ao mais perigoso trabalho de propaganda, no seio das camadas 
populares.
     Os comícios, que eram o único meio 
eficiente de influir sobre as pessoas e, portanto, capaz de atrair grandes 
massas populares, eram cada vez menos 
utilizados.
     Desde que as reuniões nas casas 
públicas foram definitivamente substituídas pela tribuna do parlamento, para, 
deste foro, derramar os discursos sobre as cabeças do povo, o movimento 
pangermanista deixou de ser um movimento popular e desceu, em curto tempo, à 
categoria de um clube de dissertações acadêmicas, de caráter mais ou menos 
sério.
     A má impressão propagada pela imprensa 
não era, de maneira alguma, corrigida pela atividade das assembléias 
parlamentares. Assim, a palavra "pangermanista" passou a soar mal aos ouvidos 
populares. É preciso que os literatelhos e peralvilhos de hoje saibam que as 
maiores revoluções deste mundo nunca foram dirigidas por 
escrevinhadores!
     Não. A pena sempre se limitou 
a traçar as bases teóricas das revoluções.
     O 
poder, porém, que pôs em movimento as grandes avalanchas históricas, de caráter 
religioso e político, foi, desde tempos imemoriais, a força mágica da palavra 
falada.
     Sobretudo a grande massa de um povo 
sempre só se deixa empolgar pelo poder da palavra. Todos os grandes movimentos 
são movimentos populares, são erupções vulcânicas de paixões humanas e de 
sensações psíquicas provocadas ou pela deusa cruel da necessidade ou pela tocha 
da palavra atirada entre a massa e não por meio de jorros de literatos 
açucarados metidos a estetas e a heróis de 
salão.
     Só uma tempestade de paixão escaldante é 
que consegue torcer o destino dos povos: mas só consegue provocar entusiasmo 
quem o possua no seu íntimo. Só esse entusiasmo inspira aos seus eleitos as 
palavras que, como golpes de martelo, conseguem abrir as portas do coração de um 
povo.
     Não é escolhido para anunciador da 
vontade divina aquele a quem falta a paixão e mantém-se em um silêncio 
cômodo.
     Por isso, todo escritor devia 
restringir-se ao seu tinteiro, para trabalhar "teoricamente", se não lhe faltam 
inteligência e saber. Para chefe não nasceu ele, porém, nem para tal foi 
escolhido.
     Um movimento de grandes objetivos, 
deve, pois, diligenciar para não perder o contato com a massa do 
povo.
     Esse ponto deve ser examinado em primeiro 
lugar e as decisões devem ser tomadas sob essa orientação. Deverá ser evitado 
tudo o que posse diminuir ou enfraquecer a capacidade de ação sobre a 
coletividade, não por motivos "demagógicos", mas pelo simples reconhecimento de 
que sem a força formidável da massa de um povo não se pode realizar uma grande 
idéia, por mais elevada e sublime que ela pareça. A dura realidade é que deve 
determinar o caminho para o objetivo visado; não querer palmilhar caminhos 
desagradáveis significa neste mundo desistir do Ideal, quer se queira, quer 
não.
     Logo que o movimento pangermanista, por 
sua atitude parlamentar, colocou o seu ponto de apoio no parlamento e não no 
povo, perdeu o futuro e ganhou, em troca, o êxito barato e 
passageiro.
     Escolheu a luta mais fácil, e, por 
isso mesmo, deixou de merecer a vitória 
final.
     Justamente essas questões foram por mim 
estudadas em Viena, da maneira mais profunda, notando, então, que, no seu não 
reconhecimento, estava um dos principais motivos do colapso do movimento, que, a 
meu ver, era destinado a tomar em suas mãos a direção do 
germanismo.
     Os dois primeiros erros que fizeram 
com que fracassasse o movimento pangermanista completavam-se, um era 
conseqüência do outro. A falta de conhecimento das forças impulsoras das grandes 
revoluções deu lugar à errada avaliação da importância das grandes 
coletividades; daí proveio o pouco interesses pela questão social, o medíocre 
aliciamento das camadas inferiores da nação, bem como também a atitude favorável 
em relação ao parlamento.
     Caso tivesse sido 
reconhecido o incrível poder que cabe à massa como portadora da resistência 
revolucionária em todos os tempos, ter-se-ia trabalhado de outra maneira, tanto 
socialmente como com relação à propaganda. Não se teria também, então, acentuado 
o movimento em direção ao parlamento e sim em direção à oficina e à 
rua.
     O terceiro erro, porém, se caracterizou 
ainda mais pelo não reconhecimento do valor da massa, que, uma vez movimentada 
em determinada direção, por espíritos superiores, mais tarde, como um volante, 
dá impulso à força e tenacidade uniforme do 
ataque.
     A áspera luta que o movimento 
pangermanista teve de sustentar com a Igreja católica só se explica devido à 
falta de compreensão da psicologia do povo.
     As 
causas do ataque violento do novo partido contra Roma estavam no 
seguinte:
     "Logo que a Casa dos Habsburgos se 
decidira definitivamente a transformar a Áustria em um Estado eslavo, foram 
utilizados todos os meios que pareciam próprios para esse fim. As instituições 
religiosas foram também inescrupulosamente postas ao serviço da nova idéia 
oficial, por essa inconscientíssima dinastia. A utilização de paróquias tchecas 
e de seus curas era somente um dos muitos meios de chegar a este fim, isto é, 
uma eslavização generalizada da Áustria".
     O 
processo desenrolava-se mais ou menos 
assim:
     "Os padres tchecos eram mandados para 
paróquias puramente alemãs. Esses sacerdotes lenta, mas seguramente, começavam a 
sobrepor os interesses do povo tcheco aos interesses da Igreja, tornando-se 
assim a célula mater do processo de 
desgermanização".
     O clero germânico, ante esse 
processo, fracassou quase completamente. E assim aconteceu não só porque esses 
próprios sacerdotes eram inteiramente incapazes de uma semelhante luta, no 
sentido do germanismo. como por não conseguirem opor a necessária resistência 
ao- ataque dos outros. Dessa maneira o germanismo era lenta, mas 
irresistivelmente, repelido por um lado, pela ação desabusada de parte do clero 
que se lhe opunha e pelo outro pela insuficiência da defesa. Se, como vimos, 
isso se dava em pequena escala, em grande escala não seria outra a 
situação.
     Aí também as tentativas 
antigermânicas dos Habsburgos não encontraram, sobretudo de parte do alto clero, 
a resistência exigida, e, assim, a defesa dos interesses alemães passava a plano 
secundário.
     A impressão geral era de que havia 
uma ofensa grosseira aos direitos alemães da parte do clero 
católico.
     Parecia com isso que a Igreja não 
sentia com o povo alemão e se colocava, de maneira injusta, ao lado do inimigo 
do mesmo. A raiz de todo o mal, porém, estava, segundo a opinião de Schönere, no 
fato de a direção da Igreja católica não estar na Alemanha, bem como na 
animosidade, proveniente desse fato, contra os anseios de nossa 
nacionalidade.
     Os chamados problemas culturais 
passaram, como quase tudo na Áustria, para segundo plano. O que valia, na 
atitude do movimento pangermanista, com relação à- Igreja católica, era menos a 
atitude desta relativamente à ciência que a sua insuficiente compreensão dos 
interesses alemães e, inversamente, uma constante fomentação das pretensões e da 
cobiça eslavas.
     George Schönere não era homem 
que fizesse as coisas pela metade. Iniciou a luta contra a Igreja, convencido de 
que somente por ela é que a raça alemã poderia salvar se. O movimento de 
libertação contra Roma (Los von Rom") parecia o mais formidável, porém também o 
mais difícil processo de ataque, que teria de destruir a cidadela inimiga. Fosse 
ele vitorioso estaria vencida, para sempre, a infeliz cisão religiosa na 
Alemanha e a força interior do Reich e da nação alemã poderia, com uma tal 
vitória, lucrar de maneira 
formidável.
     Entretanto, nem a previsão nem as 
conclusões dessa luta estavam 
certas.
     Incontestavelmente a força de 
resistência do clero católico, de nacionalidade alemã, era inferior, em todas as 
questões referentes ao germanismo, às de seus irmãos não alemães, sobretudo 
tchecos.
     Ao mesmo tempo, só um ignorante não 
veria que ao clero alemão jamais ocorreu uma defesa agressiva dos interesses da 
sua raça.
     Demais, quem quer que não estivesse 
ofuscado pelas aparências, deveria reconhecer que esse fato deve ser atribuído 
primeiro que tudo a uma circunstância que todos nós alemães devemos lastimar: a 
"objetividade" com que encaramos os problemas raciais, assim como todos os 
outros.
     Assim como o sacerdote tcheco era 
subjetivo em relação ao seu povo e somente objetivo em relação A Igreja, o 
sacerdote alemão era dedicado subjetivamente à Igreja e permanecia objetivo com 
relação à nação. Esse é um fenômeno que em mil outros casos podemos constatar, 
para infelicidade nossa.
     Isso não é de maneira 
alguma só uma herança especial do catolicismo, mas ataca, entre nós, em curto 
espaço de tempo, quase toda a organização do 
Estado.
     Compare-se, por exemplo, a atitude que 
o nosso funcionalismo público assume em face das tentativas de um renascimento 
nacional com a do funcionalismo de qualquer outra nação em circunstâncias 
semelhantes. Imagina-se, acaso, que o corpo de funcionários de qualquer outro 
país do mundo preteriria de maneira semelhante os desejos da nação ante a frase 
oca "autoridade do Estado", como é corrente entre nós desde cinco anos, sendo 
até considerado particularmente digno de elogios, quem assim procede? Não 
assumem os dois credos, hoje em dia, na questão judaica, uma atitude que não 
está em harmonia nem com os desejos da nação nem com os verdadeiros interesses 
da própria religião? Compare-se, por exemplo, a atitude de um rabino, em todas 
as questões, mesmo de somenos importância do judaísmo como raça, com a do clero 
de ambos os credos cristãos com relação à raça 
germânica.
     Isso acontece conosco toda vez que 
se trata de defender uma idéia abstrata.
     A 
"autoridade do Estado", a "democracia", o "pacifismo", a "solidariedade 
internacional", etc., são idéias que sempre convertemos em concepções fixas, 
puramente doutrinárias, de sorte que todo julgamento sobre as necessidades 
vitais da nação é feito exclusivamente por esse 
critério.
     Essa maneira infeliz de considerar 
todas as aspirações pelo prisma de uma opinião preconcebida destrói toda a 
capacidade de aprofundar-se o homem num assunto subjetivamente por contradizer 
objetivamente a própria teoria e conduz finalmente a uma inversão de meios e de 
finalidades. Toda tentativa de levantar a nação será repelida, desde que 
implique na extinção de um regime, mesmo mau, desde que seja uma infração ao 
"princípio de autoridade". O "princípio de autoridade" não é, porém, um meio 
para um fim, antes, aos olhos desses fanáticos da objetividade, representa o 
próprio fim, o que é suficiente para explicar a triste vida desse princípio. 
Assim é que, por exemplo, toda tentativa por uma ditadura seria recebida com 
indignação, mesmo que o seu executor fosse um Frederico, o Grande, e que os 
artistas políticos de uma maioria parlamentar momentânea não passassem de anões 
incapazes ou de indivíduos medíocres. A lei da democracia parece mais sagrada 
para um desses doutrineiros que o bem da nação. Um protegerá, portanto, a pior 
tirania que aniquila um povo, desde que o "princípio de autoridade" se corporiza 
nela, ao passo que o outro rejeita mesmo o mais abençoado governo, desde que 
este não corresponda à sua concepção de 
democracia.
     Da mesma maneira o nosso pacifista 
alemão silenciará diante do mais sangrento atentado contra o povo, mesmo que ele 
parta das mais rudes Forças militares; silenciará desde que a mudança desse 
destino só seja possível por meio de uma resistência, portanto, de uma 
violência, pois isso contraria o seu espírito pacifista. O socialista alemão 
internacional, entretanto, pode ser saqueado solidariamente pelo resto do mundo; 
ele mesmo retribui com simpatia fraternal e não pensa em reparações ou mesmo 
protestos, pois que ele é - um alemão.
     Isso 
pode ser deplorável, porém quem quiser modificar uma situação deve reconhecê-la 
primeiramente.      O mesmo acontece com a defesa dos 
anseios do povo alemão por uma parte do clero. Por si, isso não representa nem 
má vontade, nem é provocado, por exemplo, por ordem "de cima". Vemos, porém, 
nessa fraqueza nacional, o resultado de uma educação também falha no sentido da 
germanização da juventude como também, por outro lado, uma submissão irrestrita 
à idéia tornada ídolo.
     A educação para a 
democracia, para o socialismo de feitio internacional, para o pacifismo, etc., é 
tão rígida e radical, portanto considerada por eles puramente subjetiva que, com 
isso, a imagem geral do resto do mundo é influenciada por essa noção 
fundamental, ao passo que a atitude para com o germanismo desde a juventude 
sempre se caracterizou pelo seu objetivismo. Dessa maneira o pacifista alemão 
que se submete subjetivamente à sua idéia, procurará sempre primeiro os direitos 
objetivos, mesmo em casos de ameaças injustas e pesadas a seu povo e nunca se 
colocará, por puro instinto de conservação, na fileira de seu rebanho para lutar 
ao lado dele.
     Quanto isso vale para os vários 
credos, pode ser mostrado pelo seguinte:
     O 
protestantismo representa, por si, melhor, as aspirações do germanismo, desde 
que esse germanismo esteja fundamentado na origem e tradições da sua igreja; 
falha, entretanto, no momento em que essa defesa dos interesses nacionais tenha 
de realizar-se num domínio em discordância com a sua tradicional maneira de 
conceber os problemas mundiais.
     O 
protestantismo servirá para promover tudo o que é essencialmente germânico, 
sempre que se trate de pureza interior ou, de intensificar o sentimento 
nacional, ou de defesa da vida alemã, da língua e também da liberdade, uma vez 
que tudo isso é parte essencial nele; mas é mais hostil a qualquer tentativa de 
salvar a nação das garras de seu mais mortal inimigo, porque a sua atitude em 
relação ao judaísmo foi traçada mais ou menos como um dogma. Nisso ele gira 
indecisamente em torno da questão e, a não ser que essa questão seja resolvida, 
não terá sentido ou possibilidade de êxito qualquer tentativa de um renascimento 
alemão.
     Durante minha estadia em Viena, eu tive 
bastante prazer e oportunidade de examinar essa questão, sem espírito 
preconcebido e, pude ainda verificar milhares de vezes, no convívio diário, a 
correção desse modo de ver.
     Nessa cidade em que 
estão em foco as mais variadas raças, era evidente, a todos parecia claro, que 
somente o pacifista alemão procura considerar sempre objetivamente as aspirações 
de sua própria nação, porém nunca o faz assim o judeu em relação às do seu povo; 
que somente o socialista alemão é "internacional", isto é, é proibido de fazer 
justiça a seu próprio povo de outra maneira que não seja com lamentações e choro 
entre os companheiros internacionais. Nunca agem assim o tcheco, o polaco, etc. 
Enfim, reconheci desde então, que a desgraça só em parte está nessas teorias e, 
por outra parte, em nossa insuficiente educação com relação ao nacionalismo e 
numa dedicação diminuída, em virtude disso, em relação ao 
mesmo.
     Por essas razões, falhou o primeiro 
fundamento puramente teórico do movimento pangermanista contra o 
catolicismo.
     Eduque-se o povo alemão, desde a 
juventude, no reconhecimento firme dos direitos da própria nacionalidade e não 
se empestem os corações infantis com a maldição de nossa "objetividade", mesmo 
em coisas relativas à conservação do próprio eu, e em pouco tempo, 
verificar-se-á que (supondo-se um governo radical nacional), assim como na 
Irlanda, na Polônia ou na França, o católico alemão será sempre 
alemão.
     A mais formidável prova disso foi 
fornecida naquela época em que, pela última vez, o nosso povo, em defesa de sua 
existência, se apresentou, diante da justiça da História, em uma luta de vida e 
de morte.
     Enquanto naquele momento não faltou a 
direção de cima, o povo cumpriu o seu dever do modo mais 
decisivo.
     Pastor protestante ou padre católico, 
ambos contribuíram infinitamente para uma longa conservação de força de 
resistência, não só no "front" mas, sobretudo, no interior do país. Nesses anos, 
e sobretudo nos primeiros momentos de entusiasmo, só existia na realidade um 
único império alemão sagrado nos dois campos e para cuja subsistência e futuro 
cada um se dirigia ao seu céu.
     O movimento 
pangermanista na Áustria deveria ter-se proposto a seguinte pergunta: É ou não 
possível a conservação do germanismo austríaco sob uma fé católica? No caso 
afirmativo, o partido político não se deveria ter incomodado com a questão 
religiosa ou de credo. Em caso contrário, seria necessária uma reforma religiosa 
e nunca um partido político.
     Aquele que pensa 
poder chegar, pelo atalho de uma organização política, a uma reforma religiosa, 
mostra somente que lhe falta qualquer vislumbre da evolução das noções 
religiosas ou mesmo das dogmáticas e da atuação prática do 
clero.
     Na realidade não se pode servir a dois 
senhores, sendo que eu considero a fundação ou destruição de uma religião muito 
mais importante do que a fundação ou destruição de um Estado, quanto mais de um 
partido.
     Não se diga que os aludidos ataques 
foram a defesa contra ataques do lado 
contrário!
     É certo que, em todas as épocas, 
houve indivíduos sem consciência que não tiveram pejo de fazer da religião 
instrumento de seus interesses políticos (pois é disso que se trata quase sempre 
e exclusivamente entre esses pulhas). Entretanto, é falso tornar a religião ou o 
credo responsável por um bando de patifes que dela fazem mau uso, da mesma forma 
por que poriam qualquer outra coisa a serviço de seus baixos 
instintos.
     Nada pode melhor servir a um 
tratante e mandrião parlamentar do que a oportunidade que assim se lhe oferece 
de, ao menos posteriormente, conseguir a justificação de sua esperteza política. 
Pois logo que a re1igião ou o credo é responsabilizado por uma maldade pessoal e 
por isso atacados, o maroto chama, com berreiro formidável, o mundo inteiro para 
testemunhar quão justa fora a sua atuação e como, graças a ele e à sua 
loquacidade, foram salvas a religião e a igreja. Os contemporâneos, tão tolos 
quanto esquecidos, não reconhecem o verdadeiro causador da luta, devido ao 
grande berreiro que se faz ou não se lembram mais dele e assim atinge o patife o 
seu objetivo.
     Essas astuciosas raposas sabem 
bem que isso nada tem a ver com a religião. Por isso mais rirá ele consigo 
mesmo, enquanto que o seu adversário, honesto porém inábil, perde a cartada e 
retira-se de tudo, desiludido da lealdade e da fé nos 
homens.
     Em outro sentido, seria também injusto 
tomar a religião ou mesmo a igreja como responsável pelos desacertos de 
quaisquer indivíduos.
     Compare-se a grandeza da 
organização visível com a defeituosidade média dos homens em geral e será 
necessário admitir que a relação do bem para o mal é melhor entre nós do que em 
qualquer outra parte. É certo que há também, mesmo entre os próprios padres, 
alguns para os quais a sua função sagrada é apenas um meio para a satisfação de 
sua ambição- política e que chegam mesmo a esquecer, na luta política, muitas 
vezes de maneira mais do que lamentável, que deveriam ser os guardas de uma 
verdade superior e não os representantes da mentira e da calúnia. Entretanto 
para cada indigno desses há, por outro lado, milhares e milhares de curas 
honestos, dedicados da maneira mais fiel à sua missão que, em nossos tempos 
atuais, tão mentirosos como decadentes, se destacam como pequenas ilhas num 
pântano geral.
     Tão pouco condeno ou devo 
condenar a igreja pelo fato de um sujeito qualquer de batina cair em falta 
imunda contra os costumes, quando muitos outros mancham e traem a sua 
nacionalidade, em uma época em que isso ocorre freqüentemente. Sobretudo hoje em 
dia, é bom não esquecer que para cada Efialtes há milhares de pessoas que, com o 
coração sangrando, sentem a infelicidade de seu povo e, como os melhores de 
nossa nação, desejam ansiosamente a hora em que para nós o céu possa sorrir 
também.
     A quem, porém, responde que, no caso, 
não se trata de pequenos problemas da vida diária, mas sobretudo de questões de 
verdade fundamental e de conteúdo dogmático, pode-se dar a devida resposta com 
outra questão:
     "Se te considerares feito pelo 
destino a fim de proclamar a verdade, faze-o; tem, porém, também, a coragem de 
não quereres fazer isso pelo talho de um partido político - pois constitui 
também esperteza, mas coloca, em lugar do mal de agora, o que lhe parece melhor 
para o futuro.
     Se porventura te faltar a 
coragem ou se não conheceres bem o que em ti há de melhor, não te metas; em todo 
caso, não tentes, pelo recurso de um movimento político, conseguir 
astuciosamente aquilo que não tens coragem de fazer de viseira 
erguida".
     Os partidos políticos nada têm a ver 
com os problemas religiosos, a não ser que estes, estranhos ao povo, venham 
solapar os costumes e a moral da própria raça. A religião também não se deve 
imiscuir em intrigas do partidarismo 
político.
     Quando os dignitários da igreja se 
servem de instituições ou doutrinas religiosas para prejudicar a sua 
nacionalidade, nunca deverão ser seguidos nessa trilha e sim combatidos com as 
mesmas armas.
     As doutrinas e Instituições 
religiosas de seu povo devem ser intangíveis para o chefe político; ao 
contrário, este não deveria ser político e sim 
reformador!
     Qualquer outra atitude conduziria a 
uma catástrofe, especialmente na Alemanha.
     Nas 
minhas observações sobre o movimento pangermanista em sua luta contra Roma, 
cheguei, naquela ocasião e, sobretudo posteriormente, à seguinte conclusão: 
devido a sua fraca compreensão da significação do problema social, o movimento 
perdeu a força combativa da massa popular. Indo ao parlamento, perdeu a sua 
força de impulsão e sobrecarregou-se com toda a fraqueza inerente àquela 
instituição. A sua luta contra a igreja desacreditou-o perante muitas camadas 
das classes baixa e média e privou-o de muitos dos melhores elementos que se 
poderiam indicar como essencialmente 
nacionais.
     Os resultados da "Kulturkampf" na 
Áustria foram praticamente nulos.
     É verdade que 
foi possível arrancar perto de cem mil membros à igreja, porém sem que ela por 
isso tivesse sofrido dano sensível. Realmente, nesse caso, não havia necessidade 
de chorar pelas "ovelhinhas" perdidas; ela só perdeu o que há já muito tempo 
intimamente lhe não pertencia. Essa era a diferença entre a nova reforma e a 
antiga. Outrora, muitos dos melhores elementos da igreja se tinham afastado dela 
por convicção religiosa íntima, ao passo que agora só os "mornos" é que se foram 
e por "considerações" políticas.
     Justamente do 
ponto de vista político o resultado foi muito ridículo e deplorável. 
     Mais uma vez fracassara um promissor movimento 
político da nação alemã por não ter sido conduzido com a necessária sobriedade, 
mas perdera-se um campo que forçosamente teria de conduzir a um 
desagregamento.
     A verdade, pois, é 
que:
     O movimento pangermanista jamais teria 
cometido esse erro, se não possuísse pouca compreensão da psicologia da massa. 
Se os seus chefes tivessem sabido que para conseguir êxito não se deve nunca 
mostrar a massa dois ou mais adversários, por considerações puramente psíquicas, 
pois isso conduziria de outra maneira ao desagregamento da força combativa, só 
por esse motivo o movimento pangermanista deveria ter sido principalmente 
dirigido contra um só adversário. Nada mais perigoso para um partido político 
que deixar-se levar nas suas decisões por levianos que tudo querem sem conseguir 
jamais coisa alguma.
     Mesmo que nos vários 
credos haja muita coisa a eliminar o partido político não deve perder de vista 
um minuto o fato de que, a julgar por toda a experiência da história até hoje, 
nunca um partido político conseguiu, em situações semelhantes, chegar a uma 
reforma religiosa. Não se estuda, porém, a história para não recordar os seus 
ensinamentos quando é chegada a hora de aplicá-la praticamente ou para pensar 
que as coisas agora são outras e que, portanto, as suas verdades não são mais 
aplicadas, mas aprende-se dela justamente o ensino útil para o presente. Quem 
não consegue isso, não deve ter a pretensão de ser chefe político. Esse é na 
realidade um idiota superficial e muito convencido e toda boa vontade não 
desculpa a sua incapacidade prática.
     A arte de 
todos os grandes condutores de povos, em todas as épocas, consiste, em primeira 
linha, em não dispersar a atenção de um povo e sim em concentrá-la contra um 
único adversário. Quanto mais concentrada for a vontade combativa de um povo, 
tanto maior será a atração magnética de um movimento e mais formidável o ímpeto 
do golpe. Faz parte da genialidade de um grande condutor fazer parecerem 
pertencer a uma só categoria mesmo adversários dispersos, porquanto o 
reconhecimento de vários inimigos nos caracteres fracos e inseguros muito 
facilmente conduz a um princípio de dúvida sobre o direito de sua própria 
causa.
     Logo que a massa hesitante se vê em luta 
contra muitos inimigos, surge imediatamente a objetividade e a pergunta de se 
realmente todos estão errados ou só o próprio povo ou o próprio movimento é que 
está com o direito.
     Com isso aparece também o 
primeiro colapso da própria força. Daí ser necessário que uma maioria de 
adversários internos seja sempre vista em blocos, de sorte que a massa dos 
próprios adeptos julgue que a luta seja dirigida contra um inimigo único. Isso 
fortalece a fé no próprio direito e aumenta a irritação contra o 
inimigo.
     O fato de o movimento pangermanista 
não ter compreendido isso lhe custou a 
derrota.
     O seu objetivo estava certo. A vontade 
era pura. O caminho seguido, porém, estava errado. Ele se assemelhava a um 
alpinista que tem em vista o pico a ser galgado e que se põe a caminho com 
decisão e força, sem porém dedicar atenção a esse último, tendo a vista sempre 
voltada para o objetivo, sem atentar na trilha que segue. Por isso, 
fracassa.
     Inversamente, parecia passarem-se as 
coisas nas fileiras do adversário - no Partido Socialista 
Cristão.
     O caminho seguido por este foi sábia e 
seguramente escolhido. Entretanto, faltou-lhe a compreensão exata do 
objetivo.
     Em quase todos os pontos em que o 
movimento pangermanista falhou, eram bem e corretamente pensadas as disposições 
do Partido Socialista Cristão.
     Ele compreendia 
exatamente a importância das massas e, desde o seu início, atraiu a si uma certa 
camada popular, pela ostensiva afirmação de seu caráter social. E desde que se 
dispôs a ganhar a classe média e a classe dos artesãos, ganhou permanentes e 
fiéis sectários, prontos para o sacrifício de si mesmos. O partido evitou 
combater contra quaisquer organizações representadas pela Igreja, 
assegurando-se, assim, o apoio dessa poderosa organização. Possuía, por isso, um 
único adversário verdadeiramente grande. Compreendeu o valor da propaganda em 
larga escala e especializou-se em influenciar psicologicamente os instintos da 
grande maioria de seus adeptos.
     O fato de ter o 
partido falhado em seu sonho de salvar a Áustria foi devido aos seus métodos, 
que eram errados em dois sentidos, assim como à obscuridade de seus 
objetivos.
     Em vez de ser fundado sobre base 
racial, o seu anti-semitismo tinha fundamento religioso. A razão por que esse 
erro se insinuou foi a mesma que causou o segundo 
erro.
     Se o Partido Socialista Cristão quisesse 
salvar a Áustria não se deveria apoiar, na opinião de seu fundador, no princípio 
racial, desde que, de qualquer modo, em breve prazo, ocorreria a dissolução 
geral do Estado. Os chefes do partido entenderam que a situação em Viena exigia 
que se evitassem as tendências para a dispersão e se apoiassem todos os pontos 
de vista conducentes à unidade.
     Naquela época, 
Viena se achava fortemente impregnada de elementos tchecos e nada a não ser a 
extrema tolerância nos problemas raciais poderia evitar que aquele partido fosse 
anti-germânico desde o início. - Para salvação da Áustria, aquele partido não 
poderia ser dispensado. Por isso fizeram esforços especiais para ganhar o grande 
número de pequenos negociantes tchecos de Viena pela oposição à escola liberal 
de Manchester e, com isso, julgavam haver descoberto um grito de guerra para a 
luta contra o judaísmo, luta baseada na religião, que deixaria na sombra todas 
as diferenças de raça da velha Áustria.
     Claro é 
que um combate em tal base molestaria muito pouco os judeus. Na pior das 
hipóteses, um pouco de água benta bastaria para salvar os seus negócios e, ao 
mesmo tempo, o seu judaísmo.
     Com essa base 
leviana, nunca foi possível tratar de maneira séria e científica do problema, 
mas apenas perderam-se muitos adeptos que não compreendiam essa espécie de 
anti-semitismo. Com isso a força de aliciar adeptos ficaria circunscrita quase 
exclusivamente a círculos intelectuais restritos, a não ser que se quisesse 
passar do puro sentimento para um verdadeiro do problema. A atitude das classes 
intelectuais era de franca negação. A questão parecia cada vez mais limitar-se a 
uma nova tentativa de conversão dos judeus. Tinha-se até a impressão de 
tratar-se de uma certa inveja de concorrente. Com isso a luta perdeu o caráter 
de um movimento superior e para muitos - e justamente não para os piores - tomou 
a aparência de imoral e reprovável. Faltava a convicção de que se tratava de uma 
questão vital de toda a humanidade, de cuja solução dependia o destino de todos 
os povos não judeus.
     As meias medidas, a 
indecisão, haviam destruído o valor da posição anti-semítica do Partido 
Socialista Cristão.
     Era um anti-semitismo 
aparente, era pior do que nada, porque o povo tinha a ilusão de segurar 
firmemente o seu inimigo nas mãos, quando este é que o 
guiava.
     O judeu, porém, em curto espaço de 
tempo, de tal maneira se acostumara a essa espécie de anti-semitismo, que a sua 
supressão certamente lhe teria feito mais falta do que incômodos lhe dava a sua 
existência.
     Se o Estado constituído de 
diferentes raças já exigia um sacrifício, maior ainda o exigia a defesa do 
germanismo.
     Não se podia ser "nacionalista", a 
não ser que, mesmo em Viena, se quisesse deixar de sentir a terra debaixo dos 
pés. Esperava-se salvar o Estado dos Habsburgos contornando suavemente essa 
questão e, assim, o atiravam diretamente à ruína. Com isso, porém, perdeu o 
movimento a única poderosa fonte, de energia que pode fornecer força, 
duradouramente, a um partido político. O movimento cristão social tornou-se, com 
isso, um partido como qualquer outro. Eu havia seguido atentamente os dois 
movimentos, um por impulso íntimo do coração, o outro arrastado pela admiração 
pelo homem raro que já então me aparecia como um símbolo amargo de todo o 
germanismo austríaco.
     Quando o formidável 
cortejo fúnebre conduzia o falecido burgomestre da Rathaus para a Ringstrasse, 
também me encontrava entre as muitas centenas de milhares de pessoas que 
assistiam ao espetáculo fúnebre. Intimamente comovido, dizia-me o sentimento que 
também a obra desse homem tinha de ser em vão, devido à fatalidade que 
irrecusavelmente teria de conduzir aquele Estado ao 
aniquilamento.
     Se o Dr. Karl Lueger tivesse 
vivido na Alemanha, teria sido incluído entre os maiores homens de nossa raça. 
Foi infelicidade sua e de sua obra que tivesse vivido naquele Estado 
insustentável que era a Áustria.
     Ao mesmo tempo 
de sua morte, já começava a espalhar-se vivamente, cada mês que se passava, 
aquela pequena chama dos Balcãs, de maneira que, por uma gentileza do destino, 
foi lhe poupado ver aquilo que ele acreditava poder 
evitar.
     Eu, porém, tentei encontrar as causas 
do insucesso de ambos os movimentos e cheguei à convicção firme de que, 
abstraindo inteiramente a impossibilidade de ainda conseguir na velha Áustria o 
fortalecimento do Estado, os erros dos dois partidos eram os 
seguintes:
     O partido pangermanista teoricamente 
tinha toda razão quanto ao objetivo da regeneração germânica, mas era infeliz na 
escolha de seus métodos. Era nacionalista, mas, infelizmente, não bastante 
social para ganhar a adesão da massa popular. O seu anti-semitismo era baseado 
na verdadeira apreciação da importância do problema racial e não em- teorias 
religiosas. Por outro lado, a sua luta contra um credo definido estava errada 
tanto quanto aos fatos como quanto à tática.
     As 
idéias do movimento cristão socialista acerca do objetivo do renascimento 
germânico eram demasiadamente vagas, mas, como partido, era feliz e inteligente 
na escolha de seus métodos. Compreendia a importância da questão social, mas 
laborava em erro na sua luta contra os judeus e ignorava inteiramente a força do 
sentimento nacional.
     Se o Partido Socialista 
Cristão possuísse, além de sua inteligente compreensão da grande massa, uma 
noção certa da importância do problema da raça, como a tinha apanhado o 
movimento pangermanista, e tivesse ele também sido nacionalista ou tivesse o 
movimento pangermanista adotado, além da sua compreensão certa do objetivo da 
questão judaica e da importância do sentimento nacional, também a inteligência 
prática do Partido Socialista Cristão, sobretudo quanto à atitude em relação ao 
socialismo - ter-se-ia produzido aquele movimento que, já então - estou 
convencido - poderia ter influído no destino do 
germanismo.
     Se isso assim não aconteceu, foi 
devido, em grande parte, ao caráter do Estado 
austríaco.
     Como não via a minha convicção 
realizada em nenhum outro partido, eu não podia me decidir a ingressar em uma 
das organizações existentes ou mesmo colaborar na luta. Já naquele tempo eu 
considerava todos os movimentos políticos falhados e incapazes de realizar o 
grande renascimento nacional do povo alemão.
     A 
minha antipatia pelo Estado dos Habsburgos crescia cada vez mais, naquela 
época.
     Quanto mais eu começava a preocupar-me 
sobretudo com questões de política externa, tanto mais ganhava terreno a minha 
convicção de que aquela estrutura estatal tinha de tornar-se- a desgraça do 
germanismo. Cada vez mais claramente via, enfim, que o destino da nação alemã 
não mais seria decidido desse lugar e, sim, do próprio Reich. Isso, porém, não 
dizia respeito apenas às questões políticas, mas também a todas as questões da 
vida cultural propriamente.
     O Estado austríaco 
mostrava também no campo das atividades puramente culturais ou artísticas todos 
os sintomas de decadência, ou, pelo menos, a sua insignificância para o futuro 
da nação alemã. No campo da arquitetura era que mais isso se fazia sentir. A 
arquitetura moderna, por isso mesmo, não tinha grande êxito na Áustria, pois, 
após a construção da Ringstrasse, as obras, pelo menos em Viena, eram 
insignificantes relativamente aos grandes planos que surgiam na 
Alemanha.
     Comecei assim a levar cada vez mais 
uma vida dupla; a razão e a realidade fizeram-me passar por uma tão amarga 
quanto abençoada escola na Áustria. Entretanto o coração andava por outros 
lugares. Um angustioso descontentamento me empolgara à medida que eu reconhecia 
a vacuidade em torno desse Estado e a impossibilidade de salvá-lo, sentindo, ao 
mesmo tempo, com toda a certeza, que, em tudo e por tudo, ele só poderia 
representar a desgraça do povo alemão.
     Eu 
estava convencido de que o Estado se encontrava em situação de poder dominar e 
inutilizar qualquer alemão verdadeiramente grande e de apoiar qualquer coisa que 
fosse contra o germanismo.
     Odiava o 
conglomerado de raças, checos, polacos, húngaros, rutenos, sérvios, croatas, 
etc. e acima de tudo aquela excrescência desses cogumelos presentes em toda 
parte - judeus e mais judeus.
     Para mim a cidade 
gigante parecia a encarnação do incesto.
     O 
alemão que eu falava na juventude era o dialeto falado na Baixa Baviera; eu não 
conseguia nem esquecê-lo nem aprender a gíria vienense. Quanto mais tempo eu 
permanecia naquela cidade, mais aumentava em mim o ódio contra a estranha 
mistura de raças que começava a corroer aquele velho centro cultural 
alemão.
     A idéia, porém, de que aquele Estado 
pudesse manter-se por mais tempo me pareceu inteiramente 
ridícula.
     A Áustria era então como um velho 
mosaico, cuja argamassa destinada a segurar as pedrinhas se tivesse tornado 
velha e quebradiça. A obra consegue aparentar a sua existência, mas logo que 
recebe um choque, quebra-se em mil pedacinhos. A questão toda era saber quando 
se daria esse choque.
     O meu coração sempre 
pulsara, não por uma monarquia austríaca e sim por um império alemão. A hora da 
decadência desse Estado só me poderia parecer como o começo da redenção da nação 
alemã- Por todos esses motivos, cada vez se tornou mais intenso em mim o desejo 
de poder ir para o lugar para onde, desde a mais tenra juventude, me atraíam 
secreta ânsia e decidido amor.
     Outrora eu 
desejara poder algum dia fazer nome como arquiteto e, em pequena ou grande 
escala, conforme o destino mandasse, prestar à nação o meu devotado 
serviço.
     Finalmente, eu desejava ter a 
felicidade de, no local, poder desempenhar o meu papel no país onde o mais 
ardente desejo de meu coração tinha de ser realizado: a união de meu amado lar 
com a pátria, comum.
     Muitas pessoas ainda hoje 
não poderão compreender a grandeza de uma tal ânsia. Entretanto eu me dirijo 
àqueles a quem o destino negou até agora essa felicidade; dirijo-me a todos 
aqueles que, desligados da pátria, têm de lutar até pelo bem sagrado da língua, 
e que, devido a seu sentimento de fidelidade à pátria, são perseguidos e 
martirizados e que, dolorosamente comovidos, esperam ansiosamente a hora que os 
deixe voltar de novo ao coração da mãe querida; dirijo-me a todos esses e sei 
que eles me compreenderão!
     Só aquele que sente 
dentro de si o que significa ser alemão sem poder pertencer à pátria querida é 
que poderá medir a profunda ânsia que em todos os tempos atormenta aqueles que 
dela se acham possuídos e nega-lhes satisfação e felicidade até que se lhe abram 
as portas da casa paterna e no Reich comum o sangue comum torne a encontrar paz 
e sossego.
     Viena era e permaneceu para mim a 
mais rude, embora mais completa, escola de minha vida. Eu pisara essa cidade 
ainda meio criança e abandonei-a já homem feito. Nela recebi os fundamentos de 
uma concepção política em pequena escala, que mais tarde ainda tive de completar 
em detalhes, porém que nunca mais me abandonara. O verdadeiro valor daqueles 
anos de aprendizado só hoje é que posso apreciar 
plenamente.
     Por isso é que tratei esse período 
mais desenvolvidamente, pois 'foi ele justamente que nessas questões me 
proporcionou a primeira lição de coisas em problemas que afetam os princípios do 
partido, o qual, tendo começado em mui pequenas proporções, se acha, depois de 
apenas cinco anos, em vias de tornar-se um grande movimento popular. Não sei 
qual seria hoje a minha atitude em face do judaísmo, da social-democracia, de 
tudo o que se entende por marxismo, por questão social, etc., se a força do 
destino, naquele primeiro período de minha vida, não me tivesse dado um 
fundamento de opiniões formado pela experiência 
pessoal.
     Pois, se bem que a desgraça da pátria 
consegue estimular milhares e milhares de pessoas a pensarem nas causas íntimas 
da derrocada, esse fato não consegue nunca conduzir àquela profundidade, àquela 
aguda intuição que se abre para aquele que, somente depois de muitos anos de 
luta, se tornou senhor do destino.
CAPÍTULO IV - MUNIQUE
     Na primavera de 
1912 fui definitivamente para Munique.
     Aquela 
cidade parecia-me tão familiar como se eu tivesse morado há longo tempo dentro 
de seus muros. Isso provinha do fato de que os meus estudos a cada passo se 
reportavam a essa metrópole da arte alemã. Quem não conhece Munique não viu a 
Alemanha, quem não viu Munique não conhece a arte 
alemã.
     Entretanto, esse período anterior à 
guerra foi o mais feliz e tranqüilo de minha vida. Se bem que os meus salários 
fossem ainda muito reduzidos, eu não vivia para poder pintar, mas pintava para 
dessa maneira, assegurar a minha vida ou, melhor, para assim poder continuar os 
meus estudos. Eu estava convencido de que um dia ainda conseguiria o meu 
objetivo. E só isso já me fazia suportar com indiferença todos os pequenos 
aborrecimentos da vida quotidiana. Acrescente-se mais o grande amor que eu tinha 
por aquela cidade, quase que desde a primeira hora da minha permanência ali. Uma 
cidade alemã! Que diferença de Viena! Sentia-me mal em pensar naquela babel de 
raças. Além disso, o dialeto muito mais chegado a mim, me fazia lembrar a minha 
juventude, sobretudo no trato com a Baixa Baviera. Havia milhares de coisas que 
já eram ou com o tempo se me tornaram caras. O que, porém, mais me atraía era a 
admirável aliança da força e da arte no ambiente geral, essa linha única de 
monumentos que vai do Hofbräuhaus ao Odeon, da Ocktoberfest à Pinacoteca. 
Sinto-me hoje pertencer mais àquela cidade do que a qualquer outro lugar do 
mundo e isso devido ao fato de estar a mesma inseparavelmente ligada à minha 
própria vida, à minha evolução. O fato de, já naquela ocasião, eu gozar uma 
verdadeira tranqüilidade, era de atribuir-se ao encanto que a admirável 
residência de Witteisbach exerce sobre todos os homens que possuam qualidades 
intelectuais aliadas a sentimentos 
artísticos.
     O que, afora os trabalhos de minha 
profissão, mais me atraía, era o estudo dos acontecimentos políticos do dia, 
sobretudo os da política externa. Eu cheguei a estes através dos rodeios da 
política alemã de aliança, a qual, desde os meus tempos da Áustria, considerava 
absolutamente falsa. Apenas não compreendera, em Viena, em toda a sua extensão, 
como o Reich a si mesmo se enganava, com a prática daquela política. Já naquela 
época estava eu inclinado a admitir - ou procurava convencer-me a mim mesmo, 
exclusivamente como desculpa - que possivelmente em Berlim já se sabia quão 
fraco e pouco merecedor de confiança seria na realidade o aliado austríaco, o 
que, entretanto, por motivos mais ou menos secretos, se mantinha sob reserva, a 
fim de apoiar uma política de aliança que o próprio Bismarck havia inaugurado e 
cujo abandono brusco não era aconselhável, para não assustar o estrangeiro ou 
inquietar o povo, no interior.
     Entretanto, as 
minhas relações, sobretudo entre o povo, fizeram que muito depressa verificasse, 
horrorizado, que essa minha convicção era falsa. Com grande surpresa minha, tive 
de constatar, em toda parte, que, mesmo nos círculos bem informados, não se 
tinha a mais pálida idéia do caráter da monarquia dos Habsburgos. Justamente 
entre o povo dominava a persuasão de que o aliado devia ser considerado uma 
potência de verdade que, na hora do perigo, agiria como um só homem. No seio da 
massa, considerava-se sempre a Monarquia como um Estado "alemão" e pensava-se 
também poder contar com ela. Pensava-se que a força nesse caso também podia ser 
computada por milhares, como por exemplo na própria Alemanha, e esquecia-se, 
inteiramente:
1.°) que, há muito tempo. a Áustria deixara de ser um Estado de 
caráter alemão; 
2.°) que as condições internas daquele país cada vez mais 
tendiam para a desagregação.
     Naquele tempo se 
conhecia melhor aquela estrutura de Estado do que a chamada "diplomacia" 
oficial, a qual, como quase sempre, cambaleava cegamente para a fatalidade. A 
disposição de ânimo do povo nada mais era que o resultado daquilo que de cima se 
despejava na opinião pública. Os de cima, porém, mantinham pelo aliado um culto 
como pelo bezerro de ouro. Esperava-se poder substituir por habilidade aquilo 
que faltava em sinceridade. Tomavam-se sempre as palavras como valores 
reais.
     Em Viena eu me encolerizava ao constatar 
a diferença que, de tempos a tempos, aparecia entre os discursos dos estadistas 
oficiais e o modo de expressar-se da imprensa local. Entretanto, Viena era, ao 
menos aparentemente, uma cidade alemã. Como eram diferentes as coisas, quando se 
saia de Viena, ou melhor da Áustria alemã, e se caía nas províncias eslavas do 
Reich! Bastava que se manuseassem os jornais de Praga para saber-se de que 
maneira era ali julgada a sublime fantasmagoria da Tríplice Aliança. Ali só 
havia cruel ironia e sarcasmo para essa obra-prima dos "estadistas". Em plena 
paz, enquanto os dois imperadores trocavam entre si o beijo da amizade, ninguém 
ocultava que essa aliança desapareceria no dia em que se tentasse, do mundo de 
fantasias, - espécie de ideal dos Nibelungen - transportá-la para a realidade 
prática.
     Quanta excitação houve quando, alguns 
anos depois, chegada a hora da prova da Tríplice Aliança, a Itália abandonou-a, 
deixando os seus dois companheiros, para, enfim, transformar-se em inimiga! A 
não ser para aqueles que estivessem atacados de cegueira diplomática, era 
simplesmente incompreensível que, mesmo por um minuto, se pudesse acreditar no 
milagre de vir a Itália a combater ao lado da Áustria. Entretanto, as coisas na 
Áustria não se passavam de modo diferente.
     Na 
Áustria, só os Habsburgos e os alemães eram adeptos da idéia de aliança. Os 
Habsburgos por cálculo e necessidade; os alemães por credulidade e estupidez 
política. Por credulidade, porque eles pensavam, por meio da Tríplice Aliança, 
prestar um grande serviço à Alemanha, fortalecê-la e protegê-la; por estupidez 
política, porém, porque o que eles imaginavam não correspondia à realidade, pois 
que estavam apenas concorrendo para acorrentar o Império à carcassa de um Estado 
morto, que teria de arrastá-los ao abismo, sobretudo porque aquela aliança 
contribuía para, cada vez mais, desgermanizar a própria Áustria. Porque, desde 
que os Habsburgos acreditavam que uma aliança com o Império poderia garanti-los 
contra qualquer interferência de parte deste - e infelizmente nisso tinham razão 
- eles ficavam capacitados a continuarem na sua política de livrar-se, 
gradualmente, da influência germânica no interior, com mais facilidade e menos 
risco. Eles tinham que temer qualquer protesto de parte do governo alemão, que 
era conhecido pela "objetividade" de seu ponto de vista e, além disso, tratando 
com os austríacos alemães, podiam sempre fazer calar qualquer voz impertinente 
que se levantasse contra qualquer feio exemplo de favoritismo para com os 
eslavos, com uma simples referência à Tríplice 
Aliança.
     Que poderia fazer o alemão na Áustria, 
se o próprio alemão do Império exprimia reconhecimento e confiança no governo 
dos Habsburgos?
     Deveria oferecer resistência 
para depois ser estigmatizado por toda a opinião pública alemã como traidor da 
própria nacionalidade? Ele, que há dezenas de anos vinha fazendo os maiores 
sacrifícios pela sua nacionalidade!
     Que valor, 
porém, possuía essa aliança, caso tivesse sido destruído o germanismo da 
monarquia dos Habsburgos. Não era, para a Alemanha, o valor da Tríplice Aliança, 
dependente da manutenção da hegemonia alemã na Áustria? Ou acreditava-se, por 
acaso, que mesmo com a eslavização do Império dos Habsburgos, se pudesse manter 
a aliança?
     A atitude da diplomacia alemã 
oficial, bem como também de toda a opinião pública com relação ao problema 
interno das nacionalidades na Áustria, não era simplesmente uma tolice mas uma 
verdadeira loucura! Contava-se com uma aliança, fazia-se o futuro e a segurança 
de um povo de setenta milhões de habitantes dependerem dela - e ficava-se 
observando, impassível, como, de ano para ano, a única base para essa aliança 
era sistematicamente, infalivelmente destruída pelo aliado! Chegaria o dia em 
que restaria apenas um "tratado" com a diplomacia vienense, mas o auxílio do 
aliado do Império faltaria no momento 
oportuno.
     Na Itália isso se verificara desde o 
princípio.
     Se se tivesse feito um estudo mais 
inteligente da história da Alemanha e da psicologia da raça, ninguém poderia ter 
acreditado, por um instante, que o Quirinal de Roma e o Hofburg de Viena viessem 
um dia a lutar, lado a lado, em uma frente única de batalha. A Itália se 
transformaria num vulcão antes que qualquer governo ousasse enviar um só 
italiano a combate. O Estado dos Habsburgos era fanaticamente odiado. Os 
italianos só poderiam marchar como inimigos! Mais de uma vez vi flamejar em 
Viena o apaixonado desdém e insondável ódio que mantinham os italianos contra o 
Estado austríaco. Os erros e crimes da Casa de Habsburgo, no decurso dos 
séculos, contra a liberdade e a independência da Itália, eram demasiado grandes 
para jamais serem esquecidos, mesmo na hipótese de haver qualquer desejo nesse 
sentido. Não havia tal desejo nem entre o povo nem de parte do governo italiano. 
Para a Itália, por isso, só havia dois modos possíveis de tratar com a Áustria - 
a aliança ou a guerra.
     Tendo escolhido o 
primeiro, podiam eles preparar-se calmamente para o 
segundo.
     A política alemã de aliança era ao 
mesmo tempo inexpressiva e arriscada, especialmente desde que as relações da 
Áustria para com a Rússia tendiam crescentemente para uma solução pela 
guerra.
     Foi esse um caso clássico, em que se 
pôde constatar a falta de grandiosas e acertadas linhas de 
conduta.
     Por que, pois, foi concluída uma 
aliança? Simplesmente para garantir o futuro do Reich, quando ele estava em 
posição de manter-se sobre os próprios pés. O futuro do Reich estava na política 
de habilitar, por todos os meios, a nação alemã a continuar 
existindo.
     Por conseqüência, o problema deveria 
ter sido posto assim: que forma deverá assumir a vida da nação alemã em um 
futuro tangível? E como se poderá garantir a essa evolução os necessários 
fundamentos e a necessária segurança, no quadro do concerto das potências 
européias?
     Considerando claramente as condições 
para a atividade da política externa, tinha-se de fatalmente chegar à seguinte 
convicção:
     A Alemanha tem um acréscimo de 
população de, aproximadamente, 900 mil almas por ano. A dificuldade de 
alimentação desse exército de novos cidadãos tem de aumentar de ano para ano e 
acabar finalmente numa catástrofe, caso se não encontrem meios de, em tempo, 
dominar o perigo da miséria e da fome.
     Havia 
quatro caminhos para evitar esse tremendo 
desenlace.
     1° Podia-se, a exemplo da França, 
limitar artificialmente o acréscimo de nascimentos e, com isso, impedir uma 
superpopulação.
     A própria natureza costuma agir 
no sentido de limitar o aumento de população de determinadas terras ou raças, em 
épocas de grandes necessidades ou más condições climáticas, bem como de pobreza 
do solo; e isso com um método tão sábio quão inexorável. Ela não impede a 
capacidade de procriação em si e sim, porém, a conservação dos rebentos, fazendo 
com que eles fiquem expostos a tão duras provações que o menos resistente é 
forçado a voltar ao seio do eterno desconhecido, o que ela deixa sobreviver às 
intempéries está milhares de vezes experimentado e capaz de continuar a 
produzir, de maneira que a seleção possa recomeçar. Agindo desse modo brutal 
contra o indivíduo e chamando-o de novo momentaneamente a si, desde que ele não 
seja capaz de resistir à tempestade da vida, a natureza mantém a raça, a própria 
espécie, vigorosa e a torna capaz das maiores 
realizações.
     A diminuição do número, por esse 
processo, redunda em um reforço da capacidade do indivíduo e, por conseguinte, 
em última análise, em um revigoramento da 
espécie.
     As coisas se passam de outra maneira 
quando é o homem que toma a iniciativa de provocar a limitação de seu número. Ai 
é preciso considerar não só o fator natural como o humano. O homem sabe mais que 
essa cruel rainha de toda a sabedoria - a natureza. Ele não limita a conservação 
do indivíduo, mas a própria reprodução. Isso lhe parece, a ele que sempre tem em 
vista a si mesmo e nunca à raça, mais humano e mais justificado que o inverso. 
Infelizmente, porém, as conseqüências são também 
inversas.
     Enquanto a natureza, liberando a 
geração, submete, entretanto, a conservação da espécie a uma prova das mais 
severas, escolhendo dentro de um grande número de indivíduos os que julga 
melhores e só a estes conserva para a perpetuação da espécie, o homem limita a 
procriação e se esforça, aferradamente, para que cada ser, uma vez nascido, se 
conserve a todo preço. Essa correção da vontade divina lhe parece ser tão sábia 
quanto humana e ele alegra-se de, mais uma vez, ter sobrepujado a natureza e até 
de ter provado a insuficiência da mesma. E o filho de Adão não quer ver nem 
ouvir falar que, na realidade, o número é limitado, mas à custa do apoucamento 
do indivíduo.
     Sendo limitada a procriação e 
diminuído o número dos nascimentos, sobrevem, em lugar da natural luta pela 
vida, que só deixa viverem os mais fortes e mais sãos, a natural mania de 
conservar e "salvar" a todos, mesmo os mais fracos, a todo preço. Assim se deixa 
a semente para uma descendência que será tanto mais lamentável quanto mais 
prolongado for esse escárnio contra a natureza e suas 
determinações.
     O resultado final é que um tal 
povo um dia perderá o direito à existência neste mundo, pois o homem pode, 
durante um certo tempo, desafiar as leis eternas da conservação, mas a vingança 
virá mais cedo ou mais tarde. Uma geração mais forte expulsará os fracos, pois a 
ânsia pela vida, em sua última forma, sempre romperá todas as correntes 
ridículas do chamado espírito de humanidade individualista, para, em seu lugar, 
deixar aparecer uma humanidade natural, que destrói a debilidade para dar lugar 
à força.
     Aquele, pois, que quiser assegurar a 
existência ao povo alemão limitando a sua multiplicação, rouba lhe com isso o 
futuro.
     2° Outro caminho seria aquele que hoje 
em dia freqüentemente ouvimos aconselhado e louvado: a chamada colonização 
interna. Essa é uma proposta que muitos fazem, na melhor das intenções, que é, 
porém, mal compreendida pela maioria e que pode trazer, por isso, os maiores 
prejuízos imagináveis. Sem dúvida, a capacidade produtiva de um terreno pode ser 
elevada até determinado limite. Mas só até esse limite determinado e não 
infinitamente mais. Durante um certo lapso, poder-se-á, portanto, compensar, sem 
perigo de fome, a multiplicação do povo alemão por meio do aumento do rendimento 
de nosso solo. Entretanto, a isso se opõe o fato de crescerem as necessidades da 
vida mais do que o número da população. As necessidades humanas com relação ao 
alimento e ao vestuário crescem de ano para ano e, por exemplo, já hoje em dia, 
não estão em proporção com as necessidades de nossos antepassados de cem anos 
atrás. É, pois, errôneo pensar que cada elevação da produção provoque a condição 
necessária a uma multiplicação da população. Isso se dá até um certo ponto, pois 
que ao menos uma parte do aumento da produção do solo é consumida na satisfação 
das necessidades superiores da humanidade. Entretanto, com a máxima parcimônia 
de um lado e a máxima diligencia por outro lado, chegará um dia em que um limite 
será atingido pelo próprio solo. Mesmo com toda a diligência, não será possível 
aproveitá-lo mais e surgirá, embora protelada por algum tempo, uma nova 
calamidade. A fome aparecerá de tempos em tempos, quando houver má colheita. Com 
o aumento da população, isso se dará cada vez mais, de sorte que isso só não 
aparecerá quando raros anos de riqueza encherem os armazéns de víveres. 
Entretanto, finalmente, aproximar-se-á a época em que não se poderá mais atender 
à miséria e a fome, então, tornar-se-á a companheira de um tal povo. A natureza 
terá de prestar auxílio de novo e proceder à seleção entre os escolhidos, 
destinados a viver; ou então é o próprio homem que a si mesmo se auxilia, 
lançando mão do impedimento artificial de sua reprodução com todas as graves 
conseqüências para a raça e para a espécie. Poder-se-á ainda objetar que esse 
futuro está destinado a toda a humanidade, de uma maneira ou de outra, e que, 
portanto, nenhum povo conseguirá naturalmente escapar a essa 
fatalidade.
     À primeira vista, sem mais 
considerações, isso está certo. Há, também, a considerar o seguinte: numa 
determinada época, toda a humanidade será certamente forçada a interromper o 
aumento do gênero humano ou a deixar a natureza decidir, por si própria. Essa 
situação atingirá a todos os povos, mas atualmente só serão atingidas por essa 
miséria as raças que não possuem energia suficiente para assegurarem para si o 
solo necessário. Ninguém contesta que, hoje em dia, ainda há neste mundo solo em 
extensão formidável e que só espera quem o queira cultivar. Da mesma forma 
também é certo que esse solo não foi reservado pela natureza para uma 
determinada nação ou raça, como superfície de reserva para o futuro. Trata-se, 
sim, de terra e solo destinados ao povo que possua a energia de o conquistar e a 
diligência de o cultivar.
     A natureza não 
conhece limites políticos. Preliminarmente, ela coloca os seres neste globo 
terrestre e fica apreciando o jogo livre das forças. O mais forte em coragem e 
em diligência recebe o prêmio da existência, sempre atribuído ao mais 
resistente.
     Quando um povo se limita à 
colonização interna, enquanto outras raças se agarram a cada vez maiores 
extensões territoriais, será forçado a restringir as suas necessidades, em uma 
época em que os outros povos ainda se acham em constante multiplicação. Esse 
caso dá-se tanto mais cedo quanto menor for o espaço à disposição de um povo. 
Como, porém, em geral, infelizmente, as melhores nações, ou mais corretamente 
falando, as únicas raças verdadeiramente culturais, portadoras de todo o 
progresso humano, muitas vezes se resolvem na sua cegueira pacifista a desistir 
de nova aquisição de solo, contentando-se com a colonização "interna", nações 
inferiores sabem assegurar-se enormes territórios. Tudo isso conduz a um 
resultado final:
     As raças culturalmente 
melhores, mas menos inexoráveis, teriam de limitar a sua multiplicação, por 
força da limitação do solo, ao passo que os povos culturalmente mais baixos, 
naturalmente mais brutais, ainda estariam, em conseqüência da maior superfície 
disponível, em condições de se reproduzirem ilimitadamente, por outras palavras, 
dia viria em que o mundo passaria a ser dominado por uma humanidade 
culturalmente inferior, porém mais 
enérgica.
     Assim, para um futuro não muito 
remoto, só há duas possibilidades: ou o mundo será governado nos moldes de 
nossas modernas democracias e então o fiel da balança decidirá a favor das raças 
numericamente mais fortes, ou o mundo será - governado segundo as leis da ordem 
natural e vencerão então os povos de vontade brutal e, por conseqüência, não a 
nação que se limita a si mesma.
     O que ninguém 
poderá duvidar é que o mundo será exposto às mais graves lutas pela existência 
da humanidade. No fim, vence sempre o instinto da conservação. Sob a pressão 
deste, desaparece o que chamamos espírito de humanidade como expressão de uma 
mistura de tolice, covardia e pretensa sabedoria, tal qual a nave ao sol de 
março. A humanidade tornou-se grande na luta eterna, na paz eterna ela 
perecerá.
     Para nós, alemães, porém, a senha da 
colonização interna já é funesta, pois, entre nós, ela imediatamente reforça a 
opinião de termos achado um meio que, de acordo com o espírito pacifista, 
permite podermos numa vida de torpor, "ganhar" a existência. Essa doutrina, 
tomada a sério entre nós, significa o fim de todo o esforço no sentido de 
conservarmos no mundo o lugar que nos compete. Desde que o alemão médio se tenha 
convencido de poder garantir-se por esse meio a vida e o futuro, qualquer 
tentativa de uma interpretação ativa e, portanto, frutuosa, das necessidades 
vitais da Alemanha estaria perdida. Toda política externa verdadeiramente útil 
poderia ser considerada impossível com uma tal opinião da nação, e, com isso, o 
futuro do povo alemão estaria 
prejudicado.
     Tendo-se em vista essas 
conseqüências, deve-se concordar que não é por acaso que, em primeira linha, são 
sempre os judeus que procuram e sabem inocular, no espírito do povo, tão 
perigosas idéias, aliás mortalmente perigosas. Eles conhecem muito bem as 
pessoas com que têm de tratar para não saberem que essas são vitimas agradecidas 
de qualquer charlatão que lhes diga haver sido descoberto o meio de enganar a 
natureza, de modo a tornar supérflua a dura e inexorável luta pela existência, 
para, em seu lugar, ora com trabalho ou mesmo sem nada fazer, conforme calha a 
cada um, assenhorear-se do planeta.
     Não é nunca 
demasiado insistir em que toda colonização alemã interna tem de servir, em 
primeiro plano, para evitar males sociais, sobretudo para livrar a terra da 
especulação geral. Entretanto nunca poderá ser suficiente para assegurar o 
futuro da noção sem a conquista de novos 
territórios.
     Se agirmos de outra maneira, não 
só chegaremos a esgotar as nossas terras como também as nossas 
forças.
     Finalmente, há a constatar ainda o 
seguinte:
     A limitação, implícita, na 
colonização interna, a uma determinada pequena superfície de solo, bem como o 
efeito final que se lhe segue da restrição da reprodução, conduz o povo a uma 
situação político-militar extraordinariamente 
desfavorável.
     A garantia da segurança externa 
de um povo depende da extensão de seu "habitat". Quanto maior for o espaço de 
que um povo disponha, tanto maior é sua proteção natural; pois sempre foram 
conseguidas vitórias militares mais rápidas e, por isso mesmo, mais fáceis e 
especialmente mais eficientes e mais completas contra povos apertados em 
pequenas superfícies de terra do que contra Estados de vasta extensão 
territorial. Na grandeza do território há, pois, sempre, uma certa proteção 
contra ataques repentinos, visto como o êxito só será conseguido após longas e 
severas lutas e, por isso, o risco de um ataque temerário parecerá demasiado 
grande, a não ser que existam motivos excepcionais. Na vastidão territorial, em 
si mesma, já existe uma base para a fácil conservação da liberdade e da 
independência de um povo, enquanto que, ao contrário, a pequenez territorial 
como que desafia a conquista.
     De fato, as duas 
primeiras possibilidades para se conseguir um equilíbrio entre a população 
crescente e o solo invariável em grandeza, foram rejeitadas pelos chamados 
círculos nacionais do Reich. Os motivos que determinaram essa atitude eram, 
entretanto, outros que os indicados acima. Relativamente à limitação dos 
nascimentos, a atitude era de recusa, em primeiro lugar por um certo sentimento 
moral. A colonização interna era repelida com desapontamento, pois que se 
farejava, nela, um ataque contra a grande propriedade rural e o começo de uma 
luta geral contra a propriedade particular. Pela forma por que sobretudo essa 
última terapêutica era recomendada podia-se imediatamente ver a condenação dessa 
hipótese.
     De um modo geral, a defesa em face da 
grande massa não era muito hábil e de modo algum atingia o âmago do 
problema.
     Em face disso, só restavam dois 
caminhos- para assegurar um trabalho são à população 
crescente.
     3° Podiam-se adquirir novos 
territórios, a fim de, anualmente, derivar os milhões excedentes, conservando 
dessa maneira a nação em condições de poder alimentar-se a si mesma, ou se 
passaria a:
     4° Produzir, por meio da indústria 
e do comércio, para o consumo estrangeiro, a fim de, por esse modo, garantir a 
vida do povo.
     Portanto, política rural, 
colonial ou comercial.
     Ambos os caminhos foram, 
sob vários pontos de vista, considerados, examinados, recomendados e 
combatidos.
     O primeiro ponto de vista sem 
dúvida teria sido o mais são dos dois. A aquisição do novo território para nele 
acomodar o excesso da população encerra vantagens infinitamente maiores, 
especialmente se se toma em consideração o futuro e não o 
presente.
     Só as vantagens da conservação de uma 
classe de camponeses, como fundamento de toda a nação, são enormes. Muitos dos 
nossos males atuais não são mais que a conseqüência do desequilíbrio entre o 
povo dos campos e o das cidades. Uma base firme constituída de pequenos e médios 
camponeses foi, em todos os tempos, a melhor defesa contra as enfermidades 
sociais do gênero das que nos afligem hoje em dia. Essa é também a única saída 
que permite a um povo encontrar o pão de cada dia nos limites da sua vida 
econômica. A indústria e o comércio recuam de sua posição de dirigentes e se 
colocam no quadro geral de uma economia nacional de consumo e compensação. Ambos 
não são mais a base de alimentação do povo e sim um auxílio para a mesma. 
Dispondo eles de uma compensação entre a produção e o consumo, tornam toda a 
alimentação do povo mais ou menos independente do exterior. Ajudam, portanto, a 
assegurar a liberdade do Estado e a independência da nação, sobretudo nos dias 
graves.
     Entretanto, uma tal política rural não 
poderá ser realizada, por exemplo, no Camerun e sim quase que exclusivamente na 
Europa. Calma e modestamente, temos de colocar-nos no ponto de vista de que 
certamente não deve ter sido a intenção do céu dar a um povo cinqüenta vezes 
mais terra do que a outro. Nesse caso, os limites políticos não devem afastar-se 
dos limites do direito eterno. Se é verdade que o mundo tem espaço para todos 
viverem, então que se nos dê também o solo necessário à nossa 
vida.
     Isso naturalmente não será feito de boa 
vontade. O direito da própria conservação fará então sentir os seus efeitos; e o 
que é negado por meios suasórios tem de ser tomado à 
força.
     Tivessem os nossos antepassados feito 
depender as suas decisões de tolices pacifistas, como se faz atualmente, e não 
possuiríamos mais que um terço do nosso atual território. Não é a isso que 
devemos as duas Marcas orientais do Reich e, com elas, a força interior da 
grandeza do domínio territorial de nosso Estado, o que nos tem permitido existir 
até hoje.
     Há outra razão para que essa solução 
seja considerada correta:
     Muitos Estados 
europeus de hoje são semelhantes a pirâmides que se sustêm sobre o seu vértice. 
As suas possessões na Europa são ridículas comparativamente com a sua pesada 
carga de colônias, comércio estrangeiro, etc. Poder-se-ia dizer: ponto na Europa 
e base em todo o mundo. Inversa é a situação dos Estados Unidos, cuja base está 
sobre o seu próprio continente e cujo ápice é o seu ponto de contato com o resto 
do globo. Daí a grande força interna daquele Estado e a fraqueza da maioria das 
potências colonizadoras européias.
     Mesmo a 
Inglaterra não é prova em contrário, pois sempre nos inclinamos a esquecer a 
verdadeira natureza do mundo anglo-saxão em relação ao Império britânico. Pelo 
fato de possuir a mesma língua e a mesma cultura que os Estados Unidos, a 
Inglaterra não pode ser comparada com nenhum outro Estado da 
Europa.
     Por isso, a única esperança de realizar 
a Alemanha uma política territorial sadia está na aquisição de novas terras na 
própria Europa. As colônias são inúteis para esse fim, por parecerem impróprias 
para o estabelecimento de europeus em grande número. Entretanto, no século 
dezenove, já não era mais possível adquirir, por métodos pacíficos, tais 
territórios para efeitos de colonização. Uma política de colonização dessa 
espécie só poderia ser realizada por meio de uma luta áspera, que seria mais 
razoável se aplicada na obtenção de território no continente, próximo da pátria, 
de preferência a quaisquer regiões fora da 
Europa.
     Uma tal decisão exige, porém, a 
solidariedade de toda a nação. Não é possível abordar, com meias medidas ou com 
hesitações, uma tarefa cuja execução só é viável pelo emprego de toda a energia 
nacional. A direção política do Reich teria de dedicar-se exclusivamente a esse 
fim; nenhum passo deveria ser dado por outras considerações que não fosse o 
reconhecimento dessa tarefa e das condições pare o seu êxito. Deveria ficar bem 
claro que esse objetivo só poderia ser atingido em luta, tendo-se tranqüilamente 
em mira o movimento das armas.
     Todas as 
alianças deveriam ser examinadas exclusivamente sob esse ponto de vista e 
apreciadas quanto à sua utilidade nesse objetivo. Houvesse o desejo de adquirir 
territórios ria Europa e isso teria de dar-se de um modo geral à custa da 
Rússia. O novo Reich teria de novamente pôr-se em marcha na estrada dos 
guerreiros de outrora, a fim de, com a espada alemã, dar ao arado alemão a gleba 
e à nação o pão de cada dia.
     Para uma tal 
política só havia um possível aliado na Europa: 
Inglaterra.
     A Grã-Bretanha era a única potência 
que poderia proteger a nossa retaguarda, suposto que déssemos início a uma nova 
expansão germânica. Teríamos tanto direito de fazê-lo quanto tiveram os nossos 
antepassados. Nenhum dos nossos pacifistas se nega a comer o pão do Oriente, 
embora o primeiro arado outrora tivesse sido a 
espada.
     Nenhum sacrifício deveria ser 
considerado demasiado grande nesse trabalho de conquistar as simpatias da 
Inglaterra. Dever-se-ia renunciar às colônias e ao poderio naval, e evitar a 
concorrência à indústria britânica.
     Somente uma 
atitude absolutamente clara poderia conduzir a um tal objetivo: renúncia a uma 
marinha de guerra alemã, concentração de todas as forças do Estado no exército. 
Ê verdade que o resultado seria uma limitação temporária, entretanto 
abrir-se-iam os horizontes para um grande 
futuro.
     Houve uma época em que a Inglaterra nos 
daria atenção nesse sentido, porque ela compreendia muito bem que, devido a sua 
crescente população, a Alemanha teria de procurar qualquer saída e de achá-la na 
Europa, com o auxílio inglês, ou, sem esse auxílio, em qualquer outra parte do 
mundo.
     A tentativa para se obter uma 
aproximação com a Alemanha, feita no dobrar do século, foi devida em tudo e por 
tudo a esse sentimento. Mas aos alemães não agradava "tirar as castanhas do 
fogo" para a Inglaterra, - como se fosse possível uma aliança sobre outra base 
que não a da reciprocidade. Baseado nesse princípio, o negócio poderia muito bem 
ter sido feito com a Inglaterra. A diplomacia britânica era bastante hábil para 
saber que nada era lícito esperar sem 
reciprocidade.
     Imaginemos que a Alemanha, com 
uma hábil política exterior, tivesse representado o papel que o Japão 
representou em 1904, e, dificilmente, poderemos prever as conseqüências que isso 
teria tido para o país.
     Jamais teria havido a 
"Guerra Mundial".
     No ano de 1904, o sangue 
teria sido dez vezes menos que o que se derramou em 
1914-18.
     Mas que posição ocuparia a Alemanha, 
hoje em dia, no mundo!
     Sobretudo a aliança com 
a Áustria foi uma idiotice.
     Essa múmia de 
Estado uniu-se à Alemanha não para lutar com ela na guerra mas para conservar 
uma eterna paz, a qual então poderia ser utilizada, de uma maneira inteligente, 
para a destruição lenta porém segura do germanismo na Monarquia. Essa aliança 
era absolutamente inviável, pois que não se poderia esperar por muito tempo uma 
defesa ofensiva dos interesses nacionais alemães em um Estado que não possuía 
nem a força nem a decisão para limitar o processo de desgermanização nas suas 
fronteiras imediatas. Se a Alemanha não possuía consciência nacional bastante e 
também a impavidez para arrancar ao impossível Estado dos Habsburgos o mandato 
sobre o destino de dez milhões de irmãos de raça, não se poderia, então, na 
verdade, esperar que jamais ela recorres. se a planos de tão larga visão e tão 
audaciosos. A atitude do velho Reich em relação ao problema austríaco foi a 
pedra-de-toque de sua atitude na luta decisiva de toda a 
nação.
     Ninguém observava como, ano a ano, o 
germanismo era cada vez mais oprimido e que o valor da aliança, de parte da 
Áustria, era determinado exclusivamente pela conservação dos elementos alemães. 
Mas absolutamente não se seguiu esse 
caminho.
     Nada temiam tanto como a luta e, 
finalmente, na hora mais desfavorável, foram constrangidos a 
ela.
     Queriam fugir ao destino e foram 
surpreendidos por ele. Sonhavam com a conservação da paz do mundo e caíram na 
guerra mundial.
     E esse foi o mais importante 
motivo porque não se deu o devido valor a essa terceira saída para a garantia do 
futuro alemão. Sabia-se que a conquista do novo solo só podia ser alcançada a 
leste. A luta necessária foi prevista, mas o que se queria a todo preço era a 
paz. A senha da política externa há muito que não era mais a conservação da 
nação alemã a todo transe, mas a conservação da paz universal, por to. dos os 
meios. Ainda voltarei a falar mais detalhadamente sobre esse 
ponto.
     Assim, restava ainda a quarta 
possibilidade: indústria e comércio universais, poder naval e 
colônias.
     Um tal desenvolvimento era na verdade 
mais fácil e mais rapidamente acessível. O povoamento do solo é um processo mais 
lento e que dura, às vezes, séculos. É, porém, justamente nisso que se deve 
procurar a sua força intrínseca. Não se trata de um flamejar repentino, mas de 
um crescimento lento, mas fundamental e constante, em contraposição a um 
desenvolvimento industrial que pode ser improvisado no correr de poucos anos, 
assemelhando-se, porém, mais a uma bolha de sabão que a força solida, É verdade 
que mais rapidamente se constrói uma esquadra do que, em luta tenaz, se erige 
uma estância e coloniza-se a mesma com lavradores; entretanto aquela também mais 
facilmente se aniquila do que esta última. Contudo, se a Alemanha, não obstante, 
trilhava esse caminho, ao menos deveria reconhecer-se claramente que esse 
programa um dia acabaria em luta, só crianças imaginariam que se pode conseguir 
o desejado alimento, pela boa conduta e pela declaração de sentimentos de paz, 
na "concorrência pacífica dos povos", como tanto e tão suntuosamente se 
tagarelava sobre esse assunto, como se tudo se pudesse obter sem lançar mão das 
armas.
     Não. Se continuássemos a trilhar esse 
caminho, a Inglaterra um dia se tornaria nossa inimiga. Nada mais insensato do 
que o desapontamento que experimentamos, pelo fato de a Inglaterra tomar um dia 
a liberdade de enfrentar a nossa tendência pacifista com a crueldade do egoísta 
violento. Só a nossa reconhecida ingenuidade se poderia surpreender com esse 
desfecho.
     Nunca deveríamos ter agido 
assim!
     Se uma política de aquisição territorial 
na Europa só poderia ser feita em aliança com a Inglaterra contra a Rússia, uma 
política de colônias e de comércio mundial, por outro lado, só seria concebível 
em uma aliança com a Rússia contra a Inglaterra. Nesse caso, dever-se-ia chegar 
inexoravelmente às últimas conseqüências, pondo se a Áustria à 
margem.
     Considerada sob todos os pontos de 
vista, essa aliança com a Áustria era, já no dobrar do século, uma verdadeira 
loucura.
     Entretanto, não se pensava numa 
aliança com a Rússia contra a Inglaterra, nem tão pouco com a Inglaterra contra 
a Rússia, pois, em ambos os casos, o resultado teria sido a guerra e, para 
evitá-la, é que se decidiu adotar a política comercial e industrial. A conquista 
"econômica pacifica" era uma receita que de uma vez por todas estava destinada a 
dar um golpe decisivo na política de violência de até então. Talvez não houvesse 
completa confiança nessa política, sobretudo tendo-se em vista que, de tempos a 
tempos, surgiam, vindas do lado da Inglaterra, ameaças inteiramente 
incompreensíveis. Finalmente capacitaram-se os alemães da necessidade de 
construir-se uma frota, não com o propósito de atacar e destruir, mas para 
defender a paz mundial e para a "conquista pacífica do mundo". Por isso tiveram 
de mantê-la em escala modesta, não somente quanto ao número mas também quanto à 
tonelagem de cada navio e ao respectivo armamento, de modo a tornar evidente que 
o seu fim último era pacífico.
     Conversar em 
"conquista pacífica do mundo" foi a maior loucura que já se tomou como princípio 
dirigente de uma política nacional, especialmente porque não se recuava em citar 
a Inglaterra para provar que era possível pô-la em prática. O mal feito pelos 
nossos professores com o seu ensinamento de história e com suas teorias 
dificilmente pode ser remediado e apenas prova, de modo evidente, quantas 
pessoas "ensinam" história sem compreendê-la, sem percebê-la. Exatamente na 
Inglaterra ter-se-ia de reconhecer uma evidente refutação à teoria. De lato, 
nenhuma outra nação se preparou melhor para a conquista econômica, mesmo com a 
espada ou mais tarde a sustentou mais inexoravelmente que a inglesa. Não é a 
característica dos estadistas ingleses tirarem lucro econômico da força política 
e imediatamente transformarem o lucro econômico em força política? Assim foi um 
erro completo imaginar que a Inglaterra seria demasiado covarde para derramar o 
seu sangue em defesa de sua política econômica. O fato de não possuírem os 
ingleses um exército nacional não era prova em contrário; porque não é a forma 
das forças militares que importa, mas antes a vontade e a determinação de força 
existente. A Inglaterra sempre possuiu os armamentos de que necessitava. Sempre 
lutou com as armas precisas para garantir o êxito da sua política. Lutou com 
mercenários enquanto os mercenários bastavam aos seus planos, mas lançou mão do 
melhor sangue de toda a nação quando tal sacrifício foi necessário para 
assegurar a vitória. Sempre teve a determinação de lutar e sempre foi tenaz e 
inexorável na sua maneira de conduzir a 
guerra.
     Na Alemanha, entretanto, com o correr 
do tempo se estimulava, por meio das escolas, da imprensa e dos jornais 
humorísticos, a que se tivesse da vida inglesa e mais ainda do Império uma idéia 
própria a conduzir a inoportuna decepção; porque tudo gradualmente se contaminou 
com essa tolice e o resultado foi a opinião falsa sobre os ingleses, que se 
traduziu em amarga desforra por parte deles, Essa idéia correu tão largamente 
que toda a gente estava convencida de que o inglês, tal qual o imaginavam, era 
um homem de negócios, ao mesmo tempo ladino e incrivelmente covarde. Jamais 
ocorreu aos nossos dignos mestres da ciência professoral que um Império vasto 
como o Império britânico não poderia ser fundado e conservado unido apenas com 
astúcia e métodos escusos. Os primeiros que advertiram sobre esse assunto não 
foram ouvidos ou tiveram de ficar em silêncio. Recordo-me perfeitamente do 
espanto de meus camaradas quando nos enfrentamos com os "Tommies" em Flandres. 
Depois dos primeiros dias de luta, alvoreceu no cérebro de cada um a noção de 
que aqueles escoceses não correspondiam exatamente à gente que os escritores de 
jornais humorísticos e as notícias da imprensa entendiam 
descrever-nos.
     Comecei então a refletir sobre a 
propaganda e sobre as suas formas mais 
úteis.
     Esse falseamento certamente tinha suas 
vantagens para aqueles que o propagavam. Estavam aptos a demonstrar, com 
exemplos, por mais incorretos que estes fossem, se era correta a idéia de uma 
conquista econômica do mundo. O que o inglês conseguiu nós poderíamos também 
conseguir, havendo para nós a vantagem especial de nossa maior probidade, a 
ausência daquela perfídia especificamente inglesa. Era de esperar ainda com isso 
ganharmos mais facilmente a simpatia de todas as pequenas nações e a confiança 
das grandes.
     Não compreendíamos que a nossa 
probidade causasse aos outros um íntimo horror, desde que acreditávamos 
seriamente em tudo isso, enquanto o resto do mundo via nessa conduta a expressão 
de uma falsidade astuta, até que, com o maior espanto, a revolução proporcionou 
uma visão mais profunda da ilimitada tolice de nosso modo de 
pensar.
     Pela tolice dessa "conquista econômica 
pacífica" do mundo se depreende imediatamente a tolice da tríplice aliança. Com 
que Estado se podia, pois, fazer aliança? Conjuntamente com a Áustria, não era 
possível pensar em conquistas guerreiras, mesmo na Europa. Justamente nisso é 
que estava, desde o primeiro momento, a fraqueza intrínseca da aliança. Um 
Bismarck podia tomar a liberdade de um tal expediente, mas não nenhum dos seus 
ignorantes sucessores, muito menos numa época em que não existiam mais as mesmas 
condições da aliança promovida por Bismarck. Bismarck acreditava ainda que a 
Áustria fosse um Estado alemão. Com a introdução do sufrágio universal, tinha 
esse país, entretanto, paulatinamente, adotado um sistema de governo parlamentar 
e antigermânico.
     A aliança com a Áustria, sob o 
ponto de vista racial e político, foi simplesmente nociva. Tolerava-se o 
desenvolvimento de uma nova potência eslava na fronteira do Reich, potência essa 
que mais cedo ou mais tarde teria de tomar atitudes em relação à Alemanha muito 
diferentes da Rússia, por exemplo. Com isso a aliança de ano para ano tinha de 
tornar-se cada vez mais fraca, à proporção que os únicos portadores desse 
pensamento na monarquia perdiam influência e eram desalojados das posições 
dominantes.
     Já pelo dobrar do século, a aliança 
com a Áustria tinha entrado na mesma fase que a aliança da Áustria com a 
Itália.
     Só havia duas possibilidades: ou 
prevalecia a aliança com a monarquia dos Habsburgos ou se protestava contra o 
combate ao germanismo na Áustria. Entretanto, quando se inicia tal movimento, o 
resultado final, geralmente, é a luta aberta, 
declarada.
     O valor da tríplice aliança era, 
psicologicamente, de somenos importância, uma vez que a força de uma aliança 
declina quando se limita a manter uma situação existente. Por outro lado, uma 
aliança será tanto mais forte quanto mais as potências contratantes estejam 
convencidas de que, com a mesma, podem obter uma vantagem tangível, 
definida.
     Isso era compreendido em vários 
meios, mas infelizmente não o era pelos chamados "profissionais". Ludendorff, 
então coronel no grande estado-maior, apontava essa fraqueza um memorando 
escrito em 1912. Naturalmente os "estadistas" se' recusaram a dar qualquer 
importância ao assunto, pois a razão, que está ao alcance de qualquer mortal, 
escapa aos "diplomatas".
     Para a Alemanha foi 
uma felicidade que a guerra de 1914, embora indiretamente, irrompesse por 
intermédio da Áustria, obrigando os Habsburgos a nela tomarem parte. Tivesse 
acontecido o contrário e a Alemanha teria ficado sozinha. Nunca o Estado dos 
Habsburgos teria podido ou mesmo teria querido tomar parte em uma guerra que se 
originasse de parte da Alemanha. Aquilo que, em relação à Itália, tanto se 
condenou, ter-se-ia dado mais cedo na Áustria: ela teria ficado "neutra" para 
assim ao menos salvar o Estado contra uma revolução. O eslavismo austríaco, no 
ano de 1914, teria preferido destruir a monarquia a consentir no auxilio à 
Alemanha.
     Poucas pessoas naquela ocasião podiam 
compreender como eram grandes os perigos e dificuldades oriundas das alianças 
com a monarquia do Danúbio. Em primeiro lugar, a Áustria possuía inimigos 
demais, que cogitavam de herdar de um Estado carcomido. Não era possível que, no 
correr do tempo, não surgisse um certo ódio contra a Alemanha, na qual se 
enxergava a causa do impedimento à queda da monarquia, por todos esperada e 
desejada. Chegou-se à convicção de que, no final de contas, só se poderia 
alcançar Viena via Berlim.
     A ligação com a 
Áustria privava a Alemanha das melhores e mais promissoras alianças. Em lugar 
dessas alianças, surgiu uma situação tensa com a Rússia' e mesmo com a Itália. 
Em Roma o sentimento geral era tão simpático à Alemanha como antipático à 
Áustria.
     Como os alemães se tinham lançado na 
política do comércio e da indústria, não havia mais o menor motivo para uma luta 
contra a Rússia. Somente os inimigos de ambas as nações é que poderiam ter nisso 
um vivo interesses. De fato, eram em primeira linha judeus e marxistas que, por 
todos os meios, incitavam a guerra entre os dois 
Estados.
     Essa aliança, em terceiro lugar, tinha 
em si um grande perigo, pois que com facilidade uma das potências inimigas do 
império de Bismarck em qualquer tempo poderia mobilizar vários Estados contra a 
Alemanha, uma vez que estavam em condições de, à custa do aliado austríaco, 
acenar com as perspectivas de grandes 
vantagens.
     Todo o oriente da Europa poderia 
levantar-se contra a monarquia do Danúbio, sobretudo a Rússia e a Itália. Nunca 
se teria realizado a coligação mundial, que se vinha desenvolvendo desde a ação 
inicial do rei Eduardo, se a Áustria, como aliada da Alemanha, não tivesse 
oferecido vantagens tão apetecidas pelos inimigos. Só assim foi possível reunir, 
numa única frente de ataques, países de desejos e objetivos tão heterogêneos. 
Cada um deles poderia esperar, numa ação conjunta contra a Alemanha, conseguir 
enriquecer-se. Esse perigo aumentou extraordinariamente pelo fato de parecer que 
a essa aliança infeliz também estava filiada a Turquia como sócio 
comanditário.
     O mundo financeiro internacional 
judaico necessitava, porém, desse chamariz, a fim de poder realizar o plano, há 
muito desejado, da destruição da Alemanha que ainda não se tinha submetido ao 
controle financeiro e econômico geral, à margem do Estado. Só assim se podia 
forjar uma coalizão tornada forte e corajosa pelo simples número dos exércitos 
de milhões em marcha, pronta, finalmente, a avançar contra o lendário 
Siegfried.
     A aliança com a monarquia dos 
Habsburgos que, já nos tempos em que eu estava na Áustria, tanto me irritava, 
começou a tornar-se a causa de longas provações intimas que, no correr do tempo, 
ainda mais reforçavam a minha primeira 
opinião.
     No meio modesto, que eu então 
freqüentava, nenhum esforço fiz para esconder a minha convicção de que aquele 
infeliz tratado com um Estado condenado à destruição teria de levar a Alemanha a 
um colapso catastrófico, a não ser que ela conseguisse desvencilhar-se do mesmo, 
ainda em tempo. Nunca vacilei, por um momento; mantive-me, nessa convicção, 
firme como uma rocha, até que, por fim, a torrente da guerra mundial tornou 
impossível uma reflexão razoável, e o ímpeto do entusiasmo tudo levou de vencida 
e o dever de todos passou a ser a consideração das realidades, Mesmo quando me 
achava na frente de batalha, sempre que o problema era discutido, eu exprimia a 
minha opinião de que quanto mais depressa fosse rompida a aliança tanto melhor 
para a nação alemã e que sacrificar a monarquia dos Habsburgos não seria 
sacrifício para a Alemanha, se com isso ela pudesse reduzir o número de seus 
inimigos, desde que os milhões de capacetes de aço não se tinham reunido para 
manter uma decrépita dinastia, mas para salvar a nação 
alemã.
     Antes da guerra, parecia, às vezes, que 
num campo ao menos havia uma leve dúvida quanto à correção da política de 
aliança que vinha sendo seguida. De tempos a tempos, os círculos conservadores 
na Alemanha começavam a fazer advertências contra a excessiva confiança nessa 
política, mas, como tudo mais que era razoável, fazer essas advertências era 
como falar no deserto. Havia a convicção geral de que a Alemanha estava a 
caminho de conquistar o mundo, que o êxito seria ilimitado e que nada teria de 
ser sacrificado.
     Mais uma vez, ao "não 
profissional" nada era permitido fazer senão olhar silenciosamente, enquanto os 
"profissionais" marchavam diretamente para a destruição, arrastando consigo .a 
nação inocente, como o caçador de ratos de 
Hamein.
     A causa mais profunda do fato de ter 
sido possível apresentar a um povo inteiro, como processo político prático, a 
insensatez de uma "conquista econômica", tendo como objetivo a conservação da 
paz universal, residia numa enfermidade de todos os nossos pensamentos 
políticos.
     A vitoriosa marcha da técnica e da 
indústria alemãs, os crescentes triunfos do comércio alemão, fizeram que se 
esquecesse de que tudo isso só era possível dada a suposição da existência de um 
Estado forte. Muitos, ao contrário, chegavam até a proclamar a sua convicção de 
que o Estado devia a sua vida a esses progressos, desde que o Estado, primeiro 
que tudo e mais que tudo, é uma instituição econômica e deveria ser dirigido de 
acordo com as regras da economia, devendo, por isso, a sua existência ao 
comércio - condição que era considerada ser a mais sã e mais natural de todas. 
Entretanto, o Estado nada tem a ver com qualquer definida concepção ou 
desenvolvimento econômico.
     O Estado não é uma 
assembléia de negociantes que durante uma geração se reuna dentro de limites 
definidos para executar projetos econômicos, mas a organização da comunidade, 
homogênea por natureza e sentimento, unida para a promoção e conservação da sua 
raça e para a realização do destino que lhe traçou a Providência. Esse e nenhum 
outro é o objeto e a significação de um Estado. A economia é tão somente um dos 
muitos meios necessários à realização desse objetivo. Nunca, porém, é o objetivo 
de um Estado, a não ser que este, desde o princípio, repouse em uma base falsa, 
por antinatural. Só assim é que se explica que o Estado, como tal, não necessite 
ter, como condição, uma limitação territorial. Isso só será necessário entre 
povos sue, por si mesmos, querem assegurar a alimentação de seus irmãos em raça 
e que, portanto, estão prontos a lutar com o seu próprio trabalho, em prol de 
sua existência. Os povos que, como zangões, conseguem infiltrar-se no resto da 
humanidade, a fim de, sob todos os pretextos, fazer com que os outros trabalhem 
para si, podem, mesmo sem possuírem um "habitat" determinado e limitado, formar 
um Estado. Isso se dá em primeira linha num povo sob cujo parasitismo, sobretudo 
hoje, toda a humanidade sofre: o povo judeu.
     O 
Estado judaico nunca teve fronteiras, nunca teve limites no espaço, mas era 
unido pela raça. Por isso, aquele povo sempre foi um Estado dentro do Estado. 
Foi um dos mais hábeis ardis já inventados o de encobrir-se aquele Estado sob a 
capa de religião, obtendo-se assim a tolerância que o ariano sempre estendeu a 
todos os credos. A religião mosaica nada mais é que uma doutrina para a 
conservação da raça judaica. Por isso ela abraça quase todos os ramos do 
conhecimento sociológico, político e econômico que lhe possam dizer 
respeito.
     O instinto de conservação da espécie 
é sempre a causa da formação das sociedades humanas. Por isso, o Estado é um 
organismo racial e não uma organização econômica, diferença essa que, sobretudo 
hoje em dia, passa despercebida aos chamados "estadistas". Daí pensarem estes 
poder construir o Estado pela economia quando, na realidade, aquele nada mais é 
que o resultado da atuação daquelas virtudes que residem no instinto de 
conservação da raça e da espécie. Estas são, porém, sempre virtudes heróicas e 
nunca egoísmo mercantil, pois que a conservação da existência de uma espécie 
pressupõe o sacrifício voluntário de cada um. Nisso é que está justamente o 
sentido da palavra do poeta: "e se não arriscardes a vida, nunca vencereis na 
vida", isto é, a capacidade de sacrifício de cada um é indispensável para 
assegurar a conservação da espécie. A condição mais essencial, porém, para a 
formação e conservação de um Estado é a existência de um sentimento de 
solidariedade, baseado na identidade de raça, bem como a boa vontade de por ele 
sacrificar-se. Isso, em povos senhores de seu próprio solo, conduz à formação de 
virtudes heróicas, em povos parasitas conduz à hipocrisia mentirosa e à 
crueldade dissimulada, qualidades essas que devem ser pressupostas pela maneira 
diferente como vivem em relação ao Estado. A formação de um Estado só será 
possível pela aplicação dessas virtudes, pelo menos originariamente, sendo que 
na luta pela conservação serão submetidos ao jugo e assim mais cedo ou mais 
tarde sucumbirão os povos que apresentarem menos virtudes heróicas ou que não 
estejam na altura da astúcia do parasita inimigo. Mas, também nesse caso, isso 
deve ser atribuído não tanto à falta de inteligência como à falta de decisão e 
de coragem, que procura esconder-se sob o manto de sentimento de 
humanidade.
     O fato de a força interna de um 
Estado só em casos raros coincidir com o chamado progresso econômico mostra 
claramente como está pouco ligado às virtudes que servem para a formação e 
conservação do Estado essa prosperidade que, em infinitos exemplos, parece até 
indicar a próxima decadência do Estado. Se, porém, a formação da comunidade 
humana tivesse de ser atribuída em primeira linha a forças econômicas, então o 
mais elevado desenvolvimento econômico significaria a mais formidável força do 
Estado e não inversamente.
     A crença na força da 
economia para formar e conservar um Estado, torna-se incompreensível, sobretudo 
quando se trata de um país que, em tudo e por tudo, mostra clara e incisivamente 
o contrário.- Justamente a Rússia demonstra, de maneira evidentíssima, que não 
são as condições materiais, mas as virtudes ideais, que tornam possível a 
formação de um Estado. Somente sob a sua guarda é que a economia consegue 
florescer, até que, com a decadência das puras forças geradoras do Estado, a 
economia também decai, processo esse que exatamente agora podemos observar com 
desesperada tristeza. Os interesses materiais dos homens sempre conseguem 
prosperar melhor enquanto permanecem à sombra de virtudes 
heróicas.
     Sempre que aumentava o poder político 
da Alemanha o progresso material se fazia sentir, os negócios começavam a 
melhorar; ao passo que quando os negócios monopolizavam a vida de nosso povo e 
enfraqueciam as virtudes de nosso espírito, o Estado desfalecia, arrastando, na 
sua ruína, os próprios negócios.
     E se 
perguntarmos a nós mesmos quais são as forças que fazem e conservam os Estados, 
vemos que elas aparecem sob uma única denominação: habilidade e abnegação para o 
sacrifício individual, por amor da comunidade. Que essas virtudes não têm 
relação com a economia torna-se óbvio pela compreensão de que o homem nunca se 
sacrifica por negócios, isto é, os homens não morrem por negócios, mas por 
ideais. Nada mostrou melhor a superioridade psicológica dos ingleses, na 
dedicação por um ideal nacional, do que as razões que eles apresentaram para 
combater. Enquanto nós lutávamos pelo pão quotidiano, a Inglaterra lutava pela 
"liberdade", não pela própria mas pela das pequenas nações. Na Alemanha todos 
zombavam ou se irritavam com essa impudência, o que prova quanto se tornara 
insensata e estúpida a ciência oficial na Alemanha de antes da guerra. Não 
tínhamos a menor noção da natureza das forças que podem levar os homens à morte 
por sua livre e espontânea vontade.
     Enquanto o 
povo alemão continuava a pensar, em 1914, que lutava por ideais, ele manteve-se 
firme; mas logo que se tornou evidente que lutava apenas pelo pão quotidiano, 
preferiu renunciar ao brinquedo.
     Os nosso 
inteligentes "estadistas", entretanto, ficaram atônitos com essa mudança de 
sentimento. eles nunca compreenderam que o homem, desde o momento que luta por 
um interesse econômico, evita o mais que pode a morte, pois que esta o faria 
perder o gozo do prêmio de sua luta. A preocupação pela salvação de seu filho 
faz que a mais fraca das mães se torne heroína e somente a luta pela conservação 
da espécie e da lareira e também do Estado fez, em todos os tempos, com que os 
homens se jogassem de encontro às lanças dos 
inimigos.
     Pode-se considerar a seguinte frase 
como uma sentença eternamente 
verdadeira:
     Jamais um Estado foi fundado pela 
economia pacífica e sim, sempre, pelo instinto de conservação da espécie, esteja 
este situado no campo da virtude heróica ou da astúcia. O primeiro produz os 
Estados arianos, de trabalho e cultura, o segundo, colônias judaicas 
parasitárias. Desde que um povo ou um Estado procura dominar esses instintos, 
estão atraindo para si a escravidão, a 
opressão.
     A crença de antes da guerra de que 
era possível ter o mundo aberto para a nação alemã ou de fato conquistá-lo pelo 
método pacífico de uma política de comércio e colonização, era um sinal evidente 
de que haviam desaparecido as genuínas virtudes que fazem e conservam os 
Estados. bem como a intuição, a força de vontade e a determinação que fazem as 
grandes coisas. Como era de esperar, o resultado imediato disso foi a grande 
guerra, com todas as suas conseqüências
     Para 
aquele que não examinasse a questão, essa atitude de quase toda a nação alemã 
era um enigma indecifrável, pois a Alemanha era justamente um exemplo 
maravilhoso de um império que surgiu de uma política de força. A Prússia - 
célula mater do Reich - proveio de grandes heroísmos e não de operações 
financeiras ou negócios comerciais. E o próprio Reich era o mais maravilhoso 
prêmio da direção da política de força e da coragem indômita dos seus soldados. 
Como poderia, justamente o povo alemão, chegar a tal amortecimento de seus 
instintos políticos? Não se tratava, é preciso que se note, de um fenômeno 
isolado e sim de sintomas de decadência geral que, em proporções verdadeiramente 
assustadoras, ora flamejavam como fogos-fátuos no seio do povo ora corroíam a 
nação como tumores malignos. Parecia que uma torrente de veneno constante era 
impelida por uma força misteriosa até os últimos vasos sangüíneos desse corpo de 
heróis, com o fim de aniquilar o seu bom senso, o simples instinto de 
conservação.
     Examinando todas essas questões, 
condicionadas ao meu ponto de vista em relação à política de alianças da 
Alemanha e à política econômica do Reich, nos anos de 1912 e 1914, restou, como 
solução do enigma aquela força que já anteriormente eu conhecera em Viena sob 
prisma inteiramente diverso: a doutrina marxista, sua concepção do mundo e a 
influência de sua capacidade de 
organização.
     Pela segunda vez na minha vida 
analisei profundamente essa doutrina de destruição - desta vez porém não mais 
guiado pelas impressões e efeitos do meu ambiente diário, e sim dirigido pela 
observação dos acontecimentos gerais da vida política. Aprofundei-me novamente 
na literatura teórica desse novo mundo, procurei compreender os seus efeitos 
possíveis, comparei estes com os fenômenos reais e com os acontecimentos no que 
diz respeito à sua atuação na vida política, cultural e 
econômica.
     Comecei a considerar, pela primeira 
vez, que tentativa deveria ser feita para dominar aquela pestilência 
mundial.
     Estudei os móveis, as lutas e os 
sucessos da legislação especial de Bismarck. Gradualmente o meu estudo me 
forneceu princípios graníticos para as minhas próprias convicções - tanto que 
desde então nunca pensei em mudar minhas opiniões pessoais sobre o caso. Fiz 
também um profundo estudo das ligações do marxismo com o 
judaísmo.
     Se, outrora, em Viena, a Alemanha me 
tinha dado a impressão de um colosso inabalável, começaram agora entretanto a 
surgir em mim considerações apreensivas. No meu íntimo eu estava descontente com 
a política externa da Alemanha, o que revelava ao pequeno circulo que meus 
conhecidos, bem como com a maneira extremamente leviana, como me parecia, de 
tratar-se o problema mais importante que havia na Alemanha daquela época - o 
marxismo. Realmente, eu não podia compreender como se vacilava cegamente ante um 
perigo cujos efeitos - tendo-se em vista a intenção do marxismo tinham de ser um 
dia terríveis. Já naquela época eu chamava a atenção, no meio em que vivia, para 
a frase tranqüilizadora de todos os poltrões de então: "A nós nada nos pode 
acontecer". Esse pestilento modo de pensar já outrora destruíra um império 
gigantesco. Por acaso só a Alemanha não estaria sujeita às mesmas leis de tidas 
as outras comunidades humanas?
     Nos anos de 1913 
e 1914 manifestei a opinião, em vários círculos, que, em parte, hoje estão 
filiados ao movimento nacional-socialista, de que o problema futuro da nação 
alemã devia ser o aniquilamento do marxismo.
     Na 
funesta política de alianças da Alemanha eu via apenas o fruto da ação 
destruidora dessa doutrina. O pior era que esse veneno destruía quase 
insensivelmente os fundamentos de uma sadia concepção do Estada e da economia, 
sem que os por ele atingidos se apercebessem de que a sua maneira de agir, as 
manifestações da sua vontade já eram uma conseqüência destruidora do 
marxismo.
     A decadência do povo alemão tinha 
começado há muito tempo, sem que os indivíduos, como acontece freqüentemente, 
pudessem claramente ver os responsáveis pela mesma. Muitas vezes se tentou 
procurar um remédio para essa enfermidade, mas confundiam-se os sintomas com a 
causa. Como ninguém conhecia ou queria conhecer a verdadeira causa do mal-estar 
da nação, a luta contra o marxismo não passou de um charlatanismo sem 
eficiência.
CAPÍTULO V - A GUERRA MUNDIAL
     Quando 
ainda jovem, na fase em que tudo nos sorri, nada me fazia tão triste, como o ter 
nascido justamente em uma época em que todas as honras e glórias eram reservadas 
a negociantes ou a funcionários do governo.
     As 
ondas dos acontecimentos históricos aparentemente tinham arrefecido e, de tal 
maneira, que o futuro, na realidade parecia pertencer à "concorrência pacifica 
dos povos", isto é, a uma calma e recíproca ladroagem, pela eliminação dos 
métodos violentos da reação das vítimas. Os diferentes países começavam a se 
assemelhar, cada vez mais, a empresas que se solapassem reciprocamente o chão 
debaixo dos pés, na conquista sem trégua de fregueses e de encomendas, 
procurando cada um sobrepujar as outras, por todos os meios ao seu alcance. Tudo 
isso era posto em execução com uma espetaculosidade tão grande quanto ingênua. 
Essa evolução parecia não só permanente, como destinada também a, algum dia (com 
a aprovação geral), transformar o mundo inteiro em uma única e grande casa de 
negócios, em cujas ante-salas seriam expostos, para a posteridade, os bustos dos 
mais atilados especuladores e dos mais ingênuos funcionários da administração. 
Os comerciantes poderiam ser, então representados pela Inglaterra; os 
funcionários administrativos seriam os alemães; os judeus, porém, fariam o 
sacrifício de ser os proprietários, pois que, como eles próprios confessam, 
nunca lucram, sempre têm de "pagar" e, além disso, falam a maioria das 
línguas.
     Ah! se me tivesse sido possível ter 
nascido cem anos antes! Mais ou menos no tempo das guerras da Independência, 
quando o homem, mesmo sem negócios, ainda valia alguma 
coisa!
     Muitas vezes me ocorriam pensamentos 
desagradáveis, relativos à minha peregrinação terrena, demasiado tardia na minha 
opinião, e a época "de calma e ordem" que se me deparava eu considerava uma 
infâmia imerecida do destino. É que já, nos meus mais tenros anos, eu não era 
"pacifista". Todas as tentativas de educação nesse sentido tinham resultado 
inúteis.
     A guerra dos "Boers"", então 
desencadeada, teve sobre mim o efeito de um relâmpago. Diariamente, eu aguardava 
ansioso os jornais, devorava telegramas e boletins, e considerava-me feliz por 
ser, ao menos de longe, testemunha dessa luta de 
titãs.
     A guerra russo-japonêsa já me encontrou 
sensivelmente mais amadurecido e, também mais atento aos acontecimentos. 
Moviam-me, sobretudo, razões nacionais. Desde os primeiros momentos, tomei 
partido, e, discutindo as opiniões correntes, coloquei-me imediatamente do lado 
dos japoneses, pois via na derrota dos russos uma diminuição do espírito eslavo 
na Áustria.
     Muitos anos se passaram desde 
então, e aquilo que, outrora, quando ainda rapaz, me parecia morbidez, 
compreendia agora como sendo a calma, antes da tempestade. Já desde o tempo em 
que vivia em Viena pairava sobre os Balcãs aquela atmosfera pesada, prenúncio de 
tempestade, e já lampejos mais claros riscavam o céu, mas se perdiam ligeiros 
nas trevas sinistras. Em seguida, veio a guerra dos Balcãs, e, com ela, o 
primeiro temporal varreu a Europa, já agora nervosa. A época que se seguiu 
influiu como um pesadelo sobre os homens. O ambiente estava tão carregado que, 
em virtude do mal-estar que a todos afligia, a catástrofe que se aproximava 
chegou a ser desejada. Que os céus dessem livre curso ao des. tino, já que não 
havia barreiras que o detivessem! Caiu então o primeiro formidável raio sobre a 
terra; a tempestade desencadeou-se, e, aos trovões do céu, juntavam-se as 
baterias da guerra mundial.
     Quando a notícia do 
assassinato do grão-duque Francisco Ferdinando chegou a Munique, eu estava 
justamente em casa e ouvia contar o desenrolar dos acontecimentos de maneira 
muito vaga. Meu primeiro receio foi que as balas assassinas tivessem partido de 
estudantes alemães, que, indignados com o constante trabalho de eslavização 
feito pelo herdeiro presuntivo da coroa austríaca, tivessem querido livrar o 
povo alemão desse inimigo interno. As conseqüências eram fáceis de imaginar: uma 
nova onda de perseguições aos alemães, que, agora, facilmente seriam "explicadas 
e justificadas", perante o mundo. Quando, porém, logo depois, ouvi o nome dos 
autores presumíveis e verifiquei que eram sérios, fiquei estupefato ante essa 
vingança do destino impenetrável. O maior amigo da raça eslava caíra sob as 
balas de fanáticos eslavos! Quem, nos últimos anos, tivesse tido oportunidade de 
observar constantemente as relações entre a Áustria e a Sérvia, não poderia 
duvidar, nem um segundo, de que a pedra começara a rolar e que nada poderia 
detê-la na sua queda.
     É uma injustiça fazer 
hoje em dia recriminações ao governo de Viena sobre a forma e o conteúdo do seu 
"Ultimatum". Nenhuma outra potência do mundo teria agido de maneira diferente, 
se se encontrasse em idênticas condições. A Áustria tinha, na sua fronteira 
sudoeste, um inimigo de morte, o qual, cada vez mais, desafiava a Monarquia e 
nisso persistiria até que chegasse o momento propicio à destruição do Império. 
Receava-se, com razão, que isso se desse, o mais tardar, com a morte do velho 
imperador. E, nesse momento, talvez a monarquia não estivesse em condições de 
oferecer resistência séria.
     O Estado inteiro 
encontrava-se, nos últimos anos, de tal maneira dependente da vida de Francisco 
José, que a morte desse homem, tradicional personalização do Império, 
eqüivaleria, no sentir da massa popular, à morte do próprio Império. Era até 
considerado uma das mais inteligentes manobras, sobretudo da política eslava, 
fazer crer que a Áustria devia a sua existência à habilidade extraordinária e 
única desse monarca. Essa bajulação era tanto mais apreciada na Corte, quando 
ela em nada correspondia, na realidade, ao mérito desse Imperador. Não se podia 
ver o espinho escondido atrás dessa lisonja. Não se lobrigava ou não se queria 
ver que, quanto mais a monarquia dependesse da extraordinária arte de governar, 
como se costumava dizer, deste "mais sábio monarca de todos os tempos", tanto 
mais catastrófica seria a situação, quando um dia o destino batesse a essa 
porta, reclamando o seu tributo.
     Seria possível 
imaginar a velha Áustria sem o seu velho 
Imperador?
     Não se repetiria, imediatamente, a 
tragédia que outrora atingira Maria Teresa? Não! Na verdade, é uma injustiça que 
se faz aos círculos governamentais de Viena censurá-los por terem eles provocado 
uma guerra que talvez tivesse sido possível evitar. Esse desfecho era, porém, 
inevitável. Quando muito poderia ter sido protelado por um ou dois anos. Foi 
este o castigo das diplomacias, tanto da alemã como da austríaca. Elas sempre 
tentaram protelar o ajuste de contas que tinha de vir e agora eram forçadas a 
dar o golpe na hora menos favorável. A verdade é que mais outra tentativa para 
manter a paz teria trazido a guerra numa época ainda menos propícia. Quem não 
quisesse esta guerra deveria ter a coragem de arcar com as conseqüências. Essas, 
porém, só poderiam consistir no sacrifício da Áustria. Assim mesmo, a guerra 
teria vindo, talvez não mais como a luta de todos contra nós mas sim tendo como 
finalidade o aniquilamento da monarquia dos Habsburgos. De qualquer modo, uma 
decisão tinha de ser tomada: ou entrávamos na guerra ou ficaríamos de fora, 
observando, a fim de vermos, de mãos cruzadas, o destino seguir o seu 
curso.
     Justamente aqueles que, hoje, mais 
vociferam contra o desencadear da guerra, foram os que mais funestamente 
ajudaram a atiçá-la.
     A social-democracia, há 
dezenas de anos, fomentava, da maneira mais torpe, a guerra contra a Rússia, 
enquanto o Partido do Centro, baseado num ponto de vista religioso, fazia a 
política alemã girar em torno do Estado austríaco. Tinha-se que arcar com as 
conseqüências desse erro. O que veio tinha de vir e, em hipótese nenhuma, 
poderia ser evitado. A culpa do governo alemão neste caso foi de perder sempre 
as boas oportunidades de intervenção, devido à preocupação constante de manter a 
paz. Assim agindo, o governo se emaranhava em uma coligação destinada à 
manutenção da paz universal, para tornar-se, por fim, a vítima de uma coligação 
do mundo inteiro, que antepunha à pressão pela manutenção da paz a determinação 
de fazer a guerra.
     Caso o governo de Viena 
tivesse dado uma forma mais suave ao seu ultimato, em nada teria mudado a 
situação. Quando muito teria sido varrido do poder pela indignação popular. Aos 
olhos da grande massa do povo, o tom do ultimato ainda era brando demais e, de 
modo nenhum, lhe parecia brutal. Nele não havia excessos. Quem hoje procura 
negar isso ou é um desmemoriado ou um mentiroso consciente. Graças a Deus, a 
luta do ano de 1914 não foi, na realidade, imposta e sim desejada pelo povo 
inteiro. Todos queriam acabar de vez com uma insegurança generalizada. Só assim 
pode-se também compreender que mais de dois milhões de alemães, homens e 
rapazes, se pusessem voluntariamente sob a bandeira decididos a protegê-la com a 
última gota do seu sangue.
     Aquelas horas foram 
para mim uma libertação das desagradáveis recordações da juventude, Até hoje não 
me envergonho de confessar que, dominado por delirante entusiasmo, caí de 
joelhos e, de todo coração, agradeci aos céus ter-me proporcionado a felicidade 
de poder viver nessa época.
     Tinha-se 
desencadeado uma luta de libertação, a mais formidável que o mundo jamais vira, 
pois logo que a fatalidade tinha iniciado o seu curso, as grandes massas 
perceberam que, desta vez, não se tratava do destino nem da Sérvia nem da 
Áustria, e sim da vida ou morte da nação 
alemã.
     Pela primeira vez, depois de muitos 
anos, o povo via claro o seu próprio futuro. Assim é que, logo no começo da luta 
titânica, ainda sob a ação de um transbordante entusiasmo, brotaram, no espírito 
do povo, os sentimentos à altura da situação, pois somente esta idéia de 
salvação geral conseguiu que a exaltação nacional significasse alguma coisa mais 
do que simples fogo de palha. A certeza da gravidade da situação era, porém, por 
demais necessária. Em geral, ninguém podia, naquela época, ter a menor idéia da 
duração da luta que, então, se iniciava. Sonhava-se poder estar de volta, à 
casa, no próximo inverno, a fim de retomar o trabalho pacífico. Aquilo que o 
homem deseja vale como objeto de esperança e crença. A grande maioria da nação 
estava cansada do eterno estado de insegurança. Só assim pode-se compreender que 
não se pensasse numa solução pacífica do conflito austro-sérvio, mas em uma 
solução definitiva para as complicações existentes. Ao número desses milhões que 
assim pensavam pertencia eu.
     Mal se tinha 
divulgado em Munique a notícia do atentado e já me passavam pela mente duas 
idéias, a saber: a guerra seria absolutamente inevitável e o império dos 
Habsburgos seria forçado a ficar fiel às suas alianças. O que eu mais havia 
temido sempre era a possibilidade de a Alemanha entrar em conflito - talvez 
mesmo em conseqüência dessa aliança - sem que a Áustria tivesse sido a causa 
direta, e que, dessa maneira, o governo austríaco não se decidisse, por motivo 
de política interna, a se colocar ao lado do seu aliado. A maioria eslava do 
Império teria imediatamente iniciado a sua resistência a uma decisão espontânea 
nesse sentido, preferindo ver o Império destruído nos seus fundamentos a 
conceder o auxílio solicitado. Entretanto, esse perigo estava agora afastado. O 
velho Império tinha de lutar, por bem ou por 
mal.
     Minha atitude em face do conflito era bem 
clara e definida. Para mim não se tratava de uma guerra para que a Áustria 
obtivesse satisfação por parte da Sérvia. Não. A Alemanha é que lutava pela sua 
vida, e com ela o povo pela sua existência, pela sua liberdade, por seu futuro. 
A política de Bismarck ia ser seguida. Aquilo que os antepassados haviam 
conquistado com o sacrifício do sangue dos seus heróis nas batalhas de 
Weissenburg, até Sedan e Paris, tinha de ser reconquistado pela jovem Alemanha. 
Caso fosse essa luta vitoriosa, o nosso povo entraria de novo no rol das grandes 
potências, com o seu poder exterior aumentado. E assim o Império alemão poderia 
se tornar uma eficiente garantia da paz, sem ter de diminuir o pão de cada dia 
de seus filhos, em nome dessa mesma 
paz.
     Quantas vezes, rapazinho ainda, tive o 
desejo sincero de poder provar por fatos que para mim o entusiasmo nacional não 
era uma pura fantasia. A mim me parecia muitas vezes quase um crime aplaudir o 
que quer que fosse sem se estar convencido da razão de ser de seus gestos. Quem 
tinha o direito de assim agir sem ter passado por aqueles momentos difíceis sem 
que a mão inexorável do destino, dando aos acontecimentos um tom mais sério, 
exige a sinceridade das atitudes humanas? Meu coração, como o de milhões de 
outros, transbordava de orgulho e felicidade por poder de vez libertar-me dessa 
situação de inércia.
     Tantas vezes tinha eu 
cantado o "Deutschland, Deutschland über alles", com todas as forças de meus 
pulmões e gritado "Heil"... que quase me parecia uma graça especial poder 
comparecer agora, perante a justiça divina, para afirmar a sinceridade dessa 
minha atitude. Desde o primeiro instante estava firmemente decidido, em caso de 
guerra - esta me parecia inevitável - a abandonar os livros imediatamente. Ao 
mesmo tempo sabia muito bem que o meu lugar seria aquele para onde me chamava a 
voz da consciência. Por motivos políticos, tinha preliminarmente abando. nado a 
Áustria. Nada mais natural, pois, que agora que se iniciava a luta, coerente com 
as minhas opiniões políticas, eu assim procedesse. Não era meu desejo lutar pelo 
império dos Habsburgos. Estava pronto, porém, a morrer, em qualquer instante, 
pelo meu povo ou pelo governo que o representasse na 
realidade.
     A 3 de agosto apresentei um 
requerimento a S. M. o rei Luís III, no qual eu solicitava a permissão para 
assentar praça num regimento bávaro. A secretaria do Governo, naquela ocasião, 
como era natural, estava assoberbada de serviço. Por isso tanto mais alegre 
fiquei ao tomar conhecimento, já no dia seguinte, do despacho favorável à minha 
solicitação. Ao abrir, com mãos trêmulas, o documento no qual li o deferimento 
do meu pedido, com a recomendação de me apresentar a um regimento bávaro, meu 
contentamento e minha gratidão não tiveram limites. Poucos dias depois, eu 
envergava a farda, que só quase seis anos mais tarde deveria 
despir.
     Começou então para mim, como 
provavelmente para todos os outros alemães, a mais inesquecível e a maior época 
da minha vida. Comparado com a luta titânica que se travava, todo o passado 
desaparecia inteiramente. Com orgulho e saudade, recordo-me, justamente nesses 
dias em que se passa o 10o. aniversário daqueles formidáveis acontecimentos, das 
primeiras semanas daquela luta heróica de nosso povo, na qual graças à 
benevolência do destino, me foi dado tomar 
parte.
     Como se fosse ontem, passam diante de 
meus olhos todos os acontecimentos. Vejo-me fardado, no círculo dos meus 
queridos camaradas. Lembro-me da primeira vez que saímos para exercícios 
militares, etc., até que enfim chegou o dia da partida para o 
front.
     Uma única preocupação me afligia naquele 
momento, a mim como a muitos outros. Era recear chegarmos tarde demais no front. 
Essa idéia não me deixava tranqüilo. A cada manifestação de júbilo por um novo 
feito heróico, sentia uma profunda tristeza, pois toda a vez que se festejava 
uma nova vitória, parecia para mim aumentar o perigo de chegarmos demasiadamente 
tarde. Finalmente, chegou o dia de deixarmos Munique, a fim de nos apresentarmos 
ao cumprimento do dever. Tive então a oportunidade de ver, pela primeira vez, o 
Reno, na nossa viagem para o ocidente, feita ao longo das suas águas calmas. A 
nós estava confiada a defesa, contra a cobiça dos inimigos, do mais germânico de 
todos os rios. Quando os primeiros raios de sol da manhã, atravessando um leve 
véu de neblina, refletiam-se no monumento de Niederwald, irrompeu, do 
longuíssimo trem de transporte, a velha canção alemã "Die Wacht am Rhein". 
Senti-me transbordante de entusiasmo.
     Em 
seguida, veio uma noite úmida e fria, em Flandres, durante a qual marchamos 
silenciosos e, quando o sol começou a despontar através das nuvens, rompeu de 
repente sobre as nossas cabeças uma saudação de aço, e, entre as nossas 
fileiras, sibilavam balas que caíam levantando a terra molhada. Antes de 
desaparecer a pequena nuvem, duzentas bocas gritavam ao mesmo tempo "urra" a 
esses primeiros mensageiros da morte. Em seguida, começou o pipocar da metralha, 
a gritaria, o estrondo da artilharia, e, febricitante de entusiasmo, cada um 
marchava para a frente, cada vez mais depressa, até que, sobre os campos de 
beterraba, e, através das charnecas, começou a luta corpo a corpo. De longe, 
porém, chegavam aos nosso ouvidos os sons de uma canção, que, cada vez mais se 
aproximava, passando, de companhia a companhia, e, enquanto a morte dizimava as 
nossas fileiras, a canção chegava a nós e nós a passávamos adiante: 
"Deutschland, Deutschland, über alles, über alles in der 
Welt!"
     Passados quatro dias, voltamos. Até a 
maneira de andar dos soldados se tinha modificado. Rapazes de dezessete anos 
pareciam homens feitos. Os voluntários do regimento de List talvez não tivessem 
aprendido bem a lutar, o que é certo é que sabiam morrer como velhos 
soldados
     Esse foi o 
começo.
     Assim continuou a luta, ano a ano. Ao 
romantismo das batalhas tinha sucedido o horror. O entusiasmo se arrefecera aos 
poucos e o júbilo transbordante foi abafado pelo pavor da morte. Chegou a época 
em que cada um tinha de lutar entre o instinto de conservação e o imperativo do 
dever. Também eu não escapei a essa luta. Cada vez que a morte rondava algo 
indeterminado procurava se revoltar, baseado na razão, e, no entre. tanto, isso 
nada mais era do que a covardia que, assim disfarçada, procurava envolver cada 
um. Começou uma luta pró e contra, e o último resto de consciência decidia 
definitivamente. Entretanto quanto mais claro se ouviam essas vozes que 
recomendavam cautela, quanto mais elas procuravam atrair e falar alto, tanto 
mais violenta era a resistência, até que, enfim, após longa luta interior, a 
consciência do dever vencia. Já no inverno de 1915 a 1916 eu tinha decidido essa 
luta. A vontade tinha finalmente conseguido se impor. Nos primeiros dias, eu 
tinha avançado com júbilo e alegria nos lábios; agora me encontrava calmo e 
decidido. Assim devia permanecer até o fim. Só agora o destino podia caminhar 
para as últimas provas, sem que os meus nervos se rompessem ou a minha razão 
falhasse.
     O jovem voluntário tinha se 
transformado num soldado experimentado.
     Essa 
transformação tinha se operado no exército inteiro. As lutas constantes o tinham 
envelhecido e ao mesmo tempo, enrijado. Os que não puderam resistir à tempestade 
foram por ela vencidos. Somente agora é que se poderia julgar esse exército. Só 
agora depois de dois a três anos em que uma batalha se seguia a outra, em que 
ele combatera contra inimigos superiores em número e em armas, sofrendo fome e 
necessidades, só agora é que se podia avaliar o valor desse exército, único no 
mundo.
     Durante milhares de anos ninguém poderá 
falarem heroísmo sem se lembrar do exército alemão na guerra mundial. Só então, 
do véu do passado, a fronte de aço do capacete cinzento, firme e inabalável, 
aparecerá como monumento imortal. Enquanto houver alemães na face da terra, eles 
terão de se lembrar que aqueles homens eram dignos filhos da 
Pátria.
     Eu era soldado naquela ocasião e não 
queria me meter em política. A época na verdade não era para isso. Até hoje sou 
da opinião que o último cocheiro prestou ao país serviços maiores do que o 
primeiro, digamos assim, "parlamentar". Nunca odiei tanto estes palradores como 
no tempo em que cada indivíduo decidido que tinha alguma coisa a dizer, ou 
berrava-a na cara de seus inimigos ou então calava-se oportunamente e cumpria 
silenciosamente o seu dever, fosse onde fosse. De fato, naquela época, eu odiava 
esses "políticos", e se fosse por mim, teria mandado formar imediatamente um 
batalhão parlamentar de sapadores. Só assim eles poderiam, inteiramente à 
vontade, expandir entre si a sua verborragia, sem incomodar ou prejudicar o 
resto da humanidade honesta e decente.
     Naquela 
época eu não queria saber de política; entretanto não tinha outro remédio senão 
tomar partido em certos acontecimentos que diziam respeito à nação inteira, 
sobretudo a nós soldados.
     Havia duas coisas que 
então me aborreciam intimamente e eram por mim consideradas prejudiciais à causa 
da nação.
     Logo após as primeiras notícias de 
vitórias, uma certa imprensa começou a deixar cair sobre o entusiasmo geral 
algumas gotas de entorpecente, e isso devagar e desapercebidamente para muitos. 
Agia, essa mesma imprensa, sob a máscara de boa vontade, de boas intenções e até 
mesmo de zelo pela sorte do soldado. Receava-se um excesso no festejar das 
vitórias. Além disso, havia o pensamento de que essa forma de celebrar os 
triunfos militares não era digna de uma grande nação. Achava-se que a bravura e 
o heroísmo do soldado alemão deveriam ser naturais, sem espetaculosidades. Os 
alemães não se deviam deixar empolgar por manifestações de contentamento 
irrefletidas, que iriam repercutir no estrangeiro, o qual apreciaria a forma 
calma e digna de alegria mais do que uma exaltação desmedida, etc. Nós alemães, 
acrescentavam, não deveríamos esquecer que a guerra não estava no nosso 
programa, e, por isso, não deveríamos nos envergonhar de confessar abertamente 
que, em qualquer época, contribuiríamos com o nosso esforço para a 
confraternização da humanidade. Não era, pois, conveniente empanar a pureza dos 
leitos do exército com uma gritaria demasiado espetaculosa. O resto do mundo 
compreenderia muito mal essa maneira de agir. Nada é mais admirado do que a 
modéstia com que um verdadeiro herói esquece, silenciosa e calmamente, os seus 
maiores feitos.
     Em vez de pegar esses camaradas 
pelas orelhas, amarrá-los a um poste e puxá-los por uma corda, a fim de que a 
nação em festas não mais pudesse ofender a sensibilidade estética de tais 
escrevinhadores, começou-se a proceder na realidade contra a maneira 
"inadequada" de celebrar as vitórias.
     Não se 
tinha a mais pálida idéia de que o entusiasmo, uma vez abafado, não mais pode 
ser provocado quando se deseja. Ele é uma embriaguez e deve ser mantido nesse 
estado. Como, porém, se poderia manter uma luta sem essa força do entusiasmo, 
principalmente tratando-se de uma luta que iria pôr à prova, de uma maneira 
inédita, as qualidades morais da nação?
     Eu 
conhecia o bastante sobre a psicologia das grandes massas para saber que com 
sentimentalismo estético não se poderia manter aceso esse ardor cívico. No meu 
modo de ver, era rematada loucura não atiçar o fogo dessa paixão. O que eu ainda 
menos compreendia é que se procurasse destruir o entusiasmo existente. O que me 
irritava também era a atitude que se tomava em relação ao marxismo. Para mim 
essa atitude era uma prova de que não se tinha a mínima idéia do que fosse essa 
calamidade. Acreditava-se seriamente ter reduzido à inação o marxismo, com a 
simples declaração de que agora não existiam mais 
partidos.
     Não se percebia absolutamente que, no 
caso, não se tratava de um partido e sim de uma doutrina que tende a destruir a 
humanidade inteira. Compreende-se isso, considerando-se que, nas Universidades 
sujeitas a influências semíticas, nada se dizia a respeito, e que muitos, 
sobretudo nossos altos funcionários, acham, por uma questão de tola pretensão, 
inútil o aprender algo que não figure entre as matérias lecionadas nas escolas 
superiores. As transformações sociais mais radicais passam despercebidas a essas 
cabeças ocas, razão pela qual as instituições do governo são em muito inferiores 
às instituições particulares. Àquelas calha bem o provérbio: "O que o camponês 
não conhece, não come". Algumas poucas exceções só servem para confirmar a 
regra.
     Foi tolice rematada identificar o 
trabalhador alemão com o marxismo, nos dias de agosto de 1914. O trabalhador 
alemão tinha-se livrado, justamente naquela época, desse veneno. Se assim não 
fosse, ele nunca teria se apresentado para a guerra. Pensou-se estupidamente que 
o marxismo tinha-se tornado "nacional". Essa suposição só serve para mostrar 
que, nesses longos anos, nenhum dos dirigentes do Estado se tinha dado ao 
trabalho de estudar a essência dessa doutrina, pois, se assim fosse, 
dificilmente se teria propalado semelhante 
tolice.
     O marxismo, cuja finalidade última é e 
será sempre a destruição de todas as nacionalidades não judaicas, teve de 
verificar com espanto que, nos dias de julho de 1914, os trabalhadores alemães, 
já por eles conquistados, despertaram, e cada dia com mais ardor se apresentavam 
ao serviço da pátria. Em poucos dias, estava destruída a mistificação desses 
embusteiros infames dos povos. Solitária e abandonada, encontrava-se essa corja 
de agitadores judeus, como se não restasse mais um traço das loucuras 
inculcadas, durante mais de 60 anos, ao operariado alemão. Foi um mau momento 
para esses mistificadores. Logo que tais agitadores perceberam o grande perigo 
que os ameaçava, em conseqüência de suas constantes mentiras, disfarçaram-se e 
trataram de fingir que acompanhavam o entusiasmo 
nacional.
     Tinha chegado agora o momento 
oportuno de proceder contra a traiçoeira camarilha de envenenadores do povo. 
Dever-se-ia ter agido sumariamente, sem consideração para com as lamentações que 
provavelmente se desencadeariam. Em agosto de 1914 tinham desaparecido, como por 
encanto, as idéias ocas de solidariedade internacional e, no lugar delas, já 
poucas semanas depois, choviam, sobre os capacetes das colunas em marcha, as 
bênçãos fraternais dos shrapnell americanos. Teria sido dever de um governo 
cuidadoso exterminar sem piedade os destruidores do nacionalismo, uma vez que os 
operários alemães se tinham integrado de novo na 
Pátria.
     Em um tempo em que os melhores 
elementos da nação morriam no front, os que ficaram em casa, entregues aos seus 
trabalhos, deviam ter livrado a nação dessa piolharia 
comunista.
     Ao invés disso, sua Majestade o 
Kaiser estendia a mão a esses conhecidos criminosos, dando, assim, oportunidade 
a esses pérfidos assassinos da nação de voltarem a si e de recuperarem o tempo 
perdido.
     A víbora podia, pois, recomeçar o seu 
trabalho, com mais cautela do que antes, porém de maneira mais perigosa. 
Enquanto os honestos sonhavam com a paz, os criminosos traidores organizavam a 
revolução.
     Senti-me intimamente desgostoso com 
essas meias medidas. O que eu nunca poderia imaginar, porém, era que o fim fosse 
tão horroroso.
     Que se deveria fazer? Pôr os 
dirigentes do movimento nos cárceres, processá-los e deles livrar a nação. 
Ter-se ia de empregar com a máxima energia todos os meios de ação militar, a fim 
de destruir essa praga. Os partidos teriam de ser dissolvidos, o Reichstag teria 
de ser chamado à. razão pela força convincente das baionetas. O melhor até teria 
sido dissolvê-lo. Assim como a República, hoje, tem meios de dissolver os 
partidos, naquela época, com mais razão, devia-se ter apelado para tal recurso, 
pois se tratava de uma questão de vida ou de morte de toda uma 
nação.
     É verdade que nesses momentos surge 
sempre a pergunta: Será. possível destruir idéias a ferro e a fogo? Será 
possível combater concepções universais empregando a força 
bruta?
     Já naquele tempo, por mais de uma vez, 
me fiz a mim mesmo essas perguntas. Meditando sobre casos análogos, 
principalmente sobre aqueles casos da história universal que se baseiam em 
fundamentos religiosos, chega-se à seguinte conclusão 
básica:
     As idéias, assim como os movimentos que 
têm uma determinada base espiritual, seja ela certa ou errada, só podem, depois 
de ter atingido um certo período de sua evolução, ser destruídos por processos 
técnicos de violência, quando essas armas são elas mesmas portadoras de um novo 
pensamento flamejante, de uma idéia, de um princípio 
universal.
     O emprego exclusivo da violência, 
sem o estímulo de um ideal preestabelecido, não pode jamais conduzir à 
destruição de uma idéia ou evitar a sua propagação, exceto se essa violência 
tomar a forma de exterminação irredutível do último dos adeptos do novo credo e 
da sua própria tradição. Isto significa, entretanto, na maioria dos casos, a 
segregação de um tal organismo político do círculo das atividades, às vezes por 
tempo indefinido e até para sempre. A experiência tem mostrado que um tal 
sacrifício de sangue atinge em cheio a parte mais valiosa da nacionalidade, pois 
toda perseguição que tem lugar sem prévia preparação espiritual, revela-se como 
moralmente injustificada, provocando protestos veementes dos mais eficientes 
elementos do povo, protesto esse que redunda geralmente em adesão ao movimento 
perseguido. Muitos assim procedem por um sentimento de repulsa a todo combate a 
idéias, pela força bruta.
     O número dos adeptos 
cresce então proporcionalmente à intensidade da perseguição. Entretanto, o 
extermínio sem tréguas da nova doutrina só poderá ser possível à custa de grande 
e crescente dizimação dos que a aceitam, dizimação que, em última análise, 
conduzirá o povo ou o governo ao depauperamento. Tal processo será, desde o 
princípio, inútil, quando a doutrina a ser combatida já tenha ultrapassado certo 
círculo restrito.
     É por isso que aqui, como em 
todo processo de crescimento, o período da infância é o que está mais exposto à 
destruição, enquanto que, com o correr dos anos, a força de resistência aumenta, 
para só ceder lugar à nova infância com a aproximação da fraqueza senil, se bem 
que sob outra forma e por outros motivos.
     De 
fato, quase todas as tentativas de, por meio da força, e sem base espiritual, 
destruir uma doutrina, conduzem ao insucesso e não raras vezes ao contrário do 
desejado, e isso pelos seguintes motivos:
     A 
primeira de todas as condições para uma luta pela força bruta é a persistência. 
Isto quer dizer que só há possibilidade de êxito no combate a uma doutrina 
quando se empregam métodos de repressão uniformes e sem solução de continuidade. 
Fazendo-se, entretanto, indecisamente, alternar a força com a tolerância, 
acontecerá que, não só a doutrina a ser destruída conseguirá fortificar-se mas 
também ela ficará em situação de tirar novas vantagens de cada perseguição, pois 
que, passada a primeira onda de compressão, a indignação pelo sofrimento lhe 
trará novos adeptos, enquanto que os já existentes se conservarão cada vez mais 
fiéis. Mesmo aqueles que tinham abandonado as fileiras, passado o perigo, 
voltarão a elas. A condição essencial do sucesso é a aplicação constante da 
força. A continuidade é, porém, sempre o resultado de uma convicção espiritual 
determinada. Toda força que não provém de uma firme base espiritual torna-se 
indecisa e vaga. A ela faltará a estabilidade que só poderá repousar em certo 
fanatismo. Emana da energia e decisão bruta de um indivíduo. Está, porém, 
sujeita a modificações de acordo com as personalidades que a aceitam, isto é, 
com a força e o modo de ser de cada um.
     Além 
disso, há a considerar outra coisa: toda concepção universal, seja ela religiosa 
ou política - às vezes é difícil estabelecer a linha divisória - luta menos pela 
destruição negativa do mundo de idéias contrário do que pela vitória positiva de 
suas próprias idéias. A luta consiste assim, menos na defensiva, do que na 
ofensiva. Entretanto, ela ainda leva uma vantagem, pois tem o seu objetivo 
determinado, isto é a vitória da própria idéia, enquanto que, inversamente, é 
difícil determinar quando está atingido o fim negativo da destruição da doutrina 
inimiga. Aqui também a decisão pertence ao ataque e não à defesa. A luta contra 
uma força espiritual por meios violentos só é uma defesa enquanto as armas não 
são elas mesmas portadoras e disseminadoras de uma nova 
doutrina.
     Resumindo, pode-se estabelecer o 
seguinte: Toda tentativa de combater pelas armas um princípio universal tem de 
ser mal sucedida, enquanto a luta não tomar rigorosamente forma de ofensiva por 
novas idéias. É somente na luta de dois princípios universais que a força bruta, 
empregada, persistente e decididamente, pode provocar a decisão favorável ao 
lado por ela sustentado. Por isso é que até então tinha fracassado a luta contra 
o marxismo.
     Este foi o motivo pelo qual a 
legislação socialista de Bismarck acabou falhando e tinha de falhar. Faltou a 
plataforma de uma nova doutrina universal por cuja vitória se deveria ter 
lutado. De fato, estimular uma luta de vida e morte com expressões vazias, tais 
como "autoridade do Estado", "paz e ordem", é algo que só poderia mesmo ocorrer 
a altos funcionários de secretaria, sabidamente ocos de idéias. Faltando, como 
faltou, nessa luta, uma verdadeira base espiritual, teve Bismarck de contar, a 
fim de poder introduzir a sua legislação socialista, com uma instituição que 
nada mais era do que um aborto do 
comunismo.
     Confiando o destino de sua guerra ao 
marxismo à complacência da democracia burguesa, o chanceler de ferro queria 
fazer da ovelha, lobo.
     Entretanto, tudo isso 
era a conseqüência forçada da falta de um princípio geral básico e de grande 
poder conquistador. que fosse oposto ao marxismo. O resultado final da luta de 
Bismarck redundou, pois, numa grande 
desilusão.
     Eram, porém, as condições, durante a 
guerra, ou mesmo no seu começo, diferentes? Infelizmente, 
não.
     Quanto mais eu me preocupava com a idéia 
de uma modificação de atitude do governo com relação à social-democracia - 
partido esse que no momento, representava o marxismo - tanto mais eu reconhecia 
a falta de um sucedâneo para essa doutrina.
     Que 
se ia oferecer às massas, na hipótese da queda da social-democracia? Não havia 
um movimento ao qual fosse lícito esperar que pudesse atrair as massas de 
operários, nesse momento, mais ou menos, sem guias. Seria rematada ingenuidade 
imaginar que o fanático internacional, que já havia abandonado o partido de 
classe, se decidisse a entrar num partido burguês, portanto em uma nova 
organização de classe. Isso é inegável, embora não seja do agrado das várias 
organizações que parece acharem muito natural uma cisão de classes, até o 
momento em que essa cisão não comece a lhes ser desfavorável sob o ponto de 
vista político. A contestação desse tato só serve para provar a insolência e a 
estupidez dos mentirosos.
     De um modo geral, é 
um erro julgar que a grande massa seja mais tola do que parece. Em política não 
é raro o sentimento decidir mais acertadamente do que a 
razão.
     A alegação de que a massa erra, 
deixando-se levar pelo sentimento,
     alegação que 
se procura evidenciar com a sua ingênua atitude na política internacional - 
pode-se rebater vigorosamente observando-se o fato de não ser menos insensata a 
democracia pacifista, cujos lideres, no entanto, provêm exclusivamente da 
burguesia.
     Enquanto milhões de cidadãos rendem 
culto, todas as manhãs, à sua imprensa democrática, ficará muito mal a estes 
senhores rirem das tolices do companheiro que, no final das contas, engole as 
mesmas asneiras, se bem que com outra encenação. Nos dois casos, o fabricante 
desses raciocínios é sempre judeu.
     Deve-se, 
portanto, evitar a negação de fatos que existem na realidade. O fato de que há 
uma questão de classe (não se trata exclusivamente de problemas ideais, conforme 
se costuma fazer crer, sobretudo em épocas de eleições) não pode ser contestado. 
O sentimento de classe de grande parte de nosso povo, bem como o menosprezo do 
trabalhador manual, é um fenômeno que não provém da fantasia de um 
lunático.
     Não obstante, ele mostra a pequena 
capacidade de raciocínio dos nossos chamados intelectuais, quando, justamente 
nesses círculos, não se compreende que um estado de coisas, o qual não pode 
evitar o desenvolvimento de uma calamidade como o marxismo, agora não está mais 
em condições de reconquistar o perdido.
     Os 
partidos "burgueses", como eles mesmos se denominam, não poderão jamais contar 
com o apoio das massas proletárias, pois aqui temos dois mundos antagônicos, em 
parte naturalmente, em parte artificialmente cindidos, e cuja atitude recíproca 
só pode ser a de luta. O vencedor neste caso só poderia ser o mais jovem, e esse 
seria o marxismo.
     De fato, em 1914, seria 
possível imaginar uma luta contra a social-democracia. Agora, predizer o tempo 
da duração deste embate seria duvidoso, uma vez que faltava um sucedâneo prático 
para ela.
     Aqui havia uma grande 
lacuna.
     Eu possuía essa opinião já muito antes 
da Guerra e, por isso, nunca pude me decidir a me aproximar de um dos partidos 
existentes. No correr dos acontecimentos da guerra mundial tive essa minha 
opinião reforçada pela impossibilidade visível de começar a luta sem tréguas 
contra a social-democracia, já que faltava um movimento que fosse mais do que um 
partido "parlamentar>. Muitas vezes me externei a esse respeito com os meus 
camaradas mais íntimos. Apareceram-me então as primeiras idéias de, mais tarde, 
tomar parte na política.
     Justamente foi esse o 
motivo que fez com que eu muitas vezes comunicasse ao pequeno círculo de meus 
amigos a minha intenção de, passada a Guerra, combinar o meu trabalho 
profissional com a atividade política, como 
orador.
     Creio que isso estava resolvido, no meu 
espirito, com toda a seriedade.
CAPÍTULO VI - A PROPAGANDA DA 
GUERRA
     Observador cuidadoso dos 
acontecimentos políticos, sempre me interessou vivamente a maneira por que se 
fazia a propaganda da guerra. Eu via nessa propaganda um instrumento manejado, 
com grande habilidade, justamente pelas organizações sociais comunistas. 
Compreendi, desde logo, que a aplicação adequada de uma propaganda é uma 
verdadeira arte, quase que inteiramente desconhecida dos partidos burgueses. 
somente o movimento cristão social, sobretudo na época de Lueger, aplicou este 
instrumento com grande eficiência e a isso se devem muitos dos seus 
triunfos.
     A que resultados formidáveis uma 
propaganda adequada pode conduzir, a guerra já nos tinha mostrado. Infelizmente 
tudo tinha de ser aprendido com o inimigo, pois a atividade, do nosso lado, 
nesse sentido, foi mais do que modesta. Justamente o insucesso total do plano de 
esclarecimento do povo do lado alemão, foi para mim um motivo para me ocupar 
mais particularmente da questão de 
propaganda.
     Não nos faltava oportunidade para 
pensar sobre essa questão. Infelizmente as lições práticas eram fornecidas pelo 
inimigo e custaram-nos caro. O adversário aproveitou, com inaudita habilidade e 
cálculo verdadeiramente genial, aquilo de que nos havíamos descuidado. Aprendi 
imensamente nessa propaganda de guerra feita pelo inimigo. Aqueles que da mesma 
se deviam ter servido, como lição eficiente, deixaram-na passar despercebida; 
julgavam-se espertos demais para aprender dos outros. Por outro lado, não havia 
vontade honesta para tal.
     Haveria entre nós uma 
propaganda?
     Infelizmente, só posso responder 
pela negativa. Tudo o que, na realidade, foi tentado nesse sentido era tão 
inadequado e errôneo, desde o princípio, que em nada adiantava. Às vezes era até 
prejudicial. Examinando atentamente o resultado da propaganda de guerra alemã, 
chegava-se à conclusão de que ela era insuficiente na forma e psicologicamente 
errada, na essência.
     Começava-se por não se 
saber claramente se a propaganda era um meio ou um 
fim.
     Ela é um meio e, como tal, deve ser 
julgada do ponto de vista da sua finalidade. A forma a tomar deve consentir no 
meio mais prático de chegar ao fim que se colima. É também claro que a 
importância do objetivo que se tem em vista pode se apresentar sob vários 
aspectos, tendo-se em vista o interesses social, e que, portanto, a propaganda 
pode variar no seu valor intrínseco. A finalidade pela qual se lutava durante a 
guerra era a mais elevada e formidável que se pode imaginar. Tratava-se da 
liberdade e da independência de nosso povo, da garantia da vida, do futuro e, em 
uma palavra, da honra da nação. Estávamos em face de uma questão que, não 
obstante opiniões divergentes de muitos, ainda existe ou melhor deve existir, 
pois os povos sem honra costumam perder a liberdade e a independência, mais 
tarde ou mais cedo. Isso, por sua vez, corresponde a uma justiça mais elevada, 
pois gerações de vagabundos sem honra não merecem a liberdade. Aquele, porém, 
que quiser ser escravo covarde não deve ter o sentimento de honra, pois, do 
contrário, esta cairia muito rapidamente no desprezo 
geral.
     O povo alemão lutava por sua existência 
e o fim da propaganda da guerra devia ser o de apoiar essa luta. Levá-la à 
vitória, eis o seu objetivo.
     Quando, porém, os 
povos lutam neste planeta por sua existência, quando se trata de uma questão de 
ser ou não ser, caem por terra todas as considerações de humanidade ou de 
estética, pois todas essas idéias não estão no ambiente, mas originam-se na 
fantasia dos homens e a ela estão presas. Com a sua partida desse mundo 
desaparecem também essas idéias, pois a natureza não as conhece. Mesmo entre os 
homens, elas só são próprias a alguns povos ou melhor a certas raças, na medida 
que elas provém do sentimento desses mesmos povos ou raças. O sentimento 
humanitário e estético desapareceria, até mesmo de um mundo habitado, uma vez 
que este perdesse as raças criadoras e portadoras dessa 
idéia.
     Todas essas idéias têm uma significação 
secundária na luta de um povo pela sua existência, chegam mesmo a desaparecer, 
uma vez que possam contrariar o seu instinto de 
conservação.
     Quanto à questão do sentimento de 
humanidade já Moltke afirmava que ele residia no processo sumário da guerra, e 
que, portanto, a maneira mais incisiva de combate, é a que conduz a esse 
fim.
     Aqueles que procuram argumentar nesses 
assuntos com palavras, tais como estética, etc., pode-se responder da seguinte 
maneira: As questões vitais da importância da luta pela vida de um povo anulam 
todas as considerações de ordem estética. A maior fealdade na vida humana é e 
será. sempre o jugo da escravidão. Será possível que esses decadentes considerem 
"estética" a sorte atual do povo alemão? É verdade que, com os judeus, que são 
os inventores modernos dessa cultura perfumada, não se deve discutir sobre esses 
assuntos. Toda a sua existência é um protesto vivo contra a estética da imagem 
do Criador.
     Se, na luta, esses pontos de 
humanidade e beleza são excluídos, eles também não poderão servir de orientação 
para a propaganda.
     A propaganda durante a 
guerra era um meio para um determinado fim, e esse fim era a luta pela 
existência do povo alemão. Portanto, a propaganda só poderia ser encarada sob o 
ponto de vista de princípios conducentes àquele 
objetivo.
     As armas mais terríveis seriam 
humanas, desde que conduzissem a vitória mais rapidamente. Belos seriam somente 
os métodos que ajudassem a assegurar a dignidade à Nação: a dignidade da 
liberdade. Essa era a única atitude possível na questão da propaganda de guerra, 
numa luta de vida e de morte.
     Fossem esses 
pontos conhecidos daqueles que os deviam conhecer, nunca se teriam verificado 
vacilações quanto à forma e aplicação dessa arma verdadeiramente terrível na mão 
de um conhecedor.
     A segunda questão de 
importância decisiva era a seguinte: a quem se deve dirigir a propaganda, aos 
intelectuais ou à massa menos culta? A. propaganda sempre terá de ser dirigida à 
massa!
     Para os intelectuais, ou para aqueles 
que, hoje, infelizmente assim se consideram, não se deve tratar de propaganda e 
sim de instrução científica. A propaganda, porém, por si mesma, é tão pouco 
ciência quanto um cartaz é arte, considerado pelo seu lado de apresentação. A 
arte de um cartaz consiste na capacidade de seu autor de, por meio da forma e 
das cores, chamar a atenção da massa. O cartaz de uma exposição de arte só tem 
em vista chamar a atenção sobre a arte da exposição; quanto mais ele consegue 
esse desideratum tanto maior é a arte do dito cartaz. Além disso, o cartaz deve 
transmitir à massa uma idéia da importância da exposição, nunca, porém, deverá 
ser um sucedâneo da arte que se procura oferecer. Assim, quem desejar se ocupar 
da arte mesma, terá de estudar mais do que o próprio cartaz, e não lhe bastará 
por exemplo, um simples passeio pela exposição. Dele se espera que se aprofunde 
nas várias obras, observando-as com todo cuidado, acabando por fazer delas um 
juízo justo.
     Semelhantes são as condições do 
que hoje designamos pela palavra propaganda.
     O 
fim da propaganda não é a educação científica de cada um, e sim chamar a atenção 
da massa sobre determinados fatos, necessidades, etc., cuja importância só assim 
cai no círculo visual da massa.
     A arte está 
exclusivamente em fazer isso de uma maneira tão perfeita que provoque a 
convicção da realidade de um fato, da necessidade de um processo, e da justeza 
de algo necessário, etc. Como ela não é e não pode ser uma necessidade em si, 
como a sua finalidade, assim como no caso do cartaz, é a de despertar a atenção 
da massa e não ensinar aos cultos ou àqueles que procuram cultivar seu espírito, 
a sua ação deve ser cada vez mais dirigida para o sentimento e só muito 
condicionalmente para a chamada razão.
     Toda 
propaganda deve ser popular e estabelecer o seu nível espiritual de acordo com a 
capacidade de compreensão do mais ignorante dentre aqueles a quem ela pretende 
se dirigir. Assim a sua elevação espiritual deverá ser mantida tanto mais baixa 
quanto maior for a massa humana que ela deverá abranger. Tratando-se, como no 
caso da propaganda da manutenção de uma guerra, de atrair ao seu círculo de 
atividade um povo inteiro, deve se proceder com o máximo cuidado, a fim de 
evitar concepções intelectuais demasiadamente 
elevadas.
     Quanto mais modesto for o seu lastro 
científico e quanto mais ela levar em consideração o sentimento da massa, tanto 
maior será o sucesso. Este, porém, é a melhor prova da justeza ou erro de uma 
propaganda, e não a satisfação às exigências de alguns sábios ou jovens estetas. 
A arte da propaganda reside justamente na compreensão da mentalidade e dos 
sentimentos da grande massa. Ela encontra, por forma psicologicamente certa, o 
caminho para a atenção e para o coração do povo. Que os nossos sabidos não 
compreendam isso, a causa está na sua preguiça mental ou no seu orgulho. 
Compreendendo-se, a necessidade da conquista da - grande massa, pela propaganda, 
segue-se daí a seguinte doutrina: É errado querer dar à propaganda a variedade, 
por exemplo, do ensino científico.
     A capacidade 
de compreensão do povo é muito limitada, mas, em compensação, a capacidade de 
esquecer é grande. Assim sendo, a propaganda deve-se restringir a poucos pontos. 
E esses deverão ser valorizados como estribilhos, até que o último indivíduo 
consiga saber exatamente o que representa esse estribilho. Sacrificando esse 
princípio em favor da variedade, provoca-se uma atividade dispersiva, pois a 
multidão não consegue nem digerir nem guardar o assunto tratado. O resultado é 
uma diminuição de eficiência e consequentemente o esquecimento por parte das 
massas.
     Quanto mais importante for o objetivo a 
conseguir-se, tanto mais certa, psicologicamente, deve ser a tática a 
empregar.
     Por exemplo, foi um erro fundamental 
querer tornar o inimigo ridículo, como o fizeram os jornais humorísticos 
austríacos e alemães.
     Este sistema é 
profundamente errado, pois o soldado, quando caia na realidade, fazia do inimigo 
uma idéia totalmente diferente, o que, como era de esperar, acarretou graves 
conseqüências. Sob a impressão imediata da resistência do inimigo, o soldado 
alemão sentia-se ludibriado por aqueles que o tinham orientado até então, e, em 
vez de um aumento de sua combatividade ou mesmo resistência, dava-se o oposto. O 
homem desanimava.
     Em contraposição, a 
propaganda de guerra dos americanos e ingleses era psicologicamente acertada. 
Apresentando ao povo os alemães como bárbaros e Hunos, ela preparava o espírito 
dos seus soldados para os horrores da guerra, ajudando assim a preservá-los de 
decepções. A mais terrível arma que fosse empregada contra ele, parecer-lhe-ia 
mais uma confiança no que lhe tinham dito e aumentaria a crença na 'Veracidade 
das afirmações de seu governo como também, por outro lado, servia para fazer 
crescer o ódio contra o inimigo infame. O cruel efeito da arma do adversário que 
ele começava a conhecer parecia-lhe aos poucos uma prova da brutalidade feroz do 
inimigo "bárbaro" de que ele já tinha ouvido falar, sem que, por um segundo, 
tivesse sido levado a pensar que as suas próprias armas fossem, muito 
provavelmente, de ação mais terrível.
     Assim é 
que, sobretudo o soldado inglês, nunca se sentiu mal informado pelos seus, o que 
infelizmente se dava com o soldado alemão, Este chegava a rejeitar as noticias 
oficiais como falsas, como verdadeiro 
embuste.
     Tudo isso era a conseqüência de se 
entregar esse serviço de propaganda ao primeiro asno que se encontrava, em vez 
de compreender que para este serviço é necessário um profundo conhecedor da alma 
humana.
     A propaganda de guerra alemã serviu de 
exemplo inexcedível em efeitos negativos, em virtude da falta absoluta de 
raciocínio psicologicamente certo.
     Muito se 
poderia ter aprendido do inimigo, sobretudo aquele que, de olhos abertos e com o 
sentido alerta, observasse a onda da propaganda inimiga durante os quatro anos e 
meio de guerra.
     O que menos se compreendia era 
a condição primeira de toda atividade propagandista, a saber: a atitude 
fundamentalmente subjetiva e unilateral que a mesma deve assumir em relação ao 
objetivo visado. Neste terreno cometeram se erros tão grandes, logo no começo da 
guerra, que se tinha o direito de duvidar se tanta asneira podia ser atribuída 
só à pura ignorância.
     Que se diria, por 
exemplo, de um cartaz anunciando um novo sabão e que, no entanto, aponta como 
"bons" outros sabões? A única coisa a fazer diante disso seria levantar os 
ombros, e passar.
     O mesmo se dá em relação à 
propaganda política.
     Foi um erro fundamental, 
nas discussões sobre a culpabilidade da guerra, admitir que a Alemanha não podia 
sozinha ser responsabilizada pelo desencadeamento dessa catástrofe. Deveria 
ter-se incessantemente atribuído a culpa ao adversário, mesmo que esse fato não 
tivesse correspondido exatamente à marcha dos acontecimentos, como na realidade 
era o caso. Qual, porém, foi a conseqüência dessa 
indecisão?
     A grande massa de um povo não se 
compõe de diplomatas ou só de professores oficiais de Direito, mesmo de pessoas 
capazes de ajudar com acerto, e sim de criaturas propensas à dívida e às 
incertezas. Quando se verifica, em uma propaganda em causa própria, o menor 
indício de reconhecer um direito à parte oposta, cria-se imediatamente a dúvida 
quanto ao direito próprio. A massa não está em condições de distinguir onde 
acaba a injustiça estranha e onde começa a sua justiça própria. Ela, num caso 
como esse, torna-se indecisa e desconfiada, sobretudo quando o adversário não 
comete a mesma tolice, mas, ao contrário, lança toda e qualquer culpa sobre o 
inimigo. Nada mais natural, pois que, finalmente, o povo acabe acreditando mais 
na propaganda inimiga do que na própria, dada a uniformidade coerência desta. 
Esse efeito é, então, inevitável quando se trata de um povo como o alemão que já 
por si sofre de tão grande mania de objetivismo, e está sempre preocupado em 
evitar injustiças ao inimigo, mesmo ante o perigo do seu próprio 
aniquilamento.
     A massa não chega a compreender 
que não é assim que se imaginam essas coisas nos postos de 
comando.
     O povo, na sua grande maioria, é de 
índole feminina tão acentuada, que se deixa guiar, no seu modo de pensar e agir, 
menos pela reflexão do que pelo 
sentimento.
     Esses sentimentos, porém, não são 
complicados mas simples e consistentes. Neles não há grandes diferenciações. São 
ou positivos ou negativos: amor ou ódio, justiça ou injustiça, verdade ou 
mentira. Nunca, porém, o meio termo.
     Tudo isso 
foi compreendido, sobretudo pela propaganda inglesa e por ela aproveitado, de 
uma maneira verdadeiramente genial. Lá não havia indecisões que pudessem 
provocar dúvidas.
     A prova do conhecimento que 
tinham os ingleses do primitivismo do sentimento da grande massa foi as 
divulgações das crueldades do nosso exército, campanha que se adaptava a esse 
estado de espírito do povo.
     Essa tática serviu 
para assegurar, de maneira absoluta, a resistência no front, mesmo na ocasião 
das maiores derrotas. Além disso, persistiu-se na afirmação de que o inimigo 
alemão era o único culpado pelo rompimento de hostilidades. Foi essa mentira 
repetida e repisada constantemente, propositadamente, com o fito de influir na 
grande massa do povo, sempre propensa a extremos. O desideratum foi atingido. 
Todos acreditaram nesse embuste.
     O quanto foi 
eficiente essa maneira de fazer propaganda ficou patenteado claramente no fato 
de ter ela conseguido, após quatro anos, não só assegurar a resistência ao 
inimigo como começar a influir nocivamente no modo de ver do nosso próprio 
povo.
     Não é de espantar que à nossa propaganda 
estivesse reservado um tal insucesso. Ela trazia a semente da ineficácia na sua 
própria dubiedade. Além disso, era pouco provável, a julgar pelo seu conteúdo, 
que ela fosse capaz de causar o efeito necessário no seio da multidão 
anônima.
     Só mesmo os nossos "estadistas" falhos 
de espírito poderiam imaginar que, com esse pacifismo anódino e cheirando a flor 
de laranja, se conseguisse despertar o entusiasmo de alguém ao ponto de 
arrastá-lo ao sacrifício até da vida. Foi, pois, inútil essa miserável tática e 
até mesmo perniciosa. Qualquer que seja o talento que se revele na direção de 
uma propaganda não se conseguirá sucesso, se não se levar em consideração sempre 
e intensamente um postulado fundamental. Ela tem de se contentar com pouco, 
porém, esse pouco terá de ser repetido constantemente. A persistência, nesse 
caso, é, como em muitos outros deste mundo, a primeira e mais importante 
condição para o êxito.
     Em assuntos de 
propaganda, justamente, é que não se pode ser guiado por estetas, nem por 
blasés. Os primeiros dão, pela forma e pela expressão, um tal cunho à propaganda 
que, dentro em pouco, ela só tem poder de atração nos círculos literários; os 
segundos devem ser cuidadosamente evitados, pois a sua falta de sensibilidade 
faz com que procurem constantemente novos atrativos. Essas criaturas de tudo se 
fartam com facilidade; o que eles desejam é variedade e são incapazes de uma 
compreensão das necessidades de seus concidadãos ainda não contaminados pelo seu 
pessimismo. Eles são sempre os primeiros críticos da propaganda, ou, melhor, de 
seu conteúdo, o qual lhes parece demasiado arcaico, demasiado batido, etc. Só 
querem novidades, só procuram variedade e tornam-se dessa maneira inimigos 
mortais de uma conquista eficiente das massas sob o ponto de vista político. 
Logo que uma propaganda, na sua organização e no seu conteúdo, começa a se 
dirigir pelas necessidades deles, perde toda a unidade e se dispersa 
inteiramente.
     A propaganda, entretanto, não foi 
criada para fornecer a esses senhores blasés uma distração interessante e sim 
para convencer a massa. Esta, porém, necessita - sendo como é de difícil 
compreensão - de um determinado período de tempo, antes mesmo de estar disposta 
a tomar conhecimento de um fato, e, somente depois de repetidos milhares de 
vezes os mais simples conceitos, é que sua memória entrará em 
funcionamento.
     Qualquer digressão que se faça 
não deve nunca modificar o sentido do fim visado pela propaganda, que deve 
acabar sempre afirmando a mesma coisa. O estribilho pode assim ser iluminado por 
vários lados, porém o fim de todos os raciocínios deve sempre visar o mesmo 
estribilho. Só assim a propaganda poderá agir de uma maneira uniforme e 
decisiva.
     Só a linha mestra, que nunca deve ser 
abandonada, é capaz de, guardando a acentuação uniforme e coerente, fazer 
amadurecer o sucesso final. Só então poder-se-á, com espanto, constatar que 
formidáveis e quase incompreensíveis resultados tal persistência é capaz de 
produzir.
     Todo anúncio, seja ele feito no 
terreno dos negócios ou da política, tem o seu sucesso assegurado na constância 
e continuidade de sua aplicação.
     Também aqui 
foi modelar o exemplo da propaganda de guerra inimiga, restrita a poucos pontos 
de vista, exclusivamente destinada à massa e levada avante com tenacidade 
incansável.
     Durante toda a guerra empregaram-se 
os princípios fundamentais reconhecidos certos, assim como as formas de 
execução, sem que se tivesse nunca tentado a menor modificação. No princípio 
essa tática parecia louca no atrevimento de suas afirmações. Tornou-se mais 
tarde desagradável, e finalmente acreditada. Quatro e meio anos após, estalou na 
Alemanha uma revolução cujo leit-motiv provinha da propaganda de guerra 
inimiga.
     Na Inglaterra, entretanto, 
compreendeu-se mais uma coisa, a saber:
     Essa 
arma espiritual só tem o seu sucesso garantido na aplicação às massas e esse 
sucesso cobre regiamente todas as despesas.
     Lá, 
a propaganda valia como arma de primeira ordem, enquanto que entre nós era 
considerada o último ganha-pão dos políticos desocupados, e fornecia pequenas 
ocupações para heróis modestos.
     O seu sucesso 
era, pois, de modo geral, igual a zero.
CAPÍTULO VII - A REVOLUÇÃO
     A 
propaganda inimiga tinha começado entre nós, no ano de 1915; desde 1916 
tornou-se cada vez mais intensa, para finalmente se transformar, no começo de 
1918, numa onda avassaladora. Podia se. então, a cada passo, reconhecer os 
efeitos desta conquista de almas. O exército alemão aprendia aos poucos a pensar 
conforme o inimigo desejava.
     A nossa reação, no 
entanto, falhava inteiramente.
     Entre os 
dirigentes responsáveis pela direção do exército, havia a intenção de aceitar a 
luta também para esse desideratum. Sob o ponto de vista psicológico, cometeu-se 
um erro, deixando que esses esclarecimentos se processassem no seio da própria 
tropa. Para ser eficiente elas deveriam ter vindo da nação. Só então poder-se-ia 
contar com o seu sucesso, entre homens que há quatro anos escreviam para a 
história de sua Pátria páginas imorredouras, de inigualáveis feitos heróicos, 
alcançados no meio das maiores dificuldades e 
privações.
     No entanto, o que, da Pátria, 
chegava às linhas da frente?
     Era isso estupidez 
ou crime?
     Em pleno verão de 1918, após a 
evacuação da margem sul do Mama, a imprensa, sobretudo, a imprensa alemã se 
portava de modo tão miseravelmente inábil, mesmo criminosamente imbecil, que, 
diariamente, a par do ódio crescente, ocorria-me perguntar se, na realidade, não 
haveria mesmo ninguém capaz de pôr um fim a esse desperdício do heroísmo do 
exército.
     Que aconteceu em França quando, em 
1914, de vitória em vitória, varríamos o solo 
francês?
     Que fez a Itália nos dias da derrocada 
de seu front do Isonzo? Que fez a França na primavera de 1918, quando o ataque 
das divisões alemãs parecia abalar as suas posições nos seus fundamentos e 
quando as baterias de longo alcance começaram a fazer sentir os seus efeitos em 
Paris? Como lá se soube tirar partido da paixão nacional levada ao paroxismo, 
lançada em rosto aos regimentos em retirada desabalada! Como trabalhou a 
propaganda na influenciação da massa, no sentido de inculcar a fé na vitória 
final no coração dos soldados dos fronts 
rompidos!
     Que aconteceu entre 
nós?
     Nada ou pior do que 
isso.
     Naquela ocasião subiam-me à cabeça a 
raiva e a indignação quando, ao ler os jornais, tinha de analisar, sob o ponto 
de vista psicológico, aquela matança em 
massa.
     Mais de uma vez me atormentou a idéia de 
que, se a Providência me tivesse colocado no lugar desses ignorantões ou mal 
intencionados incompetentes ou criminosos de nosso serviço de propaganda, talvez 
outro tivesse sido o desfecho da luta.
     Senti, 
pela primeira vez, nesses meses, a maldade da sorte que me mantinha no front, ao 
alcance do tiro de qualquer negro, enquanto, no seio da Pátria, eu poderia 
prestar serviços mais eficientes.
     Já naquela 
ocasião, tinha bastante confiança em mim mesmo para acreditar que teria levado a 
cabo tal empresa.
     Eu não passava, porém, de um 
desconhecido, um entre oito milhões! Assim sendo, o melhor era calar a boca e 
tratar de cumprir, na posição em que estava, o meu dever, da melhor 
maneira.
     No verão de 1915. caíram em nossas 
mãos os primeiros boletins inimigos.
     Seu 
conteúdo era quase sempre o mesmo, se bem que com algumas variantes na forma da 
exposição. Todos afirmavam que a miséria na Alemanha aumentaria cada vez mais; 
que a duração da guerra seria infinita, que as probabilidades de vitória seriam 
cada vez menores, que o povo em casa cada vez mais desejava a paz, que só o 
"militarismo" e o "Kaiser" queriam a continuação da guerra; que o mundo inteiro 
- que bem sabia disso - não fazia a guerra ao povo alemão e sim exclusivamente 
ao único culpado que era o Kaiser, que a luta não teria fim antes do afastamento 
desse inimigo da humanidade pacífica; que as nações liberais e democráticas 
aceitariam a Alemanha, uma vez acabada a guerra, na liga eterna da paz mundial, 
aceitação essa que seria garantida, desde o momento em que estivesse aniquilado 
o "militarismo prussiano", etc., etc.
     Para 
melhor ilustrar o exposto não raras vezes eram então transcritas "cartas de 
casa", isto é, das famílias dos soldados, cujo conteúdo parecia apoiar essas 
afirmações.
     No primeiro momento, os soldados, 
na sua maioria, levavam na troça essas tentativas do inimigo. Os boletins eram 
lidos, em seguida enviados para a retaguarda aos estados-maiores e, na maioria 
dos casos, olvidados até que o vento trouxesse novo carregamento para dentro das 
trincheiras. Geralmente eram aeroplanos que distribuíam esses 
boletins.
     Nesse processo de propaganda, 
evidenciava-se, à primeira vista, o fato de atacarem com veemência a Prússia, 
justamente nos setores do front, onde havia bávaros. Asseverava-se que a Prússia 
era o verdadeiro culpado e responsável pela guerra e que, por outro lado, não 
havia, especialmente contra a Baviera, a menor animosidade. É verdade, diziam, 
que nada se podia fazer em seu favor, enquanto ela se encontrasse a serviço do 
militarismo prussiano, auxiliando-o a "tirar as castanhas do 
fogo".
     Esta maneira de persuadir começou na 
realidade já em 1915 a produzir certos efeitos. No seio da tropa, a má vontade 
contra a Prússia crescia visivelmente, sem que as autoridades tomassem quaisquer 
providências. Evidentemente, isso foi mais do que uma simples negligência que 
mais cedo ou mais tarde se faria sentir, de maneira terrível, não só contra a 
"Prússia" mas também contra o povo alemão, no seio do qual, a Baviera ocupa 
lugar de destaque.
     Desde o ano de 1916, a 
propaganda inimiga começou a alcançar triunfos completos, nesse 
sentido.
     Além disso, as queixas que se 
continham nas cartas das famílias- dos soldados vinham produzindo, há muito, os 
seus naturais efeitos. Já não era nem mais necessário que o inimigo as 
transmitisse ao front, por meio de boletins, etc. Contra esse estado de coisas 
também não se tomaram providências "por parte do governo", salvo algumas 
"exortações", psicologicamente asnáticas. O front continuou a ser inundado com 
esse veneno fabricado em casa por mulheres ingênuas, as quais, naturalmente, não 
suspeitavam que esse era o meio de reforçar ao extremo, no espírito do inimigo, 
a confiança na vitória e que assim prolongavam e agradavam os sofrimentos dos 
seus parentes em luta nas trincheiras. As cartas levianas das mulheres alemãs 
custaram a vida a centenas de milhares de 
homens.
     Assim, já em 1916, começaram a aparecer 
sintomas alarmantes. O front vociferava e mostrava-se descontente com muitas 
coisas, e, às vezes, com razão, se 
indignava.
     Enquanto os soldados, pacientemente 
passavam fome nas linhas da frente e os seus parentes sofriam grandes privações 
em casa, em outros lugares havia abundância e 
dissipação.
     Mesmo no campo da luta, nem tudo, a 
esse respeito, se passava, como seria de 
esperar.
     Assim, já naquela ocasião, murmurava 
se contra esse estado de coisas. Essas reclamações não passavam, porém, de 
questões "domésticas". O mesmo homem que, pouco antes, tinha vociferado e 
resmungado, poucos minutos depois cumpria silenciosamente o seu dever, com a 
máxima naturalidade. A mesma companhia, que pouco antes se manifestara 
descontente, agarrava-se a um pedaço de trincheira, cuja defesa lhe tinha sido 
confiada, como se o destino da Alemanha dependesse exclusivamente desses 100 
metros de buracos de lama. Esse era ainda o front do velho e maravilhoso 
exército de heróis.
     A diferença entre eles e a 
Pátria iria eu conhecer em uma mutação 
brusca.
     Em fins de setembro de 1916, a minha 
divisão se deslocou para a batalha do Somme. Essa foi para nós a primeira das. 
formidáveis batalhas materiais que se seguiram, e a impressão, difícil de 
descrever, era mais de inferno do que de 
guerra.
     Semanas a fio, sob o furacão do fogo de 
barragem resistia o front alemão, às vezes comprimido um pouco para trás, às 
vezes avançando de novo, porém nunca 
recuando.
     A 7 de outubro de 1916 fui 
ferido.
     Consegui ser levado para a retaguarda e 
devia voltar para a Ale. manha em um trem de 
ambulância.
     Dois anos se haviam passado sobre a 
última vez que eu vira a Pátria, período de tempo, quase infinito, em tais 
circunstâncias.
     Eu mal podia imaginar a 
existência de alemães que não estivessem metidos em uniforme. Quando, em 
Hermies, no hospital de feridos, quase estremeci de susto ao ouvir a voz de uma 
mulher alemã enfermeira que tinha dirigido a palavra a um meu vizinho de 
cama.
     Ouvir um tal som pela primeira vez após 
dois anos!
     Quanto mais o trem, que nos devia 
conduzir à Pátria, se aproximava da fronteira, tanto mais inquieto cada um se 
sentia intimamente. Sucediam-se as localidades pelas quais, há dois anos atrás, 
tínhamos passado como jovens soldados:- Bruxelas, Louvam, Liége, e finalmente 
acreditamos reconhecer a primeira casa alemã com a sua cumeeira alta e suas 
lindas janelas.
     A 
Pátria!
     Era outubro de 1914, ardíamos de 
entusiasmo ao atravessar a fronteira; agora reinavam o silêncio e a comoção Cada 
um se sentia feliz por ter o destino lhe permitido rever ainda uma vez o solo 
pátrio que tivera de defender com sua vida; e quase que se envergonhava de se 
sentir observado pelos outros. Quase no dia de completar um ano da minha 
partida, fui internado no hospital de Beelitz, perto de 
Berlim.
     Que mudança! Da lama da batalha do 
Somme às camas brancas dessa construção maravilhosa! No princípio quase não 
ousávamos nos deitar nesses leitos. Só lentamente poderíamos rios acostumar a 
esse novo mundo, tão diferente das trincheiras!
Infelizmente, porém, este 
mundo era também novo noutro sentido.
     O 
espírito do exército no front parecia não encontrar acolhida aqui. Algo, ainda 
desconhecido no front, ouvi aqui pela primeira vez:- o elogio da própria 
covardia!
     Lá fora seria possível maldizer e 
ouvir vociferar, porem nunca com a intenção de faltar com o dever ou de 
glorificar o covarde. Não! O covarde era sempre considerado covarde e mais nada; 
e o desprezo que o atingia era sempre geral, assim como geral era a admiração 
que se dedicava ao verdadeiro herói. No hospital, entretanto, dava-se já em 
parte o inverso: Os mais deslavados instigadores é que tinham a palavra e 
procuravam, com todos os recursos da sua verborragia lamentável, tornar 
ridículos os conceitos do soldado decente e proclamar como virtude a falta de 
caráter do covarde. Eram sobretudo alguns miseráveis rapazolas que davam o tom. 
Um deles se vangloriava de ter ele mesmo passado a mão pelo arame farpado, a fim 
de ir para o hospital. Ele parecia, não obstante esse ferimento ridículo, já 
estar ali há muito tempo, e que, só por um embuste, tinha vindo num trem de 
transporte para a Alemanha. Este sujeito venenoso ia tão longe, a ponto de 
colocar a própria covardia num pé de igualdade com a valentia superior ou a 
morte heróica de um soldado decente. Muitos ouviam silenciosos, outros se 
afastavam, outros, porém, concordavam.
     Eu 
estava enojado; no entanto o instigador era tolerado no estabelecimento. Que se 
devia fazer? A direção devia saber e sabia quem e o que ele era. Entretanto nada 
acontecia.
     Logo que pude andar de novo, 
consegui licença para ir a Berlim.
     A miséria 
áspera, mais negra, era visível por toda a parte. A cidade de milhões estava 
faminta. O descontentamento era grande. Em muitas casas visitadas por soldados, 
o tom era semelhante ao do hospital. Tinha-se a impressão de que esses 
indivíduos procuravam justamente esses lugares, a fim de espalhar aí o seu modo 
de pensar.
     Muito e muito pior era, porém, a 
situação em Munique! Quando me restabeleci e tive alta do hospital e fui 
transferido para o batalhão de reserva pensei não reconhecer mais a cidade. 
Descontentamento, desânimo, imprecações por toda a parte. Mesmo no batalhão de 
reserva, o moral era abaixo da critica. Para isso contribuía aqui a maneira 
grandemente inábil como os antigos oficiais instrutores tratavam os soldados 
vindos do front. Eles ainda não tinham estado uma hora sequer no front e, por 
esse motivo, sã em parte conseguiam estabelecer relações cordiais com os velhos 
soldados Estes possuíam certas particularidades oriundas dos serviços de 
campanha, as quais eram inteiramente incompreensíveis para os dirigentes dessas 
tropas de reserva e que só o oficial vindo do front poderia compreender. Este 
último naturalmente era considerado pelos soldados, doutra maneira que não o era 
pelo comandante de etapas". Abstraindo disso tudo, porém, a impressão geral era 
péssima. Ser reacionário era considerado sinal de superioridade; a perseverança 
no cumprimento do dever tomava-se como fraqueza ou estreiteza de espírito. Os 
escritórios estavam repletos de judeus. Quase todo escriturário era judeu e 
quase todo judeu era escriturário. Eu ficava abismado ante essa massa de 
lutadores do povo eleito e não podia deixar de compará-la com os poucos 
representantes no front.
     No mundo dos negócios, 
pior ainda era o estado de coisas. Nesse ponto, o povo judeu tinha se tornado na 
realidade "indispensável". O morcego tinha começado a lentamente chupar o sangue 
do povo. Pelos caminhos Indiretos das sociedades de guerra, tinha-se achado uma 
maneira de eliminar aos poucos a economia nacional 
livre.
     Pregava-se a necessidade de uma 
centralização sem limites.
     Assim é que, na 
realidade, já no ano de 1916 para 1917, quase toda a produção se achava sob o 
controle dos financistas judeus.
     Contra quem, 
porém, se dirige o ódio do povo? Nessa época, eu via com pavor aproximar-se uma 
calamidade que, se não fosse desviada em tempo oportuno, teria de provocar a 
debacle.
     Enquanto o judeu roubava a nação 
inteira e a oprimia sob o seu jugo, instigava-se o povo contra os "Prussianos". 
Como no front, também aqui não se tomavam providências contra essa propaganda 
venenosa. Parecia não passar pela cabeça de ninguém que o colapso da Prússia 
estava longe de provocar o soerguimento da Baviera. Ao contrário, a queda de um 
teria de arrastar o outro para o abismo, 
impiedosamente.
     Sentia-me infinitamente mal 
ante essa atitude. Nela eu via o mais genial manejo dos judeus, que desejavam 
afastar de si a atenção geral para dirigi-la para outros assuntos. Enquanto 
brigava o bávaro com o prussiano, ele roubava aos dois a existência; enquanto se 
falava mal, na Baviera, do prussiano, o judeu organizava a revolução e destruía 
ao mesmo tempo a Prússia e a Baviera.
     Eu não 
podia tolerar essa maldita luta entre filhos do mesmo povo; por isso, sentia-me 
contente por voltar ao front, para onde, ao chegar em Munique, tinha pedido 
minha transferência.
     No princípio de março de 
1917, encontrava-me de novo no meu 
regimento.
     Lá para os fins do ano de 1917, 
parecia ter atingido o máximo o desânimo no exército. O exército inteiro, após o 
colapso russo, estava animado de nova esperança e de nova coragem. A tropa 
começava cada vez mais a se convencer de que a luta havia de acabar com a 
vitória da Alemanha. Ouvia-se, novamente cantar, e os agourentos cada vez eram 
mais raros. Tinha-se de novo fé no destino da 
Pátria.
     Sobretudo o colapso italiano, no outono 
de 1917, tinha produzido um efeito maravilhoso. Via-se nessa vitória a prova da 
possibilidade de romper o front, mesmo abstraindo o teatro de operações russas. 
Uma fé maravilhosa invadia novamente o coração de milhões, e fazia com que 
aguardassem com confiança a primavera de 1918. O inimigo, porém, estava 
visivelmente abatido. Nesse inverno houve mais calma do que de costume; era a 
calma que precede a tempestade.
     Justamente 
enquanto o front fazia os últimos preparativos para o término final da luta, 
enquanto transportes de homens e material rolavam para as linhas do oeste, e a 
tropa recebia instruções para o grande ataque, arrebentou na Alemanha a maior 
patifaria de toda a guerra.
     A Alemanha não 
devia vencer. A última hora, quando a vitória começava a se decidir pelas 
bandeiras alemãs, lançou-se mão de um meio que parecia adequado a sufocar, de um 
golpe, no nascedouro, a ofensiva alemã da primavera, tornando a vitória 
impossível.
     Organizou-se a greve de munições. 
Caso ela vingasse, o front alemão teria de se esfacelar e seria realizado o 
desejo, manifestado pelo "Vorwärts" de que a vitória desta vez não fosse das 
cores alemãs. A linha da frente teria de ser rompida, em poucas semanas, por 
falta de munição. A ofensiva seria assim evitada, a Entente estaria salva e o 
capital internacional se teria tornado dono da Alemanha. A finalidade Intima do 
marxismo, isto é, a mistificação dos povos, teria sido atingida. A destruição da 
economia nacional, em beneficio do capital internacional, é um fim que foi 
atingido graças à tolice e à boa fé de um lado e a uma covardia inominável do 
outro.
     É verdade que a greve de munição, que 
visava anular o front pela falta de armas, não teve o sucesso esperado. Ele 
desmoronou cedo demais para que a falta de munição, conforme estava planejado, 
pudesse ter condenado o exército à destruição. Tanto mais terrível, porém, foi o 
dano moral provocado.
     Em primeiro lugar, todos 
se perguntavam: Para que, afinal de contas, lutava o exército, se a própria 
Pátria não desejava a vitória? Para que os enormes sacrifícios e privações? O 
soldado tem de lutar pela vitória e a Pátria faz 
greve!
     Em segundo lugar, qual teria sido o 
efeito desses acontecimentos sobre o 
inimigo?
     No inverno de 1917 a 1918, pela 
primeira vez, nuvens tenebrosas surgiram no firmamento do mundo aliado. Durante 
quase quatro anos. tinha-se investido contra o gigante alemão, sem se ter podido 
derrubá-lo e, no entanto, este só tinha um escudo para se defender, enquanto a 
espada tinha de distribuir golpes, ora para o oeste, ora para o sul. Finalmente 
o gigante estava com as costas livres. Rios de sangue tinham corrido até ele 
abater definitivamente um inimigo. Era chegado o momento de, no oeste, juntar a 
espada ao escudo e se, até então, o inimigo não tinha conseguido romper a 
defensiva, a ofensiva ia atingi-lo em 
cheio.
     Ele era temido e receava-se a sua 
vitória.
     Em Londres e Paris sucediam se as 
conferências. Até a propaganda inimiga já se fazia com dificuldade. Já não era 
tão fácil demonstrar a improbabilidade da vitória alemã. O mesmo se dava nas 
frentes de batalha, onde reinava silêncio absoluto, até nas tropas aliadas. 
Esses senhores tinham perdido de repente a insolência. Também para eles, as 
coisas começaram lentamente a aparecer sob uma luz desagradável. A sua atitude 
interna com relação ao soldado alemão tinha-se modificado. Até então, os nossos 
soldados eram vistos como loucos a quem uma derrota certa esperava. Agora, 
porém, estava diante deles o destruidor do aliado russo. A restrição das 
ofensivas alemãs do oeste. provindas da necessidade, pareciam entretanto tática 
genial. Durante três anos os alemães tinham investido contra a Rússia, no 
princípio aparentemente sem o menor sucesso. Quase que se tinha rido desse 
começo de luta. No final das contas, o gigante russo teria de sair vencedor 
graças à superioridade numérica. A Alemanha, porém, estava fadada a esvair-se em 
sangue. A realidade parecia justificar essas 
esperanças.
     Desde os dias de setembro de 1914, 
quando. pela primeira vez, começaram a rolar para a Alemanha, pelas ruas e 
estradas, os magotes Infinitos dos prisioneiros russos da batalha de Tennenberg, 
a avalanche parecia não ter fim. Entretanto, cada exército batido e destruído 
era substituído por um novo. O Império colossal fornecia ao Czar cada vez novos 
soldados e à guerra suas novas vítimas e isso inesgotavelmente. Quanto tempo 
poderia a Alemanha resistir a essa corrida? Não chegaria o dia em que, após uma 
última vitória alemã, não aparecessem os últimos exércitos para a última 
batalha? E mais! Na medida das possibilidades humanas, a vitória da Rússia 
poderia ser postergada, porém, teria de 
vir.
     Agora tinham acabado todas essas 
esperanças. O aliado que tinha trazido ao altar dos interesses comuns os maiores 
sacrifícios em sangue, tinha chegado ao fim de suas forças e jazia no chão à 
mercê do inimigo inexorável. O medo e o pavor se infiltravam nos corações dos 
soldados, que até então eram animados de uma crença quase cega. Temia-se a 
primavera próxima. Pois, se até então não se tinha conseguido derrubar o alemão, 
que, só em parte, tinha podido atender ao front ocidental, como se poderia ainda 
contar com a vitória, agora que parecia se reunir a força toda do Estado heróico 
nessa frente?
     A imaginação era trabalhada pelas 
sombras das montanhas do sul do Tirol. Até na névoa do Flandres se projetavam as 
fisionomias sombrias dos exércitos batidos de Cadorna, e a fé na vitória cedia o 
lugar ao medo da próxima derrota.
     Quando já se 
pensava ouvir o rolar uniforme das divisões de ataque do exército alemão em 
marcha, e quando já se esperava o juízo final, eis que irrompe da Alemanha uma 
luz vermelha que projeta a sua sombra até o último buraco de trincheira inimiga. 
No momento em que as divisões alemãs recebiam as últimas instruções para a 
grande ofensiva, declarava-se na Alemanha a greve 
geral.
     A primeira impressão do mundo foi de 
estupefação. Em seguida, porém, a propaganda inimiga, tomando novo alento, 
atirou-se a essa tábua de salvação da décima segunda hora. De um golpe se tinham 
encontrado os meios de 1-eviver a confiança arrefecida dos soldados aliados, de 
apresentar a probabilidade de vitória como sendo uma certeza e de transformar a 
pavorosa depressão com relação aos acontecimentos vindouros em confiança 
absoluta. Podia-se agora inculcar aos regimentos, até então na expectativa do 
ataque alemão, a convicção, na maior batalha de todos os tempos, de que a 
decisão final dessa guerra não ia depender do arrojo da ofensiva alemã e sim de 
sua persistência na defensiva. Os alemães podiam obter quantas vitórias 
quisessem, na sua pátria esperava-se uma revolução e não o exército 
vitorioso.
     Os jornais ingleses, franceses e 
americanos começaram a semear essa convicção no coração de seus leitores, 
enquanto uma propaganda imensamente hábil era utilizada com o fim de elevar o 
moral das tropas.
     "A Alemanha às vésperas da 
revolução! A vitória dos aliados inevitável!" Este foi o melhor remédio para pôr 
o indeciso Tommy e o Poilu de novo firmes sobre as pernas. Podiam agora fazer 
funcionar de novo os fuzis e os fuzis-metralhadoras e, no lugar de uma fuga em 
pânico, estabeleceu-se resistência cheia de 
esperanças.
     Foi esse o resultado da greve das 
munições. Ela reavivou entre os povos inimigos a fé na vitória e pôs termo à 
paralisaste depressão no front aliado. Em conseqüência disso, milhares de 
soldados alemães tiveram que pagar com seu sangue esse desatino. Os promotores 
desse mais que infame golpe eram aqueles que esperavam obter os mais elevados 
postos administrativos na Alemanha 
revolucionária.
     Do lado alemão poder-se-ia 
talvez ter reagido com sucesso, do lado do inimigo entretanto as conseqüências 
eram inevitáveis. A resistência tinha deixado de ser aquela oferecida por um 
exército que considerava tudo perdido e foi substituída por uma luta de vida e 
de morte pela vitória.
     A vitória tinha de vir. 
Bastava para isso que o front ocidental resistisse alguns meses à ofensiva 
alemã. Nos parlamentos da Entente reconheceram-se as possibilidades do futuro, e 
foram concedidos créditos imensos para a continuação da propaganda com o fim de 
destruir a unidade alemã.
     Eu tive a felicidade 
de poder tomar parte nas duas primeiras ofensivas e na 
última.
     Estas se tornaram a mais tremenda 
impressão de toda minha vida; tremenda porque, pela última vez, a luta perdeu o 
seu caráter de defensiva e tornou-se uma ofensiva, como em 1914. Pelas 
trincheiras dó exército alemão passou um novo alento quando, finalmente, depois 
de três anos de espera no inferno inimigo, tinha chegado o dia da "revanche". 
Mais uma vez exultaram os batalhões vitoriosos e as últimas coroas de louro 
entrelaçaram-se às bandeiras vitoriosas. Mais uma- vez retumbaram as canções à 
Pátria, ao longo das colunas em marcha, e, pela última vez, a misericórdia 
divina sorria a seus filhos ingratos.
     Em pleno 
verão de 1918, pairava uma atmosfera pesada sobre o front. Na Pátria havia 
dissenções. Qual era a causa? Muita coisa se contava entre as diversas unidades 
do exército. Dizia-se que a guerra agora se tornara sem finalidade, pois, 
somente loucos poderiam acreditar na vitória. Não era mais o povo, e sim os 
capitalistas e a monarquia que estavam interessados em continuar a guerra. Todas 
essas notícias vinham da Pátria e eram discutidas no 
front.
     No princípio o soldado pouco reagia 
contra isso. Que nos importava o sufrágio universal? Era por ele que nós 
vínhamos combatendo há quatro anos? Foi um golpe infame esse de roubar dessa 
maneira, no túmulo, a finalidade da guerra ao herói morto. Há tempos os jovens 
regimentos não tinham marchado, em Flandres, para a morte, com o grito "Viva o 
sufrágio universal secreto" e sim bradando "Deutschland über alles". Pequena, 
porém, não totalmente- insignificante diferença! Aqueles que gritavam pelo 
direito de voto, na sua grande maioria, não tinham estado lá para lutar por essa 
conquista. O front não conhecia essa canalha política. Lá- onde se encontravam 
os alemães decentes que permaneceriam, enquanto sentissem um sopro de vida, só 
se via uma fração diminuta dos senhores 
parlamentares.
     O front, na sua primitiva 
situação, tinha muito pouco interesses pelo novo alvo de guerra dos senhores 
Ebert, Scheidmann, Barth, Liebknecht. etc. Não se podia compreender porque esses 
reacionários se arrogavam o direito de, passando por cima do exército, controlar 
o Estado.
     Minhas noções políticas pessoais 
estavam fixadas desde o começo. Eu odiava essa corja de miseráveis partidários 
traidores da nação. Há muito tempo eu tinha compreendido que para esses 
tratantes não se- tratava do bem da nação e sim de encher os seus bolsos vazios. 
E o fato de eles estarem dispostos a sacrificar a Nação inteira por esse fim e 
de permitir, se necessário fosse, a destruição da Alemanha, fez com que perante 
meus olhos merecessem a forca. Tomar em consideração os seus desejos significava 
sacrificar os interesses do povo trabalhador em favor de alguns batedores de 
carteira. Só se poderia satisfazer os seus desejos no caso de se estar decidido 
a abrir mão da sorte da Alemanha. Assim pensava a maioria do exército 
combatente. Mas o reforço vindo da Pátria se tornava cada vez menos eficiente, 
de sorte que a sua vida, em vez de produzir um aumento de combatividade, tinha o 
efeito contrário. Sobretudo o reforço constituído pelos novos soldados era na 
maior parte inútil. Dificilmente se poderia acreditar que esses eram filhos do 
mesmo povo que tinha mandado a sua juventude para a luta em 
Ypres.
     Em agosto e setembro, aumentaram cada 
vez mais os sintomas de decadência, embora o efeito do ataque inimigo não 
pudesse ser comparado com o pavor produzido pelas nossas batalhas defensivas de 
outrora. Comparadas a elas, as batalhas do Somme e de Flandres eram coisas do 
passado, de horripilante memória.
     Em fins de 
setembro, a minha divisão, pela terceira vez, chegava às posições que tínhamos 
tomado de assalto, quando éramos ainda um regimento de voluntários, recentemente 
formado.
     Que reminiscências! Em outubro e 
novembro de 1914, tínhamos ali recebido nosso batismo de fogo. Com o coração 
ardendo de patriotismo e com canções nos lábios, tinha o nosso novo regimento 
seguido para a batalha, como para uma festa. O sangue mais caro era dado com 
prazer à Pátria, pensando cada um com isso garantir à Nação a sua independência 
e a sua liberdade.
     Em julho de 1917, pisamos, 
pela segunda vez, o solo tão sagrado para nós todos, pois nele repousavam nossos 
melhores camaradas que, quase ainda crianças, tinham se lançado à morte, de 
olhos fixos na Pátria querida! Nós, os velhos, que outrora ali passamos com 
nosso regimento, quedávamo-nos respeitosamente comovidos diante desse lugar 
sagrado, onde tínhamos jurado "fidelidade e obediência até à morte". Esse 
terreno, há três anos atrás tomado de assalto pelo nosso regimento, tinha agora 
de ser defendido numa tremenda batalha 
defensiva.
     O Inglês preparava a grande ofensiva 
do Flandres com um fogo de barragem que já durava três semanas. Parecia então 
que o espírito dos mortos revivia; o regimento se agarrava com unhas e dentes à 
lama imunda, apagava-se aos buracos e às fendas do solo, sem se abalar nem ceder 
um palmo, e ia se tornando, como já uma vez, cada vez mais desfalcado, até que, 
finalmente a 31 de julho de 1917, se desencadeou o ataque dos 
ingleses.
     Nos primeiros dias de agosto fomos 
substituídos. O regimento tinha se transformado em algumas companhias; estas 
marchavam para a retaguarda, recobertas de lama, mais se assemelhando a 
espectros do que a criaturas. Fora algumas centenas de metros de buracos de 
granadas, o inglês só tinha conseguido encontrar a 
morte.
     Agora no outono de 1918, estávamos, pela 
terceira vez, no terreno da ofensiva de 1914. A nossa cidadezinha, Comines, 
outrora tão sossegada, tinha se transformado em campo de batalha. É verdade que, 
embora o terreno da luta fosse o mesmo, as criaturas tinham mudado: fazia-se 
agora política entre a tropa. O veneno da Pátria começou, como em toda parte, a 
trazer até aqui os seus efeitos. Os reforços mais novos falharam inteiramente - 
eles tinham vindo da Pátria, já 
contaminados.
     Na noite de 13 a 14 de outubro, 
começou o bombardeio a gás na frente sul de Ypres. Empregava-se um gás cujo 
efeito ignorávamos ainda. Nessa mesma noite, eu devia conhecê-lo por experiência 
própria. Estávamos ainda numa colina ao sul de Werwick, na noite de 13 de 
outubro, quando caímos sobre um fogo de granadas que já durava horas e que se 
prolongou pela noite a dentro, de maneira mais ou menos violenta. Lá por volta 
de meia-noite, já uma parte de nossos companheiros tinha sido posta fora de 
combate, alguns para sempre. Pela manhã senti também uma dor que de 15 em 15 
minutos se tornava mais aguda e, às 7 horas da manhã, trôpego e tonto, com os 
olhos ardendo, eu me retirava levando comigo a minha última mensagem da 
guerra.
     Já algumas horas mais tarde, os meus 
olhos tinham se transformado em carvão incandescente. Em torno de mim tudo 
estava escuro.
     Foi assim que eu vim para o 
hospital de Pasewalk na Pomerânia e ali tive de assistir a 
revolução!
     Já há algum tempo pairava no ar algo 
de incerto e desagradável. Dizia-se que, dentro de algumas semanas, ia haver 
alguma coisa. Eu não compreendia o que se queria dizer com isso. Primeiramente, 
pensei numa greve semelhante à da primavera. Boatos desfavoráveis com relação à 
Marinha apareciam constantemente, dizia-se que esta estava em plena 
efervescência. Pensei que isso fosse mais o resultado da fantasia de alguns 
indivíduos do que a opinião da grande massa. No hospital quase todos falavam 
esperançados no breve término da guerra, porém, ninguém contava com isso 
"imediatamente". Os jornais, eu não os podia- 
ler.
     Em novembro aumentou a tensão 
geral.
     E, finalmente, um dia, inopinadamente, 
deu-se a desgraça. Marinheiros vindos em caminhões incitavam à revolução. Alguns 
rapazolas judeus eram os "dirigentes" dessa luta pela "liberdade, beleza e 
dignidade" de nosso povo. Nenhum deles tinha estado no front. Os três orientais 
tinham sido mandados para casa pelo recurso a um "lazareto de doenças venéreas". 
Agora içavam na Pátria o trapo 
vermelho.
     Ultimamente, eu tinha melhorado um 
pouco. A dor cruciante nos olhos diminuía. Aos poucos eu conseguia - distinguir 
imprecisamente os que me cercavam. Podia alimentar a esperança de recuperar a 
vista, ao menos a ponto de poder exercer mais tarde uma profissão qualquer. É 
verdade que eu não poderia jamais pensar em desenhar. Achava-me assim no caminho 
da convalescença, quando aconteceu a 
calamidade.
     Ainda tive a esperança de que se 
tratasse de uma traição mais ou menos de caráter local. Cheguei a procurar 
convencer alguns camaradas nesse sentido. Sobretudo os meus companheiros bávaros 
do hospital estavam inclinados a pensar assim. Lá o ambiente era tudo, menos 
revolucionário. Nunca pude imaginar que também era Munique a loucura se 
desencadeasse. A mim me parecia que a fidelidade à digna casa de Witteisbach 
fosse mais forte do que a vontade de alguns judeus. Assim me convenci de que se 
tratava de um pronunciamento simples da Marinha, o qual seria dominado em poucos 
dias.
     Os dias seguintes foram passando e, com 
eles, veio a mais terrível certeza de minha vida. Os boatos aumentavam 
constantemente. O que eu tinha tomado por uma questão local era na realidade uma 
revolução geral. Além disso chegavam a cada instante as noticias mais 
vergonhosas do front. Queria-se capitular.
     Mas, 
Senhor, seria possível tal coisa?
     A dez de 
novembro o velho pastor veio ao hospital para uma pequena 
prédica.
     Foi então que soubemos de 
tudo.
     Estava presente e fiquei profundamente 
emocionado. O velho e digno senhor parecia tremer ao nos comunicar que a casa 
dos Hohenzollern não mais poderia usar a coroa imperial e que a Pátria se tinha 
transformado em república, e que só restava pedir ao Todo-Poderoso que 
concedesse a sua bênção a essa transformação e não abandonasse o nosso povo de 
futuro. Ele não podia deixar de, em poucas palavras, relembrar a casa imperial; 
queria prestar homenagens aos serviços dessa Casa à Prússia, à Pomerânia, enfim 
a toda Pátria alemã e, nesse momento, o bom velho começou a chorar. No pequeno 
salão havia profundo desânimo em todos os corações e creio que não havia quem 
pudesse conter as lágrimas. Quando o pastor procurou continuar e começou a 
comunicar que teríamos que acabar essa longa guerra e que a nossa Pátria, agora 
que tínhamos perdido a guerra e estávamos sujeitos à misericórdia do inimigo, 
iria sofrer grandes opressões e que o armistício seria aceito dependendo da 
magnanimidade dos nossos inimigos - eu não me contive. Para mim era impossível 
permanecer onde estava. Comecei a ver tudo preto em torno de mim e cambaleando 
voltei ao dormitório. Joguei-me na cama e cobri a cabeça em fogo com o cobertor 
e o travesseiro.
     Desde o dia em que estivera 
diante do túmulo de minha mãe nunca mais tinha chorado. Quando na minha 
juventude o destino era duro para comigo, a minha pertinácia aumentava. Quando, 
durante os longos anos de guerra, a morte colhia um dos nossos caros camaradas e 
amigos, parecia-me um pecado queixar-me e lamentar a perda. Não morriam eles 
pela Alemanha? Quando, nos últimos dias da terrível luta fui atingido pelo gás 
terrível que começou a corroer os meus olhos, tive no momento de susto ímpetos 
de fraquejar diante de expectativa da cegueira eterna. Imediatamente ouvi dentro 
de mim a voz da consciência bradar: miserável poltrão ainda queres chorar quando 
há milhares que sofrem mais do que tu! E assim conformei-me, calado, com o 
destino. Agora porém não suportava mais.
     Só 
então verifiquei como a dor pessoal desaparece diante da desgraça da 
Pátria.
     Tudo tinha sido em vão. Em vão todos os 
sacrifícios e privações, e em vão a fome e a sede de meses sem fim. Em vão as 
horas em que, transidos de pavor, cumpríamos assim mesmo o nosso dever, e em vão 
a morte de dois milhões que então caíram. Seria que não se iam abrir os túmulos 
das centenas de milhares que outrora tinham partido com fé na Pátria para nunca 
mais voltarem? Não se iriam abrir esses túmulos, a fim de enviarem à nação os 
heróis mudos enlameados e ensangüentados, quais espíritos vingativos, pela 
traição do maior sacrifício que um homem pode oferecer nesse mundo? Foi para 
isso que morreram os soldados de agosto e setembro de 1914? Foi para isso que se 
lhes ajuntaram os regimentos de voluntários do Outono desse mesmo ano? Foi para 
isso que rapazes de 17 anos tombaram na terra de Flandres? Era esse o sentido do 
sacrifício oferecido pelas mães alemãs à Pátria, quando, com o coração partido, 
deixavam partir seus filhos mais caros para não mais revê-los? Tudo isso 
aconteceu para que agora um punhado de miseráveis criminosos pudesse pôr a mão 
sobre a Pátria?
     Foi para isso que o soldado 
alemão tinha persistido, ao sol e à neve, sofrendo fome, sede, frio e cansaço 
das noites sem dormir e das marchas sem fim? Foi para Isso que ele, sempre com o 
pensamento no dever de proteger a Pátria contra o Inimigo, se expôs sem recuar 
ao inferno de fogo de barragem, e à febre dos gases 
asfixiantes?
     Na verdade, também esses heróis 
merecem uma lápide em que se escreva:
     "Viajante 
que vindes à Alemanha, contai à nação que aqui repousamos fiéis à Pátria e 
obedientes ao dever".
     E a 
Pátria?
     Seria esse o único sacrifício que 
teríamos de suportar?
     Valeria a Alemanha do 
passado menos do que supúnhamos? Não tinha ela obrigações para com a sua própria 
História? Éramos nós ainda dignos de nos cobrir com a glória do seu passado? 
Como poderíamos justificar às gerações futuras esse ato do 
presente?
     Miseráveis e depravados criminosos! 
Quanto mais eu procurava esclarecer as idéias, nessa hora, com relação ao 
terrível acontecimento, tanto mais eu corava de raiva e de vergonha. Que 
significavam todas as dores dos meus olhos comparadas com essa 
miséria.
     Seguiram-se dias terríveis e noites 
mais terríveis ainda. Eu sabia que tudo estava perdido. Contar com a 
misericórdia, do inimigo era loucura.
     Nessas 
noites cresceu em mim o ódio contra os responsáveis por esses acontecimentos. 
Nos dias que se seguiram tive a consciência do meu destino. Ri-me, ao pensar no 
meu futuro, que há pouco tempo me tinha preocupado. Não seria ridículo querer 
construir um edifício sólido sobre tais bases? Finalmente me convenci que o que 
havia acontecido era o que eu havia sempre temido. Somente não tinha podido 
acreditar. O imperador Guilherme II tinha sido o primeiro imperador alemão que 
tinha oferecido a mão à conciliação com os líderes do marxismo, sem se lembrar 
que bandidos não têm honra. Enquanto eles seguravam a mão do imperador com a 
outra procuravam o punhal.
     Com judeus não se 
pode pactuar. Só há um pró ou um contra.
     Eu, 
porém, resolvi tornar-me político.
CAPÍTULO VIII - COMEÇO DE MINHA ATIVIDADE 
POLÍTICA
     Em fins de novembro de 1918 
voltei para Munique. De novo entrei no batalhão de reserva do meu regimento, o 
qual se achava então nas mãos dos "conselhos de soldados". Senti-me tão enojado 
que resolvi abandonar o batalhão, logo que me fosse possível. Juntamente com o 
meu fiel camarada de guerra, Schmidt Ernest, dirigi-me para Traunstein e ali 
permaneci até a dissolução do acampamento.
     Em 
março de 1919, voltamos de novo para Munique.
     A 
situação era insustentável. A continuação da revolução se tornara fatal. A morte 
de Eisner tinha tido apenas o efeito de apressar os acontecimentos, provocando a 
ditadura dos Conselhos, ou, melhor, um domínio temporário dos judeus, objetivo 
que tinham em vista aqueles que provocaram a 
revolução.
     Por essa época, passavam pela minha 
cabeça planos e mais planos. Dias a fio eu meditava sobre o que se poderia 
fazer, mas chegava sempre à conclusão de que, devido ao fato de ser eu um 
desconhecido, não possuía os requisitos indispensáveis para garantia do êxito de 
qualquer atuação. Mais adiante voltarei a falar sobre os motivos que me 
induziram a não me filiar a nenhum dos partidos então 
existentes.
     Durante a nova revolução dos 
Conselhos, assumi, pela primeira vez, uma atitude que me custou a má vontade do 
Conselho Central. Em 27 de abril de 1919, pela manhã cedo, eu devia ser preso. 
Entretanto, diante de um fuzil com que eu os ameacei, os três rapazolas 
incumbidos de me prender, perderam a coragem e desistiram da 
idéia.
     Alguns dias depois da libertação de 
Munique, fui intimado a comparecer diante da comissão de sindicâncias, a fim de 
prestar esclarecimentos sobre os acontecimentos relativos à revolução no 2o. 
regimento de infantaria.
     Foi essa a minha 
primeira incursão no campo da atividade puramente 
política.
     Algumas semanas mais tarde, recebi 
ordem de tomar parte num "curso" destinado aos membros da milícia de defesa. 
Esse curso visava dar aos soldados certas bases de orientação cívica. Para mim a 
vantagem da iniciativa consistia no fato de eu poder travar conhecimento com 
alguns camaradas que pensavam da mesma maneira que eu, e com os quais eu podia 
discutir detalhadamente a situação do momento. Estávamos todos mais ou menos 
convencidos de que a Alemanha não se poderia salvar do colapso cada vez mais 
próximo, por intermédio dos partidos do centro e da social-democracia. que 
tinham sido causadores do crime de novembro. Além disso, sabíamos que os 
chamados partidos dos "burgueses nacionais" não poderiam, mesmo com a melhor boa 
vontade do mundo, conseguir reparar o mal já feito. Faltava uma série de 
condições essenciais, sem as quais o êxito não seria possível. O decorrer do 
tempo provou a justeza das nossas previsões. Com essas idéias, discutimos, no 
pequeno círculo de camaradas, a formação de um novo 
partido.
     As idéias fundamentais que então 
possuíamos eram as mesmas que mais tarde foram realizadas no "Partido 
Trabalhista Alemão". O nome do movimento a ser inaugurado tinha de, desde o 
princípio, oferecer a possibilidade de uma aproximação com a grande massa. Sem 
essa condição, todo trabalho parecia inócuo e sem finalidade. Assim, ocorreu-nos 
o nome "Partido Social Revolucionário", e isso porque os pontos de vista sociais 
do novo partido significavam na realidade uma 
revolução.
     A razão mais profunda, entretanto, 
estava no seguinte:
     Conquanto eu me tivesse 
ocupado outrora do exame dos problemas econômicos, nunca tinha ultrapassado os 
limites de certas considerações despertadas pelo estudo das questões 
sociais.
     Somente mais tarde alargaram-se os 
meus horizontes com o exame da política de aliança da Alemanha. Essa política, 
em grande parte, era o resultado de uma falsa avaliação do problema econômico, 
bem como da falta de clareza quanto às possíveis bases de subsistência do povo 
alemão no futuro. Todas essas idéias, porém, eram baseadas ainda na opinião de 
que, em todo o caso, o capital era somente o produto do trabalho e, portanto, 
como este mesmo sujeito à correção de todos aqueles fatores que desenvolvem ou 
restringem a atividade humana. Ai então estaria a significação nacional do 
capital. Ele dependia de uma maneira tão imperiosa da grandeza, liberdade e 
poder do Estado, portanto da Nação, que a reunião dos dois por si mesma estava 
destinada a guiar o Estado e a Nação, impulsionados ambos pelo capital, pelo 
simples instinto de conservação e de multiplicação. Essa dependência do capital 
em relação ao Estado livre forçava aquele a, por seu lado, intervir pela 
liberdade, pelo poder, e grandeza da Nação.
     O 
problema do Estado em relação ao capital tornava-se assim simples e claro. Ele 
só teria de fazer com que o capital se mantivesse a serviço do Estado e evitar 
que esse se convencesse de que era o dono da nação. Essa atitude podia-se manter 
em dois limites: conservação de uma economia viva nacional e independente, de um 
lado, garantia de direitos sociais dos empregados, de outro 
lado.
     Anteriormente eu não tinha conseguido 
ainda distinguir, com a clareza que seria de desejar, a diferença entre o 
capital considerado como resultado final do trabalho produtivo, e o capital cuja 
existência repousa exclusivamente na 
especulação.
     Esta diferença foi exaustivamente 
tratada e esclarecida por Gottfied Feder, professor em um dos cursos já por mim 
citados.
     Pela primeira vez na minha vida, 
assisti a uma exposição de princípios relativa ao capital internacional, no que 
diz respeito a movimentos de bolsa e 
empréstimos.
     Depois do ter ouvido a primeira 
preleção de Feder, passou-me imediatamente pela cabeça a idéia de ter então 
encontrado uma das condições básicas para a fundação de um novo 
partido.
     Aos meus olhos o mérito de Feder 
consistia em ter pintado, com as cores mais fortes, o caráter especulativo, 
assim como econômico, do capital internacional e ter mostrado a sua eterna 
preocupação de juros.
     As suas exposições eram 
tão certas em todas as questões fundamentais, que os críticos das mesmas desde 
logo combatiam menos a veracidade teórica da idéia do que a possibilidade 
prática de sua execução. Assim, aquilo que aos olhos de outros era considerado o 
lado fraco das idéias de Feder, constituía aos meus o seu ponto mais 
forte.
     A missão de um doutrinador não é a de 
estabelecer vários graus de exequibilidade de uma determinada causa, e sim a de 
esclarecer o fato em si. Isso quer dizer, que o mesmo deve se preocupar menos 
com o caminho a seguir do que com o fim a atingir. Aqui, o que decide é a 
veracidade, em princípio, de uma idéia, e não a dificuldade de sua execução. 
Assim que o doutrinador procura, em lugar da verdade absoluta, levar em 
consideração as chamadas "oportunidade" e "realidade", deixará ele de ser uma 
estréia polar da humanidade para se transformar em um receitador quotidiano. O 
doutrinador de um movimento deve estabelecer a finalidade do mesmo; o político 
deve procurar realizá-lo. Um, portanto, dirige seu modo de pensar pela eterna 
verdade, o outro é dirigido na sua ação pela realidade prática. A grandeza de um 
reside na verdade absoluta e abstrata de sua idéia, a do outro no ponto de vista 
certo em que se coloca com relação aos fatos e ao aproveitamento útil dos 
mesmos, sendo que a este deve servir de guia o objetivo do doutrinador. Enquanto 
o sucesso dos planos e da ação de um político, isto é, a realização dessas 
ações, pode ser considerada como pedra-de-toque da importância desse político, 
nunca se poderá realizar a última intenção do doutrinador, pois ao pensamento 
humano é dado compreender as verdades, armar ideais claros como cristal, porém a 
realização dos mesmos tem de se esboroar diante da imperfeição e insuficiência 
humanas. Quanto mais abstratamente certa, e, portanto, mais formidável for uma 
idéia, tanto mais impossível se torna a sua realização, uma vez que ela depende 
de criaturas humanas É por isso que não se deve medir a importância dos 
doutrinadores pela realização de seus fins, e sim pela verdade dos mesmos e pela 
influência que eles tiveram no desenvolvimento da humanidade. Se assim não 
fosse, os fundadores de religiões não poderiam ser considerados entre os maiores 
homens desse mundo, porquanto a realização de suas intenções éticas nunca será, 
nem aproximadamente, integral. Mesmo a religião do amor, na sua ação, não é mais 
do que um reflexo fraco da vontade de seu sublime fundador; a sua importância 
entretanto reside nas diretrizes que ela procurou imprimir ao desenvolvimento 
geral da cultura e da moralidade entre os 
homens.
     A grande diversidade entre os problemas 
do doutrinador e os do político é um dos motivos por que quase nunca se encontra 
uma união entre os dois, em uma mesma pessoa. Isto se aplica sobretudo ao 
chamado político de "sucesso", de pequeno porte, cuja atividade de fato nada 
mais é do que a "arte do possível", como modestamente Bismarck cognominava a 
política. Quanto mais livre tal político se mantém de grandes idéias tanto mais 
fáceis, comuns e também visíveis, sempre entretanto mais rápidos, serão os seus 
sucessos. É verdade também que esses estão destinados ao esquecimento dos homens 
e, às vezes, não chegam a sobreviver à morte de seus criadores. A obra de tais 
políticos é, de modo geral sem valor para a posteridade, pois o seu sucesso no 
presente repousa no afastamento de todos os problemas e Idéias grandiosos que 
como tais teriam sido de grande importância para as gerações 
futuras.
     A realização de idéias destinadas a 
ter influência sobre o futuro é pouco lucrativa e só muito raramente é 
compreendida pela grande massa, à qual Interessam mais reduções de preço de 
cerveja e de leite do que grandes planos de futuro, de realização tardia e cujo 
benefício, finalmente, só será usufruído pela 
posteridade.
     É assim que, por uma certa 
vaidade, vaidade esta sempre inerente à política, a maioria dos políticos se 
afasta de todos os projetos realmente difíceis, para não perder a simpatia da 
grande massa. O sucesso e a importância de tal político residem exclusivamente 
no presente, e não existem para a posteridade. Esses microcéfalos pouco se 
Incomodam com isso: eles se contentam com 
pouco.
     Outras são as condições do doutrinador. 
A sua importância quase sempre está no futuro, por Isso não é raro ser ele 
considerado lunático. Se a arte do político é considerada a arte do possível, 
pode-se dizer do idealista que ele pertence àqueles que só agradam aos deuses, 
quando exigem e querem o impossível. Ele terá de quase sempre renunciar ao 
reconhecimento do presente; colhe, entretanto, caso suas idéias sejam imortais, 
a glória da posteridade.
     Em períodos raros da 
história da humanidade pode acontecer que o política e o idealista se reunam na 
mesma pessoa. Quanto mais intima for essa união, tanto maior serão as 
resistências opostas à ação do político. Ele não trabalha mais para as 
necessidades ao alcance do primeiro burguês, e sim por ideais que só poucos 
compreendem. É por isso que sua vida é alvo do amor e do ódio. O protesto do 
presente, que não compreende o homem, luta com o reconhecimento da posteridade 
pela qual ele trabalha.
     Quanto maiores forem as 
obras de um homem pelo futuro, tanto menos serão elas compreendidas pelo 
presente; tanto mais pesada é a luta tanto mais raro é o sucesso. Se em séculos 
esse sorri a um, é possível que em seus últimos dias o circunde um leve halo da 
glória vindoura. É verdade que esses grandes homens são os corredores de 
Maratona da História. A coroa de louros do presente toca mais comumente às 
têmporas do herói moribundo.
     Entre eles se 
contam os grandes lutadores que, incompreendidos pelo presente, estão decididos 
a lutar por suas idéias e seus ideais. São eles que, mais tarde, mais de perto, 
tocarão o coração do povo. Parece até que cada um sente o dever de no passado 
redimir o pecado cometido pelo presente. Sua vida e sua ação são acompanhadas de 
perto com admiração comovidamente grata, e conseguem, sobretudo nos dias de 
tristeza, levantar corações quebrados e almas desesperadas. Pertencem a essa 
classe não só os grandes estadistas, como também todos os grandes reformadores. 
Ao lado de Frederico o Grande, figura aqui Martinho Lutero, bem como Ricardo 
Wagner.
     Quando assisti a primeira conferência 
de Gottfried Feder sobre a "abolição da escravidão do juro", percebi 
imediatamente que se tratava aqui de uma verdadeira teoria destinada a imensa 
repercussão no futuro do povo alemão. A separação acentuada entre o capital das 
bolsas e a economia nacional, oferecia a possibilidade de se enfrentar a 
internacionalização da economia alemã, sem ameaçar o princípio da conservação da 
existência nacional independente, na luta contra o capital. Eu via com- bastante 
clareza o desenvolvimento da Alemanha, para não perceber que a maior luta não 
seria contra os povos inimigos e sim contra o capital internacional. Senti na 
conferência de Feder o formidável grito de guerra para a próxima 
luta.
     Os fatos, mais tarde, vieram demonstrar 
quão certo era o nosso pressentimento de então. Hoje em dia não somos mais 
ridicularizados pelos idiotas da nossa política burguesa; hoje em dia, mesmo 
esses, desde que não sejam mentirosos conscientes, reconhecem que o capital 
internacional não foi só o maior Instigador da guerra, como, mesmo após o 
término da luta, continua a transformar a paz num 
inferno.
     O combate contra a alta finança 
internacional se tornou um dos pontos capitais do programa na luta da nação 
alemã pela sua independência econômica e pela sua 
liberdade.
     Quanto às restrições feitas pelos 
chamados homens práticos, pode-se-lhes responder da seguinte maneira: todos os 
receios relativos às terríveis conseqüências econômicas provenientes da 
realização da abolição da "escravidão do juro" são supérfluas. Antes de tudo, as 
receitas econômicas até então usadas deram muito maus resultados ao povo alemão. 
As atitudes com relação a uma afirmação nacional lembram-nos vivamente o parecer 
de peritos semelhantes de outros tempos: por exemplo, da junta médica bávara, 
com relação à questão da introdução da estrada de ferro. Todos os receios dessa 
sábia corporação não se realizaram; os viajantes dos trens, do novo cavalo a 
vapor, não ficavam tontos, os espectadores também não ficavam doentes e 
desistiu-se dos tapumes de madeira destinados a tomar essa nova organização 
invisível. Só se conservaram, para a posteridade, as paredes de madeira nas 
cabeças de todos os chamados peritos.
     Em 
segundo lugar, deve-se tomar nota do seguinte: toda idéia, por melhor que ela 
seja, torna-se perigosa quando ela imagina ser um desideratum, quando na 
realidade não é mais do que um meio para um fim. Para mim, porém, e para todos 
os verdadeiros nacionais socialistas, só há uma doutrina: Povo e 
Pátria.
     O objetivo da nossa luta deve ser o da 
garantia da existência e da multiplicação de nossa raça e do nosso povo, da 
subsistência de seus filhos e da pureza do sangue, da liberdade e independência 
da Pátria, a fim de que o povo germânico possa amadurecer para realizar a missão 
que o criador do universo a ele destinou.
     Todo 
pensamento e toda idéia, todo ensinamento e toda sabedoria, devem servir a esse 
fim. Tudo deve ser examinado sob esse ponto de vista e utilizado ou rejeitado 
segundo a conveniência. Assim é que não há teoria que se possa impor como 
doutrina de destruição, pois tudo tem de servir à 
vida.
     Foi assim que os dogmas de Gottfried 
Feder me incitaram a me ocupar de uma maneira decidida com esses assuntos que eu 
pouco conhecia.
     Comecei a aprender e 
compreender, só agora, o sentido e a finalidade da obra do judeu Karl Marx. só 
agora compreendi bem seu livro - "O Capital" - assim como a luta da 
social-democracia contra a economia nacional, luta essa que tem em mira preparar 
o terreno para o domínio da verdadeira alta finança 
internacional.
     Também em outro sentido foram 
esses cursos de grandes conseqüências para mim. Certo dia pedi a palavra. Um dos 
presentes achou que devia quebrar lanças pelos judeus e começou a defendê-los em 
longas considerações. Essa atitude provocou de minha parte uma réplica. A grande 
maioria dos presentes ao curso colocou-se do meu lado. O resultado, porém, foi 
que poucos dias depois determinaram a minha inclusão num regimento de Munique 
como "oficial de cultura intelectual".
     Naquela 
época a disciplina da tropa era bem fraca, ela sofria as conseqüências do 
período dos "Conselhos de Soldados". Só aos poucos e com muita- cautela 
poder-se-ia ir restabelecendo a disciplina militar e a subordinação, em lugar da 
obediência "voluntária" - como se costumava designar o chiqueiro sob o regime de 
Kurt Eisner. A tropa tinha de aprender a sentir e a pensar de maneira nacional e 
patriótica. A minha atividade dirigia-se nesses dois 
sentidos.
     Comecei o trabalho com todo 
entusiasmo e amor. Tinha de repente a oportunidade de falar diante de um 
auditório maior, e aquilo que já antigamente, sem saber, eu aceitava por puro 
sentimento, realizou-se: eu sabia "falar". Também a voz tinha melhorado 
bastante, a ponto de me fazer ouvir suficientemente em todos os pontos do 
pequeno compartimento dos soldados.
     Não havia 
missão que me fizesse mais feliz do que essa, pois agora, antes de minha saída, 
poderia prestar serviços úteis à instituição que tão de perto me tocava o 
coração: ao exército.
     Posso dizer que a minha 
atuação foi coroada de êxito: centenas, talvez milhares de camaradas foram por 
mim reconduzidos, no decorrer das minhas lições, ao seu povo e à sua Pátria. Eu 
"nacionalizava" a tropa e podia, por esse meio, auxiliar a fortalecer a 
disciplina geral.
     Ainda uma vez tive 
oportunidade de conhecer uma série de camaradas, que pensavam como eu, e que 
mais tarde começaram a edificar a base do novo movimento.
CAPÍTULO IX - O PARTIDO TRABALHISTA 
ALEMÃO
     Um dia recebi ordem da autoridade 
superior para ir verificar o que se passava num grêmio aparentemente político, 
cujo nome era "Partido Trabalhista Alemão". O dito grêmio pretendia realizar uma 
reunião por aqueles dias, em que deveria falar Gottfried Feder. A missão de que 
fui incumbido era ir até lá verificar o que se passava e, em seguida, apresentar 
um relatório.
     A curiosidade do exército de 
então em relação aos partidos políticos era mais do que compreensível. A 
revolução tinha dado ao soldado o direito de participação na política. Desse 
direito faziam uso justamente os mais inexperientes. Só no momento em que o 
Centro e a social-democracia tiveram de reconhecer, com grande pesar, que as 
simpatias dos soldados começavam a se afastar dos partidos revolucionários para 
se inclinarem pelo movimento de reerguimento da nação, é que se julgou 
necessário retirar da tropa o direito de voto e de participação na 
política.
     Era óbvio que o Centro e o marxismo 
lançassem mão dessas medidas, pois se não se tivesse procedido ao corte dos 
"direitos cívicos" - como se costumava denominar a igualdade de direitos 
políticos dos soldados após a revolução - não teria havido, poucos anos depois, 
o chamado governo de novembro e, consequentemente, teria sido evitada essa 
desonra nacional A tropa estava naturalmente indicada para livrar a Nação dos 
sugadores da Entente.
     O fato de os chamados 
partidos "nacionais" concordarem entusiasmados com a modificação do programa dos 
criminosos de novembro, para tornar, por esse modo, ineficiente o exército como 
instrumento de ressurreição nacional, demonstrou mais uma vez até onde podem 
levar as idéias exclusivamente doutrinárias desses "mais inocentes dos 
inocentes". Essa burguesia, doente de senilidade mental, pensava com toda 
seriedade que o exército voltaria a ser o que tinha sido, isto é, um 
sustentáculo da defesa nacional, enquanto o Centro e o Marxismo só pensavam em 
lhe extrair. o dente perigoso do nacionalismo, sem o qual o exército não é mais 
do que uma policia e nunca uma tropa capaz de lutar com o inimigo. Tudo isso o 
futuro encarregou-se de provar à 
saciedade.
     Pensariam porventura, os nossos 
"políticos nacionais" que a transformação da mentalidade do exército se pudesse 
processar em outro sentido que não o nacional? Essa é a miserável mentalidade 
desses senhores, e isso provém do fato deles, em vez, como soldados, terem 
combatido no front, terem ficado, nas suas cômodas posições, como parladores, 
isto é, conversadores parlamentares.
     Não podiam 
ter a mínima idéia do que se passava no coração de homens que a posteridade 
reconhecerá como os primeiros soldados do 
mundo.
     Decidi-me então a ir assistir à 
Assembléia desse partido, até então inteiramente desconhecido para 
mim.
     Quando cheguei, à noite, ao "Leiberzimmer" 
da antiga cervejaria Sternecker, o qual deveria mais tarde se tornar histórico 
para nós, encontrei ali umas 20 a 25 pessoas, na maioria gente das mais baixas 
camadas do povo.
     A conferência de Feder já me 
era conhecida dos tempos em que eu freqüentava os seus cursos, de sorte que fiz 
abstração da mesma e me preocupei em observar o 
auditório.
     A impressão que tive não foi má; um 
grêmio recém-fundado como muitos outros. Estávamos justamente em uma época em 
que todo o mundo se julgava habilitado a fundar um novo partido, isso porque a 
ninguém agradava o rumo que as coisas tomavam e os partidos existentes não 
mereciam nenhuma confiança. Por toda parte apareciam novas associações que logo 
depois desapareciam sem deixar o menor vestígio de sua passagem. Geralmente os 
fundadores não tinham a menor idéia do que fosse transformar uma associação em 
um partido ou mesmo iniciar um movimento. Soçobravam assim essas fundações, 
quase sempre diante de sua ridícula estreiteza de 
idéias.
     Não foi de outra forma que julguei "o 
Partido Trabalhista Alemão", após assistir durante duas horas uma de suas 
sessões. Fiquei contente quando Feder terminou seu discurso. Tinha visto o 
bastante, e já me dispunha a sair quando a anunciada abertura dos debates livres 
me induziu a ficar. Parecia que tudo ia correr sem significação, até que, de 
repente, começou a falar um "Professor", o qual inicialmente pôs em dúvida a 
exatidão dos argumentos de Feder. Ante uma resposta muito adequada de Feder, 
colocou-se o dito "Professor" de repente "no terreno das realidades:", sem, 
porém, deixar de recomendar muito oportunamente ao jovem partido adotar, como 
ponto importante de seu programa, a luta pela "separação" da Baviera da Prússia. 
O homenzinho afirmava atrevidamente que, nesse caso, a Áustria alemã sobretudo, 
se ligaria imediatamente à Baviera, que a paz seria então muito melhor, e outros 
absurdos. Não me contive mais e pedi a palavra, a fim de fazer sentir ao erudito 
senhor a minha opinião nesse ponto e fi-lo com tanto sucesso que meu antecessor 
na tribuna abandonou o recinto como um cão batido, antes mesmo de eu acabar. 
Enquanto eu falava, a assistência ouvia cheia de espanto e quando eu me dispunha 
a dizer boa-noite à assembléia e retirar-me, um dos assistentes dirigiu-se a 
mim, apresentou-se (nem pude compreender direito o seu nome), colocou em minhas 
mãos um pequeno livreto, visivelmente uma brochura política, com o pedido 
insistente de lê-la.
     Para mim isso foi muito 
agradável, pois era de esperar que, por esse meio, pudesse conhecer de maneira 
mais fácil aquela sociedade maçante, sem ter, depois, de assistir a sessões tão 
desinteressantes. Além disso, eu tinha tido uma boa impressão desse 
desconhecido, que me pareceu ser um operário. 
Retirei-me.
     Por aquela época,, eu morava no 
quartel do 2°. regimento de infantaria, num pequeno cubículo que trazia em si, 
ainda bem patentes, os sinais da revolução. Geralmente, durante o dia, eu 
passava fora, as mais das vezes no regimento de caçadores n.° 41 ou então em 
reuniões, em conferências, em outras unidades da tropa. Somente à noite me 
recolhia aos meus aposentos. Como costumava acordar cedo, Já antes de 5 horas, 
tinha o hábito de divertir-me em jogar, para os camundongos que passeavam pelo 
meu cubículo, pedacinhos de pão duro que haviam sobrado da véspera. Eu ficava a 
ver esses engraçados animaizinhos se disputarem essas preciosas 
iguarias.
     Na minha vida eu tinha passado tanta 
miséria que bem podia imaginar o que fosse a fome e, portanto, o prazer daqueles 
bichinhos. Na manhã seguinte àquela reunião eu estava deitado, mal acordado, lá 
pelas 5 horas, assistindo o movimento dos - camundongos. Como não pudesse 
conciliar o sono, lembrei-me, de repente, da noite passada, e veio-me à 
lembrança a brochura que o operário me havia dado. Comecei a lê-la. Era uma 
pequena brochura, na qual o autor, o tal operário, descrevia a maneira pela qual 
ele tinha chegado de novo ao pensamento nacionalista através da confusão 
marxista e das frases ocas das corporações profissionais. Dai o título - "meu 
despertar político:". - Desde o início o livreto me despertou interesses, pois 
nele se refletia um fenômeno que há doze anos eu tinha sentido. 
Involuntariamente vi se avivarem as linhas gerais da minha própria evolução 
mental. Durante o dia pensei sobre o assunto várias vezes e ia pô-lo finalmente 
de lado, quando, menos de uma semana depois, recebi, com surpresa minha, um 
cartão postal anunciando que eu tinha sido aceito sócio do "Partido Trabalhista 
Alemão". Pedia-se que eu me externasse a respeito e para isso viesse na próxima 
quarta-feira a uma sessão da comissão do Partido. Na realidade eu me sentia mais 
do que surpreso por essa maneira de angariar" sócios e não sabia se me devia 
zangar ou rir. Eu não pensava em entrar para um partido já organizado e sim em 
fundar o meu próprio partido. Essa pretensão de filiar-me a um partido não me 
tinha passado pela cabeça. Já me dispunha a responder àqueles senhores por 
escrito quando venceu a curiosidade e decidi-me a comparecer, no dia marcado, a 
fim de, oralmente, expor os meus 
motivos.
     Chegou quarta-feira. O hotel no qual 
se devia realizar a sessão anunciada era o "Alte Rossenbad", na Hermstrasse. Era 
um lugarzinho modesto onde, só de quando em quando, aparecia alguma alma 
penada.
     Em 1919 isso não era de estranhar, pois 
o cardápio mesmo dos hotéis maiores era pouco atraente, dado a sua modéstia e 
exiguidade. Este hotel, porém, eu não 
conhecia.
     Atravessei o salão mal iluminado no 
qual não havia viva alma. Dirigi-me para a porta que dá para um quarto lateral e 
achei-me diante da "assembléia". Na meia obscuridade de um lampião a gás, meio 
quebrado, estavam sentados, em redor de uma mesa, quatro jovens, entre os quais 
o autor da pequena brochura, o qual imediatamente me cumprimentou da maneira 
mais amável e me deu as boas vindas como novo membro do Partido Trabalhista 
Alemão.
     Na realidade eu estava um tanto 
embasbacado. Como me comunicassem que o verdadeiro "presidente do Reich" ainda 
viria, resolvi adiar, por algum tempo, as minhas declarações. Finalmente 
apareceu este. Era o presidente da reunião na Cervejaria Sterneck, por ocasião 
da conferência de Feder.
     De novo, movido pela 
curiosidade, esperei pelos 
acontecimentos.
     Agora eu já conhecia os nomes 
dos vários senhores presentes. O presidente da "organização do Reich, era um 
senhor Harr, o da de Munique, um senhor Anton 
Drexier.
     Em seguida foi lida a ata da última 
sessão e aprovado um voto de agradecimento ao conferencista. Veio depois o 
relatório da caixa. A sociedade possuía um total de 7 marcos e 50 pfennigs - 
pelo que o tesoureiro recebeu um voto de confiança geral. Esse fato foi 
consignado em ata.
     O primeiro presidente tratou 
em seguida das respostas a uma carta de Kiel, a uma de Düsseldorf e a outra de 
Berlim. Todos concordaram com as respostas apresentadas. Em seguida procedeu-se 
à comunicação da correspondência entrada: uma carta de Berlim, uma de Düsseldorf 
e outra de Kiel, cujo recebimento pareceu provocar grande contentamento. 
Considerou-se esse constante aumento de correspondência como o melhor e mais 
visível sinal da expansão e importância do Partido Trabalhista Alemão, e, em 
seguida, teve lugar um longo debate sobre as respostas novas a serem 
dadas,
     Horrível, simplesmente horrível. Isso 
nada mais era do que uma associação maçante da pior espécie. Nesse clube é que 
eu devia entrar? Logo depois tratou-se da aceitação de novos sócios, isto é, 
tratou-se do meu ingresso para o clube.
     Comecei 
a fazer-me perguntas. Pondo de parte algumas diretrizes nada mais havia, nem um 
programa, nem um panfleto, enfim nada impresso, nem cartões de sócio nem mesmo 
um simples carimbo. Havia sim visíveis boa fé e boa vontade. Perdi a vontade de 
sorrir, pois o que era tudo isso senão o sina1 típico do completo atordoamento 
geral e do inteiro fracasso de todos os partidos, até então, de seus programas, 
de suas intenções e de suas atividades? O que levava esses jovens a se reunirem 
de uma maneira aparentemente tão ridícula nada mais era do que o eco de vozes 
interiores, que, mais por instinto de que conscientemente, lhe fazia crer na 
impossibilidade do reerguimento da Nação alemã bem como da sua convalescença de 
males interiores por meio de partidos como o caráter dos até então existentes. 
Li por alto as diretrizes datilografadas que havia e vi nelas mais uma ânsia por 
alguma coisa nova do que uma realidade. Muita coisa faltava, porém nada havia 
feito. Em tudo se sentia, porém, o sinal de uma aspiração de 
todos.
     O que essas criaturas sentiam eu bem o 
sabia; era o desejo por um novo movimento que deveria ser mais do que um partido 
na acepção corrente da palavra.
     Quando naquela 
noite voltei ao quartel, tinha meu juízo formado com relação a esse 
grêmio.
     Achava-me talvez diante da mais difícil 
interrogação de minha vida: deveria cooperar nesse setor ou 
recusar-me?
     A razão só podia aconselhar a 
recusa, o sentimento, porém, não me deixou sossegar e quanto mais vezes eu 
procurava me convencer da tolice disso tudo, tanto mais o sentimento me 
inclinava para esse agrupamento de jovens.
     Os 
dias que se seguiram foram de desassossego para 
mim.
     Comecei a pensar. Há muito que estava 
decidido a tomar parte ativa na política.
     Para 
mim era claro que isso deveria se dar por meio de um novo movimento, somente me 
tinha faltado até então um impulso para a atividade. Eu não pertenço à categoria 
das pessoas que começam hoje uma coisa para, no dia seguinte, abandonarem-na ou 
passarem a outra. Justamente essa convicção era o motivo principal por que eu 
dificilmente me resolveria a uma tal fundação nova, a qual seria tudo ou 
deixaria de existir. Eu sabia que isso seria decisivo para mim e não havia a 
possibilidade de um "recuo"; tratava-se pois, não de uma brincadeira passageira 
e sim de algo muito sério. Já naquele tempo eu tinha uma aversão instintiva por 
pessoas que tudo começavam sem nada acabar. Todos esses trapalhões me eram 
odiosos. Eu considerava a atividade dessas criaturas pior do que a 
ociosidade.
     Até o destino parecia me estar 
dando uma indicação. Nunca eu teria aderido a um dos grandes partidos e mais 
tarde explicarei mais claramente os motivos. Essa pequeníssima fundação, 
possuindo uma meia dúzia de sócios, pareceu-me ter a vantagem de não se ter 
ainda fossilizado em uma "organização". Ela parecia oferecer a impossibilidade 
de uma verdadeira atividade pessoal a cada um. Aqui ainda se poderia trabalhar 
e, quanto menor fosse o movimento, mais fácil seria conduzi-la pelo caminho 
certo. Aqui se poderia ainda determinar o caráter objetivo e os métodos da 
organização, o que não se poderia pensai' em fazer tratando-se dos glandes 
partidos. Quanto mais eu refletia sobre o assunto mais crescia em mim a 
convicção de que justamente de um tal movimento pequeno é que algum dia poderia 
ser preparado o reerguimento da nação, e nunca dos partidos políticos 
parlamentares, presos a velhos preconceitos ou mesmo dependentes dos proveitos 
do novo regime.
     O que se deveria anunciar aqui 
era um novo princípio universal e não uma nova propaganda 
eleitoral.
     Na verdade uma decisão imensamente 
difícil essa de transformar uma intenção em 
realidade.
     Que antecedentes tinha eu para poder 
arcar com tarefa de tal vulto? O fato de ser pobre, de não possuir recursos 
financeiros, parecia o menos; mais difícil era a circunstância de pertencer eu à 
categoria dos desconhecidos, um entre milhões, que o acaso deixa viver ou 
arranca da vida, sem que o mundo mais próximo disso tome o menor conhecimento. A 
tudo isso se juntava a dificuldade proveniente de minha falta de 
instrução.
     A chamada "intelectualidade" vê com 
infinito desdém todo aquele que não passou pelas escolas oficiais, a fim de se 
deixar encher de sabedoria. Nunca se pergunta: Que sabe o indivíduo e sim: que 
estudou ele? Para essas criaturas "cultas" mais vale a cabeça oca, que vem 
protegida por diplomas, do que o mais vivo rapazola que não possua tais canudos. 
Era, pois, fácil para mim imaginar a maneira pela qual esse mundo oculto - se me 
oporia e só me enganei pelo fato de naquele tempo ainda considerar os homens 
melhores do que na realidade o são. É verdade que há exceções, que naturalmente 
brilharão com tanto maior fulgor. Aprendi, entretanto, a distinguir entre os 
eternos estudantes e os verdadeiros 
conhecedores.
     Após dois dias de tormentosos 
pensamentos e meditações convenci-me de que devia dar o 
passo.
     Foi essa a decisão de maiores 
conseqüências em toda a minha vida.
     Não havia e 
não podia haver um recuo. Aceitei a minha inclusão como sócio do Partido 
Trabalhista Alemão e recebi um cartão provisório de sócio, com o numero 
sete.
CAPÍTULO X - CAUSAS PRIMÁRIAS DO 
COLAPSO
     A extensão da queda de qualquer 
corpo é sempre medida pela distância entre a sua posição no momento e a que 
ocupava anteriormente. O mesmo acontece com a ruína dos povos e dos Estados. A 
posição primitiva tem, por isso, uma importância capital. Só o que se esforça 
por ultrapassar as fronteiras normais poderá cair e arruinar-se. A todos os que 
pensam e sentem, isso faz com que a ruína do Império apareça sob aspecto tão 
grave e horrível, pois assim o colapso é visto de uma altura de que, hoje, 
diante das proporções das desgraças atuais, dificilmente se pode fazer uma idéia 
exata.
     O Império tinha surgido abrilhantado por 
um acontecimento que entusiasmava toda a nação. O Reich nasceu depois de uma 
série de vitórias sem paralelo, como um coroamento glorioso ao imortal heroísmo 
dos seus filhos. Consciente ou inconscientemente, pouco importa, os alemães 
estavam todos possuídos do sentimento de que o Império não devia a sua 
existência às trapaças dos parlamentos partidários, mas, ao contrário, pela 
maneira sublime por que fora fundado, elevava-se muito acima da média dos outros 
Estados.
     O ato festivo que anunciou que os 
alemães, príncipes e povo, estavam resolvidos a, de futuro, fundai um império e 
de novo alcançar a coroa imperial como símbolo das suas glórias, não foi 
comemorado através do cacarejo de uma arenga parlamentar mas ao ribombar dos 
canhões no cerco de Paris. Não se verificou nenhum assassinato, nem foram 
desertores nem embusteiros que fundaram o Estado de Bismarck, mas sim os 
regimentos do front.
     Esse nascimento original, 
com o seu batismo de fogo, já era por si só suficiente para envolver o Império 
de um halo de glória, fato que apenas com os Estados antigos se verificara e 
isso mesmo raramente.E que progresso isso 
provocou!
     A liberdade no exterior proporcionou 
o pão quotidiano no interior. A nação enriqueceu-se em número e em bens 
terrenos. Mas a honra do Estado e com ela a de todo o povo estava protegida por 
um exército que tornava evidente a diferença entre a nova situação e a da antiga 
Confederação Germânica.
     O golpe desfechado 
sobre o império alemão e sobre o seu povo foi tão forte que o povo e governo, 
como tomados de vertigem, parecem haver perdido a capacidade de sentir e 
refletir. Difícil é evocar a antiga grandeza, tão fantástica nos aparece a 
glória dos tempos de outrora comparada com a miséria de hoje. E isso porque os 
homens se deixam ofuscar pela grandeza e se esquecem de procurar os sintomas do 
grande colapso que, mesmo na época de prosperidade, deviam existir, de uma ou de 
outra forma.
     Naturalmente isso se aplica 
àqueles para os quais a Alemanha era mais alguma coisa do que um campo para 
ganhar e desperdiçar dinheiro, pois só aqueles podem ver na situação atual uma 
verdadeira catástrofe, ao passo que aos outros só preocupa a satisfação dos seus 
apetites até então ilimitados.
     Embora esses 
sinais já fossem visíveis, muito poucas pessoas se preocupavam em deles retirar 
lições definitivas. Esse estudo é hoje mais necessário do que 
nunca.
     Assim como só se consegue a salvação de 
um doente quando a causa da moléstia é conhecida, na cura das devastações 
políticas é preciso também conhecer os precedentes. É verdade que se costuma 
considerar mais fácil a descoberta de uma moléstia pela sua aparência do que 
pelas causas íntimas. Aí está a razão por que tantas pessoas nunca conseguem 
passar do conhecimento dos efeitos externos e mesmo os confundem com as causas, 
cuja existência, aliás, se comprazem em 
negar.
     Por isso, a maioria do povo alemão 
reconhece agora a ruma da Alemanha apenas pela pobreza econômica geral e seus 
resultados. Quase todos são atingidos por essa crise, razão por que cada um pode 
avaliar a extensão da catástrofe.
     Compreende-se 
que isso assim aconteça com a massa popular. O fato, porém, de as camadas 
inteligentes da comunidade verem o colapso do país antes de tudo como uma 
catástrofe econômica e pensarem que a salvação está em providências de ordem 
econômica, é a razão por que até agora não foi possível a aplicação de uma 
terapêutica eficaz.
     Enquanto não estiverem 
todos convencidos de que o problema econômico vem em segundo ou mesmo terceiro 
lugar, e que os fatores éticos e raciais são os predominantes, não se poderá 
compreender as causas da infelicidade atual e impossível será descobrir os meios 
e métodos de remediar essa situação.
     O problema 
da pesquisa das causas da ruína alemã é, por isso, de importância decisiva, 
sobretudo tratando se de um movimento político cujo objetivo aliás deve ser a 
solução da crise. Em uma tal pesquisa através do passado, deve-se evitar 
confundir os fatos que mais ferem a vista com as causas menos 
visíveis.
     A mais cômoda (por isso a mais 
geralmente aceita) razão para explicar as nossas desgraças atuais consiste em 
atribuir à perda da Grande Guerra a causa do presente 
mal-estar.
     Provavelmente muitos acreditam 
sinceramente nesse absurdo, mas, na maioria dos casos, esse argumento é uma 
mentira consciente.
     Essa última afirmação se 
ajusta perfeitamente àqueles que se comprimem em torno da gamela 
governamental.
     Não foram justamente os arautos 
da Revolução ,que declararam freqüentemente e, da maneira a mais ardorosa, que, 
para a grande massa do povo, o resultado da guerra era 
indiferente?
     Não asseguraram eles que só o 
"grande capitalista" tinha interesses na vitória da monstruosa guerra e nunca o 
povo em si e muito menos o operário alemão?
     Não 
proclamaram os apóstolos da confraternização universal que, com a derrota da 
Alemanha, só o "Militarismo" havia sido vencido e que, o povo, ao contrário, 
nisso devia ver a sua magnífica 
ressurreição?
     Não se proclamou nesses círculos 
a generosidade da Entente e não se lançou a culpa da guerra sobre a Alemanha? 
Ter-se-ia podido fazer essa propaganda sem o esclarecimento de que a derrota do 
exército seria sem conseqüências para a vida da 
nação?
     Não foi o grito de guerra da Revolução 
que, com ela, a vitória do pavilhão alemão tinha sido evitada, mas somente com 
ela a nação alemã conseguiria completamente a sua liberdade interna e 
externa?
     Não eram esses indivíduos mentirosos e 
infames?
     É característico da impudência do 
verdadeiro judeu atribuir ele à derrota militar a causa do colapso da nação, 
enquanto o "Órgão central de todas as traições nacionais", o Vorwãrts, de 
Berlim, escrevia que desta vez à nação alemã não seria permitido voltar com o 
seu pavilhão vitorioso. E agora a derrota militar deve ser vista como causa da 
nossa ruína!
     É evidente que não valeria a pena 
tentar lutar contra esses mentirosos desmemoriados. E, por isso, eu também não 
perderia uma só palavra com eles, se esse erro absurdo não fosse aplaudido por 
tanta gente irrefletida, que não se apercebe da perversidade e da falsidade 
conscientes desses mentirosos. Demais, as discussões podem oferecer recursos que 
facilitam o esclarecimento dos nossos adeptos, recursos esses muito necessários 
em um tempo em que é costume torcer o sentido das 
palavras.
     A resposta à afirmativa- de que a 
perda da guerra é a causa dos nossos males atuais deve ser a 
seguinte:
     Naturalmente a perda da guerra teve 
um efeito terrível sobre o destino do nosso país, mas não foi uma causa e sim o 
efeito de várias causas.
     Todos os homens 
inteligentes e bem intencionados sabem muito bem que o desfecho infeliz daquela 
luta de vida e morte só poderia produzir efeitos desastrados. Mas há muitos que 
infelizmente deixaram de compreender essa verdade no momento propício ou que, 
embora convencidos do erro, negavam-na com 
afinco.
     Esses eram, na sua maior parte, os que, 
depois de realizados os seus desejos secretos, conseguiam chegar a outra 
concepção da catástrofe.
     Eles são as causas 
criminosas do colapso e não a perda da guerra como se compraziam em 
sustentar.
     A perda da guerra foi simplesmente o 
resultado da ação desse indivíduos e, de nenhuma forma, pode ser atribuída a "má 
direção", como eles afirmam agora.
     Os inimigos 
não eram compostos de covardes, eles também sabiam se bater e, desde o primeiro 
dia da luta, tinham superioridade numérica sobre o exército alemão, além de 
poderem contar com a indústria de todo o mundo para o fornecimento de armamentos 
técnicos. E, apesar de tudo, não podemos deixar de proclamar que as constantes 
vitórias alemães, durante quatro anos de ásperas lutas contra o mundo inteiro, 
foram devidas, pondo-se de parte o heroísmo do nosso soldado e a boa organização 
do exército, exclusivamente a uma direção superior. A organização e a direção do 
nosso exército eram as mais perfeitas que jamais existiram no mundo. As suas 
falhas devem-se à limitação dos poderes humanos de 
resistência.
     A derrota desse exército não foi a 
causa das nossas infelicidades atuais, mas simplesmente a conseqüência de outros 
crimes, um dos quais precipitou um outro colapso, bem patente aos olhos de 
todos.
     O fato de ter esse exército sido 
derrotado não foi a causa de nossa infelicidade de hoje, mas a conseqüência do 
crime de outros, de uma causa que, por ai só, deveria provocar o começo de uma 
maior e mais visível catástrofe.
     A verdade 
disso resulta das seguintes razões:
     Uma derrota 
militar deve ter como conseqüência a ruína de uma nação e de seu Governo? Desde 
quando é essa a conseqüência fatal de uma guerra mal 
sucedida?
     As nações, de fato, jamais se 
arruinaram semente pela perda de uma 
guerra?
     Essa pergunta pode ser respondida em 
poucas palavras.
     Isso sempre acontece quando a 
derrota militar de um povo é devida à negligência, covardia, falta de caráter ou 
indignidade da nação. Se essa hipótese não se verifica, a derrota militar, em 
vez de ser vista com o túmulo de um povo, deve servir de estímulo para que todos 
trabalhem por um futuro melhor.
     A história está 
repleta de inúmeros exemplos que comprovam a correção dessa 
afirmativa.
     A derrota militar da Alemanha foi, 
não uma imerecida catástrofe mas um castigo a que fizemos jus pelos nossos 
próprios erros. A derrota foi mais do que merecida. Foi apenas o sintoma 
exterior de uma longa série de sintomas internos que se conservaram invisíveis à 
maioria dos homens ou que ninguém quis 
observar.
     Observe-se a simpatia com que o povo 
alemão recebeu essa catástrofe. Em muitos setores não se manifestou 
contentamento, e, da maneira mais vergonhosa, pela derrota da 
Pátria?
     Quem faria isso, se o povo não 
merecesse esse castigo? Não se ia mais longe, até ao ponto do regozijo, por se 
ter enfraquecido a linha da frente? Isso não se deve ao inimigo. Essa vergonha 
deve-se aos próprios alemães. Por ventura a infelicidade provoca a 
injustiça?
     Pela maneira por que o povo alemão 
recebeu a catástrofe pode-se claramente descobrir que a verdadeira causa da 
nossa ruma deve ser procurada em outra parte e não na perda de posições 
militares ou na direção da ofensiva.
     Se as 
tropas no front, entregues a si mesmas, tivessem realmente abandonado os seus 
postos, se o desastre nacional tivesse sido devido a um fracasso militar, a 
nação alemão teria visto a derrocada de outra maneira. O povo teria aceito a 
grande desgraça com irritação ou teria caído em estado de prostração. 
Irritar-se-iam os alemães contra a sorte desfavorável ou contra o Inimigo 
vitorioso. Então, a nação agiria como o Senado romano, que foi ao encontro das 
divisões vencidas, com o agradecimento da Pátria pelo sacrifício feito e com o 
apelo para que confiassem no governo.
     A 
capitulação teria sido assinada com inteligência, e o coração do povo começaria 
a palpitar pela ressurreição futura. Assim, a derrota teria sido aceita como 
produto da fatalidade. Não se teria festejado a derrota, a covardia não teria 
proclamado com orgulho a má sorte do exército, as tropas combatentes não teriam 
sido objeto de mofa e as cores nacionais não teriam sido arrastadas na lama. E, 
sobretudo, não se teria criado esse estado de espírito que inspirou a um oficial 
inglês, coronel Repington, a declaração de que "em cada grupo de três alemães 
havia um traidor".
     Não! A pestilência nunca 
teria alcançado essas proporções, tão consideráveis que fizeram com que o mundo 
perdesse o resto de respeito que tinha por 
nós.
     Por ai se percebe claramente a mentira da 
afirmação que consiste em atribuir ao fracasso da guerra a causa da ruína do 
país.
     O fracasso militar, foi não há dúvida, a 
conseqüência de uma série de manifestações doentias de uma parte da nação. Essas 
manifestações já vinham infeccionando o país antes da guerra. A derrota foi o 
primeiro resultado catastrófico visível, por parte do povo, de um envenenamento 
moral, que consistia no enfraquecimento do instinto de conservação, resultante 
da propaganda de doutrinas que, de há muitos anos, vinham minando os fundamentos 
da nação e do Império.
     Era natural que o judeu, 
acostumado à mentira, e o espírito combativo do seu marxismo, procurassem lançar 
a responsabilidade do desastre da nação sobre um homem, justamente o que, com 
uma vontade e uma energia sobre-humanas, tentou evitar a catástrofe que havia 
previsto e poupar à nação um período de sofrimentos e humilhações. Lançando 
sobre Ludendorf a responsabilidade da derrota na guerra, eles desarmaram 
moralmente o único adversário bastante perigoso para enfrentar os traidores da 
Pátria.
     Resulta da própria natureza das coisas 
que no volume da mentira está uma razão para ela ser mais facilmente acreditada, 
pois a massa popular, nos seus mais profundos sentimentos, não sendo má, 
consciente e deliberadamente, é menos corrompida e, devido à simplicidade do seu 
caráter, é mais freqüentemente vítima de grandes mentiras do que de pequenas. Em 
pequeninas coisas ela também mente, enquanto que das grandes mentiras ela se 
envergonha.
     Uma tal inverdade nunca lhe 
passaria pela cabeça e também não acreditaria que alguém fosse capaz da inaudita 
impudência de tão infame calúnia. Mesmo depois de explicações sobre o caso, as 
massas, durante muito tempo, mantêm-se na dúvida, vacilando, antes de aceitar 
como verdadeiras quaisquer causas. É um fato também que da mais descarada 
mentira sempre fica alguma coisa, verdade essa que todos os grandes artistas da 
mentira e suas quadrilhas conhecem muito bem e dela se aproveitam da maneira 
mais infame.
     Os maiores conhecedores das 
possibilidades do emprego da mentira e da calúnia foram, em todos os tempos os 
judeus. Começa, entre eles, a mentira por tentarem provar ao mundo que a questão 
Judaica é uma questão religiosa, quando, na realidade, trata-se apenas de um 
problema de raça e que raça! Um dos maiores espíritos da humanidade perpetuou em 
uma frase imorredoura o julgamento sobre esse povo, quando os designou como "os 
maiores mestres da mentira". Quem não reconhecer essa verdade ou não quiser 
reconhecê-la, não poderá nunca concorrer para a vitória da verdade neste 
planeta.
     Foi, pode-se dizer, uma grande 
felicidade para a nação alemã que a epidemia nacional que se vinha alastrando 
lentamente tivesse de repente chegado ao seu período mais agudo, com todos os 
seus efeitos catastróficos. Se as coisas se tivessem passado de outra maneira, a 
nação teria marchado para a ruína mais lentamente talvez, mais firmemente porém. 
A moléstia ter-se-ia tornado crônica e passaria quase despercebida, ao passo 
que, na sua forma aguda, atraiu a atenção de um número mais considerável de 
observadores e por eles pôde ser compreendida. Não foi obra do acaso que os 
homens tivessem vencido a peste mais facilmente do que a tuberculose. A primeira 
aparece fazendo inúmeras vítimas, o que impressiona a toda gente; a segunda 
introduz-se lentamente. Uma inspira o terror, a outra a indiferença crescente. A 
conseqüência disso é que os homens combatem a peste da maneira mais enérgica, 
enquanto procuram vencer a tuberculose por métodos ineficientes. Por isso os 
homens venceram a peste, mas foram vencidos pela tuberculose. O mesmo se aplica 
às afecções do organismo político. Quando não se apresentam sob a forma 
catastrófica, toda gente a elas aos poucos se acostuma para, finalmente, depois 
de um período mais ou menos prolongado, ser vítima das 
mesmas.
     É, pois, uma felicidade, embora amarga, 
que a Providência tenha decidido intrometer-se nesse lento processo de corrupção 
e, de um golpe rápido, tenha evidenciado o combate à moléstia, aos que a haviam 
compreendido.
     Essas catástrofes sucedem-se 
freqüentemente. Por isso devem ser vistas como causas para que se promova a 
salvação da maneira mais decidida.
     Em caso 
idêntico, essa hipótese vale pelo reconhecimento das causas intimas que 
ocasionam o mal em questão. É importante lazer a diferença entre os responsáveis 
pelo mal e a situação por eles provocada. Essa situação torna-se mais difícil, à 
proporção que os germes da moléstia tomam conta do corpo e nele se julgam estar 
em habitat próprio.
     Pode acontecer que, depois 
de um certo tempo, certos venenos sejam vistos como fazendo parte do organismo 
ou pelo menos como a ele necessários. Assim considera-se como inútil pesquisar o 
autor do envenenamento.
     Nos longos períodos de 
paz que precederam a Grande Guerra, constatavam-se vários males, sem que alguém 
se preocupasse em descobrir os seus responsáveis, salvo em casos excepcionais. 
Essas exceções se verificaram principalmente no domínio econômico que, aos 
indivíduos, mais impressionam do que quaisquer outros 
males.
     Havia vários outros sintomas de 
decadência que a um observador consciencioso deveriam 
impressionar.
     Sob o ponto de vista econômico, 
eram naturais as seguintes observações: O impressionante aumento da população da 
Alemanha, antes da Guerra, fez com que a questão da alimentação mínima que se 
deveria assegurar ao povo tomasse uma posição de destaque entre os pensadores e 
os homens práticos que se interessavam pela vida político-econômica da nação. 
Infelizmente, porém, eles não puderam se resolver a tomar a única solução 
aconselhável, porque imaginavam poder chegar ao seu objetivo por métodos 
homeopáticos. Renunciaram à idéia de adquirir novos territórios e, em 
substituição a essa política, lançaram-se loucamente na política de conquistas 
econômicas, que, forçosamente, havia de levá-los por fim a uma industrialização 
sem limites e prejudicial à nação.
     O primeiro 
resultado - e o mais fatal - foi o enfraquecimento da classe agrícola. À 
proporção que essa classe se arruinava, o proletariado acumulava-se nas grandes 
cidades, perturbando por fim o equilíbrio 
nacional.
     O abismo entre ricos e pobres tornou 
se mais sensível. A superfluidade e a pobreza viviam em contato tão íntimo que 
as conseqüências desse fato só poderiam ser as mais deploráveis. A pobreza e a 
grande falta de emprego começaram a arruinar o povo e a criar o descontentamento 
e o ódio.
     A conseqüência disso foi a luta 
política de classes.
     Em todas as castas 
econômicas, o descontentamento tornava-se cada vez maior e mais profundo. Chegou 
a um ponto em que era opinião geral que "isso não podia continuar", sem que, 
porém, surgisse uma orientação sobre o que se deveria ou poderia fazer. Eram os 
sinais característicos de um profundo descontentamento geral que, por esse meio, 
se faziam sentir.
     Havia fenômenos ainda mais 
deploráveis, ligados à industrialização do país. Com a dominação do Estado pela 
indústria, o dinheiro tornou-se um deus a quem todos teriam de servir e render 
homenagem.
     Os deuses celestiais saíram da moda, 
tornaram-se coisas do passado e, no seu lugar, instalou-se a orgia dos idólatras 
de Mamon.
     Começou, então, um período de 
desmoralização, de péssimos efeitos, sobretudo porque se iniciou em um momento 
em que a nação, mais do que nunca, precisava dos mais elevados sentimentos de 
heroísmo para enfrentar o perigo que a ameaçava. A Alemanha deveria estar se 
preparando para um dia amparar, com a espada, seu esforço para garantir a 
alimentação do povo, por meio de uma "atividade econômica 
pacifica".
     Infelizmente a dominação do dinheiro 
foi sancionada justamente onde deveria ter encontrado maior oposição. Foi uma 
infeliz inspiração a de Sua Majestade induzir a nobreza a entrar no círculo dos 
novos financistas. Sirva de desculpa para o Kaiser o fato do próprio Bismarck 
não ter compreendido esse perigo. A verdade, porém, é que desde então as grandes 
idéias cederam o lugar ao dinheiro. Uma vez que tomou esse caminho, a nobreza da 
espada teria que ficar abaixo da nobreza das 
finanças.
     Não era nada convidativo aos 
verdadeiros heróis e aos estadistas serem colocados no mesmo plano dos judeus 
dos bancos. Os homens da merecimento real não podiam ter interesses em possuir 
condecorações facilmente adquiridas. Ao contrário, 
evitavam-nas.
     Sob o ponto de vista racial, esse 
fato era de conseqüências deploráveis. A nobreza perdia cada vez mais a razão 
racial de sua existência e, na sua grande maioria, podia-se com propriedade 
dar-lhe o qualificativo contrário.
     Um sintoma 
da ruína econômica foi a lenta eliminação do direito de propriedade individual e 
a passagem gradual da economia do povo para a propriedade das sociedades por 
ações.
     Por esse sistema, .o trabalho desceu a 
objeto de especulação doa traficantes sem consciência. A alienação da 
propriedade aos capitalistas progrediu. A Bolsa começou a triunfar e preparou-se 
a pôr, lenta, mas firmemente, a vida da nação sob sua proteção e 
controle.
     Antes da guerra, a 
internacionalização dos negócios alemães já estava em andamento, sob o disfarce 
das sociedades por ações. É verdade que uma parte da indústria alemã fez uma 
decidida tentativa para evitar o perigo, mas, por fim, foi vencida por- uma 
investida combinada do capitalismo ambicioso, auxiliado pelos seus aliados do 
movimento marxista.
     A guerra persistente contra 
as "indústrias pesadas" da Alemanha foi o ponto de partida visível da 
internacionalização que se processava com a ajuda do marxismo. É o único meio de 
completar a obra era assegurar a vitória do marxismo - por meio da 
Revolução.
     No momento em que escrevo estas 
linhas, espera-se o êxito da tentativa de passar as mãos do capitalismo 
Internacional os. caminhos de ferro da Alemanha. A social-democracia 
"internacional" com isso alcançará um dos seus mais elevados 
objetivos.
     Até que ponto essa "dissipação" da 
economia alemã tinha chegado vê-se claramente no fato de, depois da Guerra, um 
dos guias da indústria nacional e, sobretudo do comércio, fazer a declaração de 
que só a economia do país estava em situação de poder levantar a 
Alemanha.
     A esse erro não se deu, no momento, o 
valor esperado, porque a França, nas suas escolas, deu todo destaque à educação 
sobre bases humanísticas, para evitar o erro de confiarem a nação e o Governo a 
sua existência a motivos econômicos e não aos eternos valores 
ideais.
     A afirmação feita por Stinnes provocou 
uma incrível confusão, mas foi logo aceita, com uma pressa alarmante, como leit 
motiv de todos os remendões e charlatães que o acaso tinha guindado à posição de 
"estadistas".
     Uma das piores provas de 
decadência da Alemanha, já antes da Guerra, era a quase indiferença geral que se 
notava a respeito de tudo. Essa situação mental é sempre a conseqüência da 
incerteza sobre as coisas. Dessa e de outras causas surge a pusilanimidade como 
conseqüência fatal. O sistema educacional contribuía para agravar essa 
situação.
     Havia muitos pontos fracos na 
educação dos alemães, antes da Guerra. Eram inspirados em um sistema unilateral, 
visando principalmente a instrução pura, sem se preocupar em fornecer ao povo a 
capacidade prática Menos ainda se pensava na formação do caráter, muito pouco se 
cogitava de encorajar o senso da responsabilidade e nada absolutamente sobre 
cultivo da força de vontade e de decisão.
     A 
conseqüência disso é que não se faziam homens fortes mas maleáveis sabichões. 
Assim eram universalmente considerados os alemães antes da Guerra e, por esses 
motivos, é que gozavam de consideração. O alemão era estimado porque era útil, 
mas devido à sua falta de força de vontade ele era pouco respeitado. Nisso 
estava o motivo por que ele trocava a sua nacionalidade por outra, mais 
facilmente do que qualquer outro povo. este provérbio: "Com o chapéu na mão pode 
se percorrer o mundo", define essa 
mentalidade.
     Os efeitos dessa maleabilidade 
tornaram-se ainda mais desastrosos quando influíram na forma por que todos se 
deveriam portar junto ao soberano. O uso era não replicar mas aprovar tudo o que 
o Soberano entendesse de ordenar. E, no entanto, era justamente nesse caso que 
mais necessária se fazia a existência de homens dignos e independentes. Ao 
contrário, a subserviência geral arrastaria um dia o Império à ruína. Vivia-se 
em um mundo todo de lisonjas.
     Só aos 
bajuladores e aos servis, em uma palavra, aos elementos decadentes de uma nação 
que sempre se sentaram bem junto aos mais altos tronos, mais à vontade do que os 
homens honestos e independentes, poderá parecer essa a única forma de relações 
de um povo para com os seus monarcas! Essas criaturas, tipo "humilde servo", em 
todas as suas humilhações junto aos seus senhores, aos que lhes dão o pão, 
sempre demonstraram o maior atrevimento em relação ao resto da humanidade, 
sobretudo quando, com o maior despudor, como os únicos "monarquistas", se 
comparam ao resto dos mortais. Isso constitui uma verdadeira impudência de que 
só vermes, nobres ou plebeus, são capazes. Na realidade esses homens foram 
sempre os cordeiros da monarquia e sobretudo do pensamento monárquico. É 
impossível pensar de outra maneira, pois um homem capaz de responder por alguma 
coisa nunca poderá ser um hipócrita e um bajulador, um sem caráter. Se ele está 
seriamente empenhado na conservação e desenvolvimento de uma instituição dará a 
isso todo o esforço de que é capaz e nunca abandonará o seu posto, quaisquer que 
sejam os riscos que aparecerem. Um homem assim não aproveita todas as 
oportunidades para berrar em público, da maneira mais hipócrita, como fazem os 
amigos "democráticos", da monarquia. Ao contrário. ele procurará aconselhar e 
advertir Sua Majestade, o próprio depositário da 
coroa.
     Ele não se colocará no ponto de vista de 
que Sua Majestade deve conservar as mãos livres para agir à vontade, mesmo que 
isso visivelmente conduzisse a um desastre! Ao contrário, assim agindo protegerá 
a monarquia contra o monarca, evitando-lhe todos os perigos. Se o mérito dessa 
coordenação dependesse da pessoa de cada monarca, então a monarquia seria a pior 
instituição imaginável, pois só em rasos raríssimos, os monarcas são 
depositários da mais alta sabedoria, da razão mais perfeita ou mesmo do caráter 
mais puro. Nisso só acreditam os bajuladores e hipócritas. Todos os espíritos 
retos e esses são os elementos de mais valor do Estado - sentirão repulsa em 
defender erro tão grave.
     Essa situação é boa 
para sicofantas, mas os homens de bem - que, felizmente, ainda são a maioria da 
nação - só repulsa poderiam sentir por uma prática tão absurda. Para esses a 
história é a história e a verdade é sempre a verdade, mesmo quando se trata de 
um monarca. A felicidade de possuir um grande monarca e um grande homem 
combinados na mesma pessoa é tão rara na vida das nações que elas têm de se 
contentar com que a maldade da sorte poupe-as ao menos dos erros mais 
graves.
     A virtude e a significação da idéia 
monárquica não podem essencialmente estar ligadas à pessoa do monarca, a menos 
que Deus se digne pôr a coroa sobre a cabeça de um grande herói como Frederico o 
Grande ou um caráter prudente como Guilherme I. Isso pode acontecer uma vez em 
vários séculos, raras vezes mais freqüentemente. A idéia vem antes da pessoa, a 
sua significação deve repousar exclusivamente na própria instituição, e o 
monarca entrará na lista dos que o servem. Ele passa a ser considerado como mais 
uma roda na máquina política do Estado, perante o qual tem deveres como toda 
gente. Ele também terá que se bater pela realização dos grandes objetivos 
nacionais e "monarquista" não será mais o depositário da coroa que consente nas 
maiores ofensas à mesma, mas, ao contrário, aquele que a defende. Se a 
predominância não fosse dada à idéia mas às pessoas, consideradas "sagradas", 
quaisquer que elas fossem, nunca se deveria empreender o afastamento de um 
príncipe - visivelmente louco.
     É necessário que 
se aceite essa verdade agora que aparecem à tona cada vez mais os sinais ocultos 
no passado, aos quais se deve atribuir, e não em pequena escala, o fato de ter 
sido impossível evitar a ruína da monarquia. Com uma ingênua imperturbabilidade, 
continua essa gente a falar no "seu rei", rei que há poucos anos, eles 
abandonaram miseravelmente na hora crítica e começaram a apontar como maus 
alemães todos aqueles que não estão dispostos a concordar com as suas idéias. Na 
realidade, eles são os mesmos poltrões que, em 1918, diante de qualquer fita 
vermelha, fugiam espavoridos, viam "seu rei" deixar de ser rei, trocavam 
precipitadamente a alabarda pela "bengala" e, como pacíficos burgueses, 
desapareciam como por encanto. De um golpe eles foram afastados, esses campeões 
do rei, e só depois de passada a tempestade revolucionária, o que se deveu à 
atividade de outros, e que, de novo, se tornou possível dar vivas ao rei, 
começaram esses "criados e conselheiros" da coroa a aparecer na superfície. 
Agora estão todos aí a chorar de novo, pelas cebolas do Egito, lembrando-se do 
passado; mal se podem conter de tanta fidelidade ao rei, de tanta vontade de 
luta, até que um dia apareça a primeira fita vermelha. Então o barulho em favor 
da monarquia de novo desaparecerá, e eles fugirão como ratos diante de 
gatos.
     Se os monarcas não fossem eles próprios 
culpados por esses fatos poder-se-ia ao menos lastimá-los por terem eles esses 
defensores de hoje.
     Eles devem, porém, se 
convencer que, com tais cavalheiros, é fácil perder um trono, mas nunca 
conquistar uma coroa.
     Essa pusilanimidade era 
um erro da nossa educação que reagia da maneira mais desastrada na vida 
política. Aos seus efeitos se devem os lastimáveis sintomas visíveis em todas as 
cortes e neles devem-se procurar as causas do progressivo enfraquecimento da 
instituição monárquica. Quando o edifício começou a abalar-se, os seus 
defensores como que se evaporaram. Os bajuladores não se deixaram matar pelos 
seus senhores. Porque os monarcas nunca se aperceberam dessa situação e, quase 
por uma questão de princípio, jamais trataram de estudá-la, ela se transformou 
na causa de sua ruína.
     Um dos resultados dessa 
educação mal orientada era o receio de enfrentar as responsabilidades e dai a 
fraqueza na maneira de resolver os problemas essenciais da 
nação.
     O ponto de partida dessa epidemia está, 
entre nós, sobretudo na instituição do parlamentarismo, onde a 
irresponsabilidade era francamente cultivada cm estufa. Infelizmente essa 
moléstia lentamente contaminou toda a vida do país e mais intensamente a vida 
política. Por toda parte, começou a enfraquecer-se a noção da responsabilidade 
e, em conseqüência disso, dava-se preferência em tudo às meias medidas, pelo 
emprego das quais, o número das pessoas de responsabilidade foi sempre se 
restringindo cada vez mais, observe-se apenas a conduta do próprio Império, em 
face de uma série de sintomas alarmantes de nossa vida pública, e logo se 
perceberá a terrível significação dessa geral covardia e indecisão, conseqüência 
da falta da noção da 
responsabilidade.
     Mostrarei alguns casos dentre 
os inúmeros que ocorrem.
     Nos meios 
jornalísticos é costume apontar a imprensa como um "grande poder" dentro do 
Estado. É verdade que é imensa a sua importância atual. Dificilmente se pode 
avaliar todo o seu prestigio. Na realidade a sua missão é de continuar a 
educação do povo até a uma idade avançada.
     Em 
conjunto podem ser divididos os leitores de jornais em três grandes 
grupos:
     1.° O dos que acreditam em tudo que 
lêem.
     2.° O daqueles que já não mais acreditam 
em coisa alguma.
     3.° O dos que submetem tudo o 
que lêem à crítica para chegarem, a um julgamento 
seguro.
     O primeiro grupo é muito mais numeroso 
que os outros. Compõe se da grande massa do povo e, por isso mesmo, da parte 
intelectualmente mais fraca da nação. Não pode ser designado por classes, mas 
pelo grau de inteligência. A esse grupo pertencem todos os que não nasceram para 
ter pensamento independente ou não foram educados para isso e que, em parte por 
incapacidade e em parte por falta de vontade, acreditam em tudo que lhes é 
apresentado em letra de fôrma. A essa classe também pertencem os preguiçosos que 
podem pensar mas, por mera indolência, agradecidos, aceitam tudo o que os outros 
pensam, na suposição de que esses já chegaram a essas conclusões com muito 
esforço. Para toda essa gente, que representa a grande massa do povo, a 
influência da imprensa é fantástica. Eles não estão em condições, por falta de 
cultura ou por não o quererem, de examinar as idéias que se lhes apresentam. 
Assim, a maneira de encarar os problemas do dia é quase sempre resultado da 
influência das idéias que lhes vêm de fora. Essa situação pode ser vantajosa 
quando os esclarecimentos que lhes são dados partem de uma fonte séria e amiga 
da verdade, mas constitui uma desgraça quando têm sua origem em pulhas e 
mentirosos.
     O segundo grupo é muito menor 
quanto ao número. Em parte é composto de elementos que, de começo, pertenciam ao 
primeiro grupo e que, depois de amargas decepções, passaram para o lado oposto e 
não acreditam em mais nada que lhes seja apresentado em forma impressa. Esses 
têm ódio a todos os jornais, não os lêem ou irritam-se contra tudo o que neles 
se contém, convencidos de que neles só se encontram mentiras e mais mentiras. É 
difícil manobrar com esses homens, porque para eles a própria verdade é sempre 
vista com desconfiança. E uma classe com que não se (leve contar para qualquer 
agitação eficiente.
     O terceiro grupo é de todos 
o menor. Compõe-se dos espíritos de elite que, por naturais disposições 
intelectuais e pela educação, aprenderam a pensar com independência, que, sobre 
todos o assuntos, se esforçam por formar idéias próprias e que submetem todas as 
suas cuidadosas leituras a um em cursiva pessoal para daí tirar conseqüências. 
Esses não lerão nenhum jornal sem que as idéias recebidas passem por um crivo. A 
situação do editor não é nada fácil.
     Para os 
que pertencem a esse terceiro grupo o erro que um jornal possa perpetrar oferece 
pouco perigo e é de muita significação. No decurso de sua vida eles se 
acostumaram a ver, com fundadas razões, em cada jornalista, um patife que, só 
por exceção, fala a verdade. Infelizmente, o valor desses tipos brilhantes jaz 
apenas na sua inteligência e não no número, o que constitui uma infelicidade em 
uma época em que a maioria e não a sabedoria vale tudo! Hoje que o voto das 
massas é decisivo, a última palavra cabe ao grupo mais numeroso, quase constitui 
da grande multidão dos simples e crédulos. É um interesses essencial do Estado e 
da nação evitar que o povo caia nas mãos de maus educadores, ignorantes e mal 
intencionados. É, por isso, dever do Governo velar pela educação do povo e 
impedir que o mesmo tome orientação errada, fiscalizando a atuação da imprensa 
em particular, pois a sua influência sobre o espírito público é a mais forte e a 
mais penetrante de todas, desde que a sua ação não é transitória mas contínua. 
Sua imensa importância está no fato da uniforme e persistente repetição da sua 
propaganda.
     Aqui, mais do que em qualquer 
setor, é dever do Estado não esquecer que a sua atitude, qualquer que ela seja, 
deve conduzir a um fim único e não deve ser desviada pelo fantasma da chamada 
liberdade de imprensa", desprezando assim os seus deveres com prejuízo do 
alimento de que a nação precisa para a conservação de sua 
saúde.
     O Estado deve controlar esse instrumento 
de educação popular com vontade firme e pô-lo ao serviço do Governo e da 
nação.
     Que sorte de alimento intelectual a 
imprensa alemã ofereceu ao povo antes da Guerra? Não foi, porventura, o mais 
perigoso veneno que se poderia imaginar? Não se inoculou no coração do povo um 
pacifismo da pior espécie, justamente quando o mundo se preparava, lenta mas 
seguramente, para estrangular a Alemanha? Já em plena paz, não tinha essa 
imprensa instilado, gota a gota, no espírito do povo, a dúvida sobre os direitos 
da própria nação, com o fim de enfraquece Ia, desde o primeiro momento de sua 
defesa? Não foi a imprensa alemã, que fez o nosso povo interessar se- pela 
"democracia ocidental", até convencendo-o, por meio de frases bombásticas, que 
seu futuro poderia ser confiado a uma confederação? Não colaborou ela para 
educar o povo na amoralidade? Não foram a moral e os bons costumes 
ridicularizados pelos jornais como retrógrados e peculiares aos provincianos, 
até que o povos por fim, se tornou "moderno" Os alicerces da autoridade do 
Estado não foram por eles constantemente minados até chegar ao ponto de um 
simples empurrão poder provocar a ruína do edifício? Não se opuseram eles por 
todos os meios a que se desse ao Estado o que ao Estado era devido? Não foram 
eles que desacreditaram o exército, que pregaram contra o serviço militar, 
contra a concessão de créditos para o exército, até tornar o êxito militar 
impossível?
     O que a chamada imprensa liberal 
fez antes da Guerra foi cavar um túmulo para a nação alemã e para o Reich. Não 
precisamos dizer nada sobre os mentirosos jornais marxistas. Para eles o mentir 
é tão necessário como para os gatos o miar. Seu único objetivo é quebrar as 
forças de resistência da nação, preparando-a para a escravidão do capitalismo 
internacional e dos seus senhores, os 
judeus.
     Que fez o Governo para resistir a esse 
envenenamento em massa do povo alemão? Nada, absolutamente nada! Alguns fracos 
decretos, algumas multas por ofensas tão graves que não podiam ser desprezadas, 
e nada mais!
     Esperava-se conquistar as 
simpatias desses pestilentos através de lisonjas, do reconhecimento do "valor" 
da imprensa, de sua "significação", da sua "missão educadora" e outras 
imbecilidades. Os judeus, porém, recebiam essas demonstrações com um sorriso de 
raposa e retribuíam com um astucioso 
agradecimento.
     A razão para essa ignominiosa 
renúncia do Governo não estava no desconhecimento do perigo, mas em uma covardia 
que gritava aos céus e na indecisão que, em conseqüência disso, caracterizava 
todas as resoluções tomadas. Ninguém tinha a coragem de 'empregar meios 
radicais, ao contrário disso, todos porfiavam em prescrever receitas 
homeopáticas e, em vez de dar-se um golpe certeiro na víbora, aumentava-se a sua 
capacidade de envenenar. O resultado é que não só tudo ficou pior do que dantes 
como a instituição que se deveria combater tomou cada dia maior 
vulto.
     A campanha de defesa iniciada, outrora, 
pelo Governo, contra a imprensa, controlada, na sua maioria, por judeus, e que 
estava lentamente corrompendo a nação, não obedeceu a um plano definido e 
decisivo ou, pelo menos, não teve nenhum objetivo 
visível.
     A conduta dos representantes do 
Governo falhou ao objetivo, tanto no modo de avaliar a importância do combate 
como. na escolha dos métodos e no estabelecimento de um plano definido. Agia-se 
à-toa. De quando em vez, quando gravemente ofendidos, eles punham no xadrez 
algumas víboras jornalísticas por algumas semanas, ou mesmo meses, mas deixavam 
sempre o seu ninho em paz.
     Tudo isso era a 
conseqüência, por um lado, da tática astuciosa dos judeus e, por outro, da 
conselheira estupidez ou da ingenuidade do mundo 
oficial.
     O judeu era esperto bastante para não 
consentir que toda a sua imprensa fosse, ao mesmo tempo, manietada. Uma parte da 
mesma estava sempre livre para acobertar a outra. Enquanto os jornais marxistas, 
da maneira mais baixa, combatiam o que de mais sagrado poderia parecer aos 
homens, investiam, pelos processos mais infames, contra o Governo e açulavam 
grandes setores da população uns contra os outros, as folhas 
democrático-burguesas dos judeus davam a aparência da mais notável preocupação 
com esses fatos, concentravam todas as suas forças, sabendo exatamente que os 
imbecis só sabem julgar pelas aparências, e jamais são capazes de penetrar no 
âmago das coisas. É a essa fraqueza humana que os judeus devem a consideração em 
que são tidos.
     Para esses leitores o 
Frankfurter Zeitung é o que há de mais respeitável. Nunca usa expressões 
ásperas, nunca fez apologia da força bruta e apela sempre para a luta com as 
armas da inteligência o que, - é curioso constatar - agrada sobretudo às classes 
menos intelectuais Isso é uma conseqüência da nossa indecisão, que divorcia o 
homem das suas inclinações naturais que lhe inocula umas determinadas idéias que 
não podem conduzi-lo a noções posteriores porque a diligência e a boa vontade, 
por si só, de nada servem, tornando-se necessária a inteligência trazida do 
berço. Essas noções a que me refiro têm sempre a sua explicação em causas 
intuitivas. Isso quer dizer que o homem não deve nunca cair no erro de acreditar 
que surgiu para ser o senhor da natureza - concepção que o regime da meia 
educação tanto facilita mas, ao contrário, deve compreender a necessidade 
fundamental do poder da Natureza e também que a sua própria existência está 
dependente das leis da eterna luta natural. Sentiremos então, que, em um mundo 
em que planetas e sois andam à roda, no qual a força sempre domina a fraqueza e 
submete-se à escravidão ou elimina-a, não podem existir outras leis para os 
homens Podemos tentar compreende-las mas nunca delas nos 
libertarmos.
     É justamente para os filósofos 
semi-intelectuais que o judeu escreve na sua chamada "imprensa intelectual". o 
tom do Frankfurter Zeitung e do Berliner Tageblatt é mantido com a intenção de 
agradar a essa classe, justamente a mais influenciada por esses jornais. Ao 
passo que, com o máximo cuidado, evitam toda grosseria de linguagem recorrem a 
outros processos para envenenar o espírito público, Por meio de uma amálgama de 
frases agradáveis eles enganam seus leitores, incutindo-lhes lhes a crença de 
que a ciência pura e a verdadeira moral são as forças propulsoras de suas ações, 
ao passo que na realidade Isso não passa de um inteligente artifício para 
roubarem uma arma que seus adversários poderiam usar contra a imprensa. Enquanto 
uns, por decência, sentem-se enojados tanto mais acreditam os imbecis que se 
trata de ataques temporários que nunca chegarão a ferir de morte a "liberdade de 
imprensa" como se costuma denominar o abuso desse instrumento de ludíbrio e de 
envenenamento do povo, ao abrigo de quaisquer 
punições.
     Por isso, todos têm evitado proceder 
contra esse banditismo, com receio de ter contra si a imprensa "independente", 
receio aliás muito fundamentado. Logo que se tenta agir contra um desses 
vergonhosos jornais, todos os outros do partido se aproveitam, não para aprovar 
- o que seria demais - as lutas do jornal em questão, mas em nome do princípio 
da liberdade de imprensa, da liberdade de pensamento Só se batem pela liberdade 
de imprensa! Ao som desse clamor, os homens mais fortes sentem-se fracos, desde 
que a gritaria parte das folhas 
"independentes".
     Por esse processo pôde esse 
veneno penetrar e circular livremente no sangue do povo e produzir os seus 
efeitos, sem que ø Estado se sentisse com força bastante para combater essa 
moléstia. Nas irrisórias meias medidas empregadas pelo Estado já se poderiam ver 
os sinais ameaçadores da queda do Império, pois uma instituição que não mais 
está resolvida a defender-se com todas as armas renuncia à sua própria 
existência Toda indecisão é um visível sinal da ruína interna que deve ser 
seguida, mais cedo ou mais tarde, do colapso 
externo.
     Penso que a geração atual se bem 
dirigida, evitará mais facilmente esse perigo. Ela passou por várias 
experiências capazes de enrijar os nervos de quem quer que não tenha perdido a 
noção da sua força.
     Um dia virá em que o judeu 
gritará bem alto nos seus jornais, quando sentirem que uma mão forte está 
disposta a pôr fim a esse vergonhoso uso da imprensa, pondo esse instrumento de 
educação a serviço do Estado, retirando-o das mãos de estrangeiros e inimigos da 
nação. Acredito que essa empresa, para nós jovens, será menos incômoda do que o 
foi aos nossos pais. Uma granada de trinta centímetros fala mais alto do que mil 
víboras da imprensa judaica. Deixai que elas 
gritem.
     Outro exemplo de indecisão e fraqueza 
da direção oficial nas questões de interesse vital da nação consiste no 
seguinte. Ao mesmo tempo que se processava uma contaminação moral e política, 
verificava-se, de há muito, um envenenamento não menos horrível, do povo, do 
ponto de vista de sua saúde. Sobretudo nas grandes cidades, a sífilis grassava 
de maneira impressionante. Por seu lado, a tuberculose mantinha a sua colheita 
normal em todo o país. Apesar de que, em ambos os casos, as conseqüências para a 
nação fossem horríveis ninguém tinha coragem de tomar medidas 
decisivas.
     Especialmente a respeito das 
devastações da sífilis, é patente a capitulação do povo e do Governo. Em uma 
luta séria dever-se-ia recorrer a processos mais radicais do que àqueles de que 
se lançou mão. A descoberta de um recurso para o problema em questão, assim como 
contra a exploração comercial de uma tal epidemia, só poucas vantagens poderia 
apresentar. Dever-se-ia cogitar somente das causas dessa calamidade e não em 
fazer desaparecerem os sintomas externos.
     A 
causa primária estava, porém, na prostituição do 
amor.
     Mesmo que essa prostituição não tivesse 
por conseqüência a terrível epidemia que devastava a nação, ela, só por seus 
efeitos morais, seria bastante para levar um povo à 
ruína.
     Esse envenenamento da alma do povo pelos 
judeus, essa mercantilização das relações entre os dois sexos haviam, mais cedo 
ou mais tarde, de prejudicar as novas gerações, desde que, em lugar de crianças 
nascidas de um instinto natural apareciam apenas lamentáveis produtos de um 
espírito Inteiramente comercial. Os interesses materiais eram, cada vez mais, o 
fundamento único dos casamentos. O amor tinha que tirar a sua revanche em outros 
setores.
     Durante algum tempo, talvez fosse 
possível zombar da natureza, mas a reação não tardaria; ela far-se-ia reconhecer 
mais tarde ou seria vista pelos homens demasiadamente tarde. As conseqüências 
desastradas do desprezo das leis naturais no que diz respeito ao casamento são 
visíveis no mundo aristocrático. Nesse setor as mães só obedeciam a imposições 
sociais ou a interesses financeiros. No primeiro caso, a conseqüência era o 
enfraquecimento da raça; no segundo, tratava-se de um envenenamento do sangue 
nacional, uma vez que toda filha de pequeno comerciante judeu se julgava com 
direito a suprir a descendência de Sua Alteza. Em ambas as hipóteses a mais 
completa degenerescência era o resultado desse estado de 
coisas.
     A burguesia atual esforça-se por seguir 
o mesmo caminho e chegará aos mesmos 
resultados.
     Com idêntica pressa procura-se 
passar sobre as verdades desagradáveis como se, com essa maneira de agir, se 
pudesse evitar que os fatos acontecessem. Não! Não se pode negar, por demasiado 
evidente, a triste realidade de que o povo das nossas grandes cidades cada vez 
mais se prostitui e, justamente por isso, aumentam as devastações da sífilis. As 
conseqüências dessa epidemia geral podem' ser examinadas nos hospícios e 
Infelizmente também nas crianças. Sobretudo estas são o mais triste resultado do 
constante e progressivo infeccionamento da nossa vida sexual. Nas doenças das 
crianças são evidentes as taras dos pais.
     Há 
vários meios da gente desinteressar-se ante essa desagradável e horrível 
realidade. Uns nada vêem ou, melhor, não querem ver. Essa é a atitude mais 
simples e mais cômoda. Outros se envolvem no manto de um pudor irrisório e 
mentiroso, falam do assunto como se se tratasse apenas de um grande pecado e 
manifestam, diante de cada pecador pegado em flagrante a sua mais profunda 
cólera, para depois, tomados de nojo, fecharem os olhos à maldita epidemia e 
pedirem a Deus, para, depois da morte deles, se possível, enviar uma chuva de 
enxofre e fogo sobre essa Sodoma e Gomorra, para edificante exemplo a essa 
despudorada humanidade. Os terceiros leitores vêem muito bem as tétricas 
conseqüências que essa peste um dia provocará, mas encolhem os ombros e passam, 
convencidos de que nada podem fazer contra o perigo. Assim deixam-se as coisas 
seguirem seu curso natural.
     Isto é muito 
cômodo, mas é preciso que ninguém se esqueça de que esse comodismo custará o 
sacrifício da nação. A desculpa de que as outras nações não estão em situação 
melhor em nada modificará a triste realidade da nossa própria ruína, salvo se o 
fato de a mesma infelicidade recair sobre os outros constituísse um alívio para 
as nossas próprias dores.
     O problema deve, 
porém, ser posto nos seguintes termos: Quais são os povos que serão por ela 
arrastados à ruína?
     Trata-se de uma prova a que 
são submetidas as raças. Aquelas que não resistirem à prova parecerão e serão 
substituídas pelas mais sadias, mais resistentes, mais capazes de 
reação.
     Como esse problema "interessa", em 
primeiro lugar, às novas gerações, pertence à categoria dos em que com muita 
razão se diz que os pecados dos pais se refletem até sobre a décima geração, 
verdade essa que se traduz em um atentado contra a pureza do sangue e da 
raça.
     O pecado contra o sangue e a raça é o 
pecado original deste mundo e o fim da humanidade que o 
comete.
     Em que situação deplorável se 
encontrava a Alemanha de antes da Guerra em relação a esse 
problema!
     Que se fez para impedir a 
contaminação da juventude das grandes 
cidades?
     Que se fez para combater as 
devastações da sífilis sobre o corpo do povo?
     A 
resposta a essas perguntas era a afirmação de que se tratava de uma fatalidade 
inevitável.
     Antes de tudo, trata-se de um 
problema que não deve ser encarado tão levianamente. É preciso que se compreenda 
que da sua solução de. pende a felicidade ou infelicidade de gerações inteiras e 
que dele pode depender decisivamente, embora não o devesse, o futuro do nosso 
povo. Essa compreensão do problema obrigava, porém, a medidas radicais, e a uma 
intervenção decidida e firme.
     Em primeiro 
lugar, seria necessário que todos se convencessem de que a atenção de todo o 
povo se deveria concentrar nesse terrível perigo, de modo que todos os 
indivíduos, pudessem se compenetrar da importância dessa luta. Só se pode 
transformar em realidade certos deveres, principalmente aqueles cuja realização 
demanda sacrifício, quando os indivíduos, sem nenhuma coação, se convencem da 
necessidade de cumpri-los. Para isso é preciso uma enorme propaganda que faça 
passar para um plano 'secundário todos os outros problemas- do 
dia.
     Em todos os casos em que se trata da 
solução de pretensões, de problemas aparentemente impossíveis, deve-se 
concentrar toda a atenção do povo sobre esse problema como se de sua resolução 
dependesse a existência coletiva. Só por esse meio se pode tornar um povo 
conscientemente capaz de um grande esforço. Esse princípio também se aplica aos 
indivíduos tomados isoladamente, sempre que se trata da realização de grandes 
objetivos. O indivíduo só poderá atingir o fim visado, por etapas graduais, só 
concentrará todos os seus esforços para alcançar um objetivo determinado, depois 
que a primeira etapa parecer alcançada e o plano para a nova estiver traçado. 
Quem não adotar essa divisão, em etapas, do caminho a percorrer, quem não se 
esforçar por esse plano de concentração de todas as forças a vencer, etapa por 
etapa, não poderá nunca atingir o objetivo, ficará ao contrário, no meio do 
caminho, talvez até no desvio.
     Esses 
preparativos para a consecução de uma determinada finalidade constituem uma 
verdadeira arte e exigem o em prego de todas as energias disponíveis para que se 
possa, passo a .passo, chegar ao fim. A primeira condição que se torna 
necessária para o povo vencer as diferentes etapas é que a direção consiga 
convencer a massa do povo que a próxima etapa a ser alcançada é a última e que, 
de sua conquista, tudo depende. O povo nunca vê em toda sua extensão, o caminho 
a percorrer, sem cansar-se e hesitar na sua tarefa. Até certo ponto ele verá a 
meta a ser atingida, mas só poderá abranger com a vista pequenas etapas, tal 
qual o viandante que sabe qual é o fim da sua jornada mas vence melhor o caminho 
sem fim, se dividi-lo em trechos e procurar vencê-los, como se cada um fosse o 
fim da jornada. Só assim, ele caminha sempre para a frente, sem 
desanimo.
     Assim se deveria, pelo emprego de 
todos os meios de propaganda, ter convencido a nação de que o combate contra a 
sífilis era o problema máximo do povo e não um dos seus problemas. Para alcançar 
esse fim, dever-se-ia convencer o povo de que todos os seus males resultaram 
dessa horrível infelicidade e, pelo emprego de todos os meios possíveis, 
martelar essa idéia na cabeça de todos, até que toda a nação chegasse a 
compreender que da solução desse problema tudo depende, o futuro da Pátria ou a 
sua ruína.
     Só depois de uma tal preparação, 
mesmo que durasse anos, poder-se-ia despertar a atenção do povo inteiro e 
impeli-lo a decisões firmes. Só assim se poderia tomar medidas que exigiriam 
grandes sacrifícios, sem correr o perigo de não ser compreendido e ser 
abandonado pela boa vontade da nação.
     Para 
combater uma peste seriamente são necessários inauditos sacrifícios e esforços. 
A campanha contra a sífilis exige uma campanha idêntica contra a prostituição, 
contra preconceitos, contra velhos hábitos, contra idéias ainda em voga, pontos 
de vista e, por fim, contra o pudor artificial de certos meios 
sociais.
     A primeira hipótese, aliás por motivos 
morais, para combater a sífilis consiste em facilitar os casamentos dos jovens, 
nas futuras gerações. Nos casamentos tardios está uma das causas da conservação 
de um estado de coisas que, por mais que se queira torcer, é e será sempre uma 
vergonha para a humanidade, e que deve ser visto como uma maldição para 
criaturas que, modestamente, se julgam feitas à imagem do 
Criador.
     A prostituição é uma vergonha para a 
humanidade, que não pode, porém, ser removida com preleções morais, piedosos 
sentimentos, etc. A sua diminuição e a sua extinção completa pressupõem a 
remoção de um número infinito de condições preliminares. A primeira condição, 
porém, é a criação de um ambiente de facilidades ao casamento dos jovens, o que 
aliás corresponde a uma exigência da natureza. Referimo-nos sobretudo aos 
homens, pois nesses assuntos a mulher é sempre 
passiva.
     Como os homens de hoje, em parte se 
acham desviados, pode-se ver no fato de, freqüentemente, as mães, na chamada 
"melhor" sociedade, darem graças a Deus encontrarem no filho um homem que já se 
iniciou". Como essa é a hipótese mais freqüente, as pobres raparigas encontrarão 
um Siegfried "iniciado" e as crianças sofrerão os efeitos desses "ajuizados 
casamentos".
     Se refletirmos que uma grande 
diminuição da procriação é conseqüência desse estado de coisas e que disso está 
dependente a seleção natural que só pode ter como resultado criaturas infelizes, 
então é lícito que nos façamos esta pergunta: Por que manter uma tal 
instituição? Que objetivo preenche ela? Não é ela, porventura, igual à própria 
prostituição? O dever para com a posteridade não existe mais? Não se compreende 
que praga se reserva a futuras gerações através de uma tão criminosa e leviana 
aplicação de um direito natural que é também o maior dever para com a 
Natureza?
     Assim se degeneram os grandes povos e 
gradualmente são arrastados à ruína.
     O 
casamento não deve ser uma finalidade em si, mas ao contrário, deve servir à 
multiplicação e conservação da espécie e da raça, Esse é o seu significado, essa 
é a sua finalidade.
     Assim sendo, a sua razão de 
ser deve ser medida pela maneira por que é alcançado esse objetivo. Os 
casamentos entre jovens se justificam ao primeiro exame, porque podem dar 
produtos mais sadios e mais resistentes. Para facilitar essas uniões tornam-se 
imprescindíveis várias condições sociais, sem as quais impossível é contar com 
casamentos entre jovens. A solução desse problema, aparentemente tão fácil, não 
se encontrará sem medidas decisivas sob o ponto de vista 
social.
     A importância desse problema ressalta 
do fato de vivermos em um tempo em que a chamada República "Social", 
demonstrando a sua incapacidade para resolver o problema das habitações, tornou 
impossíveis inúmeros casamentos e incrementou, por esse meio, a 
prostituição.
     À irracionalidade da nossa 
maneira de dividir os salários, sem nenhuma atenção ao problema da família e seu 
sustento, deve-se o fato de muitos casamentos não se 
realizarem.
     Só se pode tentar uma verdadeira 
guerra contra a prostituição se, por uma modificação radical nas atuais 
condições sociais, se facilitarem as uniões entre jovens, mais do que acontece 
atualmente. Essa é a primeira condição para que o problema da prostituição possa 
ser resolvido.
     Em segundo lugar, a educação e a 
instrução terão que eliminar uma porção de erros com os quais até hoje ninguém 
se preocupou. Antes de tudo é preciso pôr no mesmo plano a educação intelectual 
propriamente dita e a educação física! O que hoje se conhece pelo nome de 
Ginásio é um arremedo do modelo grego. Com os nossos processos educacionais, 
tem-se a impressão de que todos se esqueceram de que um espírito sadio só pode 
existir em um corpo são. Essa verdade é tanto mais ponderável quando se aplica à 
grande massa do povo, pondo-se de parte exceções 
individuais.
     Tempo houve, na Alemanha de antes 
da Guerra, em que ninguém se preocupava com essa verdade. Pecava-se abertamente 
contra a saúde do corpo e pensava-se que, na formação intelectual, estava uma 
garantia da prosperidade da nação, Esse erro começou a fazer sentir as suas 
conseqüências mais depressa do que se 
esperava.
     Não foi por obra do acaso que a onda 
bolchevista encontrou meio mais favorável justamente entre as populações que 
mais haviam sofrido fome ou alimentação insuficiente, isto é, a Alemanha 
central, a Saxônia e o Ruhr. Nessas regiões quase não se nota a resistência, da 
parte dos chamados "intelectuais", contra essa epidemia judaica, e isso menos em 
conseqüência da miséria do que em conseqüência da educação. A maneira unilateral 
de encarar a educação nas camadas elevadas da sociedade, justamente nesta época 
em que é o punho que decide e não o espirito, torna-as incapazes de manterem as 
suas posições e ainda menos de vencerem. .Na fraqueza física está a razão 
principal da covardia dos indivíduos.
     O valor 
excessivo dado à cultura intelectual pura e a negligência em relação à formação 
física dão origem, antes de tempo, às solicitações sexuais. O jovem que se 
fortalece nos desportos e nos exercícios de ginástica está menos sujeito a 
capitular ante a satisfação dos seus instintos do que aquele que vive, 
sedentariamente, no gabinete de estudo.
     Uma 
educação racional terá que tomar em consideração esse aspecto do problema. Essa 
educação não deve perder de vista que se deve esperar da mulher um rebento mais 
sadio do que os que atualmente já nascem 
contaminados.
     O conjunto da educação deveria 
ser organizado de maneira que todo o tempo disponível da mocidade fosse 
empregado na sua cultura física. Nos tempos que correm, a mocidade não tem o 
direito de errar pelas ruas e cinemas, fazendo distúrbios, cumpre-lhe, depois da 
faina diária, exercitar-se fisicamente para, quando entrar na vida, apresentar a 
resistência necessária. Prepará-la para isso deve ser o objetivo da educação e 
não simples aquisição da chamada cultura intelectual. Devemo-nos livrar da noção 
de que a cultura física compete ao próprio indivíduo. Ninguém tem liberdade de 
errar à custa da posteridade, isto é, da 
raça.
     A luta contra o envenenamento da alma 
deve-se desenvolver ao lado da cultura física. Hoje toda a nossa vida em público 
é uma espécie de estufa para o cultivo de idéias e atrações sexuais. Olhem-se os 
programas de cinemas, das casas de diversões, dos teatros de variedades e 
ver-se-á que aquelas idéias parecem ser vistas como o alimento apropriado, 
especialmente para a educação da mocidade. Casas e quiosques de propaganda 
coligam-se para atrair a atenção pública pelos mais baixos expedientes. Quem 
quer que não tenha perdido a capacidade de penetrar na. alma dos jovens, logo 
compreenderá que essa educação só pode resultar em graves prejuízos para a 
mocidade.
     Esse ambiente é causa de imagens e 
excitações sexuais em um momento em que os jovens não têm nenhuma idéia de tais 
coisas. O resultado desse processo de educação não pode ser visto de maneira 
satisfatória na mocidade de hoje. Os jovens amadurecem depressa demais e 
envelhecem antes do tempo. Nas saías das nossas cortes de justiça aparecem 
freqüentemente casos que permitem fazer-se uma idéia do horrível estalo de 
espírito dos nossos jovens de quatorze e quinze anos. Quem se poderá admirar de 
que, já nessa idade, a sífilis faça as suas vítimas? Não é uma lástima verem-se 
tantos jovens, fisicamente fracos e espiritualmente corrompidos, ingressarem na 
vida de casados, depois de um estágio na prostituição das grandes 
cidades?
     Quem quiser combater a prostituição, 
deve, em primeiro lugar, auxiliar a combater as razões espirituais em que ela se 
funda.
     Deve, primeiro, livrar-se do lixo da 
intelectualidade das grandes cidades e isso sem vacilações ante a gritaria que, 
naturalmente, se verificará.
     Se não livrarmos a 
mocidade do charco que atualmente a ameaça, ela nele afundará. Quem não quiser 
se aperceber dessa situação, estará concorrendo para apoiá-la, transformando-se 
em co-autor da lenta prostituição das futuras 
gerações.
     O teatro, a arte, a literatura, o 
cinema, a imprensa, os anúncios, as vitrines, devem ser empregados em limpar a 
nação da podridão existente e pôr-se a serviço da moral e da cultura 
oficiais.
     E, em tudo isso, o objetivo único 
deve ser a conservação da saúde do povo, tanto do ponto de vista físico como do 
intelectual. A liberdade individual deve ceder o lugar à conservação da 
raça.
     Só depois de executadas essas medidas, 
pode-se ter sólidas esperanças de êxito na campanha profilática contra a 
epidemia. Nessa luta também não se deve recorrer a meias medidas mas, ao 
contrário, devem ser tomadas resoluções sérias e 
decisivas.
     É deplorável que se consinta que 
indivíduos que sofrem de moléstias incuráveis continuem a contaminar as pessoas 
sadias. Isso corresponde a um sentimento de humanidade do qual decorre o 
seguinte - para não fazer mal a um arruinam-se centenas. Tornar impossível que 
indivíduos doentes procriem outros mais doentes é uma exigência que deve ser 
posta em prática de uma maneira metódica, pois se trata da mais humana das 
medidas. Ela poupará a milhões de infelizes desgraças que não mereceram e terá 
como conseqüência a elevação do nível da saúde do povo. A firme resolução de 
enveredar por esse caminho oporá também um dique às moléstias venéreas. Nesse 
assunto, quando necessário, deve-se proceder, sem compaixões, no sentido do 
isolamento dos doentes incuráveis. Essa medida é bárbara para os infelizes 
portadores dessas moléstias mas é a salvação dos coevos e pósteros. O sofrimento 
imposto a um século livrará a humanidade de sofrimentos idênticos por milhares 
de anos.
     A luta contra a sífilis e sua 
companheira inseparável - a prostituição - é uma das mais importantes missões da 
humanidade,- sobretudo porque não se trata, no caso, da solução de um só 
problema mas da remoção de uma série de males que dão causa a essa pestilência. 
A doença - física, no caso em questão, é apenas a conseqüência da doença do 
instinto social, moral e racial.
     Se essa luta 
for dirigida por processos cômodos e covardes, dentro de quinhentos anos os 
povos desaparecerão. Não mais se poderá ver no homem a imagem de Deus, sem grave 
ofensa a esse.
     Como se cuidou, na antiga 
Alemanha, de livrar o povo dessa calamidade? Por um exame sereno chegar-se-á a 
uma triste conclusão. Nos círculos governamentais conheciam-se muito bem todos 
os males decorrentes dessa moléstia, se bem que não se refletisse sobre todas as 
suas conseqüências. Na luta, porém, o fracasso foi completo porque, em vez de 
medidas radicais, tomaram-se medidas deploráveis. Doutrinava-se sobre a moléstia 
e deixava-se que as suas causas continuassem a produzir os mesmos efeitos. 
Submetia-se a prostituta a um exame médico, inspecionava-se a mesma como se 
podia e, no caso de se constatar uma moléstia, internava-se a doente em um 
lazareto qualquer, do qual saía depois de uma cura aparente para de novo 
infeccionar o resto da humanidade.
     É verdade 
que na lei havia um "parágrafo de defesa" pelo qual se proibia o tráfego sexual 
a quem não fosse inteiramente sadio ou não estivesse curado. Em teoria essa 
medida é justa mas na sua aplicação prática o fracasso é 
completo.
     Em primeiro lugar, a mulher, quando 
atingida por essa infelicidade, em virtude dos nossos preconceitos e dos seus 
próprios, na maioria dos casos evitará servir de testemunha contra o que furtou 
a sua saúde e comparecer perante os juizes, muitas vezes em condições 
dolorosas.
     De pouca utilidade é esse processo, 
mesmo porque, na maioria dos casos, ela é que sofrerá mais, pois será ainda mais 
desprezada por aqueles com quem convive, o que não aconteceria com o 
homem.
     Fez-se, porventura, a hipótese de ser o 
próprio marido portador da moléstia? A mulher, nesse caso, deveria queixar-se? 
Que deveria ela fazer?
     Quanto ao homem deve-se 
acrescentar que infelizmente é muito comum que, justamente depois das libações 
alcoólicas, é que ele corre atrás dessa peste, o que o coloca em situação de não 
poder julgar das qualidades de suas "belas"! As prostitutas doentes sabem muito 
bem disso, o que faz com que prefiram pescar os homens nesse estado. O resultado 
é que por mais que dê trato à bola, ele não conseguirá lembrar-se da benfeitora 
que lhe proporcionou a desagradável surpresa da contaminação. Isso não é de 
admirar em uma cidade como Berlim ou mesmo Munique. A isso se acrescente o caso 
de um provinciano completamente desnorteado no meio da vida alegre das grandes 
cidades.
     Além disso, quem sabe exatamente se 
está doente ou não? Não se verificam inúmeros casos em que uma pessoa 
aparentemente curada, recai e causa desgraças horríveis, na perfeita ignorância 
da realidade?
     Assim, a eficiência prática dessa 
defesa, através da punição legal de um contágio culposo, é absolutamente 
nula.
     O mesmo acontece com a inspeção médica 
das prostitutas. A própria cura é hoje uma coisa incerta, duvidosa. Só uma coisa 
é certa - apesar de todas as medidas, a calamidade torna-se cada vez mais 
devastadora, o que confirma, da maneira mais impressionante, a insuficiência das 
providências adotadas.
     Tudo o que se fez foi, 
ao mesmo tempo, insuficiente e irrisório. A corrupção do povo não foi evitada. 
Aliás nada se tentou de sério nesse 
sentido.
     Quem estiver propenso a encarar 
levianamente esse problema, deve estudar os dados estatísticos sobre o progresso 
dessa peste, refletir sobre o seu futuro desenvolvimento. Se, depois disso, não 
se sentir revoltado pode dar a si, com toda justiça, o qualificativo de 
asno.
     A fraqueza e a indecisão com que, já na 
antiga Alemanha, se encarava essa grave questão, devem ser vistas como sintoma 
da decadência de um povo.
     Quando já não há 
força para o combate pela saúde de um povo, esse povo não tem mais direito à 
vida em um mundo de lutas como o nosso. O mundo pertence aos fortes, aos 
decididos, e não aos tímidos.
     Um dos mais 
visíveis sintomas da decadência do antigo Império era, incontestavelmente, a 
lenta diminuição da cultura geral. Sob essa denominação não se deve incluir o 
que hoje se chama "civilização". Ao contrário, a civilização atual parece 
significar uma inimiga da verdadeira noção do que seja a elevação moral do 
espírito de um povo.
     Já por ocasião da entrada 
deste século, começou a infiltrar-se, em nossa arte um elemento que lhe era 
absolutamente estranho e desconhecidos Incontestável é que, também em outros 
tempos, sempre se notaram desvirtuamentos do bom gosto. Em tais casos, 
tratava-se, porém, de deslizes artísticos, aos quais a posteridade poderia dar 
um certo valor histórico, como prova não já de uma depravação artística mas de 
um desvio intelectual que chegara até à falta de espírito. Nisso já se podiam 
vislumbrar sintomas da ruína futura.
     O 
bolchevismo da arte é a única forma cultural possível da exteriorização do 
marxismo.
     Quando essa coisa estranha aparece, a 
arte dos Estados bolcheviquizados só pode contar com produtos doentios de loucos 
ou degenerados, que desde o século passado, conhecemos sob a forma de dadaismo e 
cubismo, como a arte oficialmente reconhecida e admirada. No curto período dos 
"Conselhos" da República bávara, essa espécie de arte já havia aparecido. Já por 
aí se poderia constatar como os placards oficiais, os anúncios dos jornais, etc. 
traziam em si o sinete não só da ruína política como da decadência cultural. 
Assim como não se podia, há dezesseis anos, pensar em um colapso da política do 
império em face da grandeza que havíamos atingido, muito menos se poderia pensar 
em uma decadência cultural pelas demonstrações futurísticas e cubísticas que 
começaram a aparecer desde 1900. Há dezesseis anos uma exposição de produções 
."dadaísticas" teria parecido impossível e os expositores teriam sido levados ao 
hospício, ao passo que hoje são guindados à presidência das associações 
artísticas.
     Essa epidemia não poderia ter 
vencido outrora, não só porque a opinião pública não a toleraria como porque o 
Governo não a veria com indiferença. É um dever dos dirigentes proibir que o 
povo caia sob a influência de tais loucuras. Um tão deplorável estado de coisas 
deveria um dia receber um golpe fatal, decisivo. Justamente no dia em que essa 
espécie de arte correspondesse ao gosto geral, ter-se-ia iniciado uma das mais 
graves metamorfoses da humanidade. A retrogradação do espírito humano teria 
começado e mal se poderia prever o fim de tudo 
isso.
     Logo que se verificou, nessa direção, a 
evolução de uma vida cultural, que se vem realizando, há uns vinte e cinco anos, 
dever-se-ia ver com espanto como já estávamos adiantados nesse processo de 
involução. Sob todos os aspectos, estamos em uma situação em que viceja o germe 
que, mais cedo ou mais tarde, há de arruinar a nossa cultura. Nesses sintomas 
devemos ver também os sinais evidentes de uma lenta decadência do mundo. 
Infelizes os povos que já não podem dominar essa 
epidemia!
     Essa calamidade poderia ser 
facilmente constatada em quase todas as manifestações artísticas' e intelectuais 
da Alemanha. Tudo fazia crer ter a mesma atingido o auge para provocar a 
precipitação no abismo.
     O teatro decaía cada 
vez mais e poderia ser considerado como um fator desprezível na cultura do povo 
se o teatro da corte não resistisse contra a prostituição da arte. Pondo de 
parte essa e outras gloriosas exceções, as representações teatrais, por 
conveniência da nação, deveriam ser proibidas. Era um triste indício da ruína do 
povo que não se pudesse mais mandar a mocidade a essas chamadas "casas de arte", 
onde se representavam coisas despudoradas com o aviso prévio - impróprio para 
menores.
     E pensar-se que essas medidas de 
precaução eram julgadas necessárias justamente nos lugares que deveriam ser os 
primeiros a fornecer o material para a formação da juventude e - não para o 
divertimento dos velhos blasés! Que diriam os grandes dramaturgos de todos os 
tempos ao saberem dessas precauções e sobretudo das causas que a tornavam 
necessárias? Imagine-se a indignação de Schiller! Goethe! ficariam furiosos ante 
esse espetáculo!
     Mas, na realidade, que são 
Goethe, Schiller ou Shakespeare em comparação com os heróis da nova poesia 
alemã? Gastas e obsoletas coisas de um passado que não podia mais sobreviver! A 
característica desses literatos é que eles não só produzem somente sujeira mas, 
pior do que isso, lançam lama sobre tudo o que é realmente grande - no 
passado.
     Esse sintoma se verifica sempre nesses 
tempos de decadência. Quanto mais baixas e desprezíveis forem as produções 
intelectuais de um determinado tempo e os seus autores, tanto mais odeiam esses 
os representantes de uma grandeza passada. Em tais tempos, procura-se apagar a 
lembrança do passado da humanidade para, em face da impossibilidade de qualquer 
paralelo, esses literatos de fancaria poderem mais facilmente impingir as suas 
produções como "obras de arte. Por isso, toda instituição nova, quanto mais 
miserável e desprezível ela for, tanto mais se esforçará por lançar uma esponja 
sobre o passado, ao passo que toda renovação de verdadeira significação para a 
humanidade, sem preocupações subalternas, procura fazer ligação com as 
conquistas das gerações passadas e mesmo pô-las em relevo. Essas renovações bem 
intencionadas nada têm a temer em um confronto com o passado, mas, ao contrário, 
retiram uma tão valiosa contribuição do tesouro geral da cultura humana que, 
muitas vezes, para sua completa apreciação, se desvelam os seus promotores em 
ressaltar os esforços dos que vieram antes, a fim de conseguirem para as suas 
iniciativas uma compreensão mais exata por parte dos contemporâneos. Quem nada 
tem de valioso a oferecer ao mundo, mas, ao contrário, se esforça por que este 
lhe ofereça coisas que só Deus sabe, odiará tudo o que já se fez no passado e 
será sempre propenso a tudo negar, a tudo 
destruir.
     Isso se verifica não somente nas 
novas produções da cultura geral como na política. Os novos movimentos 
revolucionários odiarão os antigos modelos quanto menor for a sua própria 
significação. Nesse terreno, constata-se, da mesma maneira que na vida 
intelectual e artística, a preocupação de dar vulto às obras de fancaria, o que 
conduz a um ódio cego contra tudo quanto de bom se fez no 
passado.
     Enquanto, por exemplo, a lembrança 
histórica da vida de Frederico o Grande não tiver desaparecido, Frederico Ebert 
só poderá provocar uma admiração muito relativa. O grande homem de Sans Souci 
aparece junto ao antigo taberneiro de Bremen como o sol perante a lua; somente 
quando os raios do sol desaparecem é que a lua pode brilhar E, por isso, também 
muito natural o ódio dessas novas "luas" da humanidade contra as estrelas 
fixas.
     Na vida política, essas nulidades, 
quando o acaso as leva às posições de mando, costumam, com maior fúria, não só 
enlamear o passado como evitar, por todos os meios, a crítica geral às suas 
pessoas. Um exemplo disso pode-se encontrar na lei de defesa do governo da nova 
república alemã.
     Se qualquer nova idéia, nova 
doutrina, nova concepção do mundo ou qualquer movimento político ou econômico 
tenta negar o conjunto do passado, ou considerá-lo sem valor, a novidade, só por 
esse motivo, deve ser vista' com cautela e desconfiança- Na maior parte dos 
casos, a razão para esse ódio ao passado é a mediocridade ou a - má intenção. Um 
movimento renovador verdadeiramente salutar terá sempre que construir sobre 
bases que lhe forneça o passado, não precisando envergonhar-se de recorrer às 
verdades já existentes. O conjunto da cultura geral como a do próprio Indivíduo, 
não é mais do que o resultado de uma longa evolução em que cada geração concorre 
com a sua pedra e adapta-a à construção já iniciada. A finalidade e a razão de 
ser das revoluções não consistem em demolir o edifício inteiro, mas afastar as 
causas da. sua ruína, reconstruindo a parte ameaçada de 
demolição.
     Somente assim se pode falar em 
progresso da humanidade. Sem isso, o mundo nunca sairia do caos, pois cada 
geração, tendo o direito de negar o passado, estabeleceria como condição para a 
sua própria tarefa a destruição do que houvesse sido feito pela geração 
anterior. O aspecto mais lamentável da nossa cultura geral, antes da Guerra, não 
era somente a absoluta impotência da força criadora artística e intelectual, mas 
também o ódio com que se procurava enlamear a lembrança das grandezas passadas 
ou negá-las absolutamente.
     Quase em todos os 
domínios da arte, sobretudo no teatro e na literatura, desde o fim do século, os 
autores se preocupavam menos em produzir alguma coisa de valor real do que em 
denegrir o que havia de melhor no passado, apontando essas obras-primas como 
medíocres e passadistas, como se, nos tempos atuais, que se caracterizam pela 
mais vergonhosa- mediocridade, pudesse alguém lançar essa pecha sobre as grandes 
produções do passado.
     As más intenções desses 
apóstolos do futuro tornam-se evidentes justamente pelo esforço que desenvolvem 
para ocultar o passado aos olhos do presente. Nisso se deveria ter visto desde 
logo que não se tratava, no caso, de uma nova, embora falsa, concepção cultural, 
mas de uma destruição sistemática dos fundamentos da cultura que tornasse 
possíveis a demolição dos sadios sentimentos artísticos e a conseqüente 
preparação intelectual para o bolchevismo político. Assim como o século de 
Péricles apareceu corporizado no Panteon, o bolchevismo atual é representado por 
uma caricatura cubista.
     Pelo mesmo critério 
deve ser examinada a evidente covardia de nosso povo que, por força da sua 
educação e de sua própria posição, estava no dever de dar combate a essa 
vergonhosa orientação intelectual.
     Por mero 
temor da gritaria dos apóstolos da arte bolchevista que atacavam a todos que não 
os consideravam como criadores, renunciava-se às mais sérias resistências e 
todos se conformavam com o que lhes parecia Inevitável. Tinha-se horror a 
resistir a esses incultos mentirosos e impostores, como se fosse uma vergonha 
não compreender as produções desses degenerados ou descarados 
embusteiros.
     Esses jovens "intelectuais" 
possuíam um meio muito simples de imprimir as suas produções o cunho da mais 
alta importância. Eles apresentavam aos contemporâneos maravilhados todas as 
loucuras visíveis e as incompreensíveis como se constituíssem a vida íntima 
destes, retirando assim, de início, à maior parte dos indivíduos, qualquer 
possibilidade de réplica. Que essas loucuras representem de fato a vida interna 
não é de duvidar. Não se conclui daí, porém, que se deve pôr diante dos olhos de 
uma sociedade sadia as alucinações de doentes do espírito ou de criminosos. As 
obras de um Moritz von Schwind ou as de um Bocklin eram a descrição real da 
vida, mas da vida de artistas da maior elevação moral e não da existência de 
bufões. Nesse estado de coisas podia-se muito bem compreender a miserável 
covardia dos nossos chamados intelectuais que se encolhiam a cada resistência 
séria contra esse envenenamento intelectual e moral do nosso povo, que assim 
ficava entregue a si mesmo na luta contra esses impudentes erros. Para não 
revelar ignorância era matéria de arte comprava-se alho por bugalho até que, com 
o tempo, tornava- difícil distinguir as produções de valor real das obras de 
fancaria.
     Tudo isso constituía um sintoma 
alarmante para o futuro.
     Como sinal alarmante 
deve ser considerado também o fato de, já no século XIX, as nossas grandes 
cidades terem começado a perder cada vez mais o aspecto de cidades culturais 
para baixarem à situação de meras aglomerações humanas. A falta de apego dos 
proletários dos grandes centros ao lugar em que moram resulta do fato de ser 
vista a residência de cada um apenas como um domicílio provisório. Isso em parte 
é devido à situação social, que provoca tão constantes mudanças de domicilio, 
que os homens não têm tempo de se apegar à sua cidade. Mas as causas principais 
devem ser procuradas na pobreza da nossa cultura geral e na miséria atual dos 
grandes centros.
     No tempo da guerra da 
independência as cidades alemãs eram não só em menor número mas mais modestas. 
As poucas grandes cidades existentes eram, na sua maior parte, a sede dos 
governos e, como tais, possuíam quase sempre um certo valor cultural e 
artístico. Os poucos lugares de mais de cinqüenta mil habitantes eram, em 
comparação com as cidades atuais do mesmo vulto, ricas em tesouros científicos e 
artísticos. Quando Munique contava setenta mil habitantes, já se preparava para 
tornar-se um dos primeiros centros artísticos da Alemanha. Hoje qualquer centro 
fabril já alcançou aquele número de habitantes e até mesmo ultrapassou de muito 
sem que, em muitos casos, possa apresentar qualquer valor próprio. Não passam 
esses lugares de mero aglomerado de casas de residências e de aluguel e nada 
mais, Que desse estado de coisas pudesse resultar um apego a tais lugares é 
quase impossível. Ninguém se apegará a uma cidade que nada mais oferece aos seus 
habitantes do que quaisquer outras, que deixa de satisfazer às exigências 
individuais e, na qual, criminosamente, se lhes nega tudo que tenha a aparência 
de obras de arte ou produtos culturais.
     Não é 
só. Nas cidades verdadeiramente grandes, à proporção que a população aumentava, 
crescia também a pobreza artística. Elas ofereciam, em maiores proporções, o 
mesmo quadro dos centros fabris. O que os tempos atuais acrescentaram à cultura 
das nossas grandes cidades é de todo insuficiente. Todas as nossas grandes 
cidades vivem das glórias e dos tesouros do passado. Subtraia-se da atual 
Munique tudo o que foi criado por Luís I e constatar-se-á com espanto como é 
mesquinho o progresso de então para cá em criações artísticas de valor real. A 
mesma observação se poderá aplicar a Berlim e à maioria dos outros grandes 
centros.
     O mais importante é o 
seguinte:
     Nenhuma das nossas grandes cidades 
possui monumentos importantes que, de qualquer modo, valham como sinais 
característicos da época! As cidades antigas, quase todas, possuíam monumentos 
de que se orgulhavam. A característica dominante das cidades antigas não está em 
construções particulares mas em monumentos públicos que não são destinados para 
o momento mas para a eternidade, pois neles não se refletem as riquezas de um 
particular mas a grandeza da coletividade. Assim se originavam os monumentos 
públicos, cujo objetivo era fazer com que os habitantes se apegassem à cidade, 
os quais, hoje, parecem a nós quase incompreensíveis. O que se tinha em mente, 
naqueles tempos, era menos insignificantes casas particulares do que pomposos 
monumentos para a coletividade.
     Ao lado desses 
monumentos, a casa de habitação tem uma importância muito secundária, só 
comparando as grandes proporções das antigas construções do Estado com as 
construções particulares do mesmo tempo poderemos compreender o elevado alcance 
do princípio que consistia em dar preferência às obras de caráter coletivo. As 
obras colossais que hoje admiramos nas ruínas do mundo antigo não são palácios 
comerciais, mas templos e edifícios públicos, obras que aproveitam a toda a 
coletividade. Mesmo em pleno fausto da Roma dos últimos tempos, ocupavam o 
primeiro lugar, não as vilas e palácios dos burgueses, mas os templos e as 
termas, os estádios, os circos, os aquedutos, as basílicas, etc.. todas 
construções do Estado e, por conseguinte, de todo o povo. Essa observação também 
se aplica à Alemanha da Idade Média, embora sob outro aspecto artístico. O que 
para a antigüidade representava a Acrópole ou o Panteon, representava, para a 
Idade Média, apenas a igreja gótica. Essas obras monumentais elevam-se como 
gigantes ao lado das mesquinhas construções de madeira ou de tijolo das cidades 
da Idade Média e constituem ainda hoje o sinal característico de uma época, pois 
cada vez mais estão em voga as casas de aluguel. Catedrais, paços municipais, 
mercados etc. são os sinais visíveis de uma concepção que em nada corresponde à 
antiga.
     Quão mesquinhas são hoje as proporções 
entre as construções do Estado e as particulares! Se Berlim viesse a ter as 
artes de Roma, a posteridade só poderia admirar, como obras mais importantes do 
nosso tempo e como expressão da nossa cultura, os armazéns de alguns judeus e os 
hotéis de algumas sociedades.
     Compare-se a 
desproporção, mesmo em uma cidade como Berlim, entre as construções dos Governos 
e as do mundo das finanças e do comércio. A quota destinada às construções do 
Estado é insuficiente e irrisória. Não é possível construir obras para a 
eternidade e sim para as necessidades do momento. Nenhum elevado pensamento 
poderá inspirá-las. O castelo de Berlim foi, para o seu tempo, uma obra de maior 
significação do que a nova Biblioteca, em relação ao presente. Enquanto só a 
construção de um navio de guerra representa a soma de sessenta milhões, para o 
edifício do Reichstag, o primeiro monumento grandioso do Governo. foi concedida 
apenas a metade daquela importância. Quando se cogitou da ornamentação interna 
do edifício, todos os membros do Reichstag votaram contra o emprego de pedra e 
ordenaram que as paredes fossem revestidas de gesso. Dessa vez, os 
parlamentares, por exceção, agiram direito, pois cabeças de gesso correm perigo 
entre paredes de pedra.
     As nossas cidades 
atuais faltam monumentos que sejam a expressão da vida coletiva. Não é, por 
isso, de admirar que essa também não exista. A falta de interesses dos 
habitantes das grandes cidades pela sorte das mesmas dá lugar a prejuízos que se 
refletem praticamente sobre a vida.
     Nesse fato 
vemos também um sinal da decadência da nossa cultura e um prenúncio da ruína 
geral. o Estado afunda-se em mesquinhas preocupações ou melhor, põe-se a serviço 
do dinheiro. Por isso, não é de admirar que, sob a influência de uma tal 
divindade, não haja estímulo para os fatos de heroísmo. Nos dias que correm, 
colhemos apenas o que o próximo passado 
semeou.
     Todos esses sintomas de decadência são, 
em última análise, a conseqüência da falta de uma definida concepção do mundo 
por todos reconhecida e daí também a insegurança nos julgamentos e nas atitudes 
em relação ao único realmente grande problema do 
presente.
     Essa é a razão porque, a começar do 
programa educacional, tudo se faz por meias medidas, todos receiam a 
responsabilidade e terminam por tolerar os próprios males por todos 
reconhecidos. O sentimento de compaixão torna-se a moda. Enquanto se consente na 
germinação dos males e se poupam os seus autores, sacrifica-se o futuro de 
milhões.
     O estudo das condições religiosas 
antes da Guerra mostrará como tudo havia atingido um estado de desagregação. 
Mesmo no domínio religioso, grande parte do povo havia perdido completamente 
qualquer convicção verdadeiramente sólida. Nisso os que eram, aberta e 
publicamente divergentes da Igreja representavam uma parte menor do que os que 
apenas eram indiferentes. Ambos os credos mantêm missões na Ásia e na África, 
com o fim de atrair novos adeptos para as suas doutrinas (aspirações que 
apresentam resultados muito modestos em comparação com os progressos feitos pela 
igreja maometana), enquanto, na Europa, estão continuamente perdendo milhões e 
milhões de genuínos adeptos que ou se tornam inteiramente estranhos a qualquer 
vida religiosa ou agem com liberdade. Sob o ponto de vista moral, as 
conseqüências são nada boas.
     Há sinais 
evidentes de uma luta que aumenta de violência, dia a dia, contra os princípios 
dogmáticos das diferentes igrejas, sem os quais, na prática, a crença religiosa 
é impossível neste mundo. As grandes massas da nação não consistem de filósofos. 
A fé para elas é a única base para a sua vida moral. As tentativas para 
encontrar sucedâneos para as atuais religiões não têm demonstrado tanta 
conveniência e êxito que provem a vantagem de uma substituição das antigas 
confissões religiosas. Quando a doutrina e a fé são realmente adotadas pela 
massa do povo, a autoridade absoluta dessa fé é a única garantia eficaz. O que o 
costume é, para a vida geral, assim é a lei para o Estado e o dogma para a 
religião.
     Só o dogma pode destruir a incerta, 
eternamente vacilante e controvertida concepção do mundo e dar-lhe uma forma 
definida, sem a qual nunca se transformará em uma verdadeira fé. Na outra 
hipótese, daí nunca resultaria uma concepção metafísica ou, em outras palavras, 
um credo filosófico, o ataque contra o dogma e, em si mesmo, muito semelhante à 
luta contra os princípios gerais do Estado. Assim como essa luta contra o Estado 
terminaria em completa anarquia, o ataque contra o dogma resultaria em um 
niilismo religioso.
     Para um político o valor de 
uma religião deve ser apreciado menos pelas faltas inerentes à mesma do que 
pelas vantagens que ela possa oferecer. Enquanto um sucedâneo não aparecer, só 
loucos e criminosos poderão querer demolir o que 
existe.
     É bem verdade que, nessa situação 
desagradável da religião, não são os menos culpados aqueles que prejudicam o 
sentimento religioso com a defesa de interesses puramente materiais, provocando 
conflitos inteiramente desnecessários com a chamada ciência exata. Nesse 
terreno, a vitória caberá sempre à última, mesmo que a luta seja áspera, e a 
religião muito será diminuída aos olhos dos que não se podem elevar acima de uma 
ciência aparente.
     O mais lastimável, porém, é o 
prejuízo ocasionado pela utilização das convicções religiosas para fins 
políticos. Não se pode nunca dizer o suficiente contra esses miseráveis 
exploradores que vêem na religião- um instrumento a serviço da sua política ou 
melhor dos seus interesses comerciais. Esses descarados impostores gritam com 
voz de estertor para que os outros pecadores possam ouvir, em toda parte, a 
confissão de sua fé, pela qual jamais morrerão, mas com a qual procuram viver 
melhor. Para conseguirem um êxito de importância na sua carreira são capazes de 
vender a sua fé; para arranjarem dez cadeiras no parlamento, ligam-se com os 
marxistas, inimigos de todas as religiões; para ganharem uma pasta de ministro 
vendem a alma ao diabo, a menos que este os repila por um resto de 
decoro.
     O fato de muita gente, na Alemanha de 
antes da Guerra, não gostar da religião, deve-se atribuir à deturpação do 
cristianismo pelo chamado Partido Cristão e pela despudorada tentativa de 
confundir a fé católica com um partido 
político.
     Essa aberração ofereceu oportunidade 
à conquista de algumas cadeiras do Parlamento a representantes incapazes, mas 
prejudicou seriamente a Igreja. Infelizmente a nação inteira é que teve de 
suportar as conseqüências desse desvio, pois as conseqüências dai decorrentes 
sobre o relaxamento do sentimento religioso coincidiram justamente com um 
período em que tudo começava a enfraquecer-se e oscilar nos seus fundamentos e 
até os tradicionais princípios da moral e dos costumes ameaçavam entrar em 
colapso.
     Essas lesões no corpo da nação 
poderiam continuar sem perigo, enquanto a própria nação não fosse submetida a 
uma rude prova de resistência, mas levariam o povo à ruína desde que grandes 
acontecimentos tornassem de decisiva importância o problema da solidariedade 
interna.
     Também no domínio da política um 
observador cuidadoso poderia descobrir males que, a menos que não se tomassem 
providências imediatas para melhorar a situação, deveriam ser vistos como 
sintomas da próxima decadência da política interna e externa do 
Império.
     A falta de objetivo da política 
externa e interna da Alemanha era visível a todos os que não se fingissem de 
cegos. A política de acordos pareceu a muitos corresponder à concepção de 
Bismarck, uma vez que "a política é a arte do 
possível".
     Apenas, entre Bismarck e os 
chanceleres alemães posteriores, havia uma "pequena" diferença, Ao primeiro era 
possível adotar uma tal concepção da realidade política ao passo que aos seus 
sucessores a mesma concepção deveria ter outro sentido. Com essa política ele 
queria demonstrar que para se atingir um determinado fim todos os meios deveriam 
ser utilizados e se deveria recorrer a todas as possibilidades. Seus sucessores, 
porém, viram nesse plano um produto da necessidade que deveria ser visto com 
entusiasmo, por possuir uma finalidade política. A verdade é que nos tempos de 
hoje já não há finalidade política na direção do Reich. Falta-lhe a base 
necessária de uma concepção definida do mundo, assim como a necessária 
compreensão das leis que regem a evolução do organismo 
político.
     Muitos observavam essa orientação com 
ansiedade e censuravam acrescente essa falta de plano e de ideais na política do 
Império. Muitos reconheciam as fraquezas internas e a insignificância dessa 
política. Todos esses, porém, estavam fora das hostes políticas. O mundo oficial 
ignorava ás intuições de um Chamberlain, com a mesma indiferença com o que o faz 
hoje. Essa gente é demasiado estúpida para pensar por si mesma e demasiado 
orgulhosa para aprender dos outros o que é necessário. Essa é uma verdade de 
todos os tempos e que deu lugar à afirmação de Oxenstierna - o mundo será 
dirigido apenas por um "fragmento de sabedoria", fragmento em que um conselho 
ministerial é apenas um átomo 
insignificante."
     Desde que a Alemanha se tornou 
república, isso já não acontece absolutamente, pois é proibido pelas leis 
acreditar nisso ou mesmo proclamá-lo! Para Oxenstierna foi uma felicidade ter 
vivido outrora e não na inteligente república de 
hoje.
     Já antes da Guerra, muitos consideravam 
como uma das maiores fraquezas do momento - o Reichstag, em que a força do 
Império se deveria corporificar. A covardia e a falta de responsabilidade já ali 
se irmanavam da maneira mais acabada.
     Um das 
observações mais despidas de senso que costumamos ouvir hoje é que o "sistema 
parlamentar tem sido um fracasso desde a Revolução". Isso dá lugar a que se 
pense que, antes da Revolução, as coisas se passavam de modo diferente, Na 
realidade, o único efeito dessa instituição é, não pode deixar de ser, 
simplesmente destruidor e isso assim era já nos tempos em que a maior parte do 
povo usava antolhos, não via nada ou nada queria ver. Para a ruína da Alemanha 
essa instituição não contribuiu pouco. O motivo por que a catástrofe não se 
realizou mais cedo não se deve pôr à conta do Reichstag mas sim da resistência 
que, nos tempos de paz, se opunha à atitude desses coveiros da nação e do 
Governo.
     Ao número infinito de males, direta ou 
indiretamente devidos ao parlamentarismo, escolho ao acaso uma calamidade que 
melhor define a essência da mais irresponsável das' organizações de todos os 
tempos. Refiro-me à monstruosa leviandade e fraqueza da direção política interna 
e externa do Reich, que, antes de tudo, devem ser atribuídas à atuação do 
Reichstag, e que foram a causa principal da ruína política. De qualquer maneira 
que se observem os fatos, ressalta, em toda a sua clareza, que tudo o que caía 
sob a influência do parlamento era feito por meias 
medidas.
     A política de alianças do Império foi 
uma dessas meias medidas que se caracterizam por sua fraqueza. Enquanto se 
procurava manter a paz, estava-se, de fato, apressando a 
guerra.
     Da mesma maneira deve ser julgada a 
política para com a Polônia, os dirigentes alemães irritavam os poloneses sem 
nunca atacar o problema severamente. O resultado não foi nem uma vitória para os 
alemães nem uma reconciliação com os poloneses, mas a conquista da inimizade dos 
russos.
     A solução do caso da Alsácia Lorena foi 
também uma meia medida. Em vez de, por um golpe brutal, abater, de uma vez por 
todas a hidra francesa, permitindo a concessão de direitos iguais aos 
alsacianos, não se fez nem uma nem outra. Os maiores atraiçoadores do seu país 
estavam nas fileiras dos grandes partidos, entre eles, o sr. Wetterlé do Partido 
do Centro. Tudo isso ainda seria tolerável se essas meias medidas não tivessem 
tido força de sacrificar o exército, de cuja existência dependia em última 
instância, a conservação do Império.
     Para que o 
chamado "Reichstag" alemão mereça para sempre as maldições da nação basta o fato 
de ter colaborado nesse crime. Por motivos os mais deploráveis, esses trapos de 
partido do parlamento retiraram das mãos da nação a arma da conservação 
nacional, a única defesa da liberdade e da independência do nosso 
povo.
     Abram-se hoje os túmulos das planícies da 
Flândria e deles se elevarão os acusadores representados por centenas de 
milhares da nata da mocidade alemã, que, pela inconsciência desses políticos 
criminosos, foram insuficientemente preparados, impelidos à morte, no exército. 
Esses e mais milhões de mortos e de estropiados, a Pátria perdeu para favorecer 
a algumas centenas de embusteiros, para impô-los à força ou para tornar possível 
a vitória de certas teorias repetidas por verdadeiros 
realejos.
     Enquanto os judeus, por meio de sua 
imprensa democrática e marxista, irradiavam, para o mundo inteiro, mentiras 
sobre o "militarismo" alemão e procuravam fazer mal ao país por todos os meios 
possíveis, o partido democrático e o marxista se recusavam a aprovar qualquer 
providência que concorresse a aumentar as forças de resistência da 
Alemanha.
     O inaudito crime que, com essa 
atitude, se perpetrou tornou claro a todos que apenas quisessem observar que, na 
hipótese de outra guerra, toda a nação pegaria em armas e, por causa desses 
"representantes do povo", milhões de alemães, mal ou nada preparados seriam 
repelidos pelo inimigo. Essa falta de soldados preparados, no começo da guerra, 
facilmente acarretaria a sua perda, o que foi provado, de maneira insofismável, 
durante a Grande Guerra.
     A perda da guerra pela 
liberdade e independência da Alemanha foi conseqüência da indecisão e fraqueza 
em coordenar todas as forças da nação para a sua 
defesa.
     Se, em terra, os recrutas não recebiam 
a devida preparação militar, no mar verificava-se a mesma política de tornar as 
armas de defesa da nação mais ou menos ineficientes. Infelizmente a própria 
direção da Marinha deixou-se dominar pela política das meias 
medidas.
     A tendência de diminuir cada vez mais 
a tonelagem dos navios lançados ao mar em comparação com os dos ingleses foi de 
pouco alcance, em nada genial. Uma frota que, de início, não era tão numerosa 
quanto a do seu provável adversário, deveria justamente compensar a 
inferioridade do número de unidades com o poder ofensivo das mesmas. Tratava-se 
de uma superior capacidade de destruição e não de uma lendária superioridade de 
competência.
     Na realidade, a técnica moderna 
está tão avançada e é tão análoga nos diferentes países civilizados, que se deve 
ter como impossível dar a navios de um certo poder um maior poder agressivo do 
que aos navios do mesmo número de toneladas das outras nações; Muito menos se 
deve pensar em atingir uma maior capacidade      Na realidade, essa pequena 
tonelagem das navios alemães só poderia ter como conseqüência a diminuição da 
sua velocidade e da sua eficiência. A frase- com que se procura justificar essa 
realidade já mostrava uma falta de lógica dos que, na paz, ocupavam as posições 
de direção. Dizia-se que o material de guerra alemão era tão superior ao inglês 
que o canhão alemão de vinte e oito centímetros, não ficava atrás do inglês de 
30,5 centímetros, em poder de alcance! Justamente por isso era dever do Governo 
ir além do canhão 30,5 fabricando-se um que lhe fosse superior, tanto em alcance 
como em poder ofensivo. Se assim não fosse, não teria sido necessária, no 
exército, a construção do canhão "Mörser" de 30,5 centímetros. Isso não 
aconteceu, porém, porque a direção do exército pensava com acerto, enquanto a da 
Marinha defendia um ponto de vista errado.
     A 
renúncia a planos de uma maior eficiência da artilharia, assim como de uma maior 
velocidade, baseou-se na falsidade dos chamados planos gigantescos. Essa 
renúncia começou pela forma por que a direção da Marinha atacou a construção da 
frota que, desde o começo, por força das circunstâncias, se desviou para as 
preocupações de um plano de defensiva. Com isso se renunciou também a um êxito, 
pois esse só pode estar no ataque.
     Um navio de 
pequena velocidade, e com um fraco poder ofensivo seria mais facilmente posto a 
pique por adversários mais velozes e mais bem armados. Isso deve ter sido 
sentido, da maneira mais amarga, por um grande número de nossos cruzadores. Como 
era falsa a orientação da nossa Marinha nos tempos de paz, demonstrou, da 
maneira mais evidente, a Grande Guerra, que nos impeliu ao desmantelamento dos 
velhos navios e a mu melhor aparelhamento dos novos. Se, na batalha de 
Skagerrak, os navios alemães tivessem a mesma tonelagem, o mesmo poder ofensivo 
e a mesma velocidade dos ingleses, então, a segura e eficiente atuação das 
granadas do 38 teria afundado a frota 
britânica.
     O Japão, já há tempos, tinha 
impulsionado outra política de construções navais. Nesse país, - foi julgado da 
máxima importância, em cada nova unidade, conseguir-se um poder ofensivo maior 
do que o do inimigo provável. Isso satisfazia às necessidades de uma possível 
posição ofensiva da frota!
     Enquanto as forças 
de terra da Alemanha, na sua direção, ficavam ao abrigo daqueles princípios 
falsos, a Marinha que, infelizmente, estava melhor representada no Parlamento, 
teve que ser vencida peta orientação deste. As forças do mar foram organizadas 
nesse regime de meias medidas. As glórias imortais que ela conquistou devem ser 
levadas à custa das qualidades guerreiras dos alemães, à capacidade e ao 
incomparável heroísmo dos oficiais e das guarnições. Se a anterior direção da 
Marinha se tivesse elevado ao nível da capacidade desses oficiais e marinheiros, 
tantos sacrifícios não teriam sido inúteis. Talvez justamente a habilidade 
parlamentar dos lideres da Marinha, durante a paz, tenha sido uma desgraça para 
a própria Marinha, pois, em vez de pontos de vista militares, ameaçavam influir 
pontos de vista parlamentares. O regime das meias medidas e da fraqueza, assim 
como a falta de lógica, que caracterizam o parlamentarismo, mancharam a direção 
da Marinha.
     As forças de terra, como já 
dissemos, salvaram-se dessa orientação fundamentalmente falsa. Principalmente, o 
então chefe do Estado-Maior, Ludendorf, encabeçou uma campanha decisiva contra 
as criminosas fraquezas do parlamento no trato dos problemas vitais da nação, 
que desconhecia na sua maior parte.
     Se a luta 
que esse oficial, naqueles tempos, encabeçou, apesar de seus desesperados 
esforços, foi inútil, a culpa deve-se em parte ao Parlamento e em maior parte 
talvez à miserável conduta do chanceler Bethman 
Holiweg.
     Isso não impede, porém, que os 
responsáveis pela ruína da Alemanha queiram hoje lançar a culpa justamente sobre 
aquele que, sozinho se levantou contra essa maneira negligente de tratar os 
interesses nacionais. Quem refletir sobre o número de vítimas que ocasionou essa 
criminosa leviandade dos mais irresponsáveis da nação, quem pensar nos mortos e 
nos mutilados, sacrificados sem necessidade, assim como na fraqueza, na vergonha 
e na miséria sem limites em que ainda agora nos encontramos e souber que tudo 
isso só aconteceu para que se abrisse o caminho do ministério a uma multidão de 
ambiciosos e caçadores de empregos, quem compreender tudo isso compreenderá 
também que essas criaturas só devem ser designados com qualificativos como 
patifes, infames, pulhas e criminosos. Ao contrário, o sentido dessas palavras e 
a sua finalidade tornar-se-iam incompreensíveis. Para esses traidores da nação 
cada patife é um homem de honra.
     Todas as 
fraquezas da antiga Alemanha só feriam realmente a atenção depois que, em 
conseqüência das mesmas, a estabilidade interna da nação tinha recebido rudes 
golpes. Nesses casos, a desagradável verdade era proclamada com berreiro nos 
ouvidos das massas, enquanto, por pudicícia, se fazia silêncio sobre muitas 
coisas e negavam-se outras. Isso acontecia quando, no trato de um problema de 
ordem pública, se cogitava de uma reforma que pudesse melhorar o estado de 
coisas existentes. As que exerciam influência nos postos de direção da coisa 
pública nada entendiam do valor e da essência da propaganda. Só os judeus é que 
sabiam que, por meio de uma propaganda inteligente e constante, pode-se fazer 
crer que o céu é Inferno e, inversamente, que a vida mais miserável é um 
verdadeiro paraíso. Os alemães, sobretudo Os que estavam no poder, não tinham 
nenhuma idéia da eficiência dessa força. Essa ignorância deveria produzir os 
seus piores efeitos durante a guerra.
     Ao lado 
dessas falhas já mencionadas e de inúmeras outras na vida alemã de antes da 
Guerra, notavam-se muitas vantagens. Em um exame consciencioso dever-se-ia mesmo 
reconhecer que muitas das nossas imperfeições eram vistas como suas próprias por 
outros países, e que, em muitos casos, nos deixavam até mesmo em plano 
secundário, e também que esses povos não possuíam muitas das nossas 
vantagens.
     Entre outras provas de superioridade 
ocupa o primeiro plano o fato de que o alemão, entre os povos europeus, era o 
que mais se esforçava por manter o caráter nacional da sua economia, e apesar de 
todos os maus sintomas, tinha, pelo menos, a coragem de resistir ao controle do 
capital internacional, infelizmente, essa perigosa superioridade haveria de mais 
tarde ser o maior motivo de instigação da 
Guerra.
     Se tivermos em consideração essa e 
muitas outras vantagens, devem-se, dentre as inúmeras fontes sadias da nação, 
salientar três instituições que, na sua espécie; são modelos que dificilmente 
podem ser ultrapassados.
     Em primeiro lugar, 
figura a forma de Governo em si mesma e o caráter que tomou na Alemanha dos 
últimos tempos.
     Devemos fazer abstração das 
pessoas dos monarcas, as quais, como homens, estavam sujeitos a todas as 
fraquezas dos que habitam esse planeta. A este respeito, não fosse a nossa 
indulgência, seríamos forçados sobretudo a duvidar do presente. Os 
representantes do atual regime, examinados pelo valor das suas personalidades, 
serão, porventura, sob o ponto de vista intelectual e moral, os mais 
representativos, que, depois de maduro exame, possamos descobrir? Quem deixar de 
julgar a Revolução pelo valor das pessoas com que ela presenteou a nação desde 
novembro de 1918, terá de esconder o rosto, tomado de vergonha, ante o 
julgamento da posteridade. Porque agora o silêncio já não pode ser imposto por 
leis, hoje conhecemo-los todos e sabemos que, entre os nossos novos guias, a 
inteligência e a virtude estão em relação inversa aos seus 
vícios.
     É certo que a monarquia alienara as 
simpatias das grandes massas. Isso resultou do fato de nem sempre se ter cercado 
o monarca dos homens mais esclarecidos, e sobretudo, mais sinceros Infelizmente 
ê]e preferia, às vezes, os bajuladores aos espíritos retos e, por isso, daqueles 
"recebia lições". Foi uma grande pena que isso acontecesse em uma época em que o 
mundo passa por grandes mutações em todas as antigas concepções, mutações que, 
naturalmente, não poderiam ser detidas na sua marcha pelas velhíssimas tradições 
da Corte.
     Não é, pois, de estranhar que ao tipo 
comum dos homens, já na passagem do século, nenhuma admiração especial causasse 
a presença da princesa uniformizada nas linhas da frente. Sobre o efeito de uma 
tal parada no espírito do povo, aparentemente, não se podia fazer uma idéia 
exata, pois, do contrário, jamais teríamos chegado à situação infeliz de hoje. O 
sentimento de humanidade, nem sempre verdadeiro, desses círculos, continua a 
provocar mais nojo do que simpatia. Se, por exemplo, a princesa X se dignasse 
provar os alimentos em uma cozinha popular, outrora isso podia ser muito bem 
visto mas, na época em que falamos, o efeito seria contrário. É fácil de 
aceitar-se que a princesa, na realidade, não tivesse a intenção de, no dia da 
prova dos alimentos, fazer com que a alimentação fosse um pouquinho melhor do 
que de costume, Bastava, porém, que os indivíduos aos quais ela queria 
beneficiar soubessem disso.
     Assim as melhores 
intenções possíveis tornar-se-iam ridículas senão 
irritantes.
     Cartazes anunciando a proverbial 
fragilidade do monarca, o seu hábito de acordar cedo e trabalhar até tarde da 
noite, o perigo ameaçador da insuficiência de sua alimentação, provocavam 
manifestações dignas de reflexão. Ninguém queria saber o que e quanto o monarca 
se dignava comer, desejava-se-lhe apenas que "comesse o necessário". Ninguém se 
preocupava em recusar-lhe o sono suficiente. Todos se contentavam em que ele, 
como homem, honrasse o sexo, e, como chefe de governo, defendesse a honra da 
nação. As fábulas já em nada adiantavam, mas ao contrário, eram 
prejudiciais.
     Essas e outras coisas semelhantes 
eram, porém, nonadas.
     Infelizmente, no seio da 
maioria da nação, havia a convicção geral de que, de qualquer modo, o povo é 
governado de cima para baixo e assim cada um não se preocupava com coisa alguma 
mais. Enquanto a atuação do Governo era realmente boa ou, pelo menos, bem 
intencionada, a coisa ainda passava. Uma infelicidade seria, porém, se algum dia 
o velho regente bom em si, fosse substituído por um outro menos respeitado, 
Então a docilidade passiva e a fé infantil redundariam na maior calamidade 
imaginável.
     Ao lado de todos esses e de muitos 
outros defeitos, havia aspectos de importância 
incontestável.
     A estabilidade assegurada pelo 
regime monárquico, a proteção dos cargos públicos contra o turbilhão das 
especulações dos políticos gananciosos, a dignidade intrínseca da instituição 
monárquica e a autoridade que daí decorria, a dignificação do corpo de 
funcionários, e, acima de tudo, a situação do exército acima dos partidos 
políticos, eram vantagens incontestáveis.
     Era 
também uma grande vantagem o fato da liderança do Governo personificar-se no 
monarca e, com isso, se fornecesse o exemplo da responsabilidade que inspira 
mais confiança quando depende de um monarca do que dos azares de uma maioria 
parlamentar. A proverbial pureza da administração alemã deve-se principalmente a 
isso.
     Além disso, o valor cultural da Monarquia 
era, para o povo, da maior significação, podendo compensar outras desvantagens, 
As sedes dos governos alemães continuavam a ser esteio para os sentimentos 
artísticos que, em nossos tempos de materialismo, cada vez mais estão ameaçados 
de desaparecer. O que os príncipes alemães, no século XIX, fizeram em favor da 
arte e da ciência, foi de alta significação. Os tempos de hoje não podem ser 
comparados com aqueles!
     Como um dos fatores 
mais eficientes da nação contra essa incipiente mas sempre crescente 
decomposição da nossa nacionalidade deve ser apontado o exército. As forças 
armadas eram a mais forte escola da nação e justamente por isso se dirigiam os 
ódios dos inimigos contra esse reduto da defesa e da liberdade do povo. Nenhum 
mais portentoso edifício se poderia levantar a essa instituição do que a 
proclamação desta verdade: o exército foi caluniado, odiado, combatido por todos 
os indivíduos sem valor, mas foi temido. Se a fúria dos aproveitadores 
internacionais em Versalhes se dirigia contra o antigo exército alemão é que 
este era o último reduto das nossas liberdades na luta contra o capitalismo 
internacional. Não fosse essa força ameaçadora, a Intenção de Versalhes se teria 
realizado muito antes. O que o povo alemão deve ao exército pode-se resumir 
nesta palavra: tudo.
     O exército deu uma lição 
de absoluta noção de responsabilidade, em uma época em que essa qualidade 
tornava-se cada vez mais rara. A sua atuação impressionava tanto mais quanto 
constituía uma brilhante exceção à ausência absoluta de responsabilidade de que 
o parlamento era o mais eloqüente modelo.
     O 
exército incentivou a coragem pessoal em um momento em que a covardia ameaçava 
contaminar o país inteiro e a capacidade de sacrifício, em favor do bem 
coletivo, era visto como estupidez por aqueles que só cuidavam de conservar e 
melhorar o seu eu.
     O exército foi a escola que 
deu aos alemães a convicção de que a salvação da pátria não se devia procurar 
nas frases mentirosas de uma confraternização internacional de negros, alemães, 
franceses, ingleses, etc., mas na força e na decisão do seu próprio 
povo.
     O exército inspirou o espírito de 
resolução quando na vida do povo, a indecisão e a dúvida começavam a 
caracterizar todos os atos dos indivíduos. Ele queria significar alguma coisa em 
um momento em que os sabichões procuravam; por toda parte, o princípio de que 
uma ordem é sempre melhor do que nenhuma.
     Nessa 
capacidade de resolução podia-se notar um sintoma de saúde integral e robusta 
que teria desaparecido dos outros setores da vida da nação, se o exército, por 
sua educação, não se tivesse sempre esforçado por uma renovação contínua dessa 
força primordial. Basta ver a terrível irresolução dos atuais dirigentes do 
Reich, incapazes de tomar uma decisão em qualquer fato, a não ser que se trate 
da assinatura de um tratado de pilhagem. Nesse caso, eles põem de parte qualquer 
responsabilidade e assinam com a destreza de um estenógrafo tudo o que se 
entende apresentar-lhes, porque aí a resolução é fácil de tomar uma vez que lhes 
é ditada.
     O exército pregava o idealismo e o 
sacrifício em favor da Pátria e de suas grandezas, enquanto, em outros setores, 
a ambição e o materialismo tinham assentado acampamento, Pregava a unidade 
nacional contra a divisão do povo em classes. Talvez o seu único erro tenha sido 
a instituição do voluntariado por um ano. Isso foi um erro porque rompeu o 
princípio de igualdade absoluta e estabeleceu a distinção entre as classes bem 
educadas e a maioria da nação. O contrário disso teria sido mais 
aconselhável.
     Tendo-se em consideração o 
espírito estreito das nossas classes eleva. das e o seu divórcio progressivo do 
resto da nação, o Exército poderia ter agido como uma espécie de Providência se 
tivesse evitado o isolamento dos intelectuais pelo menos dentro das fileiras das 
classes armadas.
     Foi um grande erro o não se 
ter agido assim. Que instituição neste planeta é, porém, sem defeitos? Mas a 
despeito disso as suas vantagens eram tão preponderantes que as suas pequenas 
falhas deveriam ser atribuídas à imperfeição 
humana.
     O maior serviço prestado pelo exército 
do antigo Império foi pôr a competência acima do número, em uma época em que 
tudo se resolvia pela maioria. Contra a idéia democrática dos judeus, de 
veneração às maiorias, o Exército manteve o princípio da confiança no valor das 
personalidades, de que os últimos tempos mais precisavam. No meio desse 
relaxamento e efeminação surgiam todos os anos 350.000 jovens sadios que, depois 
de dois anos de exercícios, perdiam a delicadeza da juventude e se tornavam 
fortes como aço. Pela maneira de andar reconhecia-se o soldado 
treinado.
     Essa foi a grande escola da nação 
alemã e, por isso, não foi sem razão que sobre o exército convergia o ódio 
inveterado daqueles cuja inveja e cobiça exigiam que o Governo ficasse sem força 
e os cidadãos sem armas.
     A forma do Governo e 
ao exército deve-se acrescentar o incomparável corpo de funcionários 
públicos.
     A Alemanha era a mais bem 
administrada e organizada nação do mundo. Poder-se-ia dizer que os empregados 
alemães eram burocratas pedantes, mas a situação não era melhor em outros 
países. Ao contrário, era pior. O que os outros países não possuíam, porém, era 
a solidez do aparelhamento e o caráter incorruptível da burocracia alemã. É 
melhor ser pedante, mas honesto e fiel, a ser ilustre e "moderno", mas de 
caráter fraco ou, como é hoje comum, ignorante e incompetente. É costume 
dizer-se que, antes da Guerra, a administração alemã era, burocraticamente, 
pura, mas sem senso prático, comercial. A essa objeção poder-se-á responder: Que 
país do mundo tinha um serviço de transportes mais bem dirigido e melhor 
organizado sob o ponto de vista comercial do que a 
Alemanha?
     O corpo de funcionários públicos 
alemães e a máquina administrativa caracterizavam-se pela sua independência em 
relação aos Governos, cujas idéias transitórias sobre a política não afetavam a 
posição dos funcionários. Depois da Revolução tudo isso foi profundamente 
modificado. As contingências partidárias substituíram a competência e a 
habilidade e, dai por diante, o fato de ter o funcionário um caráter 
independente, em vez de ser uma recomendação, passou a ser uma 
desvantagem.
     Sobre a forma de Governo, sobre o 
Exército e sobre o funcionalismo público repousavam a força e a eficiência do 
antigo império.
     Essas eram as três causas 
primordiais da virtude que hoje falta ao Governo alemão, isto é, a autoridade do 
Estado.
     Essa autoridade não se apoia em 
palavrório dos parlamento e dietas, nem em leis de proteção, nem em sentenças 
judiciais destinadas a amedrontar os covardes, mentirosos, etc., mas na 
confiança geral que a direção política e administrativa de um país pode e deve 
inspirar. Esta confiança é o resultado de uma inabalável certeza do desinteresse 
e da honestidade da política e da administração de um país e da harmonia do 
espírito das suas leis com os princípios morais do povo. Nenhum sistema de 
governo pode manter-se por muito tempo somente baseado na força, mas sim pela 
confiança pública na excelência do mesmo e pela probidade dos representantes e 
dos defensores dos interesses coletivos.
     Por 
mais que certos males ameaçassem, já antes da Guerra, carcomer e minar a força 
da nação, não se deve esquecer que outros países sofriam ainda mais da mesma 
moléstia e, nem por isso, na hora crítica do perigo, cessavam a luta e se 
arruinavam.
     Se nos lembrarmos, porém, que, 
antes da Guerra, ao lado das fraquezas alemãs já mencionadas havia também forças 
ponderáveis podemos e devemos procurar as causas da ruína do país em outros 
setores. É esse é o caso na realidade.
     A mais 
profunda causa da debácle do antigo Império está no desconhecimento do problema 
racial e da sua importância na evolução espiritual dos povos Todos os 
acontecimentos na vida das nações não são obras do acaso mas conseqüências 
naturais da necessidade imperiosa da conservação e da multiplicação da espécie e 
da raça, embora os homens nem sempre se apercebam do fundamento intimo das suas 
ações.
CAPÍTULO XI - POVO E RAÇA
     Há verdades 
de tal modo disseminadas por toda parte que chegam a escapar, por isso mesmo, à 
vista ou, pelo menos, ao conhecimento da maioria do povo. Este passa 
freqüentemente como cego diante destas verdades à vista de todo, mundo e mostra 
a máxima surpresa, quando, se repente, alguém descobre o que todos, portanto 
deveriam saber. Os ovos de Colombo andam espalhados por centenas de milhares; os 
Colombos, porém, são realmente mais difíceis de 
encontrar.
     E assim os homens erram pelo Jardim 
da Natureza, convencidos de quase tudo conhecer e saber, e, no entanto, com 
raras exceções, deixam de enxergar um dos princípios básicos de maior 
importância na sua organização a saber: o isolamento de todos os seres vivos 
desta terra dentro das suas espécies.
     Já a 
observação mais superficial nos mostra, como lei mais ou menos implacável e 
fundamental, presidindo a todas as inúmeras manifestações expressivas da vontade 
de viver na Natureza, o processo em si mesmo limitado, pelo qual esta se 
continua e se multiplica. Cada animal só se associa a um companheiro da mesma 
espécie. O abelheiro cai com o abelheiro, o tentilhão com o tentilhão, a cegonha 
com a cegonha, o rato campestre com o rato campestre, o rato caseiro com o rato 
caseiro, o lobo com a loba etc.
     Só 
circunstâncias extraordinárias conseguem alterar essa ordem, entre as quais 
figura, em primeiro lugar a coerção exercida por prisão do animal ou qualquer 
outra impossibilidade de união dentro da mesma espécie. Ai, porém, a Natureza 
começa a defender-se por todos os meios, e seu protesto mais evidente consiste, 
ou em privar futuramente os bastardos da capacidade de procriação ou em limitar 
a fecundidade dos descendentes futuros. Na maior parte dos casos, ela priva-os 
da faculdade de resistência contra moléstias ou ataques hostis. Isso é um 
fenômeno perfeitamente natural: todo cruzamento entre dois seres de situação um 
pouco desigual na escala biológica dá, como produto, um intermediário entre os 
dois pontos ocupados pelos pais. Significa isto que o filho chegará 
provavelmente a uma situação mais alta do que a de um de seus pais, o inferior, 
mas não atingirá entretanto à altura do superior em raça. Mais tarde será, por 
conseguinte, derrotado na luta com os superiores. Semelhante união está porém em 
franco desacordo com a vontade da Natureza, que, de um modo gera], visa o 
aperfeiçoamento da vida na procriação. Essa hipótese não se apoia na ligação de 
elementos superiores com inferiores mas na vitória incondicional dos primeiros. 
O papel do mais forte é dominar. Não se deve misturar com o mais fraco, 
sacrificando assim a grandeza própria. Somente um débil de nascença poderá ver 
nisso uma crueldade, o que se explica pela sua compleição fraca e limitada. 
Certo é que, se tal lei não prevalecesse, seria escusado cogitar de todo e 
qualquer aperfeiçoamento no desenvolvimento dos seres vivos em 
gera.
     Esse instinto que vigora em toda a 
Natureza, essa tendência à purificação racial, tem por conseqüência não só 
levantar uma barreira poderosa entre cada raça e o mundo exterior, como também 
uniformizar as disposições naturais. A raposa é sempre raposa, o ganso, ganso, o 
tigre, tigre etc. A diferença só poderá residir na medida variável de força, 
robustez, agilidade, resistência etc., verificada em cada um individualmente. 
Nunca se achará, porém, uma raposa manifestando a um ganso sentimentos 
humanitários da mesma maneira que não há um gato com inclinação favorável a um 
rato.
     Eis porque a luta recíproca surge aqui, 
motivada, menos por antipatia íntima, por exemplo, do que por impulsos de fome e 
amor. Em ambos os casos, a Natureza é espectadora, plácida, e satisfeita. A luta 
pelo pão quotidiano deixa sucumbir tudo que é fraco, doente e menos resoluto, 
enquanto a luta do macho pela fêmea só ao mais sadio confere o direito ou pelo 
menos a possibilidade de procriar. Sempre, porém, aparece a luta como um meio de 
estimular a saúde e a força de resistência na espécie, e, por isso mesmo, um 
incentivo ao seu aperfeiçoamento.
     Se o processo 
fosse outro, cessaria todo progresso na continuação e na elevação da espécie, 
sobrevindo mais facilmente o contrário. Dado o fato de que o elemento de menor 
valor sobrepuja sempre o melhor na quantidade, mesmo que ambos possuam igual 
capacidade de conservar e reproduzir a vida, o elemento pior muito ,mais 
depressa se multiplicaria, ao ponto de forçar o melhor a passar para um plano 
secundário. Impõe-se, por conseguinte, uma correção em favor do 
melhor.
     Mas a Natureza disso se encarrega, 
sujeitando o mais fraco a condições de vida difíceis, que, só por isso, o número 
desses elementos se torna reduzido. Não consentindo que os demais se entreguem, 
sem seleção prévia, a reprodução, ela procede aqui a uma nova e imparcial 
escolha, baseada no princípio da força e da 
saúde.
     Se, por um lado, ela pouco deseja a 
associação individual dos mais fracos com os mais fortes, ainda menos a fusão de 
uma raça superior com uma inferior. Isso se traduziria em um golpe quase mortal 
dirigido contra todo o seu trabalho ulterior de aperfeiçoamento, executado 
talvez através de centenas de 
milênios.
     Inúmeras provas disso nos fornece a 
experiência histórica. Com assombrosa clareza ela demonstra, que, em toda 
mistura de sangue entre o ariano e povos inferiores, o resultado foi sempre a 
extinção do elemento civilizador. A América do Norte, cuja população,, 
decididamente, na sua maior parte, se compõe de elementos germânicos, que só 
muito pouco se misturaram com povos inferiores e de cor, apresenta outra 
humanidade e cultura do que a América Central e do Sul, onde os imigrantes, 
quase todos latinos, se fundiram, em grande número, com os habitantes indígenas. 
Bastaria esse exemplo para fazer reconhecer clara e distintamente, o efeito da 
fusão de raças. O germano do continente americano elevou-se até a dominação 
deste, por se ter conservado mais puro e sem mistura; ali continuará a imperar, 
enquanto não se deixar vitimar pelo pecado da mistura do 
sangue.
     Em poucas palavras, o resultado do 
cruzamento de raças é, portanto, sempre o 
seguinte:
     A) Rebaixamento do n. 1 da raça mais 
forte;
     B) Regresso físico e intelectual e, com 
isso, o começo de uma enfermidade, que progride devagar, mas seguramente. 
Provocar semelhante coisa não passa então de um atentado à vontade do Criador, o 
castigo também corresponde ao pecado. Procurando rebelar-se contra a lógica 
férrea da Natureza, o homem entra em conflito com os princípios fundamentais, 
aos quais ele mesmo deve exclusivamente a sua existência no seio da humanidade - 
Desse modo, esse procedimento de encontro às leis da Natureza só pode conduzir à 
sua própria perda. É oportuno repetir a afirmação do pacifista moderno, tão tola 
quanto genuinamente judaica, na sua petulância: "O homem vence a própria 
Natureza!"
     Milhões de indivíduos repetem 
mecanicamente esse absurdo judaico e Imaginam, por fim, que são, de fato, uma 
espécie de domadores da Natureza. A única arma de que dispõem para firmar tal 
pensamento é uma idéia tão miserável, na sua essência, que mal se pode 
concebê-la.
     Somente, pondo de parte que o homem 
ainda não superou em coisa alguma a Natureza, não tendo passado de tentativas o 
levantar, pelo menos, uma ou outra pontinha do gigantesco véu, sob o qual ela 
encobre os eternos enigmas e segredos, que ele, de fato, nada inventa, somente 
descobre o que existe, que ele não domina a Natureza, só tendo ascendido ao grau 
de senhor entre os demais seres vivos, pela ignorância destes e pelo seu próprio 
conhecimento de algumas leis e de alguns segredos da Natureza, pondo de parte 
tudo isso, uma idéia não pode dominar as hipóteses sobre a origem e o destino da 
Humanidade, visto a idéia mesma só depender do 
homem.
     Sem o homem não pode haver idéia humana 
no mundo, porquanto a idéia como tal é sempre condicionada pela existência dos 
homens e, por isso mesmo, por todas as leis, que regulam a sua vida. E, não fica 
nisso! Idéias definidas acham-se ligadas a determinados indivíduos. Verifica-se 
isso, em primeiro lugar, no caso de pensamentos cujo conteúdo não deriva de uma 
verdade exata, cientifica, porém do mundo sentimental, reproduzindo, como se 
costuma tão claramente definir, hoje em dia, um fato vivido interiormente. Todas 
essa idéias que em si nada têm que ver com a lógica fria, representando, pelo 
contrário, manifestações sentimentais, representações éticas, etc., prendem-se à 
vida do homem devido a sua própria existência à força imaginativa criadora do 
espírito humano.
     Aí justamente é que se impõe a 
conservação dessas determinadas raças e criaturas como condição primordial para 
a durabilidade dessas idéias. Quem, por exemplo, quisesse realmente, de coração, 
desejar a vitória do pensamento pacifista, teria que se empenhar, por todos os 
meios, para que os alemães tomassem posse do Mundo; pois, se porventura 
acontecesse o contrário, muito facilmente, com o último alemão, extinguir-se-ia 
também o último pacifista, visto o resto do mundo dificilmente já ter sido 
logrado por um absurdo tão avesso à natureza e à razão, quanto o foi o nosso 
próprio povo.
     Seria pois necessário, de bom ou 
de mau grado, nos decidirmos com toda a seriedade a fazer a Guerra a fim de 
chegarmos ao pacifismo. Foi isso e nada mais a intenção de Wilson, o redentor 
universal. Assim pensavam pelo menos os nossos visionários alemães que, por esse 
meio, chegaram a seus fins. Talvez o conceito pacifista humanitário chegue a ser 
de fato aceitável, quando o homem que for superior a todos, tiver previamente 
conquistado e subjugado o mundo, ao ponto de tornar-se o senhor exclusivo desta 
terra. A tal idéia torna-se impossível produzir conseqüências nocivas, desde que 
a sua aplicação na realidade se torna cada vez mais difícil, e por fim, 
impraticável. Portanto, primeiro, a luta, depois talvez o pacifismo. No caso 
contrário, a humanidade teria passado o ponto culminante do seu desenvolvimento 
resultando, por fim, não o império de qualquer idéia moral, mas sim barbaria e 
confusão. Naturalmente um ou outro poderá rir dessa afirmação. É preciso que 
ninguém se esqueça, porém, de que este planeta já percorreu o éter milhões de 
anos sem ser habitado e poderá, um dia, empreender o mesmo percurso da mesma 
maneira, se os homens esquecerem que não devem sua existência superior às 
teorias de uns poucos ideólogos malucos, mas ao reconhecimento e à aplicação 
incondicional de leis imutáveis da 
Natureza.
     Tudo que hoje admiramos nesta terra, 
- ciência e arte, técnica e invenções - é o produto criador somente de poucos 
povos e talvez, na sua origem, de uma única raça. Deles também depende a 
estabilidade de toda esta cultura. Com a destruição desses povos baixará 
igualmente ao túmulo toda a beleza desta terra. Por mais poderosa que Possa ser 
a Influência do solo sobre os homens, seus efeitos sempre hão de variar segundo 
as raças. A falta de fertilidade de um país pode estimular uma raça a alcançar 
nas suas atividades um rendimento máximo; outra raça só encontrará no mesmo fato 
motivo para cair na maior miséria, acompanhada de alimentação insuficiente e 
todas as suas conseqüências. As qualidades intrínsecas dos povos são sempre o 
que determina a maneira pela qual se exercem as influências externas. A mesma 
causa, que a uns leva a passar fome, provoca em outros o estimulo para trabalhar 
com mais afinco.
     A razão pela qual todas as 
grandes culturas do passado pereceram, foi a extinção, por envenenamento de 
sangue, da primitiva raça criadora. A última causa de semelhante decadência foi 
sempre o fato de o homem ter esquecido que toda cultura dele depende e não 
vice-versa; que para conservar uma cultura definida o homem, que a constrói, 
também precisa ser conservado. Semelhante conservação, porém, se prende à lei 
férrea da necessidade e do- direito de vitória do melhor e do mais 
forte.
     Quem desejar viver, prepara-se para o 
combate, e quem não estiver disposto a isso, neste mundo de lutas eternas, não 
merece a vida.
     Por mais doloroso que isso seja, 
é preciso confessá-lo. A sorte mais dura é, sem dúvida alguma, a do homem que 
julga poder vencer a Natureza e na realidade a Natureza do mesmo escarnece. A 
réplica da Natureza se resume então em privações, infelicidades e 
moléstias!
     O homem que desconhece e menospreza 
as leis raciais, em verdade, perde, desgraçadamente a ventura que lhe parece 
reservada, Impede a marcha triunfal da melhor das raças, com isso estreitando 
também a condição primordial de todo progresso humano. No decorrer dos tempos, 
vai caminhando para o reino do animal indefeso, embora portador de sentimentos 
humanos.
     É uma tentativa ociosa querer discutir 
qual a raça ou quais as raças que foram os depositários da cultura humana e os 
verdadeiros fundadores de tudo aquilo que compreendemos sob o termo 
"Humanidade". - Mais simples é aplicar essa pergunta ao presente, e, aqui 
também, a resposta é fácil e clara. O que hoje se apresenta a nós em matéria de 
cultura humana, de resultados colhidos no terreno .da arte, da ciência e da 
técnica, é quase que exclusivamente produto da criação do Ariano. É sobre tal 
fato, porém, que devemos apoiar a Conclusão de ter sido ele o fundador exclusivo 
de uma humanidade superior, representando assim "o tipo primitivo daquilo que 
entendemos por "homem". É ele o Prometeu da humanidade, e da sua fronte é que 
jorrou, em todas as épocas, a centelha do Gênio, acendendo sempre de novo aquele 
fogo do conhecimento que iluminou a noite dos tácitos mistérios, fazendo 
ascender o homem a uma situação de superioridade sobre os outros seres 
terrestres, Exclua-se ele, e, talvez depois de poucos milênios, descerão mais 
uma vez as trevas sobre a terra; a civilização humana chegará a seu termo e o 
mundo se tornará um deserto!
     Se a humanidade se 
pudesse dividir em três categorias: fundadores, depositários e destruidores de 
Cultura, só o Ariano deveria ser visto como representante da primeira classe. 
Dele provêm os alicerces e os muros de todas as criações humanas, e os traços 
característicos de cada povo em particular são condicionados por propriedades 
exteriores, como sejam a forma e o colorido, É ele quem fornece o formidável 
material de construção e os projetos para todo progresso humano. Só a execução 
da obra é que varia de acordo com as condições peculiares das outras raças. 
Dentro de poucas dezenas de anos, por exemplo, todo o leste de Ásia possuirá uma 
cultura, cujo último fundamento será tão impregnado de espírito helênico e 
técnica germânica quanto o é a nossa. A forma exterior é que, pelo menos 
parcialmente, acusará traços de caráter asiático. Muitos julgam erroneamente que 
o Japão assimilou a técnica da Europa na sua civilização. Não é o caso. A 
ciência e a técnica européias recebem apenas um verniz japonês. A base da vida 
real não é mais a cultura específica do Japão, embora seja ela quem dê "a cor 
local" à vida do país, o que impressiona mais à observação do Europeu, 
justamente devido aos aspectos externos originais. Aquela base se encontra, 
porém, na formidável produção científica e técnica da Europa e da América e, 
portanto, de povos arianos. Só se baseando nessas produções é que o Oriente 
poderá seguir o progresso geral da Humanidade. Só elas é que descortinam o campo 
para a luta pelo pão quotidiano, criando, para isso, armas e utensílios; ao 
espírito japonês só se vai adaptando gradualmente o aspecto exterior de tudo 
isso.
     Se a partir de hoje, cessasse toda a 
influência ariana sobre o Japão - imaginando-se a hipótese de que a Europa e a 
América atingissem uma decadência total - a ascensão atual do Japão no terreno 
técnico-científico ainda poderia perdurar algum tempo. Dentro de poucos anos, 
porém, a fonte secaria, sobreviveria a preponderância do caráter japonês, e a 
cultura atual morreria, regressando ao sono profundo, do qual, há setenta anos, 
fora despertada bruscamente pela onda da civilização ariana. Eis porque, em 
tempos remotos, também foi a influência, do espírito estrangeiro que despertou a 
cultura japonesa. Hoje também o progresso do país é inteiramente devido à 
influência ariana. A melhor prova desse fato é a fossilização e a rigidez, que, 
mais tarde, se foram verificando em tal cultura, fenômeno este que um povo só 
pode assinalar, quando a primitiva semente criadora se perdeu em uma raça, ou 
quando velo a faltar a influência externa que dera o impulso e o material 
necessários ao primeiro desenvolvimento cultural. Pode-se denominar uma tal raça 
depositária, nunca, porém, criadora de cultura. Está provado, que quando a 
cultura de um povo, na sua essência, foi recebida, absorvida e assimilada de 
raças estrangeiras, uma vez retirada a influência exterior, ela cai de novo no 
mesmo torpor.
     Um exame dos diferentes povos, 
sob tal ponto de vista, confirma o fato de que, nas origens, quase não se trata 
de povos construtores, mas, sempre pelo contrário, de depositários de uma 
civilização.
     Sempre resulta. mais ou menos, o 
seguinte quadro de sua evolução:
     Tribos arianas 
- muitas vezes em número ridiculamente reduzido - subjugam povos estrangeiros, 
desenvolvendo, então, animadas por condições especiais da nova região 
(fertilidade, clima etc.), favorecidas pelo número avultado de auxiliares da 
raça inferior, suas latentes capacidades intelectuais e organizadoras. Elas 
criam, freqüentemente, em poucos milênios e até em períodos de séculos, 
civilizações, que, de começo, revelam integralmente os traços íntimos da sua 
individualidade adaptados às propriedades específicas do solo como dos homens 
por elas subjugados. Por fim acontece, porém, que os conquistadores pecam contra 
o princípio - observado no começo - da pureza conservadora do sangue,- dão para 
misturar-se com os habitantes subjugados, e põem termo com isso à sua própria 
existência. A queda pelo pecado, no Paraíso, teve apenas como conseqüência a 
expulsão Depois de um milênio ou mais, transparece freqüentemente o último 
vestígio visível do antigo povo dominador, na coloração mais clara da pele, 
deixada pelo seu sangue à raça vencida e também em uma civilização entorpecida, 
criada por ele primitivamente para ser a geradora das 
outras.
     Da mesma maneira que o verdadeiro 
conquistador espiritual se perdeu no sangue dos vencidos, perdeu-se também o 
combustível para a tocha do progresso da civilização humana! Tal qual a cor da 
pele, devido ao sangue do antigo senhor, ainda guardou como recordação um 
ligeiro brilho, a noite da vida espiritual igualmente se acha suavemente 
iluminada pelas criações dos primitivos mensageiros de luz. Através de toda a 
barbárie recomeçada, elas continuam a brilhar despertando demais no espectador 
distraído a suposição de ver o quadro de um povo atual, enquanto ele se mira 
apenas no espelho do passado.
     Pode então 
acontecer, que, no decorrer da sua história, um povo entre em contato duas vezes 
e mesmo até mais com a raça de seus antigos civilizadores, sem que seja preciso 
existir ainda uma reminiscência de prévios encontros. O resto do antigo sangue 
dominador se encaminhará inconscientemente para o novo tipo e a vontade própria 
conseguirá então o que, a princípio, só era possível por coação. Verifica-se uma 
nova onda civilizadora que se mantém, até que os seus expoentes desapareçam por 
sua vez no sangue de povos estrangeiros. Futuramente caberá como tarefa a uma 
História Universal e Cultural fazer pesquisas nesse sentido e não se deixar 
sufocar na enumeração de fatos puramente exteriores, como se dá, infelizmente, 
as mais das vezes, com a ciência histórica da 
atualidade.
     Já deste esboço sobre o 
desenvolvimento de nações depositárias de uma civilização, resulta também o 
quadro da formação da atividade e do desaparecimento dos próprios arianos, os 
verdadeiros fundadores culturais desta terra. Como na vida corrente, o chamado 
"Gênio" necessita de um pretexto, multas vezes até literalmente, de um empurrão, 
para chegar ao ponto de brilhar, assim também acontece na vida dos povos, com a 
raça genial. Na monotonia da vida quotidiana, indivíduos de valor costumam 
freqüentemente parecer insignificantes, elevando-se apenas acima da média comum 
dos que o cercam; entretanto, assim que sobrevem alguma situação, que a outros 
faria desesperar ou enlouquecer, ergue-se de dentro da criatura média e apagada 
a natureza genial, deixando facilmente estupefatos aqueles que a viam dantes, no 
quadro estreito da vida burguesa - o que explica talvez o fato do "profeta 
raramente valer qualquer coisa em sua terra". Nada melhor do que a Guerra nos 
oferece oportunidade para fazer tal observação, Em horas de angústia, surgem 
subitamente, de crianças aparentemente inofensivas, heróis dotados de resoluta 
coragem, perante a morte e de grande frieza de reflexão. Não fosse tal momento 
de provação, ninguém teria pressentido o herói no rapaz ainda imberbe. Quase 
sempre é preciso algum solavanco para provocar o gênio. A martelada do destino, 
que a uns derriba logo, já em outros encontra resistência de aço, e, destruindo 
o invólucro da vida quotidiana, descobre o âmago até então oculto aos olhos do 
universo atônito. Este se defende e recusa crer, que exemplares de aparência tão 
semelhante possam tão repentinamente mudar de individualidade, processo esse, 
que se deve repetir com toda criatura 
excepcional.
     Apesar de um inventor, por 
exemplo, só consolidar a sua fama no dia em que a invenção está terminada, seria 
errôneo pensar que a genialidade em si não se contivesse no homem antes desse 
momento. A centelha do gênio já faísca, desde a hora do nascimento, na cabeça do 
homem verdadeiramente dotado de talento criador, Genialidade verdadeiramente é 
sempre inata, nunca fruto de educação ou 
estudos.
     Como já acentuamos previamente, o 
mesmo fenômeno, observado no indivíduo, se produz também na raça, Ainda que 
espectadores superficiais queiram desconhecer esse fato, certo é que os povos 
que produzem muito são dotados de talento criador desde a sua origem mais 
remota. Aqui também a aceitação exterior só se manifesta depois de obras 
executadas, o resto do mundo sendo incapaz de reconhecer a genialidade em si, 
aplaudindo apenas suas manifestações concretas, como sejam: invenções, 
descobertas, construções, pinturas, etc. Mesmo depois disso, ainda passa às 
vezes muito tempo, até chegar a ser reconhecida. Na vida do indivíduo 
predestinado, a disposição genial ou pelo menos extraordinária, só incentivaria 
por motivos especiais, marcha para a sua realização prática; na vida dos povos 
também só determinadas hipóteses poderão levar à completa utilização de forças e 
capacidades criadoras.
     É nos Arianos - raça que 
foi e é o expoente do desenvolvimento cultural da Humanidade - que se verifica 
tudo isso com a maior clareza. Assim que o destino os lança em situações 
especiais, as faculdades que possuem começam a se desenvolver e a se tornar 
manifestas. As civilizações por eles fundadas em semelhantes casos, quase sempre 
são definitivamente fixadas pelo solo e clima e pelos homens vencidos, sendo 
este último fator quase que o mais decisivo. Quanto mais primitivos os recursos 
técnicos para um trabalho cultural, mais necessário o auxílio de forças humanas, 
que, conjugadas e bem aplicadas, terão que substituir a energia da máquina. Sem 
tal possibilidade de empregar gente inferior, o ariano nunca teria podido dar os 
primeiros passos para sua civilização, do mesmo modo que, sem a ajuda de animais 
apropriados, pouco a pouco domados por ele, nunca teria alcançado uma técnica, 
graças à qual vai podendo dispensar os animais. O ditado: "o negro fez a sua 
obrigação, pode se retirar", possui infelizmente uma significação profunda. 
Durante milênios, o cavalo teve que servir e ajudar o homem em certos trabalhos 
nos quais agora o motor suplantou, o que dispensou perfeitamente o cavalo, Daqui 
a poucos anos, este terá cessado toda a sua atividade. No entanto, sem a sua 
cooperação inicial, o homem só dificilmente teria chegado ao ponto em que hoje 
se acha.
     Eis como a existência de povos 
inferiores tornou-se condição primordial na formação de civilizações superiores, 
nas quais só esses entes poderiam suprir a falta de recursos técnicos, sem os 
quais nem se pode imaginar um progresso mais elevado. A cultura básica da 
humanidade se apoiou menos no animal domesticado do que na utilização de 
indivíduos inferiores.
     Só depois da 
escravização de raças inferiores ê que a mesma sorte tiveram os animais, e não 
"vice-versa", como alguém poderia pensar. É certo que foi primeiro o vencido, e 
só, depois dele o cavalo, que puxou o arado. Só os bobos pacifistas é que podem 
enxergar nisso um indício de maldição humana, sem perceber direito que tal era a 
marcha a seguir, para, finalmente, chegar-se ao ponto de onde esses apóstolos 
têm pregado ao mundo o seu charlatanismo.
     O 
progresso humano se assemelha a uma ascensão em uma escada sem fim; não se chega 
de forma alguma encima, sem se ter servido dos degraus inferiores. Foi assim que 
o ariano teve que trilhar o caminho traçado pela realidade e não aquele com o 
qual sonha a fantasia de um pacifista moderno. O caminho da realidade é duro e 
espinhoso, mas só ele conduz à finalidade com que os pacifistas sonham 
afastando, porém, cada vez mais a humanidade do ideal sonhado. Não é, portanto, 
por mero acaso, que as primeiras civilizações tenham nascido ali, onde o ariano, 
encontrando povos inferiores, subjugou os à sua vontade; foram eles os primeiros 
instrumentos a serviço de uma cultura em 
formação.
     Com isso ficou porém, claramente 
delineado o trajeto que o ariano teria de percorrer. Com a sua autoridade de 
conquistador, submeteu ele os homens inferiores, regulando, em seguida, sob o 
seu comando, a atividade prática dessas criaturas, conforme a sua vontade e 
visando seus próprios fins. Enquanto assim conduzia os vencidos para um trabalho 
útil, embora duro, o ariano poupava, não só as suas vidas, como lhes 
proporcionava talvez uma sorte melhor do que dantes, quando gozavam a chamada 
"liberdade". Todo o tempo em que ele soube manter, sem vacilações, o seu lugar 
de senhor e mestre, conservou-se, não somente o senhor absoluto, como o 
conservador e pioneiro da civilização, visto esta depender exclusivamente da 
capacidade dos conquistadores e da sua própria conservação. No momento em que os 
próprios vencidos começaram a se elevar sob o ponto de vista cultural, 
aproximando-se também dos conquistadores pelo idioma, ruiu a rigorosa barreira 
entre o senhor e o servo. O ariano sacrificou a pureza do sangue, perdendo assim 
o lugar no Paraíso, que ele mesmo tinha preparado. Sucumbiu, com a mistura 
racial; perdeu, aos poucos, cada vez mais, sua capacidade civilizadora, até que 
começou a se assemelhar mais aos indígenas subjugado do que a seus antepassados, 
e isso, não só intelectual como fisicamente. Algum tempo ainda, pôde fruir dos 
bens já existentes da civilização, mas, depois, sobreveio a paralisação do 
progresso e o homem se esqueceu de si próprio. É desse modo que vemos a ruína de 
civilizações e remos, que cedem o lugar a outras 
formações.
     As causas exclusivas da decadência 
de antigas civilizações são: a mistura de sangue e o rebaixamento do nível da 
raça, que aquele fenômeno acarreta. Está provado que não são guerras perdidas 
que exterminam os homens e sim a perda daquela resistência, que só o sangue puro 
oferece.
     Todo o que, no Mundo, não é raça boa é 
joio.
     Todo acontecimento na História Universal 
não passa de uma manifestação externa do instinto de conservação das raças, no 
bom ou no mau sentido. A questão das causas íntimas que determinam a importância 
preponderante do arianismo pode ser explicada menos por uma força mais poderosa 
do instinto de conservação, propriamente, do que pelo modo especial por que este 
se manifesta. A vontade de viver, falando do ponto de vista subjetivo, tem, por 
toda parte, a mesma intensidade e só difere pela forma que ela adota na vida 
real. Nos seres mais primitivos, o instinto de conservação não vai além da 
preocupação com o próprio "eu". O egoísmo - definição que damos a tal tendência 
- nesses animais chega a limitar-se às preocupações do momento, que absorvem 
tudo, nada reservando para as horas futuras. Nesse estado, o animal vive 
exclusivamente para si, procura o alimento só para matar a fome no instante e só 
luta pela própria vida.. Enquanto, porém, o instinto de conservação se manifesta 
apenas desta maneira, falta lhe completamente a base para a formação de uma 
comunidade, mesmo sob a forma mais primitiva da família. Já a comunhão entre o 
macho e a fêmea exige uma extensão do instinto de conservação, pelo cuidado e a 
luta que, além do próprio "eu", inclui também a outra metade. O macho, às vezes, 
também procura alimento para a fêmea; o mais freqüente é eles ambos 
procurarem-no para os filhos. Um protege o outro, de modo que aqui se verificam 
as primeiras formas, embora infinitamente elementares, de um espírito de 
sacrifício. No momento em que este espírito de sacrifício ultrapassa o quadro 
estreito da família, estabelecem-se as condições para a fundação de maiores 
agremiações e, enfim, de verdadeiros 
Estados.
     Os povos mais atrasados da terra têm 
essa qualidade muito apagada, de modo que, muitas vezes, não chegam além da 
formação da família. Quanto mais aumenta a disposição a sacrificar interesses 
puramente pessoais, tanto mais se desenvolve a capacidade para erigir 
comunidades mais importantes.
     É o ariano que 
apresenta, do modo mais expressivo, essa disposição para o sacrifício do 
trabalho pessoal, e, sendo necessário, até da sua própria vida, que arrisca em 
favor dos outros. Por si mesmo, o ariano não se caracteriza por ser um homem 
mais bem dotado intelectualmente, mas, sim, pela sua disposição em- pôr todas as 
suas faculdades ao serviço da comunidade. Nele, o instinto de conservação 
alcançou a forma mais nobre, submetendo o próprio "eu", espontaneamente, à vida 
da coletividade, sacrificando-o até inteiramente, se o momento 
exigir.
     A razão da faculdade civilizadora e 
construtora do ariano não reside nos dotes intelectuais. Se ele nada possuísse 
fora disso, só poderia agir como destruidor, nunca, porém, como organizador, 
pois a significação intrínseca de toda organização repousa sobre o princípio do 
sacrifício, que cada indivíduo faz de sua opinião e de seus interesses pessoais 
em proveito de uma pluralidade de criaturas. Só depois de trabalhar pelos 
outros, recebe ele novamente a parte que lhe toca. Não trabalha mais, 
diretamente para si, mas incorpora-se, com o seu trabalho, no quadro geral da 
coletividade, visando, não o seu proveito mas sim o bem de todos. A ilustração 
mais admirável de semelhante disposição encontra-se na palavra "trabalho" que 
para ele não representa absolutamente uma atividade visando somente a manutenção 
da vida, mas uma criação que não vai de encontro aos interesses da generalidade. 
Em caso contrário, quando as ações humanas só atendem ao instinto de 
conservação, sem levar em conta o bem do resto do mundo, o ariano as chama:. 
furto, usura, roubo, assalto, etc.
     Tal 
disposição, que faz ceder o interesses do próprio "eu" à conservação da 
comunidade, é realmente a condição indispensável para a existência de toda 
civilização humana. Só ela pode criar as grandes obras da humanidade, que ao 
fundador pouca recompensa trazem, as maiores bênçãos porém às gerações futuras. 
Só esse sentimento é que explica como é que tantos indivíduos podem suportar 
honestamente uma existência miserável, que só lhes impõe pobreza e humildade, 
mas firma para a coletividade as bases da existência. Cada operário, cada 
camponês, cada inventor, cada funcionário, etc., que vai trabalhando, sem chegar 
nem uma vez à felicidade ou ao bem-estar, é um expoente desse elevado ideal, 
mesmo que nunca venha a penetrar o sentido profundo de seu 
proceder.
     O que é verdade, no que diz respeito 
ao trabalho como base de nutrição e de todo progresso humano, aplica-se ainda, 
muito mais, em se tratando de preservar o homem e a sua cultura. A coroação de 
todo espírito de abnegação reside no sacrifício da própria vida individual em 
prol da existência coletiva. Só assim se pode impedir que mãos criminosas ou a 
própria Natureza destruam aquilo que foi obra de mãos 
humanas.
     Nossa língua possui justamente um 
termo que define esplendidamente o modo de agir nesse sentido; é o "cumprimento 
do dever" Significa isso não se contentar o indivíduo somente consigo, mas em 
procurar servir à coletividade.
     A disposição 
fundamental de que emana um tal modo de proceder, é chamada por nós Idealismo, 
em oposição ao Egoísmo. Entendemos por essa palavra a faculdade de sacrifício do 
indivíduo pelo conjunto de seus semelhantes.
     É 
necessário proclamar repetidamente que o idealismo não significa apenas uma 
supérflua manifestação sentimental, era e será sempre, em verdade, a condição 
primordial para o que denominamos "civilização"- Foi esse idealismo o criador do 
conceito "homem"! É a essa tendência interior que o ariano deve sua posição no 
Mundo, esse a ela também deve a existência do homem superior. O idealismo foi 
que, do espírito puro, plasmou a força criadora, cuja obra - os monumentos 
culturais - brotou de um consórcio singular entre a violência bruta e a 
inteligência genial.
     Sem as tendências do 
idealismo, mesmo as faculdades mais brilhantes não passariam de uma abstração, 
pura aparência exterior, sem valor intrínseco, nunca podendo resultar em força 
criadora.
     Como, entretanto, o idealismo genuíno 
não é mais nem menos do que a subordinação dos interesses e da vida do indivíduo 
à coletividade, isso também, por sua vez, estabelece as condições para novas 
organizações de toda espécie. Esse sentimento, no seu íntimo, corresponde à 
vontade mais imperiosa da Natureza. Só ele é que conduz os homens a reconhecerem 
espontaneamente o privilégio da força e do vigor, fazendo deles uma poeirinha 
insignificante naquela organização que forma e constitui o Universo. O idealismo 
mais puro reveste-se inconscientemente do mais profundo 
conhecimento.
     O quanto isso é verdadeiro, o 
quanto é inexistente a relação entre o idealismo real e as fantasmagorias de 
brinquedo, ressalta, à primeira vista, do juízo de uma criança pura, de um 
menino são, por exemplo. O mesmo jovem que escuta, sem interesses e com 
repugnância, as tiradas intermináveis de um pacifista "idealista", prontifica-se 
a dar imediatamente sua vida pelo ideal de seu 
nacionalismo.
     Inconscientemente obedece aí ao 
instinto, que reconhece a necessidade recôndita da conservação da espécie, à 
custa do indivíduo. Se preciso for, lançará um protesto contra as fantasias do 
discursador pacifista, que, em realidade, no seu pape) de egoísta mascarado, 
porém covarde, peca diretamente contra as leis da evolução. Esta é condicionada 
pela disposição ao sacrifício do indivíduo em prol da espécie, e não por visões 
mórbidas de sabichões covardes e críticos da 
Natureza.
     É justamente nas épocas em que o 
sentimento idealista parece querer desaparecer, que podemos também imediatamente 
verificar uma queda daquela força formadora de coletividade e, por si mesma, 
criadora de possibilidades culturais. Logo que o egoísmo principia a governar um 
povo, afrouxam-se os vínculos da ordem e, na caça atrás da felicidade, é que os 
homens se precipitam do céu para dentro do 
inferno.
     Sim, até o posteridade esquece aqueles 
que só serviram a seus interesses pessoais e exalta os heróis que renunciaram à 
sua própria ventura.
     O judeu é que apresenta o 
maior contraste com o ariano. Nenhum outro povo do mundo possui um instinto de 
conservação mais poderoso do que o chamado "Povo Eleito". Já o simples fato da 
existência desta raça poderia servir de prova cabal para essa verdade. Que povo, 
nos últimos dois milênios, sofreu menos alterações na sua disposição intrínseca, 
no seu caráter, etc., do que o povo judeu? Que povo, enfim, sofreu maiores 
transtornos do que este, saindo, porém, sempre o mesmo, no meio das mais 
violentas catástrofes da humanidade? Que vontade de viver, de uma resistência 
infinita para a conservação da espécie, fala através desses 
fatos!
     As qualidades intelectuais do judeu 
formaram-se no decorrer de milênios, Ele passa hoje por "inteligente" e o foi 
sempre até um certo ponto. Somente, sua compreensão não é o produto de evolução 
própria, mas de pura imitação. O espírito humano não consegue galgar alturas, 
sem passar por degraus; para cada passo ascendente, necessita ele do fundamento 
do passado, naquele sentido lato que só na cultura geral pode transparecer. 
Apenas uma pequena parte do pensamento universal repousa sobre o conhecimento 
próprio; a maior parte é devido às experiências de épocas precedentes. O nível 
geral de cultura mune o indivíduo sem que disso ele se aperceba, de uma tal 
riqueza de conhecimentos preliminares, que, assim preparado, ele, mais 
facilmente, seguirá o seu caminho. O menino de hoje, por exemplo, cresce, 
cercado por uma infinidade de inventos técnicos dos últimos séculos, de tal 
modo, que muitas coisas - um enigma, há cem anos, para os espíritos mais 
adiantados - lhe passam despercebidas, embora a observação e a compreensão dos 
nossos progressos no dito terreno sejam para ele de uma importância decisiva. Se 
mesmo um cérebro genial da segunda década do século passado saísse hoje do seu 
túmulo, encontraria maior dificuldade em se orientar no tempo atual, do que, 
hoje, um rapazinho de quinze anos, de Inteligência mediana. Ao ressuscitado 
faltaria toda a formação prévia, interminável, quase inconscientemente absorvida 
pelo nosso contemporâneo durante seu período de crescimento, no meio das 
manifestações da civilização geral. Como então o judeu - por motivos que 
ressaltam à primeira vista - nunca possuiu uma cultura própria, as bases do seu 
trabalho espiritual sempre foram ditadas por outros. Em todos os tempos, seu 
intelecto desenvolveu-se por influências do mundo civilizado que o 
cerca.
     Nunca se operou um processo 
inverso.
     Mesmo que o instinto de conservação do 
povo judeu não fosse mais fraco e sim mais forte do que o de outros povos, 
quando mesmo sua capacidade intelectual pudesse dar a impressão de poder ele 
concorrer sem desigualdade com as demais raças, faltar-lhe-ia, no entanto, 
inteiramente, a condição "sine qua non" para um povo expoente de cultura - a 
mentalidade idealista.
     No povo judeu, a vontade 
de sacrificar-se não vai- além do puro instinto de conservação do indivíduo. O 
sentimento de solidariedade acha seu fundamento em um instinto gregário muito 
primitivo, que se manifesta em muitos outros seres nesse mundo. Notável é nisso 
tudo o fato dê que o instinto gregário só conduz ao apoio mútuo, ali onde um 
perigo comum torna apropriado ou Inevitável tal auxílio. O mesmo bando de lobos 
que, era determinado momento, assalta em comum a sua presa, se dispersa de novo, 
assim que acaba de matar a fome. O mesmo fazem os cavalos, que, juntos, procuram 
defender-se de um ataque, para dispersarem-se, para todos os lados, uma vez o 
perigo passado.
     Análogo é o caso do judeu. Seu 
espirito de sacrifício é só aparente, só perdura, enquanto a existência de cada 
um o exige peremptoriamente. Entretanto uma vez vencido o inimigo comum e 
afastado o perigo, que a todos ameaçava, os espólios em segurança, cessa a 
aparente harmonia dos judeus entre si, para deixar novamente transparecerem as 
tendências primitivas. O judeu só conhece a união, quando ameaçado por um perigo 
geral ou tentado por uma filhagem em comum; desaparecendo ambos estes motivos, 
os sinais característicos do egoísmo mais cru surgem em primeiro plano, e o 
povo, ora unido, de um instante l>ara outro transforma-se em uma chusma de 
ratazanas ferozes.
     Se os judeus fossem os 
habitantes exclusivos do Mundo não só morreriam sufocados em sujeira e porcaria 
como tentariam vencer-se e exterminar-se mutuamente, contanto que a indiscutível 
falta de espírito de sacrifício, expresso na sua covardia, fizesse, aqui também, 
da luta uma comédia. É pois uma idéia fundamentalmente errônea, querer enxergar 
um certo espírito idealista de sacrifício na solidariedade do judeu na luta ou, 
mais claramente, na exploração de seus semelhantes, Aqui igualmente o judeu não 
é movido por outra coisa senão pelo egoísmo individual nu e cru. Por isso mesmo, 
o Estado judaico - que deve ser o organismo vivo para a conservação e 
multiplicação da raça - não possui nenhum limite territorial. Uma formação 
estatal compreendida dentro de um determinado espaço, pressupõe sempre uma 
disposição idealista na raça, que ocupa esse Estado, antes de tudo, porém, uma 
compreensão exata da noção de "trabalho". A falta de tal convicção acarreta o 
desânimo, não só para construir, como até para conservar um Estado com limites 
marcados. Com isso desaparece o fundamento único da origem de uma 
civilização.
     Por isso também é que o povo 
judeu, apesar de suas aparentes aptidões intelectuais, permanece sem nenhuma 
cultura verdadeira e, sobretudo, sem cultura própria. O que ele hoje apresenta, 
como pseudo-civilização, é o patrimônio de outros povos, já corrompidos nas suas 
mãos.
     Para se julgar o judaísmo em face da 
civilização humana, é preciso salientar o traço característico mais inerente à 
sua natureza, a saber: que nunca houve uma arte Judaica, como hoje ainda não há, 
e que as duas rainhas entre as artes - a arquitetura e a música - nada de 
espontâneo lhe devem, o que tem feito no terreno artístico é ou fanfarronice 
verbal ou plágio espiritual. Além disso, faltam ao judeu aquelas qualidades que 
distinguem as raças privilegiadas no ponto de vista criador e 
cultural.
     A que ponto o judeu aceita por 
imitação a civilização estranha, até deformando-a, está provado pelo fato de ser 
a arte dramática a que mais o atrai, sendo, como, a que menos depende de 
invenção pessoal. Mesmo nessa especialidade, ele realmente não passa de um 
"cabotino", melhor ainda, de um macaqueador, faltando-lhe a inspiração para 
grandes realizações; nunca é construtor genial, mas sim puro imitador. Os 
pequenos truques por ele utilizados não podem entretanto a ninguém enganar, 
encobrindo a falta de. vitalidade intrínseca do seu talento. Só a imprensa 
judaica, que presta o seu auxilio carinhosamente, completando falhas e entoando, 
mesmo sobre o remendão mais medíocre, um tal hino de "louvores" que o resto do 
mundo acaba supondo tratar-se de um verdadeiro artista, quando se trata, apenas, 
de um miserável comediante. Não. O judeu não possui força alguma suscetível de 
construir uma civilização e isso pelo fato de não possuir nem nunca ter possuído 
o menor idealismo, sem o qual o homem não pode evoluir em um sentido superior. 
Eis a razão por que sua inteligência nunca construirá coisa alguma; ao 
contrário, agirá destruindo; quando muito, poder dar um incentivo passageiro, 
aparecendo então como o protótipo da "Força, que sempre deseja o Mal, fazendo o 
Bem". Não por ele, mas sim apesar dele, vai se realizando de qualquer modo o 
progresso da humanidade.
     O judeu, não tendo 
jamais possuído um Estado com definidos limites territoriais e, portanto, 
nenhuma cultura própria, formou-se o hábito de classificar esta raça entre os 
nômades. É isto um erro tão grande quanto perigoso. O nômade dispõe, para viver, 
de um espaço limitado por fronteiras; não o cultiva, porém, como um lavrador 
estabelecido, mas vive do rendimento de seus rebanhos, com os quais percorre as 
suas terras. A razão para isso reside, aparentemente, na pouca fertilidade do 
solo, que não permite a instalação de uma colônia; no fundo, entretanto, está na 
desarmonia entre a civilização técnica de uma época ou de um povo e a pobreza 
natural do lugar habitado. Há regiões, onde o ariano, somente pelo 
desenvolvimento de sua técnica milenar, consegue, em colônias isoladas, 
apoderar-se das terras e delas extrair os elementos necessários ao seu sustento, 
se não fosse essa técnica, ou ele teria que se afastar dessas paragens, ou viver 
igualmente como nômade, em constante peregrinação. se é que sua educação, 
através de milênios, e seu hábito de vida estabelecida, não tornasse semelhante 
solução totalmente insuportável. Seja lembrado que quando se descobriu o 
Continente Americano, numerosos arianos lutavam pela vida, como armadores de 
alçapão, caçadores, etc., e isto freqüentemente, em bandos maiores, com mulher e 
filhos, mudando sempre de paradeiro, em uma vida igual à dos nômades. Logo, 
porém, que o seu número, por demais acrescido, assim como recursos mais 
aperfeiçoados, permitiram desbravar o solo virgem e resistir aos indígenas, 
começou a surgir, no país, uma colônia depois da 
outra.
     É provável que o ariano também tenha 
sido primeiro nômade, depois, com o decorrer do tempo, se tenha fixado; mas 
nunca o foi o judeu! Não, o judeu não é um nômade, pois, mesmo este já tomava 
atitudes definidas quanto ao "trabalho", contanto que, para isso, existissem as 
devidas condições espirituais. O idealismo, como sentimento fundamental, existe 
nele, embora infinitamente apagado; é por isso que, em todo seu complexo, o 
nômade poderá parecer estranho aos povos arianos, mas nunca antipático. Tal não 
acontece com o judeu; este nunca foi nômade e sim um parasita incorporado ao 
organismo dos outros povos. Sua mudança de domicílio, uma vez por outra, não 
corresponde às suas intenções, sendo resultado da expulsão sofrida por ele, de 
tempos em tempos, da parte dos povos que o abrigam e que ele explora. O fato 
dele continuar a se espalhar pelo mundo é um fenômeno próprio a todo parasita; 
este anda sempre à procura de novos terrenos para fazer prosperar sua 
raça.
     Com o nomadismo isso nada tem que ver, 
porque o judeu não cogita absolutamente de desocupar uma região por ele ocupada, 
ficando ai, fixando-se e vivendo aí tão bem estabelecido, que mesmo a violência 
dificilmente o consegue expulsar. Sua expansão através de países sempre novos só 
principia quando neles existem condições precisas para lhe assegurar a 
existência, sem que tenha que mudar de domicílio como o nômade, É e será sempre 
o parasita típico, um bicho, que, tal qual um micróbio nocivo. Se propaga cada 
vez mais, assim que se encontra em condições propicias. A sua ação vital 
igualmente se assemelha à dos parasitas, onde ele aparece. O povo, que o 
hospeda, vai se exterminando mais ou menos rapidamente. Assim viveu o judeu, em 
todos os tempos, nos Estados alheios, formando ali seu próprio "Estado", que 
aliás costumava navegar em paz, até que circunstâncias exteriores desmascarassem 
por completo seu aspecto velado de "comunhão religiosa". Uma vez, porém, que 
adquira bastante força para prescindir de tal disfarce, deixava afinal cair o 
véu e torna-se de súbito, aquilo, que os outros não queriam, dantes, nem crer 
nem ver: o judeu. Na vida do judeu, incorporado como parasita no meio de outras 
nações e de outros Estados, existe um traço característico, no qual Schopenhauer 
se inspirou para declarar, come já mencionamos: "O judeu é o grande mestre na 
mentira". A vida impele o judeu para a mentira, para a mentira incessante, da 
mesma maneira que obriga o homem do norte a vestir roupa 
quente.
     Sua vida, no seio de povos estranhos, 
só pode perdurar, se ele conseguir despertar a crença de ser o representante, 
não de um povo, mas de uma "comunhão religiosa", muito embora 
singular.
     Aí está a primeira grande 
mentira.
     Para poder levar essa vida, à custa de 
outros povos, precisa ele recorrer à negação de sua individualidade interior. 
Quanto mais inteligente é cada judeu melhor conseguirá iludir. Pode chegar ao 
ponto de grande parte o povo que o hospeda acreditar seriamente que o judeu seja 
francês ou inglês, alemão ou italiano, embora pertencente a uma crença especial. 
As vítimas mais freqüentes de tão infame fraude são os funcionários oficiais que 
parecem sempre influenciados por essa fração histórica da sabedoria universal. O 
pensamento independente, em tais rodas, passa, às vezes, como um verdadeiro 
pecado contra o progresso na vida, de modo que ninguém se deve admirar, quer por 
exemplo, um secretário de Estado na Baviera, até hoje, ainda não possua a mais 
leve suspeita de que os judeus constituem um povo e não uma seita religiosa. 
Aliás, basta um olhar lançado sobre a imprensa, eivada de judaísmo, para revelar 
tal verdade mesmo ao espírito mais curto. É verdade, que o "Eco Judeu" ainda não 
é o órgão oficial, não podendo traçar normas ao intelecto de uma tal autoridade 
do Governo.
     O judaísmo nunca foi uma religião, 
e sim sempre um povo com características raciais bem definidas. Para progredir 
teve ele, bem cedo, que recorrer a um meio, para dispersar a atenção malévola, 
que pesava sobre seus adeptos. Que meio mais conveniente e mais inofensivo do 
que a adoção do conceito estranho de "comunhão religiosa"? Pois, aqui, também, 
tudo é emprestado, ou, melhor, roubado - a personalidade primitiva do judeu, já 
por sua natureza, não pode possuir uma organização religiosa, pela ausência 
completa de ideal, e, por isso mesmo, de uma crença na vida futura, Do ponto, de 
vista ariano, é impossível imaginar-se, de qualquer maneira, uma religião sem a 
convicção da vida depois da morte, Em verdade, o Talmud também não é um livro de 
preparação ao outro mundo, mas sim para uma vida presente boa, suportável e 
prática.
     A doutrina Judaica é, em primeiro 
lugar, um guia para aconselhar a conservação da pureza do sangue, assim como o 
regulamento das relações dos judeus entre si, mas ainda com os não judeus, isto 
é, com o resto do inundo. Não se trata, em absoluto, de problemas morais, e sim 
de questões econômicas, muito elementares, Existem hoje e já existiram em todos 
os tempos estudos bastantes aprofundados sobre o valor ético do ensino da 
doutrina Judaica, espécie de religião, que, aos olhos arianos, parece, por assim 
dizer, escabrosa (tais estudos naturalmente não provêm de iniciativa dos judeus, 
ao contrário, seriam habilmente adaptados ao fim visado). O produto dessa 
educação religiosa - o próprio judeu é o seu melhor expoente. Sua vida só se 
limita a esta terra, e seu espirito conservou-se tão estranho ao verdadeiro 
Cristianismo quanto a sua mentalidade o foi, há dois mil anos, ao grande 
fundador da nova doutrina. Verdade é que este não ocultava seus sentimentos 
relativos ao povo judeu; em certa emergência pegou até no chicote para enxotar 
do templo de Deus este adversário de todo espírito de humanidade que, outrora, 
como sempre, na religião, só discernia um veículo para facilitar sua própria 
existência financeira. Por isso mesmo, aliás, é que Cristo foi crucificado, 
enquanto nosso atual cristianismo partidário se rebaixa a mendigar votos judeus 
nas eleições, procurando ajeitar combinações políticas com partidos de judeus 
ateístas e tudo isso em detrimento do próprio caráter 
nacional.
     Em uma seqüência lógica, amontoam-se 
sempre novas mentiras sobre a grande mentira inicial, a saber: que o judaísmo 
não é uma raça, mas uma religião. A mentira estende-se igualmente à questão da 
língua dos judeus; esta não lhes serve de veículo para a expressão, mas sim de 
máscara para seus pensamentos. Falando francês, seu modo de pensar é judeu; 
torneando versos em alemão não faz senão fazer transparecer o espírito da sua 
raça.
     Enquanto o judeu não se torna senhor dos 
outros povos é forçado, quer queira quer não, a falar as línguas 
desses.
     No momento, porém, em que esses se 
tornassem seus vassalos, teriam que aprender todos um idioma universal (por 
exemplo, o Esperanto!) a fim de assim poderem ser dominados mais facilmente pelo 
judaísmo.
     Os "Protocolos dos Sábios de Sião", 
tão detestados pelos judeus, mostram, de uma maneira incomparável, a que ponto a 
existência desse povo é baseada em uma mentira ininterrupta. "Tudo isto é 
falsificado", geme sempre de novo o "Frankfurter Zeitung", o que constitui mais 
uma prova de que tudo é verdade. Tudo o que muitos judeus talvez façam 
inconscientemente, acha-se aqui claramente desvendado. Mas o ponto capital é que 
não importa absolutamente saber que do cérebro judeu provêm tais revelações. O 
ponto decisivo é a maneira pela qual essas revelações tornam patentes, com uma 
segurança impressionante, a natureza e a atividade do povo judeu nas suas 
relações íntimas, assim como nas suas finalidades. A melhor critica desses 
escritos é fornecida entretanto pela realidade. Quem examinar a evolução 
histórica do último século sob o prisma deste livro, logo compreenderá também o 
clamor da imprensa judaica, pois no dia em que o mesmo for conhecido de todo o 
povo, nesse dia estará evitado o perigo do 
judaísmo.
     Para bem conhecer o judeu, o melhor 
meio é estudar o caminho seguido por ele no seio dos outros povos e no decorrer 
dos séculos. Basta para isso estudar um só exemplo, que nos será bastante 
instrutivo. Como a sua evolução, sempre e em todos os tempos, foi a mesma, como 
também os povos por ele devorados, são sempre os mesmos, seria recomendável, em 
um tal estudo, dividir essa marcha da sua evolução em períodos definidos, que 
marcarei com letras para simplificar.
     Os 
primeiros judeus vieram para a Germânia no curso da marcha invasora dos Romanos, 
como sempre, negociando. Nos túmulos das invasões parecem entretanto ter 
desaparecido, e o tempo da primeira formação de Estados germânicos pode ser 
considerado o início de uma nova e permanente invasão Judaica na Europa Central 
e Setentrional. Começa aí uma evolução, que sempre foi idêntica, toda vez que, 
em qualquer parte, houve colisão dos judeus com povos 
arianos.
     a) Com a instalação das primeiras 
colônias fixas, surge repentinamente o judeu. Ele chega como negociante, e, a 
princípio, não se preocupa em disfarçar a sua nacionalidade. Ainda é o judeu, 
talvez em parte também, porque, exteriormente, a diferença racial entre ele e o 
povo hospitaleiro é grande demais, seu conhecimento da língua muito falho, as 
desconfianças da gente da terra muito sensíveis, para lhe permitirem aparecer 
sob outro aspecto que o de um comerciante estrangeiro. Com o seu jeito 
insinuante e a Inexperiência do outro povo, a conservação de sua personalidade 
não apresenta para ele nenhuma desvantagem; pelo contrário, antes uma vantagem 
que é a de ser amavelmente recebido na sua qualidade de 
estrangeiro.
     b) Aos poucos, começa ele a 
trabalhar no terreno econômico, não como produtor mas exclusivamente como 
intermediário. Na sua habilidade milenar de negociante, supera de muito os 
arianos, os quais ainda se mostram sem jeito e, sobretudo, de uma probidade sem 
limites. Assim, em pouco tempo, o judeu ameaça adquirir o monopólio do comércio. 
Começa com empréstimos de dinheiro, e, como sempre, com juros de usurários. Na 
verdade, foi ele quem, por este meio, introduziu o juro. O perigo dessa nova 
instituição, a princípio, não é reconhecido, sendo ela até acolhida com 
entusiasmo pelas vantagens momentâneas que 
oferece.
     e) O judeu estabeleceu-se 
completamente, isto é, habita em cidades e lugarejos, bairros especiais, 
formando cada vez mais um Estado seu, dentro do Estado. Considera o comércio e 
todos os negócios financeiros como seu privilégio pessoal, que explora sem 
escrúpulo algum.
     d) As finanças e o comércio 
tornaram-se decididamente monopólio seu. Seus juros de usurários afinal provocam 
oposição, seu atrevimento crescente revolta, sua riqueza produz inveja. A medida 
chega a transbordar, quando a propriedade e a terra também ingressam no círculo 
de seus objetivos comerciais, sendo rebaixados ao grau de mercadoria vendável e 
mais apta a ser negociada. Como o judeu nunca cultiva a terra, que para ele 
representa um fundo de exploração, o camponês pode ficar vivendo ali, entretanto 
tão miseravelmente oprimido por seu novo senhor, que a aversão contra esse vai 
pouco a pouco se convertendo em ódio declarado. Sua insaciável tirania torna-se 
tão grande que desperta reações violentas. Começa-se a examinar, sempre mais de 
perto, o corpo estranho, descobrindo-se nele sempre novos traços e maneiras 
repelentes, até que a cisão completa se 
opera.
     Nas épocas das maiores privações, a 
fúria, afinal, rebenta contra ele; as massas exploradas e totalmente aniquiladas 
recorrem à defesa própria, a fim de se livrarem do "flagelo de Deus". No 
decorrer dos séculos, já o conheceram de sobra, sentindo que sua simples 
existência é uma calamidade equivalente à 
peste.
     e) Então principia o judeu a desvendar 
suas qualidades genuínas. Graças à lisonja abjeta, consegue acercar-se dos 
Governos, faz girar e trabalhar o seu dinheiro, e deste modo arranja sempre uma 
"carta branca' para a exploração de suas vitimas. Mesmo que, às vezes, á ira 
popular se torne violenta contra a eterna sanguessuga, isso não impede 
absolutamente de aparecer ele no lugar há pouco abandonado e de recomeçar a vida 
de outrora. Não há perseguição que o possa demover do seu processo de exploração 
humana; nenhuma o poderá expulsar, pois cada perseguição termina ela sua volta 
dentro em breve e sob a mesma forma.
     Para 
impedir, pelo menos, a piores conseqüências, começa-se a retirar a terra da sua 
mão usurária, tornando-se a aquisição da mesma impossível dentro da 
lei.
     f) Quanto mais o poder dos príncipes vai 
aumentando, mais o judeu se vai chegando a eles. Mendiga "privilégios" que 
facilmente obtém, em troca do devido pagamento destes senhores constantemente em 
dificuldades financeiras. Custe o que custar, em poucos anos ele recobra 
novamente, com juros sobre juros, o dinheiro empregado. Uma verdadeira 
sanguessuga que se agarra ao corpo do infeliz povo e daí não se mexe até que os 
príncipes precisem novamente de dinheiro e se encarreguem de lhes extorquir 
pessoalmente o sangue sugado. Tal espetáculo repete-se sempre, sendo que o papel 
dos príncipes alemães é tão miserável quanto o dos próprios judeus. Foram, com 
efeito, perante seu povo, o castigo de Deus. Esses senhores não encontram 
paralelos senão em vários ministros da época 
atual.
     Aos seus príncipes é que a nação alemã 
deve o não ter podido libertar-se completamente do perigo judaico. Infelizmente, 
as coisas não se modificaram posteriormente, de modo que do judeu só receberam o 
pago mil vezes merecido pelos pecados cometidos contra seu povo. Aliaram-se com 
o demônio, e foram parar onde ele está!
     g) É 
assim que o seu processo de sedução tem levado os príncipes à ruína. Devagar, 
porém, seguramente, vão se afrouxando os laços que os ligam aos povos, na medida 
em que cessam de servir os interesses destes, para se transformarem em 
exploradores dos mesmos.
     O judeu conhece 
perfeitamente o fim reservado aos príncipes e procura, por todos os meios, 
apressá-lo. Ele mesmo alimenta seus eternos apertos financeiros, afastando-os 
cada vez mais de seus verdadeiros deveres, rodeando-os com a mais vil adulação, 
conduzindo-os aos erros e tornando-se cada vez mais indispensável a eles. Sua 
habilidade (ou melhor sua falta de escrúpulos, em todas as questões financeiras 
sabe se arranjar para extorquir sempre novos recursos dos súditos explorados, 
recurso que aos poucos vão desaparecendo. É assim que cada corte possui seu 
"judeu da corte", como se denominam esses entes abomináveis que atormentam o 
pobre povo até o desespero, proporcionando a seus príncipes alegria 
perene.
     Quem se admirará, então, que esses 
ornamentos do gênero humano por fim também, querendo se enfeitar, subam até à 
altura da nobreza hereditária, contribuindo assim, não só a expor essa classe ao 
ridículo, como também para envenená-la.
     Então, 
naturalmente, ele poderá se aproveitar de sua situação para facilitar seu 
progresso.
     Afinal, ele não precisa mais de 
outra coisa senão do batismo para entrar na posse de todas as possibilidades e 
de todos os direitos dos filhos do país. Não é raro vê-lo liquidar também esse 
negócio, fazendo a alegria das Igrejas pelo novo filho adquirido e de Israel 
pelo sucesso da mistificação.
     h) No mundo 
judaico inicia-se, então, uma metamorfose- Até agora foram judeus, isto é, não 
faziam questão de passar por outra coisa, e também era impossível fazê-lo, dados 
os sinais raciais tão característicos, de ambos os lados. Ainda na época de 
Frederico o Grande, ninguém se lembraria de ver nos judeus outra coisa senão "o 
povo estranho", e até Goethe se mostrava horrorizado com o fato dos casamentos 
entre cristãos e judeus não serem proibidos legalmente. Goethe, portanto, santo 
Deus, não era nenhum retrógrado nem "ilota", O que o fazia falar era nada menos 
do que a voz do sangue e da razão, É assim que mau grado toda a conduta 
vergonhosa das cortes - o povo via instintivamente no judeu o corpo estranho 
introduzido no seu organismo, e tomava, por conseguinte, a atitude que essa 
idéia lhe sugeria.
     Isso, porém, tinha que 
mudar. No decorrer de mais de um milênio aprendeu ele a dominar de tal forma o 
idioma do país que o hospeda, que agora pensa poder se aventurar a tornar menos 
acentuado seu aspecto judaico, pondo em maior relevo seu "germanismo". Por mais 
ridículo, mesmo extravagante que possa parecer isso à primeira vista, permite-se 
ele, portanto, o atrevimento de se transformar em um "Germano", isto é, em um 
"Alemão", Com isso principia uma das mais infames mistificações inimagináveis. 
Não possuindo do "Alemanismo" nada a não ser a arte de maltratar - aliás de um 
modo horrível - a língua alemã, com a qual, porém, nunca se identificou, toda 
sua nacionalidade alemã se resume exclusivamente na fala. A raça, porém, não 
reside na língua, mas unicamente no sangue. Ninguém sabe isso melhor do que o 
judeu, que muito pouca importância dá justamente à conservação de sua 
língua.
     Uma pessoa pode, sem mais nem menos, 
mudar sua língua, quer dizer, pode servir-se de outra, mas, no seu novo idioma, 
expressará suas idéias antigas, sua natureza intima não sofrerá alteração, o 
judeu é o melhor expoente desse fenômeno, Fala várias línguas e conserva-se, 
entretanto, sempre judeu. Seus traços característicos conservaram-se sempre os 
mesmos, quer - ele tivesse falado romano, há dois mil anos, como vendedor de 
cereais em Óstia, ou que hoje fale alemão quebrado, como negociante, que se 
enriquece à custa de trigo! É sempre o mesmo judeu. Que essa verdade evidente 
não seja compreendida, hoje em dia, por um conselheiro ministerial ou um 
funcionário superior da policia, não é de admirar, pois é difícil encontrar-se 
coisa mais sem intuição, mais sem espírito do que os servidores de nossa modelar 
autoridade oficial dos tempos que correm.
     A 
causa que leva o judeu à resolução de converter-se subitamente em "alemão" é 
evidente. Ele sente como o poder dos príncipes vai começando a se abalar e 
procura, por isso, já cedo, uma base sólida para firmar os 
pés.
     Além disso, já é tão vasta a sua dominação 
do mundo econômico pelo dinheiro, que, por não possuir todos os direitos de 
cidadão, ele acaba não podendo mais sustentar o colossal edifício por ele 
criado, ou pelo menos não podendo mais aumentar a sua influência. Ambos os fins 
são, porém, por - ele desejados, pois, quanto mais alto sobe, mais tentador lhe 
aparece o antigo fim alvejado, que lhe fora predito, Ë com uma ânsia febril, que 
os mais esclarecidos cérebros judaicos vêem aproximar-se novamente o sonho do 
domínio universal, tão perto que já parece realizado, É por isso que sua única 
aspiração de hoje é a aquisição completa dos plenos direitos de cidadãos. Eis a 
razão por que ele tenta ultrapassar as fronteiras do 
Ghetto.
     i) Deste modo, o judeu cortesão 
transforma-se em judeu popular, isto é, permanece, como dantes, no círculo dos 
grandes senhores, procura até, cada vez mais, penetrar nessa roda, mas, 
simultaneamente, outra parte de sua raça vai se aconchegando ao povo de uma 
maneira que inspire confiança. Quando se reflete sobre a soma de males, que, no 
decorrer dos séculos, ele havia feito ao povo, como, cada vez mais, ele o 
sangrava e explorava sem mercê; quando se pensa ainda, como o povo, por isso, 
aos poucos, o foi odiando, vendo afinal na sua existência nada mais do que um 
castigo do Céu para os outros povos, pode se avaliar o quanto deve ser difícil 
ao judeu essa nova atitude, sim, com efeito, é uma árdua tarefa apresentar-se de 
repente como "amigo do gênero humano" às próprias vitimas, às quais sempre havia 
arrancado a pele.
     Seu primeiro esforço consiste 
em reparar, aos olhos do povo, o que até então lhe fizera de mal. Inicia sua 
metamorfose na qualidade de "benfeitor" da humanidade. Para que a atitude de 
bondade que, agora, resolveu assumir, possua uma base real, ele não se pode 
apegar à antiga frase bíblica, segundo a qual a esquerda não deve saber o que a 
direita dá, tem que adotar, quer queira quer não, a prática de propagar por toda 
parte o quanto sente os sofrimentos da humanidade e que sacrifícios faz 
pessoalmente em beneficio desta. Com essa "modéstia", que nele é inata, proclama 
com tanto alarde seus merecimentos pelo mundo afora, que todos começam a tomá-lo 
a sério. Quem não o fizer, comete uma grande injustiça contra ele. Em pouco 
tempo, já principia a revirar os fatos de tal jeito, como se, até hoje, só ele 
tivesse sempre sido lesado e não inversamente. Alguns, especialmente os tolos, 
acreditam nisso, não se podendo furtar a ter piedade do 
infeliz.
     Além disso, cumpre ainda observar, 
nesse ponto, que apesar de toda a disposição ao sacrifício, o judeu pessoalmente 
nunca empobrece. É que ele sabe se arranjar. Só se pode comparar o benefício, 
por ele praticado, ao adubo, que também não é posto na terra por amor a esta, 
mas sim na previsão do próprio bem-estar do que usa desse processo. Em todo 
caso, em um lapso de tempo relativamente curto, ficam todos sabendo que o judeu 
se tornou um "benfeitor e filantropo". Que mudança 
esquisita!
     O que em outras pessoas pode parecer 
mais ou menos natural, da parte dele desperta a maior surpresa, mesmo admiração, 
por não estar de acordo com seus antecedentes. É o que explica achar-se cada um 
de seus atos filantrópicos muito mais extraordinário do que se tivesse sido 
praticado por qualquer outra criatura 
humana.
     Ainda mais: o judeu fica de repente 
liberal, começando a sonhar com a necessidade do progresso humano. Pouco a 
pouco, transforma-se no arauto de uma nova época. Na verdade, ele está 
destruindo cada vez mais os fundamentos de uma economia verdadeiramente útil ao 
povo. Pelo recurso das sociedades de ações, vai penetrando nos círculos da 
produção nacional, faz desta um objeto mais suscetível de compra e de 
traficância, roubando assim às empresas a base de propriedade pessoal. Por isso, 
surge entre o patrão e o empregado aquele distanciamento que conduz à Ulterior 
luta política de classes.
     Cresce assim a 
influência dos judeus em matéria econômica, além da Bolsa, e isso com assombrosa 
rapidez. Torna-se proprietário ou controlador das forças de trabalho do 
país.
     Para consolidar sua posição política, 
tenta destruir as barreiras raciais e de cidadania, que mais do que tudo o 
embaraçam a cada passo. Para atingir tal fim, luta, com sua resistência típica, 
pela tolerância religiosa, encontrando na Maçonaria, que caiu inteiramente em 
seu poder, um excelente instrumento para o combate e para a realização de suas 
aspirações. Os círculos governamentais, assim como as camadas superiores da 
burguesia política e econômica, caem em suas armadilhas, guiados por fios 
maçônicos, mal se apercebendo disso. Só o povo propriamente dito ou, melhor, a 
classe que, despertando, luta pelos seus próprios direitos e sua liberdade, não 
pode ser conquistado por esse meio, principalmente nas suas camadas mais 
profundas. Essa, porém, é a conquista mais indispensável. O judeu sente que sua 
ascensão a uma posição dominadora só se tornará possível, quando existir à sua 
frente um "precursor" e este pensa ele descobrir não entre a burguesia mas nas 
camadas populares. Não se pode, entretanto, conquistar fabricantes de luvas e 
tecelões com os frágeis processos da Maçonaria, tornando-se obrigatório 
introduzir, nesse caso, meios mais rudes e grosseiros, porém não menos 
enérgicos. Como segunda arma ao serviço do judaísmo, existe, além da Maçonaria, 
a imprensa. Com todo o afinco e toda habilidade apossa-se ê]e desse órgão de 
propaganda. Com a mesma principia lentamente a enlaçar toda a vida oficial, a 
dirigi-la e empurrá-la, tendo a facilidade de criar e superintender aquela 
potência, que, sob a denominação de "opinião pública", é hoje melhor conhecida 
do que há algumas décadas. Com isso tudo, apresenta-se sempre como animado por 
uma infinita sede de saber, elogia todo progresso, sobretudo aquele que acarreta 
a ruína dos outros, pois só julga todo saber e toda evolução na medida em que 
lhe facilitam a propaganda de sua raça. Quando falta esse objetivo, torna-se 
inimigo encarniçado de toda luz, um odiador de toda verdadeira civilização, 
Desse modo, utiliza todo o saber aprendido nas escolas alheias, unicamente ao 
serviço de sua raça.
     Esse espírito racial ele o 
preserva como nunca, Enquanto aparenta transbordar de "Instrução", "Liberdade", 
"Humanidade" etc., preserva o mais rigorosamente possível a sua raça. Acontece 
que, às vozes, impinge suas mulheres a cristãos de influência, porém tem por 
princípio conservar sempre a pureza do ramo masculino. Envenenando o sangue 
alheio, zela sobremodo pelo seu próprio. Quase nunca o judeu casará com uma 
ens1i, o inverso se dá entretanto entre o cristão e a judia, os bastardos, 
apesar disso, só herdam as qualidades do lado judeu, a parte mais nobre degenera 
completamente. O judeu sabe disso muito bem e empreende, sempre segundo um 
programa, esta espécie de "desarmamento" da camada dos "lideres" intelectuais de 
seus adversários de raça. Para mascarar seu modo de agir, e para iludir as suas 
vítimas, vai falando, cada vez mais, da igualdade de todos os homens, sem 
considerações de raça nem de cor. Os tolos já principiam a acreditar nas suas 
afirmações. Dado o fato de sua personalidade ainda ter um cunho por demais 
exótico para poder prender, sem mais nem menos, sobretudo as grandes massas 
populares, dá ele à imprensa a incumbência de representá-lo tão diferente da 
realidade quanto seja necessário para servir à finalidade visada. É, 
especialmente em jornais humorísticos, que se encontra uma tendência a mostrar 
os judeus como um povinho inofensivo, que tem lá suas peculiaridades - como 
outros as têm - que, porém, mesmo nas suas maneiras talvez um tanto estranhas, 
denota possuir uma alma, possivelmente cômica, mas sempre fundamentalmente 
honesta e bondosa. A preocupação dominante é sempre fazê-lo passar antes por 
insignificante do que por perigoso.
     O fim a 
atingir nessa luta é, porém, a vitória da democracia, ou como ele a entende, o 
domínio do parlamentarismo, É o que mais satisfaz às suas necessidades, porque, 
nesse regime, faz-se abstração da personalidade e institui-se, no seu lugar, a 
preponderância da burrice, da incapacidade e, por último, da covardia! O 
resultado final haveria de ser, mais cedo ou mais tarde, a queda fatal da 
monarquia.
     j) A formidável evolução econômica 
produz uma alteração na distribuição do povo em classes. Com a morte lenta dos 
pequenos ofícios, tornando-se mais rara a possibilidade do operário ganhar a sua 
existência independente. ele se vai "proletarizando" à vista d'olhos, É essa a 
origem do "operário de fábrica", na indústria. O que melhor o caracteriza é 
provavelmente nunca chegar ele a poder assegurar-se mais tarde uma existência 
própria. No mais verdadeiro sentido da palavra, não possui nada; sua velhice 
torna-se um tormento e quase não merece a denominação de 
"vida".
     Outrora, havia uma situação análoga que 
exigia peremptoriamente uma solução e foi encontrada por fim. Ao camponês e ao 
operário, juntou-se a classe do funcionário e empregado, mormente do Estado. 
Todos estes também eram indivíduos sem propriedade. A solução que o Estado 
descobriu para pôr fim a essa situação de mal-estar, foi cuidar dos funcionários 
públicos, impossibilitados de se manterem por si na velhice, instituindo "a 
pensão", a aposentadoria Aos poucos, um número cada vez maior de empresas 
particulares foi seguindo esse exemplo, de modo que hoje cada empregado fixo 
recebe mais tarde sua pensão, desde que a empresa tenha alcançado ou 
ultrapassado certo sucesso financeiro. É só a garantia do funcionário público na 
idade avançada poderia educá-lo àquele amor ao dever que, antes da Guerra, era a 
qualidade mais característica do funcionalismo alemão. Foi desta maneira que 
toda uma classe popular, que permaneceu sem propriedades, foi arrancada à 
miséria social e assim incorporada ao conjunto da Nação. Problema idêntico, 
desta vez em muito maior escala, surgiu recentemente para o Estado e para a 
Nação. Sempre novas multidões de gente, milhões, emigravam do campo para as 
grandes cidades, a fim de ganhar o pão quotidiano, como operários de fábrica, 
nas indústrias novamente fundadas. As condições de vida e de trabalho eram mais 
do que deploráveis. Já não convinha, em absoluto, o transporte mais ou menos 
mecânico dos velhos métodos de trabalho do antigo operário ou dos camponeses aos 
novos quadros. A atividade de um como de outros não era mais comparável aos 
esforços exigidos do trabalhador de fábrica. Se, no antigo ofício manual, o 
tempo ocupava talvez papel menos importante, nos novos métodos de trabalho, era 
fator essencial. Foi de um efeito desastrado a aceitação formal dos antigos 
horários de trabalho nas grandes empresas industriais, visto que o produto real 
alcançado, outrora, era bem reduzido, pela falta dos processos intensivos de 
hoje. Se, portanto, dantes. se podia aturar o dia de 14 e 15 horas de trabalho, 
era impossível suportá-lo em uma época, na qual cada minuto é aproveitado. Na 
realidade, esta introdução absurda de antigos horários na atividade industrial 
de hoje teve um resultado infeliz em dois sentidos: a ruína da saúde e a 
destruição da fé em um direito superior. Acrescentou ainda, de um lado, a 
miserável diminuição de salários, provocando, por outro, a posição cada vez 
melhor do patrão.
     No campo não podia haver uma 
questão social, uma vez que o senhor e o servo faziam o mesmo trabalho e comiam 
do mesmo prato. Até isso se foi 
mudando.
     Aparece, agora, como consumada, em 
todos os setores da vida, a separação do trabalhador e do 
patrão.
     Os progressos da influência judaica, no 
seio do nosso povo, podem ser facilmente descobertos na indiferença, mesmo 
desprezo, que inspira o trabalho manual. Aliás, isso não é próprio ao alemão Foi 
a influência latina sobre a nossa vida - fenômeno que não passa de uma 
influência judaica - que transformou o antigo respeito ao ofício em um certo 
desprezo por todo e qualquer trabalho 
físico.
     Isso deu origem realmente a uma nova 
categoria social, muito pouco acatada, devendo um dia surgir a questão, se sim 
ou não, a Nação possuiria a força de integrá-lo novamente na sociedade geral, ou 
se a diferença de posição se estenderia até à cisão completa entre as 
classes.
     Uma coisa, entretanto, é inegável. Não 
eram os piores elementos que a nova casta apresentava nas suas fileiras, pelo 
contrário, eram os mais enérgicos. As sutilezas da chamada "civilização" ainda 
não tinham exercido neles seus efeitos de decomposição e de destruição. A nova 
classe social, na sua maioria, ainda não tinha sido contaminada pelo veneno 
debilitante do pacifismo, mantendo-se robusta, e, segundo as exigências, mesmo 
brutal.
     Enquanto a burguesia se descuida em 
absoluto desta questão de tão grande importância, deixando correr as coisas no 
maior indiferentismo, o judeu se prevalece das incomensuráveis possibilidades 
futuras, organizando, de um lado, os métodos capitalistas de exploração humana 
até os últimos extremos, do outro acercando-se das vítimas de seus atos, 
dirigindo, dentro em pouco tempo, a luta deles "contra si mesmos". O grande 
mestre na mentira sabe admiravelmente fazer-se passar por muito puro, a fim de 
melhor jogar a culpa nas costas alheias. Possuindo o desplante de instituir-se 
em guia das massas, estas nem de leve suspeitam a existência, atrás disso tudo, 
do logro mais infame de todos os tempos. Entretanto, era assim que as coisas se 
passavam. Apenas surgiu a nova categoria social, saída da transformação 
econômica que se estende a todas as classes, o judeu avista, com toda a nitidez 
e clareza, o novo itinerário a seguir para sua prosperidade sempre crescente. 
Outrora, serviu-se da burguesia como arma contra o mundo feudal, agora vai 
atiçar o operário contra o burguês. Se, à sombra da burguesia, ele conseguiu, 
por meios duvidosos, a conquista dos direitos de cidadania, espera agora 
encontrar, na luta do trabalhador pela vida, o caminho para implantar o seu 
domínio político.
     Doravante, só resta ao 
operário a tarefa de pelejar pelo futuro do povo judeu. Sem se aperceber, entra 
a serviço da potência que ele tem a ilusão de combater. Com a aparência de 
deixá-la atacar o capital, é que se pode melhor fazê-la lutar pelo mesmo. Nisso 
tudo, grita-se constantemente contra o capital internacional, quando em verdade 
o que se visa e a economia nacional. É esta que importa demolir para que, no seu 
cemitério, se possa edificar triunfalmente a Bolsa 
Internacional.
     O processo aí empregado pelo 
judeu é o seguinte: aproxima-se do trabalhador, finge compaixão pela sua sorte 
ou mesmo revolta contra seu destino de miséria e indigência, tudo isso 
unicamente para angariar confiança. Esforça-se por examinar cada privação real 
ou imaginária na vida dos operários, despertando o desejo ardente de modificar a 
sua situação. A aspiração à justiça social, latente em cada ariano, é por ele 
levada de um modo infinitamente hábil, ao ódio contra os privilégios da sorte; a 
essa campanha pela debelação de pragas sociais imprime um caráter de 
universalismo bem definido. Está fundada a doutrina 
marxista.
     Apresentando-a inseparavelmente 
ligada a toda uma série de exigências sociais bem legítimas, vai ele favorecendo 
sua propaganda e, por outro lado, despertando a aversão da humanidade bem 
intencionada em satisfazer aquelas exigências, que, expostas da maneira por que 
o são, aparecem desde o inicio, como injustas, e mesmo de impossível 
realização.
     É que, sob esse disfarce de idéias 
puramente sociais, escondem-se intenções francamente diabólicas. Elas são 
externadas ao público com uma clareza demasiado petulante. A tal doutrina 
representa uma mistura de razão e de loucura, mas de tal forma que só a loucura 
e nunca o lado razoável consegue se converter em realidade. Pelo desprezo 
categórico da personalidade, por conseguinte da nação e da raça, destrói ela as 
bases elementares de toda a civilização humana, que depende justamente desses 
fatores. Eis a verdadeira essência da teoria marxista, se é que se pode dar a 
esse aborto de um cérebro, criminoso a denominação de "doutrina". Com a ruína da 
personalidade e da raça, desaparece o maior reduto de resistência contra o reino 
dos medíocres, de que o judeu é o mais típico 
representante.
     Essa doutrina pode ser julgada 
justamente pelos seus desvarios em matéria econômica e política. Todos os que, 
de fato, são inteligentes hesitam em entrar no seu séquito, e os outros, a quem 
falta suficiente atividade intelectual ou preparo econômico, precipitam-se ao 
seu encontro. O judeu, dentro de suas próprias fileiras, "sacrifica'> o 
elemento inteligente ao movimento, pois mesmo semelhante movimento não se pode 
manter sem inteligência. Assim cria-se um verdadeiro movimento trabalhista, sob 
a chefia de judeus. Aparentam visar à melhora das condições dos operários, tendo 
na mente, porém, em verdade, a escravização e o aniquilamento de todos os povos 
que não são judeus.
     A Maçonaria se encarrega, 
por meio da imprensa, hoje nas mãos dos judeus, de levar, à burguesia e às 
camadas populares, a Idéia de que a defesa do país deve consistir no pacifismo. 
A essas duas armas demolidoras assecla-se, em terceiro lugar, a organização da 
violência bruta que é a mais temível. Como patrulha de ataque, o Marxismo tem 
que consumar a obra de destruição que as outras duas armas 
prepararam.
     Trata-se de uma ação simultânea, 
admiravelmente conjugada. Não deve provocar admiração o fato de semelhante arma 
destruir instituições que se comprazem em figurar como expoentes da autoridade 
suprema, mais ou menos legendária. É nas mais altas esferas do funcionalismo que 
o judeu, em todas as épocas, com raras exceções,, descobriu os promotores mais 
dóceis da sua obra de destruição. Essa classe é caracterizada per: submissão 
bajuladora quando trata com "superiores", impertinência arrogante com os 
subalternos. Outra característica é uma estupidez que grita aos céus e só se vê, 
às vezes, superada, por uma presunção fora do 
comum.
     Tudo isso são defeitos de que o judeu 
necessita para agir junto às nossas autoridades e que, por isso, cultiva com 
carinho.
     A luta que, então, principia, pode ser 
"grosso modo" delineada da seguinte maneira.
     De 
acordo com as finalidades da luta judaica, que não consistem Unicamente na 
conquista econômica do mundo, mas também na dominação política, o judeu divide a 
organização do combate marxista em duas partes, que parecem separadas mas, em 
verdade, constituem um bloco único: o movimento dos políticos e o dos 
sindicatos.
     Esse último é um trabalho de 
aliciamento. Na dura luta pela existência, que o operário tem que enfrentar, 
devido à ganância e à miopia de muitos patrões, o movimento lhe propõe ajuda e 
proteção e a possibilidade de combater por uma melhora nas suas condições de 
vida. Se o operário desejar reivindicar seus direitos humanos em uma época, em 
que a "comunidade popular organizada" - o Estado - não se preocupa com ele em 
absoluto; se ele não quiser confiar essas suas aspirações à. cega arbitrariedade 
de semi-responsáveis, dotados, muitas vezes, de nenhum coração, é preciso que, 
pessoalmente, ele se encarregue de sua defesa. Na mesma proporção, a chamada 
burguesia nacional, cega pelo dinheiro, põe os maiores obstáculos a essa luta 
pela vida, opondo-se contra todas as tentativas de abreviação do horário de 
trabalho, desumanamente longo, supressão do trabalho infantil, segurança e 
proteção da mulher, melhoramento das condições sanitárias em oficinas e 
moradias, etc. O judeu, mais inteligente, toma a defesa dos oprimidos. Aos 
poucos, torna-se o chefe do movimento social. Isso lhe é fácil, pois não se 
trata, na realidade, de combater com boa intenção as chagas sociais, mas somente 
de selecionar uma tropa de combate, nos meios proletários, que lhe seja 
cegamente devotada na campanha de destruição da independência econômica do país. 
Enquanto a chefia de uma sã política social não aceitar firmemente estas duas 
diretrizes: conservação da saúde do povo e segurança de uma independência 
nacional no terreno econômico, o judeu na sua luta não só descurará 
completamente esses dois problemas, como fará de sua supressão uma verdadeira 
finalidade. Não deseja ele a conservação de uma economia nacional independente, 
mas, ao contrário, o seu aniquilamento. Em conseqüência, não há escrúpulos de 
consciência que possam demovê-lo, como chefe do movimento proletário, de fazer 
exigências, não só exorbitantes, como praticamente irrealizáveis e próprias a 
acarretar a ruína da economia nacional. Não cogita ele de ver uma geração sadia 
e robusta, deseja somente um rebanho contaminado e apto a ser subjugado. Com 
esse desideratum, faz exigências tão destituídas de senso que sua realização 
(ele não o ignora) se torna impossível e não pode provocar nenhuma modificação 
do estado de coisas existente. Serve apenas para excitar a massa popular até ao 
desvario. Isso, porém, é o que ele quer e não a modificação para melhor da 
situação do proletariado.
     A chefia do judeu na 
questão social se manterá até o dia em que uma campanha enorme em prol do 
esclarecimento das massas populares se exerça instruindo-as sobre sua miséria 
infinita, ou até que o Estado aniquile tanto o judeu como sua obra. É claro que, 
enquanto durar a falta de perspicácia do povo, e o Estado se conservar 
indiferente como o tem sido até hoje, as massas seguirão sempre de preferência 
aquele, cujas promessas, de ordem econômica, forem as mais audaciosas. Nisso, 
aliás, o judeu leva a palma, pois nenhum escrúpulo moral entrava a sua 
ação.
     É natural que, em pouco tempo, ele tenha 
vencido, nesse terreno, todos os concorrentes. De acordo com sua feroz ganância, 
põe ele, a base do movimento operário, o princípio da violência mais brutal. 
Quem for perspicaz e opuser resistência à tentação do judeu, terá sua teimosia e 
clarividência inutilizadas pelo terror. Os efeitos de tal sistema são 
simplesmente fantásticos.
     De fato, através do 
operariado, que poderia ser uma bênção para a nação, o judeu destrói as bases da 
economia nacional.
     Paralelamente a isso, 
progride a sua organização política.
     Sua 
cooperação com o movimento proletário manifesta-se pelo modo por que prepara as 
massas para a organização política, fustigando-as até pela violência e pela 
coação. Além disso, o judeu é a fonte financeira que alimenta o enorme 
maquinismo do edifício político. É o órgão fiscalizador da atividade política de 
cada um, desempenhando, em todas as grandes manifestações oficiais, o papel de 
condutor. Por fim, deixa de se interessar por questões econômicas, pondo à 
disposição do ideal político sua principal arma de combate - a renúncia ao 
trabalho, sob a forma de greve coletiva e geral. A organização política e 
trabalhista consegue, através de uma imprensa apropriada aos mais ignorantes, os 
meios para resolver e agitar as camadas mais baixas da nação, amadurecendo-as 
para os feitos mais audazes. Sua missão não consiste em arrancar os homens do 
pântano dos sentimentos baixos e elevá-los a uma posição mais elevada. Ao 
contrário, visa à satisfação dos mais baixos instintos destes. Tudo se resume a 
um negócio lucrativo junto à massa popular, tão cheia de presunções quanto 
preguiçosa e incapaz de idéias próprias. É essa imprensa o órgão principal para 
a destruição, por uma campanha fanática de calúnias, tudo que se pode considerar 
como esteio da independência nacional, do progresso cultural e da autonomia da 
nação.
     Faz ela uma guerra encarniçada às 
personalidades que não se querem curvar às pretensões dominadoras dos judeus ou 
que, por sua capacidade excepcional, impressionam o judeu como um perigo 
iminente. Para que se seja odiado pelo judeu, não é preciso que se o combata. 
Basta a suspeita de que seu adversário possa apenas nutrir a idéia de 
perseguição ou ser um propagandista da força e grandeza de algum povo hostil à 
sua raça.
     Seu instinto, incapaz de se enganar 
nestas coisas, fareja em cada um a alma primitiva, podendo contar com a sua 
inimizade todo aquele cujo espírito não é uma cópia do seu. Não sendo judeu a 
vítima e sim o agressor, seu inimigo não é só o que ataca mas também o que 
oferece resistência. O meio, porém, pelo qual ele tenta domar almas tão ousadas 
e francas, não é por uma luta leal e sim pela mentira e pela calúnia. Nesse 
ponto, ele não recua diante de coisa alguma. Torna-se tão ordinário na sua 
vulgaridade, que ninguém se deve admirar que, entre o nosso povo, a 
personificação do diabo, como símbolo de todo mal, tome a forma do judeu em 
carne e osso.
     A ignorância da grande massa 
sobre a personalidade do judeu, a falta de alcance das nossas altas camadas 
sociais, fazem do povo facilmente a vitima dessa campanha judaica de mentiras. 
Enquanto as classes mais altas se afastam por covardia do indivíduo atacado pela 
mentira e calúnia, o povo propriamente, na sua tolice e ingenuidade, costuma 
acreditar em tudo. As autoridades do Governo mantêm-se, porém, em silêncio, ou, 
mais freqüentemente, a fim de porem um termo à campanha dos judeus pela 
imprensa, perseguem a inocente vitima. Isso aparece aos olhos de um asno, sob a 
capa de funcionário, como uma salvaguarda da autoridade do Governo e uma 
garantia da ordem e da tranqüilidade!
     Sobre o 
cérebro e a alma da gente de bem, vai descendo, aos poucos, como um pesadelo, o 
temor do judaísmo, a arma dos marxistas.
     Todos 
começam a tremer diante do terrível inimigo, tornando se assim suas vitimas 
definitivas.
     k) O domínio do judeu no Estado já 
parece tão firmado, que, agora, não só ele tem direito de aparecer como judeu, 
como também de externar seus pensamentos mais íntimos a respeito de raça e de 
política, sem pôr nisso o menor escrúpulo. Parte da sua raça já se confessa 
abertamente como povo estrangeiro, o que ainda é uma pequena mentira. Enquanto o 
Sionismo se esforça por fazer crer à Humanidade que a consciência do judeu, como 
povo, encontraria satisfação na criação de um Estado na Palestina, os judeus 
nada mais fazem que ludibriar os cristãos, da maneira mais 
miserável.
     Não cogitam absolutamente de 
implantar na Palestina um Estado para ali viverem. O que eles desejam, é, 
unicamente, um centro de organização autônomo, ao abrigo da intrusão de outras 
potências. Querem apenas um refúgio seguro para a sua canalhice, isto é, uma 
academia para a educação de trapaceiros.
     É, 
porém, um indício, não só de sua confiança crescente, como também da consciência 
de sua segurança, que uma parte se proclame, aberta e cinicamente, como raça 
judaica, ao mesmo tempo que a outra, sem a mínima sinceridade, disfarça-se em 
alemães, franceses ou ingleses.
     A maneira por 
que tratam os outros povos é- um sinal evidente de que vêem muito próxima a 
vitória.
     O judeuzinho de cabelos negros 
espreita, horas e horas, com um prazer satânico, a menina inocente que ele 
macula com o seu sangue, roubando-a ao seu povo. Não há meios que ele não 
empregue para estragar os fundamentos raciais do povo que ele se propõe vencer. 
Do mesmo modo que, segundo um plano traçado, vai corrompendo mulheres e 
mocinhas, também não recua diante do rompimento de barreiras impostas pelo 
sangue, empreendendo essa obra em grande escala, no país estranho. Foram e 
continuam a ser ainda judeus os que trouxeram os negros até o Reno, sempre com 
os mesmos intuitos secretos e fins evidentes, a saber: "bastardizar" à força a 
raça branca, por eles detestada, precipitá-la do alto da sua posição política e 
cultural e elevar-se ao ponto de dominá-la 
inteiramente.
     Decorre daí que um povo de raça 
pura, consciente de seu sangue, nunca poderá ser subjugado pelo judeu. Este só 
poderá ser dominador de bastardos. É assim que, sistematicamente, ele tenta 
fazer baixar o nível racial por um ininterrupto envenenamento dos 
indivíduos.
     Em matéria política, começa ele a 
substituir o ideal democrático pelo da Ditadura do Proletariado. Na multidão 
organizada do marxismo é que ele foi encontrar a arma que a Democracia não lhe 
dá e que lhe permite a subjugação e o governo dos povos pela força bruta, 
ditatorialmente.
     Seu programa visa à revolução 
em um duplo sentido: econômico e 
político.
     Povos que opõem ao ataque interno uma 
forte resistência são por ele envolvidos em uma teia de inimigos, graças às suas 
influências internacionais. Incita-os à guerra, implantando, se preciso for, nos 
campos de batalha, a bandeira revolucionária. Economicamente, eles criam para os 
Estados tal situação que as empresas oficiais, deixando de dar residas, são 
subtraídas à direção do Estado e submetidas à fiscalização financeira do 
judeu.
     No terreno político, recusam eles ao 
Estado os meios para sua subsistência, destroem as bases de toda e qualquer 
defesa nacional, aniquilam a crença em uma chefia, desprezam a história e o 
passado, e enlameiam tudo que é expoente de grandeza 
real.
     A contaminação, em matéria de cultura, 
manifesta-se na arte, na literatura, no teatro. Cobrindo de ridículo o 
sentimento espontâneo, destroem todo conceito de beleza e elevação, de nobreza e 
de bondade, arrastando o homem aos seus sentimentos inferiores. A religião é 
ridicularizada Bons costumes e moralidades são taxados de coisas do passado, até 
que os últimos esteios de uma nacionalidade tenham 
desaparecido.
     l) Principia agora a última 
grande Revolução.
     Chegando a alcançar a 
preponderância política, despojam-se eles dos poucos disfarces que ainda lhes 
restam, o judeu popular e democrático se transforma no judeu sanguinário e 
tiranizador de povos. Procura exterminar, em poucos anos, os expoentes nacionais 
da intelectualidade, preparando os povos, que ele priva de uma natural direção 
espiritual, para uma opressão contínua.
     O 
exemplo mais terrível nesse gênero é apresentado pela Rússia, onde o judeu, com 
uma ferocidade verdadeiramente fanática, trucidou cerca de trinta milhões, 
alguns por meio de torturas desumanas, outros pela fome, e tudo isso com o fito 
de assegurar a um lote de literatos judeus e bandidos da Bolsa o domínio sobre 
um grande povo.      A conseqüência final, entretanto, 
não é só a morte da liberdade dos povos oprimidos, mas também a morte desse 
parasita internacional. Após a imolação da vítima, morre, também, cedo ou tarde, 
o vampiro.
     Passando em revista todas as causas 
da derrocada da Alemanha, resta, como última e decisiva, o desconhecimento do 
problema racial e sobretudo, do perigo 
judeu.
     Teria sido muito fácil suportar as 
derrotas de agosto de 1918, nos campos de batalha. Não foram elas que nos 
aniquilaram, mas sim aquela potência que preparou essas derrotas, roubando, 
desde muitos anos, sistematicamente, ao nosso povo, os instintos e as forças 
morais que são os fatores exclusivos para assegurar a capacidade e os direitos 
dos povos à existência.
     O antigo Império, não 
dando a menor atenção à questão fundamental da raça, que pesa na formação de uma 
nacionalidade, desprezou o direito único que explica a vida de um povo. Povos 
que se tornam bastardos ou se deixam contaminar, atentam contra a vontade da 
Providência, e seu aniquilamento não é uma injustiça e sim um restabelecimento 
do direito. Quando um povo não quer mais dar apreço às qualidades inerentes que 
lhe foram dadas pela Natureza e que se acham enraizadas no seu sangue, não tem 
mais o direito de chorar a perda de sua 
existência.
     Tudo nesta terra é suscetível de 
melhoras. Cada derrota pode engendrar uma vitória futura, cada guerra perdida 
origina uma ressurreição vindoura, cada miséria fecunda energias humanas e de 
cada opressão as forças conseguem erguer-se até uma renascença espiritual. Tudo 
isso, porém, enquanto o sangue se conserva 
puro.
     A perda da pureza de sangue por si só 
destrói a felicidade íntima, rebaixa o homem por toda a vida, e as conseqüências 
físicas e intelectuais permanecem para 
sempre.
     Todos os demais problemas vitais, 
examinados e comparados em relação a este, aparecerão ridiculamente mesquinhos. 
Todos são limitados no tempo. A questão, porém, da conservação ou não 
conservação do sangue perdurará sempre, enquanto existir a 
Humanidade.
     Todos os importantes sintomas de 
decadência de antes da Guerra tinham seu fundamento na questão 
racial.
     Quer se trate de questões de direito 
público ou de abusos na vida econômica, de fenômenos de decadência ou de 
degenerescência política, de questões relativas a uma defeituosa educação 
escolar ou uma má influência exercida sobre adultos pela imprensa, etc., sempre 
e, em toda parte, surge a falta de consideração aos interesses raciais do 
próprio povo ou a cegueira diante do perigo racial trazido pelo estrangeiro. Dai 
a ineficácia de todas as tentativas de reforma, de todas as obras de assistência 
social, de todos os esforços políticos, de todo progresso econômico, de todo 
aparente acréscimo do saber. A nação e o Estado já não possuíam saúde real, o 
seu mal progredindo à vista d'olhos, cada vez mais, Toda prosperidade fictícia 
do antigo Império não conseguia ocultar a fraqueza íntima, toda tentativa de um 
verdadeiro fortalecimento do poder ficava sem efeito, pois deixava de lado a 
questão de maior importância, a questão 
racial.
     Seria errôneo supor que os adeptos das 
diversas facções políticas, que tentaram esfacelar o organismo alemão, - mesmo 
uma parte de seus líderes - fossem homens ordinários ou mal intencionados. A 
causa única da esterilidade de seus esforços foi só terem enxergado, quando 
muito, as manifestações exteriores de nossa moléstia geral e procurado 
combatê-las, deixando cegamente de lado aquele que as provocou. Quem seguir 
sistematicamente a linha de evolução do antigo Império, deve chegar, depois de 
refletido exame, à conclusão de que, mesmo no tempo da unificação e, portanto, 
da época do maior progresso da nação alemã, já era evidente a decadência interna 
e que, apesar de todos os aparentes triunfos políticos e da crescente riqueza, a 
situação geral piorava de ano para ano. Mesmo as eleições de representantes ao 
"Reichstag" anunciavam, com o seu acréscimo patente de votos marxistas, o 
desmoronamento interno cada vez mais próximo e a todos manifesto. Todos os 
sucessos dos denominados partidos políticos não tinham mais valor, não só por 
não poderem fazer parar a ascensão da onda marxista, mesmo nas chamadas vitórias 
eleitorais burguesas, como também pelo fato de já trazerem dentro de si os 
fermentos da decomposição. Inconscientemente, o mundo burguês já se achava 
contaminado pelo veneno mortal do marxismo. Um único travou a luta, nesses 
longos anos, com inabalável regularidade, e esse foi o judeu. Sua estrela de 
Davi" subiu sempre mais alto, à proporção que a vontade da conservação 
desaparecia do nosso povo.
     Por isso é que, em 
agosto de 1914, não foi um povo resolvido ao ataque que compareceu às urnas, mas 
o que se deu foi um último lampejo do instinto de conservação nacional diante da 
paralisação progressiva do nosso organismo popular, provocada pelo pacifismo e 
pelo marxismo. Como, mesmo nesses dias decisivos, se desconhecia o inimigo 
interno, toda resistência era debalde.
     Este 
conhecimento da situação interna é que deveria formular as diretrizes, assim 
como a tendência do novo movimento. Estávamos convencidos de que só isso seria 
capaz de fazer estacionar o declínio do povo alemão, criando simultaneamente a 
base granítica sobre a qual um dia se poderá manter um Estado que não seja um 
mecanismo de finalidade e interesses puramente econômicos, alheio ao povo, mas 
sim um organismo popular, isto é, UM ESTADO VERDADEIRAMENTE GERMÂNICO.
CAPÍTULO XII - O PRIMEIRO PERÍODO DE DESENVOLVIMENTO DO PARTIDO NACIONAL 
SOCIALISTA DOS TRABALHADORES 
ALEMÃES
     Quando, no fim deste volume, 
descrevo o primeiro período de evolução do nosso movimento, comentando, em 
breves palavras, as questões dele decorrentes, não tenho o intuito de fazer uma 
preleção sobre os seus fins intelectuais. Os propósitos e fins do novo movimento 
são tão importantes que só poderão ser tratados em volume exclusivamente a eles 
dedicado. Assim tratarei, em um segundo volume, das bases do programa do 
movimento e tentarei demonstrar aquilo que para nós representa a palavra 
"Estado". Com a palavra "nós", designo as centenas de milhares de pessoas que, 
no fundo, se batem pelos mesmos ideais, sem, isoladamente, acharem as palavras 
para designar o que no intimo almejam, pois é característico de todas as grandes 
reformas, que para defendê-las apareça, muitas vezes, um só homem, enquanto os 
seus adeptos já são milhares. O seu alvo muitas vezes, já é há séculos o desejo 
íntimo de milhares de pessoas, até que apareça um que proclame o desejo geral, 
e, como porta-estandarte, conduza à vitória as velhas aspirações, por meio de 
uma idéia nova.
     Que milhões de homens desejam 
de coração uma mudança fundamental na situação de hoje, prova-o o 
descontentamento profundo que experimentam- Manifesta-se esse descontentamento 
de mil maneiras: em alguns pelo desânimo e falta de esperança; em outros pela má 
vontade, irascibilidade e revolta; neste em indiferença e naquele em exaltação 
furiosa. Como testemunhas desse descontentamento intimo podem servir tanto os 
"fatigados de eleições" como os que se inclinam para o fanatismo da 
esquerda.
     E é a esses, em primeiro lugar, que 
se deveria dirigir o novo movimento. Esse não deve ser a organização dos 
satisfeitos, dos fartos, mas sim dos sofredores e inquietos, dos infelizes e 
descontentes, não deve, principalmente, sobrenadar na onda humana, mas sim 
mergulhar até ao fundo da mesma.
     Sob o ponto de 
vista puramente político, apresentava o ano de 1918 o seguinte aspecto: um povo 
dividido em duas partes. Uma, a menor, abrange as camadas da inteligência 
nacional com exclusão de todos os trabalhadores manuais. É aparentemente 
nacional, mas não é capaz de dar a essa palavra outra significação senão a de 
uma representação vaga e fraca dos chamados interesses do Estado, que, por sua 
vez, são idênticos aos interesses dinásticos. Procura defender as suas idéias e 
seus fins com armas intelectuais, tão superficiais como cheias de lacunas, e que 
falham diante da brutalidade do adversário. Com um só golpe terrível, essa 
classe até aqui dominante é derrubada e suporta com covardia trêmula todas as 
humilhações do vencedor sem escrúpulos.
     A outra 
parte compõe-se da grande massa do operariado, concentrada em movimentos 
marxistas mais ou menos radicais, resolvida a vencer à força bruta toda 
resistência dos intelectuais. Não quer ser "nacional", ao contrário, recusa, 
conscientemente, trabalhar pelos interesses nacionais, auxiliando do outro lado 
a opressão por parte do estrangeiro. Numericamente é a mais forte, abrangendo, 
antes de tudo, aqueles elementos do povo, sem os quais não se pode imaginar uma 
ressurreição nacional, porque, (sobre isso já em 1918 não deveria ter havido 
mais dúvida) todo o reerguimento do povo alemão só seria possível depois da 
reconquista do poder perante o exterior. As condições essenciais para isso, não 
são, porém, como dizem os nossos "estadistas" burgueses, armas, mas sim as 
forças da vontade. Outrora, o povo alemão possuía armas em quantidade mais do 
que suficiente. Não soube garantir, a liberdade porque lhe faltou a energia do 
espírito nacional de conservação e a vontade firme de auto-conservação. A melhor 
arma torna-se material morto e sem valor, quando falta o espírito resoluto para 
manejá-la. A Alemanha tornou-se fraca, não porque lhe faltassem armas, mas 
porque lhe faltou o ânimo de manejá-las para a conservação nacional. Se, hoje, 
principalmente os nossos políticos esquerdistas, apontam a falta de armas como 
causa obrigatória de sua política exterior fraca, condescendente, na verdade, 
porém, traidora, sã se lhes pode responder uma coisa: Não! O inverso é o que se 
dá: a vossa criminosa política de abandono dos interesses nacionais, é que vos 
fez entregar as armas. Agora, quereis apresentar a falta de armas como motivo de 
Vossa miserável baixeza. Isto, como tudo que fazeis, é mentira e 
mistificação.
     Essa acusação também se ajusta 
exatamente aos políticos da direita. Graças à sua covardia foi possível, em 
1918, à corja dos judeus, que se tinha apossado do poder, roubar as armas à 
nação. Por isso também eles não podem, com razão, justificar a sua sábia 
"moderação" (diga-se covardia) com a hodierna falta de armas, porque essa falta 
é justamente um resultado de sua covardia. A questão da reconquista do poder 
alemão não deve consistir em saber, por exemplo, como fabricaremos armas, mas 
sim, como despertaremos no povo o espírito que o habilite a ser portador de 
armas. Quando esse espírito domina um povo, ele achará mil caminhos dos quais 
cada um terminará junto a uma arma! Entreguem-se, porém, dez pistolas a um 
covarde e, quando for agredido, não será capaz de disparar um tiro sequer. Têm 
nas mãos dele menos valia que um bom porrete nas mãos de um homem corajoso. A 
questão da reconquista do poder político do nosso povo é, em primeira linha, uma 
questão de saneamento do nosso sentimento de conservação nacional, porque, 
segundo a experiência ensina, toda política exterior eficiente, assim como todo 
o valor de um Estado em si, baseiam-se menos nas armas que possui do que na 
reconhecida ou mesmo suposta faculdade de resistência moral da nação. A 
possibilidade de alianças é menos designada pela existência de armas mortas do 
que pela existência visível de uma incandescente vontade de auto-conservação 
nacional e heróico desprezo em face da morte. Uma aliança não é feita com armas 
mas sim com homens. Dessa maneira, o povo inglês será considerado o aliado mais 
valoroso do inundo, enquanto os seus governantes e o espírito da massa geral 
derem mostras de uma brutalidade e persistência que fazem supor que uma luta, 
uma vez começada, será continuada até um fim vitorioso, sem medir sacrifícios 
nem tempo, não entrando em consideração se os seus preparativos militares estão 
em relação aos dos outros Estados ou 
não.
     Compreendendo-se, porém, que o 
reerguimento da nação alemã é uma questão de reconquista da nossa vontade de 
auto-conservação, fica evidente que para isso não basta a conquista de elementos 
já nacionalistas por si, ao menos pela vontade, mas sim a nacionalização de toda 
a massa abertamente antinacional.
     Um novo 
movimento que almeja o reerguimento de um Estado alemão com soberania própria, 
terá que dirigir sua campanha unicamente no sentido da conquista das grandes 
massas. Por mais miserável que seja a nossa chamada "burguesia nacional", por 
mais fraca que seja a sua convicção nacional, desse lado não se pode esperar uma 
resistência séria contra uma política forte interior e exterior. Mesmo que a 
burguesia alemã, de idéias e vistas curtas, permaneça em resistência passiva, 
come já aconteceu com Bismarck, não nos fará temer nunca uma resistência ativa 
devido à sua proverbial covardia.
     Outras são as 
circunstâncias na massa de nossos compatriotas impregnados de idéias 
internacionais. Não só os seus instintos primitivos pendem mais para o emprego 
da força, mas também os seus guias judeus são mais brutais e sem consideração. 
Eles inutilizarão do mesmo modo todo movimento de ressurreição nacional, como 
outrora - quebraram a espinha dorsal ao exército alemão. Principalmente neste 
regime parlamentar, por força da sua maioria, farão ruir toda a política 
nacional exterior, evitando assim uma avaliação mais alta da força alemã, e, 
consequentemente, a possibilidade de alianças. O sintoma de fraqueza que 
representam esses 15 milhões de marxistas, democratas, pacifistas e centristas, 
não é somente perceptível a nós, mas muito mais ao estrangeiro, que mede o valor 
de uma aliança conosco por esse peso morto. Não se faz uma aliança com um Estado 
cuja parte ativa da população se conserva passiva, ao menos diante de qualquer 
política exterior resoluta. Ajunte-se a isso o fato de serem os chefes desses 
partidos de traição nacional adversos, por instinto de conservação, a qualquer 
progresso. É, historicamente, difícil imaginar que o povo alemão chegue algum 
dia a ocupar a sua posição anterior, sem chamar à prestação de contas aqueles 
que motivaram e promoveram o inaudito desmoronamento de que foi vítima o nosso 
Estado. Diante do juízo das gerações vindouras, o mês de novembro de 1918 não 
será qualificado de alta traição, mas sim de traição à pátria. Assim, a 
reconquista da autonomia alemã, perante o exterior, está ligada em primeira 
linha à reconquista da união consciente do nosso 
povo.
     Também, tecnicamente encarada, a idéia da 
libertação alemã, perante o estrangeiro, parecerá loucura, enquanto as grandes 
massas não aderirem a esse ideal de liberdade. Encarado do ponto de vista 
puramente militar, qualquer oficial, depois de alguma reflexão, reconhecerá que 
uma campanha externa não poderá ser realizada com batalhões de estudantes, e, 
que, além dos cérebros de um povo, também são necessários os seus punhos. Também 
precisa ser considerado que a defesa de uma nação, baseada somente na chamada 
intelectualidade, seria um sacrifício de bens irreparável. A jovem 
intelectualidade alemã dos regimentos de voluntários que, no outono de 1914, 
sucumbiu nas planícies de Flandres, mais tarde fez falta enorme. Era o bem mais 
valioso que a nação possuía, e a sua perda não pôde mais ser suprida durante a 
guerra. Não só a luta é impossível se os batalhões que avançam não têm em suas 
fileiras as massas dos operários, mas também os preparativos técnicos não são 
realizáveis sem a união interna consciente de nosso povo. Justamente o povo 
alemão, que, debaixo das vistas do tratado de Versalhes, vive desarmado, só 
poderá tratar de qualquer preparativo técnico para alcançar a liberdade e a 
independência humana, depois que o exército de espiões internos estiver dizimado 
a ponto de só restarem aqueles cuja falta de caráter lhes permita venderem tudo 
e todos pelos conhecidos trinta dinheiros. Mas com esses pode-se acabar. 
Invencíveis, no entanto, parecem os milhões que se opõem ao levantamento 
nacional por convicções políticas, invencíveis enquanto não se combaterem as 
suas idéias marxistas, arrancando-as de seus corações e de seus 
cérebros.
     Indiferente, portanto, é o ponto de 
vista por que se encara a possibilidade da reconquista de nossa independência, 
tanto do Estado como do povo, se do ponto do preparo da política exterior, do 
ponto técnico do armamento ou mesmo do ponto da luta em si mesma, sempre 
persiste a necessidade de conquista anterior da grande massa do povo para a 
idéia de autonomia nacional. Sem a reconquista da liberdade exterior toda a 
reforma interior significará, no caso mais favorável, a elevação da nossa 
capacidade de produzir renda como colônia. Os saldos de toda chamada melhoria 
econômica serão absorvidos pelos nossos "controleurs" e todo melhoramento social 
elevará a nossa força produtiva em beneficio dos mesmos. Progressos culturais 
não nos serão possíveis, porque são intimamente ligados à independência política 
e dignidade de um povo.
     Se, portanto, a solução 
favorável do futuro alemão está em ligação intima com a conquista nacional da 
grande massa do nosso povo, deve ser esta a mais alta e importante tarefa de um 
movimento, cuja eficiência não se deve esgotar na satisfação de um movimento, 
mas deve submeter toda a sua ação a um exame sobre as conseqüências futuras 
prováveis. Já no ano de 1919, estávamos convencidos de que o novo movimento 
deveria ter por escopo principal a nacionalização das 
massas.
     No sentido tático resulta daí uma série 
de exigências.
     1. - Para conquistar as massas 
para o levante nacional nenhum sacrifício é pesado demais. Quaisquer que sejam 
as concessões econômicas feitas ao operário, nunca estarão em relação ao que 
lucra a nação em geral, quando elas contribuem para restituir ao seu povo 
grandes camadas dele afastadas.
     Só a ignorância 
míope que, lamentavelmente, muitas vezes se encontra entre os nossos 
empregadores, pode deixar de reconhecer que não é possível incremento econômico 
durável para eles e, consequentemente, mais lucros, enquanto não se restabelecer 
a solidariedade interna no seio do próprio povo. Se as fábricas alemãs, durante 
a guerra, tivessem cuidado dos interesses do operariado, sem outras 
considerações, se tivessem, mesmo durante a guerra, exercido pressão, por meio 
de greves, sobre os acionistas famintos de dividendos, se tivessem atendido às 
exigências dos operários, se se tivessem mostrado fanáticas no seu germanismo, 
em tudo que concerne à defesa nacional, se tivessem também dado à pátria o que' 
é da pátria, sem restrição alguma, não se teria perdido a guerra. E teriam sido 
verdadeiramente insignificantes todas as concessões econômicas, diante da 
importância imensa da vitória.
     Assim, um 
movimento que visa a reincorporar o operário alemão à nação alemã, deve 
reconhecer que, neste caso, sacrifícios econômicos não podem ser tomados em 
consideração, enquanto não ameaçarem a conservação e a independência da economia 
nacional.
     2. - A educação nacional das grandes 
massas só pode ser realizada depois de uma elevação social porque, só por meio 
desta, é que se prepara o terreno que produz as predisposições que permitem ao 
indivíduo compartilhar dos bens culturais da 
nação.
     3. - A nacionalização das grandes massas 
nunca se conseguirá por meias medidas, por afirmações tímidas de um chamado 
ponto de vista objetivo, mas sim por uma focalização unilateral e fanática no 
fim almejado. Quer isso dizer que não se pode tornar nacional um povo no sentido 
de nossa hodierna burguesia, isto é, com umas tantas restrições, mas sim 
tornando o "nacionalista" com toda veemência. Veneno só pode ser combatido com 
contraveneno, e só a lassidão de um caráter burguês é que poderá encarar os 
atalhos como conduzindo ,ao reino do céu.
     A 
grande massa do povo não é composta de professores nem de diplomatas. O pouco 
conhecimento abstrato que possui conduz as suas aspirações mais para o mundo do 
sentimento. É lá que ela se coloca para a ação positiva ou negativa. Só é 
apologista de um golpe de força em uma dessas duas direções, mas nunca de 
situações dúbias. Esse sentimento é também a causa de sua persistência 
extraordinária. A fé é mais difícil de abalar do que o saber, o amor é menos 
sujeito a transformação do que a inteligência, o ódio e mais durável que a 
simples antipatia, e a força motriz das grandes evoluções, em todos os tempos, 
não foi o conhecimento científico das grandes massas mas sim um fanatismo 
entusiasmado e, às vezes, uma onda histérica que as impulsionava. Quem quiser 
conquistar as massas deve conhecer a chave que abre as portas do, seu coração. 
Essa chave não se chama objetividade, isto é, debilidade, mas sim vontade e 
força.
     4. - A conquista da alma do povo só é 
realizável quando, ao mesmo tempo que se luta para os próprios fins, se aniquila 
o adversário dos mesmos. O povo, em todos os tempos, encara a agressão impetuosa 
do adversário como uma prova do direito do agressor e considera a abstenção no- 
aniquilamento do outro como um sinal de dúvida do próprio direito, quando não 
como sinal de ausência do mesmo.
     A grande massa 
não passa de uma obra da natureza e o seu sentir não compreende o aperto de mão 
recíproco entre homens que afirmam pretender o contrário. O que ela quer é a 
vitória do mais forte e o aniquilamento do fraco ou a sua rendição 
incondicional.
     A nacionalização de nossa massa 
popular só é realizável quando, na luta positiva para a conquista da alma do 
nosso povo, ao mesmo tempo esmagarmos os seus envenenadores 
internacionais.
     5. - Todas as grandes questões 
atuais são questões de momento e representam apenas as conseqüências de 
determinadas causas. Importância capital, porém, tem uma só entre todas elas: a 
questão da conservação racial do povo. O sangue somente é a base tanto da força 
como da fraqueza do homem. Povos que não reconhecem e consideram a importância 
dos seus alicerces raciais, assemelham-se a homens que quisessem ensinar a 
cachorros "lulu" as qualidades características de cachorros galgos, sem 
compreenderem que a ligeireza do galgo e a inteligência do "Pudel" não são 
qualidades adquiridas pelo ensino mas sim qualidades inatas da raça. Povos que 
se descuidam da conservação da pureza de sua raça, abrem mão também da unidade 
de sua alma, em todas as suas manifestações. O enfraquecimento de seu ser é a 
conseqüência lógica do "enfraquecimento" do seu sangue e a modificação de sua 
força criadora e espiritual é o efeito da transformação de suas bases 
raciais.
     Quem quiser libertar o povo alemão de 
seus vícios de hoje, das manifestações estranhas à sua natureza, precisa 
livrá-lo do causador desses vícios e dessas 
manifestações.
     Sem o mais claro conhecimento do 
problema racial e do problema dos judeus, não se poderá verificar um 
reerguimento do povo alemão.
     A questão das 
raças fornece não só a chave para compreensão da historia universal mas também 
para a da cultura humana em geral.
     6. - O 
enfileiramento da grande massa popular (que hoje faz parte de uma massa 
internacional) em uma comunidade popular nacionalista, não significa uma 
abdicação da representação de interesses legítimos de 
classes.
     Interesses antagônicos de classes e 
profissões não são idênticos a divisões de classes, porque são conseqüências 
lógicas da nossa vida econômica de hoje. O agrupamento profissional não se opõe 
de forma alguma a uma verdadeira coletividade popular, consistindo essa na união 
do espírito nacional em todas as questões que lhe interessam 
propriamente.
     A incorporação de uma classe à 
coletividade da nação não se efetua com o rebaixamento de classes superiores e 
sim com a ascensão das inferiores. O expoente desse fenômeno nunca poderá ser a 
classe superior mas sim a inferior, que luta pela equiparação de seus direitos. 
Não foi por iniciativa dos nobres que os cidadãos de hoje foram incorporados ao 
Estado e sim por sua própria energia debaixo de uma direção 
autônoma.
     Não é através de cenas piegas de 
confraternização que o operário alemão será elevado a figurar no quadro da 
comunhão nacional e sim por uma elevação consciente de sua posição cultural e 
social, até que se possam considerar vencidas as diferenças mais importantes que 
o separam das outras classes. Um movimento visando semelhante evolução terá que 
procurar seus adeptos, em primeiro lugar, nos acampamentos operários. Só se 
deverá recorrer aos intelectuais, na medida em que estes já tiverem percebido 
plenamente o alvo aspirado. Este processo de transformação e aproximação não 
estará terminado em dez ou vinte anos, provado, como está, que se prolongará por 
muitas gerações.
     O empecilho maior para a 
aproximação entre o operário de hoje e a coletividade nacional não reside na 
representação de interesses - conforme cada posição social - porém, ao 
contrário, na sua conduta e atitude internacionalistas, hostis ao povo e à 
Pátria. As mesmas corporações dirigidas nas suas aspirações políticas e 
populares por um nacionalismo fanático, fariam de milhares de operários 
preciosíssimos membros da sua organização nacional, sem levar em conta lutas 
isoladas de interesse puramente econômico.
     Um 
movimento visando à restituição honesta do operário alemão ao seu povo, querendo 
arrancá-lo à loucura internacionalista, precisa opor uma resistência de aço, 
antes de tudo, à convicção que domina as empresas industriais. Aí se entende por 
(comunhão popular" a rendição econômica, sem resistência, do trabalhador ao 
patrão, enxergando se um ataque à coletividade em cada tentativa de preservação 
dos interesses econômicos, nos quais o trabalhador tem os mesmos direitos. 
Representar esta idéia eqüivale a ser o expoente de uma mentira consciente: a 
coletividade impõe suas obrigações tanto a um lado como ao 
outro.
     Com a mesma certeza que um trabalhador 
prejudica o espírito de uma verdadeira coletividade popular, quando, apoiado na 
sua força, faz exigências desmedidas, da mesma forma, um patrão trai essa 
comunidade. se, por uma direção desumana e exploradora, abusar da energia de seu 
empregado no trabalho, ganhando milhões, como um usurário, à custa do suor 
daquele.
     Então, perde ele o direito de se 
considerar um membro da nação, de falar em uma coletividade nacional, não 
passando de um egoísta que, pela introdução da desarmonia social, provoca lutas 
futuras. que de uma maneira ou de outra têm que ser perniciosas à 
Pátria.
     A fonte de reserva, na qual o movimento 
incipiente tem de conquistar seus adeptos, será, em primeiro lugar, a massa dos 
nossos operários. Esta é que nos cumpre, a todo preço, arrancar à mania 
internacional, salvar da miséria social, levantar da crise cultural, para 
integrá-la na comunhão geral e, como um- fator bem distinto, precioso, desejando 
agir conforme o sentimento e espírito 
nacionais.
     Se se acharem, nos círculos da 
inteligência nacional, indivíduos com o coração vibrando pelo povo e pelo seu 
futuro, conhecendo profundamente a importância da luta pela alma dessa multidão, 
que sejam benvindos nas fileiras deste movimento, como coluna vertebral do mais 
alto valor.
     A finalidade desse movimento não 
deve consistir na conquista do rebanho eleitoral. Nessa hipótese adquiriria uma 
sobrecarga que tornaria impossível a conquista das grandes massas 
populares.
     Nosso objetivo não é selecionar 
elementos no campo nacionalista mas conquistar elementos entre os 
antinacionalistas. Esse princípio é absolutamente necessário para a direção 
tática do movimento.
     7. - Essa consistente e 
clara atitude deve ser expressa na propaganda da nossa causa, por exigências da 
própria propaganda.
     Para que uma propaganda 
seja eficiente é preciso que ela tenha um objetivo definido e que se dirija a um 
determinado grupo. Ao contrário, ela ou não será entendida por um grupo ou será 
julgada pelo outro tão compreensível por si mesma que se torna desinteressante. 
Até a forma da expressão, o tom, não pode atuar da mesma maneira em camadas 
populares de níveis intelectuais diferentes. Se a propaganda não se inspirar 
nesses princípios, nunca atingirá as massas. Entre cem oradores, dificilmente se 
encontrarão dez em condições de, em um dia, conseguir sucesso ante um auditório 
de varredores de ruas, ferreiros, limpadores de esgotos etc., e, no dia 
seguinte, diante de espectadores compostos de estudantes e professores, obter o 
mesmo êxito em uma conferência de fundo 
intelectual.
     Entre mil oradores talvez só se 
encontre um capaz de, diante de um auditório de serralheiros e professores de 
universidade, conseguir expressões que não só correspondam à capacidade de 
apreensão de ambas as partes como provoquem os seus mais entusiásticos aplausos. 
Não se deve perder de vista também que as mais belas idéias de uma doutrina, na 
maior parte dos casos, só se propagam por intermédio dos espíritos inferiores. 
Não se deve considerar o que tem em mente o genial criador de uma idéia, mas em 
que forma e com que êxito o defensor dessa idéia a comunicará às grandes 
massas.
     A grande eficiência da Social 
Democracia, do movimento marxista, sobretudo, consiste, em grande parte, na 
homogeneidade do público a que se dirige. Quanto mais estreitas e limitadas eram 
as idéias propagadas, tanto mais facilmente eram aceitas pelas massas, a cujo 
nível intelectual correspondiam 
perfeitamente.
     Disso resulta para o novo 
movimento uma conduta clara e simples. A propaganda, tanto pelas suas idéias 
como pela forma, deve ser organizada para alcançai- as grandes massas populares 
e a sua justeza só pode ser avaliada pelo êxito na prática. Em um grande comício 
popular, o orador mais eficiente não é o que mais se aproxima dos elementos 
intelectuais do auditório mas o que consegue conquistar o coração da 
maioria.
     O intelectual que, presente a uma 
reunião, apesar da evidente atuação do orador sobre as camadas inferiores, 
critica o discurso, sob o ponto de vista intelectual, dá demonstração da sua 
incapacidade e da sua ineficiência para o novo movimento. Para a causa só serão 
úteis os intelectuais que já tenham apreendido muito bem a finalidade da mesma e 
estejam em condições de avaliar a eficiência da propaganda pelo êxito da mesma 
sobre o povo e não pela impressão que produz sobre o espirito deles. A 
propaganda não deve visar pessoas que já formam entre os nacionais-socialistas 
mas, sim, conquistar os inimigos do nacionalismo, desde que sejam da nossa 
raça.
     Para o novo movimento devem-se adotar, no 
esclarecimento do espirito do povo, as mesmas idéias de que eu já tinha feito 
uma síntese na propaganda da Guerra. Que essas idéias eram justas provou-o o 
êxito das mesmas.
     8. - O objetivo de um 
movimento de renovação política nunca será atingido por meio de propaganda 
puramente intelectual ou por influência sobre os dominadores do momento, mas sim 
pela conquista do poder político. Os que se batem por uma idéia que se destina a 
modificar o mundo não só têm o direito mas o dever de recorrer aos meios que 
facilitem a sua realização. O êxito é o único juiz sobre a justeza de um tal 
movimento inicial. Esse êxito não deve ser compreendido apenas como a conquista 
do poder, como aconteceu em 1918, pois um golpe de estado não pode ser visto 
como bem sucedido somente porque os revolucionários conseguiram tomar posse da 
administração pública, como se pensa nos meios oficiais da Alemanha, mas sim 
quando seus objetivos trazem mais vantagens ao povo do que as existentes no 
regime precedente. Esse não é o caso da "Revolução Alemã" de 1918, como se 
costuma denominar esse golpe de banditismo.
     Se 
a conquista do poder é a condição preliminar para a realização de reformas 
políticas, um movimento com finalidade renovadora deve, desde os primeiros dias 
de sua existência, considerar-se como um movimento realmente popular e não um 
clube literário ou um clube esportivo de 
burgueses.
     9. - O novo movimento é, na sua 
essência e na sua organização, antiparlamentarista, isto é, rejeita, em 
princípio, toda teoria baseada na maioria de votos, que implique na idéia de que 
o líder do movimento degrada-se à posição de cumprir as ordens dos outros. Nas 
pequenas coisas como nas grandes, o movimento baseia-se no princípio da 
indiscutível autoridade do chefe, combinada a uma responsabilidade 
integral.
     As conseqüências práticas desse 
princípio fundamental são as seguintes: 
     O 
primeiro chefe de um grupo local é investido nas suas funções pelo que lhe está 
imediatamente superior e assume a responsabilidade da sua direção. Todas as 
comissões dependem dele e não ele das comissões. Não há comissões com voto, mas 
comissões com deveres. O trabalho é distribuído pelo líder responsável, isto é, 
o primeiro chefe ou presidente do grupo. O mesmo critério deve ser adotado nas 
organizações maiores. O chefe é sempre indicado pelo seu superior e investido de 
toda a responsabilidade. Só o chefe do partido é que, por exigência de uma 
direção única, é escolhido pela assembléia geral de todos os correligionários. 
Todas as comissões dependem exclusivamente dele e não ele das comissões. Assume 
a responsabilidade de tudo. Os adeptos do movimento têm sempre, porém, a 
liberdade de chamá-lo à responsabilidade, e, por uma nova escolha, destituí-lo 
do cargo, desde que ele tenha abandonado os princípios fundamentais da causa ou 
tenha servido mal aos seus interesses.
     Uma das 
principais tarefas do movimento é tornar esse princípio decisivo, não só dentro 
das próprias fileiras do partido como na organização do 
Estado.
     Quem se propuser a ser chefe terá a 
mais ilimitada autoridade, ao lado da mais absoluta responsabilidade. Quem não 
for capaz disso ou for covarde demais para não arcar com as conseqüências de 
seus atos, não serve para chefe. Só o herói está em condições de assumir esse 
posto.
     O progresso e a cultura da humanidade 
não são produto da maioria mas dependem da genialidade e da capacidade de ação 
dos indivíduos.
     Cultivar a personalidade, 
investi-la nos seus direitos, é a condição essencial para a reconquista das 
grandezas e do poder da nossa raça.
     Por isso o 
movimento é antiparlamentarista. A sua participação em uma tal instituição só 
pode ter o objetivo de destruir o parlamento, que deve ser visto como um dos 
mais graves sintomas da decadência da 
humanidade.
     l0. - O movimento evita tomar 
posição em todo e qualquer problema fora do campo de sua atividade política ou 
que para a mesma não seja de importância fundamental. A sua missão não é a de 
uma reforma religiosa mas a da reorganização política do nosso povo. Vê em ambas 
as religiões um valioso esteio para a existência da nação, e, por isso, combate 
os partidos que pretendam transformar essa base moral e espiritual do povo em 
instrumento dos seus interesses.
     Finalmente, o 
nosso partido não tem por finalidade manter ou restaurar ou combater essa ou 
aquela forma de governo, mas criar os princípios fundamentais, sem os quais nem 
a República nem a Monarquia podem existir durante muito tempo. Sua missão não 
consiste em fundar uma Monarquia ou estabelecer uma República, mas em criar um 
Estado germânico.
     A questão da forma exterior 
desse novo Estado não é de importância fundamental, o que importa é a finalidade 
prática.
     Um povo que compreendeu os seus 
grandes problemas e sua missão nunca será arrastado à luta por formas de 
governo.
     11. - O problema da organização 
interna do movimento não é uma questão de princípios mas de finalidade. A melhor 
organização é a que entre a direção do movimento e os seus adeptos possua o 
menor número de mediadores, pois a finalidade da organização é comunicar uma 
idéia definida - que sempre se origina no cérebro de um único indivíduo - e 
trabalhar por vê-la transformada em 
realidade.
     A organização é apenas um mal 
necessário. Na melhor hipótese, é um meio para um fim, na pior hipótese um fim 
em si. Como o mundo é composto mais de naturezas mecânicas do que de idealistas, 
a forma da organização é mais facilmente percebida do que a 
idéia.
     A marcha de cada um na realização de 
idéias novas, sobretudo entre os reformadores, é, em traços gerais, a 
seguinte:
     Todas as idéias geniais partem do 
cérebro dos indivíduos que se sentem destinados a comunicar os seus pensamentos 
ao resto da humanidade. Ele faz a sua pregação e conquista, pouco a pouco, um 
certo círculo de adeptos. Essa transmissão direta e pessoal das idéias de um 
indivíduo aos seus semelhantes é a melhor e a mais natural. A proporção que 
aumenta o número dos adeptos da nova doutrina, torna-se impossível ao portador 
da nova idéia continuar a exercer influência direta sobre os inúmeros 
correligionários e guiá-los pessoalmente.
     A 
medida que cresce a coletividade e a ação direta torna-se impossível, surge a 
necessidade de uma organização. Termina a situação ideal primitiva e começa a 
organização como um mal necessário. Formam-se os pequenos grupos que no 
movimento político constituem, como grupos locais, a célula mater da 
organização. Essa organização primitiva deve sempre se realizar, a fim de que se 
conserve a unidade da doutrina e para que a autoridade do fundador especial da 
mesma seja por todos reconhecida. É da mais alta importância geopolítica a 
existência de um núcleo central, de uma espécie de Meca do 
movimento.
     Na organização dos primeiros 
núcleos, nunca se deve perder de vista que ao núcleo primitivo de onde saiu a 
idéia deve ser dada a maior importância. A proporção que inúmeros outros núcleos 
se forem entrelaçando, deve aumentar também o apreço ao lugar que, do aspecto 
moral, intelectual e prático, representa o ponto de partida do movimento e a sua 
cabeça. Tão fácil é manter a autoridade do núcleo central em face dos outros 
grupos locais como difícil é protegê-la contra as mais altas organizações que se 
vão formando. No entanto, a conservação dessa autoridade é condição sine qua non 
para a consistência de um movimento e para a realização de uma idéia. Quando, 
por fim, esses grandes centros se ligam a novas formas de organização, aumenta a 
dificuldade de assegurar o absoluto caráter de chefia ao lugar da fundação do 
movimento. Assim só se devem formar núcleos de organização quando se pode 
conservar a autoridade intelectual e moral do núcleo central. Assim sendo, a 
organização interna do movimento deve obedecer às seguintes linhas 
gerais:
     a) Concentração de todo o trabalho em 
um lugar só, que será Munique. Deve-se criar um estado maior de adeptos de 
indiscutível confiança, a fim de serem treinados, e fundar uma escola para a 
propaganda posterior da idéia. É preciso que nesse centro se adquira a 
indispensável autoridade para agir com eficiência no 
futuro.
     Para tornar a nova causa e seus líderes 
conhecidos é necessário não somente destruir a crença na invencibilidade do 
marxismo como demonstrar a possibilidade, a viabilidade de um movimento que lhe 
seja contrário.
     b) Os grupos locais só serão 
criados depois que a autoridade da direção central de Munique for por todos 
absolutamente reconhecida.
     e) A criação de 
círculos, distritos, ligas, etc., não surge somente da necessidade da sua 
existência mas da absoluta segurança de que reconhecem a autoridade do núcleo 
central. Mais ainda, a formação de outros grupos depende dos indivíduos tidos 
como líderes no momento.
     Há dois caminhos a 
seguir:
     a) O movimento arranja os meios 
financeiros para aperfeiçoar os cérebros capazes de assumir a futura liderança. 
.O material adquirido deve ser disposto dentro de um certo plano, de acordo com 
os pontos de vista táticos e com a finalidade da 
causa.
     Esse caminho é o mais fácil e o mais 
rápido. Exige, porém, grandes somas de dinheiro, pois esses líderes só a soldo 
poderão trabalhar pelo 
movimento.
     b)     O 
movimento, em conseqüência da falta de recursos financeiros, não está em 
condições de se utilizar de guias pagos, tem que recorrer à atividade de 
funcionários gratuitos. Esse caminho é o mais lento e o mais difícil. A direção 
do movimento deve, caso convenha, paralisar a atuação em determinados grandes 
setores, até que, entre os adeptos da causa, surja uma cabeça capaz de se pôr à 
testa da chefia e organizar e dirigir o movimento nesses 
locais.
     Pode acontecer que não se encontre em 
certas regiões ninguém em situação de poder assumir a chefia e que, em outras, 
duas ou três pessoas estejam em condições mais ou menos idênticas quanto à 
capacidade. São grandes as dificuldades para a evolução do movimento em tal 
situação e, só depois de anos, podem elas ser 
vencidas.
     Em qualquer hipótese, a condição 
indispensável na organização é a existência de indivíduos capazes para a 
direção. Para a causa é preferível que se deixe de organizar um grupo local a 
que se corra o risco de um insucesso, por falta de um guia 
eficiente.
     Para a liderança não se exige 
somente boa vontade, mas também capacidade, que depende mais da energia do que 
de pura genialidade.- A combinação da capacidade, do poder de resolução e da 
persistência, constitui o ideal.
     12. - O futuro 
do movimento depende do fanatismo, mesmo da intolerância, com a qual seus 
adeptos o defenderem como a única causa justa e defenderem-na em oposição a 
quaisquer outros esquemas de caráter 
semelhante.
     É um grande erro pensar que o 
movimento se torna mais forte quando se liga a outros, mesmo que possam ter fins 
parecidos.
     Todo aumento de extensão realizado 
por essa maneira traz, é verdade, um maior desenvolvimento - externo, o que faz 
com que o observador superficial pense tratar-se de um aumento de força. Na 
realidade, porém. a causa apenas recebe o germe de fraqueza que se fará sentir 
mais tarde.
     Por mais que se fale da identidade 
de dois movimentos, essa identidade nunca existe. Ao contrário, não haveria dois 
movimentos, mas apenas um. Pouco importa saber onde estão as divergências. 
Fossem elas apenas fundadas na capacidade dos líderes não deixariam por Isso de 
existir.
     A lei natural de toda evolução não 
permite a união de dois movimentos diferentes, mas assegura sempre a vitória do 
mais forte e a criação do poder e da força do vitorioso, o que só se pode 
conseguir por meio de uma luta 
incondicional.
     Pode ser que a união de duas 
concepções partidárias, em dado momento, ofereça vantagens. Com o tempo, porém, 
o êxito assim conseguido é sempre uma causa de 
fraqueza.
     A um movimento é de vantagem apenas 
combater por uma vitória que não seja um acesso momentâneo, mas um êxito de 
efeitos duradouros, obtido depois de uma luta incondicional, capaz de maiores 
desenvolvimentos posteriores. 
     Movimentos que 
devem seu progresso a ligações com outros de concepções parecidas, dão a 
impressão de plantas de estufa. Eles crescem, mas falta-lhes a força para, 
durante séculos, resistir às grandes tempestades. A grandeza de toda organização 
ativa que corporifique uma idéia está no fanatismo religioso e na intolerância 
com que agride todas as outras, convencidos os seus adeptos de que só eles estão 
com a razão. Se uma idéia em si é justa e dispõe dessas forças resistirá a todas 
as lutas, será invencível. A perseguição que contra a mesma se possa mover 
apenas aumentará sua força intrínseca.
     A 
grandeza do Cristianismo não está em qualquer tentativa para reconciliar-se com 
as opiniões semelhantes da filosofia dos antigos, mas na inexorável e fanática 
proclamação e defesa das suas próprias 
doutrinas.
     13. - O movimento tem que educar os 
seus adeptos de tal maneira que, na luta, vejam a necessidade do emprego dos 
maiores esforços. Não devem temer a Inimizade do adversário, mas considerá-la 
como condição essencial para a sua própria existência. Não se devem atemorizar 
pelo ódio dos inimigos da nação mas sim desejá-lo do mais intimo da alma. Na 
manifestação externa desse ódio, só há mentira e 
calúnia.
     Quem não é atacado nos jornais judeus, 
por eles caluniado e difamado, não é um alemão Independente, não é um verdadeiro 
Nacional Socialista. O melhor critério para se avaliar dos seus sentimentos, da 
sinceridade de suas convicções e da 'sua força de vontade, é a inimizade contra 
os mesmos evidenciada pelos inimigos do povo 
alemão.
     Os adeptos do movimento e, em sentido 
mais lato, todo o povo, devem ficar convencidos de que, nos seus jornais, o 
judeu mente sempre e que uma ou outra verdade é apenas o disfarce de uma 
falsidade e por isso sempre uma mentira.
     O 
Judeu é o maior mestre da mentira e a mentira e a fraude são as únicas armas da 
sua luta.
     Cada calúnia, cada mentira dos Judeus 
contra um de nós, deve ser vista como uma cicatriz 
honrosa.
     Quanto mais eles nos difamarem, mais 
nos aproximaremos uns dos outros. Os que nos votam ódio mais mortal são 
justamente os nossos melhores amigos.
     Quem, 
pela manhã, ler um jornal judeu e não tiver sido pelo mesmo difamado, não 
aproveitou bem o seu dia, pois se o tivesse, teria sido pelo judeu perseguido, 
caluniado, insultado, enxovalhado.
     Só os que 
enfrentam de maneira eficiente esse inimigo mortal do nosso povo e da 
civilização ariana devem esperar a calúnia dessa raça e ver dirigida contra si a 
luta desse povo.
     Se essas idéias fundamentais 
forem totalmente assimiladas pelos nossos correligionários, então o movimento 
será inabalável, invencível.
     14. - O nosso 
movimento deve usar de todos os meios para incutir o respeito pelas 
personalidades. Não deve perder de vista que todos os valores humanos residem no 
indivíduo, que todas as idéias, todas as realizações, são o resultado do poder 
criador de um homem e que a admiração pela grandeza não é simplesmente uma 
homenagem prestada mas também um pacto de união entre os que lhe são gratos. Não 
há substituto para a personalidade, sobretudo quando essa personalidade não é 
mecânica mas corporifica um elemento criador da 
cultura.
     Assim como um célebre artista não pode 
ser substituído e nenhum outro acerta concluir um quadro já quase pronto, o 
mesmo acontece com os grandes poetas e pensadores, os grandes estadistas e os 
grandes generais. A sua atividade não é formada mecanicamente, mas é um dom da 
graça de Deus.
     As grandes revoluções, as 
grandes conquistas desta terra, suas grandes produções culturais, as obras 
imorredouras no terreno da política etc., estão sempre ligadas a um nome e serão 
por ele representadas. A falta de reconhecimento do valor excepcional de um 
desses espíritos significa a perda de uma força 
imensa.
     Melhor do que ninguém sabe disso o 
judeu. Ele que só é grande na destruição da humanidade e da sua cultura, tem a 
maior admiração pelos seus próprios valores. No entretanto, o respeito dos povos 
pelos seus grandes espíritos ele tenta apontar como coisa indigna e é 
considerado como "culto pessoal".
     Quando um 
povo é bastante covarde para se deixar vencer por essa insolência e descaramento 
dos judeus, renuncia à mais poderosa força que possui, pois essa força não 
consiste no respeito às massas mas na veneração pelos 
gênios.
     Nos primeiros dias do nosso movimento, 
a nossa maior fraqueza foi a insignificância dos nossos nomes e a circunstância 
de sermos desconhecidos. Só esse fato tornou problemático o nosso 
êxito.
     O mais difícil, nesses primeiros tempos, 
em que apenas seis, sete ou oito pessoas se reuniam para ouvir o discurso de um 
orador, era despertar, nesses pequenos círculos, a confiança no grande futuro do 
movimento e em mantê-lo.
     Pense-se em que seis 
ou sete homens, inteiramente desconhecidos, simples pobres diabos, se reuniam 
com a intenção de criar um movimento destinado a vencer de futuro, - o que até 
então tinha sido impossível aos grandes partidos - e de reerguer a nação alemã 
ao seu mais alto poder e esplendor!
     Se, 
naqueles tempos, nos tivessem prendido ou rido de nós, nós nos sentiríamos 
felizes da mesma maneira, pois o que mais nos entristecia, naquele momento, era 
o passarmos despercebidos. Era isso o que mais me fazia 
sofrer.
     Quando me incorporei a essa meia dúzia 
de homens, não se podia falar ainda nem em um partido nem em um movimento. Já 
descrevi as minhas impressões a respeito do primeiro encontro com essa pequena 
organização.
     Nas semanas que se sucederam a 
esse início tive oportunidade de pensar na aparente impossibilidade desse novo 
partido. O quadro que se deparava aos meus olhos era de entristecer. Não 
existia, nesse sentido, nada, absolutamente 
nada.
     O público nada sabia a nosso respeito. Em 
Munique, não se conhecia o partido nem de nome, afora a sua meia dúzia de 
adeptos e as poucas pessoas de suas 
relações.
     Todas as quartas-feiras se realizava, 
no München Café, uma reunião da comissão e, uma vez por semana, havia 
conferência à noite. Como todos os membros do "Movimento" estavam representados 
apenas pela comissão, as pessoas eram naturalmente sempre as mesmas. Era, por 
isso, essencial que se alargasse o pequeno circulo e se conseguissem novos 
adeptos, mas, antes de tudo, fazer com que o nome do movimento se tornasse 
conhecido.
     Servimo-nos da seguinte 
técnica:
     Tentamos realizar um comício todos os 
meses, e, mais tarde, todas as quinzenas. Os convites para os mesmos eram em 
parte datilografados e em parte escritos a mão. Cada um se esforçava por 
conseguir, no circulo de suas relações, visitas a essas sessões 
preparatórias.
     O êxito era dos mais 
lamentáveis.
     Lembro-me ainda como, naqueles 
primeiros tempos, depois de ter distribuído o 80.° convite, esperava, à noite, a 
grande massa popular, que deveria assistir a reunião Depois de adiar por uma 
hora a reunião, o presidente era obrigado a iniciar a "sessão". Éramos de novo 
os sete, sempre os mesmos sete.
     Passamos a 
copiar na máquina os convites em uma casa de utensílios de escritório e 
tirávamos inúmeras cópias. O resultado foi obtermos maior auditório na próxima 
reunião. O número subiu lentamente de onze para treze, finalmente para 
dezessete, vinte e três, e vinte e 
quatro.
     Pobres diabos, subscrevíamos pequenas 
importâncias entre os nossos conhecidos, com o que conseguimos anunciar um 
comício no "Münchener Beobachter" que era, então, independente. O sucesso dessa 
vez foi espantoso Tínhamos aprazado a reunião para o Hofbräuh, auskeller. de 
Munique, pequena sala que apenas poderia comportar cento e trinta pessoas. O 
espaço deu-me, pessoalmente, a impressão de um vasto salão e cada um de nós 
estava ansioso por ver se conseguiríamos, na hora marcada, encher este "vasto" 
edifício. As sete horas, com a presença de cento e onze pessoas, começou o 
comício. Um professor de Munique deveria fazer o primeiro discurso. Eu falaria 
em segundo lugar.
     Falei trinta minutos e aquilo 
que, antes, sem o saber, havia sentido intuitivamente, estava provado: eu sabia 
discursar. Depois de trinta minutos, o auditório estava eletrizado e o 
entusiasmo foi tal que meu apelo a uma contribuição dos presentes rendeu a soma 
de trezentos marcos. Isso nos libertou de uma grande preocupação. A situação 
financeira era tão precária que não tínhamos nem recursos para mandar imprimir 
as linhas gerais do programa ou mesmo boletins. Afinal tínhamos conseguido uma 
base para fazer face às despesas mais indispensáveis e mais 
urgentes.
     Sob outro aspecto, o êxito dessa 
primeira grande reunião era muito 
significativo.
     Comecei a atrair um grande 
número de forças novas. Durante meus longos anos de serviço militar, conheci 
muitos camaradas fiéis que começavam, aos poucos, a entrar no movimento, em 
conseqüência de minha propaganda. Eram jovens de grande eficiência, habituados à 
disciplina e educados, desde o tempo do serviço militar, na convicção de que a 
quem quer nada é impossível.
     De como era 
necessária uma tal afluência de sangue novo pude reconhecer poucas semanas 
depois.
     O então presidente do Partido, Herr 
Barrer, era, por profissão e por treino, um jornalista. Como chefe do Partido, 
tinha, porém, uma grande fraqueza: não era orador para as massas. Por mais 
consciencioso que fosse no seu trabalho, talvez por falta daquela qualidade, 
faltava-lhe o poder de arrastar o povo. Herr Drexler, outrora presidente do 
grupo local de Munique, era um simples operário, não valia grande coisa como 
orador, e, sobretudo, não tinha qualidades de soldado. Nunca servira na Guerra, 
de modo que, além de ser naturalmente fraco e Indeciso, nunca tinha passado pela 
única escola que transforma, em verdadeiros homens, espíritos fracos e 
indecisos. Nenhum deles possuía qualidades não só para inspirar a fé 
entusiástica na vitória de uma causa como para, por uma inabalável força de 
vontade, sem contemplações e pelos meios mais violentos, vencer a resistência 
oposta à vitória de uma idéia nova. Para esse objetivo servem apenas os homens 
que possuem aquelas virtudes físicas e intelectuais do 
militar.
     Naquele tempo, eu ainda era soldado. 
Minha aparência exterior, meu caráter, se tinham formado de tal modo durante 
quase dois anos que, naquele meio, devia sentir-me como um estranho. Tinha-me 
esquecido de expressões como estas: Isso não pode ser; isso não se realizará; 
isso não se deve arriscar; isso é demasiado perigoso, 
etc.
     De fato, a coisa era perigosa. Em 1920, 
era impossível, em muitas regiões da Alemanha, aventurar-se alguém a dirigir um 
apelo às massas populares para uma assembléia nacionalista e convidá-las 
publicamente para uma visita. Os que participavam dessas reuniões quebravam-se 
as cabeças mutuamente. As chamadas grandes reuniões coletivas burguesas eram 
debandadas por uma dúzia de comunistas, como aconteceria com lebres em face de 
cães.
     Os comunistas não davam importância a 
esses clubes burgueses inofensivos, que não ofereciam o menor perigo, e que eles 
conheciam melhor do que a seus próprios adeptos. Estavam, porém, resolvidos a 
liquidar, por todos os meios ao seu alcance, um movimento novo que lhes parecia 
perigoso. E o meio mais eficiente, em tais casos, sempre foi o terror, o emprego 
da força. Mais do que qualquer outro grupo, os marxistas, ludibriadores da 
nação, deveriam odiar um movimento cujo escopo declarado era conquistar as 
massas que até então tinham estado a serviço dos partidos marxistas dos judeus 
internacionais. Só o titulo "Partido dos Trabalhadores Alemães" já era capaz de 
irritá-los. Assim não era difícil prever que, na primeira oportunidade 
favorável, surgiria uma definição de atitudes em relação aos agitadores 
marxistas ainda ébrios com a vitória.
     No 
pequeno âmbito do movimento de outrora, ainda se sentia um certo receio ante uma 
tal luta. Evitava-se, pelo menos, uma oportunidade pública, com medo de ser-se 
batido. Via-se nisso uma mácula para a primeira grande reunião e que o movimento 
assim seria sufocado no início. O meu modo de ver era diferente. Pensava que não 
se devia evitar a luta, mas, ao contrário, ir a seu encontro e tomar as únicas 
precauções garantidoras contra o emprego da força. Não se combate o terror com 
armas intelectuais, mas com o próprio terror. O êxito da primeira assembléia 
fortaleceu no meu espírito esse ponto de vista. Adquirimos coragem para uma 
segunda, já de proporções mais vastas.
     Mais ou 
menos em outubro de 1919, realizou-se, na Eberlbraukeller, a segunda grande 
reunião. O tema foi Brest-Litowsky e Versalhes, os dois tratados). 
Apresentaram-se quatro oradores. Eu falei quase uma hora e o êxito foi maior do 
que da primeira reunião. O número de convites tinha subido a mais de cento e 
trinta. Uma tentativa de perturbação foi abafada de início por meus camaradas, 
os responsáveis pela perturbação fugiram de escadas abaixo, com as cabeças 
machucadas. Quatorze dias depois realizou-se uma reunião maior, na mesma sala. O 
número de ouvintes tinha ultrapassado cento e setenta - uma casa cheia. Falei de 
novo e o sucesso foi ainda maior do que da outra 
vez.
     Procurei conseguir uma sala maior. Por fim 
encontramos uma em condições, do outro lado - da cidade, no Deutschen Reich, na 
Dachauer Strasse. A freqüência da primeira reunião nessa sala foi menor do que a 
anterior, apenas cento e quarenta pessoas.
     As 
esperanças começaram a se arrefecer e os eternos céticos acreditavam que a causa 
da pequena freqüência devia ser vista na repetição constante de nossas 
afirmações. Havia fortes divergências, sendo que eu defendia o ponto de vista 
segundo o qual uma cidade de setecentos mil habitantes deveria comportar não um 
comício de quinzena em quinzena mas dez por semana, a fim de que, por força de 
repetir, não houvesse engano sobre o caminho certo que se havia tomado e que 
mais cedo ou mais tarde, com incrível constância, haveria de levar ao sucesso. 
Durante todo o inverno de 1919 1920, nossa principal luta foi no sentido de 
fortalecer a fé na força conquistadora do novo movimento e elevá-la às alturas 
do fanatismo capaz de abalar as montanhas.
     O 
próximo comício do Deutschen Reich de novo provou que eu tinha razão. O 
auditório compunha-se de mais de duzentas pessoas e nosso sucesso foi brilhante, 
tanto no que diz respeito ao público como sob o ponto de vista 
financeiro.
     Tomei providências imediatas para 
mais vastas reuniões. Apenas quatorze dias depois, realizava-se um novo comício 
e a multidão subia a mais de duzentos e setenta 
indivíduos.
     Nesse tempo, conseguimos dar 
organização interna ao movimento. Muitas vezes, no pequeno círculo em que 
agíamos, havia divergências mais ou menos fortes. De vários lados, como acontece 
ainda hoje, o novo movimento foi acusado de ser um 
partido.
     Em tal concepção, eu via sempre a 
prova de incapacidade prática e de estreiteza de espírito. Trata-se de homens 
que não sabem distinguir a realidade no meio das aparências e que procuram 
avaliar a importância de um movimento pelas denominações 
pomposas.
     Difícil era, então, fazer compreender 
ao povo que todo movimento, enquanto não tiver atingido a vitória de suas idéias 
e a finalidade, é um Partido, qualquer que seja a denominação que se lhe 
dê.
     Quem quer que possua uma idéia ousada, cuja 
realização pareça útil ao interesses de seu próximo e deseje transformá-la em 
realidade prática, o primeiro passo a dar é conquistar adeptos que estejam 
dispostos a levar avante os seus desígnios. Enquanto esses desígnios se 
limitarem a anular os partidos existentes no momento, a ultimar a sua 
dissolução, os representantes das novas idéias, os seus pregadores, formarão 
sempre um Partido, até que o objetivo seja 
alcançado.
     É puro jogo de palavras, mera 
dissimulação, a tentativa de qualquer teórico popular, cujo êxito na prática 
está sempre em relação inversa à sua sabedoria, de imaginar possível que um 
movimento ainda com o caráter de partido se transforme apenas pela mudança de 
nome.
     Quando se trata de um movimento 
impopular, sua propaganda é sempre feita sobretudo com expressões alemães 
antigas que não só não são aplicadas hoje como não traduzem pensamentos em forma 
precisa. E, além disso, podem concorrer para que se aprecie a Importância de um 
movimento pelo vocabulário que emprega. Isso é um desatino que se pode observar 
hoje, em um sem número de vezes.
     O novo 
movimento devia e deve precaver-se contra a invasão, por parte de homens, cuja 
única recomendação consiste, na maior parte das vezes, no fato de, durante 
trinta ou quarenta anos, se terem batido pela mesma idéia. Quem, porém, durante 
todo esse tempo, se bate por uma idéia, sem conseguir o menor êxito, sem mesmo 
ter evitado as idéias contrárias, dá uma prova evidente da sua incapacidade. O 
mais perigoso é que esses indivíduos não querem entrar no movimento como 
quaisquer outros adeptos mas intrometem-se na direção do mesmo, na qual 
pretendem posições de destaque, atendendo a sua atividade no passado. Ai do novo 
movimento que lhes cai nas mãos! Nenhuma recomendação é para um homem de 
negócios ter empregado, durante quarenta anos, a sua atividade em determinado 
ramo, para, no fim desse prazo. arrastar a sua firma à falência. Ninguém nisso 
veria credenciais para confiar-lhe a direção de outra firma. O mesmo acontece 
com esses Matusaléns populares que. depois de, no mesmo prazo, haverem 
fossilizado uma grande idéia, ainda pensam em dirigir um novo 
movimento.
     Aliás, esses homens entram em um 
novo movimento, com o fim de servi-lo e de ser útil à nova doutrina, mas, na 
maioria dos casos, o que pretendem é, sob a proteção do mesmo ou pelas 
possibilidades que esse lhes oferece, fazer mais uma vez a infelicidade geral, 
com as suas idéias próprias.
     A sua 
característica principal é possuir-se de entusiasmo pelos antigos heróis 
alemães, pelos tempos mais recuados, pela idade da pedra, por dardos e escudos, 
mas, na realidade, não passam dos maiores covardes que se pode imaginar. Essa 
mesma gente que tanto finge glorificar o heroísmo do passado, prega a luta no 
presente com armas intelectuais e foge diante de qualquer cassetete de borracha 
nas mãos dos comunistas. A posteridade terá poucos motivos para dai retirar uma 
nova epopéia.
     Aprendi a conhecer essa gente bem 
demais para não sentir o mais profundo nojo ante suas miseráveis simulações. A 
sua atuação sobre as massas é irrisória. O judeu tem toda razão para conservar 
com cuidado esses comediantes e para preferi-los aos verdadeiros propugnadores 
por um novo Estado alemão. Esses indivíduos, apesar de todas as provas da sua 
perfeita incapacidade, querem entender tudo melhor do que os outros. Assim 
transformam-se em uma verdadeira praga para os lutadores retos e honestos, cujo 
heroísmo não se manifesta só na veneração do passado e que se esforçam por 
deixar à posteridade, através de seus atos, um quadro de heroicidade igual ao 
dos antepassados.
     Freqüentemente é difícil 
distinguir, no meio dessa gente, quem age por estupidez ou incapacidade e quem 
obedece a determinados motivos.
     Não foi sem 
razão que o novo movimento adotou um programa definido e não empregou a palavra 
"popular". Devido ao seu caráter vago, esta expressão não pode oferecer uma base 
segura para qualquer movimento nem um modelo para os que ao mesmo de futuro 
aderirem.
     É incrível o que hoje se compreende 
sob essa denominação. Um conhecido professor da Baviera, um dos célebres 
lutadores com "armas espirituais", concilia a expressão "popular" com o espírito 
monárquico. Esse sábio" esqueceu-se de explicar a identidade existente entre a 
nossa velha monarquia e o que hoje se entende por "popular". Acredito que isso 
lhe seria quase impossível, pois dificilmente se pode imaginar coisa menos 
popular" do que a maior parte dos Estados monárquicos da Alemanha. Se não fosse 
assim, esses Estados não teriam desaparecido, ou o seu desaparecimento 
significaria que as opiniões do povo estavam 
erradas.
     Devido ao seu sentido vago, cada um 
entende a expressão "popular", a seu jeito. Só esse fato a torna inviável para a 
base de um movimento político. Prova disso é o ridículo que 
desperta.
     Neste mundo, porém, quem não se 
dispuser a ser odiado pelos adversários não me parece ter multo valor como 
amigo. Por isso, a simpatia desses indivíduos era por nós considerada não só 
inútil mas prejudicial. Para irritá-los, adotamos, de começo, a denominação de 
Partido para o nosso movimento, que tomou o nome de Partido Nacional Socialista 
dos Trabalhadores Alemães.
     É claro que teríamos 
de ser combatidos, não com armas eficientes mas pela pena, única arma desses 
escrevinhadores. A nossa afirmação de que "nos defendemos com a força contra 
quem nos combate com a força" era incompreensível para 
eles.
     Há uma classe de indivíduos contra os 
quais não é nunca demasiado chamar a atenção dos nossos correligionários. 
Refiro-me aos que "trabalham no silêncio". Não só são covardes como incapazes e 
indolentes. Quem quer que entenda do assunto social e veja uma possibilidade de 
perigo, tem a obrigação, desde que conheça o meio de evitar esse perigo, de agir 
publicamente contra o ma] conhecido e trabalhar abertamente pela sua cura. Se 
não fizer Isso é um miserável covarde, sem noção dos seus deveres. É assim que 
age a maior parte de tais "trabalhadores silenciosos". Eles nada realizam e, no 
entanto, tentam iludir o mundo inteiro com as suas obras; são preguiçosos e dão 
a impressão de, com o seu "trabalho silencioso", desenvolverem uma atividade 
fora do comum. Em resumo, eles são trapaceiros, aproveitadores políticos, que 
vêem com ódio a atividade dos outros.
     Qualquer 
agitador que tenha coragem para enfrentar seus opositores e defender seus pontos 
de vista, com audácia e franqueza, tem mais eficiência que mil desses 
hipócritas.
     No começo do ano de 1920 eu insisti 
pelo primeiro grande comício. A imprensa vermelha começava a se ocupar de nós. 
Considerávamo-nos felizes por termos despertado o seu ódio. Tínhamos começado a 
freqüentar outras reuniões, como críticos. Com isso conseguimos ser conhecidos e 
ver aumentados a aversão e o ódio contra nós. Deveríamos, por isso, esperar que 
os nossos amigos vermelhos nos fariam uma visita, ao nosso primeiro grande 
comício. Era muito possível que fôssemos atacados de surpresa. Eu conhecia muito 
bem a mentalidade dos marxistas. Uma forte reação da nossa parte não só 
produziria sobre eles uma profunda impressão como serviria para ganhar adeptos. 
Deveríamos, pois, nos decidir a essa 
reação!
     Harrer, então presidente do Partido, 
não concordou com os meus pontos de vista sobre a escolha do momento, e, como 
homem de honra, retirou-se da liderança do movimento. O seu sucessor foi Anton 
Drexler. Eu tomei a mim a organização da propaganda do movimento e resolvi 
levá-la a cabo sem contemplações.
     O dia 24 de 
fevereiro de 1920 foi a data fixada para o primeiro grande comício do movimento, 
até então desconhecido. Eu, pessoalmente, encarreguei-me de arranjar as coisas. 
Os preparativos eram os mais simples. O anúncio deveria ser feito por cartazes e 
boletins orientados no sentido de produzir a mais forte impressão sobre as 
massas.
     A cor que escolhemos foi a vermelha, 
não só porque chama mais atenção como porque, provavelmente, irritaria os nossos 
adversários e faria com que eles se impressionassem 
conosco.
     Só me dominava uma preocupação. 
Perguntava-me: a sala ficará repleta ou teremos que falar em uma sala vazia? 
Tinha a certeza de que se tivéssemos auditório, o sucesso seria 
completo.
     As 7 horas e meia da noite começou o 
comício. As 7,15 eu entrei na sala da Hotbrauhaus, de Munique. Senti uma alegria 
infinita. A enorme sala - como me parecia então - estava à cunha. No auditório 
encontravam-se talvez umas duas mil pessoas, justamente aquelas a que nos 
queríamos dirigir. Mais da metade dos presentes era composta de comunistas e de 
independentes.
     Quando o primeiro orador acabou 
de falar, eu pedi a palavra. Dentro de poucos minutos começaram os apartes e 
verificaram-se cenas de violência dentro da sala. Alguns fiéis camaradas da 
Guerra, depois de espancarem os perturbadores da ordem, restabeleceram a 
tranqüilidade. Pude, então, prosseguir. Meia hora depois, os aplausos abafavam 
os apartes dos adversários.
     Comecei, então, a 
expor o programa, ponto por ponto. Depois que expliquei as vinte e cinco teses 
do nosso movimento, senti que tinha diante de mim uma massa popular conquistada 
às novas idéias, a uma nova crença e animada de uma nova força de 
vontade.
     A proporção que, depois de quase 
quatro horas de discussões, a sala começou a esvaziar-se, senti que as bases do 
movimento estavam lançadas.
     no coração do 
povo.
     Estava ateado o fogo de um movimento que, 
com o auxílio da espada, haveria de restaurar a liberdade e a vida da nação 
alemã.
     Pensando no sucesso futuro, sentia que a 
deusa da vingança marchava contra os traidores da Revolução de 
novembro!
     O movimento seguia o seu curso.
SEGUNDA PARTE
CAPÍTULO I - DOUTRINA E PARTIDO
     Deu-se 
em 24 de fevereiro de 1920 a primeira manifestação pública, em massa, de nosso 
novo movimento. No salão de festas da Hofbräuhaus, de Munique, perante uma 
multidão de quase duas mil pessoas, foram apresentadas e jubilosamente 
aprovadas, ponto por ponto, as vinte e cinco teses do programa do novo 
Partido.
     Foram, nesse momento, lançadas as 
diretrizes e linhas principais de uma luta cuja finalidade era varrer o monturo 
de idéias e pontos de vista gastos e de objetivos perniciosos. No putrefato e 
acovardado mundo burguês. bem como no cortejo triunfal 4a onda marxista em 
movimento, devia aparecer uma nova força para deter, à última hora, o carro do 
destino.
     É evidente que o novo movimento só 
poderia ter a devida importância, a força necessária para essa luta gigantesca, 
se conseguisse despertar, no coração de seus correligionários, desde os 
primeiros dias, a convicção religiosa de que, para ele, a vida política deveria 
ser, não uma simples senha eleitoral, mas uma nova concepção do mundo de 
significação doutrinária.
     Deve-se ter em mente 
a maneira lastimável por que os pontos de vista dos chamados "programas de 
partido" são ordinariamente consertados, alindados ou remodelados de tempos a 
tempos. Devem ser examinados cuidadosamente os motivos impulsores das "comissões 
de programa" burguesas para aquilatar-se devidamente o valor de tais 
programas.
     É sempre uma preocupação única, que 
leva a uma nova exposição de programas ou à modificação dos já existentes: a 
preocupação com o êxito nas futuras eleições. Logo que à cabeça desses artistas 
do Estado parlamentar acode a idéia de que o povo pode revoltar-se e escapar dos 
arreios do carro partidário, costumam eles pintar de novo os varais do veículo. 
Ei tão aparecem os astrônomos e astrólogos do partido, os chamados "experientes" 
e "entendidos", na maioria velhos parlamentares que, pelo seu largo "tirocínio", 
podem recordar-se de casos análogos em que as massas perdiam toda a paciência e 
se tornavam ameaçadoras. E recorrem, então, às velhas receitas, formam uma 
"comissão", apalpam o sentimento popular, farejam a opinião da imprensa e sondam 
lentamente o que poderia desejar o amado povo, o que lhe desagrada, o que ele 
almeja. Todos os grupos profissionais, todas as classes de empregados são 
acuradamente estudados. Pesquisam-se-lhes os mais íntimos desejos. Então, com 
espanto dos que os descobriram e os divulgaram, costumam reaparecer subitamente, 
os mesmos estribilhos da temível oposição, já agora inofensivos e como que 
fazendo parte do patrimônio do velho 
partido.
     Reúnem-se as comissões, que fazem a 
"revisão" do velho programa e elaboram um novo no qual se dá o seu a seu dono. 
Esses senhores mudam de convicções como o soldado no campo de batalha muda de 
camisa, isto é. quando a antiga está imunda! Por esse novo programa, o camponês 
recebe proteção para a sua propriedade, o industrial para as suas mercadorias, o 
consumidor para as suas compras, aos professores elevam-se os vencimentos; aos 
funcionários melhora-se a aposentadoria: das viúvas e órfãos cuidará o Estado 
com largueza; será incentivado o comércio; as tarifas serão reduzidas e os 
impostos serão não totalmente, mas quase abolidos. Por vezes sucede que uma 
classe fica esquecida ou não é atendida uma reclamação popular. Nesse caso, 
acrescentam-se a toda pressa remendos, que continuam a ser feitos, até que o 
rebanho dos burgueses comuns e mais as suas esposas se tranqüilizem e fiquem, 
inteiramente satisfeitos. Assim, de ânimo armado pela confiança no bom Deus e na 
inabalável estupidez dos cidadãos eleitores, podem começar a luta pelo que 
chamam a "reforma", do Estado.
     Passa-se o dia 
da eleição. Os parlamentares fizeram a última assembléia popular, que só se 
renovará cinco anos mais tarde; e, abandonando a domesticação da plebe, 
entregam-se ao desempenho de suas altas e agradáveis funções. Dissolve-se a 
comissão do programa" e a luta pela reforma das instituições reveste de novo a 
modalidade da luta pelo querido pão. nosso de cada dia, pela "dieta", como dizem 
os deputados. Todos os dias se dirigem os senhores representantes do povo para a 
Câmara, se não para o interior da casa, ao menos para a ante-sala onde se acham 
as listas de presença. ,Em fatigante serviço pelo povo, eles registam lá os seus 
nomes e aceitam, como bem merecida recompensa, uma pequena indenização pelos 
seus extenuantes esforços.
     Quatro anos depois, 
ou antes, nas semanas críticas, quando começa a aproximar-se a dissolução das 
corporações parlamentares, apodera-se deles um impulso Irresistível. Como a 
larva não pode fazer outra coisa senão transformar-se em crisálida, assim as 
lagartas parlamentares abandonam o casulo comum e voam para o amado povo. Tornam 
a falar aos seus eleitores, contam o enorme trabalho que fizeram e a malévola 
obstinação dos outros; mas as massas ignaras, em vez de agradecido aplauso, 
lançam-lhes em rosto, por vezes, expressões ásperas, cheias de ódio. Se essa 
ingratidão popular sobe até um certo ponto, só um remédio pode servir: é preciso 
restaurar o esplendor do partido, o programa necessita ser melhorado, renasce 
para a vida a "comissão" e recomeça-se a burla. Dada a estupidez granítica dos 
homens do nosso tempo, não é de admirar o êxito desse processo. Guiado pela sua 
imprensa e deslumbrado com o novo e sedutor programa, o gado "burguês" e 
"proletário" torna a voltar ao estábulo e de novo elege os seus velhos 
impostores.
     Assim, o homem do povo, o candidato 
das classes produtoras, transforma-se em lagarta parlamentar, que se ceva na 
vida do Estado, para, quatro anos depois, de novo se transmudar em brilhante 
borboleta.
     Nada mais deprimente que observar a 
nua realidade desse estado I de coisas, que ter de ver repetir-se essa eterna 
impostura.
     Certamente, dessa base espiritual do 
mundo burguês não é possível haurir elementos para a luta contra a força 
organizada do marxismo.
     E nisso não pensam 
nunca seriamente os senhores parlamentares. Devido à reconhecida estreiteza e 
Inferioridade mental desses médicos parlamentares da raça branca, eles próprios 
não conseguem imaginar seriamente como uma democracia ocidental possa arrostar 
com uma doutrina para a qual a democracia e tudo que lhe diz respeito é, no 
melhor dos casos, um meio para chegar a um determinado fim; um meio que se 
emprega para anular a ação do adversário e facilitar a sua própria. E se uma 
parte do marxismo, por vezes, tenta, com muita prudência, aparentar indissolúvel 
união com os princípios democráticos, convém não esquecer, que esses senhores, 
nas horas críticas, não deram a menor importância a uma decisão por maioria, à 
maneira democrática ocidental! Isso foi quando os parlamentares burgueses viam a 
segurança do Reich garantida pela monumental parvoíce de uma grande maioria, 
enquanto o marxismo, com uma multidão de vagabundos, desertores, pulhas 
partidários e literatos judeus, em pouco tempo, arrebatava o poder para si, 
aplicando, assim, ruidosa bofetada à democracia. Por isso, só ao espírito 
crédulo dos magros parlamentares da burguesia democrática cabe supor que, agora 
ou no futuro, os interessados pela universal peste marxística e seus defensores 
possam ser banidos com as fórmulas de exorcismo do parlamentarismo 
ocidental.
     O marxismo marchará com a democracia 
até que consiga, por via indireta, os seus criminosos fins, até obter apoio do 
espírito nacional por ele condenado à extirpação. Que ele se convencesse hoje de 
que o caldeirão de feiticeira, que é a nossa democracia parlamentar, poderia 
repentinamente fermentar uma maioria que - mesmo que fosse na base de sua 
legislação justificada pelo maior número - enfrentasse seriamente o marxismo - e 
estaria extinta a ilusão parlamentar, Então os porta-bandeiras da Internacional 
vermelha, em lugar de um apelo à consciência democrática, dirigiram uma 
incendiária proclamação às massas proletárias e a luta se transplantaria 
imediatamente do ar viciado das salas de sessões dos nossos parlamentos para as 
fábricas e para as ruas. A democracia ficaria logo liquidada; e o que não 
conseguiria a habilidade intelectual dos apóstolos do povo, conseguiriam, com a 
rapidez do relâmpago, tal qual aconteceu no outono de 1918, a alavanca e o malho 
das excitadas massas proletárias. Isso ensinaria eloqüentemente ao mundo burguês 
quanto ele é insensato em imaginar que, com os recursos da democracia ocidental, 
é possível resistir à conquista judaica do 
mundo.
     Como já dissemos, só um espírito crédulo 
pode aceitar regras de jogo com um parceiro para o qual elas só vigoram para 
"bluff" ou quando lhe são úteis e que as despreza logo que deixem de ser-lhe 
vantajosas.
     Como em todos os partidos da 
chamada classe burguesa, toda luta política na realidade consiste na disputa de 
cadeiras individuais no parlamento, luta em que, de acordo com as conveniências, 
posições e princípios são atirados fora, como lastros de areia, da mesma maneira 
que os seus programas são alterados em todos os sentidos. E por essa bitola são 
avaliadas as suas forças. Falta-lhes aquela forte atração magnética, que sempre 
seguem as massas, sob a impressão incoercível dos altos, dominadores pontos de 
vista e da força convincente da fé inabalável, dobrada pelo espírito combativo 
que a sustenta.
     Mas, numa época em que uma 
parte, aparelhada com todas as armas de uma nova doutrina, embora mil vozes 
criminosa, se prepara para o ataque a uma ordem existente, a outra parte só pode 
resistir-lhe sempre se adotar fórmulas de uma nova fé política; em nosso caso, 
se trocar a senha de uma defesa fraca e covarde pelo grito de guerra de um 
ataque animoso e brutal, Por isso, se hoje os chamados ministros 
nacionais-burgueses, até mesmo do centro bávaro, fazem a espirituosa censura de 
que o nosso movimento trabalha por uma "revolução", só uma resposta se pode dar 
a esses políticos liliputianos: Sim, tentamos recuperar o que perdestes com a 
vossa criminosa estupidez. Com os princípios do vosso avacalhado 
parlamentarismo, cooperastes para que a nação fosse arrastada ao abismo; nós, 
porém, mesmo de forma agressiva, lançando uma nova concepção do mundo e 
defendendo-lhe os princípios de maneira fanática e inexorável, prepararemos os 
degraus pelos quais um dia o nosso povo poderá subir de novo ao templo da 
liberdade.
     Assim, ao tempo da fundação do novo 
movimento, os nossos primeiros cuidados deveriam ser sempre no sentido de 
impedir que o exército dos nossos combatentes por uma nova e elevada convicção 
se tornasse uma simples liga para a proteção de interesses 
parlamentares.
     A primeira medida preventiva foi 
a elaboração de um programa que conduzisse convenientemente a um desenvolvimento 
que, pela sua grandeza Intima, fosse apropriado a afugentar os espíritos 
pequeninos e fracos de nossa atual política 
partidária.
     Quanto era certo o nosso conceito 
da necessidade de um programa de pontos de mira definidos, provou claramente o 
fatal enfraquecimento que levou a Alemanha à 
ruína.
     Desse conhecimento devem sair novas 
fórmulas do conceito de Estado, que sejam parte essencial de uma nova concepção 
do mundo.
     Já no primeiro volume desta obra 
analisei a palavra "popular" (volkisch), pois constatei que esse termo parece 
pouco preciso para permitir a formação de uma definida comunidade de 
combatentes. Tudo o que é possível imaginar, embora sejam coisas completamente 
distintas, corre sob a capa de "popular". Por isso, antes de passar à missão e 
objetivos do Partido Alemão Nacional Socialista dos Trabalhadores, devo 
determinar o conceito de "popular" e suas relações com o movimento 
partidário.
     O conceito "popular" parece tão mal 
delimitado, tão mal explicado, e tão Ilimitado no seu emprego quanto a palavra 
"religioso". Deveras difícil é compreender-se por essa palavra alguma coisa 
exata, quer quanto à percepção do pensamento, quer quanto à realização prática. 
O termo "religioso" só é fácil de perceber no momento em que aparece ligado a 
uma forma determinada e delimitada de realização. É uma bela e fácil explicação 
qualificar um homem de "profundamente religioso". Haverá, decerto, algumas raras 
pessoas que se sintam satisfeitas com uma tal denominação geral, porque tais 
pessoas podem perceber uma imagem mais ou menos viva desse estado de espírito. 
Mas, para as grandes massas, que não são constituídas nem de santos nem de 
filósofos, tal idéia geral religiosa apenas significaria para eles, na maioria 
dos casos, a tradução de seu modo individual de pensar e de agir, sem 
entretanto, conduzir àquela eficiência que imediatamente desperta a intima ânsia 
religiosa pela formação, no ilimitado mundo mental, de uma fé definida. De 
certo, não é esse o fim em si, mas apenas um meio para o fim; todavia, é um meio 
absolutamente inevitável para que afinal se possa alcançar o fim. E esse fim não 
é simplesmente ideal, mas, em última análise, essencialmente prático. Como cada 
um de nós pode capacitar-se de que os mais elevados ideais sempre correspondem a 
uma profunda necessidade da vida, assim a sublimidade da beleza está, em 
derradeira instância, na sua utilidade 
lógica.
     A fé, auxiliando o homem a elevar-se 
acima do nível da vida vulgar, contribui em verdade para a firmeza e segurança 
de sua existência. Tome-se à humanidade contemporânea a sua educação apoiada nos 
princípios da fé e da religião, na sua significação prática, quando à moral e 
aos costumes, eliminando-a sem substitui-la por outra educação de igual valor, e 
ter-se-á em conseqüência um grave abalo nos fundamentos da existência humana. E 
deve ter-se em mente que não é só o homem que vive para servir os altos Ideais, 
mas que também, ao contrário, esses altos Ideais pressupõem a existência do 
homem. E assim se fecha o circulo.
     A 
denominação "religioso" implica, naturalmente, pensamentos doutrinários ou 
convicções, como, por exemplo, a indestrutibilidade da alma, a sua vida Imortal, 
a existência de um ser supremo, etc. Mas todos esses pensamentos, ainda que para 
o indivíduo sejam muito convincentes, sofrem o exame critico Individual e com 
isso a hesitação que afirma ou nega, até que ele aceite, não a noção sentimental 
ou o conhecimento, mas a legítima força da fé apodítica. Esse é o principal 
fator da luta que abre brecha no reconhecimento das concepções religiosas. Sem a 
clara delimitação da fé, a religiosidade, na sua obscura polimorfia não só seria 
inútil para a vida humana, mas provavelmente contribuiria para a confusão 
geral.
     O mesmo que acontece com o conceito 
"religioso" se dá com o termo "popular". Nele se subentendem também noções 
doutrinárias. Estas são, todavia, bem que da mais alta significação pela forma, 
determinadas com tão pouca clareza, que só tomam o valor de uma opinião a ser 
mais ou menos reconhecida quando postas no quadro de um partido político. Porque 
a realização dos ideais de uma concepção do mundo e das exigência. dela 
decorrentes resulta tão pouco do sentimento puro e da vontade interior do homem, 
em si, como, porventura, a conquista da liberdade do natural anseio por ela. 
Não, só quando o impulso ideal para a independência sob a forma de força militar 
recebe organização combativa - pode o ardente desejo de um povo converter-se em 
realidade.
     Cada concepção do mundo, por mais 
justa e de mais alta utilidade que seja para a humanidade, ficará sem 
significação para o aperfeiçoamento prático da vida de uma população, enquanto 
não se tornem os seus princípios o estandarte de um movimento de luta, que, por 
sua vez, se converte em um partido; enquanto não tiver transformado as suas 
idéias em vitória e os seus dogmas partidários não formarem as novas leis 
fundamentais do Estado.
     Mas se uma 
representação mental de um modo geral deve servir de base a um futuro 
desenvolvimento, nesse caso a primeira condição é a absoluta clareza do caráter, 
natureza e amplitude dessa representação, pois só sobre esses alicerces é 
possível organizar um movimento que, pela intrínseca homogeneidade de suas 
convicções, possa desenvolver as necessárias forças para a luta. Um programa 
político deve ser caracterizado por Idéias gerais e por uma definida fé política 
em uma doutrina universal. Esta, visto que o seu objetivo deve ser praticamente 
realizável, deverá servir não só à idéia em si, mas também tomar em consideração 
os elementos de luta existentes e a serem empregados para a consecução da 
vitória dessa Idéia. A uma idéia mentalmente correta que o autor do programa 
tenha de anunciar, deve associar-se o conhecimento prático do homem político. 
Assim, um eterno ideal deve contentar-se, infelizmente, com ser a estréia guia 
da humanidade, tendo em consideração as fraquezas humanas, para não naufragar 
desde o Inicio ante a geral deficiência do homem. Ao investigador da verdade 
deve associar-se o investigador da psicologia popular, para, do reino do eterno 
verdadeiro e do ideal, retirar o que é humanamente possível para os pobres 
mortais.
     A conversão da representação ideal de 
uma concepção do mundo da máxima veracidade em uma fé política e em uma 
organização combativa definida e centralizada, pelo espírito e pela vontade é o 
serviço mais Importante, pois do feliz resultado desse trabalho dependem 
exclusivamente as possibilidades de vitória de uma idéia. Preciso é, pois, que 
do exército, por vezes de milhões de homens, dos quais cada um pressente ou 
mesmo compreende de modo mais ou menos claro essa verdade, seria alguém que, com 
força apodítica, forme, das idéias vacilantes das massas, princípios graníficos 
e empreenda o combate em defesa deles, até que do jogo livre das ondas do mundo 
mental se erga o rochedo da aliança da fé e da 
vontade.
     Tentando extrair a significação 
profunda da palavra "popular", chegamos à conclusão 
seguinte:
     A nossa concepção política usual 
repousa geralmente sobre a idéia de que ao Estado, em si, se pode atribuir força 
criadora e cultural, mas que ele nada tem a ver com a questão racial; e que ele 
é, antes de mais nada, um produto das necessidades econômicas ou, no melhor dos 
casos, a resultante natural da competição política pelo poder. Essa concepção 
fundamental, em seu lógico e conseqüente desenvolvimento progressivo, leva não 
só ao desconhecimento das forças primordiais da raça como à desvalorização do 
indivíduo. Porque a negação da diferença entre as raças, em relação à capacidade 
cultural de cada uma delas, implica necessariamente em transferir esse grande 
erro para a apreciação do indivíduo. A aceitação da identidade das raças viria a 
ser o fundamento de um semelhante modo de ver em relação aos povos e depois em 
relação aos homens individualmente. Por isso, o marxismo internacional é 
simplesmente a versão aceita pelo judeu Karl Marx de idéias e conceitos já há 
muito tempo existentes de fato sob a forma de aceitação de uma determinada fé 
política. Sem o alicerce de uma semelhante intoxicação geral já existente, 
jamais teria sido possível o espantoso êxito político dessa doutrina. Entre os 
milhões de indivíduos de um mundo que lentamente se corrompia, Karl Marx foi, de 
fato, um que reconheceu, com o olho seguro de um profeta, a verdadeira 
substância tóxica e a apanhou para, como um feiticeiro, com ela aniquilar 
rapidamente a vida das nações livres da terra. Tudo isso, porém, a serviço de 
sua raça.
     A doutrina de Marx é assim o extrato 
espiritual concentrado das doutrinas universais hoje geralmente aceitas. E, por 
esse motivo, qualquer luta do nosso chamado mundo burguês contra ela é 
impossível, até ridícula, pois esse mundo burguês está inteiramente impregnado 
dessas substancias venenosas e admira uma concepção do mundo que, em geral, só 
se distingue da marxística em grau e pessoas, o mundo burguês é marxístico, mas 
acredita na possibilidade do domínio de determinado grupo de homens (burguesia), 
ao passo que o marxismo procura calculadamente entregar o mundo às mãos dos 
judeus.
     Em face disso, a concepção "racista" 
distingue a humanidade em seus primitivos elementos raciais, Ela vê, no Estado, 
em princípio, apenas um meio para um fim e concebe como fim a conservação da 
existência racial humana. Consequentemente, não admite, em absoluto, a igualdade 
das raças, antes reconhece na sua diferença maior ou menor valor e, assim 
entendendo, sente-se no dever de, conforme à eterna vontade que governa este 
universo, promover a vitória dos melhores, dos mais fortes e exigir a 
subordinação dos piores, dos mais fracos. Admite, assim, em princípios, o 
pensamento aristocrático fundamental da Natureza e acredita na validade dessa 
lei, em ordem descendente, até o mais baixo dos seres. Vê não só os diferentes 
valores das raças, mas também os diferentes valores dos indivíduos. Das massas 
destaca ela a significação das pessoas, mas, nisso, em face do marxismo 
desorganizador, age de maneira organizadora. Crê na necessidade de uma 
idealização da vida humana, pois só nela vê a justificação da existência da 
humanidade. Não pode aprovar, porém, a idéia ética do direito à existência, se 
essa idéia representa um perigo para a vida racial dos portadores de uma ética 
superior pois, em um mundo de mestiços e de negros, estariam para sempre 
perdidos todos os conceitos humanos do belo e do sublime, todas as idéias de um 
futuro ideal da humanidade.
     A cultura humana e 
a civilização nesta parte do mundo estão inseparavelmente ligadas à existência 
dos arianos. A sua extinção ou decadência faria recair sobre o globo o véu 
escuro de uma época de barbaria.
     A destruição 
da existência da cultura humana pelo aniquilamento de seus detentores é, porém, 
aos olhos de uma concepção racista do mundo, o mais abominável dos crimes. Quem 
ousa pôr as mãos sobre a mais elevada semelhança de Deus ofende a essa maravilha 
do Criador e coopera para a sua expulsão do 
paraíso.
     Assim corresponde a concepção racista 
do mundo ao intimo desejo da Natureza, pois restitui o jogo livre das forças que 
encaminharão a uma mais alta cultura humana, até que, enfim, conquistada a 
terra, uma melhor humanidade possa livremente chegar a realizações em domínios 
que atualmente se acham fora e acima 
dela.
     Todos pressentimos que, em remoto futuro, 
surgirão ao homem problemas para cuja solução deverá ser chamada uma raça 
superior, apoiada nos meios e possibilidades de todo o- globo 
terrestre.
     Está claro que a constatação geral 
de uma concepção racista de análogo conteúdo pode dar lugar a milhares de 
interpretações. De fato, dificilmente acharemos uma, para a nossa nova 
instituição política, que não se refira de qualquer modo a essa concepção. Ela 
prova, todavia, exatamente pela sua própria existência em face de muitas outras, 
a diferença de suas concepções.
     Assim, à 
organização central da concepção marxística, opõe-se uma mixórdia de conceitos 
que, idealmente, à vista da fechada "frente" inimiga, é pouco impressionante. 
Não se ganha a vitória pelejando com armas fracas! Somente opondo à concepção 
internacional - politicamente dirigida pelo marxismo - uma concepção igualmente 
dotada de organização central e direção racista, será possível, com igual 
energia combativa, alcançar o sucesso para a verdade 
eterna.
     Mas a organização de uma concepção do 
mundo só pode efetuar-se duradouramente sobre a base de uma fórmula definida e 
clara. Os princípios políticos do partido em formação devem ser como os dogmas 
para a Religião.
     Por isso, a concepção racista 
do mundo tem de tornar-se um instrumento que permita ao Partido as devidas 
possibilidades de luta, tal como a organização partidária marxista abre o 
caminho para o internacionalismo.
     Esse fim visa 
o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores 
Alemães.
     Que uma tal compreensão partidária do 
conceito racista implica na vitória da concepção racista, a melhor prova é dada, 
- ao menos indiretamente, pelos próprios adversários de uma tal união 
partidária. Exatamente aqueles que não se cansam de insistir que a concepção 
racista não é privilégio de um indivíduo, mas que dormita ou vive sabe Deus no 
coração de quantos milhões de pessoas, documentam, com isso, que o fato da 
existência de uma tal idéia de modo algum impediria a vitória da concepção 
adversa, que, sem dúvida, terá a representação clássica de um partido político. 
E se não fora assim, já o povo alemão teria alcançado uma gigantesca vitória e 
não jazeria à beira de um abismo. O que deu êxito à concepção internacional foi 
o fato de ser representada por um partido político nos moldes de um batalhão de 
assalto: o que fez sucumbir a concepção contrária foi a falta, até agora, de uma 
representação centralizada. Não é pela faculdade de interpretar um conceito 
geral, mas sim, pela forma definida e por isso mesmo concentrada de uma 
organização política que pode lutar e vencer uma nova 
doutrina.
     Por isso, compreendi que a minha 
própria missão era especialmente selecionar, da vasta informe matéria de uma 
concepção do mundo, as idéias nucleares e fundi-las em fórmulas mais ou menos 
dogmáticas, que, na sua clara delimitação, servissem para unir e coordenar os 
homens que as aceitassem. Por outras palavras: o Partido Nacional Socialista dos 
Trabalhadores Alemães apropria-se das características essenciais do pensamento 
fundamental de uma concepção geral racista do mundo; e, tomando em consideração 
a realidade prática, o tempo, o material humano existente, com as suas 
fraquezas, forma uma já política, a qual, por sua vez, dentro desse modo de 
entender a rígida organização das grandes massas humanas, autoriza a prever a 
luta vitoriosa dessa nova doutrina.
CAPÍTULO II - O ESTADO
     Já nos anos de 
1920 e 1921, nosso novo movimento era constantemente acusado nos círculos 
burgueses, hoje fora da época, de manter uma atitude de reação contra o Estado. 
Dai concluíam todos os partidos que lhes assistia o direito de combaterem, por 
todos os meios possíveis, o inconveniente campeão de uma nova doutrina. De 
propósito, esqueceram esses partidos que a própria burguesia já não considera o 
Estado como um corpo homogêneo e que, do mesmo, não dava e nem pode dar uma 
definição precisa. Ë verdade que há professores, nas nossas universidades 
oficiais, que, nas suas conferências sobre direito público, tem por tarefa 
encontrar uma explicação para a existência mais ou menos feliz do Estado que 
lhes assegura o pão. Quanto pior um Estado é constituído tanto mais confusa e 
incompreensível é a explicação da sua finalidade. Que poderia, por exemplo, 
outrora, um professor da Universidade do império, escrever a respeito do sentido 
e da finalidade do Estado em um país cujo Governo é a maior monstruosidade do 
século XX? É realmente uma tarefa difícil, se pensarmos que, no ensino do 
direito público, em nossos dias, há menos a preocupação de atender à verdade do 
que alcançar um determinado objetivo. Esse objetivo consiste em conservar, a 
todo preço, a monstruosidade que se designa pelo nome de Estado. Ninguém se 
admire de que, na discussão desse problema, sejam postos à margem os verdadeiros 
pontos de vista para, em seu lugar, pôr-se um amálgama de valores e objetivos 
intelectuais e morais.
     Entre esses indivíduos 
devem-se distinguir três grupos.
     a) O grupo dos 
que vêem o Estado como uma reunião mais ou menos voluntária de indivíduos sob a 
mesma administração oficial.
     Esse grupo é o 
mais numeroso. Nas suas fileiras, encontram-se, sobretudo, os fanáticos pelo 
princípio da legitimidade, para os quais, nesses assuntos, a vontade dos homens 
não desempenha nenhum papel. Para esses, a simples existência do Estado dá-lhes 
direito a uma inviolabilidade sagrada. Para defender essa concepção idiota eles 
observam uma fidelidade de cão em relação à autoridade do Estado. Assim, com a 
rapidez de um relâmpago, eles convertem um meio em uma 
finalidade.
     O Estado, para estes indivíduos, 
não existe para servir aos homens mas estes são destinados a adorar a autoridade 
do Estado, que se personaliza em qualquer empregado público. Para que esse 
Estado, objeto de uma verdadeira adoração, não se perturbe, é que o governo toma 
a si a defesa da ordem e da tranqüilidade. A autoridade, então, já não- é um fim 
nem um meio. O Estado tem que cuidar da ordem e da tranqüilidade e, 
inversamente, essa ordem e tranqüilidade deve facilitar a existência do Estado. 
A vida Toda tem que se circunscrever entre esses dois 
pólos.
     Na Baviera, eram principais 
representantes dessa teoria os políticos do chamado Partido Popular Bávaro; na 
Áustria, eram os Legitimistas, no Império alemão, eram os Conservadores que se 
batiam por essas idéias.
     b) O segundo grupo é 
um pouco menor em número. Nesse grupo devem ser computados os que não acreditam 
que a autoridade do Estado seja a única finalidade do mesmo, mas condicionam-na 
a umas tantas exigências. Esses desejam não somente um Governo único, mas 
também, se possível, uma língua única, quando não por outras razões ao menos por 
motivos de técnica administrativa. A autoridade já não é a única, a exclusiva 
finalidade do Estado. Este tem que cuidar também do bem-estar do povo. Idéias de 
"liberdade", geralmente mal compreendidas, insinuam-se na compreensão do Estado, 
por parte desse grupo. A forma de governo já não é considerada intangível só por 
sua .existência em si. Discute-se também a sua conveniência. O caráter sagrado 
da idade não a abriga contra as críticas do presente. Os principais 
representantes dessas idéias encontram se entre os burgueses, sobretudo entre os 
liberais-democratas.
     c) O terceiro grupo é o 
mais fraco em número. Vê no Estado um instrumento para realizar tendências vagas 
no sentido de uma política de força, por uma nação unificada e falando a mesma 
língua.
     A aspiração de uma língua única não se 
manifesta somente na esperança de se criar um fundamento capaz de produzir um 
aumento de prestígio da nação no exterior, mas, não menos, na falsíssima opinião 
de que, por esse meio, se conseguirá uma orientação definida na obra de 
nacionalização. Era uma tristeza ver-se, durante os últimos cem anos, como 
indivíduos tendo essas idéias na maior parte dos casos de boa fé - jogavam com a 
palavra "germanizar". Lembro-me como, na minha juventude, esse vocábulo dava 
margem a concepções absolutamente falsas. Mesmo nos círculos pan-germanistas, 
ouvia-se a opinião de que, com auxílio do Governo, poder-se-ia realizar com 
sucesso a germanização da Áustria eslava, sem que ninguém se apercebesse que só 
se pode germanizar um território e nunca um povo. O que se compreendia pela 
palavra germanização resumia-se na adoção forçada da língua. É quase incrível 
que alguém pense ser possível transformar um negro ou um chinês em alemão 
somente por ter o mesmo aprendido a língua alemã e esteja disposto a falá-la por 
toda a vida e a votar em qualquer dos partidos políticos alemães. Os meios 
nacionalistas burgueses nunca se elevaram à compreensão de que semelhante 
processo de germanização redundaria em uma desgermanização. Quando, hoje, pela 
imposição de uma língua comum, se diminuem ou mesmo se suprimem as diferenças 
mais sensíveis entre os povos, isso representa um começo de abastardamento da 
raça e, no nosso caso, não uma germanização mas a destruição dos elementos 
germânicos. Acontece muito freqüentemente na História que um povo conquistador 
consiga impor a sua língua aos vencidos, e que, depois de milhares de anos, essa 
língua venha a ser falada pois outro povo e que assim o vencedor passe à posição 
de vencido.
     Desde que a nacionalidade, ou, 
melhor, a raça, não está na língua que se fala, mas no sangue, só se deveria 
falar em germanização se, por um tal processo, se pudesse modificar o sangue dos 
indivíduos. Isso é absolutamente impossível. Essa modificação teria que ser 
feita pela mistura do sangue, o que resultaria no rebaixamento do nível da raça 
superior. A conseqüência final seria a destruição justamente das qualidades que 
tinham preparado o povo conquistador para a vitória. Por uma tal mistura com 
raças inferiores, sobretudo as forças culturais desapareceriam mesmo que o 
produto daí resultante falasse perfeitamente a língua da raça superior. Durante 
muito tempo, travar-se-á uma luta entre os dois espíritos e pode ser que o povo 
que desce cada vez mais de nível consiga, por um esforço supremo, elevar-se e 
criar uma cultura de surpreendente valor. Isso pode acontecer com os indivíduos 
das raças mais elevadas ou com os bastardos, nos quais, no primeiro cruzamento, 
ainda prevalece o melhor sangue: nunca se verificará, porém, esse fato com os 
produtos definitivos da mistura. Nesses verificar-se-á sempre um movimento de 
regressão cultural.
     Deve-se considerar uma 
felicidade que a germanização da Áustria, nos moldes da empreendida por 
Francisco José, não fosse continuada. O sucesso da mesma ter-se-ia traduzido na 
conservação do Estado austríaco, mas em um rebaixamento do nível da raça alemã. 
Talvez daí surgisse um novo Estado, mas uma cultura ter-se-ia perdido. Com o 
correr dos séculos, ler-se-ia organizado um rebanho, mas esse rebanho seria de 
valor muito medíocre. Dai poderia talvez surgir um povo organizado em Estado, 
mas com isso teria desaparecido uma 
civilização.
     Foi muito melhor para a nação 
alemã que se não tivesse realizado essa mistura, aliás evitada não por motivos 
elevados mas devido à curteza de vistas dos Habsburgos. Se o contrário tivesse 
acontecido, hoje mal se poderia apontar o povo alemão como um fator de 
cultura.
     Não só na Áustria como na própria 
Alemanha, os chamados nacionalistas eram e ainda são inclinados a essas idéias 
falsas. A tão desejada política polonesa, no sentido de uma germanização do 
oeste, apoiava-se quase sempre em idênticos sofismas. Acreditava-se poder 
conseguir a germanização dos elementos poloneses apenas pela adoção da língua. O 
resultado dessa tentativa só poderia ser funesto. Um povo de raça estrangeira 
exprimindo os seus pensamentos próprios em língua alemã só poderia, por sua 
mediocridade, comprometer a majestade do espírito 
alemão.
     Os grandes prejuízos que, 
indiretamente, já sofreu o espírito alemão, podem ser constatados no fato de os 
americanos, por falta de conhecimentos, confundirem o dialeto judaico com o 
alemão. A ninguém passará pela idéia que essa piolheira judaica que, no oriente, 
fala alemão, só por isso deve ser vista como de descendência alemã, como 
pertencente ao povo alemão.
     A história mostra 
que foi a germanização da terra, que os nossos antepassados promoveram pela 
espada, a que nos trouxe proveitos, pois essa terra conquistada era colonizada 
com agricultores alemães, sempre que o sangue estrangeiro foi introduzido no 
corpo da nação, os seus desastrados eleitos se fizeram sentir sobre o caráter do 
povo, dando lugar ao super-individualismo, infelizmente ainda hoje muito 
apreciado.
     Nesse terceiro grupo a que aludimos 
acima, o Estado é visto, de certa maneira, como um fim, sendo a sua conservação 
a mais alta missão da vida dos indivíduos.
     Em 
resumo, pode-se afirmar que todos esses pontos de vista não têm as suas raízes 
mais profundas na convicção de que as forças culturais e criadoras de um povo 
repousam nos elementos raciais e que o Estado deve ter como seu mais alto 
objetivo a conservação e aperfeiçoamento da raça, base de todos os progressos 
culturais da humanidade.
     As últimas 
conseqüências dessa concepção falsa sobre a existência e a finalidade do Estado 
foram tiradas pelo judeu Karl Marx. Enquanto o mundo burguês abandonava o 
conceito do Estado, tendo por base os deveres para com a raça, e não conseguia 
substituir essa concepção por outra fórmula- que pudesse ser aceita, uma outra 
doutrina que chegava a negar o próprio Estado abria caminho no mundo 
moderno.
     Nesse campo, a luta do mundo burguês 
contra o internacionalismo marxístico deveria ser um fracasso completo. A 
burguesia já tinha, há - muito tempo, sacrificado os fundamentos absolutamente 
indispensáveis para a defesa de suas idéias. Seus espertos adversários, 
reconhecendo a fraqueza das instituições do inimigo, lançaram-se na luta com as 
próprias armas que este, embora involuntariamente, lhes 
fornecera.
     Por tudo isso, o primeiro dever de 
um novo movimento que repousa sobre o fundamento da raça, é dar uma forma clara, 
bem definida, da concepção sobre a existência e a finalidade do 
Estado.
     O grande princípio que nunca deveremos 
perder de vista é que o Estado é um meio e não um fim. É a base sobre que deve 
repousar uma mais elevada cultura humana, mas não e a causa da mesma. Essa 
cultura depende da existência de uma raça superior, de capacidade civilizadora. 
Poderia haver centenas de Estados modelos no mundo e isso não impediria que, com 
o desaparecimento dos arianos, formadores de cultura, desaparecesse a 
civilização no nível em que se encontra atualmente nas nações mais 
adiantadas.
     Podemos avançar mais um pouco e 
proclamar que o fato dos indivíduos se organizarem em Estados, de nenhum modo 
afastaria a possibilidade do desaparecimento da raça humana, desde que uma 
capacidade intelectual superior e um grande poder de adaptação se perdessem por 
falta de uma raça para conservá-las.
     Se, por 
exemplo, a superfície da terra fosse inundada por um dilúvio, e, do meio das 
vagas do oceano, surgisse um novo Himalaia, nessa terrível catástrofe 
desapareceria a cultura humana. Nenhum Estado persistiria, os bandos se 
dissolveriam, seriam destruídos os atestados de uma evolução de milhares de anos 
e restaria de tudo apenas um vasto cemitério coberto de água e de lama. Mas, se 
desse horrível caos, se conservassem alguns homens pertencentes a uma certa raça 
de capacidade criadora, de novo, embora isso durasse milhares de anos, no mundo, 
depois de cessada a tempestade, se notariam sinais da existência do poder 
criador da humanidade. Só o desaparecimento das últimas raças capazes 
transformaria a terra em um vasto deserto. O contrário disso vemos em exemplos 
do presente. Estados têm existido que por não possuírem, devido a suas origens 
raciais, a genialidade indispensável, não puderam evitar a sua ruína. O que 
aconteceu com certas espécies animais dos tempos pré-históricos, que cederam 
lugar a outras e, por fim, desapareceram completamente, acontece com os povos, 
quando lhes falta a força espiritual, única arma capaz de assegurar sua própria 
conservação!
     O Estado em si não cria um 
determinado standard de cultura, pode apenas conservar a raça de que depende 
essa civilização. Em outra hipótese, o Estado poderá durar centenas de anos, mas 
se não tiver evitado a mistura de raças, a capacidade cultural e todas as 
manifestações da vida a ela condicionadas sofrerão profundas 
modificações.
     O Estado de hoje, por exemplo, 
pode, como mecanismo, ainda por muito tempo aparentar vida, mas o envenenamento 
da raça criará fatalmente um rebaixamento cultural que, aliás, já se nota hoje 
em proporções assustadoras.
     Assim sendo, a 
condição essencial para a formação de uma humanidade superior não é o Estado mas 
a raça.
     Nações ou, melhor, raças, possuidoras 
de gênio criador trazem sempre essas virtudes consigo, embora, muitas vezes, em 
estado latente, mesmo quando circunstâncias exteriores, desfavoráveis em dado 
momento, não permitam o seu desenvolvimento. É um ultraje, por exemplo, imaginar 
que os povos alemães de antes da era cristã eram bárbaros. Bárbaros nunca foram 
eles. O clima áspero dos países do Norte forçou-os a viver sob condições que não 
lhes permitiram desenvolver suas qualidades 
criadoras.
     Se o mundo clássico nunca tivesse 
existido, se os alemães tivessem descido para os países do sul, de clima mais 
favorável, e ali tivessem contado com os primeiros auxílios da técnica, 
empregando a seu serviço raças que lhe eram Inferiores, então a capacidade 
criadora latente teria produzido uma civilização tão brilhante como a dos 
Helenos.
     Mas esta força criadora de cultura nem 
sempre se encontra nos climas do Norte. O Lapônio, transportado para o sul, 
produziria tão pouco, sob o ponto de vista cultural, como o esquimó. Essa 
capacidade dominadora e criadora é característica do ariano, que a possui em 
estado latente ou em toda sua eficiência, tudo dependendo das condições do meio 
que ou permitem a sua expansão ou a 
impedem.
     Daí resultam os seguintes 
princípios:
     O Estado é um meio para um fim. Sua 
finalidade consiste na conservação e no progresso de uma coletividade sob o 
ponto de vista físico e espiritual. Essa conservação abraça em primeiro lugar 
tudo o que diz respeito à defesa da raça, permitindo, por esse meio, a expansão 
de todas as forças latentes da mesma. Pela utilização dessas forças, 
promover-se-á a defesa da vida física e, por outro - lado, o desenvolvimento 
intelectual. Na realidade, os dois estão sempre em função um do outro. Estados 
que não atendem a esse objetivo são criações artificiais, simples mostrengos. O 
fato de semelhante Estado existir em nada altera essa verdade, assim como o 
êxito de uma associação de piratas não justifica o 
saque.
     Nós, nacionais-socialistas, como 
defensores de uma nova concepção do mundo, não devemos nunca nos colocar no 
ponto de vista falso das chamadas "realidades". Se assim acontecesse não 
seríamos os fatores de uma grande idéia mas escravos das mentiras em voga. Temos 
que estabelecer bem claramente a diferença entre o Estado como continente e a 
raça como conteúdo. Esse continente só tem sentido se puder manter e proteger o 
conteúdo. Na hipótese contrária, torna-se 
inútil.
     Assim, a finalidade principal de um 
Estado nacionalista é a conservação dos primitivos elementos raciais que, por 
seu poder de disseminar a cultura, criam a beleza e a dignidade de uma 
humanidade mais elevada. Nós, como arianos, i. 'vendo sob um determinado 
Governo, podemos apenas imaginá-lo como um organismo vivo da nossa raça que não 
só assegurará a conservação dessa raça, mas a colocará em situação de, por suas 
possibilidades intelectuais, atingir uma mais alta 
liberdade.
     O que hoje se tenta apresentar-nos 
como um tipo de Estado é apenas o produto de um grande erro de que resultarão as 
conseqüências mais deploráveis.
     Nós, 
nacionais-socialistas, sabemos muito bem que o mundo atual nos contempla como 
revolucionários devido às nossas Idéias e, com esse qualificativo, pretende 
estigmatizar-nos. Os nossos pensamentos e ações não se devem, porém, deixar 
influenciar pela aprovação ou condenação dos contemporâneos, mas, ao contrário, 
devemos nos manter cada vez mais firmes na defesa das verdades que reconhecemos. 
Poderemos assim ficar certos de que uma mais clara visão da posteridade não só 
compreenderá a nossa atuação de hoje, como aceitá-la-á como justa e dar-lhe-á o 
devido apreço.
     Por esse critério é que devemos, 
nós, nacionais-socialistas, medir o valor de um Estado Esse valor será relativo 
quanto a um determinado povo e absoluto no que diz respeito à humanidade em si. 
Em outras palavras:
     O valor de um Estado não 
pode ser apreciado pela sua elevação cultural ou pelo seu poder em comparação 
com outros povos, mas, em última análise, pela justeza de sua orientação em 
relação à posteridade.
     Um Estado pode ser 
apontado como modelar quando não somente corresponde às condições da vida do 
povo que representa mas também assegura a existência material desse povo, 
qualquer que seja a importância cultural que as instituições atinjam no resto do 
mundo.
     A missão do Estado não é criar 
capacidades mas tornar possível a expansão das forças 
existentes.
     Por outro lado, pode-se apontar 
como um Estado mal organizado aquele em que, qualquer que seja a elevação de sua 
cultura, consente na ruína, sob o ponto de vista racial, dos portadores dessa 
cultura. Pois assim se eliminaria praticamente a condição indispensável para a 
continuação dessa civilização que, aliás, não foi criada por ele mas é o fruto 
de um espírito nacional criador garantido por uma organização estatal 
conveniente. O Estado não é um conteúdo mas uma 
forma.
     A elevação da cultura de um povo, 
qualquer que ela seja, não dá a medida por que se deve apreciar o valor de um 
Estado.
     É evidente que um povo altamente 
civilizado dá de si uma impressão mais elevada do que um povo de negros. Não 
obstante isso, a organização estatal do primeiro, observada quanto à maneira por 
que realiza a sua finalidade, pode ser pior que a dos negros. Assim como a 
melhor forma de governo não pode produzir, em um povo, capacidades que não 
existiam antes, assim um Estado mal organizado pode, promovendo a ruína dos 
indivíduos de uma determinada raça, fazer desaparecerem as qualidades criadoras 
que possuíam na origem.
     Conclui-se daí que o 
julgamento da boa ou má organização de um Estado só poderá ser feito pela 
relativa utilidade que oferece a um determinado povo e nunca pela importância 
que atinge em face do mundo.
     Esse julgamento 
relativo pode ser fácil e acertadamente feito. O juízo, porém, sobre o valor 
absoluto é muito difícil, pois não depende somente da organização estatal, mas 
principalmente das qualidades de determinado 
povo.
     Quando se fala de uma mais elevada missão 
do Estado, não se deve nunca esquecer que a maior finalidade reside no povo e 
que o dever do Governo é tornar possível, com a sua organização, a livre 
expansão das forças existentes.
     Quando, porém, 
nos perguntamos qual o Estado que precisamos instituir para nós, devemos 
primeiro esclarecer que espécie de homens se há. de propor produzir e qual o 
objetivo que está destinado a servir. Infelizmente, o âmago da nacionalidade 
alemã já não é mais homogêneo, sob o ponto de vista racial. o processo de fusão 
dos elementos originais não tinha ainda ido tão longe que já se pudesse afirmar 
que uma nova raça tinha surgido dessa fusão. Ao contrário, o envenenamento 
racial de que o nosso país se vem ressentindo, desde a guerra dos Trinta Anos, 
não só perturbou a pureza do sangue como da própria alma do 
povo.
     As fronteiras abertas da Pátria, a 
vizinhança de elementos não germânicos nas fronteiras, e, sobretudo, a corrente 
contínua de sangue estrangeiro no interior do Império, não dão tempo a uma fusão 
absoluta, desde que a invasão continua sem 
interrupção.
     Não se formará uma nova raça, mas 
as diferentes raças continuarão a viver umas ao lado das outras. A conseqüência 
disso é que, nos momentos críticos, justamente quando os rebanhos se costumam 
unir, os alemães se debandam em todas as 
direções.
     Não é só nos seus respectivos 
territórios que os elementos raciais se comportam diferentemente o mesmo 
acontece com os indivíduos de raças diferentes, dentro das mesmas fronteiras. 
Coloquem-se homens do norte ao lado de homens de leste, ao lado de homens de 
leste homens do oeste e o resultado será a 
mistura.
     Por um lado, isso é de grandes 
vantagens.
     Falta aos alemães o espírito 
gregário que sempre se verifica quando todos são do mesmo sangue e que protege 
as nações contra a ruma, sobretudo nos momentos de perigo, em que todas as 
pequenas diferenças desaparecem e o povo, como um só rebanho, enfrenta o inimigo 
comum.
     Na existência de elementos raciais 
diferentes, que se não fundiram, está o fundamento do que designamos pela 
palavra super-individualismo.
     Nos tempos de 
paz, esse super-individualismo poderia ser útil, mas, bem examinadas as coisas, 
foi o que nos arrastou a sermos dominados pelo 
mundo.
     Se o povo alemão, na sua evolução 
histórica, possuísse aquela inabalável unidade, que foi de tanta utilidade a 
outros povos, seria hoje o senhor do globo terrestre. A história do mundo teria 
tomado outro curso. Não veríamos esses cegos pacifistas mendigarem a paz através 
de queixas e lamentações, pois a paz do mundo não se mantém com as lágrimas de 
carpideiras pacifistas, mas pela espada vitoriosa de um povo dominador que põe o 
mundo a serviço de uma alta cultura.
     O fato da 
não existência de uma perfeita unidade racial causou-nos grandes males. Isso deu 
lugar ao surto de um pequeno número de potentados alemães, mas retirou à 
Alemanha o direito à dominação, Ainda hoje, o nosso povo sofre as conseqüências 
dessa desunião. O que, no passado e no presente, causou a nossa infelicidade, 
pode ser, porém, a nossa salvação no futuro. Por mais prejudicial que, por um 
lado, tenha sido a falta de fusão dos diferentes elementos raciais, o que 
impediu a formação da perfeita unidade nacional, é incontestável que, por outro, 
com isso se conseguiu que, pelo menos uma parte do povo, de melhor sangue, se 
conservasse na sua pureza, evitando-se assim a ruína da 
raças.
     Certamente, uma completa fusão dos 
primitivos elementos raciais originaria uma unidade mais perfeita, mas, como se 
verifica em todos os cruzamentos, a capacidade criadora seria menor do que a 
possuída pelos elementos primitivos superiores. Foi uma felicidade que não se 
tenha dado a fusão completa, pois, por isso, ainda possuímos representantes do 
puro sangue germânico do Norte, em que vemos o mais precioso tesouro para o 
nosso futuro. Nos dias sombrios de hoje, em que é completa a ignorância sobre as 
leis raciais, em que todos os homens são tidos como iguais, não se tem uma idéia 
clara dos diferentes valores dos elementos raciais primitivos. Sabemos hoje que 
uma mistura completa dos diversos componentes do nos. w organismo racial 
poderia, em conseqüência de uma maior unificação, ter-nos proporcionado maior 
poder exterior, mas o maior objetivo da humanidade não poderia ser atingido, uma 
vez que os indivíduos apontados pela Providência a realizá-lo tinham 
desaparecido na mistura geral.
     O que a sorte 
evitou, sem o querermos, devemos experimentar e utilizar à luz dos conhecimentos 
adquiridos de então para cá.
     Quem falar de uma 
missão do povo alemão neste mundo, deve saber que essa missão só pode consistir 
na formação de um Estado que vê, como sua maior finalidade, a conservação e o 
progresso dos elementos raciais que se mantiveram puros no seio do nosso povo, 
na humanidade inteira.
     Com essa missão, o 
Estado, pela primeira vez, assume a sua verdadeira finalidade. Em vez do 
palavreado irrisório sobre a segurança da paz e da ordem, por meios pacíficos, a 
missão da conservação e do progresso de uma raça superior escolhida por Deus é 
que deve ser vista como a mais elevada.
     Em 
lugar de uma máquina que só se esforça por viver, deve ser criado um organismo 
vivo com o objetivo único de servir a uma nova 
idéia.
     O Estado alemão deve reunir todos os 
alemães com a finalidade não só de selecionar os melhores elementos raciais e 
conservá-los mas também de elevá-los, lenta mas firmemente, a uma posição de 
domínio.
     Nesse período de luta, deve-se entrar 
com a mais firme resolução. Como sempre acontece em tudo neste mundo, aqui mais 
uma vez se verifica a verdade deste provérbio - máquina que não trabalha se 
enferruja e também que a vitória está sempre no ataque. Quanto maior for o 
objetivo que tivermos diante de nós, quanto menor for a compreensão das massas 
no momento, tanto mais prodigioso será - de acordo com as lições da história - o 
êxito, desde que o alvo seja bem compreendido e a luta dirigida com firmeza 
inabalável.
     É muito natural que a maior parte 
dos empregados que hoje controlam o Estado se sintam mais a cômodo trabalhando 
para conservar o statu quo atual do que lutando por uma nova ordem de coisas. 
Eles sentirão que é mais fácil considerar o Estado como uma máquina que existe 
somente para garantir-lhes a subsistência, uma vez que as suas vidas, como eles 
costumam dizer, pertencem ao Estado.
     Como 
dissemos acima, é mais fácil ver na autoridade do Estado apenas um mecanismo do 
que encará-la como a corporificação da força de conservação de um povo na 
terra.
     No primeiro caso, para esses espíritos 
fracos, o Estado é uma finalidade em si; no segundo, é a arma poderosa a serviço 
da eterna luta pela existência, arma que não é mecânica, mas a expressão de uma 
vontade geral em favor da conservação da vida. Na luta pelas novas idéias - que 
estão em harmonia com o sentido original das coisas - encontraremos poucos 
combatentes no seio de uma sociedade de homens envelhecidos, não só de corpo 
como de espirito também, o que é ainda mais 
lamentável.
     Só virão para as nossas fileiras os 
indivíduos excepcionais, Isto é, os velhos de coração e de espírito moços. Nunca 
se incorporarão às nossas hostes aqueles que pensam ser a finalidade única da 
vida manter inalterável a situação 
atual.
     Contra nós se arregimentara um exército 
composto menos dos indivíduos maus do que dos indiferentes, preguiçosos mentais, 
e dos interessados na conservação do atual estado de coisas. O grito de guerra 
que, logo de início, afugenta os fracos, é o toque de reunir das naturezas 
dotadas de espírito combativo.
     Devemos ter 
sempre presente no espírito que quando uma certa soma de grande energia e 
eficiência de um povo é concentrada em um determino4o fim e segregada 
definitivamente, da inércia das grandes massas, essa pequena minoria está 
destinada a dominar o resto. A história do mundo é feita pelas minorias, desde 
que elas tenham incorporado a maior parte do poder de vontade e de determinação 
do povo.
     Isso que, a muitos, parece uma 
desvantagem, é, na realidade, a condição indispensável para a nossa vitória. Na 
grandeza e na dificuldade da nossa tarefa, está a possibilidade de que só os 
melhores Lutadores formarão conosco. Nessa seleção está a garantia do 
sucesso.
     A própria natureza consegue fazer 
certas correções nos seres vivos, no que diz respeito à pureza da raça. Ela tem 
muito pouca inclinação pelos bastardos. Os primeiros produtos desse cruzamento 
são os que mais sofrem, quando não na primeira, na terceira, quarta ou quinta 
geração. Perdem as qualidades da raça superior, e, pela falta de unidade racial, 
perdem também a constância na força de vontade e de decisão. Em todos os 
momentos críticos em que as raças puras tomam resoluções certas e firmes, o 
bastardo ficará indeciso, tomará meias medidas. Isso não se traduz somente na 
inferioridade da mistura em relação à pureza mas, na prática, na possibilidade 
de uma mais rápida ruína. Em um sem-número de casos, em que a raça pura resiste, 
os bastardos se deixam vencer. Nisso se deve ver uma das maneiras de correção da 
natureza. Ela vai mais adiante, quando restringe a possibilidade de procriação. 
Com isso proíbe a fecundidade de novos cruzamentos e arrasta-os ao 
extermínio.
     Se, por exemplo, em uma determinada 
raça, um indivíduo cruza com outro de raça inferior, o resultado imediato é a 
baixa do nível racial e, depois, o enfraquecimento dos descendentes, em 
comparação com os representantes da raça pura. Proibindo-se absolutamente novos 
cruzamentos com a raça superior, os bastardos, cruzando-se entre si, ou 
desapareceriam, dada a sua pouca resistência, ou, com o correr dos tempos, 
através de misturas constantes, criariam um tipo em que não mais se reconheceria 
nenhuma das qualidades da raça pura.
     Assim se 
formaria uma nova raça com uma certa capacidade de resistência passiva, mas 
muito diminuída na importância da sua cultura em relação à raça superior do 
primeiro cruzamento. Nesse último caso, na luta pela existência, o bastardo será 
sempre vencido, enquanto existir, como adversário, o representante de uma raça 
pura.
     No correr dos tempos, todos esses novos 
organismos raciais, em conseqüência do rebaixamento do nível da raça e da 
diminuição da elasticidade espiritual, daí decorrente, não poderiam sair 
vitoriosos em uma luta com uma raça pura, mesmo intelectualmente 
atrasada.
     Pode-se, pois, estabelecer o seguinte 
princípio:
     Toda mistura de raça tende, mais 
cedo ou mais tarde, a provocar a decadência do produto híbrido, enquanto a raça 
superior do cruzamento se mantiver em sua pureza. Só quando os últimos 
representantes da raça superior se tornam bastardos é que para os produtos 
híbridos cessa o perigo de 
desaparecimento.
     Inicia-se, então, um processo 
natural, mas lento, de regeneração, que gradualmente eliminará o veneno racial, 
desde que ainda exista um es toque de elementos puros e que se tenha impedido a 
mistura.
     A essa situação podem chegar mesmo 
indivíduos com o mais forte instinto racial e que, por força de certas situações 
ou por influência de coação, foram obrigados a abandonar os processos normais de 
multiplicação! Logo, porém, que essa situação excepcional deixa de exercer sua 
influência, a parte pura da raça procurará unir-se aos seus semelhantes, opondo 
um dique ao abastardamento. Os produtos bastardos entram por si mesmos para um 
segundo Plano a menos que, pelo número considerável por eles já atingido, a 
resistência dos elementos raciais puros se tivesse tornado 
impossível.
     O homem que, uma vez, perdeu os 
seus instintos e se nega ao cumprimento dos deveres que a natureza lhe impõe, 
não deve, em regra, nada esperar de um corretivo da natureza, desde que não 
tenha compensado com um conhecimento visível a perda desse instinto. Há, nesse 
caso, sempre o perigo de que o indivíduo, completamente cego, cada vez mais 
destrua as fronteiras entre as raças até perder de todo as melhores qualidades 
da raça superior. Resultará de tudo isso uma massa informe que os famosos 
reformadores de nossos dias vêem como um ideal. Em pouco tempo, desapareceria do 
mundo o idealismo. Poder-se-ia com isso formar um grande rebanho de indivíduos 
passivos, mas nunca de homens portadores e criadores de cultura. A missão da 
humanidade deveria, então, ser vista como 
terminada.
     Quem não quiser que a humanidade 
marche para essa situação, deve-se converter à idéia de que a missão principal 
dos Estados Germânicos, é cuidar de pôr um paradeiro a uma progressiva mistura 
de raças.
     A- geração dos nossos conhecidos 
fracalhões de hoje naturalmente gritará e se queixará de ofensa aos mais 
sagrados direitos dos homens.
     Só existe, porém, 
um direito sagrado e esse direito é, ao mesmo tempo, um dever dos mais sagrados, 
consistindo em velar pela pureza racial, para, pela defesa da parte mais sadia 
da humanidade, tornar possível um aperfeiçoamento maior da espécie 
humana.
     O primeiro dever de um Estado 
nacionalista é evitar que o casamento continue a ser uma constante vergonha para 
a raça e consagrá-lo como uma instituição destinada a reproduzir a imagem de 
Deus e não criaturas monstruosas, meio homens meio macacos. Protestos contra 
isso estão de acordo com uma época que permite qualquer degenerado reproduzir-se 
e lançar uma carga de indizíveis sofrimentos sobre os seus contemporâneos e 
descendentes, enquanto, por outro lado, meios de evitar a procriação são 
oferecidas à venda em todas as farmácias e até anunciados pelos camelôs, mesmo 
quando se trata de pais sadios.
     Neste estado de 
"paz e ordem" dos dias de hoje, neste mundo de bravos "nacionalistas" burgueses, 
a proibição da procriação de portadores de sífilis, tuberculose e outras 
moléstias contagiosas, de mutilados e de cretinos, é Vista como um crime, ao 
passo que a esterilidade de milhares dos indivíduos mais fortes de nossa raça 
não é tida como um mal ou ofensa à moral dessa hipócrita sociedade, mas 
aproveita ao seu comodismo. Se fosse de outra maneira, eles teriam que quebrar a 
cabeça para arranjar meios de prover à subsistência e à conservação dos 
elementos sadios da nação, que deveriam prestar esse grande serviço às gerações 
futuras.
     Como esse sistema é desprovido de 
ideal e de honra! Ninguém se preocupa em cultivar o que há de melhor, em 
benefício da posteridade, mas, ao contrário, deixam-se as coisas continuarem 
como estão.
     Até a nossa igreja, que fala sempre 
no homem como criado à imagem de Deus, peca contra esse princípio, cuidando 
simplesmente da alma, enquanto deixa o homem descer à posição de degradado 
proletário. A gente fica transido de vergonha ao ver a atuação da fé cristã, em 
nosso próprio país, em relação à "impiedade" desses indivíduos pecos de espírito 
e degradados de corpo, enquanto se procura levar a bênção da igreja a cafres e 
hotentotes. Enquanto os povos europeus são devastados por uma lepra moral e 
física, erra o piedoso missionário pela África Central, organiza missões de 
negros, até conseguir a nossa "elevada cultura" fazer de indivíduos sadios, 
embora primitivos e atrasados, bastardos, preguiçosos e 
incapazes.
     Seria muito mais nobre que ambas as 
igrejas cristãs, em vez de importunarem os negros com missões, que estes não 
desejam nem compreendem, ensinassem aos europeus, com gestos bondosos, mas com 
toda seriedade, que é agradável a Deus que os pais não sadios tenham compaixão 
das pobres criancinhas sadias e que evitem trazer ao mundo filhos que só trazem 
infelicidade para si e para os outros.
     O que 
não tem sido feito em outros setores deve ser empreendido pelo Estado. , raça 
deve ser vista como ponto central da atuação do Estado na vida geral da nação. 
Deve ser conservada pura. A infância deve ser vista como a mais preciosa 
propriedade da Pátria. Deve-se providenciar para que só pais sadios possam ter 
filhos. Só há uma coisa vergonhosa: é que pessoas doentes ou com certos defeitos 
possam procriar, e deve ser considerada uma grande honra impedir que isso 
aconteça. Por outro lado, deve ser condenado o privar a nação de filhos sadios, 
o Estado deve pôr todos os recursos médicos a serviço dessa concepção. Deve 
proclamar como incapaz de procriar quem quer que seja doente ou tenha certas 
taras hereditárias e levar esse propósito ao terreno prático. Deve providenciar 
também para que a fecundidade de uma mulher sadia não seja diminuída pelas 
malditas condições econômicas de um regime em que o ter filhos é tido como uma 
calamidade pelos pais. Deve-se libertar a nação dessa indolente e criminosa 
indiferença com que se tratam as famílias de muitos filhos e, em lugar disso, 
ver nelas a maior felicidade de um povo. Os cuidados da nação devem ser mais em 
favor das crianças do que dos adultos.
     Quem, 
física ou espiritualmente, não é sadio ou digno, não deve perpetuar os seus 
defeitos através de seus filhos! Nisso consiste a maior tarefa educativa do 
Estado nacionalista. Isso será visto, de futuro, como uma obra mais elevada do 
que as mais vitoriosas guerras do atual século burguês. Educando o indivíduo, o 
Estado deve ensinar que não é uma vergonha, mas uma lamentável infelicidade, ser 
fraco ou doente, mas é um crime e também uma vergonha que se arrastem, nessa 
infelicidade, por mero egoísmo, inocentes criaturas. Ao contrário é uma prova de 
grande nobreza de sentimentos, do mais admirável espírito de humanidade, que o 
doente renuncie a ter filhos seus e consagre seu amor e sua ternura a alguma 
criança pobre, cuja saúde dá esperança de Vir a ser ela um membro de valor de 
uma comunidade forte. Nessa obra de educação, o Estado deve coroar os seus 
esforços tratando também do aspecto intelectual. Deve agir, nesse sentido, sem 
consideração de qualquer espécie, sem procurar saber se a sua atuação é bem ou 
mal entendida, popular ou impopular.
     Só uma 
proibição, durante seis séculos, da procriação de degenerados físicos e de 
doentes de espírito não só libertaria a humanidade dessa imensa infelicidade 
como produziria uma situação de salubridade que, hoje, parece quase impossível. 
Se se realizar com método um plano de procriação dos mais sadios, o resultado 
será a constituição de uma raça que trará em si as qualidades primitivas, 
evitando assim a degradação física e intelectual de 
hoje.
     Só depois de ter tomado esse caminho é 
que um povo e um Governo conseguirão melhorar uma raça e aumentar a sua 
capacidade de procriar, permitindo, afinal, à coletividade retirar todas as 
vantagens da existência de uma raça sadia, o que constitui a maior felicidade de 
uma nação.
     É preciso que o Governo não deixe ao 
acaso os novos elementos incorporados à nação, mas, ao contrário, submeta-os a 
determinadas normas. Devem ser organizadas comissões que tenham a seu cargo 
fornecer atestados a esses indivíduos, atestados que obedeçam ao critério da 
pureza racial. Assim se formarão colônias cujos habitantes todos serão 
portadores do mais puro sangue e, ao mesmo tempo, de grande capacidade. Serão o 
mais precioso tesouro da nação. O seu progresso deve ser visto com orgulho por 
todos, pois neles estão os germes de um grande desenvolvimento da nação e da 
própria humanidade.
     A nova doutrina deve 
procurar no seio do Estado, criar um ambiente mais puro e mais elevado em que os 
homens não mais dediquem toda a sua atenção à seleção de cavalos, cães e gatos, 
mas sim procurem melhorar a sua própria situação, pela renúncia consciente de 
uns - os que não devem procriar - e pelo sacrifício espontâneo de outros, os que 
têm aquela capacidade.
     Isso não deve ser 
impossível em um mundo em que centenas de milhares de homens voluntariamente se 
entregam ao celibato, apenas por força de um compromisso 
religioso.
     Não será possível essa renúncia, se, 
em lugar do voto religioso, se colocar a advertência de que se deve pôr um 
paradeiro ao envenenamento da raça e dar ao mundo apenas criaturas verdadeiras 
feitas à imagem do Criador?
     É verdade que o 
calamitoso exército dos nossos burgueses de hoje não entenderá isso. Eles 
encolherão os ombros ou sairão sempre com as suas eternas evasivas. Dirão: "isso 
é muito bonito mas é irrealizável". No mundo deles, isso é, de fato, impossível, 
pois não têm capacidade para esse sacrifício. Eles só têm uma preocupação - o 
seu próprio eu. O seu único Deus é o dinheiro. Mas nos não nos dirigimos a esses 
e sim às grandes legiões daqueles que, por demasiado pobres, vêem na sua própria 
vida a única felicidade e que não têm como Deus o dinheiro, mas possuem outras 
crenças. Sobretudo à mocidade alemã, é que nos dirigimos. A juventude alemã, de 
futuro, ou constrói um novo Estado nacionalista ou será a última testemunha da 
derrocada, do fim do mundo burguês.
     Quando uma 
geração sofre de certos males que ela conhece e contenta-se, como é o caso atual 
do mundo burguês, em declarar levianamente que nada se pode fazer, está 
fatalmente condenada à destruição.
     A principal 
característica da nossa burguesia é que já não pode negar a enfermidade. Ela é 
obrigada a confessar que há muita coisa podre, mas não é capaz de resolver-se a 
combater o mal e, coordenando, com toda energia, a força de sessenta ou setenta 
milhões de homens, resistir ao perigo. Quando acontece o contrário, procura-se, 
pelo menos de longe, provar a impossibilidade teórica desse modo de proceder e 
mostrar que não se deve nem pensar em êxito. Não há razão, por mais absurda, que 
não invoquem em apoio da sua mesquinha 
propaganda.
     Se, por exemplo, um continente 
inteiro, envenenado pelo álcool, se recusa a combater esse mal e libertar o povo 
das suas garras, o nosso mundo burguês nada encontra para dizer. Limita-se a 
arregalar os olhos e levantar os ombros.
     Com 
uma coisa não devemos nos enganar: a nossa burguesia atual é incapaz de realizar 
qualquer grande missão na humanidade. E é incapaz, na minha opinião, não porque 
seja deliberadamente má, mas devido a sua incrível indolência e tudo que daí 
decorre.
     Há muito tempo, os clubes políticos 
que atendem pelo nome de partidos burgueses nada mais são do que sociedades que 
representam certas classes e profissões e a sua maior finalidade é defender 
interesses egoísticos, da melhor maneira possível. É óbvio que uma liga política 
de burgueses, como os nossos, presta-se para tudo menos para a luta, 
especialmente quando o adversário consiste, não em tímidos lojistas, mas em 
massas proletárias e absolutamente resolvidos à 
luta.
     Se reconhecemos que a nossa maior missão, 
a bem do povo, é a conservação e o aperfeiçoamento dos melhores elementos 
raciais, é natural que os nossos cuidados não parem após o nascimento, mas 
continuem na educação da criança, para a sua transformação em uma 
individualidade apta para a 
multiplicação.
     Assim como, em conjunto, a 
condição essencial para a capacidade de realizações espirituais é a virtude 
racial, da mesma maneira, quanto ao indivíduo, a educação deve ter em mira, em 
primeiro lugar, o aperfeiçoamento físico, pois, em regra, é nos indivíduos 
sadios e fortes que se encontra a maior capacidade intelectual. Não desmente 
essa verdade o fato de que muitos gênios são fisicamente mal formados e, até 
mesmo, doentes. Trata-se, nesse caso, de exceções que apenas confirmam a regra 
geral. Se a massa de um povo é composta de degenerados físicos, muito raramente 
surgirá desse pântano um espírito realmente grande. Da sua atuação, não é 
lícito, em nenhum caso, esperar grande coisa. A massa inferior ou não o 
entendera absolutamente ou será tão fraca de vontade que não conseguirá 
acompanhar o gênio nos seus surtos.
     Tendo isso 
em vista, o Estado deve dirigir a educação do povo, não no sentido puramente 
intelectual, mas visando sobretudo à formação de corpos sadios. Em segundo 
plano, é que vem a educação intelectual. Aqui ainda, a formação do caráter deve 
ser a primeira preocupação, especialmente a formação do poder de vontade e de 
decisão e do hábito de assumir com prazer todas as responsabilidades. Só depois 
disso, é que vem a aquisição do conhecimento 
puro.
     O Estado deve agir na presunção de que um 
homem de modesta educação, mas fisicamente sadio, de caráter firme, confiante em 
si mesmo e na sua força de vontade, é mais útil à comunidade do que um indivíduo 
fraco, embora altamente instruído.
     Um povo de 
sábios, fisicamente degenerados, torna-se fraco de vontade e transforma-se em um 
corpo de pacifistas covardes que nunca se elevara às grandes ações e nem mesmo 
poderá assegurar-se a existência na terra.
     Em 
uma áspera luta pela vida, é raramente vencido o que sabe menos, mas sempre os 
que não podem tirar partido da sua ciência, na sua atuação na vida. Deve, pois, 
haver uma harmonia entre os dois pontos de 
vista.
     De um corpo apodrecido, mesmo servido 
por um brilhante espírito, nada de grande é lícito esperar. As altas criações 
intelectuais nunca se realizarão por intermédio de caracteres dúbios, sem força 
de vontade e fisicamente doentes.      O que tornou 
imperecível o ideal da beleza grega foi a harmonia entre a beleza física e a 
espiritual e moral.
     O refrão popular, segundo o 
qual a "felicidade, no final das contas, está sempre reservada aos mais capazes" 
também se aplica na harmonia que deve existir entre o corpo e o espírito. O 
espírito sadio geralmente coincide com o corpo 
sadio.
     A cultura física não é, pois, um 
problema que só interesse ao indivíduo ou que afete somente aos pais, mas é um 
requisito Indispensável para a conservação da raça, a que o Estado deve 
proteção.
     Assim como, já hoje, o Estado, no que 
diz respeito à cultura intelectual, passa por cima do livre arbítrio dos 
indivíduos e, sem consultar a vontade dos pais, torna obrigatória a freqüência 
às escolas, assim também o Estado, de futuro, deve agir no problema da 
conservação da raça, sem indagar se as razões para essa atitude são ou não são 
compreendidas pelas massas.
     O Estado deve 
dirigir a educação do povo de maneira que a infância, desde os primeiros tempos, 
se prepare a enfrentar a luta pela vida que a espera. Deve tomar todo o cuidado 
para que não se forme uma geração de 
comodistas.
     Esse trabalho de educação e 
assistência deve ser iniciado pelas mães. Assim como foi possível, com um 
cuidadoso trabalho de dez anos, conseguir um ambiente livre de infecções para o 
nascimento, limitando as possibilidades de febres puerperais, também devem ser e 
serão possíveis, por meio de real educação das irmãs e das próprias mães, já nos 
primeiros anos da criança, cuidados que forneçam excelentes bases para um 
desenvolvimento futuro.
     Em um Estado 
nacionalista, a escola deve reservar mais tempo para o exercícios 
físicos.
     De nenhum interesses é que se 
sobrecarregue o cérebro das crianças com excesso de conhecimentos que, a prática 
demonstra, só em uma proporção insignificante, são conservados. Na maior parte 
dos casos, esquecem o importante e guardam o que é secundário, sabido como é que 
as crianças não estão em condições de fazer a seleção da matéria que lhes é 
ensinada. Foi um erro crasso ter-se, hoje, até no programa das escolas médias, 
deliberado reservar à ginástica apenas duas horas por semana e, isso mesmo sem 
caráter obrigatório. Não se deve passar um dia sem que cada jovem tenha, pelo 
menos, uma hora de exercício físico, pela manhã e à tarde, em esportes e 
ginástica. Especialmente o boxe, visto por muitos nacionalistas "como rude e 
indigno", não deve ser esquecido. É incrível a soma de idéias falsas que, entre 
os "educados", há sobre esse assunto. Julga-se natural e honroso que os 
indivíduos aprendam a lutar, a bater-se em duelo, mas jogar boxe é grosseiro! 
Por que? Não há desporto que estimule tanto o espírito de ataque. Mais do que 
nenhum outro, requer decisões rápidas e enrija e torna flexível o corpo, ao 
mesmo tempo. Não é mais grosseiro que dois jovens decidam uma disputa a soco do 
que a espada. Não é também mais nobre que um indivíduo atacado se defenda a 
murros do seu agressor, em vez de correr a gritar por socorro? Antes de tudo, o 
rapaz sadio deve aprender a suportar pancadas. Isso, aos olhos dos nossos 
"lutadores intelectuais", pode parecer selvagem. Mas um Estado nacionalista não 
tem por missão fundar uma colônia de estetas pacifistas ou de degenerados 
físicos. O ideal humano não consiste em modestos burgueses ou virtuosas 
solteironas, mas, ao contrário, em homens e mulheres fortes que possam dar ao 
mundo outros seres em idênticas condições.
     A 
função do esporte não é somente a de tornar os indivíduos ágeis e destemidos, 
mas também de prepará-los para suportarem todas as 
reações.
     Se as nossas classes intelectuais não 
tivessem sido educadas exclusivamente em desportos elegantes; se, em vez disso, 
tivessem aprendido o boxe, nunca teria sido possível uma revolução alemã de 
rufiões, de desertores e de outros indivíduos do mesmo jaez. O que assegurou o 
êxito da Revolução não foi a intrepidez e a coragem dos seus organizadores, mas 
a covardia, a miserável irresolução dos que dirigiam o Estado e eram 
responsáveis pela sua conservação. Os condutores intelectuais do nosso povo 
recebiam apenas educação espiritual e, por isso, ficaram sem poder reagir, no 
momento em que os adversários, em vez de armas espirituais, puseram em cena ate 
alavancas. A Revolução só triunfou porque a educação ministrada nas escolas 
superiores não formava homens, no verdadeiro sentido da palavra, mas 
funcionários, engenheiros, juristas, literatos e, por fim, professores 
encarregados de manter sempre viva essa instrução puramente 
intelectual.
     Nossa direção intelectual produziu 
brilhantes resultados, mas o cultivo da força de vontade sempre esteve abaixo de 
qualquer crítica. É claro que, por meio da educação, não se pode transformar um 
intelectual covarde em um homem corajoso. É evidente também que um homem, que 
não é covarde por natureza, mas prejudicado no desenvolvimento de suas 
qualidades individuais, desde que não receba uma educação que aperfeiçoe a sua 
força física e a sua destreza, será, logo de início, derrotado. É no exército 
que se pode avaliar o quanto a capacidade física estimula a coragem e desperta o 
espírito de ataque. A excelente instrução recebida pelos nossos soldados, 
durante a paz, inoculou, nesse gigantesco organismo, a fé sugestiva na sua 
própria superioridade, em proporções que os nossos próprios adversários não 
julgavam possível.
     O imortal espírito de 
combatividade e de coragem que, nos meses do fim do verão e no outono de 1914, 
se verificou na ofensiva do exército alemão, foi efeito exclusivamente dos 
ininterruptos exercícios dos tempos de paz, que permitiram que, de corpos 
fracos, se obtivessem os efeitos mais incríveis e que neles inspirou uma 
confiança em si mesmos que nunca mais os abandonou nas maiores 
refregas.
     Justamente agora que a nação alemã 
está em colapso, espezinhada por todo mundo, é que mais se faz necessária aquela 
confiança em si mesma. Essa confiança deve ser cultivada na juventude, desde a 
meninice. Toda a sua educação, todo o seu treinamento, devem ser dirigidos no 
sentido de dar-lhe a convicção da sua superioridade. Certa da sua força e da sua 
habilidade, a mocidade deve readquirir a fé na invencibilidade da sua nação. O 
que levou, outrora, o exército alemão à vitória foi a confiança extraordinária 
que cada um tinha em si mesmo e todos tinham nos seus chefes. O que poderá 
levantar de novo o povo alemão é a convicção de que a liberdade ainda poderá ser 
reconquistada. Mas essa convicção só poderá ser o produto final de um sentimento 
partilhado por milhões de indivíduos.
     Ninguém 
se engane sobre isso.
     Inaudita foi a derrocada 
da nossa nação, inaudito deve ser o esforço para, um dia, se pôr um fim a essa 
deplorável situação. Engana-se desgraçadamente quem acredita que o nosso povo, 
continuando essa educação burguesa inspirada na "paz e na ordem", poderá 
conquistar a força necessária para modificar a situação atual de ruína e jogar 
os nossos grilhões de escravos à face dos nossos adversários. Só por um imenso 
desenvolvimento de nossa força de vontade, por uma sede de liberdade e por uma 
alta devoção à Pátria é que se poderá reconquistar o que nos tem 
faltado.
     Até o vestuário dos jovens deve ser 
apropriado a esse fim. É uma verdadeira lástima ser obrigado a ver como os moços 
de hoje se submetem a uma moda idiota que muito bem se traduz no ditado popular 
que as roupas fazem os homens.
     Justamente na 
mocidade é que o vestuário deve estar em função da finalidade educacional. Um 
jovem, que, no verão, anda para cima e para baixo vestido até ao pescoço, só por 
isso dificulta a sua educação física. O espírito de honra e - digamos entre nós 
- a vaidade devem ser cultivados, não a vaidade de possuir belas roupas, que nem 
todos podem comprar, mas a de criar-se um corpo bem formado, a que todos podem 
concorrer.
     Isso corresponde, para o futuro, a 
uma certa finalidade. A rapariga deve conhecer o seu cavalheiro. Se a beleza 
física não se ocultasse hoje, completamente, sob as vestes da moda idiota, e a 
sedução de centenas de milhares de moças, por judeus bastardos, de pernas tortas 
e desengonçados, não seria possível. Está também no interesses da nação que se 
chegue à formação de corpos perfeitos, a fim de se criar um novo ideal de 
beleza.
     Isso é mais necessário, hoje, por 
faltar a educação militar, cuja organização supria em parte a deficiência de 
nosso sistema educacional de outrora. O êxito dessa organização não se via 
somente na educação do indivíduo, mas também na sua influência sobre as relações 
entre os dois sexos. A rapariga alemã preferia o soldado ao 
civil.
     É dever do Estado nacionalista cultivar 
a eficiência física, não somente nos anos de freqüência à escola mas também 
depois da idade escolar. Enquanto o indivíduo se estiver desenvolvendo 
fisicamente, este desenvolvimento deve ser dirigido de modo que se torne para 
ele uma bênção futura.
     É idiotice pensar que o 
direito do Estado em superintender a educação da sua mocidade termina com a 
idade escolar e só recomeça com o serviço militar. Esse direito é um dever que 
nunca deve ser perdido de vista.
     O Governo 
atual, que não tem nenhum interesses pela saúde do povo, abandonou essa missão 
da maneira mais criminosa. Consente que a mocidade se desmoralize nas ruas e nos 
bordéis, em vez de dirigi-la de maneira que de futuro se transforme em homens e 
mulheres sadios.
     De que maneira o Estado 
continua a dirigir essa educação pode ser, hoje, indiferente; o essencial é que 
ele o faça e procure o caminho para chegar a esse fim. O Estado tem como uma das 
suas finalidades, a educação, tanto intelectual como física, dos jovens, depois 
da idade escolar. E essa educação deve ser realizada de acordo com a orientação 
oficial, visando, nas suas linhas gerais, o serviço 
militar.
     O exército não deve, como até agora, 
instruir os moços apenas nos exercícios regulamentares mas transformar jovens já 
perfeitos, no ponto de vista físico, em verdadeiros 
soldados.
     Em um Estado nacionalista, o exército 
não existe só para ensinar o homem a marchar e a outros exercícios militares, 
mas deve ser a mais alta escola da educação nacional. Naturalmente, o jovem 
recruta deve aprender a manejar as armas, mas, ao mesmo tempo, deve ser 
preparado para a Vida futura. Nessa escola é que o rapaz se deve transformar em 
homem. Não deve só aprender a obedecer, mas também a comandar, de futuro. Deve 
aprender a silenciar não só quando é censurado com razão, mas deve também 
aprender a suportar a injustiça em 
silêncio.
     Apoiado na confiança de sua própria 
força, empolgado pelo espírito de classe, ele deve adquirir a convicção de que 
sua Pátria é invencível.
     Quando tiver terminado 
seu serviço militar deve estar em condições de poder exibir dois documentos: seu 
diploma de cidadão, que lhe dá o direito a tomar parte na vida pública, e um 
atestado de saúde que lhe dá direito a 
casar-se.
     A educação do sexo feminino deve 
obedecer ao mesmo critério da do sexo masculino. O ponto mais importante é a 
educação física, vindo, em seguida, o desenvolvimento do caráter e, por último, 
o valor intelectual. A preocupação principal, na educação das mulheres, é formar 
futuras mães.
     Só, em segundo plano, o Estado 
nacionalista tem de promover a for. mação do 
caráter.
     As qualidades reais de caráter, nos 
indivíduos, são inatas: o egoísta é e será sempre egoísta, o idealista sincero 
será sempre idealista. Entre esses dois caracteres, absolutamente típicos, há 
milhões que aparecem cujo caráter é confuso, indistinto. O criminoso nato será 
sempre criminoso, mas há inúmeras pessoas que possuem uma certa tendência para o 
crime e que poderão ser corrigidas e transformadas em ótimos membros de uma 
coletividade. Inversamente, caracteres dúbios podem, por defeito de educação, 
transformar-se em péssimos elementos.
     Quantas 
vezes, durante a Guerra, não ouvi queixas sobre a indiscrição do nosso povo, 
que, com dificuldade, podia guardar os mais importantes segredos, mesmo perante 
o inimigo! Mas, consideremos: Que fez a educação alemã, antes da Guerra, para 
recomendar a discrição como uma virtude? Na escola, o delator não era preferido 
ao que se mantinha em silêncio? Alguém procurou, por acaso, apontar a discrição 
como uma grande virtude? Não! Nas nossas escolas, essa virtude é considerada 
coisa insignificante. Apenas, essa insignificância custou à nação incontáveis 
milhões, pois noventa por cento dos processos de ofensa e outros têm sua origem 
na incapacidade de manter o 
silêncio.
     Afirmações feitas sem 
responsabilidade são retrucadas da mesma maneira. Nossa economia é 
constantemente prejudicada pela divulgação dos mais importantes métodos de 
fabricação, etc., e todos os preparativos para a defesa do país são simplesmente 
ilusórios, porque o povo nunca aprendeu a ser discreto. Durante uma guerra, esse 
amor à indiscrição pode ocasionar a perda de batalhas e constitui a causa 
principal do insucesso de uma campanha. Ninguém se deve esquecer de que o que 
não é praticado na mocidade não pode ser aprendido na idade madura. Dai se 
conclui que o professor não deve procurar tomar conhecimento de pequenas 
travessuras, cultivando a delação. A mocidade tem o seu governo próprio. Ela tem 
para com os mais crescidos uma solidariedade mais limitada, perfeitamente 
compreensível. A ligação de uma criança de dez anos com outra da mesma idade é 
maior e mais natural do que com uma mais crescida. Uma criança que denuncia seu 
camarada, pratica uma traição que, no sentido figurado, corresponde a uma 
traição contra a Pátria. Tal criança não pode ser vista como "valente" e 
"independente", mas como possuindo qualidades de caráter de pouco valor. Para o 
professor pode ser mais cômodo, a fim de manter a autoridade, utilizar esse mau 
costume, mas, no coração da criança, esse processo ocasionará um sentimento que 
agirá como um germe fatal. Não é raro de um pequeno delator sair um grande 
tratante.Isso é apenas um exemplo entre muitos. Na escola de hoje o 
desenvolvimento intelectual é maior, mas as nobres qualidades de caráter estão 
reduzidas quase a zero. Deve-se, por isso, dar maior importância ao outro ponto 
de vista. Fidelidade, capacidade de sacrifício, discrição, são virtudes de que 
um grande povo precisa e cujo ensino e cultivo nas escolas é mais importante do 
que muita coisa que, atualmente, figura nos 
programas.
     Também deve fazer parte desse plano 
o combate às lamúrias e eternas queixas. Se um processo educacional deixa de 
atuar, na criança, de modo que essa se acostume a suportar em silêncio todos os 
sofrimentos, ninguém se deve admirar que, mais tarde, no momento crítico, na 
linha de frente de uma batalha, por exemplo, o tráfico postal só se ocupe em 
transmitir cartas lamuriantes de um lado e de outro. Se a nossa juventude, nas 
escolas, tivesse aprendido menos conhecimentos e se tivesse mais exercitado no 
domínio de si mesma. grandes vantagens se teriam verificado nos anos de 
1915-1918.
     Por tudo isso, o Estado 
nacionalista, na sua missão educativa, deve dar a maior importância à educação 
física e à do caráter. Inúmeras deformidades existentes hoje no organismo 
nacional seriam, por esse processo de educação, quando não afastadas pelo menos 
minoradas.
     Da maior importância é a formação da 
força de vontade e do poder de decisão, assim como do prazer da 
responsabilidade.
     Assim como no exército era 
convicção geral, antigamente, que uma ordem é sempre melhor do que nenhuma, 
também na juventude uma resposta é sempre melhor do que nenhuma. O receio de, 
para não dar uma resposta falsa, não dar nenhuma resposta, deve envergonhar mais 
do que responder errado. Isso vai aos poucos acostumando os jovens a terem a 
coragem de suas atitudes.
     Era geral a queixa, 
em novembro e dezembro de 1918, de que havia ineficiência em todos os setores, e 
que, a partir do Imperador ao último comandante de divisão, ninguém tinha 
coragem de tomar uma decisão independente Essa terrível realidade é uma praga da 
nossa educação, pois nessa cruel catástrofe apareceu apenas em vasta escala o 
que já existia por toda parte em casos de menor 
importância.
     É essa falta de poder de vontade e 
não a falta de material de guerra que, hoje, nos torna incapazes de resistência 
séria. Está profundamente arraigada no nosso povo e proíbe-nos de tomar qualquer 
resolução que ofereça um perigo, como se a grandeza de uma ação não consistisse 
na ousadia com que é atacada.
     Sem o querer, um 
general alemão encontrou uma fórmula para essa miserável falta de decisão, 
quando avançou: Não ao nunca sem. contar pelo menos com 51% de probabilidades de 
êxito. Nesses 51% está a razão da trágica ruína da 
Alemanha.
     Quem confia à sorte a vitória de uma 
causa, não compreende a importância de um ato de heroísmo. Esse está justamente 
na convicção de que, diante da possibilidade do perigo, dá-se o passo que pode 
levar à vitória. Um canceroso, cuja morte é certa, não precisa de 51% de 
probabilidades para tentar uma operação. Se essa operação lhe oferece um meio 
por cento de possibilidade de cura, ele, sendo homem corajoso, arriscar-se-á à 
mesma. Se não o fizer não tem o direito de se queixar da sorte. A epidemia de 
falta de vontade e de espírito de decisão é, em última análise, sobretudo a 
conseqüência da falha educação da mocidade, cuja atuação devastadora se faz 
sentir na vida e cujas últimas conseqüências são a falta de coragem cívica dos 
estadistas que dirigem a nação.
     Sob o mesmo 
aspecto, pode ser visto o terror da responsabilidade que grassa em todo o país. 
Nesse caso também, o motivo inicial está na maneira por que se educa a 
juventude. Essa falta de responsabilidade conta. mina toda a vida pública e 
encontra a sua mais alta expressão na instituição do 
Parlamento.
     Já na escola dá-se mais valor a uma 
demonstração de remorso e de contrição do que a uma franca confissão do 
erro.
     Justamente porque o Estado nacionalista 
deve, de futuro, prestar toda atenção ao cultivo da força de vontade e de 
decisão, deve implantar nos corações juvenis, desde a meninice até a idade 
adulta, a alegria da responsabilidade e a coragem de confessar as suas 
faltas.
     Somente quando o Estado compreender 
essa necessidade em toda a sua significação, poderá. depois de um trabalho 
secular, ter como resultado disso um organismo nacional, não mais composto 
dessas criaturas fracas que tanto contribuíram para a nossa 
ruína.
     A instrução científica que, hoje, é o 
objetivo único da educação oficial pode ser adotada pelo Estado nacionalista com 
algumas modificações, que podem ser resumidas nestes três 
itens.
     Em primeiro lugar, o cérebro infantil 
não deve ser sobrecarregado com assuntos, noventa por cento dos quais são 
desnecessários e cedo esquecidos.
     O programa 
das escolas populares e das escolas médias, é o mais anarquizado. Em muitos 
casos, a matéria é tão vasta que só uma parte é conservada e essa mesmo não 
encontra emprego na vida prática. Do outro lado, nada se aprende que seja de 
utilidade, em uma determinada profissão, para a conquista do pão 
quotidiano.
     Tome-se, por exemplo, na idade de 
trinta e seis ou quarenta anos, o tipo normal do burocrata, que tenha feito o 
curso do Ginásio ou da Oberrealschule, e faça-se um exame sobre o que ele 
aprendeu na escola. Como é pouco o que ele conservou de tudo quanto lhe meteram 
na cabeça!
     Poder-se-á responder que a instrução 
ministrada na escola não visa somente o objetivo de posse posterior de múltiplos 
conhecimentos mas também o desenvolvimento da capacidade de assimilação, de 
raciocínio e de atenção do cérebro. Em parte, isso é 
verdadeiro.
     Nisso há, porém, sempre, um perigo. 
O cérebro juvenil fica empanturrado de impressões que, em raríssimos casos, 
consegue assimilar completamente e cuja importância, nos detalhes, não pode 
perceber nem compreender. Por isso, na maioria dos casos não é o secundário mas 
o essencial, que os jovens esquecem. Não é, por exemplo, compreensível que 
milhões de pessoas, no decorrer de anos, sejam obrigados a aprender duas ou três 
línguas estrangeiras que, só em proporções insignificantes, podem utilizar, e 
que, na maioria dos casos, esquecem inteiramente. De cem mil alunos que aprendem 
francês, por exemplo, talvez apenas dois mil possam encontrar utilização para 
esse conhecimento, enquanto os outros para o mesmo não encontrarão nenhum 
emprego, durante .toda a sua vida. Na juventude, dedicaram milhares de horas a 
um assunto, sem nenhum valor para a sua vida futura. Contra mil homens, para os 
quais o conhecimento dessa língua foi de alguma utilidade prática, há noventa e 
oito mil que foram inutilmente submetidos ao suplício de aprendê-la, com 
sacrifício completo do seu tempo.
     Além disso, 
trata-se, nesse caso, de uma língua da qual não se pode dizer que constitui a 
escola para a formação lógica do espírito, como se dá talvez com a língua 
latina. Por isso, seria um objetivo mais importante que se estudasse esse idioma 
apenas em suas linhas gerais, os fundamentos de sua gramática, a pronúncia, a 
construção através de exemplos modelares, etc. Isso bastaria para as 
necessidades comuns e, porque, mais fácil de alcançar, de muito mais valor seria 
do que a aprendizagem da linguagem falada, que nunca é completamente dominada e 
é cedo esquecida.
     Deve evitar também o perigo 
de, sobrecarregando demais o cérebro dos jovens com matérias que ficam sem 
ligação na memória e de que eles só conseguem aprender as que mais despertam a 
sua atenção, desapareça, nos cérebros juvenis, a diferença entre o valor e o 
desvalor.
     O sistema de educação que aqui esboço 
em largos traços será suficiente para a grande maioria dos jovens, enquanto que 
os outros que, mais tarde, precisarem de uma língua estrangeira, poderão sempre 
estudá-la exaustivamente, à sua livre 
escolha.
     Assim ganhar-se-ia o tempo necessário 
para a educação física e para outras exigências mais importantes que já 
indiquei.
     Sobretudo nos métodos atuais de 
ensinar história, deve-se proceder a uma modificação racial. Poucos povos têm 
tanta necessidade de aprender história quanto o povo alemão; poucos povos a 
utilizam tão mal quanto o nosso. A nossa educação histórica deve ser orientada 
pela nossa experiência política. Não nos devemos irritar com os miseráveis 
resultados da direção da coisa pública se não estivermos resolvidos a cuidar de 
uma melhor educação política. Em noventa e nove por cento dos casos, as 
conseqüências do nosso atual sistema de ensinar história são as mais 
deploráveis. Algumas datas e nomes, eis o que, habitualmente, fica do estudo da 
história. Do mesmo não constam as linhas gerais e claras da evolução. Tudo que é 
essencial, de importância, não é ensinado. Deixa-se ao maior ou menor talento 
dos indivíduos a descoberta da significação do dilúvio de datas e da sucessão 
dos acontecimentos. Por mais arrepiante que seja essa constatação, ela mantém-se 
incontestável. Basta, para prova disso, que se leiam com atenção os discursos 
dos nossos parlamentares, mesmo em um só período de sessão, sobre os problemas 
políticos, até os da política externa. Pense-se em que, ao menos pela 
importância de sua posição, esses parlamentares representam a elite nacional, e 
que eles, em grande parte, freqüentaram as escolas secundárias e alguns até as 
superiores, e compreender-se-á como é insuficiente a cultura histórica desses 
homens. Se eles nunca tivessem estudado história mas possuíssem intuições 
sadias, isso teria sido muito melhor e mais útil à 
nação.
     Sobretudo no ensino da história é que se 
deve tomar em consideração uma redução nos programas. A parte mais importante é 
o conhecimento das linhas gerais da evolução. Quanto mais se restringir o ensino 
a esse ponto de vista, tanto mais é de esperar que os indivíduos tirem proveito 
dos seus conhecimentos, o que é também de vantagem para a 
coletividade.
     Não se estuda história somente 
para saber o que aconteceu, mas para que ela possa orientar o futuro da 
nação.
     Essa é a finalidade, o ensino da 
história é apenas um meio. Não se argumente que o estudo dessas datas referentes 
a indivíduos seja necessário a um fundamental estudo da história, a fim de que 
se possa encontrar a base para as linhas gerais da evolução. Essa missão compete 
ao especialista. O tipo normal não é, porém, o do professor. Para aquele o 
estudo da história deve consistir, em primeiro lugar, em proporcionar-lhe as 
noções necessárias para que possa tomar atitude em face dos acontecimentos 
políticos da nação. Quem desejar ser professor que se aprofunde mais tarde 
nesses estudos. Esse sim terá que se ocupar com todos os detalhes, mesmo os mais 
insignificantes.
     Sob todos os aspectos, o 
ensino atual da história é deficiente, pois para a maioria dos indivíduos é 
demasiado extenso e para os especialistas muito 
limitado.
     Enfim, a missão de um Estado 
nacionalista é de esforçar-se por que seja escrita uma história do mundo em que 
a questão racial seja o problema dominante.
     Em 
resumo: o Estado nacionalista racista deve resumir o ensino intelectual, 
reduzindo-o ao que é essencial. Só depois disso é que se oferecerá a 
possibilidade de uma educação especializada sobre bases 
sólidas.
     A educação geral, destinada a todos, 
deve ser obrigatória. O resto deve ficar ao arbítrio dos 
indivíduos.
     A redução dos programas e das horas 
de estudo que assim se obteria, seria aproveitada em benefício da cultura 
física, do caráter, da vontade, do poder de decisão. A pouca importância que as 
nossas escolas, sobretudo as secundárias, hoje dão às exigências profissionais 
na vida pós escolar, é evidenciada pelo fato de homens saídos de três escolas 
diferentes poderem abraçar a mesma profissão. Daí se conclui que o importante é 
a educação geral e não a especial. Quando se trata de casos em que um verdadeiro 
conhecimento especializado torna-se necessário, os programas das nossas escolas 
secundárias aparecem deficientes.
     A segunda 
reforma que se impõe aos nossos programas de ensino é a seguinte: Prefere-se, 
nos tempos de materialismo de hoje, que a nossa educação intelectual se oriente 
cada vez mais no sentido de especializações técnicas, como matemática, física, 
química, etc. Por mais que isso seja necessário em uma época em que domina a 
técnica, que se apresenta, pelo menos aparentemente, como constituindo as 
grandes características dos nossos dias, não se deve esquecer nunca o perigo que 
resulta para o povo de uma tal orientação. A educação deve sempre e cada vez 
mais atender às exigências profissionais, fornecendo apenas as bases para 
futuras especializações.
     Ao contrário, 
desperdiçar-se-ão forças que para a conservação do povo são muito mais 
importantes que todos os conhecimentos 
especializados.
     Não se deve afastar o estudo da 
história antiga, pois a história romana, bem apreciada nas suas linhas gerais, é 
e será sempre a melhor mestra não só para o presente como para o futuro. O ideal 
da cultura helênica, na sua típica beleza, deve ser aproveitado. Não se deve 
destruir a grande comunidade racial pelas diferenciações entre os vários povos. 
A luta que hoje se agita tem o grande objetivo de, ligando sua existência ao 
passado milenar, unificar o mundo greco-romano com o 
germânico.
     Deve-se estabelecer uma diferença 
bem clara entre a educação geral e a 
especializada.
     Uma vez que a última ameaça 
pôr-se ao serviço dos argentários, a educação geral, pelo menos na sua concepção 
ideal, deve continuar a servir de contrapeso àquela 
tendência.
     Devemos nos aferrar à convicção de 
que a indústria, a ciência técnica e ocomércio só podem florescer em uma 
sociedade que oferece, por seus elevados ideais, as condições indispensáveis 
para aquele progresso, esses ideais não consistem em egoísmo material, mas em 
capacidade de sacrifício e prazer de 
renúncia.
     A educação da mocidade tem, como mais 
elevado objetivo, dar ao jovem a instrução de que, de futuro, ele precisará para 
os seus progressos na vida.
     Essa orientação 
pode ser expressa na seguinte fórmula: "O jovem deve ser de futuro uma unidade 
útil na sociedade humana". Por isso não se deve entender, porém, a sua 
capacidade apenas para ganhar o pão.
     A 
superficial educação do Estado burguês tem bases fraquíssimas. Como o Estado em 
si se apresenta apenas como uma forma, é muito difícil educar homens que se 
sintam com deveres para com o mesmo. Uma simples forma é fácil de destruir. A 
concepção de Estado, de hoje, não possui um conteúdo. Assim sendo, tudo o que se 
pode fazer em um tal Estado é promover a educação "patriótica", hoje em voga. Na 
Alemanha antiga essa educação consistia em uma espécie de veneração dos pequenos 
potentados regionais, o que ocasionou, logo de inicio, a não compreensão da 
nação tomada em conjunto. O resultado, por parte das massas populares, foi o 
insuficiente conhecimento da nossa história, por falta de percepção das linhas 
gerais.
     É evidente que, por esse meio, nunca se 
poderá chegar a assegurar uma verdadeira grandeza nacional. Falta à nossa 
educação a arte de, da evolução histórica da nacionalidade, fazer seleção de 
alguns nomes que se imponham à admiração da nação, de maneira a formar um só 
bloco nacional. Não se compreendeu a importância de apresentar aos olhos do povo 
os verdadeiros grandes homens como grandes heróis, de concentrar sobre os mesmos 
a atenção geral, criando-se assim uma opinião definida no seio das massas. Não 
se pôde, no trato das diferentes matérias dos programas nacionais destinados à 
glória da nação, ultrapassar o nível de uma representação material. Por isso, os 
brilhantes exemplos do passado não puderam inflamar o orgulho nacional. Para 
aqueles isso parecia chauvinismo. coisa de que, sob essa forma, menos se 
gostava. O patriotismo dinástico pareceu mais agradável e mais fácil de executar 
que as tempestuosas paixões que desperta o orgulho nacional. Com a primeira 
forma de patriotismo estava-se sempre disposto a "servir", com a segunda, 
poder-se-ia, um dia, dominar. O patriotismo monárquico terminou nas associações 
de veteranos; a meta a que se chegaria com o verdadeiro ardor nacional era mais 
difícil de ser determinada. Esse se compara a um cavalo nobre que não consente 
em ser montado por qualquer. Não é de admirar, pois, que toda gente preferisse 
recuar ante esse perigo. Ninguém pensou em que um dia uma guerra, com todos os 
seus horrores, poderia pôr à prova a consistência desses sentimentos 
patrióticos. Quando ela apareceu é que se verificou, da maneira mais terrível, a 
falta de um elevado sentimento nacional. Os homens tinham cada vez menos vontade 
de morrer pelo seu imperador. pelos seus reis. E a "nação" era desconhecida pela 
maior parte deles.
     Desde que a Revolução entrou 
na Alemanha e desapareceu o patriotismo monárquico, o ensino da história só 
visara na realidade um objetivo - mera aquisição de conhecimentos. Esse novo 
Estado não precisará de entusiasmo nacional; o que ele quer, porém, jamais 
conseguirá. Há poucas probabilidades de uma permanente força de resistência em 
um patriotismo dinástico. Quanto à República, o entusiasmo é ainda menor. Não, 
há nenhuma dúvida que o povo nunca teria permanecido, durante quatro anos e 
meio, nos campos de batalha, se a divisa então tivesse sido - pela 
República!
     O resto do mundo vê com simpatia 
essa República. Um fraco é sempre mais bem recebido pelos que dele se utilizam, 
do que um indivíduo forte. Na simpatia por essa forma de Governo está, porém, a 
maior crítica à mesma. O estrangeiro gosta da República alemã e deixa-a viver, 
porque não se poderia encontrar um melhor aliado na obra de escravização de 
nosso povo. A isso devemos o "magnífico" quadro da situação atual. Dai a 
oposição a qualquer educação verdadeiramente nacional e a exaltação de heróis 
fictícios que. na hora do perigo, fugiriam como 
lebres.
     O Estado nacionalista deve lutar pela 
sua existência. Não a defenderá pelo plano Dawes. Para sua existência e garantia 
do seu futuro precisará daquilo a que hoje se acredita ter ele renunciado. 
Quanto mais importante for a forma que assumir, tanto maiores serão a inveja e a 
oposição dos adversários. A sua maior proteção não está nas armas mas nos seus 
cidadãos. Não são fortalezas que o defenderão, mas as muralhas vivas das 
mulheres e homens, dominados pelo mais elevado amor à Pátria e por um fanático 
entusiasmo nacional.
     O Estado nacionalista deve 
ver na ciência um meio de aumentar o orgulho nacional. Tanto a história 
universal como a história da civilização devem ser ensinadas sob esse aspecto. 
Um inventor deve ser visto não só porque é inventor, mas também porque é um dos 
nossos compatriotas. A admiração por todas as grandes ações deve ser combinada 
ao orgulho por ser seu executor um membro de nossa Pátria. Devemos selecionar as 
maiores figuras da massa dos grandes nomes da nossa história e pô-las diante da 
juventude de modo tão impressionante que elas possam servir de colunas mestras 
de um inabalável sentimento nacionalista.
     De 
acordo com esses pontos de vista, deve ser escolhida a matéria a ser ensinada 
nas escolas. A educação deve ser orientada de tal maneira que um jovem, ao 
deixar a escola, não seja um pacifista democrata ou coisa que o valha, mas um 
verdadeiro alemão, na mais ampla acepção da 
palavra.
     Para que esse sentimento nacionalista 
seja verdadeiro e não meramente artificial, já na juventude deve-se manter no 
cérebro de cada um a convicção firme de que quem ama seu povo deve prová-lo 
somente pelo sacrifício de que é capaz em favor do mesmo. sentimento nacional 
que só visa lucros não existe. Nacionalismo que só tem em consideração o 
espírito de classe não merece esse nome. Só o fato de gritar urra! nada 
significa e não dará nenhum direito ao título de verdadeiro nacionalista, se 
atrás disso não houver a preocupação pela conservação de um espírito nacional 
sadio. Só se pode ter orgulho de uma nação, quando, na mesma, não há nenhuma 
classe de que a gente precise se envergonhar. Uma nação, porém, em que a metade 
vive na miséria, trabalhada pelas maiores preocupações, ou mesmo corrompida, dá 
de si uma impressão tão pouco edificante que ninguém por ela pode sentir 
orgulho. Enquanto um país não aparecer como sadio de corpo e alma, o prazer de a 
ele pertencer não poderá nunca atingir a esse elevado sentimento que denominamos 
orgulho nacional. Mas esse orgulho só pode possuir quem conhecer a grandeza de 
sua Pátria.
     Essa aliança íntima de nacionalismo 
e de espírito de justiça social deve ser implantada já nos corações juvenis. 
Assim se formará, de futuro, um Estado composto de cidadãos unidos entre si, 
fortalecidos, em conjunto, por um amor e um orgulho comum a todos e que se 
tornará inabalável e invencível para sempre.
     O 
pavor do chauvinismo, hoje freqüente, é uma demonstração de incapacidade Como 
falta ao Estado burguês aquela força exuberante, que até parece desagradável, o 
mesmo não mais está destinado a grandes ações. As maiores revoluções da 
humanidade não teriam sido possíveis se as forças impulsoras das mesmas fossem 
apenas virtudes burguesas inspiradas na paz e na tranqüilidade", em vez das 
fanáticas e histéricas paixões pela causa 
defendida.
     A verdade é que o mundo passa por 
grandes transformações. A única questão a saber é se o resultado final será a 
favor da raça ariana ou em proveito do eterno 
judeu.
     A tarefa do Estado nacionalista será, 
por isso, a de preservar a raça e prepará-la para as grandes e finais decisões, 
por meio da educação apropriada da mocidade.
     A 
nação que primeiro entrar no campo da luta alcançará a 
vitória.
     O trabalho de educação coletiva do 
Estado nacionalista deve ser coroado com o despertar do sentido e do sentimento 
da raça, que deve penetrar no coração e no cérebro da juventude que lhe foi 
confiada.
     Nenhum rapaz, nenhuma rapariga deve 
abandonar a escola sem, estar convencido da necessidade de manter a pureza da 
raça.
     Assim se estabelecerão as condições 
essenciais para a conservação dos fundamentos raciais e, com isso, as condições 
preliminares para o posterior desenvolvimento 
cultural.
     Toda educação física e intelectual, 
em última análise, tornar-se-ia inútil, se não pudesse ser aproveitada por uma 
criatura disposta e resolvida a manter-se e a 
mantê-la.
     Ao contrário aconteceria o que nós 
alemães já hoje lamentamos, sem talvez nos darmos conta da extensão dessa 
trágica infelicidade: no futuro serviríamos apenas de adubo para a civilização, 
não só no sentido das limitadas concepções dos burgueses atuais, que lastimam a 
perda dos indivíduos somente porque com eles se perde o Estado burguês, mas 
também no sentido de que, apesar de toda a nossa ciência, nossa raça se teria 
arruinado.
     Enquanto nos misturarmos com outras 
raças elevaremos a um nível mais elevado as raças inferiores mas desceremos para 
sempre da posição elevada em que nos achávamos 
antes.
     Sob o ponto de vista racial, essa 
educação deve ser completada pelo serviço militar, que deve ser visto como a 
conclusão da educação normal de cada 
alemão.
     Embora seja grande a importância, no 
Estado nacionalista, da educação física e espiritual, não o é menos a seleção 
dos melhores indivíduos.
     Na maioria dos casos, 
são os filhos de pais bem situados na vida que são julgados aptos para uma mais 
elevada educação. A questão do talento desempenha um papel 
secundário.
     Um filho de camponês pode ser 
dotado de muito mais talento do que um filho de pais que vêm ocupando posições 
elevadas há muitas gerações, mesmo quando, na sua capacidade de percepção, 
pareça inferior àquele.
     O fato de o último 
possuir maior soma de conhecimento nada tem que ver com a questão do talento, 
mas tem a sua origem na variedade das impressões recebidas pela criança, como 
resultado do meio mais elevado em que vive. Se o talentoso camponesinho, desde 
os primeiros anos, tivesse crescido no mesmo meio, a sua capacidade de 
assimilação seria outra.
     Hoje talvez só existe 
um setor em que o nascimento vale menos do que os dotes naturais. Refiro-me à 
arte. Como aqui não se trata somente de aprender, mas tudo provém de qualidades 
inatas que apenas precisam ser desenvolvidas posteriormente, a questão do 
dinheiro e da posição dos pais não entra em consideração, o que prova que o 
gênio não depende da posição social ou da riqueza. Os maiores não raramente têm 
origem em famílias modestas. Muitos pequenos camponeses tornam-se, mais tarde, 
festejados mestres.
     Não recomenda a profunda 
cultura da época que se não tenha tirado partido dessa verdade em benefício da 
vida espiritual da coletividade. Pensa-se que isso, que não se pode negar em 
relação à arte, não se aplica aos chamados conhecimentos 
reais.
     Sem dúvida pode-se acostumar os homens a 
umas certas habilidades automáticas, assim como é possível, por um hábil 
adestramento, levar os cães a executar trabalhos quase incríveis. Em um caso 
como no outro, não é, porém, o intelecto do indivíduo que o leva à prática 
dessas habilidades.
     Pode-se, em qualquer 
hipótese, levar um talento inferior a adquirir habilidades científicas, mas o 
resultado caracteriza-se sempre pela falta de vida, de alma, tal como acontece 
com os animais. Pode-se, por um certo exercício espiritual, Incutir no espírito 
de um homem medíocre conhecimentos acima de medíocres, mas essa ciência 
mantém-se morta e estéril Dá-se o caso de um indivíduo ser um verdadeiro 
dicionário vivo, mas, em todos os momentos da vida, fracassar miseravelmente. A 
cada nova exigência que se lhe apresenta ele tem que aprender de novo. esse 
indivíduo é incapaz de contribuir com a menor parcela para um maior 
desenvolvimento da humanidade.
     Essa ciência 
mecânica serve admiravelmente para ser aceita pelos burocratas de 
hoje.
     É perfeitamente compreensível que em 
todas as camadas sociais de uma nação serão encontrados talentos e que o valor 
do saber será tanto maior quanto mais possa ser vivificado, por essas naturezas 
de elite, o conhecimento morto. Realizações criadoras só podem surgir quando se 
dá a aliança do saber com a capacidade.
     Como a 
humanidade de hoje erra nesse sentido demonstra-o um único 
exemplo.
     De tempos em tempos, os jornais 
ilustrados comunicam aos seus leitores burgueses que, pela primeira vez, aqui ou 
ali, um negro tornou-se advogado, professor, pastor, primeiro tenor, etc. 
Enquanto a burguesia sem espírito fica admirada de um tão maravilhoso 
adestramento e, cheia de respeito por esse fabuloso resultado da atual arte de 
educar, o judeu esperto compreende que daí será possível tirar mais um aprova da 
justeza da teoria que pretende inculcar no público, segundo a qual todos os 
homens são iguais. Não se apercebe esse desmoralizado mundo burguês que se trata 
de um ultraje à nossa razão, pois é uma criminosa idiotice, adestrar, durante 
muito tempo, um meio macaco, até que se acredite que ele se fez advogado, 
enquanto milhões de indivíduos, pertencentes às mais elevadas raças, devem 
permanecer em uma posição inteiramente digna, se tem em vista a sua capacidade. 
É um atentado contra o próprio Criador deixar-se perecerem, no atual pântano 
proletário, centenas de milhares das criaturas mais bem dotadas para adestrar 
hotentotes e cafres.
     No caso, trata-se na 
realidade de um adestramento, como o do cão, e nunca de educação científica. 
     O mesmo cuidado aplicado em relação a raças 
inteligentes, daria, a cada indivíduo, mil vezes mais depressa, idêntica 
capacidade de realizações.
     É intolerável 
pensar-se que, todos os anos, centenas de milhares de indivíduos, inteiramente 
sem talento, mereçam uma educação superior, enquanto centenas de milhares de 
outros, dotados de grande inteligência, fiquem privados dessa educação. Não é 
para se desprezar a perda que a nação com isso experimenta. Se, nas últimas 
décadas, aumentou consideravelmente o número das invenções importantes, 
sobretudo na América do Norte, é que ali se ofereciam, mais do que na Europa, 
possibilidades de uma educação superior às camadas 
populares.
     Para as descobertas não basta a 
instrução mal digerida. É imprescindível o talento, infelizmente, hoje em dia, 
na Alemanha, não se dá nenhum valor a isso. Só as exigências imperiosas da 
necessidade é que despertarão o povo a essa 
verdade.
     Essa é outra tarefa educacional do 
Estado nacionalista. Seu dever não é restringir a determinada classe social a 
influência decisiva na vida da nação, mas permitir que surjam os cérebros mais 
capazes e prepará-los para as mais altas e mais dignas posições. Sua obrigação é 
não só dar uma certa educação ao tipo médio mas também oferecer aos verdadeiros 
talentos a oportunidade de desenvolverem suas qualidades excepcionais. Deve 
considerar como a sua mais imperiosa obrigação abrir as portas dos 
estabelecimentos superiores oficiais a todos os talentos, sem distinção de 
classes. Essa finalidade deve ser cumprida, pois só assim, das camadas dos 
representantes de uma ciência morta, poderão surgir os condutores geniais da 
nação.
     Há uma outra razão para que o Estado 
deva volver a sua atenção sobre esse assunto. As camadas intelectuais, sobretudo 
na Alemanha, vivem em um mundo tão à parte, que não têm nenhuma ligação com as 
classes que lhes são inferiores. Daí resultam dois péssimos efeitos: em primeiro 
lugar aquela classe nem entende o povo nem por ele tem simpatias. Há tanto tempo 
que os intelectuais vivem afastados da massa popular que não podem possuir a 
necessária compreensão da psicologia da mesma. Tornaram-se estranhos uns para 
com os outros. A essas classes superiores, em segundo lugar, falta a necessária 
força de vontade, sempre menos freqüente entre os intelectuais do que na massa 
do povo. Graças a Deus, a nós alemães, nunca faltou educação científica; em 
compensação era geral a deficiência em força de vontade e poder de decisão. 
Quanto mais "intelectuais" eram os nossos estadistas, tanto mais fracas eram as 
suas realizações. Nossa preparação política para a guerra, assim como a 
preparação técnica, foram insuficientes, não porque os dirigentes da nação 
tivessem pouca ilustração, mas, ao contrário, porque eram super instruídos, 
cheios de ciência mas vazios de intuições sadias e, sobretudo, de energia e 
intrepidez.
     Foi uma fatalidade que a nação 
alemã tivesse de lutar pela sua existência sob o governo de um chanceler 
filósofo e fraco. Se, naquela época, em vez de um Batmann Hollweg, tivéssemos 
por chefe um enérgico homem do povo, o sangue heróico dos nossos granadeiros não 
teria sido derramado em vão. Além disso, o exagerado intelectualismo dos nossos 
guias foi o melhor aliado que podiam encontrar os pulhas da Revolução de 
novembro. A maneira vergonhosa por que esses intelectuais sacrificavam o 
interesses nacional que lhes estava confiado, em vez de promoverem a sua defesa 
pelos meios mais enérgicos, ofereceu aos adversários a condição essencial para a 
vitória. Nesse assunto, a Igreja Católica oferece um exemplo muito instrutivo, o 
celibato dos sacerdotes obriga-a a recrutar os seus futuros ministros, não nas 
suas próprias fileiras, mas na massa do povo. Essa importância do celibato 
eclesiástico passa despercebida a muita gente. Aí está a razão da incrível força 
dessa instituição multissecular. Porque, ininterruptamente, esse gigantesco 
exército de dignitários espirituais é recrutado nas camadas inferiores, só por 
isso, a Igreja se assegura uma natural ligação com os sentimentos do povo, como 
também uma soma de energia que só se pode encontrar na massa popular. Daí 
resulta a impressionante vitalidade dessa formidável organização, a sua 
flexibilidade, a sua inquebrantável força de 
vontade.
     Uma das finalidades do Estado 
nacional, no ponto de vista da educação, é agir de maneira que seja possível uma 
perpétua renovação das classes intelectuais pela inoculação de sangue novo vindo 
das classes inferiores.
     É obrigação do Governo 
selecionar, com o maior cuidado e exatidão, do meio de todas as classes, o 
material humano visivelmente capaz de pô-lo ao serviço da 
coletividade.
     O Estado e os seus dirigentes não 
existem para possibilitar uma vida cômoda às diferentes classes mas para que 
essas possam cumprir a missão que lhes está reservada. Isso, porém, só será 
possível se para as posições de direção se instruírem os mais capazes, os de 
mais força de vontade. Isso se aplica não só a todos os empregados públicos como 
aos diretores intelectuais da nação, em todos os setores, e constitui um fator 
da grandeza do nosso povo, pois assim se consegue fazer a seleção dos mais 
capazes e pô-los a serviço da nação.
     Se dois 
povos entram em concorrência, em igualdade de condições, vencerá aquele que 
souber aproveitar os maiores talentos e serão vencidos os que só cuidam da 
defesa de suas posições ou de sua classe, sem nenhuma consideração à capacidade 
dos indivíduos.
     Isso parece, no mundo de hoje, 
impossível. Dir-se-á, em oposição a essa idéia, que o filho de um alto 
funcionário público não deve ser operário, porque é superior a não importa que 
filho cujos pais foram operários. Isso está de acordo com a idéia que hoje se 
faz do trabalho manual. Por isso, o Estado nacionalista deve se esforçar por 
modificar a atual concepção do trabalho. Se necessário, mesmo por uma educação 
secular, deve o Estado acabar com o desprezo pela atividade física e valorizar 
os homens não pela sorte de trabalho que desempenham mas pela forma e vantagens 
de sua atuação.
     Isso poderia parecer 
extravagante em uma época em que os escrevinhadores mais sem espírito, somente 
porque manejam com a pena, valem mais do que os melhores 
profissionais.
     Essa falsa valorização, não tem 
fundamento natural, mas é conseqüência da educação, e não existia outrora. Essa 
situação artificial é sintoma da super materialização de nossos 
tempos.
     Todo trabalho tem um duplo valor, um 
material e um ideal. O valor material reside na importância do trabalho 
realizado, que se avalia pela sua significação em relação à coletividade. Quanto 
maior for a utilidade coletiva de um determinado trabalho, tanto maior será o 
seu valor. Isso se verifica também quanto à avaliação material do trabalho 
individual, isto é, quanto ao salário. O valor do trabalho puramente material 
está em função do ideal. O valor material depende da sua necessidade; embora a 
utilidade material de uma descoberta possa ser maior do que a de um serviço 
doméstico de todos os dias, todos vêem no mesmo plano a importância de ambos 
esses serviços, desde que cada indivíduo, na sua esfera, qualquer que ele seja, 
trate de se esforçar por cumprir o seu dever da melhor maneira 
possível.
     Por esse critério, é que se deve 
medir o valor de um homem e não pelo que ele 
ganha.
     Assim, é dever do Estado assegurar a 
cada um a atividade que corresponda à sua capacidade, ou, em outras palavras, 
aperfeiçoar os indivíduos capazes para os trabalhos que lhes estão reservados. A 
capacidade não é, porém, somente conseqüência da educação; é uma qualidade mata, 
um presente da natureza e não constitui um mérito para o indivíduo. A avaliação 
pela coletividade não pode ser feita pela natureza desse trabalho, que é produto 
tanto de qualidades trazidas do berço como de outras adquiridas pela educação. A 
medida do valor de um homem depende da maneira por que ele cumpre a missão que 
lhe confiou a coletividade. O trabalho não é a finalidade da existência humana, 
mas apenas um meio para garanti-la. O homem deve continuar a educar-se, a 
enobrecer-se, mas isso só será possível dentro do quadro de uma cultura geral, 
cujo fundamento deve ser sempre o Estado. Para a conservação desse Estado, ele 
deve trazer a sua contribuição. A forma dessa contribuição é determinada pela 
natureza, cabendo ao homem, por sua diligência e honestidade, restituir à 
coletividade o que esta lhe deu. A recompensa material deve depender da 
utilidade coletiva do trabalho. As forças de que a natureza dotou os indivíduos 
e a coletividade aperfeiçoou devem ser consagradas ao interesses geral. Não deve 
ser considerado uma vergonha ser um modesto trabalhador. Vergonha é ser um 
empregado incapaz que rouba o pão ao povo, é perfeitamente compreensível, porém, 
que não se pode exigir de um indivíduo uma determinada tarefa, sem que ele, de 
inicio, tenha sido educado para executá-la.
     A 
sociedade de hoje, está, porém, promovendo a sua própria ruína. Ela introduz o 
sufrágio universal, tagarela sobre igualdade de direitos, não encontra, porém, 
fundamentos para essa doutrina. Vê na recompensa material a expressão do valor 
do indivíduo, demolindo assim as bases da mais nobre igualdade que pode existir. 
A igualdade não consiste e não pode consistir nas realizações humanas em si 
mesmas, mas é possível na forma por que cada homem cumpre suas obrigações, só 
assim, se pode, no julgamento de valor do indivíduo, pôr de lado as diferenças 
da natureza, podendo, então, cada um forjar o seu próprio 
valor.
     Nos tempos de hoje, em que todos os 
grupos humanos só se sabem apreciar pelos salários, não pode haver um 
entendimento a esse respeito. Isso não é, porém, motivo para que renunciemos às 
nossas idéias. Ao contrário. Quem quiser salvar esse mundo apodrecido deve ter a 
coragem de mostrar as causas primárias desse mal. A preocupação do movimento 
nacional-socialista deve ser esta: desprezando todos os preconceitos burgueses 
reunir e coordenar todas as forças capazes de ser aproveitadas como pioneiros da 
nova doutrina universal.
     Certamente 
levantar-se-á a objeção de que, na maioria dos casos, é difícil fazer distinção 
entre o valor material e o ideal e que o menor apreço do trabalho seria 
ocasionado justamente pelo menor salário. Esse pequeno apreço é, por sua vez, a 
causa da menor participação dos indivíduos nas riquezas culturais da nação. 
Assim, é prejudicada a cultura ideal dos homens, que nada tem que ver com o seu 
trabalho. A vergonha que se sente pelo trabalho material reside nisso: como 
conseqüência dos pequenos salários, desce o nível cultural do operário e com 
isso se justifica o menor valor em que é tida a sua 
atividade.
     Nisso há muita verdade. Justamente 
por esse motivo, é que, de futuro, se deve evitar uma grande disparidade de 
salários. Não se argumente que, assim, o resultado do trabalho individual seria 
menor. Seria o mais deplorável sintoma da decadência de uma época se o estímulo 
para as mais altas realizações espirituais dependesse apenas de altos salários. 
Se esse ponto de vista fosse até hoje o único, então a humanidade não teria 
nunca alcançado as suas grandes realizações no domínio da ciência e da cultura. 
As maiores invenções, as maiores descobertas, os trabalhos que mais 
revolucionaram a ciência, os esplêndidos monumentos da cultura humana, não 
surgiram da caça do dinheiro. Ao contrário, a sua origem coincide, não 
raramente, com a renúncia aos bens terrenos.
     É 
possível que o dinheiro se tenha tornado o poder dominante na vida de hoje, mas 
um dia virá em que os homens venerarão outros deuses, de mais 
elevação.
     Muita coisa hoje deve sua existência 
à ânsia pelo dinheiro e pelo poder, mas nisso está incluído pouca coisa, cujo 
desaparecimento deixaria a humanidade mais pobre. E uma das finalidades do nosso 
movimento anunciar que virá um tempo em que se dará ao indivíduo o que ele 
precisa para viver, mantendo-se, porém, o princípio de que o homem não deve 
viver somente para a satisfação de prazeres materiais. Isso se realizará, de 
futuro, com uma sábia graduação de salários que permita a cada trabalhador 
honesto ter a certeza de poder viver uma vida ordenada e digna, como homem e 
como cidadão.
     Não se diga que isso é um ideal 
que não resistiria à prática e jamais poderá ser 
atingido.
     Nós mesmos não somos tão simplórios 
que acreditemos na possibilidade de se conseguir restituir a existência a uma 
sociedade cheia de defeitos. Isso não nos deve, porém, livrar do dever de 
combater as faltas que conhecemos, abolir as fraquezas e lutar por um ideal. A 
dura realidade ocasionará somente restrições a essa atividade. Por isso mesmo, o 
homem se deve esforçar para atingir o objetivo final. Insucessos não devem 
desviá-lo da sua finalidade, da mesma maneira que não se pode renunciar à 
justiça somente porque na mesma se verificam erros, nem desprezar a medicina 
porque as moléstias continuam a 
existir.
     Devemos evitar dar tão pouco valor à 
força de um ideal. Quem, nesse assunto, sentir-se desalentado, deve lembrar-se, 
se já foi soldado, de um tempo cujo heroísmo era representado pela certeza da 
força do ideal, o que, então, fez com que os homens se deixassem morrer não foi 
a preocupação de ganhar o pão quotidiano, mas o amor da Pátria, a fé na sua 
grandeza, o sentimento geral da honra da nação. Somente quando o povo alemão 
afastou-se desse ideal, para seguir as promessas da Revolução e trocou as armas 
pela sacola é que alcançou o desprezo geral e a 
miséria.
     É absolutamente necessário que se 
ponha, diante das vistas dos homens práticos da República "realista" de hoje, um 
Estado ideal.
CAPÍTULO III - CIDADÃOS E "SÚDITOS" DO 
ESTADO
     A instituição que hoje erroneamente 
é designada pelo nome de Estado reconhece apenas duas sortes de indivíduos: 
cidadãos e estrangeiros. Cidadãos são aqueles que, pelo nascimento ou pela 
naturalização, gozam dos direitos de cidadania; estrangeiros são todos os que 
gozam idênticos direitos em seus respectivos países. Entre esses há os que se 
podem denominar "cometas", que não pertencem a nenhum Estado e que, por isso, 
não têm o direito de cidadania.
     Hoje, o direito 
de cidadania é adquirido, em primeiro lugar, por se ter nascido dentro das 
fronteiras de um determinado Estado. A raça e a nacionalidade nada têm a ver com 
isso. O filho de um negro que viveu em um protetorado alemão e que está 
domiciliado na Alemanha é automaticamente cidadãos do Estado alemão. Do mesmo 
modo, qualquer filho de judeu, de polonês, de africano ou de asiático, pode, sem 
maiores dificuldades, tornar-se cidadão 
alemão.
     Além da naturalização pelo nascimento 
existe a possibilidade da naturalização posterior. Essa naturalização está 
condicionada a várias exigências, como sejam, por exemplo, as seguintes. O 
candidato, quando possível, não será um arrombador de portas ou cáften, não será 
suspeito à polícia, não tomará parte em política, isto é, será um imbecil e, 
finalmente, não incomodará a sua nova pátria. Naturalmente, o mais importante 
nesta época de realismo é a situação financeira do candidato. É uma recomendação 
importante apresentar-se como um presumível futuro contribuinte para apressar a 
aquisição do direito de cidadania nos tempos 
atuais.
     Argumentos de raça de nada valem nesse 
caso.
     Todo o processo para adquirir o direito 
de cidadania em nada difere daquele por que se consegue entrar em um clube de 
automóveis, por exemplo. O candidato faz seu requerimento e, um dia, por meio 
dum escrito, chega ao seu conhecimento a notícia de que está considerado cidadão 
alemão, o que se revestia ainda de uma forma pândega. Participava-se ao catre em 
questão que "ele com aquela comunicação se tinha tornado cidadão 
alemão".
     Esse passe de mágica preparava um 
presidente da República. O que os céus não podem fazer consegue-o o mais humilde 
empregado, enquanto o diabo esfrega um olho. Com uma simples penada, um criado 
mongol transforma-se, como por encanto, em alemão da melhor 
espécie!
     O pior é que não só ninguém se 
preocupava com a raça do candidato como não se cogitava também da sua 
saúde.
     Um indivíduo, por mais roído de sífilis 
que esteja, é recebido pelo Governo de hoje como cidadão alemão desde que, 
economicamente, não crie problemas financeiros ou caracterize uma ameaça 
política.
     O cidadão alemão distingue-se do 
estrangeiro porque lhe são abertas as portas para os empregos públicos, porque, 
eventualmente, está sujeito ao serviço militar e pode votar e ser votado nas 
eleições. Nisso está toda a diferença. Quanto à proteção dos direitos pessoais e 
da liberdade, a situação dos estrangeiros é a mesma dos alemães e, às vezes, 
melhor Pelo menos é isso que acontece na República Alemã de 
hoje.
     Sei que ninguém gosta de ouvir essas 
verdades, mas o que é incontestável é que dificilmente se poderá encontrar no 
mundo uma legislação tão insensata, tão louca como a 
nossa.
     Há um país em que, pelo menos, se notam 
fracas tentativas para melhorar essa legislação. Naturalmente não me refiro à 
nossa modelar República Alemã mas ao Governo dos Estados Unidos da América do 
Norte, onde se está tentando, embora por medidas parciais, pôr um pouco de senso 
nas resoluções sobre este assunto.
     Eles se 
recusam a permitir a imigração de elementos maus sob o ponto de vista da saúde e 
proíbem absolutamente a naturalização de determinadas raças. Assim começam 
lentamente a executar um programa dentro da concepção racista do 
Estado.
     O Estado nacionalista divide seus 
habitantes em três classes: cidadãos, súditos e 
estrangeiros.
     Só o nascimento dá, em princípio, 
o direito de cidadania. Não dá, porém, o direito de exercer cargo público ou 
tomar parte na política, para votar ou ser 
votado.
     Quanto aos chamados súditos, a raça e a 
nacionalidade terão sempre que ser declaradas. A esses é livre passarem dessa 
situação à de cidadãos do país, dependendo isso da sua 
nacionalidade.
     O estrangeiro é diferente do 
súdito no fato de ser súdito em um país 
estrangeiro.
     O jovem súdito da nação alemã é 
obrigado a receber a educação que se ministra a todos os alemães. Ele se submete 
assim à mesma educação dos nacionais. Mais tarde ele tem que se submeter à 
educação física oficial e, finalmente, entra para as fileiras do exército. O 
serviço militar é obrigatório. Deve abranger todos os alemães, a fim de 
prepará-los, física e espiritualmente, para as possíveis exigências 
militares.
     Depois do serviço militar, aos 
jovens, inteiramente sadios, com solenidade será concedido o título de cidadão. 
Esse será o mais importante documento para toda a sua vida. Ele entra na posse 
de todos os direitos e goza de todas as vantagens daí decorrentes. É preciso que 
se faça a diferença entre os que concorrem para a existência e grandeza da nação 
e os que residem no país apenas para ganhar a 
vida.
     A concessão do título de cidadão exige um 
solene juramento em relação à coletividade e ao 
Estado.
     Nesse título deve ser inscrito: Deve 
ser uma honra maior ser varredor de rua em sua Pátria do que rei em país 
estrangeiro.
     O cidadão alemão é privilegiado em 
relação ao estrangeiro. Essa honra excepcional também implica em deveres. O 
indivíduo sem honra, sem caráter, o criminoso comum, o traidor da Pátria, etc., 
pode, em qualquer tempo, ser privado desses direitos. Torna-se, então, súdito, 
novamente.
     As jovens alemãs são súditas e só se 
tornam cidadãs depois de casadas. À mulher, porém, que vive do seu trabalho 
honesto, pode ser concedido o titulo de cidadã.
CAPÍTULO IV - PERSONALIDADE E CONCEPÇÃO DO ESTADO 
NACIONAL
     Se o Estado nacional socialista e 
racista tem como sua mais importante finalidade a formação e educação do povo, 
como esteio do mesmo, é óbvio que não basta somente favorecer os elementos 
raciais em si, educá-los para a vida prática. Faz-se necessário também que a sua 
própria organização seja estabelecida em harmonia com esse 
objetivo.
     Seria loucura querer medir o valor 
dos homens pela raça, e, ao mesmo tempo, declarar guerra ao princípio marxista 
segundo o qual "um homem é sempre igual a outro", se não estivermos resolvidos a 
tirar daquele axioma todas as conseqüências. A última conseqüência do 
reconhecimento da importância da questão do sangue, isto é, do fundamento do 
problema racial, deve consistir em levar aos indivíduos essa convicção. Assim 
como eu devo estabelecer a diferença entre os povos pela raça a que pertencem, 
assim também devem fazer os indivíduos dentro de uma determinada coletividade. A 
afirmação de que os povos não são iguais provoca nos indivíduos de uma nação a 
idéia de que nem todas as cabeças são iguais, porque, também nesse caso, embora 
as partes essenciais sejam semelhantes nas linhas gerais, nos casos individuais 
notam-se milhares de pequenas diferenças.
     A 
primeira conseqüência desse modo de encarar o problema é também a mais 
elementar. Refiro-me ao trabalho de favorecer, no seio da coletividade, os 
elementos de mais valor sob o ponto de vista racial e cuidar sobretudo de sua 
alimentação.
     Mais fácil torna-se essa tarefa, 
justamente porque pode ser quase mecanicamente compreendida e resolvida. Mais 
difícil é, porém, descobrir, no seio da coletividade, os indivíduos de mais 
valor sob o ponto de vista intelectual e ideal e sobre eles exercer uma 
influência que ponha esses espíritos superiores a serviço da 
nação.
     Esse movimento no sentido de estimular a 
inteligência e a capacidade não se pode fazer mecanicamente, é um trabalho que 
depende da luta diária pela vida.
     Uma concepção 
social que se propõe, pondo de lado os pontos de vista democráticos das massas, 
a entregar a terra aos melhores, aos tipos mais elevados, não deve logicamente 
estimular, no seio do povo, o princípio aristocrático, mas assegurar a direção 
aos mais capazes, para que esses possam exercer a mais elevada influencia sobre 
esse mesmo povo. Esse trabalho não se pode fundar sobre o princípio da maioria 
mas deve ser alicerçado no reconhecimento do valor da personalidade. Quem quer 
que hoje acredite que um Estado nacional-socialista-racista pode diferenciar-se 
dos outros Estados, com a aplicação de meios puramente mecânicos, pela melhoria 
da vida econômica, etc., isto é, por uma melhor distribuição da riqueza, por um 
maior controle no processo econômico, por salários mais compensadores, pelo 
combate às grandes desproporções dos mesmos, quem assim pensar, repetimos, 
encontrar-se-á em um absoluto impasse e provará não ter a mais leve idéia do que 
entendemos por uma verdadeira concepção do mundo. Por esses processos acima 
aludidos, não se chegará nunca a reformas profundas e radicais e de efeitos 
duradouros, porque essa maneira de agir toca apenas a superfície das coisas sem 
preparar para o povo uma situação que lhe dê uma segurança definitiva de poder 
vencer as fraquezas, de que hoje todos 
sofremos.
     Para mais facilmente compreender-se 
essa verdade, é oportuno, mais uma vez, lançar uma vista sobre as causas 
primárias da evolução da cultura humana.
     O 
primeiro passo que, visivelmente, levou o homem a distinguir-se do resto dos 
animais foi o que o arrastou a fazer descobertas. Essas descobertas consistiam, 
no primeiro momento, na astúcia, cujo emprego facilitou a luta pela vida contra 
os outros animais e o êxito na mesma.
     Essas 
descobertas primitivas não se apresentam claramente no espírito das pessoas, 
porque o observador de hoje as vê apenas em massa. Certos artifícios e espertos 
expedientes que o homem pode observar nos animais aparecem simplesmente como um 
fato natural. Não estando, por isso, em condições de determinar ou investigar 
suas causas primárias, contenta-se em considerar essas qualidades como 
instintivas.
     Em nosso caso, essa última palavra 
nada significa.
     Quem acredita em uma evolução 
mais elevada da vida deve admitir que todas as manifestações dessa luta pela 
existência devem ter tido um começo. Em dado momento, um indivíduo praticou uma 
determinada ação. Por força da repetição, esse fato se foi tornando cada vez 
mais geral até, de certo modo, passar para o subconsciente dos indivíduos e ser 
visto como instintivo.
     Isso se compreenderá 
mais facilmente em relação aos homens. Seus primeiros atos de inteligência na 
luta contra os outros animais foram, com certeza, na sua origem, atos praticados 
sobretudo pelos indivíduos mais capazes. As qualidades pessoais foram, 
incontestavelmente, o estímulo para as decisões e realizações que, mais tarde, 
foram aceitas como naturais por toda a humanidade. Da mesma maneira, a confiança 
na sua própria força, fundamento atual de toda estratégia, foi, originariamente, 
devida a uma determinada cabeça e, só com o correr de muitos anos, talvez 
milhares, passou a ser aceita por toda gente como perfeitamente 
compreensível.
     O homem completou essa primeira 
descoberta com uma segunda. Aprendeu outras coisas, outros processos, que pôs a 
serviço da sua luta pela subsistência. Com isso começou a atividade criadora, 
cujos resultados vemos por toda parte. Essas invenções materiais, que começaram 
pelo emprego da pedra como arma, que levaram à domesticação dos animais. e, 
através de criações artificiais, deram ao homem o fogo e, assim por diante, até 
as múltiplas e espantosas descobertas de nossos dias, são evidentemente devidas 
à iniciativa individual, o que se torna claro se examinarmos as descobertas de 
hoje, sobretudo as mais importantes, as que mais 
impressionam.
     Todas as invenções que vemos em 
torno de nós foram o resultado do poder criador e da capacidade do indivíduo e 
todas elas, em última análise, concorreram para elevar, cada vez mais, o homem 
acima do nível dos outros animais, distanciando-o dos mesmos em progressão 
sempre crescente.
     O que, de começo, era apenas 
simples artifício para auxiliar os caçadores da floresta na sua luta pela 
existência, serve agora, sob a forma das brilhantes descobertas científicas dos 
tempos atuais, a auxiliar a humanidade nas lutas do presente e a forjar as armas 
para os embates futuros.
     Todo pensamento 
humano, todas as invenções, em seus últimos efeitos. servem, em primeiro lugar, 
para facilitar a luta do homem pela vida neste planeta, mesmo quando a utilidade 
real de uma descoberta ou de uma profunda concepção científica passa 
despercebida no momento. Enquanto tudo isso auxilia o homem a elevar-se acima do 
nível das criaturas que o cercam, ele fortifica cada vez mais a sua posição, 
tornando-se, a todos os respeitos, o rei da 
criação.
     Todas as descobertas são, pois, a 
conseqüência do poder criador do indivíduo. Todos esses inventores constituem, 
quer se queira quer não, os maiores ou menores benfeitores da humanidade. Sua 
atuação proporciona a milhões de homens, meios de subsistência e recursos 
posteriores para a facilitação da luta pela 
vida.
     Se, na origem da civilização material de 
hoje, vemos sempre personalidades que se completam umas às outras e sempre 
realizam novos progressos, o mesmo acontece na execução e aperfeiçoamento das 
coisas descobertas. Os vários processos de produção, em última análise, são 
sempre obras de determinados indivíduos. O trabalho puramente teórico que, em 
relação a cada pessoa, dificilmente se pode medir, e que representa a condição 
indispensável para todas as descobertas posteriores, até esse trabalho é produto 
individual. As massas nunca inventam, nunca organizam ou pensam por si. No 
início de tudo está sempre uma atividade 
individual.
     Uma coletividade humana só é bem 
organizada quando facilita, por todos os modos possíveis, o trabalho desses 
elementos criadores e utiliza-os em benefício da 
comunidade.
     O que há de mais importante em 
matéria de invenções, quer se trate de invenções de ordem material quer de 
descobertas no mundo do pensamento, é sempre o fruto da força criadora de um 
indivíduo.
     Utilizá-las em benefício da 
coletividade é a primeira e a mais elevada tarefa da organização social, que 
deve ser apenas o desenvolvimento desse princípio. Por isso deve livrar-se da 
praga da orientação mecânica para transformar-se em uma organização viva. Deve 
ser, em si mesma, a corporificação do esforço para pôr os valores individuais 
acima das massas e subordinar essas 
àqueles.
     Essa organização não deve impedir que 
os valores individuais surjam do seio das massas, mas, ao contrário, por uma 
ação consciente, deve promover essa evolução facilitando-a por todos os meios 
possíveis. Deve partir do princípio de que a prosperidade do gênero humano nunca 
é devida às massas, mas às cabeças criadoras, que, por isso, devem ser vistas 
como benfeitoras da espécie.
     Facilitar-lhes a 
mais vasta influência está no interesses da coletividade. Esse interesses nunca 
será atendido pela dominação das massas incapa7es mas Cinicamente pela direção 
das almas privilegiadas pela Natureza. A áspera luta pela vida, mais do que 
qualquer outra causa, concorre para o aparecimento dos indivíduos superiores. 
Nessa luta muitos sucumbem, não resistem às provas, e, no fim, somente poucos 
aparecem como os escolhidos.
     Nos domínios do 
pensamento, das criações artísticas e até nos da economia, ainda hoje esse 
processo de seleção se verifica sempre, embora. no terreno econômico, encontre 
grandes obstáculos.
     A administração do Estado e 
o poder das nações representado pela sua capacidade guerreira são dominados pelo 
princípio do valor pessoal. Nesse setor domina a idéia da personalidade, a 
autoridade desta em relação aos que estão embaixo e a responsabilidade dos que 
estão em cima.
     A vida política de hoje tem cada 
vez mais abandonado esse princípio natural. Enquanto toda a cultura humana não 
passa de uma conseqüência da atividade criadora do indivíduo, na comunidade em 
geral e especialmente entre os líderes da mesma, o princípio da maioria pretende 
ser a autoridade que decide e começa gradualmente a envenenar a vida da nação, 
isto é, a arruiná-la.
     A ação destruidora do 
judaísmo em vários aspectos da vida do povo, deve ser vista como um esforço 
constante para minar a importância da personalidade nas nações que os acolhem e 
substituí-la pela vontade das massas. O princípio orgânico da humanidade ariana 
é substituído pelo princípio destruidor dos judeus. Assim se torna o judaísmo um 
"fermento de decomposição" dos povos e raças e, em sentido mais vasto, de ruína 
da cultura humana.
     O marxismo aparece como a 
tentativa dos judeus para enfraquecer, em todas as manifestações da vida humana, 
o princípio da personalidade e substituí-lo pelo prestígio das massas. Em 
política, o marxismo tem. a sua forma de expressão no regime parlamentar cujos 
efeitos sentimos desde as menores células da comunidade até as posições mais 
eminentes do Reich. No que diz respeito à economia, o efeito disso é o 
estabelecimento de uma organização que, na realidade, não serve aos interesses 
do proletariado mas aos propósitos destruidores do judaísmo 
internacional.
     A proporção que a economia se 
subtraia à atuação do princípio da personalidade, e, em lugar do mesmo, se 
instalava a influência: ,das massas, perdia a oportunidade de ter a seu serviço 
todas as capacidades reais e entrava em decadência 
inevitável.
     Todas as organizações industriais 
que, em vez de atenderem aos interesses dos seus empregados, procuram ter 
influência sobre a própria produção, servem a esses mesmos objetivos 
destruidores da economia. São nocivos à direção da coletividade e, em 
conseqüência, também aos indivíduos tomados 
isoladamente.
     A satisfação dos interesses dos 
membros de uma coletividade, em última análise, não é a conseqüência de meras 
frases teóricas, mas, sobretudo, de uma segurança que no indivíduo se oferece a 
respeito das necessidades da vida diária e a convicção definitiva daí resultante 
de que a direção geral de uma coletividade deve atender aos interesses dos 
indivíduos.
     Pouco importa que o marxismo, no 
terreno da sua teoria das massas, aparente capacidade para tomar sob a sua 
direção e desenvolver a economia existente no momento. A crítica sobre a justiça 
ou injustiça desse princípio não será determinada pela prova de sua aptidão para 
preparar o presente para o futuro, mas pela prova de sua capacidade para criar 
uma cultura. Mil vezes poderia o marxismo assumir a direção da economia e 
deixá-la progredir, o êxito dessa atividade nada provaria contra o fato de não 
estar o mesmo em condições de, pelo emprego do princípio das maiorias, criar 
essa cultura.
     O próprio marxismo deu disso uma 
prova prática. Não só nunca pôde, em parte alguma, criar uma cultura, ou mesmo 
um sistema econômico próprios, como também jamais conseguiu desenvolver um 
sistema já existente, de acordo com os seus princípios. Ao contrário, depois de 
curto espaço de tempo, é forçado a voltar atrás e fazer concessões ao princípio 
da personalidade que não pode negar nem mesmo nas suas próprias 
organizações.
     A concepção racista deve ser 
completamente diferenciada desde que aquela reconhece não só o valor da raça 
como o do próprio indivíduo, duas colunas sobre que deve repousar todo o 
edifício. Esses são os fatores básicos na sua maneira de encarar o 
mundo.
     Se o movimento nacional-socialista não 
compreendesse a importância fundamental dessa verdade, mas, ao contrário, em vez 
disso, procurasse pôr remendos ao Estado atual e visse no ponto de vista das 
massas um ponto de vista seu próprio, transformar-se-ia em um partido de 
concorrência ao marxismo. Não teria, então, o direito de falar em uma nova 
doutrina.
     Se o programa social do novo 
movimento consistisse somente em suprimir a personalidade e pôr em seu lugar a 
autoridade das massas, o Nacional-Socialismo, já ao nascer, estaria contaminado 
pelo veneno do marxismo, como é o caso dos partidos 
burgueses.
     O Estado nacionalista racista tem 
que cuidar do bem-estar dos seus cidadãos, em tudo em que reconhecer o valor da 
personalidade, e, assim, introduzir, em todos os campos de atividade, aquela 
produtiva capacidade de direção que só ao indivíduo é 
concedida.
     O Estado nacionalista deve trabalhar 
infatigavelmente para libertar o Governo, sobretudo os altos postos de direção, 
do princípio parlamentar da maioria, para assegurar, em seu lugar, a 
indiscutível autoridade do indivíduo.
     Dai 
resultam as seguintes noções:
     A melhor forma de 
Governo e de constituição é aquela que, com a mais natural firmeza, eleva aos 
postos de comando, de maior influência, as melhores cabeças de uma 
coletividade.
     Como na vida econômica os homens 
mais capazes não provêm de cima mas têm que abrir o seu próprio caminho lutando 
e nessa luta recebem as lições da experiência, tanto em pequenos negócios como 
nas grandes empresas, não podem, por isso, as cabeças de valor político ser 
descobertas de um momento para outro.
     Na sua 
organização, o Estado, desde os lugares mais modestos até aos postos mais 
elevados da coletividade, deve basear-se no princípio da 
personalidade.
     Não deve haver maiorias tomando 
decisões mas sim um corpo de pessoas responsáveis. A palavra "Conselho" 
reverterá assim à sua antiga significação. Cada um poderá ter conselheiros a seu 
lado, mas a decisão caberá sempre a uma 
pessoa.
     A razão porque o exército prussiano se 
pode transformar em um admirável instrumento de grandeza do povo alemão é que, 
em sentido figurado, ele representava o edifício de nossa organização nacional: 
autoridade e responsabilidade.
     Não nos 
poderemos passar, mesmo então, dessas corporações que designamos sob o nome de 
parlamento. A diferença ó que seus Conselhos serão verdadeiramente conselhos, 
mas a responsabilidade recairá sempre sobre uma só pessoa, a única que tem 
autoridade e o direito de dar ordens.
     Os 
parlamentos em si são necessários, antes de tudo porque neles têm oportunidade 
de se afirmar os valores individuais, a que, mais tarde, se podem confiar 
missões de responsabilidade.
     Resulta o 
seguinte:
     O Estado racista, em nenhum dos 
setores, terá um corpo de representantes que possa resolver por meio da maioria 
de votos, mas apenas Conselhos consultivos que auxiliam o chefe escolhido e, por 
intermédio desse, tomarão parte nos trabalhos e, de acordo com as necessidades, 
aceitarão responsabilidades incondicionais, nas mesmas condições em que age o 
chefe ou presidente nas grandes questões.
     O 
Estado racista não tolera que homens cuja educação ou ocupação não lhes tenha 
proporcionado conhecimentos especiais, sejam convidados a dar conselhos ou a 
julgar, o corpo representativo do Estado será dividido em comitês políticos e 
comitês profissionais permanentes.
     A fim de 
obter uma cooperação vantajosa entre os dois haverá sobre eles um Senado 
permanente. Mas nem o Senado nem a Câmara terão poderes para tomar resoluções; 
eles são designados para trabalhar e não para decidir. Os seus membros 
individuais podem aconselhar mas nunca resolver. Essa prerrogativa é da 
competência exclusiva do presidente responsável do 
momento.
     Esse princípio de absoluta aliança da 
responsabilidade com a autoridade pouco a pouco tornará possível a escolha de um 
líder, o que, hoje, é absolutamente impossível em face da irresponsabilidade do 
parlamento.
     Então a constituição política da 
nação será posta em harmonia com a lei a que esta já deve a sua grandeza nos 
domínios da cultura e da economia.
     No que diz 
respeito à possibilidade de pôr em prática essa doutrina, devo lembrar que nem 
sempre o princípio da maioria de Votos dos parlamentos democráticos governou o 
mundo. Ao contrário, esse princípio só é encontrado em pequenos períodos da 
história e esses são sempre períodos de decadência das nações ou dos 
Governos.
     Em todo caso, ninguém imagine que 
providências puramente teóricas, partidas de cima, possam provocar essa mudança, 
desde que, logicamente, a mesma não se pode limitar à constituição de um Estado 
mas toda a legislação e, na realidade, toda a vida da nação, devem por ela ser 
influenciadas.
     Uma tal revolução só poderá e só 
virá a realizar-se por meio de um movimento inspirado naquela idéia e que traga 
em si a semente do novo Estado.
     Assim o 
movimento nacional socialista hoje deve-se identificar com aquela idéia e pô-la 
em prática em sua organização própria, de maneira que não só possa guiar o 
Estado no bom caminho mas também preparar todo o corpo da nação, assim 
melhorada, a receber a nova ordem de coisas.
CAPÍTULO V - CONCEPÇÃO DO MUNDO E 
ORGANIZAÇÃO
     O Estado nacionalista, que 
tentei pintar em linhas gerais, não surgirá apenas do conhecimento das suas 
necessidades. Não basta saber que aspecto um tal Estado deverá assumir. Muito 
mais importante é o problema da sua formação. Não se pode esperar que os 
partidos atuais, que são os maiores aproveitadores do Estado, mudem de atitude 
por sua própria iniciativa. Isso é absolutamente impossível, uma vez que seus 
verdadeiros chefes são todos judeus.
     A evolução 
por que passamos terminará um dia, se não lhe opusermos obstáculos, nesta, 
profecia judaica: o judeu, na realidade, devorará os povos da terra e 
tornar-se-á senhor dos mesmos.
     Perfeitamente 
consciente dos seus objetivos, o judeu defende-os de maneira irresistível, nas 
suas relações com milhões de alemães proletários e burgueses, os quais caminham 
para a destruição, principalmente devido á sua covardia, aliada à indolência e à 
estupidez.
     Os partidos sob a sua direção não 
podem fazer outra coisa que não seja combater por seus interesses e nada têm de 
comum com o caráter das nações arianas.
     Se se 
deve fazer uma tentativa para realizar o ideal de um Estado nacionalista, devem 
ser postos de parte os que agora controlam a vida pública e deve-se procurar uma 
nova força resoluta e capaz de tomar a si a luta por esse 
ideal.
     A primeira tarefa nesse combate não é a 
criação de uma nova concepção do Estado, mas a remoção das concepções judaicas 
atuais. Como acontece freqüentemente na história, a principal dificuldade não 
está em encontrar os moldes do novo estado de coisas mas em abrir caminho para 
instalá-los. Preconceitos e interesses dispõem-se em falanges cerradas 
procurando evitar por todos os meios a vitória de uma nova idéia que vejam como 
desagradável e ameaçadora.
     Por isso, o 
combatente por um novo ideal dessa natureza é infelizmente forçado, de maneira 
veemente, a começar a luta pela parte negativa que deve terminar pela remoção 
das instituições em vigor.
     A primeira arma de 
uma nova doutrinação que se inspire em grandes princípios, por mais que isso 
possa desagradar a certos indivíduos, deve ser o exercício da mais forte critica 
contra aqueles que estão na liderança da 
sociedade.
     De observações superficiais sobre a 
história dos povos costuma-se chegar à conclusão de que a evolução dos mesmos, 
de nenhum modo, é devida à crítica negativa mas ao trabalho construtivo. Essa 
cegueira "popular", infantil e sem sentido, é uma prova de como, nessas cabeças, 
até os acontecimentos dos dias de hoje passaram sem deixar 
vestígios.
     O marxismo possui um objetivo e 
também conhece a atuação construtora (somente, porém, quando se trata de 
estabelecer o despotismo do capitalismo internacional judeu), mas nem por isso 
ele deixou de exercer a critica, durante sessenta anos, aliás uma crítica 
demolidora e dissolvente que se prolongou até que o antigo Estado, corroído pelo 
acido dessa crítica, foi arrastado à ruína. Só então, começou o seu chamado 
peno. do "construtivo". Isso era compreensível, justo e lógico. Uma situação 
existente não pode ser posta à margem pela simples anunciação de um novo estado 
de coisas. Não é admissível que os adeptos ou interessados na manutenção do 
statu quo se convertessem ao novo movimento simplesmente porque se proclamasse a 
sua necessidade. Ao contrário, acontece freqüentemente que as duas situações 
continuam uma ao lado da outra e, então, a chamada concepção do mundo 
transforma-se em partido, não podendo jamais elevar-se acima do nível das 
facções.
     Uma doutrina universal é sempre 
intolerante e não se contenta em representar o papel de um "partido ao lado dos 
outros", mas insiste em ser por todos reconhecida e em impor uma nova maneira de 
encarar a vida pública, de acordo com os seus pontos de vista. Por esse motivo, 
não pode tolerar a continuação de uma força representando a situação 
anterior,
     O mesmo acontece com as 
religiões.
     O cristianismo não se satisfez em 
erigir os seus altares, mas viu-se na contingência de proceder à destruição dos 
altares dos pagãos. Só essa fanática intolerância tornou possível construir 
aquela fé adamantina que é a condição essencial de sua 
existência.
     Pode-se fazer a objeção de que, na 
história da humanidade, esse fato é característico do modo de pensar dos judeus 
e que a intolerância e o fanatismo são a sua razão de ser. Essa objeção pode ser 
muito justa e pode-se até lamentar essa realidade e constatá-la com tristeza na 
história humana. Isso, porém, não impede que ainda hoje se verifique o mesmo 
fenômeno.
     Os homens que querem salvar o nosso 
povo da atual situação não devem quebrar a cabeça sobre se as coisas se deveriam 
passar dessa ou daquela maneira, mas devem tentar os meios para demover os 
obstáculos do presente.
     Uma doutrina universal 
que se caracteriza por sua infernal intolerância só será destruída por outra 
inspirada no mesmo espírito, mantida pela mesma vontade de ferro, baseada, 
porém, em idéias mais puras e mais 
verdadeiras.
     Cada um pode hoje, com tristeza, 
constatar que, no tempo antigo, de muito mais liberdade, o primeiro terror 
espiritual se verificou por ocasião do aparecimento do cristianismo. Não se 
contestará, porém, o falo de que o mundo, desde aquele tempo, foi torturado e 
dominado por essa intolerância e que só se vence um terror com outro terror. Só, 
então, pode-se iniciar a obra de construção.
     Os 
partidos políticos estão sempre prontos a assumir compromissos, ao contrário do 
que acontece com as concepções universais. Aquelas entram em acordo com os seus 
adversários, essas proclamam-se infalíveis.
     Os 
partidos políticos, de começo, também acariciam a esperança de exercer uma 
autoridade despótica. Eles sempre apresentam ligeiros traços de uma concepção 
mundial. A estreiteza dos seus programas priva-os do heroísmo que uma doutrina 
universal exige. A capacidade de conciliar atrai para o seu seio os espíritos 
fracos e com esses nenhuma verdadeira cruzada pode ser levada a efeito. Assim 
ficam desde cedo reduzidos às suas mesquinhas proporções. Por isso, não tentam a 
luta por uma renovação de concepções, mas, em vez disso, por uma "colaboração 
positiva", visam apenas conquistar um lugarzinho na gamela das comidas e ai 
permanecer por muito tempo. Nisso consiste todo o seu 
esforço.
     Quando, por um forte e inteligente 
concorrente à pensão, eles são expulsos da manjedoura, concentram toda sua 
inteligência e esforços para, por meio da força ou da astúcia, de novo entrar 
nas primeiras filas dos seus companheiros famintos, e, embora com o sacrifício 
das suas mais sagradas convicções, gozar as delícias das 
comidas.
     Chacais da 
política!
     Como uma doutrina mundial nunca entra 
em acordo com uma segunda, assim também não poderá colaborar em uma situação 
pela mesma condenada, mas, pelo contrário, sente-se no dever de combatê-la e 
combater também todas as idéias adversas, preparando, assim, a derrocada das 
mesmas.
     Logo que essa campanha demolidora, cujo 
perigo por todos será imediatamente reconhecido, encontrando por isso 
resistência geral, inicia também sua ação positiva, destinada a assegurar o 
êxito das novas idéias, então fazem-se necessários lutadores resolutos. Um tal 
movimento só levará à vitória as suas idéias se ao mesmo se unirem os mais 
corajosos e mais eficientes elementos do momento, em uma organização com 
capacidade para a luta. Para isso é, porém, indispensável que essa organização, 
tomando em consideração esses elementos, escolha certas idéias e lhes dê uma 
forma que, de maneira precisa e incisiva, seja a apropriada a servir de dogma à 
nova sociedade.
     Enquanto o programa de um novo 
partido político consiste apenas em uma receita para o triunfo nas eleições, o 
programa de uma nova doutrina deve se traduzir na fórmula de uma declaração de 
guerra contra uma ordem de coisas existente, em uma palavra, contra as atuais 
maneiras de compreender o mundo.
     Não é 
necessário que cada lutador, individualmente, tenha conhecimento completo de 
todas as idéias e do processo mental dos líderes do movimento. Muito mais 
necessário é que se lhe esclareçam certos pontos de vista de conjunto e as 
linhas essenciais capazes de provocar um entusiasmo permanente, de maneira que 
cada um se compenetre da necessidade da vitória do movimento em que está 
empenhado. É o mesmo que acontece com o soldado na tropa, o qual nunca está ao 
par dos altos planos estratégicos. Quanto mais é ele educado em uma disciplina 
rígida, quanto maior é o seu fanatismo a respeito do direito e da força da sua 
causa, tanto mais se entrega de corpo e alma à mesma. Assim acontece com o 
adepto de um movimento de grandes proporções, de grande futuro e que exige 
grande força de vontade.
     Tão pouco valeria um 
exército em que os soldados fossem todos iguais aos generais, pela sua educação 
e pela sua sagacidade, como um movimento político baseado em uma, concepção 
mundial, que se compusesse apenas de um conjunto de "homens de espírito". São 
absolutamente necessários os soldados, sem os quais não se pode conseguir a 
disciplina.
     Está na natureza de uma organização 
de combate que ela só pode subsistir se a sua direção, inspirada em idéias 
elevadas, servir a - uma massa de indivíduos que nela se enfileiram por motivos 
sentimentais.
     Um grupo de duzentos homens, 
iguais quanto à capacidade intelectual, com o tempo, seria mais difícil de 
disciplinar do que um de cento e no. venta homens menos capazes e de dez tipos 
superiores.
     Dessa verdade a social-democracia 
tirou outrora as maiores vantagens. Ela se aproveitou dos que se haviam 
licenciado do serviço do exército, já acostumados à disciplina e saídos das 
vastas camadas populares, e submeteu-os sua rígida disciplina partidária. A sua 
organização se apresentava como um exército de soldados e oficiais. Os operários 
que deixavam o serviço militar eram os soldados do partido, o intelectual judeu 
era o oficial, os empregados de fábricas o corpo de 
suboficiais.
     O que a nossa burguesia sempre 
olhou com indiferença, isto é, a verdade segundo a qual ao marxismo só se ligam 
as classes iletradas, era. na realidade, a condição sine qua non para o êxito do 
mesmo. Enquanto os partidos burgueses, na sua intelectualidade superficial, nada 
mais representavam do que um bando incapaz e indisciplinado, o marxismo, com um 
material humano intelectualmente inferior, formou um exército de soldados 
partidários que obedeciam tão cegamente aos seus dirigentes judeus como outrora 
aos seus oficiais alemães.
     A burguesia alemã, 
por julgar-se superior, nunca se preocupou seriamente com os problemas 
psicológicos, não julgou necessário, nesse caso, refletir sobre a importância 
desse fato e o perigo que nele se ocultava. Acreditava-se, ao contrário, que um 
movimento político que se compunha de elementos recrutados nos círculos 
intelectuais só por esse fato era de mais valor e tinha mais direito e mesmo 
mais probabilidade de alcançar o Governo do que um simples movimento de massas 
sem instrução.
     Não se apercebeu de que a força 
de um partido político não repousa em uma intelectualidade elevada e 
independente dos seus adeptos, mas sobretudo na obediência disciplinada com que 
a direção intelectual assegura a vitória. Quem decide é a própria 
direção.
     Quando dois corpos de tropa lutam um 
contra o outro, não vence aquele em que cada soldado recebeu uma perfeita 
educação estratégica, mas sim o que dispõe da melhor direção e, ao mesmo tempo, 
das tropas mais disciplinadas, mais cegas na sua obediência e mais treinadas. 
Isso é um ponto de vista fundamental que, no cálculo das possibilidades para a 
conversão de uma doutrina em realidade, devemos sempre ter em mente. Se, para 
levarmos essa doutrina à vitória, temos que nos transportar ao terreno da luta, 
logicamente o programa do movimento deve ter em consideração o material humano 
de que se pode dispor.
     Quanto mais inalterável 
for o objetivo a ser conseguido, quanto mais dogmáticas forem as idéias 
fundamentais, tanto mais psicologicamente justo deve ser o programa de 
aliciamento das massas, sem o auxilio das quais as idéias mais elevadas ficam 
sempre no terreno da teoria.
     Para que o 
programa racista-nacionalista possa emergir dos vagos anseios de hoje para 
tornar-se uma realidade, é preciso que se selecionem, dentro de suas largas 
concepções, certas idéias mestras bem definidas que, por sua significação, sejam 
apropriadas a atrair e conseguir a adesão de vastas massas populares, justamente 
aquelas que podem assegurar o êxito da grande luta de finalidade universal. 
Referimo-nos ao proletariado alemão.
     Com esse 
objetivo, o programa do novo movimento foi sintetizado em vinte e cinco 
proposições principais destinadas a orientar a luta. Essas teses são destinadas, 
antes de tudo, a dar ao homem do povo uma idéia geral das intenções do 
movimento. São por assim dizer, uma declaração de fé política, que, de um lado, 
serve à causa e, do outro, visa unir em um bloco sólido os adeptos do movimento 
por um compromisso por todos entendido.
     Assim, 
não devemos nunca abandonar o seguinte aspecto da questão. Como o programa do 
movimento, na sua mais alta finalidade, é absolutamente justo mas deve atender 
ao momento psicológico, com o correr dos tempos, pode-se chegar à convicção de 
que os indivíduos compreendem mal certas proposições e que receberiam melhor 
outro programa. Toda tentativa de modificação nesse sentido é, porém, fatal. Com 
isso, entregar-se-ia à discussão o que se deveria conservar inabalavelmente 
firme. Uma vez que qualquer ponto do dogma político é afastado, não se chegará a 
produzir um novo, melhor e mais conforme com o programa mas, ao contrário, 
marchar-se-á, através de discussões sem fim, para o caos 
geral.
     Nessa situação, deve-se sempre procurar 
saber o que é mais conveniente, se uma nova fórmula, embora melhor, que ocasiona 
a decomposição do movimento, ou uma que, não obstante não ser perfeita, no 
momento corporifica-se em uma nova organização inquebrantável, centralizada. Do 
exame mais superficial ressalta a vantagem da última hipótese. Como nessas 
modificações do programa trata-se apenas de uma questão de forma, elas parecerão 
sempre possíveis ou desejáveis.
     Devido à 
superficialidade dos homens, há o perigo de acabarem estes por considerar a 
fórmula do programa como a finalidade real do 
movimento.
     Diminuem, assim, a vontade e a força 
no combate pela idéia, e a atividade que se devia empregar na propaganda externa 
gasta-se inutilmente em lutas internas sobre questões de 
programa.
     Tratando-se de uma doutrina sã, em 
suas linhas gerais, é menos prejudicial insistir em uma determinada concepção, 
mesmo quando não corresponda perfeitamente à realidade, do que tentar 
melhorá-la, abrindo a discussão sobre os princípios básicos do movimento que 
devem ser considerados como inalteráveis. Daí só poderão resultar as piores 
conseqüências, entre as quais a impossibilidade de vitória do 
movimento.
     Como é possível inspirar aos 
indivíduos a fé cega na excelência de uma doutrina, quando modificações 
constantes no programa de propaganda da mesma desenvolvem a incerteza e a 
dúvida?
     O essencial de um movimento não está 
nas aparências externas mas no âmago das suas concepções e, nesse campo, nada 
deve ser modificado. Devemos todos desejar que, no seu próprio interesses, o 
movimento mantenha a sua força para todos os combates, evitando qualquer 
iniciativa que ponha em evidência divisões e falta de entendimento 
mútuo.
     Também nessa questão muito se pode 
aprender com a Igreja Cató1ica. Apesar de suas doutrinas estarem - aliás, sob 
certos aspectos, desnecessariarnente - em muitos pontos, em colisão com a 
ciência exata e o espírito de investigação, a Igreja não sacrifica uma virgula 
dos seus princípios. Com muita sabedoria, ela reconheceu que seu poder de 
resistência não consiste em uma maior ou menor harmonia com as conquistas 
científicas do momento, sempre variáveis, mas na insistência da defesa dos 
dogmas que, em conjunto, expressam o caráter da fé. Conseqüência disso é que a 
Igreja mantém-se mais firme do que 
nunca.
     Pode-se profetizar que, com o tempo, 
cada vez conquistará maior número de 
adeptos.
     Quem realmente desejar com sinceridade 
a vitória de uma doutrina racista deve reconhecer que, para a consecução de um 
tal resultado, é indispensável, primeiro, que o movimento se revele capaz para a 
luta, mas só se manterá se tiver como fundamento um programa inalterável e 
firme. Esse programa não deve fazer concessões exigidas pelo espírito publico em 
determinado momento, mas manter, para sempre, a fórmula julgada boa ou pelo 
menos até à hora da vitória. Antes disso, provocará a desagregação qualquer 
tentativa que tenha por fim modificar a finalidade de um ou outro ponto do 
programa e terá como conseqüência a destruição do espírito de decisão e da 
capacidade para a luta, à proporção que seus adeptos se empenham em discussões 
internas.
     Acrescente-se a isso que uma 
"reforma" executada hoje, já amanhã poderia ser destruída por novas críticas 
para, no dia seguinte, encontrar-se uma mais 
vantajosa.
     Quem entra nesse caminho, toma uma 
estrada livre da qual, porém, só se conhece o começo. O ponto terminal perde-se 
em horizontes sem fim.
     Essa importante noção 
deve ser utilizada pelo novo movimento nacional-socialista. O Partido 
Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, com o seu programa de vinte e 
cinco teses, aceitou uma base que deve ser mantida 
inalterável.
     A missão dos adeptos do movimento, 
os de hoje como os do futuro, não é criticar e alterar essas teses essenciais 
mas considerar do seu dever empenhar-se na sua defesa. Ao contrário, as próximas 
futuras gerações, com o mesmo direito, dissipariam as suas forças nessa 
atividade interna, em vez de atrair para o seio do partido novos adeptos, novas 
forças. Para a maior parte dos nossos correligionários a essência do movimento 
deve estar menos na letra das teses do que no espírito que podemos lhes 
emprestar.
     A essa noção o novo partido deveu de 
inicio o seu nome, de acordo com a mesma foi organizado o seu programa e nela se 
fundamenta o processo do seu desenvolvimento. Para se conseguir a vitória das 
idéias racistas, deve-se organizar um partido popular, um partido que não se 
componha somente de guias intelectuais mas também de 
proletários.
     Sem uma organização forte, 
qualquer tentativa para promover a realização de idéias no seio do povo será sem 
conseqüências, hoje como de futuro.
     Só assim o 
movimento terá não só o direito mas também o dever de considerar-se como 
pioneiro e representante dessas idéias.
     As 
idéias básicas do movimento Nacional Socialista são nacionalistas, assim como as 
idéias nacionalistas são também do Partido Nacional Socialista. Para a vitória 
do Partido Nacional Socialista é preciso que ele adira absolutamente a essas 
convicções. É seu dever e direito proclamar, da maneira mais incisiva, que é 
inadmissível qualquer tentativa de representar a idéia nacionalista fora dos 
limites do Partido e que, na maioria dos casos, essa tentativa não passa de 
embuste.
     Se alguém fizer ao movimento a censura 
de que o mesmo age, como se tivesse "monopolizado" a idéia racista nacionalista, 
deve-se-lhe dar apenas a seguinte resposta: Não só a "monopolizou" como a criou 
para o seu uso.
     O que até hoje existia, em 
matéria de organização partidária, não estava em condições de exercer a menor 
influência sobre a sorte do nosso povo, pois a todas as idéias em voga faltava 
uma exteriorização clara, um plano 
uniforme.
     Tratava-se, na maioria dos casos, de 
noções mais ou menos justas, que não raramente se contradiziam e que nenhuma 
ligação íntima tinham umas com as outras. Mesmo, porém, que houvesse a união a 
que nos referimos, essas idéias, por sua fraqueza, nunca teriam sido suficientes 
para, com elas, se organizar um movimento.
     Se 
hoje, todas as associações e pequenos grupos, e até "grandes partidos" reclamam 
para si a denominação de nacionalistas, devemos ver nisso a influência do 
movimento nacional-socialista. Sem a atuação deste, nunca teria ocorrido a estas 
organizações nem mesmo mencionar a palavra nacionalista. Esse qualificativo nada 
lhes teria sugerido. Ao mesmo tempo, essa concepção lhes teria passado 
indiferente, o NSDAP, isto é, o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores 
Alemães, foi o primeiro a dar um sentido a essa palavra, que hoje tem uma 
significação tão vasta e que está na boca de toda gente. Nosso movimento 
demonstrou, de maneira tão eloqüente, a força da idéia nacionalista, que a 
ambição está forçando os outros partidos pelo menos a pretenderem possuir 
aspirações iguais.
     Porque eles põem tudo o 
serviço de suas pequenas especulações eleitorais, a concepção nacionalista 
racista não passou de um estribilho oco, superficial, com o qual os partidos 
tentam rivalizar com a força criadora do movimento 
nacionalista-socialista.
     Só a preocupação de 
sua própria subsistência e o receio da prosperidade de um movimento que se faz 
em torno de uma nova concepção do mundo, cuja significação eles compreenderam 
assim como o perigo de seu espírito exclusivista, obriga-os a usar essa palavra 
que há oito anos eles não conheciam, há sete levavam a ridículo, há seis 
apontavam como uma insensatez, há cinco combatiam, há quatro odiavam, há três 
perseguiam, e só há dois anexaram ao resto do seu vocabulário, para empregá-la 
como grito de guerra.
     Ainda hoje mesmo, é fácil 
demonstrar que todos esses partidos não têm a menor idéia do que é preciso ao 
povo alemão. A prova mais evidente disso é a superficialidade com que 
compreendem a palavra "nacionalista".
     Não menos 
perigosos são os partidos que se agitam em torno de idéias aparentemente 
nacionalistas, fazem planos fantásticos, apoiados apenas em idéias fixas que, em 
si mesmas, podem ser justas, mas, no seu isolamento, não têm nenhuma 
significação para uma luta contínua em favor da coletividade e, muito menos, 
para a construção de um novo estado de 
coisas.
     Essa gente, que fabrica um programa de 
idéias próprias ou de idéias resultantes de leituras, é geralmente mais perigosa 
do que os inimigos declarados da concepção 
nacionalista.
     Na melhor das hipóteses, são 
teóricos estéreis, mas, na maior parte, palradores que se limitam a destruir e 
que, não raramente, acreditam que, com suas longas barbas e ademanes 
ultra-germânicos, poderão disfarçar a insignificância espiritual de sua maneira 
de agir, de sua capacidade.
     Em contraposição a 
todas essas estéreis tentativas, é bom que se rememore o tempo em que o novo 
partido nacional-socialista começou a sua luta.
CAPÍTULO VI - A LUTA NOS PRIMEIROS TEMPOS - A IMPORTÂNCIA DA 
ORATÓRIA
     Mal tínhamos terminado o primeiro 
grande comício de 24 de fevereiro de 1920, na sala de festas do Hofbräuhaus e já 
nos preparávamos para o próximo. Até aquele momento tinha-se como quase 
impossível, em uma cidade como Munique, fazer um comício de quinze em quinze 
dias ou mesmo uma vez por mês. No entanto, íamos realizar um grande mitingue por 
semana!
     Naqueles tempos, faziamo-nos sempre 
esta angustiosa pergunta: O povo virá às nossas reuniões, estará disposto a 
ouvir-nos? Quanto a mim, já estava firmemente convencido de que uma vez que o 
povo comparecesse aos mitingues, aí permaneceria e ouviria os oradores com 
atenção.
     No início do movimento a sala de 
festas do Hofbräuhaus de Munique tinha, para nós nacionais-socialistas, uma 
significação quase sagrada. Todas as semanas ali se realizava um comício, quase 
sempre na mesma sala. A concorrência era cada vez maior e a assistência cada vez 
mais atenta. A começar da questão de saber a quem cabia a responsabilidade na 
guerra, com que ninguém mais se preocupava, até ao tratado da paz, tudo era 
discutido, tudo o que de qualquer modo, fosse necessário para a agitação em 
favor das nossas idéias, da nossa finalidade. Sobretudo a critica do tratado de 
paz despertava grande atenção popular. Quase tudo o que o novo movimento 
profetizou sobre esse assunto, junto às massas, realizou-se depois. Hoje é fácil 
falar ou escrever sobre o tratado de paz. Outrora, porém, um comício popular 
público composto, não de fleumáticos burgueses, mas de operários excitados, e 
que tivesse por tema o tratado de Versalhes, era considerado como um ataque à 
República e um sintoma de reacionarismo, e até mesmo de tendências monárquicas. 
A primeira proposição pronunciada por um crítico desse tratado era 
invariavelmente recebida com o grito: "É o tratado de Brest-Litowsky?" A 
gritaria da multidão continuava cada vez mais forte até atingir o auge da 
violência, se o orador não abandonasse a idéia de, tentar persuadir as massas. 
Era de desesperar o espetáculo que então oferecia o 
povo!
     O povo não queria ouvir, não queria 
entender que o tratado de Versalhes era uma vergonha e um opróbrio para a nação 
e que esse tratado de paz que nos fora ditado traduzia-se por um verdadeiro 
saque. A obra de destruição do marxismo, a sua propaganda envenenadora tinha 
cegado o povo. E ninguém se poderia queixar dessa situação, tão grande era a 
culpa do lado dos dirigentes. Que tinha feito a burguesia para conter essa 
terrível desagregação, contrariá-la e. por uma melhor e mais inteligente 
propaganda, abrir o caminho para a verdade Nada, absolutamente nada. Nunca 
encontrei, naqueles tempos, os grandes apóstolos de hoje. Talvez estivessem eles 
fazendo conferências em reuniões familiares, em five o' clock teas ou em outros 
círculos semelhantes. Não se encontravam nunca no lugar em que deveriam estar, 
isto é, entre os lobos, uivando com eles.
     Eu 
via claramente que, para o nosso movimento, então na infância, a questão da 
responsabilidade da guerra deveria ser liquidada à luz da verdade histórica. Foi 
uma condição sine qua non do êxito da nossa causa o ter proporcionado às massas 
a - compreensão do tratado de paz. Como, naqueles tempos, todos viam nessa paz 
uma vitória da Democracia, fazia-se necessário lutar contra essa idéia e gravar 
na cabeça do povo para sempre o ódio contra esse tratado, para que, mais tarde, 
quando essa obra de mentiras, em formas brilhantes, aparecesse na sua dura 
realidade, a lembrança de nossa atitude de outrora servisse para conquistar para 
nós a confiança do povo. Já naqueles tempos eu tinha tomado a resolução de, nas 
importantes questões de princípio, nas quais a opinião pública geral tinha 
aceito um ponto de vista falso, tomar uma atitude contrária, sem preocupação de 
popularidade. O Partido Nacional Socialista não deve ser um esbirro da opinião 
pública mas senhor da mesma.
     Em todos os 
movimentos ainda em inicio, sobretudo nos momentos em que um adversário mais 
poderoso, com a sua arte de sedução, conseguiu arrastar o povo a alguma lunática 
revolução ou a tomar uma posição falsa, nota-se uma forte tentação para agir e 
gritar com as multidões, especialmente quando há algumas razões, mesmo 
ilusórias, para assim agir do ponto de vista do 
partido.
     A covardia humana procura com tanto 
ardor essas razões que quase sempre encontrará alguma coisa que ofereça uma 
aparência de justiça para, do seu próprio ponto de vista, colaborar em um tal 
crime.
     Tive ocasião de observar, algumas vezes, 
esses casos, em que se faz - necessário desenvolver a máxima energia para evitar 
que a nau do partido não navegue na corrente geral, ou melhor, não se deixe por 
ela arrastar. A última vez que isso aconteceu foi quando a nossa infernal 
imprensa, que é a Hecuba da nação alemã, conseguiu emprestar à questão do sul do 
Tirol uma proeminência que terá sérias conseqüências para a nação 
alemã.
     Sem refletirem sobre a causa a que 
estávamos servindo, muitos dos chamados nacionalistas, indivíduos, partidos e 
associações, simplesmente com receio da opinião pública excitada pelos judeus, 
fizeram coro comum com o sentir geral e, idiotamente, deram o seu apoio à luta 
contra um sistema que nós alemães, especialmente na crise atual, deveríamos ver 
como uma brilhante esperança nesse momento de corrupção. Enquanto os judeus 
internacionais, lenta mas firmemente, tentam estrangular-nos, os soi-disants 
patriotas vociferam contra um homem e um sistema .que se tinham aventurado a 
libertar, pelo menos um trato do planeta, da dominação dos judeus-maçons, e a 
opor as forças nacionais a esse veneno internacional. Era mais cômodo, porém, 
para caracteres fracos, navegar ao sabor dos ventos e capitular ante o clamor da 
opinião pública. E, de fato, tudo não passou de uma capitulação. Podem esses 
indivíduos, com a falsidade e maldade que lhes é peculiar, não confessar essa 
fraqueza, nem mesmo perante a sua própria consciência, mas a verdade é que só 
por medo e covardia da opinião pública preparada pelos judeus consentiram em 
colaborar no movimento a que nos referimos. Todas as outras razões que 
apresentam não passam de miseráveis subterfúgios de quem tem a consciência do 
crime praticado.
     Tornava-se, pois, necessário, 
um punho de ferro para dar outra orientação, a fim de livrá-lo dos danos 
ocasionados por essa orientação. Tentar uma mudança dessa natureza em um momento 
em que a opinião pública era excitada sempre no mesmo sentido, por todas as 
forças, não era uma missão popular, mas, ao contrário, extremamente perigosa, 
mesmo para os mais audazes. Não, é, porém, raro na história que, nestes 
momentos, indivíduos se deixem lapidar por um gesto que dará à posteridade 
motivos para prostrar-se a seus pés.
     Com esses 
aplausos da posteridade deve contar todo movimento de grande alcance e não 
somente com os aplausos dos coevos. Pode acontecer que, nesses momentos, os 
indivíduos se deixem entibiar. Não devem porém, esquecer de que, depois dessas 
horas difíceis, vem a redenção e de que uma agitação que pretende renovar o 
mundo, tem que visar mais o futuro do que o 
presente.
     Pode-se constatar facilmente que os 
maiores sucessos, os de efeitos mais duradouros, na história da humanidade 
foram, geralmente, de começo, pouco compreendidos e isso porque se contrapunham 
aos pontos de vista e ao gosto da opinião pública. Isso pudemos verificar nos 
primeiros dias de nossa apresentação em público. Não procuramos conquistar o 
favor das massas, ao contrário fomos de encontro, em tudo, aos desvarios do 
povo. Quase sempre acontecia, naqueles tempos, apresentai--me em reuniões de 
homens que acreditavam no contrário do que eu lhes queria dizer e queriam o 
contrário daquilo em que eu acreditava. Nossa missão era, durante duas horas, 
libertar dois a três mil homens das noções erradas que possuíram, por golpes 
sucessivos destruir os fundamentos dos mesmos e, finalmente, atraí-los para as 
nossas idéias, para a nossa doutrina.
     Em pouco 
tempo aprendi uma coisa importante que consistia em tirar das mãos do inimigo as 
armas de defesa. Logo se tornou evidente que os nossos adversários, sobretudo 
tratando-se de discussões verbais, sempre se apresentavam com um repertório 
certo de argumentos que, repentinamente, usavam contra as nossas afirmações, de 
modo que a uniformidade desse processo de argumentar proporcionou-nos um treno 
consciente e de objetivo bem definido. Pudemos compreender o espírito de 
disciplina dos nossos adversários, na sua propaganda. Hoje orgulho-me de ter 
descoberto os meios não só de tornar a sua propaganda ineficiente como também de 
vencer os seus próprios líderes. Dois anos depois eu era mestre nesta 
arte.
     Em cada discussão, o importante era ter, 
de antemão, uma idéia clara da forma e do aspecto prováveis dos argumentos que 
se esperavam por parte dos adversários e, mencionar, de começo, as possíveis 
objeções e provar a sua falta de consistência. Assim o ouvinte, apesar das 
numerosas objeções que lhe tinham sido inspiradas, pela destruição antecipada 
das mesmas, era facilmente conquistado para a causa, desde que fosse um homem 
bem intencionado. A lição que lhe ensinavam de cor era abandonada e sua atenção 
era cada vez mais atraída para a exposição do 
orador.
     Foi essa a razão por que, depois da 
minha conferência sobre o tratado de Versalhes, dirigida às tropas, na qualidade 
de "instrutor", mudei a minha orientação e comecei a falar sobre os dois 
tratados, de Versalhes e de Brest-Litowsky, o último dos quais antes sempre 
irritava o auditório. Depois de algum tempo, no decorrer da discussão que se 
seguiu à primeira conferência, pude afirmar que o povo, na realidade, nada sabia 
sobre o tratado de Brest-Litowsky e que isso era devido à bem sucedida 
propaganda dos partidos políticos que apontavam esse tratado como um dos mais 
vergonhosos atos de opressão da história da humanidade. À tenacidade com que 
essa mentira era posta diante dos olhos das grandes massas, deve-se o fato de 
milhões de alemães verem no tratado de Versalhes nada mais do que um justo 
castigo pelo crime que havíamos cometido em Brest-Litowsky. Influenciados por 
essa propaganda, os nossos compatriotas viam uma campanha forte contra o tratado 
de Versalhes como injusta e, freqüentemente, se irritavam ou se enojavam ante 
qualquer tentativa nesse sentido.
     Foi por isso 
também que o povo se pode acostumar com a impudente e monstruosa palavra 
"reparação". Por milhões de nossos compatriotas, iludidos por uma propaganda 
falsa, essa mentira passou a ser vista como um ato de grande justiça. A melhor 
prova disso está no êxito da propaganda que dirigi contra o tratado de 
Versalhes, campanha que sempre iniciava com uma explicação sobre o tratado de 
Brest-Litowsky. Durante a argumentação punha os dois tratados um ao lado do 
outro, comparava-os, ponto por ponto, mostrava que um, na realidade, se 
inspirava em um sentimento generoso, enquanto, ao contrário, o outro se 
caracterizava por uma crueldade desumana. Esse processo de comparação era 
coroado do mais completo êxito. Muitas vezes, discorri, outrora, sobre esse 
tema, em reuniões de milhares de homens, dos quais a maioria me recebia com 
olhares agressivos. E três dias depois, tinha diante de mim uma massa agitada 
pela mais sagrada revolta, por uma fúria sem limites contra esse tratado. Mais 
uma vez uma grande mentira era desalojada dos cérebros de milhares de homens, e, 
no lugar do embuste, se instalava a verdade.
     Eu 
considerava como as mais importantes as duas conferências sobre "As verdadeiras 
causas da Guerra e sobre "Os tratados de Versalhes e Brest-Litowsky". Por isso, 
repetia-as dezenas de vezes sempre com argumentos novos, até que uma compreensão 
clara e definida se formasse no espírito dos ouvintes, no seio dos quais o nosso 
movimento granjeava os primeiros adeptos. Esses mitingues tiveram para mim ainda 
a vantagem de transformar-me aos poucos em orador de comícios, tendo adquirido o 
entusiasmo e os gestos que as grandes reuniões populares 
estimulam.
     Naqueles momentos, como já afirmei, 
a não ser em pequenos círculos, nunca assisti, por iniciativa dos partidos, a 
qualquer explicação sobre esses tratados, com a orientação por mim adotada. No 
entanto, hoje, esses partidos enchem a boca com essas idéias e agem como se 
fossem eles que tivessem modificado a opinião 
pública.
     Se os chamados partidos políticos 
nacionalistas alguma vez fizeram conferências nesse sentido, falavam sempre em 
círculos que já possuíam as mesmas idéias dos conferencistas, que apenas serviam 
para fortalecer as convicções do auditório.
     Não 
acontecia nunca, porém, que, por meio da propaganda, procurassem conquistar a 
adesão dos que, até então, por sua educação e por suas idéias, se mantinham no 
campo oposto.
     Também os folhetos foram postos a 
serviço da nossa propaganda. Já no seio da tropa, eu havia redigido um folheto 
fazendo um confronto entre o tratado de Brest-Litowsky e o de Versalhes, o qual 
alcançou uma grande tiragem. Mais tarde, servi-me desse recurso para a 
propaganda do partido. Nesse ponto também, a eficiência se fez 
sentir.
     Os nossos primeiros mitingues se 
distinguiam pelo fato de distribuirmos opúsculos, boletins, jornais e brochuras 
de toda espécie. No entanto, a nossa maior confiança estava na palavra falada. 
É, de fato, a palavra falada, por motivos psicológicos, é a única força capaz de 
provocar grandes revoluções.
     Em outro capitulo 
deste livro, já cheguei à conclusão de que todos os acontecimentos importantes, 
todas as revoluções mundiais, não são jamais fruto da palavra escrita mas, ao 
contrário, são sempre produzidas pela palavra 
falada.
     Sobre esse assunto, travou-se, em uma 
parte da imprensa, longa discussão em que, sobretudo entre os nossos 
espertalhões da burguesia, se combateu essa afirmação A razão por que isso 
acontecia era suficiente para destruir os argumentos dos que contraditavam essa 
verdade, os intelectuais burgueses protestavam contra uma tal noção somente 
porque visivelmente eles não possuíam força e capacidade para exercer influência 
sobre as massas, por meio da palavra falada. Acostumados a agir sempre pela 
palavra escrita, renunciaram a utilizar a grande força de agitação que é a 
palavra falada.
     Esse hábito, com o decorrer dos 
tempos, teve fatalmente o resultado, que hoje verificamos na burguesia, isto é, 
a perda do instinto de atuação sobre as 
massas.
     Ao passo que lhe permite corrigir os 
seus pontos de vista de acordo com a maneira de comportar-se da audiência, 
podendo seguir seus argumentos com inteligência e verificar se as suas palavras 
estão produzindo o efeito desejado, o escritor nenhum contato tem com seus 
leitores. Por isso, o escritor é, de inicio, incapaz de se dirigir a uma 
multidão definida, com um programa em condições de arrastá-la e tem que se 
limitar a argumentos de ordem geral.
     Assim 
perde ele, até certo ponto, a fineza necessária para compreender a psicologia 
popular e, com o tempo, a plasticidade indispensável. É mais freqüente que um 
brilhante orador consiga ser um grande escritor do que 
vice-versa.
     Releva notar ainda que as massas 
humanas são naturalmente preguiçosas, e, por isso, inclinadas a conservar os 
seus antigos hábitos. Raramente, por impulso próprio, procuram ler qualquer 
coisa que não corresponda às idéias que já possuem ou que não encerre aquilo que 
esperam encontrar. Assim sendo, um escrito que visa um determinado fim, na 
maioria dos casos, só é lido por aqueles que já possuem a mesma orientação do 
autor. Mais eficiente é um boletim ou um folheto. Justamente por serem curtos, 
de leitura fácil, podem despertar a atenção do antagonista, durante um 
momento.
     Grandes possibilidades 
possui     a imagem sob todas as suas formas, desde as 
mais simples até ao cinema. Nesse caso, os indivíduos não são obrigados a um 
trabalho mental. Basta olhar, ler pequenos textos. Muitos preferirão uma 
representação por imagens à leitura de um longo escrito. A imagem proporciona 
mais rapidamente, quase de um golpe de vista, a compreensão de um fato a que, 
por meio de escritos, só se chegaria depois de enfadonha 
leitura.
     O mais importante é que o escritor 
nunca sabe em que meios vão parar as suas produções e quem vai aceitar as suas 
idéias, A atuação do propagandista será em geral tanto mais eficiente quanto 
melhor as noções propagadas correspondam ao nível intelectual e ao modo de vida 
dos leitores. Um livro que é destinado às grandes massas deve, em primeiro 
lugar, esforçar-se por adotar um estilo e uma elevação inteiramente diversos de 
outro que se dirige às altas camadas intelectuais. Só com essa capacidade de 
adaptação pode a palavra escrita aproximar-se, nos seus efeitos, da palavra 
falada.
     Suponhamos que o orador trate do mesmo 
assunto explanado em um livro. Se ele é um grande e genial orador, não precisa 
repetir o mesmo assunto, duas vezes, da mesma maneira. Ele se identificará tanto 
com as massas que as palavras de que precisa fluem naturalmente de modo a tocar 
o coração do auditório. Quando se empenha em um caminho errado, tem a 
oportunidade de corrigir-se, até mesmo, no seio da multidão. Na fisionomia dos 
ouvintes poderá ele observar, primeiro, se está sendo compreendido, segundo, se 
todos os ouvintes podem acompanhá-lo, terceiro, se estão persuadidos da justeza 
do que lhes apresenta.
     Na hipótese de verificar 
que não está sendo compreendido, procederá a uma explicação tão clara, tão 
simples, que todos a aceitarão. Se sentir que o auditório não pode acompanhá-lo 
em todos os seus raciocínios, ele, então, exporá suas idéias lenta e 
cuidadosamente, até que os espíritos intelectualmente mais fracos possam 
apanhá-las. Se compreender que os ouvintes não estão convencidos da correção de 
seus argumentos, repeti-los-á tantas vezes quantas forem necessárias, aduzindo 
sempre novos argumentos e fazendo ele mesmo as objeções que julga estarem no 
espírito do auditório. Continuará assim até que o último grupo de oposição 
demonstre, pela sua maneira de portar-se e por sua fisionomia, que capitulou 
ante os raciocínios apresentados.
     Não raramente 
surge o caso da existência de poderosos preconceitos, que não vêm da razão, mas 
ao contrário, são na maior parte, inconscientes e com base apenas nos 
sentimentos. É mil vezes mais difícil transpor essa barreira de repulsa 
instintiva, de ódio ou de preconceitos negativos, do que corrigir uma noção 
errada ou incorreta- A ignorância, falsas concepções podem ser removidas por 
argumentos, a obstrução oriunda do sentimento, nunca. Só um apelo a essas forças 
ocultas pode ser bem sucedido nesse caso. Isso é quase impossível para um 
escritor. Só um orador pode ter esperanças de 
consegui-lo.
     A prova mais evidente disso está 
no fato de a imprensa burguesa apesar de sua grande habilidade, apesar de 
espalhar-se por milhões de exemplares, não ter podido evitar que justamente as 
massas se constituíssem nos maiores inimigos do mundo burguês. A aluvião de 
jornais e de livros que, todos os anos, produzem os intelectuais, escorre, entre 
milhões de alemães das camadas inferiores, como água sobre pele untada de 
óleo.
     Esse fato pode provar duas teses: ou o 
erro do conteúdo de todas essas produções escritas ou a impossibilidade de 
atingir o coração das massas, só pela palavra escrita, sobretudo quando essa 
palavra escrita não está de acordo com a psicologia coletiva, como é o caso 
entre nos.
     Não se objete (como o tentou um 
grande jornal nacionalista de Berlim) que o marxismo, com os seus escritos, 
sobretudo pela atuação da obra fundamental de Karl Marx, oferece uma prova em 
contrario dessa afirmação.
     A força que deu ao 
marxismo a sua espantosa influência sobre as massas não foi a obra intelectual 
preparada pelos judeus, mas sim a formidável propaganda oral que inundou a 
nação, acabando pela dominação das camadas populares. De cem mil proletários 
alemães não se tiram talvez Cem que conheçam a obra de Marx, que era estudada, 
mil vezes mais, pelos intelectuais, especialmente os judeus, do que por genuínos 
adeptos do movimento, nas classes inferiores. Esse livro foi escrito para o povo 
mas exclusivamente para os líderes intelectuais da máquina que os judeus 
montaram para a conquista do mundo, A agitação foi dirigida com material de 
outra espécie, isto é, com a imprensa. Nisso está a diferença entre a imprensa 
marxista e a burguesa. Os jornais marxistas eram redigidos por agitadores, 
enquanto a imprensa burguesa preferiu dirigir a sua agitação através de 
escritores.
     O redator clandestino 
social-democrata, que quase sempre sai dos locais de reunião para as redações, 
conhece a sua gente melhor do que ninguém. O escrevinhador burguês, que sai do 
seu escritório para pôr-se em contato com o povo, cai doente só em sentir o 
cheiro das massas e, por isso, fica impotente em face delas, com a sua palavra 
escrita.
     O que fez com que o marxismo 
conquistasse milhões de trabalhadores foi menos a maneira de escrever dos papas 
marxistas do que a infatigável e verdadeiramente poderosa propaganda de cem mil 
incansáveis agitadores, a começar dos apóstolos da primeira fila até aos 
pequenos empregados de fábrica e aos oradores populares. Foi nas centenas de 
milhares de reuniões, nas salas contaminadas de fumo das estalagens, que os 
oradores martelavam as suas idéias na cabeça do povo, obtendo um conhecimento 
fabuloso do material humano, que o marxismo aprendia a usar as armas adequadas 
para conquistar a opinião pública.
     A vitória do 
marxismo foi também devida às formidáveis demonstrações coletivas, àqueles 
cortejos de centenas de milhares de homens, perante os quais os indivíduos se 
Julgavam mesquinhos vermes, mas, não obstante isso, orgulhavam-se de pertencer à 
gigantesca organização, ao sopro da qual o odiado mundo burguês poderia ser 
incendiado, permitindo à ditadura proletária festejar a sua vitória 
final.
     Dessa propaganda vêm os homens que 
estavam preparados a ler a imprensa social-democrática, imprensa que não é 
escrita mas falada. Enquanto, no campo burguês, professores e exegetas, teóricos 
e escritores de todas as nuances tentaram a tribuna, os oradores marxistas 
também se dedicaram à produção de trabalhos escritos. Sobretudo o judeu, que, 
nesses assuntos, não deve ser perdido de vistas, será, graças à sua dialética 
mentirosa e à sua maleabilidade, mais afeiçoado à oratória do que à palavra 
escrita.
     Essa é a razão por que os burgueses 
(pondo-se de parte o fato de que estavam em grande maioria influenciados pelos 
judeus e não tinham nenhum interesses em instruir a coletividade) não puderam 
exercer a menor influência sobre a grande massa do 
povo.
     De como é difícil destruir preconceitos, 
impressões e sentimentos e substitui-los por outros, que dependem de influências 
e condições imprevisíveis, só o orador, que sente a alma popular, pode fazer uma 
idéia. A mesma conferência, o mesmo orador, o mesmo tema, produzem efeitos, às 
dez horas da manhã, diferentes dos que se pode obter às três horas da tarde ou à 
noite. Eu mesmo, como principiante, tentei fazer reuniões à tarde e lembro-me 
muito bem de uma demonstração que, como "protesto contra a opressão nas nossas 
fronteiras", fizemos no Kindl-Keller de Munique. Era a mais vasta sala da cidade 
e o risco em que incorríamos parecia acima de nossas forças. Para facilitar a 
presença dos nossos adeptos e de todos que quisessem na mesma tomar parte, 
marquei a reunião para as dez horas da manhã de um domingo. A expectativa era de 
ansiedade, que logo se transformou em uma lição das mais instrutivas: a sala 
encheu-se, a impressão era de vitória, mas notava-se a mais fria disposição por 
parte do auditório. Ninguém se inflamava. Eu mesmo, como orador, sentia-me 
infeliz, não conseguia estabelecer ligação com os ouvintes. Aliás, eu estava 
convencido de que não tinha falado mal, mas, não obstante isso, o efeito da 
conferência foi nulo. Descontente, apesar de ter adquirido mais uma experiência, 
deixei a sala de reuniões. Outras provas que eu, mais tarde, tentei, tiveram o 
mesmo resultado.
     Isso não deve causar admiração 
a ninguém. Quem for assistir a uma representação teatral às três horas da tarde 
e depois assistir à mesma peça às oito horas da noite ficará surpreendido com a 
diferença de impressões! Qualquer indivíduo de sentimentos delicados e de 
capacidade artística para compreender esse estado de espírito, poderá logo 
constatar que a impressão causada pela representação à tarde não se pode 
comparar com a mesma da noite. O mesmo acontece com o cinematógrafo. Essa última 
observação é importante, porque poder-se-ia dizer que, durante o dia, os 
artistas de teatro não desenvolvem o mesmo esforço que durante a 
noite.
     Quanto ao filme, a situação é a mesma, 
tanto de noite como de dia. A razão é que é o próprio tempo que provoca a 
alteração, tal como acontece comigo em relação ao lugar. Há lugares que provocam 
frieza, por motivos que, dificilmente, se podem avaliar, e onde toda tentativa 
de afinação com o povo encontra a mais firme resistência. As recordações e 
representações do passado, presentes ao espirito dos homens também podem criar 
uma certa impressão. Assim uma representação de Parsifal em Bayreuth produzirá 
uma impressão diferente da que se terá em qualquer outra parte do mundo. O 
místico encanto da casa de Fest-spielhügel da cidade dos antigos margraves não 
pode ser substituído nem sobrepujado.
     Em todos 
os casos, trata-se de uma diminuição do livre arbítrio do homem. Isso é mais 
verdadeiro ainda quando se trata de assembléias nas quais os indivíduos possuem 
pontos de vista opostos. Pela manhã e mesmo durante o dia, a força de vontade 
das pessoas parece resistir melhor, com mais energia, contra a tentativa de 
impor-se-lhes uma vontade estranha. À noite, deixam-se vencer mais facilmente 
pela força dominadora de uma vontade forte. Na realidade, em cada uma dessas 
reuniões há uma luta de duas forças opostas. A superioridade de um verdadeiro 
apóstolo, quanto à eloqüência, tornar-lhe-ia mais fácil o êxito da conquista, 
para o novo credo de adeptos que já sofreram uma diminuição na sua capacidade de 
resistência. Visa ao mesmo objetivo a misteriosa e artística hora do angelus da 
igreja católica, com suas luzes, seu incenso, turíbulos, 
etc.
     Nessa luta do orador com o adversário que 
se quer convencer, adquire este, pouco a pouco, um espírito de combatividade que 
quase sempre falta ao escritor.
     Dai resulta que 
as produções escritas, na sua limitada eficiência, prestam-se melhor à 
conservação, fortalecimento e aprofundamento de um ponto de vista já existente. 
Todas as grandes modificações históricas foram devidas à palavra falada e não à 
escrita.
     Não se acredite por um momento que a 
Revolução Francesa se realizou por força de teorias filosóficas. Ela teria 
fracassado se não contasse com um exército de demagogos de alto estilo, que 
despertaram as paixões do povo martirizado, a ponto de provocar a terrível 
erupção que deixou a Europa transida de 
pavor.
     A mesma explicação tem a maior revolução 
de nossos dias, a revolução comunista da Rússia. Essa não foi conseqüência dos 
escritos de Lenine, mas da eficiência oratória de grandes e pequenos oradores, 
que desenvolveram o ódio das massas contra a situação existente. Um povo de 
analfabetos não seria arrastado nunca a uma revolução comunista pela leitura de 
um teórico como Karl Marx, mas sim pelos milhares de agitadores que, a serviço 
de uma idéia, discursavam para o povo.
     Isso foi 
e há de ser sempre assim.
     Os nossos 
intelectuais, na sua ignorância das realidades, chegam a acreditar que um 
escritor é, forçosamente, superior em inteligência a um 
orador.
     Esse ponto de vista é deliciosamente 
ilustrado em um artigo de certo jornal nacionalista, em que se afirma que 
geralmente se sente uma desilusão quando se lê um discurso de um grande orador, 
por todos admirado como tal.
     Lembro-me de outra 
crítica que me veio às mãos durante a Guerra. O jornal pegou os discursos de 
Lloyd George, então ministro das munições, examinou-os, nos menores detalhes, 
para chegar à brilhante conclusão de que esses discursos revelavam inferioridade 
intelectual, ignorância e banalidade. Obtive alguns desses discursos enfeixados 
em um pequeno volume e não pude deixar de rir, ao pensar que o escrevinhador não 
conseguiu compreender a influência que essas obras-primas exercem sobre a 
opinião pública. O tal escrevinhador julgou esses discursos somente pela 
impressão que os mesmos causavam no seu espírito blasé, ao passo que o grande 
demagogo inglês tinha obtido um efeito imenso no seu auditório e em todas as 
camadas inferiores da população 
britânica.
     Examinados por esse prisma, os 
discursos de Lloyd George eram produções admiráveis, pois revelavam um grande 
conhecimento da psicologia das massas. Sua atuação no espírito do povo foi 
decisiva.
     Comparem-se os discursos de Lloyd 
George com os discursos fúteis, gaguejados por um Bethmann-Hollveg! Talvez as 
orações do último sejam superiores sob o ponto de vista intelectual, mas 
demonstram a incapacidade do seu autor para falar à nação que ele não 
conhecia.
     Que Lloyd George era superior a 
Bethmann-Hollveg prova-o o fato de ser a forma dada aos seus discursos em moldes 
capazes de falar ao coração do seu povo e fazê-lo obedecer à sua vontade. A 
simplicidade das suas orações, a forma de expressão, a escolha de ilustrações 
simples, de fácil compreensão, são provas evidentes da extraordinária capacidade 
política de Lloyd George.
     O discurso de um 
estadista, falando ao seu povo, não deve ser avaliado pela impressão que o mesmo 
provoca no espírito de um professor de Universidade, mas no efeito que produz 
sobre as massas.
     Só por esse critério é que se 
pode medir a genialidade de um orador.
     O 
admirável progresso do nosso movimento que, há poucos anos, se originara do 
nada, e hoje é um movimento de valor, perseguido por todos os inimigos internos 
e externos do povo. deve-se ao fato de sempre ter sido tomada em consideração 
aquela verdade.
     Por mais importante que seja a 
produção escrita do movimento, ela terá sempre mais valor para a formação 
intelectual dos grandes e pequenos lideres, em um plano único, do que para a 
conquista das massas colocadas em pontos de vista contrários. Só em casos 
excepcionalíssimos, um social-democrata convencido ou um fanático comunista 
condescenderá em adquirir uma brochura ou mesmo um livro nacional-socialista 
para lê-los e daí formar uma idéia sobre a nossa doutrina ou para estudar a 
critica às suas convicções. Os jornais raramente são lidos quando não trazem bem 
claro o sinete do partido a que pertence o leitor. Além disso, a leitura de um 
exemplar de jornal pouco adianta. A sua atuação é de tal modo dispersiva que da 
mesma nenhuma influência digna de nota se pode esperar. Não se pode e não se 
deve exigir de ninguém, sobretudo daqueles para os quais um pfening é muito 
dinheiro, que assinem jornais inimigos, só pelo desejo de obter esclarecimento 
sobre os fatos. Isso talvez não aconteça em um caso sobre dez mil. Quem já 
aderiu a uma causa lerá naturalmente o jornal do seu partido para se pôr ao par 
das notícias do movimento em que está 
empenhado.
     O contrário acontece com o boletim. 
Uma ou outra pessoa tomá-lo-á nas mãos, sobretudo quando o mesmo é distribuído 
gratuitamente. Isso acontece mais freqüentemente ainda quando, já na epígrafe, 
se anuncia a discussão de um tema que está na boca de 
todos.
     Depois da leitura de alguns desses 
boletins, o leitor talvez seja conquistado aos novos pontos de vista ou pelo 
menos terá a sua atenção despertada para o novo movimento. Mesmo na hipótese 
mais favorável, só se conseguirá, por esse meio, um ligeiro impulso e nunca uma 
situação definitiva, isso só se obterá com os comícios 
populares.
     Os comícios populares são 
necessários, justamente porque neles o indivíduo que se sente inclinado a tomar 
parte em um movimento mas receia ficar isolado, recebe, pela primeira vez, a 
impressão de uma coletividade maior, o que provoca, na maior parte dos 
espíritos, um estimulo e um encorajamento.
     O 
mesmo homem que, nas fileiras de sua companhia ou do seu batalhão, entra na luta 
de todo coração, não o faria se estivesse sozinho. Na companhia sente-se como 
protegido, mesmo quando milhares de razões houvesse em contrário. O caráter 
coletivo nas grandes manifestações não só fortalece o indivíduo, como estabelece 
a união e concorre para a formação do espírito de 
classe.
     O homem que se inicia em uma nova 
doutrina e que, na sua empresa ou na sua oficina sofre opressões, precisa de 
fortalecer-se pela convicção de que é um membro e um lutador dentro de uma 
grande coletividade. Essa impressão ele recebe apenas nas manifestações 
coletivas.
     Quando ele sai de sua pequena 
oficina ou da sua grande fábrica, onde se sente infinitamente pequeno, e, pela 
primeira vez, entra em um comício, e aí encontra milhares e milhares de pessoas 
com as mesmas idéias que as suas, quando é arrastado pela força sugestiva do 
entusiasmo de três a quatro mil pessoas, quando o êxito visível da causa e a 
unanimidade de opiniões lhe dão a convicção da justeza do novo movimento e lhe 
despertam a dúvida sobre a verdade de suas antigas idéias, então estará sob a 
influência do que poderemos designar por estas palavras - sugestão das massas. A 
vontade, os anseios, também a força, de milhares, acumulam-se em cada 
pessoa.
     O indivíduo que entrou para o comício 
vacilando, envolvido em dúvidas, dali sai firmemente fortalecido. Tornou-se 
membro de uma coletividade.
     O movimento 
nacional-socialista nunca se deve esquecer disso e não se deve nunca deixar 
influenciar por esses patetas burgueses que sabem tudo mas nem por isso deixaram 
ir à ruína um grande Estado e perderam até a direção da própria classe. Eles são 
extraordinariamente inteligentes, sabem tudo, entendem tudo, só uma coisa eles 
não entenderam, isto é, não puderam impedir que o povo alemão caísse nas garras 
do marxismo. Nisso eles fracassaram da maneira mais deplorável. A sua presunção 
atual é pura ignorância. É sabido que o orgulho anda sempre de par com a 
estupidez.
     Quando esses indivíduos se recusam a 
emprestar qualquer valor à palavra falada, assim agem simplesmente porque, 
graças a Deus, estão convencidos da ineficiência do seu palavreado oco.
CAPÍTULO VII - A LUTA COM A FRENTE 
VERMELHA
     Em 1919/20 e também em 1921, 
assisti pessoalmente a algumas das chamadas "assembléias burguesas". A impressão 
que delas guardei, foi sempre a mesma, que me causava, na minha juventude, a 
colher obrigatória de óleo de fígado de bacalhau. Tem que ser engolida, deve 
fazer muito bem, mas o gosto é detestável! Se fosse possível amarrar com cordas 
todo o povo alemão, arrastando-o à força para essas manifestações públicas, 
trancando as portas para não deixar sair um só, até o fim da representação, 
talvez ao cabo de alguns séculos tudo isso desse algum resultado. Aliás devo 
confessar abertamente, que se isso acontecesse, eu não teria mais prazer na 
vida, preferindo até não ser mais nem alemão. Não sendo isso possível - graças a 
Deus - ninguém se deve admirar de que o povo sadio e não corrompido evitasse as 
tais "assembléias de grandes multidões burguesas", como o diabo foge da água 
benta.
     Cheguei a conhecer, muito bem, esses 
profetas de uma doutrina burguesa, e, por isso, não me causa a menor surpresa, 
sendo até compreensível, que eles não atribuam a, mínima significação à palavra 
falada. Naquele tempo, assisti a reuniões de Democratas, de Nacionais-Alemães, 
do Partido Popular Alemão, e também do Partido Popular da Baviera (Centro 
Bávaro). O fato que em todas elas chamava logo atenção era a homogeneidade do 
auditório. Quase sempre, os que tomavam parte em tais manifestações, só eram os 
membros dos partidos. Sem disciplina alguma, o conjunto se assemelhava mais a um 
clube de jogadores de cartas, que já está com sono, do que à assembléia de um 
povo que acabava de passar por sua maior revolução. Para conservar esta 
atmosfera de paz, os oradores faziam tudo o que estava na medida de suas forças. 
Falavam, ou melhor, liam discursos que mais pareciam artigos de jornal ou 
dissertações científicas, evitando toda palavra mais grosseira, aplicando, aqui 
e ali, algum insulso gracejo professoral que fazia rir, de uma maneira forçada, 
a digníssima mesa da Diretoria. Se bem que não rissem estrondosamente, já era 
convidativo esse riso, abafado com distinção e 
reserva!
     E só essa mesa 
presidencial!!!
     Uma vez assisti a uma reunião 
na "Sala Wagner", em Munique. Era uma manifestação por ocasião do aniversário da 
grande batalha de Leipzig. O discurso foi proferido ou lido por um respeitável 
senhor de idade, professor em uma universidade qualquer. A diretoria ocupava o 
estrado; à esquerda, um monóculo, à direita, um monóculo, entre os dois, um "sem 
monóculo", Todos três vestiam sobrecasaca, o que dava a impressão de se estar, 
ou em um tribunal, que se prepara a uma execução, ou em um batizado festivo; 
enfim, em um ato de solenidade religiosa. O tal discurso, que, escrito, talvez 
pudesse ter dado uma impressão sofrível produziu um efeito verdadeiramente 
deplorável. Passados três quartos de hora, já a assembléia cochilava, em uma 
espécie de estado de transe, interrompido somente pela saída de um ou outro 
homem ou melhor, pelo barulho de pratos das copeiras e os bocejos de ouvintes, 
em número sempre crescente. Três operários, que assistiam à reunião, por 
curiosidade ou sob encomenda, olhavam-se, de quando em vez, com uma careta mal 
dissimulada, acotovelando-se, por fim, antes de saírem bem devagarinho. Atrás 
deles estava eu. Via-se que, de modo algum, queriam incomodar, precaução 
francamente supérflua em uma tal assembléia. Afinal, parecia esta aproximar-se 
do termo. Depois de concluída a conferência do professor, cuja voz se fora 
tornando cada vez mais fraca, ergueu-se o líder da tal sessão, exprimindo, em 
frases bombásticas, sua gratidão aos "irmãos e irmãs" alemães ali reunidos e 
sugerindo a atitude que eles deveriam tomar diante do extraordinário e magnífico 
discurso do Sr. Professor X., feito com a máxima profundeza e grande 
conhecimento do assunto, tendo sido verdadeiramente "um acontecimento vívido", 
sim "uma ação cristalizada na palavra". Acrescentar ainda uma discussão a essas 
luminosas dissertações, significaria uma profanação desta hora sagrada. De 
acordo com todos os presentes, desistia ele, por conseguinte, de continuar a 
falar, pedindo a todos, porém, que se levantassem, entoando o brado de: "Nós 
somos um povo de irmãos unidos", etc. Para terminar a sessão, foram todos 
convidados a entoar a "canção da 
Alemanha".
     Cantaram, então. A minha impressão 
era que, já na segunda estrofe, as vozes diminuíam, só se avolumando muito no 
estribilho: na terceira, a mesma impressão aumentou tanto, que cheguei a duvidar 
se todos saberiam bem de cor, o que estavam 
cantando.
     No entanto, que coisa empolgante, 
quando semelhante canção jorra, com todo o fervor, do fundo da alma de um alemão 
nacionalista!
     Depois disso, dispersou-se a 
reunião, isto é: todos tinham pressa de sair, uns para beberem cerveja, outros 
para tomarem café, outros ainda para passearem. Era o anseio 
geral!
     Para fora, para o ar livre, para fora! 
Minha vontade era de fazer o mesmo, E isso deve servir à maior glória de uma 
luta heróica de centenas e milhares de Prussianos e Alemães? Raios os 
partam!
     Só o governo pode com efeito gostar de 
tais coisas! Naturalmente, isso é o que se pode chamar uma assembléia 
"pacífica". O Ministro não precisa recear a perturbação da paz e da ordem ou que 
as ondas do entusiasmo possam fazer transbordar subitamente a medida da 
conveniência burguesa ou que, levado pelo entusiasmo, o povo se precipite fora 
da sala, não para o café ou pare a taberna mas sim para marchar, quatro a 
quatro, pelas ruas da cidade cantando "urra à Alemanha" e incomodando assim uma 
polícia, que deseja descansar. Não! Com tais cidadãos, o Estado pode se dar por 
satisfeito.
     Ao contrário destas, as assembléias 
nacionais-socialistas nada tinham de "pacíficas". Aí, as ondas de duas doutrinas 
quebravam-se de encontro uma à outra, não terminando com cantos patrióticos sem 
significação e sim cem a irrupção fanática de paixões populares. Desde o 
princípio, a introdução da disciplina cega e a garantia da autoridade da direção 
impôs-se nas nossas assembléias como uma condição das mais importantes, pois os 
nossos discursos não eram comparáveis ao falatório desenxabido de qualquer 
orador "burguês", mas, ao contrario, apropriados, pelo conteúdo e pela forma, a 
provocar a réplica do adversário.
     E quantos e 
que sorte de adversários havia nas nossas reuniões! Quantas vezes entravam 
instigadores na sala, em número' avultado, no meio deles alguns especialmente 
designados, lendo-se em todos os semblantes a convicção: "Hoje acabamos com 
vocês"! Sim, quantas vezes nossos amigos vermelhos compareciam até ali, em 
colunas cerradas, com a missão bem delineada de dispersar aquilo tudo na mesma 
noite, à força de pancada, pondo um fim àquela história, E quantas vezes esteve 
tudo perto disso mesmo! As intenções do adversário foram aniquiladas apenas pela 
energia férrea de nossos líderes e pelas medidas brutais de nossa polícia 
defensiva.
     E eles tinham toda a razão de se 
sentir irritados.
     Só a cor vermelha dos nossos 
cartazes fazia com que eles afluíssem às nossas salas de reunião. A burguesia 
mostrava-se horrorizada por nós termos também recorrido à cor vermelha dos 
bolchevistas, suspeitando, atrás disso, alguma atitude ambígua. Os espíritos 
nacionalistas da Alemanha cochichavam uns aos outros a mesma suspeita, de que, 
no fundo, não éramos senão uma espécie de marxistas, talvez simplesmente 
mascarados marxistas ou, melhor, socialistas. A diferença entre marxismo e 
socialismo até hoje ainda não entrou nessas cabeças. Especialmente, quando se 
descobriu, que, nas nossas assembléias, tínhamos por princípio não usar os 
termos "Senhores e Senhoras" mas "Companheiros e Companheiras", só considerando 
entre nós o coleguismo de partido, o fantasma marxista surgiu claramente diante 
de muitos adversários nossos. Quantas boas gargalhadas demos à custa desses 
idiotas e poltrões burgueses, nas suas tentativas de decifrarem o enigma da 
nossa origem, nossas intenções e nossa 
finalidade!
     A cor vermelha de nossos cartazes 
foi por nós escolhida, após reflexão exata e profunda, com o fito de excitar a 
Esquerda, de revoltá-la e induzi-la a freqüentar nossas assembléias; isso tudo 
nem que fosse só para nos permitir entrar em contato e falar com essa 
gente.
     Era delicioso seguir naqueles anos a 
falta de iniciativa e de recursos dos nossos adversários, pela sua tática 
eternamente vacilante. Primeiro, incitavam os seus adeptos a não nos darem a 
menor atenção, evitando as nossas reuniões, conselhos aliás geralmente 
seguidas.
     Como, porém, no decorrer do tempo, 
alguns apareciam isoladamente, aumentando lentamente, mas cada vez mais, o 
número, e a impressão deixada pela nossa doutrina era manifesta, os chefes iam 
ficando nervosos e inquietos, afincando-se na convicção de que esta evolução não 
deveria continuar a prolongar-se, devendo-se-lhe dar um paradeiro, por um 
sistema de terror.
     Depois disso, houve convites 
aos "Proletários conscientes de sua classe", para assistirem, em massas 
compactas, às nossas assembléias, a fim de atacar "as intrigas monárquicas, 
reacionárias", entre seus representantes, com os punhos cerrados do 
Proletariado.
     De repente, nossas reuniões 
começaram a ficar repletas de operários, três quartos de hora antes de 
começarem. Assemelhavam-se ao barril de pólvora, que podia a cada instante voar 
pelos ares, e sob o qual já se via arder a mecha, Acontecia, entretanto, sempre 
o contrário. Esses operários entravam como inimigos e, ao saírem, se já não eram 
adeptos nossos, pelo menos submetiam sua própria doutrina a um exame refletido e 
crítico. Pouco a pouco, depois de uma conferencia minha, que durou três horas, 
adeptos e adversários chegaram a fundir-se em uma só massa cheia de entusiasmo. 
Toda tentativa para dispersar a nossa assembléia tornou-se debalde. Os chefes 
adversários começavam francamente a ter medo, voltando-se novamente para os 
antigos adversários desta tática e que agora apontavam, com uma certa aparência 
de razão para sua opinião, e que consistia em vedar categoricamente ao operário 
a frequentação das nossas reuniões.
     Nesse 
ponto, parou ou, pelo menos, diminuiu a freqüência. Ao cabo de pouco tempo, 
recomeçou, porém, o mesmo jogo.
     Não se 
observava a proibição, os correligionários deles compareciam cada vez mais, 
triunfando, por fim, os partidários da tática radicalista. Nós estávamos 
destinados a saltar pelos ares.
     Quando, depois 
de várias reuniões, descobriu-se que uma dispersão, por meio de bombas, era mais 
fácil em teoria do que na prática, e que o resultado de cada reunião era um 
esfacelamento das tropas rubras de combate, elevou-se subitamente outro grito: 
"Proletários, companheiros e companheiras! Evitai as Assembléias dos 
Instigadores Nacionais Socialistas!" Na imprensa "vermelha" encontrava-se a 
mesma tática, eternamente vacilante, Experimentavam matar-nos pelo silêncio e 
acabavam convencidos da inutilidade desta tentativa, voltando a tomar medidas 
contrárias. To. dos os dias, éramos "citados" em todas as oportunidades e, quase 
sempre, com o fim de fazer ver ao operário o ridículo da nossa existência. 
Passado algum tempo, os tais senhores tiveram que sentir, entretanto, não só a 
inocuidade como até a utilidade de tal iniciativa. Naturalmente, alguns deles 
faziam a si próprios a pergunta: "Para que perder tantas palavras com uma coisa, 
que não passa de uma ficção ridícula?" A curiosidade popular crescia. Neste 
ínterim, operou-se uma reviravolta e começamos a ser tratados como verdadeiros 
malfeitores da humanidade, Choviam artigos sobre artigos, com explanação e 
provas sempre renovadas a respeito das nossas intenções criminosas, histórias 
escandalosas, se bem que bordadas à vontade, de começo ao fim. Isso tudo devia 
servir de complemento ao que precedeu. Todavia, já em pouco tempo parecia ter 
sido tirada a prova da ineficácia desses 
ataques.
     Na realidade tudo isto só servia a 
contribuir para que a atenção geral se concentrasse sobre nós, ainda mais do que 
dantes.
     Minha atitude naquela época foi a 
seguinte: ficar indiferente à troça ou ao insulto, a ser apontado como palhaço, 
bobo ou como criminoso, o que me importava é que fôssemos citados, que a opinião 
pública se ocupasse conosco e que aos poucos aparecêssemos, diante do 
operariado, como sendo o único poder, com o qual ainda era possível haver 
discussão. O que realmente somos e tencionamos realizar ainda chegaremos a 
demonstrar, um belo dia, à corja da "imprensa 
judaica".
     Foi devido à covardia, francamente 
incrível, dos chefes da oposição, que, naquela ocasião, não houve quase um só 
ataque direto contra as nossas assembléias. Em todos os casos críticos, mandavam 
na frente alguns toleirões, que o mais que faziam era espreitarem fora das salas 
o resultado da explosão!
     Quase sempre vivíamos 
bem informados sobre as intenções desses cavalheiros, não só por termos, no meio 
dos blocos vermelhos, muitos correligionários, para servirem nossas 
conveniências, como também por causa da tagarelice dos próprios manejadores do 
partido vermelho. Nesse caso, isso nos foi de grande utilidade, embora não deixe 
de ser um defeito infelizmente muito disseminado entre o povo alemão. Não podiam 
eles ficar sossegados, quando tinham uma notícia nova; costumavam, a maior parte 
das vezes, cacarejar, antes mesmo de pôr o ovo. Quantas e quantas vezes já 
tínhamos feito os preparativos mais importantes, sem que os comandantes rubros 
do corpo de bombardeio o suspeitassem, nem de 
leve.
     Esse tempo nos forçou a tomar a peito, 
por nossa conta, a proteção das nossas assembléias. Com a garantia das 
autoridades não há quem possa contar; ao contrário, está provado que ela só 
beneficia os perturbadores da ordem. Em matéria de intervenção de autoridades, 
pode-se assinalar, como único resultado efetivo, a dissolução e, portanto, o 
encerramento da assembléia, E não era outra a finalidade nem a intenção dos 
desordeiros adversários.
     De um modo geral, 
formou-se, na Polícia, um hábito, que representa a maior monstruosidade 
imaginável em matéria de atentado aos direitos humanos. Quando a autoridade, por 
meio de qualquer ameaça, é advertida que uma Assembléia corre o perigo de ser 
atacada, em vez de prender os ameaçadores, proíbe aos outros - aos inocentes - a 
entrada na sala - medida esta, que ainda por cima, enche de orgulho o espírito 
comum da nossa Policia. Isto, no seu modo de ver, representa uma medida 
preventiva para impedir qualquer infração "às 
leis".
     O bandido resoluto, por conseguinte, 
dispõe, a toda hora, das armas necessárias para impossibilitar o indivíduo 
honesto de tomar parte ou trabalhar em questões políticas, Em nome do sossego e 
da ordem pública, curva-se a autoridade do governo diante do bandido e pede ao 
outro que desista de provocá-lo. Quando então os Nacionais-Socialistas queriam 
fazer reuniões em determinados locais, e as corporações operárias declaravam 
oposição a tal iniciativa, a Polícia seguramente não poria esses malfeitores 
detrás do cadeado e do ferrolho, limitando-se a proibir a nossa reunião. Sim, 
esses órgãos da Lei tiveram até o incrível descaramento de nos fazer tal 
comunicação, inúmeras vezes, por escrito.
     A fim 
de escapar a semelhantes eventualidades, era preciso tomar precauções, para 
abafar, já no germe, toda tentativa de perturbação. Neste ponto ainda se deveria 
considerar o seguinte: "todo comício, que não contar com outra garantia se não a 
da polícia, desmoraliza seus organizadores aos olhos da grande massa do povo". 
"Assembléias cuja realização só é anunciada por um grande cartaz policial, não 
são convidativas, já que as condições para a conquista das camadas mais baixas 
de um povo, por si já devem se manifestar como uma força real e bem 
sensível".
     Tal qual um homem corajoso vencerá 
um covarde na conquista de corações femininos, um levante heróico mais 
facilmente ganhará a alma popular do que um movimento pusilânime, que só não se 
extingue devido à proteção policial.
     Era 
sobretudo este último motivo, que obrigava o partido incipiente a cuidar de sua 
própria defesa e a resistir sozinho ao regime terrorista do 
adversário.
     Eis os fundamentos da proteção às 
assembléias:
     1) Uma direção enérgica e 
psicologicamente bem compreendida.
     2) Uma tropa 
organizada para manter a ordem.
     Quando nós, os 
Nacionais-Socialistas, promovíamos, naquele tempo, uma reunião, esta era 
exclusivamente dirigida por nós; direito de chefia esse, que, aliás, sem 
interrupção e a cada minuto, sublinhávamos explicitamente. Nossos adversários 
sabiam perfeitamente que qualquer provocador de desordem seria enxotado sem a 
menor consideração, mesmo que nós só fôssemos doze e eles quinhentos homens. Nas 
reuniões daquela época, mormente fora de Munique, quinze ou dezesseis dos nossos 
correligionários se encontravam freqüentemente com quinhentos, seiscentos, 
setecentos e oitocentos adversários. Ainda assim, não tolerávamos nenhuma 
provocação, e os freqüentadores das nossas reuniões sabiam muito bem que nós 
preferiríamos a morte à rendição. Mais de uma vez também sucedeu, que um punhado 
de correligionários nossos, saiu vitorioso, lutando contra uma maioria de 
vermelhos, que berravam e davam pancadas a torto e a 
direito
     Esses quinze a vinte homens seguramente 
teriam acabado por ser vencidos. Mas os outros sabiam, que, antes disso, um 
grupo duas ou três vezes maior teria tido ali o crânio partido, e era preferível 
não correr esse risco.
     Tentamos aprender e 
realmente aproveitamos alguma coisa sobre a técnica das assembléias marxistas e 
burguesas.
     Os marxistas tiveram, desde a 
origem, absoluta disciplina, de modo que nenhum grupo burguês jamais cogitou de 
atacar uma das suas reuniões. Em compensação, tais intenções eram sempre 
alimentadas pelos vermelhos. Aos poucos tinham estes alcançado, nesse terreno, 
não só uma indiscutível perícia, mas até chegaram ao ponto de apontar toda 
assembléia anti-marxista, em todo o território do "Reich", como "uma provocação 
ao proletariado", sobretudo onde os líderes farejavam, em qualquer comício, a 
enumeração de seus próprios pecados, destinada a desmascarar a baixeza de seus 
atos mentirosos e enganadores praticados contra o povo. Mal se ouvia anunciar 
uma reunião desse gênero, a "Imprensa Vermelha", em bloco, começava um berreiro 
louco. Os desrespeitadores profissionais da Lei, procuravam então, não 
raramente, as autoridades, com o pedido, tão suplicante quanto ameaçador, de 
impedir imediatamente tal "Provocação ao Proletariado", a fim de evitar 
conseqüências mais graves. Suas palavras eram acolhidas e o sucesso alcançado, 
segundo a "estupidez" do "funcionário" a quem se dirigiam. Se, por exceção, em 
tal posto se achasse realmente um funcionário alemão (e não "uma criatura 
funcionalizada") sendo assim recusada a descarada exigência, seguia-se então o 
conhecido convite a repelir uma tal "Provocação". Tratava-se então de marcar 
para tal dia uma reunião, à qual compareciam em grande 
número.
     Para que se possa fazer uma idéia 
segura, é preciso ter-se visto uma dessas reuniões, é preciso ter-se passado 
pelo pavor, que experimentava a direção de uma tal sessão! Mais de uma vez 
bastariam ameaças dessa ordem para fazer adiar uma dessas reuniões. Às vezes, o 
medo era tamanho que, em lugar de 8 horas, raramente alguém comparecia à 
abertura antes de 9 horas ou 9 menos um quarto. O presidente se esforçava então 
por explicar aos presentes "Senhores da Oposição", - e isto por meio de inúmeros 
cumprimentos - a que ponto ele e todos os presentes se alegravam intimamente 
(mentira crassa!) com a visita de homens que ainda não partilhavam de suas 
convicções; pois só a permuta de idéias (o que foi logo de antemão, aprovado, o 
mais solenemente possível), podia aproximar as convicções, despertar a 
compreensão recíproca e formar como uma ponte entre eles. Asseverava, ao mesmo 
tempo, que a assembléia não tinha a mais leve intenção de afastar cada um de 
suas idéias antigas. "Longe de nós tal suposição", diziam eles, cada um que 
seguisse as suas próprias idéias, consentindo, porém, que os outros fizessem o 
mesmo! Por isso pedia ele que deixassem o orador prosseguir até o fim, aliás 
próximo, para evitar de dar ao mundo, com esta reunião, o espetáculo vergonhoso 
do ódio íntimo entre irmãos da mesma pátria.
     É 
verdade que a irmandade da esquerda não atendia quase nunca a tal apelo; pois, 
antes mesmo do orador abrir a boca, já era ele alvo das mais loucas 
descomposturas, tendo que escafeder-se. Não raramente deixava ele a impressão de 
uma certa gratidão à sorte, que lhe encurtara o processo martirizante, Debaixo 
de um barulho infernal, é que esses "toreros" das assembléias burguesas deixavam 
a arena, se é que não rolavam nas escadas com as cabeças cheias de "galos" - o 
que acontecia muito freqüentemente.
     Desse modo, 
a organização dos nossos comícios e, sobretudo, a feição que lhes dávamos, foi 
uma verdadeira novidade para os marxistas. Entravam plenamente convencidos de 
que poderiam repetir o seu eterno jogo:
     "Hoje 
devemos acabar com isso!" Quantos, ao penetrarem nas nossas sessões, não terão 
proferido, com arrogância, esta frase para algum colega, para caírem diante da 
porta da sala, antes de gritarem pela segunda vez! E tudo isso com a rapidez de 
um raio.
     Em primeiro lugar, já a presidência 
dos nossos comícios era diferente da dos demais. Não se mendigava permissão para 
fazer conferência, também não se garantia a qualquer um, de antemão, a liberdade 
de fazer discursos intermináveis. Observávamos que a presidência era 
inteiramente nossa, que estávamos em nossa casa e que a ousadia de interromper a 
sessão por intervenções extemporâneas seria, sem piedade, castigada com a 
expulsão imediata. Se sobrasse tempo e isso nos conviesse, toleraríamos uma 
discussão, mas só nesse caso.
     Só isso provocava 
espanto.
     Em segundo lugar, tínhamos á nossa 
disposição um serviço bem organizado de defesa. Entre os partidos burgueses, 
esse serviço de defesa, ou, melhor, serviço de ordem, geralmente era confiado a 
senhores, que, pela dignidade da sua idade, julgavam possuir algum direito à 
autoridade e ao respeito. Como as massas populares, incitadas por marxistas, não 
davam, absolutamente, importância a autoridade, nem a idade, essa tal guarda 
burguesa era, praticamente, inútil.
     Logo no 
começo de nossa grande atividade nos comícios, propus a organização de uma 
"guarda da sala", como um serviço de ordem para G qual só se deviam recrutar 
rapazes fortes. Uns eram camaradas que eu conhecia dos tempos do serviço 
militar; outros eram correligionários há pouco angariados e que, desde os 
primeiros dias, vinham sendo educados na convicção de que o terror só se vence 
pelo terror e que, neste mundo, o sucesso, até hoje, sempre se decidiu do lado 
que demonstrou mais coragem e resolução, que o nosso combate gira em torno de 
uma idéia formidável, tão grande e elevada que merece plenamente ser resguardada 
e protegida, mesmo com o sacrifício da última gota de sangue. Estavam 
convencidos da verdade do seguinte princípio: o ataque constitui a arma mais 
eficaz da defesa, uma vez que a razão se cala e a violência é chamada a falar. 
Nossa tropa de serviço de ordem tem que ser precedida da fama de ser uma 
comunidade de combatentes decididos ao extremo, e não um "Clube de 
Debates".
     E que ânsia reinava, entre essa 
mocidade, por uma tal divisa!
     Que decepção e 
indignação, que nojo e repugnância animava esta geração de batalhadores ante a 
moleza sem nome dos burgueses!
     Aí é que se via, 
claramente, que a Revolução só vingara, graças à desoladora direção burguesa do 
nosso povo. Mesmo naquela época, teria sido possível encontrar braços fortes 
para proteger o povo alemão, Faltaram, apenas, as cabeças para guiarem-no. Com 
que olhos faiscantes me olhavam os meus rapazes, quando eu lhes expunha a 
importância da alta missão, assegurando-lhes, cada vez mais, que, neste mundo, 
toda sabedoria fracassa quando não é protegida pela força, que a doce deusa da 
Paz só pode caminhar ao lado do deus da Guerra e que toda e qualquer ação 
pacífica necessita do amparo e do auxílio da força. Essas preleções contribuíram 
para a compreensão da idéia de defesa pela força, mais eficientemente do que os 
processos outrora adotados. Isso se yen. ficava não no espírito dos 
"fossilizados" funcionários públicos, ao serviço de uma autoridade morta, em um 
país igualmente morto, mas naqueles que tinham pleno conhecimento do dever, cada 
um disposto, individualmente, a pagar com a sua vida o tributo exigido pela 
existência coletiva de seu povo.
     Com que 
entusiasmo se alistavam então esses 
rapazes!
     Tal qual um enxame de vespas, eles 
caíam em cima de quem ousasse perturbar nossos comícios, sem ter em consideração 
o fato de os adversários estarem em maioria, sem temer ferimentos nem 
sacrifícios de sangue, somente animados do grande ideal, que consistia em abrir 
caminho à santa missão do nosso movimento.
     Já 
no meio do verão de 1920, o Serviço de ordem foi, aos poucos, tomando uma feição 
definida, até organizar-se, na primavera de 1921, em grupos de cem, que, por sua 
vez, ainda se subdividiram.
     Tudo isso era de 
uma necessidade premente, pois, nesse ínterim, a atividade nas reuniões 
aumentava cada vez mais. Ainda nos reuníamos por vezes, na sala de festas do 
"Münchener Hofbräuhaus", mais freqüentemente, porém, em salas mais espaçosas. A 
sala de festas do "Bürgerbräu" e do "Münchener Kindl-Keller" foram o teatro, em 
1920 e 1921, da realização de assembléias populares cada vez mais formidáveis. O 
quadro, porém, era sempre o mesmo. Manifestações do Partido Nacional-Socialista 
dos Trabalhadores Alemães, já, naquela época, tinham de ser interditas pela 
Polícia, a maior parte das vezes devido à aglomeração antes do início das 
reuniões.
     A organização do nosso serviço de 
ordem veio esclarecer uma questão importantíssima. Até então o movimento não 
possuía, nem insígnias nem estandarte próprios do Partido. A falta de 
semelhantes emblemas não só apresentava desvantagens no momento, como se tornava 
indefensável no futuro. As desvantagens consistiam, no presente, na falta de um 
símbolo para exprimir a solidariedade dos correligionários e, de futuro, não 
seria possível dispensar um sinal distintivo do movimento que pudesse servir de 
oposição à "Internacional".
     Já na minha 
juventude, tinha tido, muitas vezes, a ocasião de sentir e compreender a 
significação psicológica de símbolos dessa ordem. Depois da Guerra, presenciei 
uma grande manifestação dos marxistas diante do Palácio Real, no Lustgarten. Uma 
imensidade de bandeiras, de faixas e de flores vermelhas davam a essa 
manifestação, na qual tomavam parte, aproximadamente, cento e vinte mil pessoas, 
uma aparência formidável. Pude sentir com que facilidade o homem do povo é 
empolgado pela magia sugestiva de um tal 
espetáculo.
     A burguesia, que, como partido 
político, não representa nenhum ponto de vista geral, por isso mesmo, não 
possuía bandeira própria. Compunha-se de "patriotas" e usava as cores do Reich. 
Se essas fossem, realmente, o símbolo de uma determinada doutrina, 
compreender-se-ia que os proprietários" do Estado enxergassem, também, na 
bandeira deste, a representação de seus pontos de vista, uma vez que o símbolo 
das suas idéias já se tinha tornado bandeira do Estado e do Reich, graças à sua 
própria atividade.
     Entretanto, as coisas não se 
passavam desse modo. O Reich se tinha formado sem a contribuição da burguesia 
alemã. A própria bandeira tinha sido criada no campo da guerra. Não passava, 
porém, de uma bandeira do Estado, sem a menor significação no sentido de uma 
finalidade universal.
     Só na Áustria alemã é que 
existia, até então, qualquer coisa parecida com uma bandeira burguesa de 
partido. Uma parte da burguesia nacional daquele país, escolhendo as cores de 
1848, preto, vermelho e ouro, para representar sua bandeira de partido, havia 
criado um símbolo que, apesar de não ter significação mundial, trazia os 
característicos políticos do Estado, embora revolucionário. Os inimigos mais 
acerbos dessa bandeira preta, vermelha e ouro eram, naquele tempo - não 
esqueçamos isso hoje - os Sociais-Democratas e os Sociais-Cristãos. Eram eles, 
justamente, que insultavam, então, e emporcalhavam essas cores, tal qual mais 
tarde, em 1918, fizeram com o pavilhão preto, branco e vermelho. É verdade que o 
preto, o vermelho e o ouro dos partidos alemães da velha Áustria representavam a 
cor do ano de 1848, portanto, de uma época que pode ter sido de fantasias, que, 
porém, contava, entre os seus representantes, com os alemães mais honestos, 
apesar de, por trás dos mesmos, existir invisível o dedo do judeu. Por essa 
razão, a traição da pátria e a vergonhosa venda do povo alemão e de suas 
riquezas tornaram logo essas bandeiras tão simpáticas ao marxismo e ao Centro, 
que estes partidos, hoje, veneram esses símbolos como a sua maior relíquia, 
adotando estandartes próprios para proteger a bandeira sobre a qual, outrora, 
haviam cuspido.
     É assim que, até o ano de 1920. 
o marxismo não contava com nenhuma bandeira adversária que oferecesse um 
contraste em matéria doutrinária. Mesmo que a burguesia alemã, pelos seus 
melhores partidos, não quisesse mais condescender, depois do ano de 1918, em 
adotar, como seu próprio símbolo, a bandeira do Reich, preta. vermelha e ouro, 
não tinha, também, um programa a apresentar futuramente, nessa nova evolução e 
nem a idéia de reconstrução do antigo Reich.
     É 
a essa idéia que a bandeira preta, branca e vermelha, do antigo Reich, deve a 
sua ressurreição como emblema de nossos chamados partidos 
nacionais-burgueses.
É evidente que o símbolo de uma crise que podia ser 
vencida pelo marxismo, em circunstâncias pouco honrosas, pouco se presta a 
servir de emblema sob o qual esse mesmo marxismo tem que ser novamente 
aniquilado. Por mais santas e caras que possam ser essas antigas e belíssimas 
cores aos olhos de todo alemão bem intencionado, que tenha combatido na Guerra e 
assistido ao sacrifício de tantos compatriotas, debaixo dessas cores, não pode 
essa bandeira simbolizar uma luta no futuro.
     Ao 
contrário dos políticos burgueses, sempre defendi, no nosso movimento, a opinião 
de que, para a nação alemã, foi uma felicidade ter perdido sua antiga bandeira. 
Não precisamos investigar o que a República tem feito debaixo da sua. De todo 
coração, deveríamos, porém, ser gratos ao destino misericordioso que preservou a 
mais heróica bandeira de guerra de todos os tempos de servir de lençol nos 
antros da prostituição.
     O Reich atual, que 
vende seus cidadãos e a si próprio, nunca deveria arvorar a bandeira preta, 
branca e vermelha, coberta de honras e de heroísmo. Enquanto durar a vergonha de 
novembro poderá a República continuar a usar suas insígnias próprias sem roubar 
a bandeira de um passado honesto. Nossos políticos burgueses deveriam ter 
consciência de que o uso da bandeira preta, branca e vermelha, por esse Estado, 
eqüivale a um roubo ao passado. O antigo pavilhão, francamente, só se adaptava 
ao antigo Reich. Graças a Deus, a República, também, escolheu um de acordo com 
as suas idéias.
     Eis a razão por que nós, 
nacionais-socialistas, não teríamos podido enxergar, na antiga bandeira, um 
símbolo expressivo de nossa própria atividade. Nossa intenção não é ressuscitar 
o velho Reich, que pereceu por seus próprios erros, mas, sim, construir um novo 
Estado.
     A questão do novo pavilhão, isto é, o 
seu aspecto, ocupava muito a nossa atenção, naquele tempo. De todos os lados 
recebíamos sugestões muito bem intencionadas, mas sem sucesso. A nova bandeira 
tinha que representar o símbolo da nossa própria luta, e, ao mesmo tempo, 
deveria produzir um efeito majestoso sobre as massas. Quem tiver o hábito de 
lidar com a massa popular verá, facilmente, nessas bagatelas aparentes, questões 
de grande importância. Um emblema que produza grande efeito pode, em milhares de 
casos, dar o primeiro impulso ao interesse popular por um movimento 
qualquer.
     Eis porque tivemos de recusar todas 
as propostas, aliás bastante numerosas, para identificar, por uma bandeira 
branca, o nosso movimento com o antigo Estado ou, melhor ainda, com aqueles 
partidos enfraquecidos. cujo único fim político consistia na restauração de 
situações passadas. Acresce ainda que o branco não é uma cor arrebatadora; ela é 
apropriada a congregações de virgens castas e puras, e não a movimentos 
violentos de uma época revolucionária.
     O preto 
foi igualmente proposto. Seria próprio para a época atual, não exprimia, porém, 
as aspirações do nosso movimento. Além disso, o efeito dessa cor não é 
empolgante.
     Branco-azul não foi aceito, apesar 
do maravilhoso efeito estético, por ser a cor de um Estado da Alemanha, 
infelizmente de uma atitude política que não goza da melhor fama, por sua 
estreiteza regionalista. Aliás, nessa escolha, não haveria nada que 
correspondesse ao nosso movimento. Preto e branco estava no mesmo caso. Preto, 
vermelho e ouro, por si mesmo, não entrou em questão, por motivos já 
mencionados. Preto, branco e vermelho, pelo menos na mesma disposição antiga, 
também não foi discutido. Quanto ao efeito, esta última composição de cores leva 
a palma sobre todas as outras, realizando a mais brilhante 
harmonia.
     Eu mesmo fui sempre um advogado da 
conservação das cores antigas, não só por venerá-las como uma relíquia, na minha 
qualidade de soldado, como, também, pelo efeito estético que elas exercem e que 
é mais conforme ao meu gosto.
     Apesar disso, fui 
obrigado a recusar, sem exceção, os inúmeros esboços que saíam, naquele tempo, 
dos círculos do movimento incipiente, e que, na maior parte, tinham introduzido 
a cruz suástica na antiga bandeira. Como líder, eu mesmo não queria aparecer 
logo em público com o meu próprio projeto, porque era possível que alguém 
tivesse a idéia de outro igual, ou mesmo melhor, do que o meu. Com efeito, um 
dentista de Starnberg produziu um desenho bem regular e muito parecido com o 
meu, com um único defeito de trazer a cruz suástica com ganchos curvos sobre um 
disco branco.
     Nesse ínterim, depois de inúmeras 
tentativas, eu havia chegado a uma forma definitiva; uma bandeira de fundo 
vermelho com um disco branco, em cujo meio figurava uma cruz suástica preta. 
Após longas experiências, descobri, também, uma relação determinada entre a 
dimensão da bandeira e a do disco branco, como entre a forma e o tamanho da cruz 
suástica, e aí fizemos ponto final.
     No mesmo 
sentido, fez-se logo encomenda de braçais para os encarregados do "serviço de 
ordem", sendo o braçal vermelho, com um disco branco, trazendo no centro a cruz 
suástica preta.
     O emblema do partido foi 
esboçado segundo as mesmas diretrizes: um disco branco sobre fundo vermelho e no 
centro a cruz. Um ourives de Munique, por nome Füss, forneceu o primeiro esboço 
suscetível de ser empregado e adotado.
     Em pleno 
verão de 1920, o novo pavilhão apareceu, pela primeira vez, em público. 
Adaptava-se, admiravelmente, ao nosso movimento incipiente. Partido e bandeira 
distinguiam-se pela novidade. Nunca tinham sido vistos antes. Seu efeito, 
naquele momento, foi o de uma tocha incendiada. A nossa alegria foi quase 
infantil quando uma fiel adepta de nosso partido executou o plano pela primeira 
vez e no-lo entregou. Já poucos meses depois, possuíamos meia dúzia em Munique. 
As tropas do "serviço de ordem", cada vez mais, extensas, contribuíram, 
extraordinariamente, para a propagação do novo símbolo do 
movimento.
     Era um símbolo de verdade! Por serem 
intérpretes da nossa veneração pelo passado, estas cores ardentemente amadas, 
que, outrora, alcançaram tanta glória para o povo alemão, eram, agora, ainda a 
melhor materialização das aspirações do movimento. Como nacionais-socialistas, 
costumamos ver na nossa bandeira o nosso programa. No vermelho, vemos a idéia 
socialista do movimento, no branco, a idéia nacional, na cruz suástica a missão 
da luta pela vitória do homem ariano, simultaneamente com a vitória da nossa 
missão renovadora que foi e será eternamente 
anti-semítica.
     Dois anos mais tarde, quando as 
"tropas de ordem" já se tinham transformado, há muito tempo, em um batalhão de 
assalto de muitos milhares de homens, surgiu a necessidade de dar a essa 
organização de defesa da nova doutrina ainda um símbolo especial de triunfo: Os 
estandartes! Esses, também, foram esboçados por mim e a execução foi confiada a 
um fiel adepto do partido, o ourives Guhr. Desde aquele momento, os estandartes 
passaram a ser os sinais característicos da campanha 
nacional-socialista.
     A atividade nos comícios 
populares, que crescia, cada vez mais, durante o ano de 1920, levou-nos, por 
fim, a marcar duas reuniões por semana, As multidões se aglomeravam diante dos 
nossos cartazes, as salas mais espaçosas da cidade estavam sempre repletas e 
dezenas de milhares de adeptos, desviados pelos marxistas, voltaram à sua antiga 
comunidade, para lutar pela liberdade de um Reich futuro. Já estávamos 
conhecidos pelo público de Munique. Falava-se em nosso nome, e a expressão 
"Nacional-Socialista" já era familiar a muitos, significando até mesmo um 
programa, o número dos adeptos do movimento começou a crescer sem interrupção, 
de modo que, no inverno de 1920/21, já podíamos aparecer em Munique com um forte 
partido.
     Naquele tempo, não havia, fora dos 
partidos marxistas, nenhum outro, pelo menos de caráter nacional, que pudesse 
registrar tão grandes manifestações 
populares.
     O "Münchener Kindl-Keller", que 
podia comportar cinco mil pessoas, ficou, mais uma vez, à cunha, e só havia um 
local que não tínhamos ousado ocupar, Esse era o circo 
Krone.
     No fim de janeiro de 1921, surgiram, 
novamente, grandes preocupações para a Alemanha. O tratado de Paris, pelo qual a 
Alemanha se obrigava ao pagamento da soma absurda de cem bilhões de marcos ouro, 
devia se tornar uma realidade sob a forma do pacto de 
Londres.
     Uma associação de trabalhistas, que 
existia há muito tempo em Munique e era formada por ligas populares, queria 
aproveitar esse pretexto para lançar o convite para um grande protesto coletivo, 
o tempo urgia e, eu mesmo, me sentia nervoso diante das eternas hesitações 
quanto às resoluções tomadas. Falou-se, primeiro, em uma manifestação de 
protesto diante da Feldherrnhaller.
     Isso, 
também, fracassou, surgindo, então, a proposta para uma reunião geral no 
Münchener-Kindl-Keilcr. Nesse ínterim, passava o tempo. Os grandes partidos não 
tinham dado a menor atenção ao terrível acontecimento e a associação trabalhista 
não se podia decidir a fixar uma data certa para a tal 
manifestação.
     Na terça-feira, 1.° de fevereiro 
de 1921, exigi, com a maior urgência, uma resolução definitiva. Fizeram-me 
esperar até quarta-feira, Nesse dia, pedi informações seguras quanto à 
possibilidade da tal reunião, A resposta foi novamente incerta e evasiva, 
Disseram que tinham a intenção de convidar a associação trabalhista a realizar 
uma manifestação daí a oito dias.
     Com isso 
esgotou-se a minha paciência e tomei a iniciativa de executar, sozinho, uma 
manifestação de protesto. Quarta-feira, ao meio-dia, em dez minutos, ditei a uma 
datilógrafa o anúncio da reunião, mandando, ao mesmo tempo, alugar o circo 
Krone, para o dia seguinte, quinta-feira, 3 de 
fevereiro.
     Naquela época, isso significava uma 
ousadia extraordinária, Não era só a incerteza de poder encontrar auditório para 
encher aquele enorme espaço; havia, também, o perigo de um ataque, durante a 
sessão.
     Nossas "tropas de ordem" não eram 
suficientes para vigiar um espaço tão grande. Eu também não tinha uma idéia 
definida sobre a atitude a tomar na eventualidade de Um ataque, Acresce que eu 
achava a defesa mais difícil em um circo do que em uma sala comum. Devia ser 
justamente o contrário, como ficou provado mais tarde. Em uma área gigantesca, 
era mais fácil dominar um batalhão de assalto do que em salas 
apertadas.
     Só havia, de certo, uma coisa: todo 
fracasso poderia nos atrasar por muito tempo. Um assalto, coroado de sucesso, 
poderia destruir, de um golpe, a nossa fama e encorajar o adversário a recomeçar 
o mesmo jogo.
     Isso poderia ocasionar uma 
sabotagem de toda a nossa atividade nos comícios futuros. E semelhante desastre 
só poderia ser reparado depois de muitos meses e após grandes 
lutas.
     Só dispúnhamos de um dia para pregar 
cartazes. Infelizmente chovia de manhã e tínhamos o justo receio de que muitos 
prefeririam ficar em casa a irem a uma reunião debaixo de chuva ou de neve, 
expondo-se, talvez, até a serem assassinados.
     A 
verdade é que, na manhã de quinta-feira, apoderou-se de mim o pavor de que não 
conseguiria encher a casa. Imediatamente ditei e mandei imprimir alguns boletins 
para serem distribuídos à tarde. Se meu receio se realizasse eu passaria uma 
grande vergonha, diante da associação trabalhista, os folhetos naturalmente 
encerravam o convite para a reunião.
     Dois 
caminhões, que eu mandei fretar, foram cobertos com o maior número possível de 
panos vermelhos, arvorando algumas bandeiras nossas. Quinze a vinte adeptos do 
nosso partido partiram nos mesmos, com a ordem expressa de passar por todas as 
ruas da cidade jogando boletins, enfim, fazendo propaganda para a colossal 
manifestação da noite, Era a primeira vez que caminhões embandeirados passavam 
pela cidade sem serem guiados por marxistas. Eis porque a burguesia via, 
boquiaberta, a passagem dos carros enfeitados de vermelho e de bandeiras 
nazistas que voavam ao vento, enquanto, nos bairros afastados do centro da 
cidade, levantavam-se, também, inúmeros punhos cerrados que exprimiam uma fúria 
visível contra a última "provocação ao proletariado", Até então só o marxismo 
possuía o monopólio de organizar reuniões e de andar para cima e para baixo em 
caminhões.
     As 7 horas da noite, o circo ainda 
não estava repleto. De dez em dez minutos, chamavam-me ao telefone. Sentia-me 
bastante inquieto, pois às sete horas ou às sete e um quarto, as outras salas já 
estavam quase completamente cheias. A razão, aliás, não tardou a ser descoberta: 
eu não tinha contado com as dimensões gigantescas do novo local. Mil pessoas na 
sala do Hotbräuhaus já faziam um bonito efeito, enquanto passavam inteiramente 
despercebidas no circo Krone. Quase não se via ninguém. Pouco depois começaram a 
vir comunicações mais favoráveis e, às oito horas menos um quarto, diziam-me que 
três quartos do circo já estavam ocupados, havendo grande multidão diante dos 
guichês da entrada. Com essa noticia eu me pus a 
caminho.
     Cheguei ao circo às oito horas e dois 
minutos. Via-se, ainda uma grande multidão diante do mesmo; alguns pareciam 
meros curiosos, outros, adversários, que esperavam fora o desenrolar dos 
acontecimentos.
     Quando penetrei na formidável 
área deixei-me empolgar pela mesma alegria que havia experimentado no ano 
precedente, quando da primeira reunião na sala de festas da Bräuhaus, de 
Munique, Mas somente depois de eu ter, a muito custo, conseguido passar através 
de verdadeiras muralhas humanas, até chegar ao estrado um pouco elevado, e que o 
sucesso, em toda a sua plenitude, se manifestou aos meus olhos. Esse local se 
estendia diante de mim como uma concha enorme, repleta de milhares e milhares de 
pessoas.
     Até o picadeiro estava repleto. Na 
entrada, tinham sido distribuídos cinco mil e seiscentos cartões; sem se contar 
o número total dos sem trabalho, dos estudantes pobres e dos nossos homens do 
"serviço de ordem", deviam ser ao todo seis mil e quinhentas 
pessoas.
     "Marchamos para um futuro de 
prosperidade ou para a derrocada?" Era esse o tema da minha conferência e meu 
coração exultava na convicção de que o futuro estava ali diante dos meus olhos. 
Comecei a falar e falei cerca de duas horas e meia. Depois da primeira meia 
hora, já eu pressentia que a reunião teria um grande sucesso. Estava 
estabelecida a ligação com todos esses milhares de indivíduos. Já no fim da 
primeira hora, comecei a ser interrompido por aplausos que explodiam cada vez 
mais, espontaneamente, para decrescer novamente, depois de duas horas, passando 
a um silêncio solene que eu devia, mais de uma vez, mais tarde, constatar nesse 
lugar, e de que cada um de nós guarda uma lembrança imperecível. Quase que não 
se ouvia outra coisa senão a respiração dessa multidão colossal e, só depois que 
proferi a última palavra, é que se levantou, subitamente, um bramido que somente 
cessou com o cântico patriótico "Alemanha", entoado com o máximo ardor. Eu 
observava como, aos poucos, a enorme área começava a se esvaziar e uma 
monstruosa onda de gente procurava a saída pela grande porta do centro. Isso 
durou quase vinte minutos. Só então, possuído do mais vivo contentamento, deixei 
o meu lugar, a fim de voltar para 
casa.
     Tiraram-se fotografias dessa primeira 
reunião no circo Krone, de Munique. Melhor do que palavras, servirão elas para 
provar a importância da manifestação. Jornais burgueses trouxeram ilustrações e 
notícias mencionando, porém, unicamente, o caráter "nacional" da manifestação, 
silenciando, porém, como sempre, sobre o nome dos 
organizadores.
     Com essa demonstração, saímos, 
pela primeira vez, do quadro dos partidos existentes. Não podíamos mais passar 
despercebidos. Para impedir a todo o preço a impressão de que esse sucesso 
pudesse ser visto como efêmero, marquei, imediatamente, para a semana vindoura, 
a segunda manifestação no circo, e o sucesso foi 
idêntico.
     Novamente, o imenso espaço se achava 
à cunha, a tal ponto que decidi organizar, pela terceira vez, outra reunião do 
mesmo gênero, na semana seguinte e, pela terceira vez, o circo gigantesco ficou 
apinhado de gente.
     Após esse confortador início 
do ano de 1921, desenvolvi ainda mais nossa atividade na organização de 
comícios, em Munique. Chegamos a realizar não um, mas, às vezes, dois comícios 
por semana. No meio do verão e no fim do outono, realizávamos até três por 
semana. Nós nos reuníamos sempre no circo e, para nossa grande satisfação, 
constatávamos todas as noites o mesmo brilhante sucesso de 
sempre.
     O resultado foi então um acréscimo 
ininterrupto do número de adeptos do 
movimento.
     Era natural que esses sucessos 
inquietassem os nossos adversários. Uma vez que estes, sempre vacilantes na sua 
tática, ora aconselhavam o terror, ora um silêncio absoluto, tornavam-se 
incapazes de impedir o progresso do nosso movimento de um modo ou de outro, como 
eles próprios eram obrigados a reconhecer. Foi assim que, em um esforço supremo, 
resolveram-se a um ato terrorista, a fim de sufocar, definitivamente, a nossa 
atividade nos comícios. Como pretexto a tal atitude aproveitaram-se de um 
atentado extremamente misterioso contra um deputado da Dieta, por nome Erhard 
Auer. Constava que, certa noite, ele tinha recebido um tiro, sem se saber de 
quem. A verdade é que ele não foi atingido. Houve, porém, ao que se dizia, a 
intenção. Tudo não passou de boatos. A fantástica presença de espírito, assim 
como a coragem proverbial do chefe do partido social-democrata, teria não só 
anulado o ataque criminoso como, também, induzido a fugir, vergonhosamente, os 
miseráveis autores. Tinham fugido tão depressa e para tão longe, que, mesmo mais 
tarde, a polícia não pôde mais descobrir o menor rastro deles. Esse processo 
misterioso serviu ao órgão do partido social democrata de Munique como 
instrumento de intriga contra o nosso movimento. Medidas tinham sido tomadas 
para evitar os nossos impressionantes progressos. Nesse programa, estava 
prevista uma oportuna intervenção de parte do proletariado, por meio da 
violência.
     E o dia da intervenção não se fez 
esperar.
     Foi escolhido um comício, na sala de 
festas do Hotbräuhaus, de Munique, na qual eu mesmo devia falar, para se 
decidir, definitivamente, a questão.
     No dia 4 
de novembro de 1921, recebi, entre 6 e 7 horas da noite, as primeiras notícias 
positivas sobre o próximo ataque ao comício e soube que se tinha a intenção de 
mandar para o local grandes grupos de operários recrutados para esse fim, 
especialmente em alguns meios rubros.
     A um 
feliz acaso devemos o não termos recebido antes disso esse aviso. Nesse dia 
mesmo, tínhamos deixado nosso velho e respeitável escritório da Sterneckergasse, 
em Munique, mudando-nos para um novo, isto é, tínhamos saído do velho, mas não 
podíamos ainda entrar no novo, pois esse estava em obras. Como o telefone da 
antiga sede tinha sido retirado e ainda não estava colocado na segunda, foram 
inúteis os esforços de numerosas comunicações telefônicas, avisando-nos sobre o 
ataque planejado.
     A conseqüência disso tudo foi 
ficar o serviço de defesa do comício reduzido a algumas patrulhas muito fracas. 
Achava-se presente só uma companhia numericamente fraca, de, mais ou menos, 
quarenta e seis pessoas. O serviço de patrulhamento ainda não estava bastante 
organizado para que se pudesse mandar vir, à noite, dentro de uma hora, um 
reforço suficiente. Acrescia ainda que boatos alarmantes desse gênero, já nos 
tinham chegado aos ouvidos inúmeras vezes, sem que nada de extraordinário 
tivesse acontecido. O velho ditado, segundo o qual, revoluções preditas, 
geralmente não arrebentam, até então tinha sido confirmado pelos 
fatos.
     Eis por que não se tomaram todas as 
precauções necessárias para enfrentar um possível ataque, pela maneira mais 
violenta. Considerávamos a sala de festas do Hofbräuhaus, de Munique, como 
totalmente imprópria para ser atacada. Tínhamos receado isso muito mais nas 
grandes salas, sobretudo no circo. A esse respeito, esse dia nos trouxe uma 
preciosa lição. Mais tarde estudamos todas essas questões, posso dizer, com 
método científico, chegando a resultados tão surpreendentes quanto interessantes 
e que se tornaram, nos tempos que se seguiram, de uma importância fundamental 
para a direção organizadora e a tática de nossos pelotões de assalto. Quando, às 
8 menos um quarto, penetrei na entrada do Hofbräuhaus, não podia, com efeito, 
subsistir a menor dúvida sobre tal intenção. A sala estava repleta e, por isso, 
interdita pela polícia. Os adversários, que tinham chegado muito cedo, 
achavam-se na sala e a maior parte dos nossos adeptos encontravam-se fora do 
recinto. A pequena "tropa de assalto" me esperava na entrada. Mandei fechar as 
portas da grande sala, dei ordens para que entrassem os quarenta e tantos 
homens. Expus aos rapazes que havia chegado a hora de provarem, pela primeira 
vez, a sua fidelidade inquebrantável ao movimento. Nenhum de nós tinha o direito 
de deixar a sala senão depois de morto. Eu ficaria, pessoalmente, na sala e não 
supunha que um só deles ousasse me abandonar. Se, porém, chegasse a avistar 
algum que se mostrasse, pessoalmente, covarde, arrancar-lhe-ia o braçal e a 
insígnia. Depois disso, incitei-os a irem para frente, logo que notassem 
qualquer tentativa de assalto, sem esquecerem que o melhor meio de defesa é o 
ataque.
     A resposta foi um "viva", repetido três 
vezes, e que, nessa ocasião, soou mais alto do que de costume. Depois disso, 
entrei na sala, podendo, então, com os meus próprios olhos, colher uma vista 
panorâmica da situação. Os inimigos ali estavam, em massas compactas, procurando 
furar-me com os olhares. Inúmeras caras se voltavam para mim, mal contendo seu 
ódio, enquanto outras, com caretas sarcásticas, faziam exclamações 
insofismáveis. "Hoje eles acabariam conosco", "nós devíamos defender nossas 
tripas", "nossas bocas seriam definitivamente arrolhadas", enfim uma série de 
belas locuções desse jaez. Estavam conscientes de sua superioridade e 
manifestavam-se de acordo com a atmosfera do 
momento.
     Apesar de tudo, a sessão pôde ser 
abei-ta e tomei a palavra. Na sala de festas do Hofbräuhaus eu tomava lugar 
sempre em um dos lados, em uma mesa de cerveja. Assim ficava, realmente, no meio 
do público. Talvez essa circunstância contribuísse para criar, nessa sala, um 
ambiente como nunca encontrei em nenhum outro 
lugar.
     Na minha frente, sobretudo mais para a 
esquerda, só havia adversários, sentados e de pé. Eram todos homens e rapazes 
robustos, em grande parte trabalhadores da fábrica Maffei, de Kusterman, 
Isasrizäher, etc. Ao longo da parede esquerda da sala, já tinham empurrado as 
mesas até bem perto da minha e começavam a recolher os quartilhos. Encomendavam 
sempre mais cerveja, colocando os recipientes vazios debaixo da mesa. Assim se 
formavam verdadeiras baterias. Teria sido um milagre se as coisas, dessa vez, 
acabassem em pai. Depois de hora e meia, mais ou menos, - período durante o qual 
consegui falar, apesar de todos os apartes - parecia que eu chegaria a dominar a 
situação. O mesmo receio parecia terem os chefes do pelotão de ataque. Sua 
inquietação aumentava. De vez em quando saiam e entravam novamente, falando, 
visivelmente nervosos, com o seu pessoal.
     Um 
pequeno erro psicológico que cometi, respondendo à um aparte e de cuja 
inoportunidade tive imediatamente consciência, mal acabava de proferir a 
palavra, foi o sinal para o começo do 
conflito.
     Depois de alguns apartes enfurecidos, 
um homem saltou em cima de uma cadeira, berrando para o público: "Liberdade!" Os 
"pioneiros" da liberdade só esperavam esse sinal para entrar na 
luta.
     Em poucos segundos a sala inteira se 
achava repleta de uma multidão que berrava e gritava e, por cima da qual, como 
obuses, voavam inúmeros copos; ouviam-se o rachar de pernas de cadeiras, o 
quebrar de quartilhos, gritos e berros de toda 
espécie.
     Era um espetáculo simplesmente 
ridículo. Fiquei parado no meu lugar, podendo observar com que consciência meus 
rapazes cumpriam o seu dever, Eu desejava ver como se portariam os burgueses em 
uma tal situação.
     A "dança" ainda não tinha 
começado e já minha patrulha de assalto - nome que se guardou desde esse dia - 
iniciava seu ataque. Como lobos, precipitavam-se, em matilhas de oito ou dez, 
sobre os seus adversários, conseguindo, aos poucos, porem-nos fora da sala. Ao 
cabo de cinco minutos, quase todos eles estavam sujos de sangue. Quantos eu 
conheci somente a partir daquele momento! A frente de todos estavam o bravo 
Maurice. meu atual secretário particular, Hesse e muitos outros que, apesar de 
gravemente feridos, voltavam sempre ao ataque, enquanto se podiam manter de pé. 
O barulho infernal durou vinte minutos, no fim dos quais, os adversários, que 
podiam ser setecentos ou oitocentos, já tinham sido expulsos da sala e jogados 
de escada abaixo, pelos meus homens, que não eram mais de 
cinqüenta.
     Só no lado esquerdo do fundo da sala 
ainda permanecia um grande grupo, que opunha a mais encarniçada resistência. 
Subitamente, da entrada da sala, deram dois tiros de pistola sobre o estrado. 
seguidos de um tiroteio desenfreado. Exultávamos diante de uma tal ressurreição 
de antiga cena guerreira.
     Não havia mais meio 
de distinguir quem atirava. Só uma coisa se podia verificar, é que a fúria dos 
meus rapazes, cobertos de sangue, tinha aumentado e que, afinal, os últimos 
desordeiros, vencidos, eram jogados fora da 
sala.
     Tinham decorrido, mais ou menos, vinte e 
cinco minutos. O aspecto da sala era como se uma granada aí tivesse 
estourado.
     Muitos dos meus adeptos estavam 
sendo submetidos a curativos, outros tinham que ser transportados, mas nós 
tínhamos ficado senhores da situação.
     Hermann 
Esser, que, nessa noite, havia assumido a chefia da sessão, declarou: A sessão 
continua. Tem a palavra o orador. E eu recomecei a 
falar.
     Depois que, nós mesmos, já tínhamos 
encerrado a sessão, entrou de repente um agitado tenente de polícia gritando, 
com movimentos descontrolados: "A reunião está 
suspensa!"
     Involuntariamente, tive que rir 
desse retardatário. Nos policiais, essa mania de importância é típica. Quanto 
menores eles são, mais querem aparentar 
autoridade.
     Nessa noite, tínhamos realmente 
aprendido muito e nossos adversários, também, não esqueceram a lição recebida. 
Até o outono de 1923, o "Münchener Post" não nos amedrontou mais com as ameaças 
de violência por parte do proletariado.
CAPÍTULO VIII - O FORTE É MAIS FORTE 
SOZINHO
     No capítulo precedente, tive 
ocasião de mencionar a existência de uma associação trabalhista formada por 
ligas racistas alemãs e desejo, aqui, elucidar, em poucas palavras, o problema 
dessas organizações.
     Geralmente entende-se por 
associação trabalhista um agrupamento de ligas que, para facilitarem o seu 
trabalho, assumem compromissos recíprocos, escolhem uma direção comum, de 
competência mais ou menos reconhecida, para realizarem uma ação de 
conjunto.
     Só por esse fato, já se vê que se 
trata de associações ou partidos, cujas finalidades são mais ou menos 
idênticas.
     Para o tipo normal do cidadão é 
agradável e cômodo saber que, pelo fato de tais ligas se unirem formando uma 
associação, elas destacam os traços que as podem unir, pondo de lado o que as 
pode separar.
     Com isso surge a convicção de que 
a força de uma tal agremiação aumentou extraordinariamente e que os pequenos 
grupos se transformaram subitamente em uma verdadeira 
potência.
     Isso, porém, é quase sempre 
falso.
     É interessante e, na minha opinião, de 
grande importância para a compreensão do problema, conseguir ver claramente como 
é possível a formação de ligas, associações, etc., todas visando à mesma 
finalidade.
     Seria lógico que cada liga visasse 
apenas a um fim.
     Incontestavelmente, esse 
objetivo só tinha sido visado por uma liga. Em determinada liga, um indivíduo 
proclama uma verdade, convida outros a resolverem uma questão, propõe uma 
finalidade e organiza um movimento que tende à realização de seu 
objetivo.
     Funda-se assim uma associação ou um 
partido que, segundo seu programa, deve conseguir ou a supressão dos males 
existentes ou o estabelecimento de condições especiais para o 
futuro.
     Logo que surge um tal movimento, possui 
ele praticamente um certo direito de 
prioridade.
     Nada mais natural que todos os 
homens, visando ao mesmo objetivo, se filiassem ao novo movimento, 
fortalecendo-o, para melhor servirem à causa 
comum.
     Cada indivíduo que pensa por si deveria 
ver em uma tal filiação a condição indispensável para o êxito da causa 
coletiva
     Para atingir-se esse objetivo só um 
movimento organizado pode ser eficiente.
     Há 
duas causas para que isso não se verifique. A uma delas eu daria o qualificativo 
de "trágica", a segunda reside na própria fraqueza humana. Em verdade, só vejo 
em ambas essas causas fatos que se prestam a reforçar a vontade e a energia 
humana e, por uma educação aprimorada da atividade dos homens, tornar possível a 
solução desse problema.
     Eis a razão pela qual 
nunca uma liga por si só pode dar a solução de um determinado problema. Toda 
realização importante será geralmente a satisfação de um desejo alimentado, de 
há muito, secretamente, por milhões de entes 
humanos.
     Pode acontecer que, durante séculos e 
séculos, se anseie pela solução de um determinado problema, sem que, devido à 
pressão de condições difíceis, se chegue jamais à realização desses 
anelos.
     Deve-se dar o qualificativo de 
impotentes aos povos que, em uma tal emergência, não encontram uma solução 
heróica. A força vital de um povo, o seu direito à vida, se manifestam do modo 
mais impressionante, no momento em que esse povo recebe a graça de um homem que 
o destino reservou para a realização de suas aspirações, isto é, para a 
libertação de um grande cativeiro, para a supressão de amargas 
dificuldades.
     É um fenômeno típico de todos os 
problemas do momento que milhares trabalhem na sua solução, que muitos se 
julguem predestinados, para que, enfim, a sorte, no jogo das forças, escolha o 
mais competente para confiar-lhe a solução do 
problema.
     Assim, pode acontecer que durante 
muitos séculos, descontentes com a conformação de sua vida religiosa, aspirem a 
uma inovação e que, dessa aspiração moral, surjam dúzias de homens que se crêem 
eleitos, pela sua clarividência ou pelo seu saber, como profetas de uma nova 
doutrina ou pelo menos como lutadores contra outra já 
existente.
     Aqui também, pela ordem natural das 
coisas, certamente será o mais forte que será escolhido para cumprir a grande 
missão; apenas os outros só muito tardiamente reconhecem o fato de ser este o 
único eleito. Ao contrário, todos se julgam com os mesmos direitos e 
predestinados a resolver o problema, sendo que a coletividade geralmente é que 
menos sabe distinguir quem dentre eles é capaz de realizar a mais alta missão, 
quem merece o apoio de seus semelhantes.
     É 
desse modo que, no decorrer dos séculos, às vezes, até dentro de uma mesma 
época, surgem diferentes homens organizando movimentos que visam, pelo menos na 
teoria, finalidades idênticas ou assim julgadas pela grande maioria. O povo 
nutre desejos vagos e convicções indeterminadas, sem saber explicar com clareza 
o que, realmente constitui a essência da sua finalidade ou do seu desejo próprio 
ou mesmo da possibilidade de sua realização.
     O 
ponto trágico reside no fato de que esses indivíduos aspiram, por caminhos 
diferentes, a fim idêntico, sem se conhecerem entre si, e, por isso mesmo, na fé 
mais ingênua em sua própria missão, vão seguindo o seu caminho julgando-se no 
dever de cumpri-la sem a menor consideração para com os 
outros.
     Que tais movimentos, partidos, 
agrupamentos religiosos, completamente independentes uns dos outros, surjam das 
aspirações gerais, em dado momento histórico, para encaminhar a sua atividade na 
mesma direção, é o que, pelo menos à primeira vista, parece lastimável, por 
prevalecer a opinião geral de que as forças dispersadas em rumos diferentes e 
depois concentradas em um só conduzem, mais depressa e mais seguramente, ao 
sucesso almejado. Tal, porém, não se verifica. A natureza, na sua lógica 
implacável, decide a questão deixando entrarem em luta os diferentes grupos na 
competição pela vitória, e conduzindo ao fim almejado o movimento dos que 
tiverem escolhido o caminho mais reto, mais curto e mais seguro. Como, porém, 
determinar se estava certo ou errado o caminho segui do, quando as forças se 
exercem livremente, quando a última decisão deriva da resolução doutrinária de 
sabichões e é entregue às infalíveis demonstrações do sucesso visível que, no 
final de contas, é sempre a sanção última de uma 
ação?
     Se, portanto, diversos grupos visam ao 
mesmo alvo por caminhos diferentes, logo que tomarem conhecimento da analogia de 
suas aspirações com as dos outros, submeterão o seu programa a um exame mais 
minucioso, tentando com redobrado esforço alcançar o fim o mais depressa 
possível.
     Essa concorrência tem por fim um 
aperfeiçoamento do combate individual e não é raro que a humanidade deva o 
triunfo de suas doutrinas ao fracasso de tentativas precedentes. Assim é que 
podemos reconhecer no fato aparentemente lamentável da dispersão inicial e 
inconsciente, o remédio pelo qual chegaremos ao melhor 
resultado.
     A história nos mostra - e nisso, 
quase todas as opiniões estão de acordo - que os dois caminhos abertos à solução 
do problema alemão, cujos principais representantes e campeões eram a Áustria e 
a Prússia, Habsburgos e Hohenzollern, desde o princípio deveriam correr 
paralelos. Segundo essas opiniões, nossas forças se deveriam ter unificado e 
tomado uma ou outra dessas direções. Naquele tempo, porém, o caminho escolhido 
foi o menos importante; as intenções austríacas, entretanto, nunca teriam 
conduzido à construção de um Reich alemão.
     O 
Reich alemão surgiu justamente daquilo que milhões de alemães consideravam, com 
o coração sangrando, como o último e mais terrível emblema da nossa briga entre 
irmãos: a coroa imperial da Alemanha. saiu verdadeiramente do campo de batalha 
de Königgrätz e não dos combates diante de Paris, como geralmente se 
supõe.
     A fundação do Reich alemão não foi o 
resultado de qualquer aspiração comum animando iniciativas comuns; resultou 
muito mais de uma luta, ora consciente ora inconsciente, pela hegemonia, sendo 
que dessa luta foi a Prússia que saiu vitoriosa por fim. E quem não se deixar 
cegar por partidos políticos, renunciando assim à verdade, terá que confirmar 
que a chamada sabedoria humana nunca teria tomado a sábia resolução que resultou 
do livre jogo das forças reais.
     Quem nos países 
de raça alemã teria acreditado, há duzentos anos, que não os Habsburgos, mas a 
Prússia dos Hohenzollern, seria um dia a célula mater, a pedra fundamental do 
novo reino?! Quem, ao contrário, ainda se meteria a negar hoje que o Destino fez 
bem, agindo assim? Quem poderia ainda imaginar um Reich alemão implantado sobre 
as bases de uma dinastia corrompida e 
decadente?
     Não, a evolução natural, se bem que 
após uma luta secular, assegurou à melhor parte do povo alemão o lugar que lhe 
compete.
     Foi e será sempre assim na vida das 
nações.
     Não se deve, pois, lamentar o fato de 
diferentes indivíduos se porem em caminho para atingir o mesmo alvo: o mais 
forte e o mais expedito será sempre o 
vitorioso.
     Na vida dos povos, ainda há uma 
segunda causa que determina freqüentemente que movimentos de aparência idêntica, 
procurem, por vias diversas, uma finalidade aparentemente idêntica. Essa causa, 
por demais deplorável, é conseqüência de um misto de inveja, ciúme, ambição e 
desonestidade que se encontram, infelizmente, às vezes reunidos em um mesmo 
indivíduo. Logo que apareça um homem conhecendo profundamente as misérias do seu 
povo e que procure enxergar claramente a natureza dos seus males, tentando 
remediar tudo, logo que ele visar um fim e traçar o caminho a seguir, 
imediatamente os espíritos mais mesquinhos ficam atentos, seguindo com ansiedade 
os passos desse homem que chamou a si a atenção geral, Esses indivíduos se 
portam como os pardais, que, aparentemente sem nenhum interesses, na realidade, 
observam com ansiedade e com a intenção de furtar, um companheiro mais feliz que 
logra achar uma migalha de pão, Basta que um indivíduo enverede por um novo 
caminho para que muitos vagabundos fiquem alertas farejando qualquer petisco 
saboroso que possa ter sido jogado nesse caminho. Logo que o descobrem, põem-se 
em marcha para alcançar o alvo, se possível por um 
atalho.
     Uma vez lançado o novo movimento e 
fixado o seu programa definido, aparece aquela gente pretendendo bater-se pelas 
mesmas finalidades; isso, porém, é mentira, pois eles não se alistam nas 
fileiras da causa para reconhecer-lhes a prioridade, mas, ao contrário, plagiam 
seu programa lançando sobre ele os fundamentos de novo partido. Nisso tudo eles 
se mostram desavergonhados, afirmando ao público inconsciente que as intenções 
do outro partido já há muito eram as suas também, e o pior é que, com essas 
pretensões, conseguem aos poucos aparecer sob um prisma simpático, em vez de 
caírem rio desprezo geral que mereciam. Pois, não é uma grande falta de vergonha 
tomar a si a missão proclamada pela bandeira alheia, refutar as diretrizes do 
programa alheio, para depois seguir seus próprios caminhos como se tivesse sido 
o plagiário o criador de tudo? O maior descaramento consiste em serem esses 
elementos, - aliás os primeiros causadores da dispersão, por suas sucessivas 
inovações - os que mais proclamam a necessidade da união, logo que se convencem 
de não poderem tomai- a dianteira do 
adversário.
     A um processo desses é que se deve 
a chamada "dispersão dos elementos racistas". Aliás, como a evolução natural das 
coisas tem provado suficientemente, a formação de toda uma série de grupos e 
partidos denominados racistas, nos anos de 1918 e 1919, foi um acontecimento que 
não pode ser absolutamente atribuído aos seus autores. Desses fatos todos, já no 
ano de 1920, tinha surgido vitorioso o Partido Nacional Socialista dos 
Trabalhadores Alemães. Não pode haver melhor prova da honestidade 1)1-overbial 
dos promotores desse movimento do que a decisão, verdadeiramente admirável, de 
muitos deles, de sacrificarem ao movimento mais forte o outro por eles chefiados 
e cujo sucesso era muito menor, havendo, por isso, conveniência em dissolvê-lo 
ou incorporá-lo incondicionalmente.
     Isso se 
aplica sobretudo a Julius Streicher, o principal campeão do Partido Socialista 
de Nuremberg. Naquela época, o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores 
Alemães e o Partido Socialista Alemão tinham nascido inteiramente independentes 
um do outro, mas visando às mesmas finalidades. O principal precursor nas lutas 
preparatórias para a formação do Partido Socialista Alemão foi, como já 
dissemos, Julius Streicher, então professor em Nuremberg. A princípio, estava 
ele também solenemente convencido da missão futura do seu movimento. No momento, 
porém, em que não restava mais dúvida nenhuma sobre a força maior e a maior 
extensão do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães renunciou ele 
à sua atividade na propaganda do Partido Socialista Alemão, incitando os seus 
adeptos a enfileirarem-se no Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores 
Alemães, que tinha saído vitorioso na luta recíproca. Propôs-se então a batalhar 
em nossas fileiras pelo ideal comum, o que constitui uma resolução tão heróica 
quanto digna de um homem de bem.
     Nessa primeira 
fase do movimento não se verificou nenhuma dispersão, sendo que quase por toda 
parte a vontade bem intencionada dos homens da época conduzia a um resultado 
honesto e seguro. Aquilo que hoje entendemos por dispersão dos elementos 
racistas" deve sua existência, como já acentuamos, à segunda causa por mim 
mencionada (e isso sem exceção): homens ambiciosos que, antes, nunca tinham 
visado a fins próprios nem possuído idéias próprias, sentiram a sua "vocação" 
precisamente no momento em que os sucessos do Partido Nacional Socialista dos 
Trabalhadores Alemães começavam a 
firmar-se.
     Surgiram, então, programas, do 
começo ao fim, copiados dos nossos, combates por idéias decalcadas sobre as 
nossas, exposição de finalidades já há anos visadas por nós, escolha de caminhos 
há muito já trilhados pelo nosso Partido. Procurou-se por todos os meios achar 
um motivo para a formação obrigatória desses novos partidos, já existindo há 
tanto tempo o nosso. Quanto mais nobres eram os pretextos menos verdade 
continham.
     Na verdade um único motivo era a 
causa de tudo; a ambição pessoal dos fundadores de representar um papel 
dificilmente preenchido pela sua própria pequenez, se não fosse uma grande 
ousadia de adotar pensamentos alheios, com uma petulância que, na vida burguesa, 
só se costuma atribuir aos ladrões.
     Naquela 
época não existiam representações nem idéias alheias de que semelhante 
cleptômano político não se apoderasse logo para servir aos seus novos 
interesses. Os autores de tal plágio eram, porém, os mesmos indivíduos que mais 
tarde, com lágrimas nos olhos, ousavam deplorar profundamente a "dispersão dos 
elementos racistas" falando sem cessar da "necessidade da união", na secreta 
esperança de, finalmente, embrulharem os outros de tal maneira que esses, 
cansados de ouvir os gritos de eterna acusação, lhes faziam presente não só das 
idéias roubadas como também dos movimentos criados para 
propagá-las.
     Se todavia não conseguiam isso e 
se as novas empresas não rendiam o que se esperava delas, devido à pequena 
capacidade intelectual de seus diretores, a coisa se liquidava mediante um preço 
menor, e já se considerava feliz quem nesse caso podia ingressar em uma das tais 
associações trabalhistas.
     Todos os que, naquele 
tempo, não conseguiam manter-se independentemente, filiavam-se a tais 
associações, inspirados talvez na crença de que oito aleijados de braços dados 
certamente serão equivalentes a um 
gladiador.
     Se acontecia que entre os aleijados 
aparecesse de fato um que não o fosse, tinha esse que despender toda sua força 
só para manter os outros de pé, acabando finalmente por ficar inválido também. É 
preciso considerar sempre como uma questão de tática a cooperação nessas 
chamadas associações trabalhistas; não devemos, porém, nos afastar nunca da 
seguinte verdade fundamental:
     A formação de uma 
associação trabalhista nunca concorrerá para transformar ligas fracas em 
poderosas; uma liga forte ao contrário pode às vezes enfraquecer-se por causa 
daquelas. É falsa a suposição de que da fusão de grupos fracos possa resultar um 
fator de energia, pois a maioria, sob toda e qualquer forma e em todas as 
hipóteses, tem sido sempre a representante da tolice e da covardia. É assim que 
todas as ligas, dirigidas por muitas cabeças, estão totalmente votadas à 
covardia e à fraqueza. Acresce ainda que uma tal coesão impede o livre exercício 
das forças, a luta pela seleção do melhor elemento, barrando assim a 
possibilidade da vitória final, que deve coroar o mais sadio e o mais 
forte.
     Semelhantes coalizões são, portanto, 
contrárias à seleção natural, impedindo, na maior parte das vezes, a solução do 
problema a resolver.
     Pode acontecer que 
considerações de ordem puramente estratégica possam induzir a chefia suprema do 
movimento a concluir, por um curto período, um pacto com ligas desse gênero, a 
fim de tratar determinadas questões e talvez empreender até alguns passos em 
comum, semelhantes relações entretanto, não devem nunca se prolongar 
indefinidamente, se o movimento não quiser renunciar à sua missão redentora. É 
que, uma vez que se empenha em uma tal união, o movimento perde a possibilidade 
e o direito também de exercer plenamente sua própria força, no sentido de uma 
evolução natural, como seja a derrota dos rivais e a vitória do fim que se 
propõe.
     Ninguém deve esquecer que tudo o que há 
de verdadeiramente grande neste mundo não foi jamais alcançado pelas lutas de 
ligas, mas representa o triunfo de um vencedor único. O êxito de coalizões já 
traz na sua origem o germe da corrupção futura. Na realidade só se concebem 
grandes revoluções suscetíveis de causar verdadeiras mutações de ordem 
espiritual, quando arrebentam sob a forma de combates titânicos de elementos 
isolados, nunca, porém, como empreendimentos de combinações de 
grupos.
     É assim que, antes de tudo, o Estado 
nacionalista nunca será criado pela vontade vacilante de uma associação nacional 
de operários, mas unicamente pela vontade férrea do movimento que sozinho 
alcançou a vitória na luta contra todos.
CAPÍTULO IX - IDÉIAS FUNDAMENTAIS SOBRE O FIM E A ORGANIZAÇÃO DOS 
TRABALHADORES SOCIALISTAS
     O poder da 
antiga nação era apoiado em três colunas: a constituição monárquica, o corpo 
administrativo e o exército. A revolução de 1918 revogou a constituição 
monárquica, dissolveu o exército e entregou o corpo administrativo à corrupção 
partidária. Com isso foram, porém, destruídos os sustentáculos principais da 
chamada autoridade do Estado.
     Essa baseia-se 
quase sempre sobre aqueles elementos que, em geral, são o fundamento de toda 
autoridade.
     O primeiro fundamento para a 
formação do princípio da autoridade consiste sempre na popularidade. Uma 
autoridade, porém, que se apoia unicamente nesse fundamento é ainda extremamente 
fraca, insegura e vacilante. Todo portador de uma tal autoridade, baseada 
exclusivamente sobre as simpatias populares, deverá, por essa razão, tratar de 
melhorar a base dessa autoridade pela criação do poder. No poder, na força 
material, vemos a segunda base de toda autoridade. É essencialmente mais sólida, 
mais segura, mas nem sempre mais vigorosa do que a primeira. Quando se reúne a 
popularidade com a força material, e conseguem as mesmas sobreviver juntas, um 
certo tempo, então poderá surgir uma autoridade sobre uma base fundamental ainda 
mais sólida, a autoridade da tradição. Quando, enfim, se ligam. a popularidade, 
a força material e a tradição, pode-se, então, falar de uma autoridade 
inabalável.
     Com a Revolução esta última 
hipótese foi inteiramente afastada, pois já não havia mais a tradição. Com a 
queda do Império, com a mudança da antiga forma de governo, com a destruição das 
antigas insígnias e símbolos do Império, a tradição foi, de um golpe, destruída, 
o resultado disso foi o mais forte abalo ria autoridade do 
Estado.
     Até a segunda coluna da autoridade, a 
força material, não existia mais. A fim de fazer o possível para levar a cabo a 
Revolução, era necessário dissolver o exército como encarnação da capacidade 
organizadora e da força do Estado. Mais ainda, devia-se utilizar a parte do 
exercício dividido como elemento para o combate revolucionário. Se bem que nos 
exércitos do front não se tivesse realizado totalmente essa decomposição, os 
mesmos, no entanto, à proporção que deixavam atrás de si os gloriosos campos das 
suas heróicas lutas, que duraram quatro anos e meio, iam sendo corroídos pelo 
ácido da desorganização e acabaram, após a desmobilização, por entrar na 
confusão da denominada obediência espontânea da época dos "Conselhos dos 
soldados".
     Nessas bordas revoltosas de 
soldados, que eram de opinião que o serviço militar deveria ser idêntico ao dia 
de oito horas de trabalho, não se podia, é claro, apoiar nenhuma autoridade. Com 
isso desaparecia também o segundo elemento, que é a garantia da solidez da 
autoridade, e a Revolução passava a dispor, unicamente, do primeiro, isto é, da 
popularidade, para erigir sobre ele a sua autoridade. Essa base era, porém, um 
elemento extraordinariamente incerto. De fato, conseguiu a Revolução, por meio 
de um poderoso golpe, destruir o antigo edifício do Estado. A razão por que a 
Revolução logrou esse efeito, deve ser vista no fato de já ter sido destruído 
pela guerra o equilíbrio normal da organização de nosso 
povo.
     As nações podem ser divididas em três 
grandes classes; em um extremo encontra-se a humanidade superior, portadora de 
todas as virtudes, distinguindo-se, principalmente, pela coragem e capacidade de 
sacrifícios; na outra extremidade, acham-se os representantes da vileza humana, 
possuidores de todos os impulsos e vícios egoístas. Entre estes dois extremos, 
encontra-se uma terceira classe, a vasta camada média, na qual não se encontram 
nem radiantes heroísmos nem tendências 
criminosas.
     Tempos de grande prosperidade de 
uma nação se distinguem, pode-se dizer mesmo, só existem, quando a sua direção 
está nas mãos da parte melhor da 
sociedade.
     Tempos de um desenvolvimento normal 
e harmônico ou de um Estado sólido são caracterizados pela evidente dominação 
dos elementos do centro, em que ambos os extremos se encontram em 
equilíbrio.
     Tempos de ruína de um povo são 
determinados pela ação predominante dos elementos 
inferiores.
     Notável é, nesse caso, que a grande 
massa, como classe do centro, como a classifiquei, só apareça quando os dois 
extremos se combatem mutuamente. No caso da vitória de um dos extremos, sempre 
se subordina voluntariamente ao vencedor.
     No 
caso de vencer o extremo melhor, a grande massa acompanhá-lo-á; na hipótese de 
subir o extremo do mal a massa pelo menos não lhe oporá resistência, pois as 
camadas do centro nunca entram em combate.
     A 
guerra sangrenta, nos seus quatro anos e meio, destruiu, a tal ponto, o 
equilíbrio interno dessas três classes, que se pode declarar - sem se deixar de 
reconhecer todos os sacrifícios da massa do centro - que o resultado, para a 
parte superior da humanidade, foi perder quase completamente o seu 
sangue.
     É incrível o que, nesses quatro anos e 
meio, a Alemanha perdeu. justamente no sangue dos seus heróis. Somemos todas as 
centenas de milhares de casos particulares em que se dizia sempre: Voluntários 
para o front! Patrulhas de ronda voluntárias! Estafetas voluntários! 
Telefonistas voluntários! Voluntários para construções de pontes! Voluntários 
para submarinos! Voluntários para aviões! Voluntários para batalhões de assalto, 
etc., sempre e sempre, durante quatro anos e meio, em mil ocasiões, voluntários 
e novamente voluntários! Via-se sempre o mesmo resultado: os- jovens menores ou 
o homem maduro, todos possuídos de ardente amor pela pátria, de grande coragem 
pessoal e da mais alta consciência do dever, apresentavam-se ininterruptamente. 
Dez mil, cem mil desses casos aconteciam. Pouco a pouco ia diminuindo, cada vez 
mais, essa torrente de homens. Os que não tombavam no campo de batalha ficavam 
mutilados, aleijados, ou se dispersavam aos poucos, em conseqüência do seu 
pequeno número. Considere-se, antes de tudo, que o ano de 1914 pôs em pé de 
guerra exércitos completos dos denominados voluntários, os quais, graças à 
criminosa falta de consciência dos nossos perversos parlamentares, não tinham 
recebido a educação militar devida e, nessas condições, eram apresentados aos 
inimigos como carne para canhões! Os quatrocentos mil que, naquele tempo, 
tombaram nas batalhas de Flandres ou se transformaram em aleijados, não podiam 
mais ser substituídos. Sua perda era mais do que uma perda apenas numérica. Com 
os seus mortos, a concha boa da balança subiu, e, mais do que dantes, pesavam 
agora os representantes da vileza, da infâmia, da covardia, enfim a grande massa 
dos inferiores.
     Mas isso não foi 
tudo.
     Enquanto, durante quatro anos e meio, os 
elementos melhores rareavam em proporção assustadora, os piores se conservavam 
de maneira surpreendente. A cada herói que, sacrificando sua vida, subia as 
escadas da glória, correspondia um safado que, cautelosamente, se salvava da 
morte e, no interior do país, desenvolvia a sua atividade mais ou menos 
inútil.
     Assim, o fim da Guerra apresentava o 
seguinte quadro: a grande camada média da nação tinha cumprido com o seu dever, 
oferecendo à Pátria o seu sangue; elementos superiores sacrificaram-se em um 
heroísmo exemplar; covardes, apoiados, por um lado, por leis insensatas e, por 
outro, pela não aplicação dos artigos do código militar, foram, para desgraça 
geral, integralmente conservados 
     Foi essa 
escória do nosso povo que, logo depois, fez a Revolução, que pôde organizar, 
porque não tinha mais, na sua frente, a nata da nação, sacrificada na 
Guerra.
     Por isso, a Revolução alemã, desde o 
início, era uma empresa de popularidade muito relativa. Não foi o povo alemão 
que cometeu este crime de Caim, mas a canalha composta de desertores, rufiões, 
etc.
     O soldado da frente regozijava-se com o 
fim da luta sangrenta, sentisse feliz por poder voltar à Pátria, tornar a ver a 
esposa e os filhos. Pela Revolução, porém, não tinha ele, no íntimo, nenhum 
interesses; não simpatizava com ela, nem muito menos com seus autores e 
organizadores. Nos quatro anos e meio de combate, tinha esquecido as hienas 
partidárias e tinha ficado estranho às suas 
brigas.
     Somente para uma pequena parte do povo 
alemão, a Revolução era verdadeiramente popular, isto é, para aquela classe dos 
seus auxiliares que tinha escolhido uma sacola como emblema de todos os cidadãos 
de honra deste novo Estado. Eles não simpatizavam com a Revolução por si mesma, 
como muitos pensam erradamente ainda hoje, mas sim devido às suas conseqüências. 
     Mas era difícil qualquer autoridade apoiar-se, 
de maneira firme, unicamente na popularidade desses filibusteiros marxistas. No 
entanto, justamente a nova República precisava de uma autoridade a qualquer 
preço, se não quisesse ser devorada, após um curto caos, pela desforra dos 
últimos bons elementos do nosso povo.
     Nada 
temiam mais naquele tempo os organizadores da Revolução do que, no turbilhão de 
suas próprias confusões, ver fugir-lhes o chão e verem-se apanhados de surpresa, 
por um punho de ferro, como muitas vezes, em tais tempos, acontece na vida das 
nações. A República devia consolidar-se, custasse o que 
custasse.
     Por isso foi forçada a organizar 
imediatamente, ao lado da coluna vacilante da sua popularidade, um regime de 
violência para, sobre o mesmo, melhor fundamentar uma autoridade mais 
sólida.
     Quando nos dias de dezembro, janeiro e 
fevereiro de 1918/19, os tratantes da Revolução sentiam que a terra firme cedia 
a seus pés, procuraram encontrar homens que estivessem prontos a reforçar, pelo 
poder das armas, a fraca posição que lhes oferecia o amor de seu povo. A 
República anti-militarista necessitava soldados. Como, porém, o primeiro e único 
apoio da sua autoridade - isto é, a sua popularidade - se compunha somente de 
uma sociedade de rufiões, ladrões, arrombadores, desertores, etc., quer dizer, 
daquela parte do povo que devemos classificar como o extremo da vileza, toda 
tentativa para encontrar homens prontos ao sacrifício da própria vida em prol do 
novo ideal era absolutamente impossível naqueles círculos. Os que haviam feito a 
propaganda da idéia revolucionária e haviam organizado a Revolução não eram 
capazes nem estavam dispostos a fornecer, das suas próprias fileiras, soldados 
para a defesa da mesma. Pois essa gente não desejava, de modo algum, a 
organização de um Estado republicano, mas sim a desorganização do Estado 
existente, para melhor poder satisfazer seus instintos. Seu lema não era: a 
ordem e o progresso da República Alemã, mas, ao contrário: o saque da 
mesma.
     Assim, fatalmente, o grito de socorro 
que; naqueles dias lançavam os defensores da República, apavorados, não podia 
ser ouvido por essas camadas. Ao contrário, só poderia provocar recusas e 
exasperos. Já então se pensava na constituição de uma autoridade que não fosse 
apoiada somente na sua popularidade mas sim também na força. Pensava-se, de 
início, em um combate contra os pontos de vista da Revolução, os únicos vitais 
para aqueles elementos: isto é, no começo da Guerra contra o direito ao roubo, 
contra o poder desenfreado de uma horda de ladrões e arrombadores que haviam 
escapulido dos muros das prisões.
     Os defensores 
da República poderiam gritar tanto quanto quisessem, ninguém das suas fileiras 
se apresentava, o contra grito "traidores" lhes fez compreender como os 
portadores de sua popularidade 
pensavam.
     Naquele tempo, pela primeira vez, 
muitos jovens alemães se achavam prontos, em nome da "tranqüilidade e da ordem", 
como eles diziam, a vestir novamente o uniforme e, de armas aos ombros, com seus 
capacetes de aço, dar combate aos destruidores da pátria. Como voluntários 
reuniram-se os mesmos em corpos livres e começaram a defender a mesma República 
que tanto odiaram e que assim praticamente 
reforçavam.
     Essa gente agiu de boa 
fé.
     O verdadeiro organizador da Revolução e seu 
manipulador efetivo, o judeu internacional, tinha calculado bem a situação. O 
povo alemão ainda não estava bastante amadurecido para ser afogado no mar de 
sangue do bolchevismo, como aconteceu na Rússia. O motivo era, em grande parte, 
devido à maior unidade de raça que se verificava entre os intelectuais e os 
operários alemães. Concorreu para isso também a grande divulgação da cultura 
intelectual nas camadas mais baixas do povo, que somente se comparava à dos 
demais Estados do oeste da Europa, o que faltava absolutamente na Rússia. Na 
Rússia, a intelectualidade, na sua maior parte, não era de nacionalidade russa 
ou, pelo menos, era de caráter não eslavo. A camada superior de intelectualidade 
da Rússia daqueles tempos podia ser manejada de um momento para outro porque lhe 
faltavam absolutamente os elementos que a podiam ligar com a grande massa do 
povo. O nível intelectual desta última era, também, horrivelmente 
baixo.
     No momento em que se conseguiu na 
Rússia, atiçar a massa analfabeta contra a fina camada intelectual, com a qual a 
mesma não tinha nenhuma relação, estava decidido o destino do país, estava 
vitoriosa a Revolução. O analfabeto russo tornava-se escravo incondicional dos 
seus ditadores judaicos, os quais, por sua parte, eram bastante inteligentes 
para disfarçar essa ditadura com a frase:      Na Alemanha, ainda se dava o 
seguinte: a Revolução só tinha sido possível em conseqüência da gradual 
decomposição do exército. O soldado do front não tinha sido o verdadeiro 
causador da Revolução e destruidor do exército, mas sim a miserável canalha, que 
ou perambulava nas guarnições do interior ou, então, como "indispensável", 
prestava em qualquer parte serviços na economia interna. Esse exército era 
reforçado ainda por dezenas de milhares de desertores que, sem o menor risco, 
puderam volver as costas ao front. O verdadeiro covarde de todos os tempos nada 
teme tanto quanto a morte. A morte ele tinha, porém, diante dos olhos 
diariamente no front, sob mil aspectos.
     Para 
que se possa forçar moços indecisos e vacilantes ou até covardes a cumprir o seu 
dever, em todos os tempos só houve um meio: o desertor deve saber que a sua 
deserção traz justamente consigo aquilo de que ele desejava fugir, isto é, a 
morte. No front pode-se morrer, o desertor deve 
morrer.
     Unicamente por meio de uma ameaça 
draconiana como essa, para toda tentativa de deserção, poder-se-á evitar o 
desânimo não só do indivíduo mas também da totalidade, da 
massa.
     Esses eram o sentido e a finalidade dos 
artigos do código militar.
     Entrar na grande 
luta em prol da existência da nação inteira era uma crença superior, unicamente 
apoiada na fidelidade espontânea, nascida e conservada em conseqüência do 
reconhecimento de uma necessidade imperiosa. Foi sempre o cumprimento do dever 
espontâneo que inspirou as ações dos homens superiores, nunca porém as dos 
homens comuns. Por esta razão, são necessárias leis, como, por exemplo, as 
contra o roubo, as quais não foram decretadas para os honestos mas sim para os 
elementos vacilantes e fracos. Essas leis devem ser o meio para aterrorizar os 
maus, a fim de impedir que se crie uma situação em que, finalmente, o honesto 
seria contemplado como o mais imbecil e, por conseguinte, sempre cada vez mais 
teria a impressão de que seria mais conveniente participar também no roubo do 
que presenciar o mesmo, como espectador, com mãos vazias, ou deixar-se 
roubar.
     Era assim, portanto, um erro 
acreditar-se que se poderia numa luta que, conforme todas as previsões humanas, 
se poderia prolongai- anos e anos, prescindir dos meios que a experiência de 
muitos séculos, até de milênios, apontava capazes de, nos momentos mais graves, 
forçar esses homens indecisos e fracos ao cumprimento do seu 
dever.
     Para os heróis voluntários evidentemente 
não se necessitava de artigos do código militar, indispensáveis, porém, para o 
covarde egoísta, que, na hora em que a Pátria corria perigo, estimava mais a sua 
vida do que a da coletividade. Tais covardes só poderão abandonar a sua covardia 
aplicando-se contra eles os mais severos castigos. Quando homens lutam 
ininterruptamente com a morte e, durante semanas, são obrigados a permanecer, em 
combate sem tréguas, dentro de trincheiras cheias de lama, às vezes sem o mais 
indispensável alimento, o indivíduo que prefere a vida nos seus cantões não 
poderá ser forçado ao cumprimento do seu dever por meio de ameaça de prisão, mas 
sim unicamente por uma rigorosa aplicação da pena de 
morte.
     Esses indivíduos consideram, nesses 
tempos, como o prova a experiência, a prisão como um lugar ainda mil vezes mais 
agradável do que o campo de batalha, visto que na prisão ao menos a sua 
inestimável vida não está ameaçada.
     Causou as 
piores conseqüências que, durante a guerra, se tivesse deixado de aplicar a pena 
de morte. Um exército de desertores espalhou-se pelo país em 1918 e colaborou na 
formação da organização criminosa a que se deve a Revolução de novembro de 
1918.
     O front estava alheio a tudo isso. Os 
soldados que lutavam na frente ansiavam pela paz. Justamente nesse fato havia um 
grande perigo para a Revolução. À proporção que, depois do armistício, os 
exércitos alemães regressavam à Pátria, no espírito dos revolucionários surgiam 
as seguintes perguntas: Que farão as tropas da frente? Suportarão elas tudo 
isso?
     Durante aquelas semanas, a Revolução na 
Alemanha deveria apresentar uma extrema moderação, se não quisesse correr o 
perigo de ser destruída de um momento para outro, por algumas divisões alemãs. 
Naquela época, se o comandante de uma única divisão tivesse tomado a resolução, 
com auxílio de seus dedicados soldados, de arrear os trapos vermelhos, destruir 
os "Conselhos" e vencer qualquer resistência, mediante lança-minas e granadas de 
mão, essa divisão, em menos de quatro semanas, se teria transformado em um 
exército de sessenta divisões. Os judeus que manejavam o movimento temiam isso 
mais do que tudo. Justamente para impedir que essa hipótese se realizasse, era 
necessário impor à revolução um certo aspecto de moderação, dando-se a impressão 
de que ela de nenhum modo degeneraria em bolchevismo, ao contrário devia 
dissimular que se batia "pela tranqüilidade e pela ordem". Este foi o motivo das 
grandes concessões, o apelo ao antigo corpo de funcionários públicos, aos chefes 
do antigo exército. Precisava-se deles, pelo menos por certo tempo, e, somente 
depois que o mouro tivesse cumprido o seu dever, poder-se-ia tentar aplicar-lhe 
o devido pontapé, e retirar, assim, a República das mãos dos antigos servidores 
do Estado e entregá-la às garras dos urubus da 
Revolução.
     Somente assim pela aparente 
inofensividade e tolerância do novo regime se poderia esperar enganar velhos 
generais e empregados de Estado e evitar uma possível resistência dos 
mesmos.
     Até que ponto lograram isso, foi 
demonstrado na prática.
     A Revolução não foi 
feita, porém, por elementos pacíficos e ordeiros, mas, ao contrário, por 
elementos revoltosos, ladrões e saqueadores. O mais amplo desenvolvimento da 
Revolução não correspondia aos desejos desses últimos elementos, e nem poderiam 
eles, por motivos táticos, esclarecer o curso da mesma e torná-la mais 
apetecível.
     Com o aumento progressivo de sua 
influência, a Social Democracia perdeu, mais e mais, o caráter de um partido de 
revolução à força bruta. Isso se verificou não porque se visassem outros fins 
que os da Revolução ou porque os seus organizadores tivessem mudado de 
intenções. Absolutamente não. A razão é que a organização já não se prestava a 
realizar aquela finalidade. Com um partido de dez milhões de adeptos já não se 
pode fazer revolução. Em um tal movimento já não se pode contar com um extremo 
de atividade, devido à influência, no combate por parte da grande massa do 
centro. Compreendendo isso, o judeu, ainda durante a Guerra, provocou a célebre 
cisão da Social Democracia. Isso significa que, enquanto o Partido Social 
Democrático, devido à inércia das suas massas, pesava sobre a defesa nacional 
como uma massa de chumbo, dele foram extraídos os elementos radicais e ativos. 
Com os mesmos se formariam batalhões de ataque, de uma força decisiva. O Partido 
Social Democrático Independente e a "União Espartacista" foram os batalhões de 
assalto do marxismo revolucionário. A burguesia covarde foi julgada, nessa 
ocasião, realmente com justiça e tratada simplesmente como canalha. Como é 
sabido que, pela sua humildade canina, as organizações políticas de uma geração 
velha e inválida não eram capazes de qualquer resistência, julgou-se supérfluo 
prestar-lhes qualquer atenção.
     A Revolução 
tinha vencido e demolido os esteios principais do antigo regime, mas o exército, 
voltando para a Pátria, aparecia como um fantasma ameaçador que deveria pôr um 
freio ao desenvolvimento natural da Revolução. O grosso do exército 
social-democrático ocupava as posições conquistadas e os batalhões de assalto 
dos Independentes e dos Espartacistas foram postos à 
margem.
     Isso não se conseguiu, porém, sem 
combate.
     Não somente as mais ativas formações 
de assalto da Revolução se sentiam ludibriadas porque não tinham sido 
satisfeitos os seus desejos e que. riam continuar a luta, mas também a sua 
desenfreada indisciplina era bem vista pelos que manejavam a Revolução. Mal se 
tinha modificado a situação e já apareciam dois partidos, lado a lado: O partido 
da "Tranqüilidade e da Ordem" e o grupo terrorista. Que poderia haver de mais 
natural, agora, que a nossa burguesia imediatamente entrasse, de bandeiras 
desfraldadas, no acampamento "da Tranqüilidade e da Ordem"? Essas miseráveis 
organizações políticas tinham assim a possibilidade para uma atividade pela qual 
teriam encontrado novamente uma base com que conseguiram solidarizar-se com o 
Poder que tanto odiavam, mas que muito temiam. A burguesia política alemã tinha 
obtido a alta honra de lhe ser permitido sentar-se na mesma mesa com os malditos 
chefes marxistas, para combater pelo 
bolchevismo.
     Dessa forma, já em dezembro de 
1918 e janeiro de 1919, era esta a 
situação:
     Com uma minoria de péssimos 
elementos, foi feita uma revolução à qual aderiram imediatamente todos os 
partidos marxistas. A Revolução tem aparentemente um caráter moderado, com o que 
provoca a inimizade dos extremistas fanáticos. Estes começam a trabalhar com 
granadas de mão e metralhadoras, a ocupar edifícios públicos, enfim, a ameaçar a 
revolução moderada. A fim de afastar os horrores de uma tal evolução, os adeptos 
do novo regime fazem um armistício com os adeptos do antigo para, solidários, 
combaterem os extremistas. O resultado é que os inimigos da República cessaram o 
seu combate contra ela e ajudaram a vencer aqueles que, de pontos de vista 
completamente diferentes, também eram inimigos da mesma República. O segundo 
resultado foi que, desse modo, o perigo de um combate dos adeptos do regime 
antigo contra os da nova ordem de coisas parecia definitivamente 
afastado.
     É importantíssimo não esquecer nunca 
esse fato. Somente quem o compreender poderá explicar como foi possível a um 
décimo impor essa Revolução a um povo do qual nove décimos nela não tomaram 
parte, sete décimos a recusaram e seis décimos a 
odiavam.
     Os combatentes das barricadas 
espartacistas, de um lado, os fanáticos nacionalistas e os idealistas do outro, 
derramavam seu sangue e, à medida que esses dois extremos se aniquilavam uns aos 
outros, vencia como sempre a massa do centro. Burguesia e Marxismo renderam-se 
aos fatos consumados e a República começou a consolidar-se. Isso, no entretanto, 
não impedia que os partidos burgueses, especialmente antes das eleições, 
falassem ainda por algum tempo nas idéias monárquicas para, evocando os 
espíritos do mundo passado, atraírem os espíritos inferiores dos seus adeptos e 
conquistarem-nos novamente.
     Isso não era 
honesto, Todos estavam, há muito tempo, no seu íntimo, desligados da monarquia. 
A impureza do novo regime começou a produzir seus efeitos tentadores também no 
acampamento do partido burguês. O tipo normal do político burguês de hoje 
sente-se melhor na lama da corrupção republicana que na austeridade do regime 
antigo que ainda não desapareceu de sua 
memória.
     Como já explicamos, depois da 
destruição do antigo exército, a Revolução estava na contingência de criar um 
fator novo - a autoridade de seu Estado. Nas condições em que estavam as coisas, 
esse fator novo só podia ser encontrado nas fileiras dos partidários de uma 
doutrina política universal contrária à sua. Dessas fileiras poderia, então, 
surgir, pouco a pouco, um corpo militar que, numericamente limitado pelos 
tratados de paz, nos seus sentimentos devia ser transformado, no correr do 
tempo, em um instrumento da nova concepção do 
Estado.
     Pondo de parte os defeitos reais do 
antigo regime, chega se à conclusão de que os motivos por que a Revolução 
triunfou foram os seguintes:
     1) O 
entorpecimento das nossas idéias sobre cumprimento do dever e 
obediência.
     2) A passividade covarde dos nossos 
chamados partidos conservadores.
     A isso 
acrescente-se a seguinte observação:
     A falta da 
noção do cumprimento do dever explica-se, em última análise pela ausência do 
espírito nacional da nossa educação, orientada apenas no interesses do Estado. 
Daí resulta também a confusão entre meios e fins. Consciência do dever, 
cumprimento do dever e obediência não são fins em si mesmos, como também não o é 
o Estado, mas apenas meios para assegurar a existência a uma comunidade de seres 
humanos, homogêneos tanto de corpo como de 
espírito.
     Em um. momento em que um povo se 
arruina a olhos vistos e está sob o jugo da mais dura opressão, graças à 
atividade de um punhado de biltres, obediência e cumprimento de dever é puro 
formalismo doutrinário, atinge as raias da insensatez. Só se poderia conseguir 
evitar a ruína de um tal povo pela recusa à obediência e ao cumprimento do 
dever.
     De acordo com a atual concepção burguesa 
de Estado. o comandante de divisão que, da parte do governo, tivesse recebido 
ordem de não fazer fogo, tinha cumprido com o seu dever e procedido 
corretamente, porque para o mundo burguês vale mais a obediência formal e 
absoluta do que a existência do próprio povo. A concepção nacional socialista, 
porém, em momentos semelhantes, é esta: o mais importante não deve ser a 
obediência aos superiores indecisos mas sim a obediência à comunidade do povo. 
Em uma tal hora, somente deve existir o dever da responsabilidade pessoal 
perante a nação inteira.
     A Revolução só 
triunfou porque o nosso povo ou, melhor, os nossos governos, haviam perdido a 
compreensão dessas idéias para aceitarem, em seu lugar, uma compreensão 
puramente formal e doutrinária.
     O motivo mais 
íntimo da covardia dos partidos "conservadores" do Estado é, antes de tudo, o 
desaparecimento, das suas fileiras, da parte ativa e bem intencionada do nosso 
povo, a parte que se sacrificou, até à última gota de sangue, nos campos de 
batalha. Não obstante isso, os partidos burgueses estavam convencidos de poder 
defender suas convicções, exclusivamente por meios intelectuais, desde que a 
aplicação de meios físicos devia caber unicamente ao Estado. Dever-se-ia logo 
reconhecer em uma tal compreensão o sinal de uma decadência que paulatinamente 
se ia acentuando. Isso era insensato, em um tempo em que o adversário político, 
já de há muito, se tinha afastado desse ponto de vista e proclamava por toda 
parte, com a maior franqueza, estar resolvido a defender seus fins políticos até 
pela força. No mesmo momento em que apareceu no mundo da democracia burguesa e, 
em conseqüência da mesma, o marxismo, seu apelo foi combater com "armas 
intelectuais", disparate que um dia haveria de produzir seus terríveis efeitos 
sobre o partido, desde que o marxismo sempre defendia a opinião contrária, isto 
é, que o emprego das armas devia atender apenas a pontos de vista de 
conveniência e que o direito a esse recurso é justificado pelo sucesso do 
mesmo.
     Quanto essa opinião era exata ficou 
provado nos dias 7 e 11 de novembro de 1918. Naquele momento, o marxismo 
absolutamente não tomou em consideração nem o parlamentarismo nem a democracia, 
mas, por meio de bandos de criminosos armados, deu o golpe de morte em ambos. É 
perfeitamente compreensível que as organizações dos palradores burgueses 
estivessem desarmadas naqueles dias.
     Depois da 
Revolução, quando os partidos burgueses, embora sob novos nomes, repentinamente 
reapareciam e seus heróicos chefes saíam de rastros da obscuridade de bodegas 
seguras e porões bem ventilados, como todos os representantes dessas antigas 
organizações, nem tinham esquecido seus erros nem aprendido qualquer coisa de 
novo. O seu programa político tinha raízes no passado, na parte em que ainda não 
tinham assimilado o novo estado de coisas. O seu objetivo era, no entanto, se 
possível, tomar parte no novo estado de coisas. Antes como depois, sua única 
arma ficou sempre sendo a palavra.
     Mesmo depois 
da Revolução, os partidos burgueses sempre capitularam da forma mais miserável, 
em todas as manifestações de rua.
     Quando se 
tratou de votar a "lei de defesa da República" não era possível contar desde 
logo com uma maioria. Diante da demonstração de duzentos mil marxistas, os 
estadistas burgueses foram tomados de um tal terror, que votaram a lei, contra a 
sua convicção, simplesmente com receio de, ao saírem do Reichstag, serem 
espancados pela furiosa massa popular. É pena que isso não tenha acontecido em 
conseqüência da votação da lei.
     Assim, o novo 
Estado seguiu o seu caminho, como se nunca tivesse existido uma oposição 
nacional.
     As únicas organizações, que, naquele 
tempo, teriam tido coragem e força para enfrentar o marxismo e as massas 
revolucionárias, eram, em primeiro lugar, os corpos voluntários, as organizações 
de defesa própria, os corpos de defesa local, etc., e, finalmente, as 
associações tradicionais.
     O motivo por que 
também a existência desses elementos de defesa não conseguiu qualquer sensível 
alteração na evolução alemã, foi o 
seguinte:
     Assim como os chamados partidos 
nacionais não conseguiram exercer qualquer influência, por incapacidade de 
dominar os movimentos coletivos, da mesma maneira, as denominadas associações de 
defesa não o puderam, por falta de idéias políticas, de objetivos 
políticos.
     Foi a decisão absoluta combinada com 
a brutalidade prática que assegurou a vitória do 
marxismo.
     O que evitou a possibilidade de uma 
defesa prática dos interesses alemães foi a ausência de uma colaboração da força 
com uma vontade política inteligente. Qualquer que fosse a vontade dos partidos 
"nacionais", não tinham eles o mínimo poder de defender essa vontade, pelo menos 
nas manifestações públicas. As "associações de defesa" possuíam toda força, eram 
senhores da rua e do Estado, mas não possuíam nenhuma idéia, nenhum objetivo 
político, com os quais pudessem trabalhar pelo bem-estar da Alemanha. Em ambos 
os casos, foi a astúcia do judeu, que conseguiu, por meio de conselhos 
prudentes, quando não tornar firme para sempre, pelo menos garantir a situação 
existente.
     Foi o judeu que soube, por meio da 
sua habilíssima imprensa, conseguir dar às ligas armadas um caráter "não 
político" e que, na vida política, com igual astúcia, sempre pregava e exigia a 
"pura intelectualidade" do combate. Milhões de idiotas alemães repetiram essas 
asneiras sem se aperceberem de que, assim, eles mesmos, praticamente, se 
desarmavam e se entregavam desarmados aos 
judeus.
     Para isso, porém, há uma explicação 
natural. A falta de uma grande idéia renovadora vale, em todos os tempos, por 
uma diminuição da Capacidade de resistência.
     A 
convicção do direito ao emprego de armas, mesmo as mais brutais, é sempre 
associada à existência de uma fé fanática na necessidade da vitória de uma 
organização nova e transformadora. Um movimento que não combate por semelhantes 
fins e ideais nunca recorrerá às armas.
     A 
proclamação de uma grande idéia nova foi o segredo do sucesso da Revolução 
Francesa! Foi à idéia que a revolução russa deveu a sua Vitória, só pela idéia é 
que o fascismo teve a força de, de uma maneira muito feliz, conquistar um povo 
para uma grandiosa organização nova.
     Partidos 
burgueses não são capazes disso.
     Não eram 
somente os partidos burgueses que reconheciam o seu fim político em uma 
restauração do passado, mas sim também as associações de defesa. Associações de 
veteranos e outras do mesmo jaez ajudavam a destruir politicamente a mais forte 
arma que a Alemanha nacionalista possuía naquele tempo e concorreram para, pouco 
a pouco, colocá-la a serviço da República. Que as mesmas nisso agiam com a 
melhor intenção, com a melhor boa-fé, em nada modifica a insensatez dos 
acontecimentos daquele tempo.
     Aos poucos 
obtinha o marxismo, no exército imperial, o necessário apoio à sua autoridade, e 
começava, em seguida, conseqüente e logicamente, a considerar como 
desnecessárias as associações de defesa nacional, aparentemente perigosas. 
Principalmente alguns chefes audaciosos, dos quais se desconfiava, foram levados 
aos tribunais da justiça e metidos na cadeia. Todos, porém, cumpriam o destino 
que tinham merecido.
     Com a fundação do N. S. D. 
A. P. (Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães) apareceu, pela 
primeira vez, um movimento cujo fim não era idêntico aos dos partidos burgueses, 
isto é, não consistia em uma restauração mecânica do passado, mas sim no empenho 
de erigir, no lugar do atual mecanismo estatal absurdo, um Estado orgânico e 
nacionalista.
     O novo movimento aceitava, desde 
o primeiro momento, que suas idéias tinham de ser defendidas intelectualmente, e 
que a sua defesa, em caso de necessidade, também tinha de ser garantida por 
meios violentos. Fiel à convicção da grande importância da nova doutrina, 
parecia-lhe evidente que, para o alcance de seu fim, nenhuma vítima deveria ser 
grande demais.
     Eu já demonstrei que um 
movimento que visa conquistar o coração de um povo, deve, dentro de suas 
próprias fileiras, organizar a defesa contra tentativas terroristas dos 
inimigos. Também a experiência da História Universal prova que o terror 
desenvolvido por uma nova concepção do mundo nunca poderá ser combatido por meio 
de métodos puramente formalísticos, mas simplesmente por outra doutrina, com o 
mesmo poder de decisão e de audácia.
     Isso terá 
de ser desagradável, em todos os tempos, aos empregados encarregados da defesa 
do Estado, o que não invalida a verdade do que afirmamos. O poder do Estado só 
poderá então garantir "calma e ordem", quando o Estado protege, internamente, a 
sua atual concepção, de maneira que os elementos capazes de violência assumem o 
caráter de criminosos, e não podem ser vistos como representantes de uma 
concepção do Estado contrária à maneira de ver em vigor. Nesse caso, pode a 
nação empregar, durante séculos, as maiores medidas de violência contra um 
terror que a está ameaçando; no fim, ela nada conseguirá fazer contra o mesmo, e 
será sempre vencida.
     O Estado alemão está 
exposto aos ataques mais duros do marxismo. Não pôde impedir, durante sete anos 
de combate, a vitória desta doutrina, mas apesar das milhares de penas de prisão 
e das mais sangrentas medidas que decretou, em inúmeros casos, contra os 
combatentes do ameaçador dogma marxista, teve que capitular quase completamente. 
Isso negará o estadista burguês, não podendo, entretanto, a ninguém 
convencer.
     O Estado, porém, que, em 9 de 
novembro de 1918, se submeteu incondicionalmente ao marxismo não poderá amanhã 
aparecer como dominador do mesmo. Os patetas burgueses que ocupam poltronas de 
ministros começam já a conversar sobre a necessidade de não tomar atitudes 
contra os operários, mostrando com isso que quando se referem a operários pensam 
sempre no marxismo. Enquanto eles identificam o operário alemão com o marxismo, 
não somente cometem uma falsificação tão covarde como mentirosa, da verdade, mas 
tentam dissimular o desmoronamento próprio diante da idéia e da organização 
marxista.
     Em vista, porém, deste fato, isto é, 
da submissão incondicional do atual Estado ao marxismo, tanto mais tem o 
movimento nacional-socialista o dever de preparar a vitória das suas idéias, não 
somente no sentido intelectual mas também no da sua defesa contra o próprio 
terror da Internacional, na embriaguez de suas 
vitórias.
     Já descrevi como, para os objetivos 
práticos do nosso novo movimento, formou-se lentamente, uma guarda para as 
reuniões, guarda que assumiu o aspecto de um corpo de tropa encarregado de 
manter a ordem e que aspirava tomar a forma de uma organização definitiva. 
Embora essa formação, que se organizava paulatinamente, desse a impressão de uma 
liga militar de defesa, faltava-lhe muito para poder merecer essa 
denominação.
     Como já explicamos, as 
organizações defensivas alemãs não tinham um programa político definido. Eram, 
de fato, apenas uniões para a defesa própria com uma educação e organização que 
representavam, a dizer a verdade, um suplemento ilegal aos meios legais de 
defesa do Estado. Seu caráter de corpos voluntários era justificado somente pelo 
modo de sua formação e pela situação do Estado naquele tempo, mas de nenhum modo 
lhes competia o título de formações livres de combate por uma convicção própria. 
Não mereciam esse título, apesar da atitude de oposição de um ou outro dos 
chefes e de associações inteiras contra a 
República.
     Não basta que se esteja convencido 
da inferioridade de urra situação para poder falar de uma opinião em sentido 
mais elevado, pois esta tem as suas raízes no conhecimento de uma situação nova 
que a gente se sente no dever de atingir.
     Isso 
distinguia a "guarda" de ordem do movimento nacional-socialista daqueles tempos, 
de todos os outros "corpos de defesa". Aquele não estava absolutamente e nem 
desejava estar a serviço da situação criada pela Revolução, mas, ao contrário, 
combatia exclusivamente por uma Alemanha 
nova.
     Essa guarda, é verdade, destinava-se, de 
princípio, à defesa dos mitingues. A sua primeira tarefa era restrita a esse 
objetivo: tornar possível a realização de reuniões, que, sem essa defesa, teriam 
sido imediatamente impedidas pelos adversários. Já naquele tempo era educada 
para o ataque, não como se costuma afirmar em estúpidos círculos populares 
nacionalistas, pelo prazer da violência, mas porque compreendia que os maiores 
ideais podem ser prejudicados quando o seu representante é abatido por um golpe 
de força de um adversário insignificante, o que é muito freqüente na história da 
humanidade. Eles não viam a força como fim. Pretendiam defender os anunciadores 
do grande ideal contra a opressão pela violência. Compreenderam também que não 
estavam obrigados a aceitar a defesa de um Estado que não protegia a nação. Ao 
contrário, deviam proteger a nação contra aqueles que ameaçavam aniquilá-la 
assim como ao Estado. Depois da luta na assembléia do Hofbräuhaus, de Munique, 
obteve a "guarda", uma vez para sempre, como recordação eterna dos seus heróicos 
ataques, o nome de "corpo de assalto". Como já significa essa denominação, ela 
representa, cinicamente uma seção do movimento. Do mesmo faz parte, exatamente 
como a propaganda, a imprensa, os institutos científicos. 
etc.
     Quanto era necessária sua organização 
pudemos ver não somente naquela memorável assembléia, mas também quando tentamos 
alargar o movimento, além dos limites da cidade de Munique, para as outras 
legiões da Alemanha. Desde o momento em que o marxismo começou a nos julgar 
perigosos, não deixava passar nenhuma oportunidade para sufocar qualquer 
tentativa de uma assembléia nacional--socialista, ou melhor, impedir sua 
realização por meio de intervenções tumultuárias. Era perfeitamente 
compreensível que as organizações partidárias do marxismo de todas as nuances se 
abrigassem, nessas tentativas, atrás dos corpos representativos, isto é. atrás 
dos outros partidos. O que deveríamos dizer dos partidos burgueses que, 
aniquilados eles próprios pelo marxismo, em muitas cidades nem podiam se atrever 
a deixar falar seus representantes publicamente e que, no entanto, com um 
contentamento incompreensível e estúpido, dirigiam um combate contra o marxismo, 
de todo desfavorável a nós? Para eles era motivo de prazer que não pudesse ser 
por nós aniquilado aquele que eles mesmos não tinham podido vencer, o que 
devíamos pensar de empregados públicos, comissários de polícia, mesmo ministros, 
que se compraziam em se apresentar publicamente como "nacionalistas", em atitude 
na realidade sem significação, e que, porém, em todas as ocasiões de discussões 
que nós nacionais-socialistas tivemos com o marxismo, ajudavam a estes como 
humildes servidores? Que se devia pensar de indivíduos que, na sua 
subserviência, chegaram a tal ponto que, por um miserável elogio de jornais 
judaicos, perseguiam sem escrúpulos os homens a cujo heróico sacrifício da 
própria vida tinham em parte de agradecer o não terem sido suspensos, pela 
matilha rubra, poucos anos antes, em postes de iluminação, como cadáveres 
dilacerados?
     Foram estes tristes fenômenos, que 
um dia inspiraram ao inesquecível presidente Põhner - que, na sua dura 
franqueza, odiava todos os aduladores, tanto quanto um coração puro era capaz de 
odiar - a seguinte expressão: "Em toda a minha vida, sempre desejei ser, em 
primeiro lugar, um alemão e, em segundo lugar, um empregado de Estado, mas não 
desejei nunca ser confundido com essas criaturas, que, como empregados públicos 
prostituídos, prostituíam todo aquele que, em determinado momento, podia 
desempenhar o papel de senhor!"
     Em tudo isso, 
era sobretudo triste que essa classe de homens dominasse, pouco a pouco, dezenas 
de milhares dos mais honestos e íntegros servidores do Estado e, além disso, os 
infeccionasse pouco a pouco com o seu caráter miserável, perseguisse-os e, 
finalmente, os expulsasse dos seus cargas e empregos, enquanto que ela mesma não 
deixava de apresentar-se, na sua hipócrita mendacidade, como 
"nacionalista".
     De homens de tal categoria não 
podíamos esperar qualquer apoio e, aliás, o recebemos somente em casos muito 
excepcionais. Só a organização da defesa própria podia assegurar a atividade do 
movimento e, ao mesmo tempo, conseguir a atenção pública e o respeito geral que 
sempre se presta a um homem que se defende de moto próprio, quando 
atacado.
     Como divisa para a educação interna 
desses corpos de ataque, sempre era preponderante o fim, de, ao lado da 
capacidade física, educá-los como representantes convictos da idéia 
nacional-socialista e, finalmente, aperfeiçoar sua disciplina. Não deviam ter 
nada de parecido com uma organização 
secreta.
     Os motivos que, já naqueles tempos, 
tinha para evitar, energicamente, que os corpos de ataque do N. S. D. A. P. se 
apresentassem como associação de defesa militar originaram-se das seguintes 
considerações:
     Por todas as razões práticas, a 
defesa militar de um povo não pode ser realizada por grêmios particulares, salvo 
quando apoiados por todas as forças do Estado. Imaginar o contrário é confiar 
demais nas suas próprias forças. É, de fato, impossível organizar, por meio da 
"disciplina voluntária", corpos de grande extensão, com eficiência militar. 
Falta aqui o esteio mais importante do poder de comando: o direito de castigo. 
Na Verdade, no outono ou ainda melhor na primavera de 1919, era possível formar 
os chamados "corpos voluntários", mas isso não somente porque, na sua maior 
parte, eles eram soldados do front que tinham passado pela escola do antigo 
exército, mas também porque o compromisso que se exigia de cada um deles 
submetia-os, ao menos temporariamente, à obediência 
militar
     Isso falta completamente à "organização 
de defesa" de hoje. Quanto mais cresce o número de corpos, tanto mais fraca é a 
disciplina, tanto menor deve ser a exigência que se faz individualmente a cada 
homem e tanto mais adotará o total o caráter das antigas associações militares 
de veteranos.
     Uma educação voluntária para o 
serviço militar, sem se assegurar a força de comando incondicional, não se 
poderá levar a cabo quando se trata de grandes massas. Só muito poucos estarão 
prontos a submeter-se voluntariamente à obrigação da obediência, natural e 
imprescindível em um exército.
     Além disso, uma 
educação militar real não é possível em conseqüência dos meios financeiros 
ridiculamente restritos de que dispõe um corpo de defesa. A melhor e mais segura 
escola, porém, devia ser a tarefa principal de semelhante instituição. 
Passaram-se oito anos desde o fim da Guerra e, desde aquele tempo, nenhuma 
classe da mocidade alemã recebeu educação militar. Claro está que não pode ser o 
fim de um corpo de defesa recrutar adeptos nas classes que, outrora, receberam 
educação militar porque, por sua idade, logo no ato de sua admissão, poder-se-ia 
com certeza matemática convidá-los a retirarem-se do corpo. Mesmo o soldado moço 
de 1918, estará incapaz para o combate, dentro de vinte anos, e este momento 
aproxima-se com uma rapidez impressionante. Assim assumirá cada corpo de defesa, 
forçosamente, cada vez mais, o caráter de uma associação de veteranos da guerra. 
Esse, porém, não pode ser o fim de uma instituição que não deve ser chamada 
associação de veteranos mas associação de "defesa", e a qual, já por seu nome, 
indica que sua missão não é somente a conservação da tradição e da camaradagem 
dos antigos soldados mas a educação para a idéia da defesa e a representação 
prática dessa idéia, isto é, a criação de um corpo capaz de pegar em 
armas.
     Essa tarefa, porém, necessita 
absolutamente da educação militar dos elementos até agora não educados nesse 
sentido e isso é impossível na prática. Com a educação militar de uma ou duas 
horas por- semana, não se pode realmente conseguir formar soldados. Com as 
exigências, hoje enormemente aumentadas, no serviço da guerra, a cada indivíduo, 
o serviço militar de dois anos mal será suficiente para transformai- o moço em 
um soldado experiente. - Nós todos já tínhamos visto no front as terríveis 
conseqüências que resultaram de os novos soldados não serem fundamentalmente 
educados para a guerra. Formações de voluntários treinados, durante quinze a 
vinte semanas, com energia férrea e uma dedicação ilimitada, representavam, 
apesar de tudo isso, unicamente comida para os canhões do front. Somente quando 
enfileirados, entre velhos e experimentados soldados, podiam os novos recrutas, 
educados durante quatro a seis meses, ser membros úteis de um regimento; eles 
eram dirigidos nisso pelos "velhos" e, pouco a pouco, ficavam familiarizados com 
os seus deveres.
     Que esperança se pode 
depositar, em vista disso, na tentativa de educar, sem força de comando e sem 
grandes recursos materiais, uma tropa militar? Dessa forma pode-se talvez 
rejuvenescer velhos soldados, mas nunca se poderá formar de gente nova e 
inexperta verdadeiros soldados.
     Como, nos seus 
resultados, um tal procedimento seria sem valor, pode ser provado pelo fato de 
que, no mesmo tempo em que um corpo Voluntário, com dificuldades de toda sorte, 
instrui ou tenta instruir uns poucos milhares de homens de boa vontade (os 
outros são absolutamente fora de discussão) em idéias de defesa, o Estado rouba, 
a milhões e milhões de gente nova, seus instintos naturais, envenena seu 
pensamento lógico e patriótico por meio de uma educação pacifista-democrática e 
transforma-os, pouco a pouco, em um rebanho de carneiros inerte, incapaz de 
reagir contra qualquer despotismo.
     Como 
ridículos aparecem, em comparação a isso, todos os esforços dos corpos de defesa 
em transmitirem suas idéias à juventude 
alemã!
     Ainda mais importante, porém, é o ponto 
de vista que me levou à oposição contra qualquer tentativa de uma preparação 
militar sobre a base do voluntariado. Imaginando que, apesar das dificuldades 
acima enumeradas, alguma associação conseguisse, todos os anos, transformar um 
certo número de alemães em homens de combate, e isso tanto sob o ponto de vista 
do caráter como quanto à sua capacidade de resistência militar, haveria de ser 
nulo o resultado em um Estado que, de acordo com a sua tendência geral, não 
deseja de forma nenhuma um tal armamento, e que até antipatiza com essa idéia, 
em desarmonia com os objetivos dos seus dirigentes - elos corruptores do Estado. 
Em qualquer hipótese, seria sem valor um tal resultado sob governos que não só 
provaram pelos fatos que não têm interesse na força militar da nação, mas 
também, que, antes de tudo, nunca admitiram um apelo a essa força, a não ser 
para o apoio à sua própria existência.
     E hoje 
isso é, no entanto, um fato. Não é ridículo o querer instruir militarmente um 
exercitozinho de algumas dezenas de milhares de homens no lusco-fusco do 
crepúsculo, quando o Estado, poucos anos antes, sacrifícios, expunha-os ao 
insultos de todos? É compreensível que não só desprezava os seus serviços, mas 
até, como recompensa pelos seus sacrifícios, expunha-os aos insultos de todos? É 
compreensível que se foi-me um exército para um Estado que manchava os mais 
heróicos soldados de outrora, mandava arrancar-lhes do peito suas condecorações 
e as cocardas, arrastar no chão as bandeiras e ridiculariza os seus grandes 
feitos? Porventura, o atual regime deu um passo sequer, a fim de restituir a 
honra ao antigo exército, de responsabilizar seus destruidores e insultadores? 
Absolutamente não. Ao contrário. Os que achincalhavam o exército podem ser 
vistos hoje ocupando os mais altos empregos do Estado. No entanto, dizia-se em 
Leipzig: O direito está ao lado da força.
     Como, 
porém, hoje em dia, em nossa República, o poder encontra-se nas mãos dos mesmos 
homens que no seu tempo fizeram a Revolução, e essa revolução representa o mais 
miserável e vil ato da história alemã e a mais baixa traição à pátria, não se 
pode realmente encontrar nenhum motivo por que a força justamente desses 
caracteres deva ser aumentada pela formação de um novo exército de jovens. Todos 
os motivos que a razão possa inspirar condenam essa 
iniciativa.
     O valor que esse Estado, mesmo 
depois da revolução de 1918. atribuía ao reforço militar da sua posição, 
ressaltava, mais uma vez, clara e insofismável, da sua atitude para com as 
grandes organizações de defesa própria que, naqueles tempos, 
existiam.
     Enquanto as mesmas intervinham na 
defesa de revolucionários covardes, não eram consideradas indesejáveis. Logo, 
porém, que, graças à gradual decadência do nosso povo, o perigo para esses 
poltrões parecia removido, a existência das associações passou a significar um 
fortalecimento para a política nacionalista. Então passaram a ser supérfluas, e 
tudo se fez para desarmá-las e, se possível, 
dispersá-las.
     A história oferece poucos 
exemplos da gratidão de príncipes. Contar com a gratidão de revolucionários 
incendiários, saqueadores do povo e traidores da nação, é uma idéia que só 
poderia passar pela cabeça dos nossos patriotas burgueses. Sempre que examinava 
a possibilidade da formação de associações voluntárias ele defesa eu não podia 
deixar de fazer me a seguinte pergunta: Para quem estou recrutando os jovens? 
Para que fim serão eles empregados e quando devem ser chamados? A resposta a 
isso daria, ao mesmo tempo. a melhor indicação para a conduta que se deveria 
ter.
     Se a nação de hoje tornasse a lançar mão 
ele associações de defesa assim instruídas, não o faria para a proteção de 
interesses nacionais externos, mas unicamente para a proteção dos traidores da 
nação no interior contra a ira geral do povo enganado, traído e vendido, que 
talvez algum dia fosse levado à rebelião.
     As 
"tropas de assalto" do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, só 
por esse motivo, não se deveria interessar por uma organização militar. Eram um 
meio de defesa e educação para o movimento nacional-socialista, e seus deveres 
estavam em um terreno completamente diferente do dos denominados corpos de 
defesa.
     Também não deveriam consistir em 
organizações secretas. O objetivo de organizações secretas só pode ser contra as 
leis. Com isso, porém, diminui-se a amplitude da organização. Não é possível, 
principalmente tendo-se em vista a loquacidade do povo alemão, fazer-se uma 
organização de certa extensão, e. ao mesmo tempo, conservá-la secreta, ou mesmo 
disfarçar os seus fins. Toda tentativa, nesse sentido, será de mil modos 
frustrada. Além disso, no seio da nossa polícia, encontra se hoje uma grande 
massa de rufiões e gente do mesmo jaez. os quais, pelos trinta dinheiros de 
Judas, trairão tudo o que puderem encontrar e inventarão o que possa existir 
para ser traído. Só por esse motivo, nunca se poderá conseguir, dos próprios 
partidários. o necessário segredo. Somente grupos muito pequenos, por seleção 
contínua, durante anos, podem adotar o caráter de organizações secretas 
efetivas. A pouca importância de tais formações anularia, porém, o seu valor 
para o movimento nacional-socialista.
     O de que 
nós precisávamos e precisamos ainda é não de cem ou duzentos audaciosos 
conspiradores, mas de cem mil e outros cem mil lutadores fanáticos de nossa 
doutrina. Não é em congregações secretas que se deve trabalhar, mas sim em 
imponentes manifestações populares; não é por meio de punhal, de veneno ou de 
pistola que se pode abrir caminho para o movimento, mas, unicamente, mediante a 
conquista da rua. Devemos levar ao marxismo a convicção de que o futuro dono da 
rua é o Nacional-Socialismo, assim como, de futuro, ele será, o senhor do 
Estado.
     Há ainda outro perigo nas organizações 
secretas. Os seus membros muitas vezes deixam de compreender a grandeza do 
problema e são inclinados a pensar que se pode decidir, de um golpe, o destino 
de um povo, por um assassinato isolado, na ocasião oportuna. Essa opinião pode 
encontrar justificação na história nos casos em que um povo está sob a tirania 
de um opressor genial, que unicamente por sua preponderante personalidade 
garante a estabilidade interna e alimenta o pavor da pressão inimiga. Em tal 
caso, pode um homem decidido sair do seio do povo para sacrificar-se, dando o 
golpe de morte no coração do odiado opressor. E, então, só a mentalidade 
republicana de pequenos biltres, cientes da sua culpabilidade, declarará um tal 
gesto como execrável, enquanto o maior cantor da liberdade de nosso povo 
(Schiller) teve a ousadia de glorificar semelhantes feitos, no imortal Wilhelm 
Tell.
     Nos anos de 1919 e 1920, havia o perigo 
de que um membro de qualquer organização secreta, inspirado nos grandes exemplos 
da história e impressionado com a desgraça sem limite da pátria, tentasse 
vingar-se dos destruidores da nação, na crença de, com isso, pôr fim à miséria 
de seu povo. Qualquer tentativa nesse sentido seria, porém, uma loucura, porque 
o marxismo não tinha vencido, graças ao gênio superior e à importância pessoal 
de um indivíduo, mas unicamente pela ilimitada covardia e incompetência do mundo 
burguês. A crítica mais cruel que se pode fazer à nossa burguesia, é o 
constatar-se que a Revolução não fez aparecer uma única cabeça de certa 
importância e que, apesar disso, essa burguesia se submeteu à mesma. Pode-se 
compreender uma capitulação diante de um Robespierre, um Danton ou um Marat, mas 
é deprimente que alguém se deixe vencer por um franzino Scheidmann, pelo gordo 
Erzberger, por um Friedrich Ebert e por todos os demais anões políticos. 
Realmente não existia nenhuma individualidade na qual se pudesse reconhecer o 
homem genial da Revolução e nele a desgraça da pátria. Só existiam os percevejos 
da Revolução, espartacistas de sacola, en gros et en détail. Eliminar qualquer 
um deles seria completamente sem conseqüência e teria no máximo o único 
resultado de que um dos outros sanguessugas do mesmo tamanho e, com a mesma 
sede, tomaria mais cedo do que devia a posição 
vaga.
     Naqueles anos, toda oposição não seria 
bastante enérgica contra uma opinião que tinha os seus motivos fundamentais nos 
grandes fenômenos da história e não menos no caráter liliputiano da época 
atual.
     Sob o mesmo ponto de vista, deve ser 
encarado o problema da eliminação dos chamados traidores da pátria. É, 
ridiculamente ilógico fuzilar um rapaz que abandonou um canhão, quando, ao seu 
lado, se encontram canalhas nas mais altas posições e que venderam uma nação 
inteira, que têm sobre a consciência o crime de haverem sacrificado inutilmente 
dois milhões de homens, que são responsáveis por milhões de mutilados, tudo 
isso, com o maior sangue-frio, na satisfação dos seus interesses 
republicanos.
     Eliminar pequenos traidores da 
pátria é absurdo em um regime cujo governo liberta esses traidores de qualquer 
punição. Assim pode suceder que, algum dia, um idealista honesto que, para o bem 
de seu povo, eliminou um covarde traidor das armas, seja responsabilizado pelos 
traidores de elite da pátria. Em tal caso, é importante a seguinte pergunta: É 
conveniente admitir que um pequeno biltre traidor seja eliminado por outro 
biltre ou por um idealista? Em um caso, o sucesso é duvidoso, e a traição para 
mais tarde quase certa; noutro caso fica eliminado o biltre com o risco de vida 
de um idealista insubstituível.
     Nessa questão, 
o meu ponto de vista é este: que não se enforquem ladrões pequenos para deixar 
impunes os grandes, mas que, em um dia, um grande tribunal de justiça alemão 
julgue e execute algumas dezenas de milhares dos organizadores e responsáveis 
pelo crime de traição de Novembro e por tudo que se relacione com isso. Um tal 
exemplo servirá também de escarmento, uma vez por todas, para o pequeno traidor 
militar.
     Todas essas considerações levaram-me a 
proibir sempre a participação em organizações secretas e preservar as Companhias 
de Assalto do caráter de semelhantes organizações. Afastei, naqueles anos, o 
movimento nacional-socialista de tentativas dessa natureza, cujos autores, na 
maioria dos casos, podiam ser magníficos jovens alemães idealistas, que seriam 
vítimas pessoais desses atentados sem, com isso, conseguirem melhorar os 
destinos da pátria.
     Se, porém, as Companhias de 
Assalto não deviam ser organizações de defesa militar nem associações secretas, 
deviam dai resultar as seguintes 
conseqüências:
     1) Sua educação não devia ser 
orientada, por pontos ele vista militares mas sim no sentido da utilidade 
partidária.
     Desde que seus membros se deviam 
tornar fisicamente capazes. não só devia dar a maior importância aos exercícios 
militares mas sim aos esportivos. O boxe e o jiu-jitsu, no meu modo de ver, eram 
mais importantes que qualquer má ou incompleta instrução de tiro. Proporcione-se 
à nação alemã seis milhões de homens perfeitamente treinados nos esportes, todos 
ardentes de amor fanático pela pátria e educados no mais elevado espírito 
ofensivo, e um Estado nacionalista formará deles, se necessário, dentro de menos 
de dois anos, um verdadeiro exército desde que para isso exista uma certa base. 
Tal base, nas condições atuais, só poder ser a Reichswehr, e nunca um corpo 
defensivo deficientemente organizado. A educação física deve criar em cada 
indivíduo a convicção da sua superioridade e inocular-lhe aquela confiança que 
só pode resultar da consciência da própria força; além disso, deve dar-lhe as 
faculdades desportivas que servirão de arma na defesa do movimento 
nacionalista.
     2) Para evitar, desde o inicio, 
qualquer caráter secreto das "Tropas de Assalto", o uniforme deve torná-las por 
todos reconhecidas. A própria extensão do seu efetivo está a indicar-lhe o 
caminho mais conveniente a seguir, que é o da maior publicidade. Não se devem 
reunir em segredo mas devem marchar ao ar livre, de maneira a, por essa atitude, 
destruir todas as lendas de "organização secreta". Para distrai-las, também, 
intelectualmente de qualquer tentativa para empregar sua atividade em pequenas 
conspirações, devem. de começo, ser iniciadas na grande idéia do movimento, no 
dever de defender esta idéia, de maneira a que se amplie seu horizonte mental e 
que cada um contemple sua tarefa, não na eliminação de qualquer pulha, mas na 
colaboração entusiástica para a formação de um novo Estado 
nacional-socialista-racista, Assim se conseguiu elevar o combate contra o atual 
Estado, de uma atmosfera de pequenas ações de vingança e conspirações, à altura 
de uma guerra contra o marxismo e suas criações, sob o ponto de vista 
universal.
     3) A formação e a organização das 
"Tropas de Assalto", no que diz respeito ao seu vestuário e armamento, devem 
obedecer à conveniência dos deveres a serem cumpridos e não aos modelos do 
exército antigo.
     Estas considerações que me 
serviram de guia nos anos de 1920 e 1921, e que tratei de imprimir, aos poucos, 
às novas organizações, tiveram tanto êxito que, já em pleno verão de 1922, 
dispúnhamos de um núcleo respeitável de "corpos de cem" que, em fins do outono 
de 1922, receberam seu uniforme característico. Três acontecimentos foram de uma 
importância extraordinária para o desenvolvimento futuro das Tropas de 
Assalto:
     1o. - A grande demonstração geral de 
todas as reuniões patrióticas contra a "lei de defesa da República", em fins do 
verão de 1922, na Königsplatz, em Munique. As associações patrióticas de Munique 
tinham publicado, naquele tempo, o manifesto em que, como protesto contra a 
decretação da "lei do defesa da República", convidavam para uma gigantesca 
manifestação. O Partido Nacional Socialista devia nela tomar parte. A marcha do 
Partido foi encabeçada por seis "companhias" de Munique, as quais eram seguidas 
das seções do partido político. No cortejo, marchavam duas bandas de música e 
foram levadas cerca de cem bandeiras. A chegada dos Nacionais-Socialistas na 
grande praça, já meio repleta, causou um entusiasmo indescritível. Eu 
pessoalmente tive a honra de poder falar diante de uma multidão que já agora 
atingia sessenta mil pessoas.
     O êxito da 
manifestação foi formidável, especialmente porque, desafiando todas as ameaças 
rubras, ficou provado, pela primeira vez, que também o nacionalista de Munique 
se podia utilizar das manifestações de rua. Membros das associações rubras 
republicanas que tentaram opor-se pelo terror ao cortejo em marcha foram 
dispersados, dentro de poucos minutos, com as cabeças quebradas, pelas 
companhias das "Tropas de Assalto". O movimento nacional-socialista, neste dia, 
pela primeira vez, ostentava a sua firme vontade de, futuramente, reclamar 
também para si o direito sobre a rua e de tirar com isso esse monopólio das mãos 
dos traidores internacionais do povo e inimigos da 
pátria.
     O resultado desse dia foi a prova 
indiscutível da exatidão das nossas idéias sobre a organização definitiva das 
"Tropas de Assalto".
     A experiência havia 
provado tão bem que, poucas semanas depois, em Munique já existia um número 
duplo de companhias.
     2o. - A marcha para Koburg 
em outubro de 1922.
     As associações 
"nacionalistas" decidiram organizar em Koburg um "dia alemão". Eu pessoalmente 
fui convidado, com a observação de que seria desejável trazer comigo alguns 
amigos. Este convite, que recebi, às 11 horas da manhã, chegou muito a 
propósito. Já uma hora mais tarde, eram dadas as ordens para o comparecimento a 
esse "dia alemão". Ordenei que oitocentos homens das "Tropas de Assalto", 
divididos aproximadamente em quatorze companhias, fossem ,transportados de 
Munique, em trem especial, para a pequena cidade que tinha sido incorporada à 
Baviera. Ordens idênticas foram dadas a grupos nacionais-socialistas das "Tropas 
de Assalto" que se haviam formado em outros 
lugares!
     Foi a primeira vez que na Alemanha foi 
organizado semelhante trem especial. Em todas as estações, onde outros homens 
das "Tropas de Assalto" tomavam o trem, causou esse transporte a maior sensação. 
Muitos nunca tinham visto as nossas bandeiras. A impressão que as mesmas 
causavam era enorme.
     Quando chegamos à estação 
de Koburg, fomos recebidos por uma deputação dos organizadores do "dia alemão" 
que nos anunciaram que, por ordem das uniões sindicais, isto é, do Partido 
Independente e dos Comunistas, tinha ficado "combinado" que não nos era 
permitido entrar na cidade nem com bandeiras desfraldadas nem como música 
(acompanhava-nos uma banda de música de quarenta e dois homens) nem em marcha 
cerrada.
     Imediatamente, recusei 
peremptoriamente tão humilhantes condições mas não deixei de exprimir aos 
senhores da direção do "dia" a minha surpresa por terem eles entrado em 
combinações com tal gente e declarei que, imediatamente, as "Tropas de Assalto" 
marchariam em companhias, com a música a tocar, e entrariam na cidade, com 
bandeiras desfraldadas.
     E assim se 
fez.
     Na praça da estação, fomos recebidos por 
uma massa de muitos milhares de homens, gritando e berrando: "Assassinos", 
"bandidos", "piratas", "criminosos"! Eram os qualificativos com que amavelmente 
nos recebiam os modelares fundadores da República alemã. As nossas "Tropas de 
Assalto" se mantinham em uma ordem irrepreensível. As companhias formaram na 
praça diante da estação e não tomaram em consideração os insultos. Polícias 
tímidos levaram o cortejo, em uma cidade completamente desconhecida, não para o 
lugar designado, isto é, para o nosso quartel, um grande edifício de tiro, 
situado nos arrabaldes de Koburg, mas para o pátio da Hofbräuhaus, perto do 
centro da cidade. A esquerda e à direita do cortejo aumentava cada vez mais a 
gritaria das massas que o acompanhavam. Apenas tinha entrado, no pátio da adega, 
a última companhia, já grandes massas, com barulho infernal, tentavam 
acompanhar-nos. Para impedir isso a polícia fechou a adega. Como esta situação 
era insuportável, mandei novamente as "Tropas de Assalto" formarem e, em breves 
palavras, pedi à polícia que abrisse imediatamente as portas. Depois de uma 
longa hesitação ela obedeceu.
     Agora voltávamos, 
pelo mesmo caminho, para alcançar o nosso quartel, e ali, por fim, tivemos que 
enfrentar a multidão. Como não tinham logrado perturbar a calma das companhias, 
mediante gritarias e aclamações ofensivas, os representantes do verdadeiro 
socialismo, da igualdade e da fraternidade, começavam a jogar pedras. Com isso 
foi esgotada a nossa paciência, e, em conseqüência, distribuímos pancadas à 
esquerda e à direita, durante dez minutos. Um quarto de hora mais tarde,, não 
havia mais um vermelho nas ruas.
     Durante a 
noite, ainda se verificaram violentos encontros. Patrulhas das "Tropas de 
Assalto" haviam encontrado, em estado lastimável, nacionalistas que tinham sido 
assaltados isoladamente. Em vista disso, abreviamos o nosso procedimento contra 
os adversários. Já na manhã seguinte, o terror vermelho, sob o qual a cidade de 
Koburg tinha sofrido por muitos anos, estava completamente 
destruído.
     Com uma mendacidade genuinamente 
marxista-judaica, tentava-se. agora, por meio de panfletos, trazer novamente 
para a rua os companheiros e companheiras do proletariado internacional, 
assegurando que as nossas "quadrilhas de assassinos" tinham começado em Koburg a 
"guerra de extermínio contra os pacíficos operários". A uma e meia, devia ter 
lugar a grande "demonstração popular" para a qual se esperava o comparecimento 
de dezenas de milhares (te operários de todos os arredores. Mandei formar, 
portanto, ao meio dia, as "Tropas de Assalto" que. nesse ínterim, haviam quase 
atingido o número de mil e quinhentos homens, firmemente resolvidos a acabar 
definitivamente com o terror vermelho, e pus-me com ela em marcha para a 
fortaleza de Koburg, seguindo para a grande praça na qual se deveria realizar a 
demonstração vermelha. Queria ver se eles se arriscariam, mais uma vez, a nos 
incomodar. Quando chegamos na praça, somente estavam presentes poucas centenas 
dos anunciados dez mil, os quais. à nossa aproximação, em geral se conservaram 
calmos e em parte fugiram. Em alguns lugares, corpos vermelhos que tinham 
chegado de fora e não nos conheciam ainda tentaram irritar-nos novamente; mas, 
imediatamente, perderam o gosto por essa aventura. Já agora se podia observar 
como a população. até agora intimidado, pouco a pouco despertava, ficava 
valente, arriscava-se a saudar-nos por aclamações e, à noite, ao despedirmo-nos, 
rompeu em muitos lugares, um regozijo 
espontâneo.
     Na estação, com surpresa nossa, o 
pessoal do trem declarou que não guiaria o comboio. Imediatamente mandei 
comunicar a alguns desses grevistas que, nesse caso, eu estava resolvido a pegar 
todos os vermelhos que me caíssem nas mãos e que nós mesmos guiaríamos o trem e 
que tínhamos a intenção de levar conosco, na locomotiva, no tender e, em cada 
carro, algumas dúzias de "irmãos da solidariedade internacional", Também não 
deixei de lembrar aos cavalheiros que a viagem, com as nossas forças, 
naturalmente seria uma empresa infinitamente arriscada e que não seria 
impossível que saltassem algumas cabeças e se machucassem alguns ossos. Nós, 
porém, ficaríamos muito satisfeitos por não entrarmos, no outro mundo, sozinhos, 
mas em companhia de algumas dúzias de "irmãos" vermelhos, em plena igualdade e 
fraternidade!
     Em conseqüência disso, o trem 
partiu muito pontualmente e chegou, na manhã seguinte, são e salvo, em 
Munique.
     Foi, portanto, em Koburg que, pela 
primeira vez, desde o ano de 1914, foi restabelecida a igualdade dos cidadãos 
perante a lei, se hoje um alto funcionário público qualquer pode fazer a 
alegação de que o Estado defende a vida dos seus cidadãos, naquele tempo isso 
não era absolutamente exato; pois eram os cidadãos que se deviam defender dos 
representantes do Governo.
     A importância 
daquele dia, nas suas conseqüências no momento, não podia ser avaliada em toda a 
sua extensão. Não somente as vencedoras "Tropas de Assalto" foram 
extraordinariamente reforçadas na sua confiança em si mesmas e na fé na justeza 
da sua direção, como também, o meio começava a ocupar-se conosco da maneira mais 
intensa e muitos reconheciam, pela primeira vez, no movimento 
nacional-socialista, a instituição que, com toda probabilidade, um dia seria 
chamada a pôr fim à loucura marxista.
Finalmente, a "democracia" sofria 
porque podemos nos arriscar a não nos deixarmos pacificamente quebrar os 
crânios, mas, ao contrário, retribuíamos um ataque brutal com outro ataque e não 
com cânticos pacíficos.
     A imprensa burguesa 
mostrava-se, como sempre, em parte lamuriante, em parte indiferente, e somente 
poucos diários sinceros mostravam-se satisfeitos, porque, ao menos em uma 
ocasião, se havia desmanchado a obra dos salteadores 
marxistas.
     Em Koburg mesmo, uma parte dos 
operários marxistas, mesmo dentre os que deviam ser tomados como iludidos, havia 
aprendido, à custa dos punhos de operários nacionais-socialistas, que também 
estes defendiam seus ideais, porque, como é sabido, a gente só se bate por uma 
causa na qual se tem confiança e pela qual se tem 
amor.
     Quem tirou a maior vantagem foram as 
"Tropas de Assalto". Foram rapidamente aumentadas, de maneira que, já na reunião 
do partido, no dia 27 de janeiro de 1923, aproximadamente seis mil homens 
puderam tomar parte no ato da consagração das bandeiras e já as primeiras 
companhias estavam usando o seu novo 
uniforme.
     As experiências em Koburg haviam 
provado como é necessário adotar, nas "Tropas de Assalto", um traje uniforme, 
não somente para reforçar o sentimento de camaradagem mas também para evitar 
confusões e prevenir o não reconhecimento dos homens entre si. Até então só 
tinham o braçal, agora passaram a ter a túnica e o muito conhecido 
gorro.
     Os acontecimentos de Koburg nos 
revelaram também a importância de irmos em tortos os lugares onde o terror 
vermelho, por muitos anos, havia impedido qualquer assembléia de pessoas que 
pensavam contrariamente a eles e de acabarmos com esse terror, restabelecendo a 
liberdade de reunião. Daí por diante, sempre se reuniram batalhões 
nacionais-socialistas em tais lugares, e, pouco a pouco, na Baviera. os castelos 
vermelhos foram caindo um após outro, ante a propaganda nacional-socialista. As 
"Tropas de Assalto", cada vez melhor, compreendiam os seus deveres e com isso 
haviam perdido o aspecto de um movimento de defesa absurdo e de nenhum valor e 
se haviam elevado a uma organização viva de combate para a formação de um novo 
Estado alemão.
     Até março de 1923, esse 
desenvolvimento seguiu seu caminho lógico. Então aconteceu algo que me obrigou a 
desviar o movimento do caminho até então seguido e submetê-lo a uma 
transformação.
     3o. - A ocupação da província do 
Ruhr pelos franceses, nos primeiros meses do ano de 1923, ia ter para o futuro 
desenvolvimento das "Tropas de Assalto" uma grande 
importância.
     Hoje ainda não é possível, e - 
sobretudo devido ao interesse nacional - oportuno falar ou escrever sobre isso 
abertamente. Posso adiantar apenas que esse assunto já. foi tratado em 
discussões públicas, por meio das quais o povo ficou inteirado de 
tudo.
     A ocupação da província do Ruhr, que não 
nos surpreendeu, deixou brotar a esperança justificada de que finalmente 
desistiríamos da política covarde da submissão e que, agora, as "Associações de 
Defesa" teriam deveres bem definidos. Também as "Tropas de Assalto" que, já 
naquele tempo, contavam muitos milhares de homens moços e fortes, não poderiam 
deixar de colaborar nesse serviço nacional. Na primavera e no verão do ano de 
1923, as "Tropas de Assalto" foram transformadas em uma organização de combate 
militar. Foram elas, em grande parte, a causa do desenvolvimento futuro do ano 
de 1923, relativamente ao nosso movimento.
     Como 
vou tratar, em outro lugar, em linhas gerais, do progresso do movimento no ano 
de 1923, quero aqui somente constatar que a transformação das "Tropas de 
Assalto" em elementos de resistência ativa contra a França, foi 
prejudicial.
     Os acontecimentos do fim do ano de 
1923, por mais desagradáveis que pareçam, à primeira vista, olhados por um 
prisma mais elevado, foram quase necessários, pois realizaram, de um só golpe, a 
transformação das "Tropas de Assalto", que estavam sendo nocivas ao movimento. 
Ao mesmo tempo, esses acontecimentos criavam a possibilidade de uma 
reconstrução, a começar do ponto em que tínhamos sido forçados a nos desviar do 
caminho reto.
     O Partido Nacional Socialista dos 
Trabalhadores Alemães, refundido no ano de 1925. deve agora novamente formar, 
treinar e organizar as suas "Tropas de Assalto", conforme os princípios acima 
mencionados, Deve voltar- para os seus antigos princípios sãos e terá novamente 
de considerar como o seu maior dever transformar as "Tropas de Assalto" em um 
instrumento de defesa e fortalecimento da luta pela doutrina do 
movimento.
     O Partido não pode permitir que as 
"Tropas de Assalto" desçam ao nível de associações de defesa nem ao de 
organizações secretas; ao contrário, deve providenciar para a formação de uma 
guarda de cem mil homens para o Nacional Socialismo, doutrina profundamente 
nacional.
CAPÍTULO X - A MÁSCARA DO 
FEDERALISMO
     No inverno de 1919 e, 
sobretudo, na primavera e terão de 1920, o novo partido foi obrigado a tomar 
posição em face de um problema que. lá durante a Guerra, era da mais alta 
relevância. No primeiro volume, aludi aos sintomas de ameaça do descalabro 
alemão, visíveis na maneira especial por que os ingleses e os franceses 
procuravam, na sua propaganda. estimular a antiga hostilidade entre o Sul e o 
Norte. Na primavera de 1915, apareceram sistematicamente os primeiros panfletos 
contra a Prússia, apontando-a como a culpada principal da Guerra. No ano de 
1916, essa propaganda já tinha chegado ao auge de sua organização, que tanto 
tinha de hábil quanto de vergonhosa. Era claro que tal manobra não poderia 
deixar de produzir- alguns resultados, desde que se contava com a exploração dos 
mais baixos instintos para alimentar a odiosidade dos alemães. Os do Sul contra 
os do Norte. Não se podia deixar de acusar os dirigentes daqueles tempos, tanto 
na administração civil como na militar - mais ainda no Estado Maior dos corpos 
do exército bávaro - por não terem agido com a devida energia. Contra tal 
acusação não há defesa. Nada se fazia! Muito ao contrário, parecia que todos se 
sentiam satisfeitos com essa maneira de proceder. pensando. cada um, na sua 
estreiteza mental, poder impedir, por meio de tal propaganda, a maior unidade do 
povo alemão, e que disso resultaria automaticamente uma solidificação das forças 
da federação. Talvez nunca na história a uma omissão de má fé tenha sido 
infligido castigo tão grande. O enfraquecimento que se pretendia impor à Prússia 
atingiu a Alemanha toda. A conseqüência foi a aceleração da catástrofe que não 
arruinou só a Alemanha em conjunto mas, sobretudo, as unidades 
federadas.
     Naquela cidade (Munique), em que o 
ódio artificialmente alimentado contra a Prússia era mais violento, foi 
justamente onde irrompeu, em primeiro lugar, a revolução contra a Casa Reinante, 
de antiquíssima tradição.
     Errôneo, no entanto, 
seria crer que unicamente à propaganda inimiga coubesse a culpa da formação do 
ambiente contra a Prússia e que não tivesse havido atenuantes para o povo que 
nela tomou parte. A maneira incrível por que foi organizada a administração, que 
tutelava e explorava a Alemanha toda em uma quase que desvairada centralização, 
foi a causa principal do surto do espírito anti-prussiano. No espírito das 
pessoas do povo, as sociedades bélicas que possuíam em Berlim os seus 
escritórios centrais, foram identificadas com Berlim, e Berlim passou a ser 
sinônimo de Prússia. Não acorreu à mente da maioria do povo que os organizadores 
desses centros, chamados sociedades "pró-guerra", não eram nem berlinenses, nem 
pressionas, nem mesmo alemães. Só se constatavam as faltas e erros grosseiros 
que lá se cometeram. A contínua arrogância dessa odiosa instituição, que 
funcionava na capital do império, fez com que o povo concentrasse todo o seu 
ódio sobre Berlim e, simultaneamente, sobre a Prússia, sobretudo porque os 
poderes públicos de certos Estados não só nada fizeram para impedir tais 
demonstrações de antipatia como até alegravam-se com tal interpretação da parte 
do povo.
     O judeu era esperto demais para que, 
já naquele tempo, não tivesse compreendido que a infame empresa que organizara 
contra o povo alemão, sob a capa de sociedades de guerra, haveria de provocar 
uma resistência inevitável. Enquanto o povo não o atacasse, ele nada teria a 
recear. Para evitar, porém, uma explosão das massas, levadas ao desespero e à 
revolta, não podia haver outra receita melhor do que instigar a população contra 
outro inimigo qualquer para desviar a atenção da 
mesma.
     Quanto mais os bávaros e os prussianos 
se hostilizassem tanto melhor! A luta mais encarniçada de ambos significava para 
o judeu uma paz segura. A atenção geral se concentrava nessa luta regional. e 
todos pareciam se ter esquecido da guerra. E se assim mesmo pudesse surgir o 
perigo de elementos sensatos - que havia também em grande número na Baviera - 
aconselharem prudência e a cessação de tais manobras, o judeu só precisava pôr 
em cena uma nova provocação em Berlim e esperar pela vitória, imediatamente 
lançar-se-iam todos os usufruidores da discórdia entre o Sul e o Norte sobre 
esse acontecimento, e não dariam tréguas enquanto a chama da revolução não se 
acendesse de novo.
     Foi um jogo habilíssimo que 
o judeu desenvolveu naquela época, o de desviar a atenção de certos Estados 
alemães para melhor poder saqueá-los.
     Depois 
veio a Revolução.
     Se até o ano de 1918, ou 
melhor até novembro daquele ano, o homem normal, principalmente o burguês e o 
operário pouco instruídos, ainda não tinham podido dar-se conta da realidade e 
das conseqüências inevitáveis das lutas dos Estados alemães entre si, 
principalmente na Baviera, pelo menos a parte que se chamava nacionalista, 
deveria ter compreendido a gravidade do momento, logo no início da Revolução, 
pois mal se iniciara o movimento na Baviera e já o chefe e organizador da 
Revolução se transformara em representante dos interesses bávaros. O judeu 
internacional Kurt Eisner começou a lançar a Baviera contra a Prússia. Era 
perfeitamente compreensível que fosse justamente aquele oriental que, como 
jornalista, percorria a Alemanha em todos os sentidos, o menos apontado para 
defender os interesses da Baviera, que para ele era absolutamente 
indiferente.
     Quando Kurt Eisner dava ao 
movimento revolucionário na Baviera uma orientação certa contra o resto do 
Reich, ele não agia de forma alguma do ponto de vista bávaro mas apenas como 
mandatário do judaísmo. Ele se utilizou dos instintos e ódios do povo bávaro 
para, por esse meio, aniquilar mais facilmente a Alemanha. O império em ruínas 
seria uma presa fácil do bolchevismo. A tática usada por ele foi continuada, 
mesmo depois da sua morte.
     O Marxismo que 
sempre vira com desdém os Estados federados e seus príncipes, de súbito, 
apelava, agora, como "partido independente", para aqueles sentimentos e 
instintos que tinham nas casas reinantes e nos Estados federados, as suas mais 
fortes raízes.
     A luta da "República do 
Conselho" contra os contingentes libertadores em movimento foi explorada para 
fins de propaganda, sobretudo como uma luta de operários bávaros contra o 
militarismo prussiano.
     Só assim se pode 
compreender porque, em Munique, muito diferente das demais regiões alemãs, a 
vitória sobre a "República dos Conselhos" não conseguia acordar as grandes 
massas populares e sim contribuir cada vez mais para aumentar a odiosidade e a 
irritação contra a Prússia. Não podia deixar de produzir ótimos frutos a arte 
com que os agitadores bolchevistas procuravam demonstrar que o aniquilamento da 
"República dos Conselhos" era uma vitória do militarismo prussiano contra o povo 
bávaro, cujos sentimentos eram anti-militaristas e anti-prussianos. Ainda por 
ocasião das eleições para a Câmara Legislativa de Munique, Kurt Eisner não pôde 
conseguir nem sequer dez mil eleitores, o partido comunista nem três mil. No 
entanto, depois da queda da República, os dois partidos em conjunto levaram 
quase cem mil correligionários às urnas.
     Já 
naquele tempo, iniciei a minha luta pessoal contra esse ódio desvairado dos 
Estados alemães entre si.
     Penso que, em toda 
minha vida, nunca me meti em empresa mais impopular que a minha resistência, 
naquele tempo, à campanha de ódio contra a Prússia. Em Munique, já durante o 
período dos "Conselhos", tinham tido lugar as primeiras demonstrações coletivas 
em que se estimulava o ódio contra o resto da Alemanha, principalmente contra a 
Prússia, a tal ponto que arriscava a vida um alemão do norte que assistisse a 
essas reuniões e esses comícios, os quais quase sempre terminavam com uma 
gritaria infernal: Separação da Prússia - Abaixo a Prússia - Guerra contra a 
Prússia! Um dos mais brilhantes representantes dos interesses da soberania 
bávara definiu bem esse estado de espírito quando, no parlamento alemão, 
exclamou: É melhor morrer como bávaro do que putrefazer-se como 
prussiano.
     Somente quem assistiu aos comícios 
de então poderá fazer-se uma idéia do que tive de arrostar quando, pela primeira 
vez, cercado de alguns amigos, iniciei o ataque a essa loucura, em ,uma reunião 
no Löwenhrãukeller de Munique. Eram meus camaradas de guerra os que, naquela 
ocasião me prestavam auxilio. É fácil imaginar o nosso estado de espírito quando 
sabíamos que a massa irracional que berrava contra nós e ameaçava espancar-nos 
era composta justamente daqueles que, enquanto nós defendíamos a pátria, eles, 
na sua maior parte, como desertores vagabundos, perambulavam na terra natal. É 
verdade que para mim ofereciam essas cenas uma certa vantagem. Os meus adeptos 
sentiam-se assim mais ligados a mim, estabelecendo-se, dentro de pouco tempo, 
uma união para a vida e para a morte.
     Essas 
lutas, que sempre se repetiram e se prolongaram durante todo o ano de 1919, 
tornaram-se ainda mais ásperas no começo de 1920. Comício houve - ainda me 
recordo muito bem de um que se realizou na Wagnersaal, da Sonnenstrasse, de 
Munique - durante o qual o meu grupo, que no correr do tempo tinha-se tornado 
maior, teve de sustentar as lutas mais encarniçadas, as quais não raramente 
finalizavam com espancamento de dúzias de meus adeptos, jogados por terra, e, a 
pontapés atirados fora da sala, com aspecto mais de cadáveres do que de entes 
vivos.
     A luta, que eu tinha iniciado, 
unicamente amparado pelos meus companheiros de guerra, foi considerada, depois, 
quase posso dizer, como uma tarefa sagrada do novo 
movimento.
     Ainda hoje, orgulho-me de poder 
afirmar que nós, naquele tempo - quase que dispondo exclusivamente dos nossos 
partidários bávaros - havíamos preparado vagarosa, porém firmemente, um ponto 
final a essa mistura de estupidez e traição. Digo estupidez e traição porque não 
posso atribuir aos seus organizadores e instigadores tanta simplicidade e por 
estar convicto da boa índole e da ingenuidade da grande massa dos seus adeptos. 
Eu considerava e ainda hoje considero esses instigadores como traidores 
assalariados e pagos pela França. Em um caso, no caso Dorten, a história já deu 
o seu veredicto.
     O que naquele tempo tornava a 
ação muito perigosa era a habilidade com que se sabiam esconder as verdadeiras 
tendências, apresentando-se, em primeiro plano, intenções federalistas como o 
único motivo para esse movimento. Que o atiçamento do ódio contra a Prússia nada 
tinha que ver com o federalismo é por todos reconhecido. É curioso também que um 
movimento federalista tenha justamente por escopo desmembrar um Estado 
federativo. Um federalista honesto, para o qual a idéia do império unido de 
Bismarck não representa uma frase mentirosa, não desejaria desligar partes do 
Estado prussiano constituído ou em todo caso terminado por Bismarck ou apoiar 
publicamente tais aspirações de separação. Como não se teria protestado em 
Munique se um partido conservador prussiano tivesse favorecido o desligamento da 
Francônia da Baviera o que mais nos penalizava em tudo isso era ver que só as 
naturezas honestas, os federalistas bem intencionados, os primeiros a serem 
vitimas do ludíbrio, não tinham percebido essa infame trapaçaria. Assim 
desviado, o movimento federalista tinha, nos seus próprios adeptos, seus 
principais coveiros Não se pode propagar nenhuma formação federalista do Reich 
se se põe de lado o membro mais importante de uma tal organização estatal, como 
é o caso da Prússia, em uma palavra, se se procura tornar- impossível a sua 
participação no todo. Isso era ainda mais incrível pelo fato de a campanha 
desses tais federalistas se dirigir justamente contra a Prússia que nenhuma 
ligação teve com a Democracia de novembro- Por que as ofensas e ataques desses 
tais federalistas não se dirigiam contra os autores da Constituição de Weimar 
que eram, na sua maioria, do Sul do país ou judeus, mas sim contra os 
representantes da antiga Prússia conservadora, portanto, os adversários da 
constituição de Weimar? Não é de admirar que não se tenha tentado tocar nos 
judeus. Isso fornecerá, talvez, a chave para a solução de todo o 
enigma.
     Assim como, antes da Revolução, o judeu 
tinha sabido desviar' a atenção de suas sociedades de guerra, ou melhor, de 
sobre si mesmo e tinha tido a habilidade de levantar as massas, principalmente 
do povo bávaro, contra a Prússia, com certeza teria ele, também após a 
Revolução, de mascarar de qualquer modo a nova razia, de proporções 
infinitamente maiores. Novamente conseguiu, neste caso, instigar os denominados 
elementos nacionais da Alemanha, uns contra os outros A Baviera conservadora 
contra a Prússia conservadora! De novo agia o judeu com a sua esperteza de 
sempre. Ele que tinha em suas mãos os destinos da Alemanha provocava combates 
tão grosseiros e tão sem tino que o sangue das Vítimas consequentemente sempre 
provocava novas ebulições Mas esses ataques nunca eram dirigidos contra os 
judeus, mas sempre contra o irmão alemão. O Bávaro não via Berlim de quatro 
milhões de homens laboriosíssimos e de espírito criador, mas tão somente Berlim 
apodrecida do infeliz "Westen"! No entanto, não voltou o seu ódio contra este 
"Westen" e, sim, contra a cidade 
"prussiana".
     Era realmente de 
desesperar.
     A habilidade dos judeus de desviar 
de si a atenção pública e ocupá-la em outra coisa qualquer, pode-se verificar 
também nesse movimento.
     No ano de 1918, não 
havia nenhum combate regular ao judaísmo. Ainda me recordo das dificuldades que 
se deparavam a quem, ao menos, pronunciasse a palavra judeu. Das duas uma: ou se 
era olhado com espanto ou se encontrava uma resistência fortíssima. As nossas 
primeiras tentativas para mostrar em público o verdadeiro inimigo, pareciam 
fracassar inteiramente. Só muito lentamente as coisas iam melhorando. Apesar de 
errada, no seu plano de organização, a "União de defesa e resistência", não se 
pode negar, teve o mérito de trazer novamente para o tapete da discussão a 
questão judaica. Em todo caso, começou, no inverno de 1918/1919, a surgir coisa 
semelhante a anti-semitismo. Mais tarde, encarregou-se o movimento 
nacional-socialista da propagação das idéias anti-semíticas, por processos 
inteiramente diversos. Conseguiu desviar esse problema das camadas sociais da 
aristocracia e da pequena burguesia para as vastas massas populares. Mal se 
lograva inculcar no povo alemão a idéia de reação e já o judeu iniciava a 
ofensiva. Recorreu aos seus velhos processos. Com uma rapidez incrível, lançava 
ele próprio no seio das massas o brandão da rixa e semeava a discórdia. No 
início da questão ultramontana e da resultante luta do catolicismo contra o 
protestantismo, como os fatos o provaram, estava a única probabilidade de 
entreter a atenção pública com outros problemas, a fim de evitar o assalto 
concentrado ao judaísmo. Os erros cometidos por aqueles que lançavam o nosso 
povo nessa luta nunca mais poderão ser remediados, o judeu alcançou o fim 
almejado: o catolicismo e o protestantismo mantém entre si uma guerra 
inofensiva, enquanto o inimigo cruel da humanidade ariana e de toda a 
cristandade ri-se consigo mesmo.
     Assim como, 
outrora, se tinha julgado útil, durante anos e anos, atrair a opinião pública 
para a luta entre o federalismo e o unitarismo, até extenuá-la, enquanto o judeu 
vendia a liberdade da nação e traía a nossa pátria perante as altas finanças 
internacionais, da mesma forma, agora, ele, novamente, consegue arremessar as 
duas confissões alemãs uma contra a outra, enquanto as bases de ambas são 
minadas e devoradas pelo veneno do judaísmo 
internacional.
     Se levarmos em consideração as 
devastações que o bastardismo judaico causa diariamente no povo alemão, 
reconheceremos mui naturalmente que esse envenenamento de sangue, somente depois 
de séculos, isso mesmo dificilmente, poderá ser evitado. Em seguida, devemos 
todos reconhecer como essa decomposição da raça rebaixa os nossos últimos 
valores arianos, não só os desvaloriza mas também freqüentemente os destrói. 
Assim, a nossa força, como nação portadora de cultura, está retrogradando 
visivelmente e nos arriscamos, ao menos nas grandes cidades, a chegar ao mesmo 
nível em que hoje já se encontra o sul da Itália. Esse envenenamento de sangue 
para o qual centenas de milhares do nosso povo são cegos, está, hoje, 
metodicamente, sendo posto em prática pelo judeu. Sistematicamente, esses 
parasitas das nações estão desonrando as nossas inexperientes jovens, destruindo 
dessa forma um valor que nunca mais pode ser restituído. As confissões cristãs, 
todas duas, estão presenciando indiferentes a essa profanação e destruição de um 
nobre e incomparável ser presenteado à nossa terra pela graça de Deus. Para o 
futuro da humanidade, não importa saber se os protestantes vencem os católicos 
ou os católicos os protestantes, mas sim, se o homem ariano é conservado no 
mundo ou se desaparece. Apesar disso, essas duas confissões, longe de combaterem 
o destruidor da espécie, tratam apenas de se aniquilarem mutuamente. Justamente 
o homem de sentimentos nacionalistas devia ter a sagrada obrigação, cada um 
dentro do seu próprio credo, de cuidar, não só de falar sempre da vontade de 
Deus, mas também de cumpri-la, não permitindo que a obra de Deus seja desonrada. 
A vontade de Deus foi que deu aos homens sua forma exterior, sua natureza e suas 
faculdades. Aquele que destruir a obra de Deus está desta forma combatendo a 
obra divina, a vontade divina. Por isso cada um se esforce por agir com 
eficiência no campo da sua confissão e reconheça como seu primeiro e mais 
sagrado dever fazer frente contra aqueles que, por palavra, atos ou omissões, 
saem do terreno da sua religião e tentam imiscuir-se com as outras confissões. 
Pois o combate aos detalhes de uma determinada religião tem, devido à 
divergência religiosa existente na Alemanha, forçosamente como resultado uma 
guerra de efeitos destruidores para os dois credos. As nossas circunstâncias 
particulares não permitem de forma nenhuma uma comparação, quer com a França, 
quer com a Espanha ou mesmo com a Itália. Pode-se, por exemplo, em qualquer 
dessas três nações, fazer uma propaganda contra o clericalismo ou 
ultramontanismo sem correr perigo de que, por esse fato, se arruine a nação 
francesa, espanhola ou italiana. De forma nenhuma, porém, se deveria agir assim 
na Alemanha, certo como é que em uma tal luta os protestantes também tomariam 
parte ativa. A defensiva organizada naqueles países católicos contra a 
usurpação, no terreno político, por parte dos próprios chefes da igreja, 
assumiria, na Alemanha, infalivelmente, o aspecto de um ataque do protestantismo 
contra o catolicismo, quer dizer do ataque de uma religião contra a outra. O que 
é suportável, da parte de um adepto do mesmo credo, mesmo que se trate de uma 
crítica injusta, será imediatamente combatido, da forma mais áspera, desde que o 
adversário se encontra nas fileiras da outra confissão. Esse sentimento vai tão 
longe que mesmo os homens que, em determinado momento, estavam dispostos a 
aceitar qualquer sugestão no sentido de remediar um visível erro no terreno da 
sua própria confissão, abandonariam essa idéia e concentrariam as suas 
resistências contra essa mesma proposta, caso essa partisse de uma outra 
religião. Eles sentem que não é uma conduta nem justificada nem permitida, e até 
indigna, o meter-se alguém em assuntos que não são da sua competência. Tais 
intervenções não se desculpam nem mesmo em casos que se justificam pela defesa 
dos direitos ou dos interesses da comunhão nacional, porque os sentimentos 
religiosos ainda são mais poderosos que quaisquer conveniências políticas 
nacionais. Isso não se transformará instigando as duas confissões a uma guerra 
sem tréguas. Só há para isso um remédio, que consiste, por meio de concessões 
dos dois lados, em preparar um futuro que, por sua grandeza, teria efeitos 
paulatinamente reconciliadores.
     Não hesito em 
declarar que julgo os homens que arrastam o movimento de hoje na crise de 
divergências religiosas piores inimigos da pátria que qualquer comunista com 
tendências internacionais, pois converter o comunista é a tarefa do movimento 
nacional-socialista. Quem trata de remover o nacional-socialista das suas 
próprias fileiras, de removê-lo da sua verdadeira missão, está agindo da maneira 
mais condenável. E, consciente ou inconscientemente, um combatente em favor dos 
interesses dos judeus. O interesses do judeu é hoje este: esgotar as forças do 
movimento nacional-socialista por uma guerra religiosa, justamente na ocasião em 
que este movimento começa a oferecer-lhe perigo. Estou acentuando de propósito a 
palavra esgotamento, pois só um homem absolutamente ignorante da história 
mundial pode imaginar ser possível solucionar assim um problema em que 
soçobraram esforços seculares e estadistas de 
vulto.
     Além disso, os fatos falam por si. Os 
que, no ano de 1924, de repente descobriram que a mais alta missão do movimento 
nacionalista seria a guerra contra o ultramontanismo, não destruíram o 
ultramontanismo mas sim destruíram o movimento nacionalista. Também devo fazer 
uma advertência contra a opinião de que um partidário qualquer do movimento 
nacionalista, com idéias pouco maduras, seja capaz de realizar aquilo que mesmo 
um Bismarck não foi capaz de realizar. Sempre será o mais nobre dever da direção 
do movimento nacional socialista fazer frente absoluta contra qualquer tentativa 
de envolver o movimento em combates desta espécie e de remover imediatamente das 
suas fileiras qualquer propagandista com semelhantes idéias. Na realidade, 
tínhamos conseguido esse objetivo até o outono de 1923. Nas fileiras do nosso 
partido o mais convencido protestante podia sentar-se ao lado do mais sincero 
católico, sem entrar no mais leve conflito, por motivos de convicção religiosa. 
O grandioso combate comum iniciado pelas duas confissões contra o destruidor da 
coletividade ariana tinha levado os dois grupos a se estimarem e a se 
respeitarem. Aliás, justamente naqueles anos, o movimento nacionalista estava 
empenhado na guerra mais violenta contra o partido centrista, não por motivos 
religiosos mas exclusivamente por motivos nacionais, motivos de raça e motivos 
de política econômica. O resultado, naqueles tempos, foi a nosso favor, como é 
hoje contra os sabichões.
     Nestes últimos anos, 
a situação chegou, algumas vezes, a tal ponto que círculos nacionalistas, na 
maldita cegueira das suas discussões religiosas, nem sequer se apercebiam do 
desvario do seu modo de proceder no fato de jornais marxistas, ateístas, de 
repente, se transformarem, quando se fazia necessário, em advogados de 
comunidades religiosas, para, por esse meio, prejudicarem um ou outro lado dos 
combatentes, com manifestações muitas vezes demasiado estúpidas, atiçando assim 
o fogo entre os dois grupos.
     Justamente um povo 
como o alemão, capaz de lutar até a última gota de sangue em qualquer sorte de 
guerras, como o prova a sua história, é que correrá perigo de morte 
envolvendo-se em tais lutas. Sempre foi esse o meio para desviar nosso povo dos 
problemas reais da sua vida. Enquanto nos consumíamos combatendo por problemas 
religiosos, os outros repartiram o mundo entre si. Enquanto o 
nacional-socialista discute sobre se o perigo ultramontano é maior do que o 
perigo judaico ou vice-versa, o judeu continua a destruir os fundamentos raciais 
da nossa existência, aniquilando, desta maneira, cada vez mais a nação. No que 
diz respeito a esses combatentes "nacionalistas", o nosso movimento e o povo 
alemão pedem ao Todo-Poderoso que nos livre de semelhantes amigos, que dos 
inimigos nós nos saberemos livrar.
     A guerra 
entre o federalismo e o unitarismo, propagada nos anos de 1919/20/21, de modo 
tão manhoso pelos judeus, forçou o movimento nacional-socialista, pela 
condenação da mesma, a encarar de frente os seus problemas 
essenciais.
     A Alemanha deve ser um Estado 
federativo ou unitário? Quais os característicos que distinguem praticamente as 
duas formas? Ao meu juízo, a mais importante questão é a última, porque não 
somente é indispensável para o esclarecimento do problema mas também concorre 
para um entendimento mútuo e conseqüente 
reconciliação.
     Que é um Estado 
federativo?
     Por Estado federativo compreendemos 
uma união dos Estados soberanos que, em virtude da sua própria soberania, 
unem-se renunciando a favor dessa união parte de direitos que torna a mesma 
possível e oferece garantias à sua 
existência.
     Essa forma teórica não está de 
acordo com a prática em nenhum dos Estados federativos existentes hoje em dia, 
menos ainda na União Norte Americana, onde, na maior parte dos seus Estados, nem 
sequer se pode falar de uma soberania primitiva. Muitos deles, só no correr dos 
tempos. começaram a figurar no mapa geral da União. Nos Estados da União Norte 
Americana trata-se, na maioria dos casos, de menores ou maiores territórios 
formados por motivos de técnica administrativa, territórios que antes nunca 
possuíram soberania própria e nem podiam possuir. Não foram estes Estados que 
fundaram a União, mas, ao contrário, foi a União que criou grande parte destes 
chamados Estados. Os importantes direitos outorgados naquela ocasião aos 
diferentes territórios correspondem não somente ao caráter especial dessa união 
mas estão em harmonia com a vastidão da área, suas dimensões territoriais que 
eqüivalem quase às dimensões de um continente. Quando se fala da União 
Americana, não se pode aludir a soberanias estaduais dos seus diferentes 
membros, mas somente a direitos garantidos pela Constituição, ou, melhor, por 
ela facultados.
     Também no caso da Alemanha não 
corresponde inteiramente aos fatos a fórmula acima descrita. É verdade que, ali, 
existiam primitivamente Estados separados e independentes e por eles foi fundado 
o Império, mas este não foi fundado pela livre vontade ou pela igual cooperação 
dos diferentes Estados, mas porque um deles, a Prússia, conseguiu hegemonia 
sobre os demais. A grande diferença territorial dos Estados alemães não permite 
um paralelo com a fundação, por exemplo, da União Norte Americana. A diferença 
territorial entre os primitivos minúsculos Estados alemães e os maiores, 
sobretudo o maior, a Prússia, prova a disparidade da formação entre o Império 
alemão e a União Americana, assim como explica a desigualdade na área dos 
Estados. De fato, não se pode falar, em relação à maior parte destes Estados, em 
uma soberania efetiva, a não ser que a palavra soberania tenha apenas a 
significação de uma frase oficial. Na realidade, não somente no passado, mas 
também no presente, inúmeros desses Estados denominados soberanos tinham 
desaparecido, o que claramente demonstra a fraqueza dessa concepção de 
"soberania".
     Não desejamos mencionar aqui como 
cada um desses Estados se formou historicamente. É incontestável, porém, que os 
mesmos, quase em nenhum caso, têm os seus limites primitivos. São criações 
puramente políticas, as quais têm suas raízes, na maioria dos casos, nos mais 
tristes tempos da fraqueza da nação e da conseqüente decomposição da nossa 
pátria.
     Tudo isto tomou em consideração, pelo 
menos em parte, a Constituição do primeiro Reich, não dando aos diferentes 
Estados a mesma representação numérica no Conselho Federal, mas unicamente uma 
representação que correspondia a unidades federativas na formação do 
Reich.
     Os direitos de soberania cedidos pelas 
unidades federativas para tornar possível a fundação da União, só em poucos 
casos, foram renunciados espontaneamente. Na sua maioria, ou não existiam 
praticamente ou já tinham sido perdidos pela pressão preponderante da Prússia. O 
princípio seguido por Bismarck não era dar ao Reich tudo o que podia obter de 
cada um dos Estados mas sim de exigir das unidades federativas unicamente o que 
o Reich absolutamente necessitava, princípio esse tão moderado como sábio que, 
por um lado, respeitava, ao extremo, hábitos e tradições e que, por outro lado, 
assim assegurava de antemão ao novo Império a maior soma de entusiástica 
cooperação. É um erro fundamental, porém, atribuir essa deliberação de Bismarck 
a qualquer convicção de sua parte de que, por esse meio, o Reich adquiria todos 
os direitos de soberania que garantissem a sua existência. Essa convicção não 
tinha Bismarck, de modo algum. Ao contrário, ele desejava unicamente deixar para 
o futuro o que, no momento, teria sido difícil de realizar e difícil de manter. 
Ele contava com a vagarosa e aplainadora força do tempo e com a pressão do 
progresso em si, que ele julgava ter, no correr dos tempos, mais força de que 
uma tentativa de reagir logo contra a resistência dos diferentes Estados rio 
momento. Com isso provou da maneira mais eloqüente a sua grande habilidade de 
homem de Estado. Na realidade, a soberania do Reich aumentou constantemente à 
custa da soberania dos diferentes Estados. O tempo realizou as esperanças de 
Bismarck. Com o colapso alemão e com a queda do sistema monárquico, essa 
evolução foi acelerada. Como as diferentes unidades alemãs deviam a sua 
existência menos a fundamentos nacionalistas do que a motivos puramente 
políticos, era lógico que a importância desses Estados tinha que desaparecer no 
momento em que desapareceu a encarnação fundamental do desenvolvimento político 
dos mesmos: o sistema monárquico, com as suas dinastias, muitas dessas criações 
políticas perderam, assim, tanta força interior que, em conseqüência disso, 
automaticamente deviam renunciar a uma ulterior existência, ou reunir-se, por 
motivos de conveniência, com outras, ou ainda, voluntariamente, se deixarem 
absorver por outras de maior importância. Isso é a prova mais evidente da 
fraqueza extraordinária da soberania efetiva dessas pequenas formações políticas 
e da pouca consideração em que elas mesmas eram tidas por seus próprios 
cidadãos.
     Se a abolição do sistema monárquico e 
de seus representantes deu um golpe forte ao caráter federativo do Reich muito 
mais ainda o fez o encargo das obrigações resultantes do tratado de 
"paz".
     Que os diferentes Estados perdessem a 
sua autonomia financeira a favor do Reich era natural e evidente por si mesmo, 
no momento em que o Reich, com o fracasso da Guerra, devia aceitar obrigações 
financeiras que nunca teriam encontrado cobertura nas importâncias parciais que 
podiam fornecer os diferentes Estados federados. Também a iniciativa era 
conseqüência inevitável da escravização do nosso povo, que, pouco a pouco, se 
realizava por força do tratado de paz. O Reich foi forçado a tomar conta de 
novos valores para fazer frente às obrigações resultantes de novas extorsões. 
Dada a maneira desvairada por que, às vezes eram feitas as extorsões, muito 
lógico e natural era aquele fato. A culpa disso coube aos partidos e aos homens 
que nada haviam feito para terminar a Guerra com a vitória. Culpados foram, 
especialmente na Baviera, os partidos que, visando fins egoísticos, abandonaram, 
durante a Guerra, o ideal do Reich, o que deveriam mil vezes lamentar depois da 
Guerra perdida. A vingança da história! Raramente o castigo do céu foi tão rude, 
depois do crime, como neste caso. Os mesmos partidos que, poucos anos antes, 
haviam colocado os interesses dos seus Estados particulares - especialmente na 
Baviera - acima dos interesses do Reich, deviam agora presenciar como, sob a 
pressão dos fatos, o Reich sufocava a existência desses mesmos Estados. Tudo por 
culpa deles próprios.
     É uma hipocrisia sem par, 
perante as massas dos eleitores (pois só a estes se dirige a agitação dos nossos 
partidos atuais), queixarem-se esses partidos da perda da soberania dos Estados, 
quando todos eles se emulavam na prática de uma política que, nas suas últimas 
conseqüências, naturalmente deveria provocar profundas alterações no interior da 
Alemanha. O império de Bismarck era livre, tanto no exterior como no interior. 
Obrigações financeiras tão asfixiantes e, ao mesmo tempo, absolutamente 
improdutivas, como tem de suportar a atual Alemanha, graças ao plano Dawes, não 
existiam nos tempos de Bismarck. No interior eram poucas, só as absolutamente 
necessárias, as despesas que tinha de satisfazer. Assim podia passar-se muito 
bem de uma predominância financeira, e viver da contribuições dos Estados 
particulares. Compreende-se, facilmente, que, de um lado, a conservação da 
soberania dos Estados, e, do outro lado, as relativamente pequenas contribuições 
financeiras ao Reich, muito concorreram para o entusiasmo dos Estados em relação 
a este. Não é verdade, é inteiramente falso, alegar-se, hoje, como propaganda, 
que a atual falta de entusiasmo pelo Reich é conseqüência única da dependência 
financeira dos Estados para com ele. Não, essa não é a verdade dos latos. A 
diminuição do entusiasmo pelas idéias do Reich não é a conseqüência da perda da 
soberania dos Estados, mas, sim, o resultado da maneira miserável por que a 
nação alemã era representada no seu governo central. Apesar de todas as 
manifestações, em nome da bandeira alemã e da Constituição, o Governo de hoje é 
alheio aos sentimentos de todas as camadas da nação e as leis republicanas podem 
impedir um ataque às instituições republicanas, nunca, porém, conquistar o amor 
de um só alemão. O cuidado excessivo em defender a República contra seus 
próprios cidadãos, mediante leis e cadeia, é a crítica mais demolidora à 
instituição e a suo mais formal condenação.
     Por 
outro lado, também, a alegação de certos partidos de hoje, segundo a qual o 
desaparecimento do entusiasmo pelo Reich é a conseqüência de desmandos do mesmo, 
em face de certos direitos de soberania dos Estados particulares, não 
corresponde à verdade. Suposto que o Reich não tivesse abusado de sua 
autoridade, não é de crer que o amor dos Estados pelo mesmo fosse maior, se, não 
obstante isso, as contribuições totais fossem as mesmas de hoje. Ao contrário: 
se os Estados, hoje, devessem suportar as contribuições de que o Governo central 
necessita para o cumprimento do tratado de escravidão, a odiosidade contra o 
Reich seria ainda muito mais forte. A importância das contribuições, que teriam 
de pagar os Estados ao Reich, só com muita dificuldade poderia ser cobrada. 
Seria preciso empregar meios de coação. Como a base sobre a qual a República foi 
fundada consiste nos tratados de paz, e como não tem a coragem, nem a intenção 
de rompê-los, ela deve pensar, na maneira de cumprir essas obrigações. Também 
neste caso, são culpados, unicamente, os partidos que, a toda hora, falam às 
massas de eleitores da necessidade de autonomia dos Estados e, ao mesmo tempo, 
favorecem uma política que, necessariamente, terá o resultado de destruir os 
restos dos chamados "direitos de 
soberania".
     Digo "necessariamente" porque, ao 
Reich de hoje, não resta, absolutamente, outra possibilidade para fazer frente à 
sobrecarga das suas obrigações, originadas por uma política infame, tanto no 
interior como no exterior. Cada impulso cria novo impulso e cada dívida nova, 
com que o Reich é sobrecarregado pela criminosa representação de interesses 
alemães no exterior, deve ser saldada no interior, mediante aumento da pressão, 
aumento que, novamente, tem como resultado abolir, pouco a pouco, toda a 
soberania dos Estados, isso com o fim de não deixar nesses formarem-se germes de 
resistência ou conservarem-se os já 
existentes.
     Em geral, a diferença 
característica da política do Reich de hoje, em comparação com a política de 
outrora, é a seguinte: o primeiro Império dava liberdade no interior, 
demonstrava força no exterior, e a República está demonstrando fraqueza no 
exterior e está oprimindo os seus cidadão no interior. Um fato é a conseqüência 
do outro. Um Estado nacionalista vigoroso necessita, para a sua vida interior, 
somente de poucas leis, em conseqüência do maior amor e dedicação dos seus 
cidadãos; um Estado de escravos, com tendências internacionalistas, somente por 
violência bruta pode conseguir serviços forçados dos seus súditos. Uma das mais 
atrevidas insolências do governo de hoje é falar de "cidadãos livres". Cidadãos 
livres somente existiam na Alemanha de outrora. A República, como colônia de 
escravos, sob o domínio estrangeiro, não tem cidadãos, mas, na melhor das 
hipóteses, súditos. Por esse motivo, também não possui uma bandeira nacional, 
mas, unicamente, um símbolo de privilégios, criado pelas autoridades e protegido 
pelas leis. Esse símbolo, admitido como "chapéu de Gessler", da democracia 
alemã, sempre ficará estranho aos íntimos sentimentos da nação. A República que, 
sem o mínimo respeito pela tradição, pela grandeza do passado, enlameou os 
emblemas deste passado, ficará admirada como é superficial a afeição dos seus 
súditos para com os emblemas dela. Essa República, por culpa própria, figurará 
na história alemã sob o aspecto de 
"intermezzo".
     Assim, o Estado de hoje, para 
segurar sua própria existência, é forçado a suprimir, mais e mais, os direitos 
de soberania dos Estados e isto não somente do ponto de vista material, mas, 
também, do ponto de vista ideal. Pois, tirando aos seus cidadãos a última gota 
de sangue, como conseqüência da sua política financeira de extorsão, vê-se, 
também, na contingência de privá-los dos últimos direitos, se não quiser ver o 
descontentamento geral, um belo dia, inflamar-se e transformar se em rebelião 
violenta.
     Resulta, para nós 
Nacionais-Socialistas, o seguinte princípio fundamental: Um Governo nacionalista 
forte que defende, por todos os meios, os interesses dos seus cidadãos contra o 
estrangeiro, pode oferecer liberdade no interior, sem necessidade de recear pela 
solidez do Estado. Por outro lado, porém, é licito a um governo nacionalista 
forte fazer mesmo importantes incursões, na liberdade individual, como na dos 
Estados, e acarretar com a responsabilidade, quando o cidadão pode reconhecer 
nessas providências um meio para promover a grandeza da sua 
nação.
     É um fato que todos os Estados do mundo 
se estão transformando na sua organização interna, no sentido de uma certa 
unificação. A Alemanha não fará exceção a isso. Já hoje em dia é um absurdo 
falar, tratando-se dos diferentes Estados alemães, de uma "soberania de estado", 
soberania, que já não existe, dadas as proporções ridículas dessas formações 
estaduais Tanto no terreno econômico, como no técnico administrativo, diminui, 
cada vez mais, a importância dos diferentes Estados. A técnica moderna dos 
transportes encurta cada vez mais as distâncias. Uma nação antiga representa, 
hoje em dia, unicamente, uma província, e nações da atualidade seriam vistas, 
antigamente, como continentes. Do ponto de vista técnico, a dificuldade de 
administrar uma nação, como a Alemanha, não é maior do que a dificuldade da 
administração de uma província, como Brandenburgo, há cento e vinte anos atrás. 
Vencer a distância de Munique a Berlim é, hoje em dia, mais fácil do que a de 
Munique a Starnberg, há cem anos. E todo o território nacional hoje é, devido à 
técnica atual dos transportes, menor do que qualquer uma unidade federativa 
mediana alemã, ao tempo da guerra de Napoleão. Quem foge das conseqüências 
resultantes de verdades provadas, fica precisamente na retaguarda do tempo. 
Criaturas que procedem por esse modo, existiam em todos os tempos, e também 
existirão sempre no futuro. Podem diminuir a marcha dos acontecimentos, nunca, 
porém, fazê-los parar.
     Nós nacionais 
socialistas não devemos passar cegamente sobre as conseqüências dessas verdades. 
Nesses assuntos, não devemos, também, nos deixar prender pelas frases dos nossos 
denominados partidos burgueses nacionalistas. Eu faço uso da palavra frases, 
primeiro, porque esses partidos não acreditam, seriamente, na possibilidade de 
levar a cabo as suas intenções, e, em segundo lugar, porque os mesmos são 
culpados, e, grandemente, pela situação atual. Principalmente na Baviera, o 
grito pela descentralização é, realmente, mais um jogo de partido, sem intenções 
de sérias conseqüências. Em todos os momentos em que esses partidos deveriam ter 
tomado a sério as suas "frases", falharam, sem exceção, de uma maneira 
lastimável. As frases, como "assalto aos direitos soberanos" do Estado da 
Baviera pelo Reich, não passam de um latido- repugnante, sem a mínima 
resistência. se, realmente, alguém se atrevesse a fazer, com seriedade, frente a 
esse desorientado sistema, estão era considerado como - fora do Estado, pelos 
mesmos partidos posto fora da lei e condenado e perseguido até ser constrangido 
ao silêncio, ou por meio da cadeia ou por meio de uma proibição legal de falar 
ou escrever. Justamente, em conseqüência disso, devem os nossos adeptos 
reconhecer a mentira desses chamados círculos federalistas, Assim como acontece 
com a religião, o federalismo é apenas um meio para atingirem os seus sujos 
interesses partidários.
     Por mais natural que 
possa parecer uma certa unificação, principalmente no terreno dos meios de 
comunicações, para nós, nacionais-socialistas, há a obrigação de fazer contra 
uma tal evolução a mais forte oposição, desde que as providências tomadas têm 
unicamente o fim de disfarçar ou tornar possível uma funesta política exterior. 
Justamente porque o Reich de hoje se propõe controlar os trens, correios, 
finanças, etc., não de pontos de vistas superiores da política nacionalista, 
mas, sim, só para, desse modo, ter nas suas mãos os meios e as garantias de uma 
política de obrigações sem fim, devemos, nós nacionais-socialistas, fazer todo o 
possível, tudo o que, de qualquer modo, pareça conveniente a dificultar a 
realização de uma tal política, se possível impedi-la. Para esse fim, porém, é 
preciso lutar contra a atual centralização de importantes organizações, a qual 
só é empreendida para, por esse meio, se conseguirem os milhões que facilitem a 
nossa política de depois da Guerra, em relação com o 
estrangeiro.
     O segundo motivo que nos leva a 
resistir a uma tal centralização, é que, nessa centralização, poderia ser 
reforçada a eficiência de um sistema de governo no interior que, nos seus 
efeitos gerais, havia dado origem à maior desgraça da nação alemã. O Reich, do 
"judeu democrático" de hoje, que se transformou em uma verdadeira maldição para 
o povo, trata de anular as objeções levantadas pelos Estados que, até agora, 
ainda não adotaram o modo de pensar corrente, reduzindo-o a uma completa 
nulidade. Em face de uma tal situação, a nós nacionais socialistas, está 
reservada a tarefa de tentar, não somente dar à posição destes diferentes 
Estados a base de uma força nacional, com possibilidades de sucesso, mas 
transformar, totalmente, sua luta contra a centralização e dar lhe a expressão 
de um mais alto interesse nacional. Enquanto, porém, o Partido Popular Bávaro, 
por motivos regionais insignificantes, trata de se assegurar direitos especiais 
para a Baviera, devemos servir-nos dessa situação especial a favor de um 
interesses nacional mais elevado, agindo contra a Democracia de 
novembro.
     O terceiro motivo, que nos pode 
induzir a reagir contra a centralização é a convicção de que, grande parte dos 
chamados controles, de fato não constituem uma unificação e muito menos uma 
simplificação, mas, ao contrário, em muitos casos, trata-se somente de reduzir a 
soberania dos Estados, para abrir a porta à defesa dos interesses dos partidos 
revolucionários. Jamais, na história alemã, houve um favoritismo tão despudorado 
como na República democrática. A maior parte do furor atual de centralização 
teve sua origem nos partidos que, outrora, prometeram aproveitar os homens 
ativos e capazes e, quando se tratou da nomeação para empregos e posições 
públicas, tiveram em vista, exclusivamente, o critério partidário. Foram, 
sobretudo, os judeus que inundaram, desde os primeiros dias da República, em 
número incrível, as grandes organizações econômicas e as repartições públicas, 
que assim passaram, inteiramente, ao seu controle. Principalmente, essa terceira 
consideração obriga-nos, por motivos táticos, a examinar, com o maior rigor, 
qualquer medida no sentido da centralização, e, se necessário, tomar uma atitude 
decisiva contra a mesma. Os nossos pontos de vista terão de ser, neste caso, os 
pontos de vista políticos nacionais mais elevados e nunca mesquinhos 
regionalismos.
     Essa última observação é 
necessária, a fim de não se criar, no espírito de nossos partidários, o conceito 
de que nós, nacionais-socialistas, não daríamos ao Reich o direito de 
corporificar uma soberania mais elevada que a dos diferentes Estados. Sobre esse 
direito não deve e não pode existir, entre nós, nenhuma dúvida. Como o Estado em 
si é, para uns, unicamente, uma forma e que o essencial é o seu conteúdo, isto 
é, o povo, é claro que, aos interesses soberanos deste, tudo terá de 
subordinar-se. Sobretudo, não podemos permitir que nenhum Estado, dentro da 
nação e do Reich, que representa a mesma, goze da absoluta soberania política 
como Estado. O absurdo de diferentes unidades federativas poderiam manter 
representações no estrangeiro e entre si deverá ter e terá um fim. Enquanto 
semelhantes fatos forem possíveis, não nos devemos admirar de que o estrangeiro 
continua a pôr em dúvida a estabilidade da nossa estrutura estatal e aja de 
acordo com essa dúvida. O absurdo de tais representações ressalta ainda mais 
quando consideramos que só desvantagens acarreta. Interesses de um cidadão 
alemão no estrangeiro, que não podem ser percebidos pelo embaixador do Reich, 
sê-lo-ão muito menos pelo embaixador de um minúsculo Estado, de proporções 
ridículas na situação atual do mundo. Nessas pequenas unidades federativas 
devem-se ver unicamente estimulantes à tendência de desagregação da nação alemã 
e ao seu enfraquecimento interno e externo. Nossas representações diplomáticas, 
no estrangeiro, eram, já ao tempo do antigo império, tão miseráveis, que 
tornavam completamente dispensáveis outras experiências 
posteriores.
     A importância das diferentes 
Estados terá de ser, futuramente, sem restrições, mas no terreno da política 
cultural. O monarca que mais fez pela reputação da Baviera, não foi um obstinado 
regionalista, de intenções anti-alemãs, mas, sim, Luís I, que tinha tanto 
entusiasmo pela grandeza alemã como pela Arte. Quando ele utilizava as forças do 
Estado, na promoção do progresso cultural da Baviera, e não no fortalecimento 
dos poderes políticos, prestava maiores e mais duráveis serviços ao seu povo do 
que teria sido possível se agisse de outra maneira. Elevando Munique, da posição 
de capital provincial de pouca importância, à de uma grande metrópole de arte 
alemã, transformou-a em um centro de cultura que ainda hoje, tem a faculdade de 
atrair a esse Estado até os franceses, apesar do seu modo de pensar ser tão 
diferente. Supondo que Munique tivesse ficado no que era antigamente, ter-se-ia 
repetido, na Baviera, a mesma evolução que se verificou na Saxônia, unicamente 
com a diferença de que Nurenbergue, a Leipzig bávara, não teria ficado uma 
cidade bávara, ruas se teria transformado em uma cidade da Francônia. Não foram 
os que gritavam "abaixo a Prússia!" que tornaram grande a cidade de Munique, mas 
sim o rei que, com ela, queria fazer à nação alemã um presente de 'ima jóia de 
arte, que merecia ser vista e apreciada e que, de fato, o foi, posteriormente. 
Nisso deve-se ver uma lição para o futuro. A importância dos diferentes Estados, 
absolutamente não se deve basear, futuramente, no terreno do poder político, mas 
na raça ou tio campo cultural. Mesmo aqui, a ação do tempo é niveladora. As 
facilidades do transporte moderno estão aproximando os homens de tal forma que, 
paulatina e continuamente, as fronteiras das raças desaparecerão e, com isso, o 
quadro cultural dos diferentes povos tenderá, pouco a pouco, a atingir o mesmo 
nível.
     O exército deve ser, severamente. 
afastado das influências estaduais. O futuro Estado nacional socialista não deve 
incorrer nos mesmos erros do passado, impondo ao exército tarefas que não lhe 
competem, nem devem competir. A finalidade do exército alemão não é a de uma 
escola para manutenção de regionalismos, mas uma escola que ensine todos os 
alemães a se entenderem e a viverem em harmonia entre si. Tudo o que, na vida da 
nação, tende a provocar desuniões deve ser convertido pelo exército em uma força 
em sentido contrário. O exército deve tirar cada. jovem do ambiente estreito da 
sua terra natal e colocá-lo no seio da nação alemã, ensinando-o a ver, não as 
fronteiras de sua província, mas, sim, as da sua pátria, pois são estas que um 
dia ele terá de defender. É. portanto, uma loucura deixar o jovem alemão na 
região em que nasceu. Muito mais acertado é dar-lhe a oportunidade de conhecer a 
Alemanha, durante o tempo do seu serviço militar. Isso é hoje em dia tanto mais 
necessário quanto os alemães não costumam viajar, assim alargando os seus 
horizontes, como o faziam antigamente. Não é contraproducente deixar o jovem 
bávaro em Munique, o francônio em Nuremberg, o habitante de Baden em Karlsruhe, 
o Württemburgo, em Stuttgart, etc.? Não seria mais razoável mostrar ao jovem 
bávaro o Rheno e o Mar do Norte, ao hamburguês os Alpes, ao prussiano do este as 
montanhas da Alemanha Central, etc.? O amor pela terra natal deve ser cultivado 
no exército e não nas guarnições regionais. Toda tentativa de centralização 
deverá ter a nossa desaprovação, nunca, porém, a que se operar no exército. 
Mesmo que outras tentativas de centralização não fossem aconselháveis, essa, 
pelo menos, deve sê-lo. Pondo de parte o absurdo de conservar separadas as 
corporações do exército alemão, vemos na efetiva unificação do exército um passo 
que, de futuro, quando se tratar da reorganização do exército nacional, nunca 
mais deveremos interromper.
     Além disso, um 
movimento novo deve afastar qualquer empecilho que possa anular a sua atividade 
na luta pela vitória das suas idéias. O Nacional-Socialismo deve reclamar para 
si o direito de impor à totalidade da nação alemã, sem consideração às atuais 
fronteiras dos Estados, os seus princípios e educar a nação nas suas idéias. Da 
mesma forma que as religiões não são dependentes dos limites políticos, a idéia 
nacional-socialista. independe dos diferentes Estados da nossa 
pátria.
     A doutrina nacional socialista não é 
destinada a servir a interesses políticos dos diferentes Estados federados, mas 
a guiar a nação alemã.
     Ela deve organizar, 
novamente, a vida de toda a nação e, por esse motivo, deve reclamar, 
categoricamente, para si, o direito de ultrapassar fronteiras traçadas por 
acontecimentos políticos que condenamos. Quanto mais decisiva for a vitória 
destas idéias, tanto maior poderá, mais tarde, ser a liberdade individual, 
cercada de todas as garantias no interior.
CAPÍTULO XI - PROPAGANDA E 
ORGANIZAÇÃO
     O ano de 1921 teve, em vários 
sentidos, para o movimento, uma importância capital, Depois da minha entrada no 
"Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães", tomei imediatamente 
conta da direção da propaganda. Eu tinha este setor, naquele momento, como o 
mais importante de todos. Tratava-se menos de assuntos de organização do que de 
propagar a idéia ao maior número possível. A propaganda devia preceder à 
organização, conquistando o material humano necessário a esta. Além disso, 
sempre fui inimigo de um trabalho de organização demasiadamente rápido e 
pedantesco. Daí resulta, na maioria dos casos, somente um mecanismo morto, raras 
vezes uma organização viva. As organizações estão em função da vida, do 
desenvolvimento orgânico de um povo. Idéias que conquistaram um certo número de 
indivíduos sempre provocarão a necessidade de uma certa disciplina, 
absolutamente indispensável. Mas, também aqui, se deve contar com a fraqueza 
humana, inclinada a opor-se, pelo menos no começo, contra uma direção superior. 
Na hipótese de uma organização sem vida surge imediatamente o grande perigo de 
aparecer um homem, apontado por todos mas ainda não inteiramente experimentado e 
que, talvez, de inferior capacidade, trate de impedir, dentro do movimento, a 
elevação de elementos mais capazes. O mal daí resultante, pode ser, 
especialmente em movimento novo, de conseqüências 
fatais.
     Por essa razão é mais conveniente 
divulgar a idéia, pelo menos durante certo tempo, centro de um determinado 
núcleo, para daí selecionar o material humano em condições de dirigir o 
movimento. Mais de uma vez se evidenciará que, nessa seleção, não devemos julgar 
pelas aparências.
     Seria, porém, inteiramente 
falso ver, em conhecimentos teóricos, provas de capacidade de 
direção.
     O contrário acontece 
freqüentemente.
     Um grande teórico é raramente 
um grande organizador, pois o valor do teórico consiste, em primeiro lugar, na 
noção de definição de leis abstratamente exatas, enquanto o organizador deve ser 
em primeiro lugar um conhecedor da psicologia popular. Deve ver os homens como 
eles são na realidade. Não lhes deve dar demasiada importância nem depreciá-los 
no meio da massa, Ao contrário, deve ter em conta a sua fraqueza como o seu 
aspecto instintivo, para, tomando em consideração todos os fatores, organizar 
uma força capaz de sustentar uma idéia e de garantir o 
sucesso!
     Um grande teórico será raramente um 
líder. A um agitador e mais fácil possuir essas qualidades, apesar da oposição 
dos teóricos puros.
     Isso é perfeitamente 
compreensível. Um agitador capaz de comunicar uma idéia à grande massa, precisa 
conhecer a psicologia do povo, mesmo que ele não seja senão um demagogo. Mesma 
nessa hipótese, ele será um líder mais apto do que o teórico desconhecedor da 
psicologia humana. Para ser chefe é preciso ter a capacidade para movimentar 
massas. A capacidade intelectual nada tem que ver com a capacidade de comando. 
Por - isso é completamente supérfluo discutir se há mais valor em criar idéias e 
finalidades do que em realizá-las. Aqui acontece o mesmo que em muitos outros 
casos: um não pode dispensar o outro. A mais bela doutrina não tem nem 
finalidade nem eficiência se o líder não consegue empolgar as massas. Por outro 
lado, de que utilidade seria a genialidade de um condutor de massas, se o 
teórico não indicasse as finalidades das lutas humanas? A existência, no mesmo 
indivíduo, do teórico, do organizador e do líder é o mais raro fenômeno deste 
mundo. Quando isso se dá trata-se de um 
gênio.
     Dediquei-me, nos primeiros tempos da 
minha atividade partidária, à propaganda. Por essa propaganda dever-se-ia 
conseguir, pouco a pouco, um pequeno núcleo de indivíduos, convencidos da nova 
idéia, os quais formariam assim o material que, mais tarde, poderia fornecer os 
primeiros elementos de uma organização. Visávamos mais a propaganda do que a 
organização.
     Quando um movimento tem como 
finalidade demolir uma situação existente para reconstruir, em seu lugar, um 
mundo novo, é preciso que os seus líderes estejam todos acordes sobre os 
seguintes princípios fundamentais: cada movimento deve dividir o estoque humano 
conquistado para a causa em dois grandes grupos: adesistas e 
combatentes.
     O dever da propaganda é alistar 
adesistas, o da organização é conquistar 
combatentes.
     Adesista de um movimento é aquele 
que aceita a sua finalidade, com. batente aquele que luta pela 
mesma.
     O adesista é alistado para um movimento 
por meio da propaganda. O combatente é levado, pela organização, a cooperar 
pessoal e ativamente, paro- o alistamento de novos adesistas, dos quais então se 
podem recrutar novos combatentes.
     Como a 
qualidade de adesista exige somente o reconhecimento passivo de uma idéia, e a 
qualidade de combatente a representação ativa e a sua defesa, entre dez 
adesistas encontrar-se-ão no máximo um a dois 
combatentes.
     A qualidade de adesista baseia-se 
na compreensão da doutrina, a de combatente na coragem de defender e divulgar as 
noções adquiridas.
     A doutrina pura corresponde 
melhor à psicologia da maioria da humanidade, comodista e covarde. Os requisitos 
exigidos para pioneiros do Partido correspondem à uma capacidade prática que só 
se encontra em raros indivíduos.
     Assim sendo, a 
constante preocupação da propaganda deve ser no sentido de conquistar adeptos, 
ao passo que a organização deve cuidar escrupulosamente de selecionar, entre os 
adesistas, os lutadores mais eficientes. A propaganda, portanto, não necessita 
examinar o valor de cada um dos por ela convertidos, quanto à eficiência, 
capacidade, inteligência ou caráter, enquanto que a organização deve escolher 
cautelosamente, da massa destes elementos, os que efetivamente têm capacidade 
para levar o movimento à vitória.
     A propaganda 
trata de impor uma doutrina a todo o povo; a organização aceita no seu quadro 
unicamente aqueles que não ameaçam se transformar em obstáculo a uma maior 
divulgação da idéia.
     A propaganda estimula a 
coletividade no sentido de uma idéia, preparando-a para a vitória da mesma; a 
organização tem de ganhar a vitória mediante concentração dos adeptos corajosos, 
capazes de combater pelo triunfo comum.
     A 
vitória de uma idéia será mais fácil quanto mais intensa for a propaganda e 
quanto mais exclusiva, rígida e solida for a organização que, praticamente, toma 
a si a realização do combate.
     Daí resulta, que 
nunca é exagerado o número dos adeptos, enquanto que, no que diz respeito aos 
combatentes, não se deve cogitar de número mas de 
qualidade.
     Quando a propaganda já conquistou 
uma nação inteira a uma idéia, surge o momento asado para a organização, com um 
punhado de homens, retirar as conseqüências práticas. Propaganda e organização, 
estão em função uma da outra. Quanto melhor tiver agido a propaganda tanto menor 
poderá ser a organização; quanto maior for o número de adesistas, tanto mais 
modesto pode ser o número dos combatentes e, vice-versa; quanto pior for a 
propaganda, tanto maior deve ser a organização e quanto mais diminuto o número 
de adesistas de um movimento tanto mais numeroso deve ser o número dos seus 
organizadores, se se quiser contar com 
sucesso.
     O primeiro dever da propaganda 
consiste em conquistar adeptos para a futura organização; o primeiro dever da 
organização consiste em conquistar adeptos para a continuação da propaganda. O 
segundo dever da propaganda é a destruição do atual estado de coisas e a 
disseminação da nova doutrina, enquanto que o segundo dever da organização deve 
ser a luta pelo poder para conseguir, por esse meio, o sucesso definitivo da 
doutrina.
     O sucesso mais decisivo de uma 
revolução sempre será conseguido quando a nova doutrina for divulgada peio maior 
número, imposta a todos depois, ao passo que a organização da idéia, isto é, o 
movimento, deve abranger unicamente os homens absolutamente necessários aos 
postos de comando.
     Por outras palavras: em cada 
grande movimento destinado a revolucionar o mundo a propaganda primeiramente 
terá de divulgar a idéia do mesmo. Incessantemente terá de esclarecer as massas 
sobre as novas idéias, atraí-las para as suas fileiras ou, pelos menos, abalar 
as crenças em voga. Como, porém, a divulgação de uma idéia, isto é, a 
propaganda, deve ter um núcleo central de direção, será necessário uma 
organização sólida. A organização recruta os seus sócios do número total dos 
adesistas conquistados pela propaganda.
     A mais 
alta missão da organização é, pois, tomar precauções para que não nasçam 
divergências íntimas, entre os adeptos do movimento, que possam originar uma 
desarmonia e, com isso, um enfraquecimento da causa, e para que se conserve 
sempre o espírito de ataque e de resolução. Não é necessário que aumente 
infinitamente o número de combatentes; ao contrário, como só uma pequena parte 
da humanidade possui um caráter enérgico e resoluto, ficaria forçosamente 
enfraquecido um movimento que aumentasse desproporcionadamente a sua organização 
central. Organizações passando além de um certo número de membros, perdem, pouco 
a pouco, seu poder de combate e a capacidade de apoiar a propaganda de uma 
idéia, de maneira resoluta.
     Quanto mais forte e 
revolucionária for uma idéia, tanto mais eficiente devem ser os seus defensores, 
devendo-se dela afastar os covardes e incapazes. Às escondidas, esses quererão 
passar como adesistas, mas, de público, desistirão de provar a sua adesão. Assim 
incorporam-se à organização de uma doutrina efetivamente revolucionária somente 
os mais eficientes dentre os adeptos conquistados pela propaganda. É justamente 
na eficiência dos membros de um movimento, garantida pela sua escolha natural, 
que está a condição essencial para uma propaganda correspondente e para um 
combate bem sucedido pela realização da 
doutrina.
     O maior perigo que pode ameaçar um 
movimento é um número exagerado de adeptos adquiridos em conseqüência de êxito 
fácil. Todos os covardes e egoístas fogem de um movimento, enquanto este tem de 
enfrentar lutas ásperas, ao passo que ao mesmo acorrem quando o êxito é fácil de 
prever ou já se realizou.
     Esse é o motivo por 
que muitos movimentos vitoriosos fracassam antes de atingir a sua finalidade, 
suspendem a luta e finalmente desaparecem. Em conseqüência da vitória inicial, 
entram na sua organização tantos elementos maus, indignos, sobretudo covardes, 
que esses caracteres inferiores conseguem finalmente a preponderância sobre os 
lutadores enérgicos e logo forçam o movimento em favor dos seus próprios 
interesses, degradando o e nada fazendo para completar a vitória da idéia 
primitiva. Desaparece o entusiasmo fanático, anula se a força de combate ou, 
como em casos idênticos, se diz nos meios burgueses: "Jogue-se água no vinho". 
Está sacrificado o surto do movimento.
     Por essa 
razão é indispensável que, ao menos por instinto de conservação, imediatamente 
se dificulte a admissão de adeptos no momento em que o sucesso se inclina para a 
causa e, de futuro, se alargue a organização com a máxima cautela e depois de um 
exame muito rigoroso, unicamente assim, o movimento se conservará, 
invariavelmente, sadio, na sua essência. É preciso que se tomem precauções para 
que seja exclusivamente o núcleo central que continue a promover o progresso do 
movimento, isto é, que oriente a propaganda destinada a conquistar a adesão 
geral e tome como detentor do poder as medidas necessárias à realização prática 
das suas idéias.
     A organização deve recrutar do 
primitivo núcleo do movimento não somente os homens que devem ocupar todas as 
posições importantes no terreno conquistado, mas também os da direção geral, e 
isso deve durar até que os atuais princípios e doutrinas do partido se 
transformem em base do novo Estado. Só, então, poderá passar, aos poucos, o 
governo a ser dirigido pela nova constituição, nascida do espírito do movimento. 
Isso, porém, geralmente também se realiza mediante lutas recíprocas, por que não 
se trata de uma questão de idéias mas de jogo de forças, que, é verdade, podem 
ser previamente reconhecidas, mas não podem ser constantemente 
controladas.
     Todos os grandes movimentos, quer 
sejam de natureza religiosa quer de natureza política, devem seus grandes 
sucessos exclusivamente ao conhecimento e à aplicação destes princípios. Nenhum 
êxito de efeitos duradouros é possível sem o respeito a essas 
leis.
     Como chefe de propaganda do Partido, 
muito me esforcei, não somente por preparar o terreno para o desenvolvimento 
futuro da causa, mas também para assegurar, por uma compreensão exata desses 
princípios. que a organização - somente recebesse o melhor material humano. 
Quanto mais radical e incitadora era a minha propaganda, tanto mais assustava os 
homens débeis e as naturezas tímidas, impedindo a sua entrada no núcleo 
primitivo da nossa organização. Eles talvez tenham ficado adeptos da causa, mas 
certamente não com espírito decidido. Quantos milhares asseguravam, naquele 
tempo, que estariam absolutamente decididos a tudo, mas nem por isso puderam ser 
aceitos como membros do Partido. O movimento teria que ser tão radical que os 
seus adeptos poderiam ser expostos aos mais sérios perigos, de maneira que não 
se devia censurar um cidadão respeitável e pacifico por, ao menos por certo 
tempo, ficar á margem, embora de todo coração pertencesse à 
causa.
     Foi muito bom que assim se 
fizesse.
     Se todos os que, no íntimo, não 
estavam de acordo com a Revolução se tivessem filiado ao nosso partido, 
poderíamos ser hoje vistos como uma congregação pia, nunca, porém, como um 
movimento forte e pronto para o combate.
     A 
forma agressiva que se deu, naquele tempo, à nossa propaganda consolidou e 
garantiu a tendência radical do novo movimento, porque, assim efetivamente, o 
mesmo ficou constituído, salvo raríssimas exceções, de homens radicais, capazes 
de assumir a responsabilidade de defensores da 
causa.
     O efeito dessa propaganda era tal que, 
dentro de pouco tempo, centenas de milhares não somente concordaram conosco mas 
desejavam a nossa vitória, embora, pessoalmente, fossem covardes demais para 
fazerem o sacrifício de entrar para o 
Partido.
     Até o meado de 1921, esta atividade 
unicamente no sentido da propaganda era suficiente e útil para o movimento. 
Acontecimentos especiais, porém, no verão daquele ano, mostraram que seria 
conveniente que a organização marchasse pari passu com a propaganda, cujo êxito 
era cada vez mais evidente.
     O ensaio de um 
grupo de racistas de fancaria, com o apoio benévolo do primeiro presidente do 
Partido de então, de apoderar-se da direção do mesmo, teve como resultado o 
desmoronamento desta pequena intriga. Em uma assembléia geral, foi entregue a 
mim, unanimemente, a liderança de todo o movimento. Ao mesmo tempo, foi tomada 
unia nova resolução pela qual o presidente era investido de responsabilidade, e 
que abolia as resoluções das comissões substituindo-as por um sistema de divisão 
de trabalho que, desde aquele tempo, tem dado os melhores 
resultados.
     Desde 1o. de agosto de 1921, 
encarreguei-me desta reorganização interna do Partido e encontrei nisso o apoio 
de um número de forças excelentes, cujos nomes julguei necessário mencionar em 
um capítulo especial.
     A experiência trazida 
pelos resultados da propaganda deveria, quando se tratou da organização, afastar 
um certo número de hábitos atuais e estabelecer princípios que não existiam em 
nenhum dos partidos do momento.
     Nos anos de 
1919 e 1920, o movimento tinha, na sua direção, uma comissão eleita em 
assembléias de sócios, de acordo com os estatutos. A comissão compunha se de um 
1.° e de um 2.° tesoureiro; um 1.° e de um 2.° secretário e como chefes um 1.° e 
um 2.° presidente. A isto juntaram ainda um fiscal, o chefe da propaganda e 
vários assistentes.
     Esse comitê corporificava - 
o que era extremamente cômico - justamente o que o movimento devia combater do 
modo mais enérgico, isto é, o parlamentarismo. Era claro que se tratava de uma 
organização que, partindo do pequenino grupo local, e passando pelos futuros 
distritos, províncias, etc., até que o governo no Reich, representava o 
mesmíssimo sistema parlamentar, sob o qual nós todos estávamos e estamos ainda 
hoje sofrendo.
     Era de uma necessidade 
urgentíssima modificar esse estado de coisas, a menos que não quiséssemos que o 
movimento ficasse para sempre sacrificado em conseqüência das bases falsas da 
sua organização interna.
     As assembléias do 
comitê que obedeciam a um certo protocolo e nas quais eram tomadas as decisões 
por maioria de votos, eram na realidade um pequeno parlamento. Nelas havia 
ausência de qualquer responsabilidade pessoal. Como nas grandes assembléias 
políticas, imperavam nesses comitês os mesmos absurdos e as mesmas 
extravagâncias. Foram nomeados para esse comitê secretários, tesoureiros, 
representantes da totalidade dos membros da organização, representantes para a 
propaganda e para muitas outras coisas mais. Todos juntos é que deviam, porém, 
tomar resoluções, por meio do voto, a respeito de qualquer questão isolada. Quer 
isso dizer que o indivíduo que representava a seção de propaganda decidia sobre 
um assunto da competência do encarregado das finanças, este decidia sobre 
assuntos da organização, sobre detalhes que competiam aos secretários, 
etc.
     O motivo por que se nomeava um 
especialista para a propaganda, quando tesoureiros, secretários, etc., deviam 
decidir sobre assuntos que somente eram da competência daquele, parece tão 
incompreensível para um cérebro normal, quão incompreensível seria se, em uma 
grande em presa industrial, os gerentes ou diretores de outras seções e de 
outros ramos decidissem sobre assuntos com os quais não tinham absolutamente 
nada que ver.
     Não me conformei com essa 
loucura; muito pouco tempo depois, já não aparecia mais nessas assembléias. Fiz 
eu mesmo a minha propaganda, protestando sempre quando qualquer ignorante nesse 
assunto tratava de intrometer-se na mesma. Pelo mesmo princípio eu, também, não 
me intrometia nas funções alheias.
     Quando, com 
a aprovação dos novos estatutos e com a minha nomeação para primeiro presidente, 
tinha adquirido a necessária autoridade e o direito de agir de acordo com a 
mesma, acabei imediatamente com aquela idiotice. Em lugar de resoluções de 
comitê, estabeleci o princípio da responsabilidade 
absoluta.
     O primeiro presidente tem a 
responsabilidade da direção geral do movimento. Ele divide o trabalho a fazer 
tanto entre os membros do comitê a ele subordinado como entre os demais 
colaboradores porventura necessários. Cada um destes senhores fica inteiramente 
responsável pelos deveres de que são incumbidos. Estão subordinados apenas ao 
primeiro presidente que tem de cuidar da cooperação de todos e de tornar esta 
cooperação eficiente, a começar pela escolha das personalidades e pela indicação 
das diretrizes gerais.
     Esse princípio da 
responsabilidade tornou-se pouco a pouco natural destro do movimento, pelo menos 
quanto à direção do Partido. Nos pequenos grupos locais e talvez também nos 
distritos serão precisos anos para fazer vingar esses princípios, porque 
espíritos tímidos e incapazes sempre se oporão aos mesmos. Para esses sempre 
será desagradável a responsabilidade pessoal em qualquer empreendimento, 
sentem-se melhor e mais livres se tiverem, em qualquer decisão difícil, o apoio 
da maioria de um comitê. Parece, porém, necessário enfrentar, com todo rigor, 
tais tendências, não fazer concessões à covardia ante a responsabilidade e 
conseguir assim, embora depois de muito tempo, uma compreensão do dever de chefe 
que permita surgirem, para a posição de lideres, justamente os mais competentes, 
os predestinados.
     Em. qualquer hipótese, um 
movimento que se propõe fazer guerra à loucura parlamentar deve ele mesmo evitar 
o mal que combate, somente sobre uma tal base pode adquirir a força para a sua 
luta.
     Um movimento que, em pleno domínio da 
maioria, baseia-se em tudo no princípio da autoridade do chefe e na 
responsabilidade daí resultante, com segurança matemática, há de aniquilar, 
algum dia, o atual estado de coisas e sair 
vencedor.
     Esse princípio deu lugar, no seio do 
movimento, a uma completa reorganização do mesmo, e, no seu resultado lógico, 
uma separação muito rigorosa entre as funções partidárias do movimento e as 
funções da direção política geral. A idéia da responsabilidade foi adotada 
também para todas as funções partidárias e trouxe, como era de esperar,. em 
idêntica proporção, um saneamento das mesmas, libertando-as de quaisquer 
influências políticas e limitando-as a pontos de vista puramente 
econômicos.
     Quando, no outono de 1919, entrei 
para o Partido, então composto de seis membros, este não tinha nem um escritório 
nem um empregado; nem mesmo formulários, carimbos, impressos, existiam, o local 
para as reuniões do comitê era, a princípio, um restaurante na Herrengasse e 
mais tarde um café em Casteig. Isso era uma situação intolerável. Pouco tempo 
depois pus-me a visitar um grande número de cervejarias e restaurantes de 
Munique, com a intenção de poder alugar um quarto separado ou qualquer outro 
local para o partido. No antigo Sterneckerbrãu da rua Tal encontrei um pequeno 
lugar, um sótão que, antigamente, serviu aos conselheiros de Estado da Baviera 
como uma espécie de taberna. Era sombrio e escuro e tão próprio para seu 
anterior destino quão impróprio para os novos objetivos o beco para o qual dava 
sua única janela era tão estreito que, mesmo nos dias mais claros de verão, o 
quarto era escuro. Este foi o nosso primeiro escritório. Como, porém, o aluguel 
era apenas de cinqüenta marcos por mês (para nós naquele tempo era uma soma 
enorme), não podíamos alimentar grandes pretensões nem nos podíamos 
queixar.
     Mesmo assim, isso já significava um 
grande progresso. Pouco a pouco fomos melhorando a instalação. Primeiro 
instalamos luz elétrica, depois um telefone; levamos para dentro uma mesa com 
algumas cadeiras emprestadas, finalmente uma prateleira, um pouco mais tarde um 
armário; dois balcões pertencentes ao dono da casa deviam servir para guardar 
folhetos, cartazes, etc.
     A direção do 
movimento, por meio de uma assembléia do comitê, uma vez por semana, era 
impossível ser conservada por muito tempo. Só um empregado, pago pelo movimento, 
poderia garantir um andamento contínuo dos 
negócios.
     Isso era muito difícil naquele tempo. 
Contávamos ainda com um número tão diminuto de adeptos, que- foi preciso uma 
habilidade especial para encontrar entre eles o homem para o momento, que se 
contentasse com pouco e pudesse satisfazer às múltiplas exigências do 
movimento.
     Era um soldado, antigo camarada meu, 
de nome Schüssler. Encontrávamos, após busca prolongada, o primeiro diretor 
econômico do partido. No princípio, ele, diariamente, entre 18 e 20 horas, 
comparecia ao nosso escritório, mais tarde entre 17 e 20 horas, e, pouco tempo 
depois, nosso secretário exclusivo, ocupando-se, desde a manhã até alta noite, 
com os seus trabalhos. Era um homem tão ativo como reto, absolutamente honesto; 
trabalhava em todos os sentidos e era um fiel partidário Schüssler trouxe 
consigo uma pequena máquina de escrever "Adler", de sua propriedade. Era a 
primeira máquina para o serviço do nosso movimento. Mais tarde essa máquina foi 
comprada a prestação. Uma pequena caixa forte parecia ser necessária para evitar 
o furto do fichário e dos livros dos membros do Partido. Esta compra não foi 
feita, pois, para depositar as grandes somas de dinheiro, que, naquele tempo. 
pudéssemos ter. Ao contrário, tudo era infinitamente pobre, e, muitas vezes, 
sacrifiquei parte das minhas pequenas 
economias.
     Um ano e meio mais tarde, o 
escritório era pequeno demais e mudávamo-nos para um outro local na 
Corneliusstrasse. Mais uma vez era para um restaurante que nos mudávamos, mas 
agora já não tinham somente um quarto, e sim três. Naquele tempo essas 
instalações nos pareciam enormes. Nesse local permanecemos até novembro de 
1923.
     Em dezembro de 1920, foi comprado o 
Võlkische Beobachter. Este diário, que defendia, como já indicava o seu nome, 
interesses populares e geral, devia agora ser transformado em órgão do Partido 
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. No princípio era publicado duas 
vezes por semana, no começo de 1923 diariamente, e, em fins de agosto 1923, foi 
publicado no formato grande que conservou daí por 
diante.
     Naquele tempo, sem a mínima experiência 
em matéria de imprensa tive que fazer uma aprendizagem que me custou muito 
sacrifício.
     Era de fazer cismar o fato de, ao 
lado da poderosa imprensa judaica só existir um único jornal popular de real 
importância. O motivo deste fato, como depois pessoalmente verifiquei, inúmeras 
vezes na prática residia na organização comercial pouco hábil das denominadas 
empresas populares. Na sua direção dava-se mais importância ao lado intelectual 
do que ao prático. Esse ponto de vista é completamente falso, pois a idéia tem a 
sua maior expressão na realização. Aquele que está efetivamente criando para sua 
nação coisas de valor, está provando com isso possuir uma idéia de valor 
idêntico, enquanto outro que apenas finge defender uma idéia sem entretanto 
executar serviços úteis para a nação, está sendo funesto a qualquer ideal real. 
Ele está pesando sobre a comunidade com sua 
idéia.
     Também o "Völkisher Beobachter" era, 
como o seu título indica, um órgão "popular", com todas as vantagens e, 
sobretudo, todos os defeitos fraquezas inerentes a todas as instituições 
populares. Embora fosse. excelente sua matéria, a sua direção comercial era 
inviável. Era da opinião que os jornais populares deviam ser mantidos por 
subscrições populares em lugar de entrarem na concorrência com os demais. Não se 
compreendia que era uma indecência querer cobrir os erros da direção comercial 
da empresa com os donativos de patriotas bem 
intencionados.
     Tratei de remediar esta 
situação, cujo perigo logo compreendi. F para mim uma felicidade o ter 
encontrado o homem, o qual, desde aquele tempo, não somente como diretor 
econômico do jornal mas também como diretor econômico do Partido, prestou 
serviços inestimáveis à causa. No ano de 1914, no front, cheguei a conhecer 
(naquele tempo como meu superior) o homem que é hoje, diretor econômico do 
Partido - Max Amann. Durante os quatro anos da Guerra, tive a oportunidade de 
quase diariamente observar a extraordinária capacidade, a diligência e os 
grandes escrúpulos do meu futuro cooperador.      No 
verão de 1921, quando o movimento passava por uma forte crise, quando eu já não 
estava contente com um grande número de empregados e até tinha tido com um deles 
desagradável experiência, dirigi-me a meu antigo camarada de regimento, que um 
dia casualmente encontrei, rogando-lhe que se encarregasse da direção 'econômica 
do movimento. Depois de longa hesitação, pois Amann tinha um emprego promissor, 
consentiu finalmente em aceitar o cargo com a condição formal de que nunca. 
ficaria à mercê de quaisquer comitês de ignorantes e de que reconheceria 
exclusivamente um chefe. Ao inesquecível merecimento deste primeiro diretor do 
movimento, de uma educação comercial efetivamente completa, deve se o ter sido 
possível introduzir a ordem nas finanças do Partido. Desde aquele tempo, a 
direção tornou se modelar, incomparavelmente melhor do que a de qualquer das 
sub-organizações. Como, porém, sempre na vida, a capacidade, não raras vezes, é 
a causa da inveja e do ciúme, isso devia-se naturalmente esperar também neste 
caso.
     Já no ano de 1922, existiam certas 
diretrizes para guiar o movimento, tanto no sentido econômico como no que diz 
respeito propriamente à organização. Já existia um fichário central completo, 
que abrangia todos os membros do movimento. Do mesmo modo estavam as finanças 
orientadas firmemente. Despesas normais deviam ser cobertas por entradas 
normais, entradas extraordinárias eram empregadas para satisfazer a despesas 
extraordinárias. Apesar dos maus tempos, podia-se manter o movimento. 
Trabalhava-se como em uma empresa particular: o pessoal devia distinguir-se pela 
sua competência e de nenhum modo somente pelo critério da célebre "convicção" 
partidária. A "convicção" de cada nacional socialista prova-se. em primeiro 
lugar, pela sua boa vontade, pela sua atividade e capacidade para o cumprimento 
do trabalho que lhe foi confiado pela coletividade. Quem não cumpre o seu dever, 
não se deve vangloriar de uma idéia contra a qual ele próprio, na realidade, 
está protestando. O novo diretor econômico do Partido defendia, com toda 
energia, contra quaisquer influências, o ponto de vista, segundo o qual funções 
partidárias não se devem transformar em sinecuras para membros ou sócios pouco 
dispostos ao trabalho. Um movimento que luta de forma tão áspera contra a 
corrupção partidária do nosso atual aparelho administrativo deve conservar sua 
própria organização limpa de semelhantes vícios. Aconteceu que foram admitidos 
na administração do jornal elementos que, quanto a suas "convicções", tinham 
pertencido ao Partido Popular Bávaro, que, porém, pelos seus trabalhos, deviam 
ser qualificados como de primeira classe. O resultado desta experiência foi 
excelente. Justamente por este leal e franco reconhecimento da capacidade de 
cada um, o movimento conquistou os corações destes empregados mais rapidamente 
do que dantes. Tornaram se mais tarde bons nacionais-socialistas, não somente em 
palavras, mas pelo trabalho consciencioso e leal que executaram a serviço do 
novo movimento. É claro que, em igualdade de condições, dava-se preferência ao 
partidário. Ninguém, porém, era empregado só por ser membro do partido. A 
energia com que o novo diretor econômico defendia este princípio fundamental, 
pondo o em prática contra quaisquer resistências, produziu, no futuro, as 
maiores vantagens para o movimento. Somente assim foi possível que, nos tempos 
difíceis da inflação monetária, quando dezenas de milhares de empresas faliram e 
milhares de jornais deviam fechar as portas, não somente a direção do movimento 
pode ser conservada e cumprir seus deveres, mas a feitura do Völkische 
Beobachter cada vez mais se aperfeiçoava. Era classificado, naquele tempo, entre 
os grandes jornais.
     O ano de 1921, teve, além 
disso, outra significação. Consegui lentamente, como presidente do Partido, 
subtrair também as diferentes formações do mesmo da crítica e das contradições 
de tantos membros de comitês. Isso foi importante porque não se pode conquistar 
para qualquer trabalho uma cabeça realmente capaz, quando, continuamente, os 
ignorantes se metem em tudo, de tudo dizem entender e, em verdade, provocam 
apenas a pior confusão, para depois se retirarem silenciosamente à procura de 
outro campo para a sua atividade "fiscalizadora" e "inspiradora" Havia gente 
possuída de uma verdadeira idéia fixa de procurar intrometer se em tudo, 
eternamente prenhe de planos excelentes, idéias, projetos, métodos, etc. Seu 
mais alto ideal era, na maioria dos casos, formar um comitê que, como órgão 
fiscalizador, deveria imiscuir se, como perito, no trabalho correto dos outros. 
Quão prejudicial e pouco conforme ao nacional socialismo era que a gente que 
nada sabe de uma determinada coisa estivesse continuamente contrariando homens 
realmente competentes, nunca entrou na consciência daqueles entusiastas de 
comitês. Julguei meu dever defender, naqueles tempos, todas as forças eficientes 
do movimento, sobre as quais recaíam todas as responsabilidades, contra 
semelhantes elementos, de garantir-lhes o necessário apoio e um campo de 
atividade em que pudessem, continuar a 
trabalhar.
     O melhor meio de tornar inofensivos 
esses comitês que nada faziam ou somente amontoavam resoluções impraticáveis, 
era distribuir-lhes um trabalho verdadeiro. Era cômico o constatar-se como tal 
comitê desaparecia, como por encanto, não sendo mais encontrado em parte alguma. 
Lembrava-me, naquelas ocasiões, da mais imponente das instituições desse- gênero 
do Reichstag. Como rapidamente desapareciam repentinamente todos, quando se lhes 
confiava, em lugar das discurseiras de costume, um verdadeiro trabalho, isto é, 
um trabalho que cada um destes tagarelas pessoalmente teria de executar com 
responsabilidade própria.
     Já naquele tempo 
exigi que, como na vida particular, também a respeito do movimento, se deveria 
buscar, dentro dos diferentes setores, o empregado, administrador ou gerente 
evidentemente capaz e honesto. Depois disso, dever-se-ia conferir-lhe a 
autoridade e a liberdade de ação incondicionais a respeito dos seus 
subordinados, e, ao mesmo tempo, exigir deles responsabilidade ilimitada para 
com os seus superiores. Ninguém pode ter autoridade sobre subordinados sem 
pessoalmente conhecer o trabalho em questão. No curso de dois anos, logrei cada 
vez maior êxito com essa prática, hoje aceita como natural no nosso movimento, 
pelo menos no que diz respeito à suprema 
direção.
     O êxito desta atitude tornou-se 
evidente no dia 9 de novembro de 1923. Quando, quatro anos antes, entrei para o 
movimento, não existia um simples carimbo. No dia 9 de novembro de 1923, foi 
dissolvido o Partido e confiscada sua fortuna. Esta montava, incluindo todos os 
objetos de valor e o jornal, em mais de cento e setenta mil marcos ouro.
CAPÍTULO XII - A QUESTÃO SINDICAL
     O 
rápido crescer do movimento obrigou-nos, no ano de 1922, a tomar-mos posição em 
torno de um problema que, ainda hoje, não está totalmente 
solucionado.
     Em nossas tentativas de estudarmos 
os métodos que, de maneira mais fácil e mais rápida, poderiam abrir caminho para 
levar o movimento ao coração das grandes massas, chocamo-nos sempre com a 
objeção de que o operário nunca nos pertenceria completamente, enquanto a defesa 
dos seus interesses na esfera puramente econômica e profissional permanecesse em 
mãos de pessoas orientadas de maneira diversa da nossa e a sua organização 
política estivesse sob a influência das 
mesmas.
     É claro que muita coisa falava a favor 
dessa objeção. O operário que exercia a sua atividade em uma fábrica, não podia, 
segundo a convicção geral, de modo nenhum existir, se não se tornasse membro de 
um sindicato. Não era apenas a sua importância profissional que parecia 
protegida por esse meio; também a estabilidade de sua posição na fábrica, só era 
concebível sendo ele filiado a um sindicato. A maioria dos operários fazia parte 
de uniões sindicais. Essas tinham, em geral, defendido as lutas pelo salário e 
concluído pactos tarifários, os quais, agora, iam assegurar ao operário um 
rendimento determinado. Indubitavelmente os resultados dessa luta eram 
favoráveis a todos os operários da fábrica, e, para o homem honesto, 
especialmente, iriam surgir conflitos de consciência, se porventura ele viesse a 
partilhar do salário obtido a custa de luta pelos sindicatos, tendo, entretanto, 
pessoalmente, permanecido alheio à mesma.
     Com o 
tipo. normal do empreiteiro burguês mui difícil era o poder-se falar acerca 
desse problema. Eles não tinham a compreensão (ou não queriam tê-la) do lado 
material da questão e nem tão pouco do lado moral. Finalmente, todos os 
pretensos interesses econômicos especiais falam, na verdade, de antemão, contra 
toda e qualquer concentração organizadora das forças de trabalho deles 
dependentes, de sorte que, já por esse motivo, na maioria deles, dificilmente se 
pode formar um juízo imparcial. Portanto, nesse caso, como aliás em muitos 
outros, é necessário que a gente se dirija aos que estão de fora, os quais não 
sucumbem à tentação de, estando na Igreja, não ver os santos. Esses, depois, com 
boa vontade, lograrão compreensão mais fácil para um assunto que, de uma maneira 
ou de outra, pertence ao número dos mais importantes da nossa vida do presente e 
da nossa vida futura.
     Já me manifestei no 
primeiro tomo acerca da natureza, finalidade e necessidade dos sindicatos. 
Adotei ali o ponto de vista de que, enquanto não surgir uma mudança na atitude 
do patrão com relação ao emprega do, seja por meio de medidas do Estado (as 
quais, geralmente, são em sua maioria infrutíferas), seja por meio de uma 
reeducação geral, ao operário não restará outra coisa senão defender ele mesmo 
os seus interesses apelando para o direito que lhe assiste como parte 
contratante de igual valor na vida econômica. Acentuei mais que em uma tal 
defesa repousaria, absolutamente, o sistema duma comunidade nacional inteira, se 
por meio dela lograssem ser evitadas injustiças sociais que pudessem trazer como 
conseqüência prejuízos graves para a comunhão geral de um povo Expliquei mais 
ainda que essa necessidade deverá ser considerada como existente, enquanto 
houver entre os patrões homens que não possuem em si sentimento, já não direi de 
deveres sociais, mas até mesmo dos mais comezinhos direitos humanos. Tirei daí a 
conclusão de que, desde o instante em que uma tal autodefesa seja considerada 
necessária, sua forma, analogicamente, só pode consistir em uma concentração dos 
empregados em bases sindicais.
     Quanto a 
concepção geral nada se modificou em mim no ano de 1922, Mas, na verdade, 
teve-se então de procurar uma fórmula dai-a e determinada para a atitude a ser 
tomada em face desse problema. Não se tratou, daí por diante, de se contentar a 
gente, apenas, com reconhecimentos, mas foi necessário que se tirassem deles 
conclusões de ordem prática.
     Tratava-se de 
responder às seguintes perguntas:
     1. Os 
sindicatos são necessários?
     2. Deve o N. S. D. 
A. P. (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães) exercer sua 
atividade sindicalmente ou conduzir os seus membros a exercerem uma tal 
atividade em qualquer outra forma?
     3. De que 
espécie deve ser um sindicato nacional socialista? Quais são as nossas tarefas e 
os seus objetivos?
     4. Como chegaremos a tais 
sindicatos?
     Creio ter respondido à primeira 
pergunta à saciedade. Tais como se encontram as coisas, hoje em dia, de acordo 
com a minha maneira de pensar, os sindicatos não podem ser dispensados. Pelo 
contrário, pertencem eles ao número das instituições mais importantes da vida 
econômica da nação. Mas a sua importância não repousa apenas na esfera político 
social, e sim, e em grau maior, em um setor político-nacional geral. Pois um 
povo, cujas extensas massas obtêm, por meio de um movimento sindical bem 
orientado, satisfação para as necessidades de sua vida, mas ao mesmo tempo 
educação, também, alcançará por esse meio uma força de resistência enorme em sua 
luta pela existência.
     Os sindicatos são 
necessários, sobretudo, como pedra fundamental do futuro parlamento econômico e, 
relativamente, das câmaras de classes.
     A 
segunda pergunta já não é tão fácil de ser respondida. Se o movimento sindical é 
importante, então é claro que o nacional socialismo deve tomar a sua posição não 
apenas teoricamente, mas também praticamente. Na verdade, o como já é mais 
difícil de explicar.
     O movimento nacional 
socialista, que tem em mira o Estado nacional socialista racista, não deve 
alimentar a menor dúvida de que todas as instituições futuras desse Estado 
deverão surgir de dentro do próprio movimento. É um erro gravíssimo acreditar 
que a gente possa, de repente, apenas de posse do poder, empreender uma 
reorganização, sem já dispor antecipadamente de um punhado de homens, cujo 
caráter, antes de tudo, esteja firmemente nos mesmos princípios. Aqui, também, 
tem valia o princípio de que, mais importante do que a forma exterior, a qual 
pode ser criada mecanicamente, muito depressa, permanece sendo sempre o espírito 
que enche uma tal forma. Autoritariamente pode-se, na verdade, enxertar, por 
exemplo, em organismo estatal o princípio "führeriano", de maneira ditatorial. 
Mas esse só adquirirá vida se, em sua própria evolução, se tiver formado nas 
mínimas coisas, paulatinamente, a si mesmo e pela constante seleção que põe 
diante de si, ininterruptamente, a dura realidade da vida, receber, no decurso 
de muitos anos, o material dirigente necessário à execução desse 
princípio.
     Assim sendo, não se deve imaginar 
seja possível se logre tirar de uma pasta, assim sem mais aquelas, o projeto de 
uma nova constituição e se ponha à luz do dia e, depois, por uma decisão 
autoritária, se possa "introduzir" de cima. Tentativas nesse sentido, se poderão 
fazer, é claro, mas o resultado não terá capacidade de vida, e sim que será, 
seguramente, uma criança natimorta. Isso me faz lembrar perfeitamente a 
Constituição de Weimar e a tentativa de outorgar ao povo alemão uma nova carta 
constitucional e unia nova bandeira, constituição essa que não se achava em 
conexão alguma com os acontecimentos vividos pelo nosso povo no último meio 
século.
     Também o Estado nacional socialista 
deve se precaver contra tais experiências. Ele poderá evoluir organicamente de 
uma organização já há muito tempo existente. Essa organização deve possuir em 
si, originariamente, vida nacional socialista, para, finalmente, criar um Estado 
nacional socialista vivo.
     Como já foi 
acentuado, os núcleos das câmaras econômicas estarão contidos nas diversas 
representações profissionais, portanto, antes de tudo, nos sindicatos. Mas se 
essa posterior representação de classes e o parlamento econômico central tiverem 
de representar uma instituição nacional socialista, então haverá mister que 
também esses importantes núcleos sejam portadores de uma opinião e de uma 
concepção nacional socialistas. As instituições do movimento serão transportadas 
para o Estado, mas o Estado não pode assim, repentinamente, tirar do nada, por 
artes mágicas, instituições correspondentes, a não ser que elas tenham de ficar 
sendo figuras absolutamente destituídas de 
vida.
     Já desse ponto de vista máximo, o 
movimento nacional socialista deve reconhecer a necessidade de uma atividade 
sindical própria.
     Ele o deve ainda mais pelo 
fato de que uma educação realmente nacional socialista, tanto do empregador como 
do empregado, no sentido de uma articulação de ambos os lados na moldura geral 
da comunidade nacional não se realizará mediante doutrinamentos teóricos, 
proclamações ou advertências, mas por meio da luta da vida quotidiana. Nela e 
por ela o movimento tem de educar os diferentes grupos econômicos e, nos grandes 
pontos de vista, aproximá-los uns dos outros. Sem um trabalho preparatório desse 
gênero, qualquer esperança na durabilidade de uma verdadeira comunidade nacional 
futura fica sendo ilusão brilhante, somente o grande ideal de concepção do 
universo que o movimento defende, poderá ir formando lentamente aquele estilo 
geral, o qual, então, nos novos tempos, há de aparecer como um estilo de 
fundamentos interiores realmente firmes e não como um estilo feito apenas 
exteriormente.
     A resposta à terceira Pergunta 
resulta do dito anteriormente. O sindicato nacional socialista não é órgão de 
luta de classe, mas um órgão da representação profissional. O Estado nacional 
socialista não conhece classes", mas, sob o aspecto político, apenas cidadãos 
com direitos absolutamente iguais e, por conseguinte, deveres gerais também 
iguais e ao lado disso membros do Estado que, do ponto de vista político 
estatal, porém, são absolutamente sem 
direitos.
     O sindicato, na maneira de entender 
nacional socialista, não tem por missão o transformar em uma classe, 
paulatinamente, determinados homens concentrados no seio de uma corporação 
nacional, para depois ir com ela travar luta contra elementos organizados de 
maneira idêntica no seio da comunidade nacional, Essa missão não a podemos, 
aliás, atribuir ao sindicato, mas ela lhe será distribuída no instante em que 
ele se transformar em instrumento de luta do marxismo. Não o sindicato cm si é 
que é "lutador de classes", mas o marxismo é que fez dele um instrumento para a 
luta de classes. Ele criou as armas econômicas de que se utiliza o judaísmo 
internacional para arruinar as bases econômicas dos Estados nacionais livres, 
independentes, para aniquilamento da sua indústria nacional e do seu- comércio 
nacional e por conseqüência para a escravização de povos livres ao serviço do 
judaísmo financeiro universal, super-estata1, o sindicato nacional socialista 
tem, por conseguinte, de aumentar a segurança da economia nacional, mesmo por 
meio da concentração organizadora de determinados grupos de participantes do 
processo econômico nacional, e de robustecer as forças dessa economia nacional, 
por meio da eliminação retificadora de todas os situações embaraçosas que, em 
suas últimas conseqüências fenomenológicos, obram de maneira destruidora sobre a 
nação, a força viva da comunidade nacional, mas com isso, também, causa danos ao 
Estado e, no fim de contas, leva a economia à desgraça e à 
corrupção.
     Para o sindicato nacional 
socialista, portanto, a greve não é um meio de destruição e abalo da produção 
nacional, mas, pelo contrário, meio para o seu aumento e o seu escoamento 
mediante o combate a todas as situações embaraçosas que, em conseqüência do seu 
caráter anti-social, entravam a capacidade da economia e consequentemente a 
existência da comunidade, Pois a capacidade do indivíduo está sempre em ligação 
causativa com a posição jurídica e social geral que ele adota dentro do processo 
econômico e com o reconhecimento que, somente dai, resulta da necessidade de 
florescimento desse processo para a sua própria 
vantagem.
     O empregado nacional socialista deve 
saber que o florescimento da economia nacional importa na sua própria felicidade 
material. O empregador nacional socialista deve saber que a felicidade e o 
contentamento dos seus empregados é a pressuposição necessária para a existência 
e evolução da sua própria grandeza 
econômica.
     Empregadores e empregados 
nacionais-socialistas são, ambos, encarregados e procuradores da comunidade 
nacional toda. A elevada medida de liberdade pessoal, que lhes é outorgada em 
seu agir, é explicável pelo fato de que, de acordo com a experiência, a 
capacidade do indivíduo é aumentada mais com a concessão de ampla liberdade do 
que com a coação vinda de cima e é, também, apropriada para impedir que o 
processo de seleção natural, que deve ser facilitado aos mais hábeis, aos mais 
capazes e aos mais diligentes, seja 
entravado.
     Para o sindicato nacional 
socialista, portanto, a greve é um meio que, só pode ser empregado e, na 
verdade, só o deve ser, enquanto não existir o Estado nacional socialista. Este, 
de fato, deverá tomar a seu cargo, em lugar da grande luta em massa dos dois 
grandes grupos - Empregadores e Empregados - (luta que prejudica a comunidade 
nacional toda em conseqüência da diminuição da produção que ela acarreta) o 
cuidado e a proteção dos direitos de todos. As Câmaras Econômicas, propriamente 
ditas, caberá o dever de conservar em andamento a economia nacional e de 
eliminar essas faltas e erros prejudiciais. O que, hoje em dia, é disputado na 
luta e nos combates de milhões, sê-lo-á, no futuro, nas câmaras de classes e no 
parlamento econômico central, aí deverá encontrar a sua solução. Com isso os 
empresários e operários não se lançarão furiosamente mais uns contra os outros 
em luta tarifária e salarial, prejudicando a existência econômica de ambos, mas 
entregam a solução desse problema a uma autoridade mais alta, a qual deve ter 
sempre a flutuar diante dos seus olhos, em letras bem luminosas, o bem-estar da 
comunidade nacional e do Estado.
     Também aqui, 
como aliás em toda parte, tem de valer o princípio brônzeo de que, em primeiro 
lugar, vem a pátria e depois, então, o 
partido.
     A missão do sindicato nacional 
socialista é a educação e a preparação para esse objetivo que, então, se define: 
Trabalho em comum de todos, para a manutenção e segurança do nosso povo e do 
nosso Estado, de acordo com as aptidões e forças inatas do indivíduo e as que 
ele vem a adquirir por educação, através da comunidade 
nacional.
     A quarta pergunta: Como chegarmos a 
esses sindicatos? parece, pelo seu lado, ser a mais difícil de 
responder.
     É mais fácil, em geral, lançar um 
alicerce em uma terra virgem do que em uma região que já possui um alicerce 
parecido. Em um lugar em que ainda não existe um negócio de uma determinada 
espécie, pode-se, facilmente, organizar um nessas condições. Mais difícil se 
torna isso quando já se encontra aí uma empresa semelhante, e dificílimo quando, 
além disso, coexistam circunstâncias, em virtude das quais somente um logra 
florescer. Pois aqui os fundadores se encontram diante da tarefa de, não apenas 
introduzir seu próprio negócio novo, mas de serem obrigados, para que possam 
subsistir, a aniquilar o que anteriormente já se encontrava no 
lugar.
     Um sindicato nacional socialista, lado a 
lado de outros sindicatos, é coisa inadmissível. Pois ele, também, deve se 
sentir compenetrado da sua missão possuidora de uma concepção do mundo e da 
intolerância que decorre desse dever inato, com relação a outras formações 
análogas ou hostis e da acentuação da necessidade exclusivista do seu próprio 
Eu. Não há aqui, também, entendimentos, nem compromissos, com aspirações afins, 
mas tão somente a manutenção do direito único e 
exclusivo.
     Há, apenas, dois caminhos para se 
atingir essa evolução.
     1. Poder-se-ia fundar um 
sindicato próprio e, depois, paulatinamente, empreender a luta contra os 
sindicatos marxistas internacionais, ou se 
poderia
     2. penetrar nos sindicatos marxistas e 
tratar, então, de imbui-los totalmente com o novo espírito e transformá-los, 
relativamente, em instrumentos do novo mundo de idéias. Contra o primeiro 
recurso falam as seguintes ponderações: nossas dificuldades financeiras eram, 
naquele tempo, sempre mais graves os meios que tínhamos à disposição, 
absolutamente sem importância. A inflação paulatina, mas sempre crescente, 
agravava a situação pela circunstância de que, nesses anos, se poderia falar de 
uma utilidade material tangível do sindicato para o seu membro. O operário, de 
per si, considerado desse ponto de vista, não tinha, absolutamente, motivo algum 
para fazer contribuições monetárias para o sindicato. Mesmo os sindicatos 
marxistas existentes estavam quase às portas da falência, até que, em virtude da 
genial ação do Ruhr do senhor Cuno, os milhões lhes caíram, subitamente no seio. 
Esse chanceler federal, sedicente "nacional", pode ser designado como o salvador 
dos sindicatos marxistas.
     Com tais 
possibilidades financeiras é que nós não podíamos contar nessa ocasião; e não 
podia seduzir a ninguém o entrar em um sindicato que, em conseqüência da sua 
impotência financeira, não teria podido lhe oferecer a mínima coisa. Por outro 
lado, devo eu me defender, incondicionalmente, de criar em uma dessas novas 
organizações apenas uma sinecura para espíritos, mais ou menos, 
grandes.
     Aliás, a questão pessoal desempenha o 
papel maior de todos. Não dispunha, outrora, de nem sequer uma cabeça a que eu 
teria confiado a solução desse momentoso tema. Quem, naquele tempo, tivesse 
realmente arruinado sindicatos marxistas a fim de, em. lugar dessa instituição 
da luta de classes aniquiladora, colocar a idéia do sindicato nacional 
socialista e contribuir para a sua vitória, esse pertence ao número dos 
verdadeiros grandes homens do nosso povo e seu busto deverá, um dia, ser 
dedicado à posteridade, no Walhalla de 
Regensburg.
     Mas eu não conheci nenhum crânio 
que tivesse se adaptado a uma tal peanha.
     É 
absolutamente falso, sob esse aspecto, o deixar-se transviar pelo fato de que os 
sindicatos internacionais dispõem até mesmo de meras cabeças medianas. Isso na 
realidade não diz nada; pois quando esses sindicatos foram fundados, outrora, 
não havia outros. Hoje o movimento nacional socialista tem de lutar contra uma 
organização gigantesca já existente há muito tempo e bem construída em seus 
mínimos detalhes. Mas o conquistador deve sempre ser mais genial do que o 
defensor, ele quer vencer a este. A fortaleza sindical marxista, hoje em dia, 
pode, na verdade, ser administrada por bonzos comuns; mas assaltada ela só o 
será pela selvagem energia e pela capacidade de uma grandeza extraordinária 
colocada do lado oposto. Se não se encontrar uma tal, é coisa destituída de 
objetivo o estar-se a contender com o destino, e ainda muito mais insensato o 
querer forçar a coisa com sucedâneos 
inadmissíveis.
     Aqui se trata de valorizar o 
conhecimento de que, na vida, é melhor, muitas vezes, o deixar de lado uma 
causa, do que começá-la só pela metade. por falta de forças 
apropriadas.
     Uma outra ponderação que, na 
verdade, não se deveria designar como demagógica, surge ainda aqui. Eu possuía, 
outrora, e possuo ainda hoje, a convicção inabalável de que é perigoso o ligar 
uma grande política de concepções filosóficas, demasiado prematuramente, com 
assuntos econômicos. Isso vale especialmente para o nosso povo alemão. Pois 
aqui. em um tal caso, a luta econômica roubará energias em seguida à luta 
política. Assim como o povo já chegou à convicção de que, por meio de economia, 
ele poderá obter uma casinha, ele irá se dedicar apenas a essa tarefa, e não lhe 
restará mais tempo algum para a luta política contra aqueles que, mais dia menos 
dia, pensam em lhe subtrair de novo os mil-réis economiza. dos. Em vez de 
pelejarem na luta política pela opinião e convicção adquiridas, dirigir-se-á 
ele, então, apenas para a sua idéia de "colonização", e no fim de contas, em sua 
maioria, ficarão a ver navios.
     O movimento 
nacional socialista está, hoje, no início da sua luta. Em sua maior parte deve 
ele primeiro formar a sua concepção filosófica e completá-la. Ele tem que 
pelejar com todas as suas energias pela realização dos seus grandes ideais e um 
sucesso só é admissível se todas as forças entraram, sem exceção, a serviço 
dessa luta. Mas o quanto a ocupação somente com problemas econômicos, pode 
paralisar a força ativa de luta, vemos, justamente hoje, em um exemplo clássico 
à nossa frente:
     A revolução de novembro de 1918 
não foi feita por sindicatos, mas realizou-se contra eles. E a burguesia alemã 
não moveu uma luta pelo futuro alemão, porque esse futuro no trabalho 
construtivo da economia parece suficientemente 
garantido.
     Devemos aprender com essas 
experiências; pois conosco também as coisas não se passariam de outra maneira. 
Quanto mais nós concentramos a força toda do nosso movimento na luta política, 
tanto mais depressa poderemos contar com o sucesso em tida a linha; mas quanto 
mais nós, prematuramente, nos sobrecarregarmos com problemas de sindicatos, 
colonização e outros semelhantes, tanto mais limitada será a vantagem para a 
nossa causa, considerado de uma maneira geral. Pois, por mais importantes que 
essas circunstâncias o sejam, a sua realização só. poderá aparecer em grande 
extensão, quando estivermos em condições de colocar o poder público a serviço 
desses pensamentos. Até lá esses problemas o que farão é tanto mais paralisar o 
movimento, quanto mais cedo ele se ocupar dessas coisas e tanto mais fortemente 
a sua vontade ideal se tornaria prejudicada. Poderia se dar facilmente o caso de 
que movimentos sindicais passassem a governar o movimento político, em lugar da 
concepção nacional socialista forçar o sindicato a seguir o seu 
rumo.
     Utilidade real para o movimento, como 
para o nosso povo em geral, porém, só pode surgir de um movimento sindical 
nacional socialista, se esse já estiver tão fortemente embebido das nossas 
idéias nacional socialistas que ele não corra mais perigo de seguir as pegadas 
marxistas. Pois um sindicato nacional socialista, que visse como sua missão 
apenas a concorrência aos marxistas, seria pior do que nenhum. Ele tem de 
declarar a sua luta ao sindicato marxista, não apenas como organização, mas, 
antes de tudo, como idéia. Ele deve encontrar nele o pregoeiro da luta de 
classes e da idéia de classes e deve se tornar, em lugar deles, o guardião dos 
interesses profissionais dos cidadãos 
alemães.
     Todos esses pontos de vista falavam, 
outrora, e falam ainda hoje, contra a fundação de sindicatos próprios, seria 
preciso que surgisse, subitamente, uma cabeça evidentemente designada pelo 
destino para solução desse problema.
     Assim 
sendo, havia, apenas, duas outras possibilidades: ou recomendar aos próprios 
correligionários que saíssem dos sindicatos, ou permanecessem neles até aqui 
para agirem aí de maneira mais destrutiva 
possível.
     De uma maneira geral eu recomendei 
esse último recurso. Especialmente no ano de 1922 e no ano de 1923, podia-se 
levar a cabo isso sem mais delongas; pois a vantagem financeira que durante o 
tempo da inflação, o sindicato, em conseqüência da juventude do nosso movimento, 
dispunha em suas fileiras de sócios não muito numerosos, era quase nulo. Mas o 
prejuízo para ele foi muito grande, pois os partidários nacionais socialistas 
eram os seus críticos mais agudos e por isso os seus destruidores 
internos.
     Nessa ocasião impugnei, inteiramente, 
todas as experiências que já de antemão traziam em si o fracasso. Eu teria 
considerado como um crime, tirar do ganho escasso de um operário qualquer soma 
para uma instituição, de cuja utilidade para os seus membros eu não possuía 
convicção íntima.
     Se um novo partido político 
um dia torne a desaparecer, isso mal chega a ser um dano, mas quase sempre uma 
vantagem, e ninguém tem o direito de se lamentar por causa disso; pois, o que o 
indivíduo dá a um movimento político, ele o dá a fonds perdu. Mas quem faz as 
suas contribuições para um sindicato tem direito ao cumprimento de uma 
compensação a ele assegurada. Se as contas não são ajustadas com ele, então os 
organizadores de um tal sindicato são embusteiros, ou quando menos pessoas 
levianas, que devem ser chamadas à 
responsabilidade.
     De acordo com essa maneira de 
ver foi que, no ano de 1922, agimos assim também. Outros julgaram isso 
aparentemente melhor e fundaram sindicatos. Eles nos exprobraram da falta de um 
tal sindicato como o sintoma mais evidente da nossa visão errônea e limitada. 
Entretanto, não se passou muito tempo até que essas instituições mesmas 
desaparecessem a sua vez, de sorte que a situação final era a mesma que a 
nossa.
     Somente com a diferença que nós nem nos 
enganáramos e nem aos outros.
CAPÍTULO XIII - FOLÍTICA DE ALIANÇA DA ALEMANHA APÓS A 
GUERRA
     A confusão reinante na direção da 
política externa do Reich, a falta de orientação segura na política de alianças, 
não só continuou com a Revolução mas até piorou. Se antes da Guerra, a confusão 
geral de idéias foi o motivo principal da má orientação do nosso governo em 
matéria de política externa, depois da Guerra foi a falta de boa vontade a causa 
de situação idêntica. Era natural que aqueles meios que, com a Revolução, viram 
afinal alcançados os seus objetivos destruidores, não pudessem ter qualquer 
interesses em uma política de alianças cujo resultado final devia ser a 
reconstrução de um Estado alemão livre. Não somente uma tal evolução estaria em 
contradição com as idéias do atentado de novembro, mas assim se interromperia ou 
mesmo se anularia o plano de internacionalização da economia alemã. Por outro 
lado, o efeito político interno de uma reconquista da liberdade na política 
externa seria fatal, no futuro aos atuais detentores do poder. Mal se pode fazer 
idéia do ressurgimento de um povo sem uma nacionalização prévia do mesmo. Por 
outro lado, todo grande sucesso político externo forçosamente tem esse 
resultado. É um fato sabido que qualquer combate pela liberdade resulta em um 
fortalecimento do sentimento nacional, da consciência da dignidade própria e 
também em um sentimento mais acentuado contra elementos e esforços 
anti-nacionalistas. Situações e pessoas que, em tempos pacíficos, são toleradas 
e, muitas vezes, até passam desapercebidas, encontram, em momentos de entusiasmo 
nacional, não somente repulsa mas até uma resistência, que freqüentemente, lhes 
é fatal. Basta que nos lembremos, por exemplo, do receio que todos tinham dos 
espiões que, no momento de estalar a Guerra, no fervor das paixões humanas, eram 
levados às mais brutais e injustificadas perseguições. No entanto, todos, 
facilmente, se poderiam convencer de que o perigo da espionagem, durante os 
longos tempos de paz, é muito maior, embora não desperte, nas mesmas proporções, 
a atenção geral.
     Por seu instinto apurado, os 
parasitas de Estado, trazidos à tona pelos acontecimentos de novembro, já estão 
prevendo a sua própria destruição, por um combate pela liberdade do nosso povo, 
apoiado em uma sábia política de alianças e no alvoroço de paixões nacionais 
inflamadas por essa política.
     Assim se 
compreende por que os detentores do poder, desde 1918, falharam quanto à 
política externa e porque a direção de Estado se opunha, quase sempre 
premeditadamente, aos interesses da nação alemã. O que, à primeira vista, podia 
parecer como não obedecendo a nenhum plano, aparece, após exame mais detido, 
como a conseqüência lógica da orientação tomada publicamente pela Revolução de 
novembro de 1918.
     Verdade é que, nesse caso, 
deve-se distinguir entre os chefes responsáveis ou, melhor, "os que deveriam ser 
responsáveis" pelos negócios públicos, entre a média dos politiqueiros 
parlamentares e o grande e estúpido rebanho do nosso povo, de paciência de 
carneiros.
     Uns sabem o que querem. Os outros ou 
os acompanham conscientemente ou porque são covardes de mais para oporem-se 
firmemente a fatos cuja nocividade compreendem. Outros ainda se submetem por 
incompreensão e estupidez.
     Enquanto o Partido 
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães tinha a extensão de um pequeno 
grupo, pouco conhecido, podia-se compreender que os problemas da política 
externa tivessem importância secundária ria opinião de certo número de 
partidários. No seio do nosso movimento sempre foi e devia ser propagada a idéia 
fundamental de que a liberdade externa não é proporcionada como presente do céu 
ou de poderes terrestres, mas só pode ser o fruto de um esforço interno. Só o 
afastamento das causas do nosso desmoronamento e o aniquilamento dos 
aproveitadores do mesmo, pode tornar possível o combate pela liberdade 
externa.
     Em conseqüência de tais pontos de 
vista, pode se compreender porque, nos primeiros tempos, o valor das questões da 
política externa em comparação com as intenções de reformas internas, foi 
relegado a segundo plano.
     Logo que se alargou o 
quadro da pequena e insignificante união, e a nova formação adquiriu a 
importância de uma grande associação, resultou também a necessidade de se tomar 
atitude em face das questões de política externa. Tratava-se de estabelecer 
diretrizes que não somente não fossem contrárias aos princípios fundamentais da 
nossa doutrina, como até representassem uma conseqüência desse modo de 
pensar!
     Justamente da falta de educação do 
nosso povo, em política externa, resulta, como dever do novo movimento, 
facilitar, mediante diretrizes gerais, tanto a cada um dos diferentes chefes 
como à grande massa, uma maneira de pensar a respeito da política a adotar, que 
seja a condição indispensável para qualquer futura realização prática no sentido 
da recuperação da liberdade do nosso povo e de uma soberania efetiva o 
Reich.
     O princípio essencial que, no julgamento 
desta questão, sempre devemos ter presente é que a política a externa é apenas 
um meio para se chegar a uma finalidade, e que o objetivo final é exclusivamente 
o progresso da nossa própria nacionalidade. Nenhuma deliberação em política 
externa deve ser tomada senão deste ponto de vista: resulta isso em proveito 
imediato ou futuro da nossa nação ou será prejudicial à 
mesma?
     Essa é a única prevenção que deve 
prevalecer no tratamento dessa questão. Pontos de vista político partidários, 
religiosos, humanitários, ou quaisquer outros devem ser 
afastados.
     Se, antes da Guerra, a política 
alemã externa tinha o dever de assegurar a alimentação do nosso povo, pelos 
meios que pudessem conduzir a esse fim, como a solidariedade com aliados 
eficientes, o seu dever de hoje é o mesmo, apenas com esta diferença: antes da 
Guerra tratava-se da conservação da nacionalidade alemã, tendo-se em 
consideração a força viva do Estado independente, hoje deve-se, primeiro, 
recuperar para o povo a força, na forma de um Estado livre, que é a condição 
essencial para a direção posterior de uma política externa prática no sentido da 
conservação, da alimentação e do progresso do nosso 
povo.
     Em outras palavras: O fim atual de uma 
política alemã externa deve ser a preparação para a recuperação da 
liberdade.
     Nisso não se deve deixar de observar 
um princípio fundamental: a possibilidade de recuperar a independência de um 
povo não depende absolutamente dos limites territoriais mas sim da existência de 
uma base, por menor que seja, desse povo e desse Estado, capaz de dispor da 
necessária liberdade, de ser a personificação não somente da comunidade 
intelectual da nação inteira, mas também o preparador para o combate militar em 
favor da independência.
     Se um povo de cem 
milhões tolera o jugo da escravidão, só para conservar a integridade do Estado, 
isso é pior do que se tal Estado ou tal povo tivesse sido destroçado e se 
tivesse conservado somente uma parte do mesmo a liberdade completa. Isso, 
naturalmente, na hipótese de que esta última somente de apregoar 
ininterruptamente a união intelectual e cultural mas também de preparar, pelas 
armas, a definitiva libertação e de reunir novamente as partes 
oprimidas.
     Além disso, não nos devemos esquecer 
que o problema da recuperação de partes perdidas do território de uma nação 
consiste, em primeiro lugar, na reconquista do poder político e da independência 
da Pátria, que, portanto, em um tal caso, os interesses de territórios perdidos 
devem ser absolutamente postos de lado, visando-se apenas o interesse da 
recuperação da liberdade nacional. Pois a libertação de partes isolados de uma 
raça ou de províncias de um Estado não se realiza em virtude do desejo dos 
oprimidos ou de protestos, mas sim pelos recursos de força dos remanescentes, 
conservados mais ou menos independentes, da primitiva pátria 
comum.
     Portanto, a condição essencial para a 
recuperação de territórios perdidos é o fortalecimento do território que se' 
conservou livre e a resolução inabalável de pôr, no momento oportuno, a nova 
força adquirida ao serviço da libertação e da união de toda a nacionalidade. Em 
resumo, deve-se adiar a defesa dos interesses dos territórios conquistados, e 
ver apenas o interesses de conseguir para a nação um poder e força políticos 
absolutamente necessários para a correção da obra do vencedor inimigo. Povos 
subjugados não serão reconduzidos ao seio da Pátria comum por meio de protestos 
ardentes, mas mediante uma espada 
eficiente.
     Forjar essa espada é a missão dos 
dirigentes da política interna de um povo; assegurar o funcionamento da forja e 
preparar companheiros de combate é o dever da direção e política 
externa.
     No primeiro volume dessa obra 
ocupei-me da fraqueza da nossa política de aliança de antes da Guerra. Dos 
quatro caminhos que se ofereciam para a conservação da nossa nacionalidade e 
alimentação do nosso povo, tinha-se escolhido justamente o menos vantajoso. Em 
lugar de fazer se uma sã política territorial européia, preferiu-se uma política 
colonial e econômica. Isto era tanto mais errado quanto se acreditava poder 
assim evitar-se uma decisão pelas armas. O resultado dessa tentativa de querer 
apoio em vários lados foi a queda, como sempre acontece em casos idênticos. A 
guerra mundial foi apenas a última conseqüência que o Reich sofreu em 
conseqüência de sua má direção.
     O melhor 
caminho já naquele tempo teria sido: o reforçamento do poder no Continente 
mediante a aquisição de novos territórios na Europa, com o que justamente se 
teria alcançado a possibilidade de uma futura política colonial. Na realidade, 
aquela política só teria sido possível em aliança com a Inglaterra ou levando a 
força militar a um desenvolvimento tal que, por quarenta a cinqüenta anos, 
prejudicaria todos os objetivos culturais. A importância cultural de uma nação 
quase sempre está ligada à liberdade política e à independência da mesma, e, 
consequentemente, é esta a condição sine qua non para a garantia de sua 
existência.
     Por esse motivo, todo sacrifício em 
favor da liberdade política é perfeitamente justificado, o sacrifício dos 
interesses culturais por uma preparação militar será grandemente compensado. 
Pode-se mesmo dizei- que, depois de um esforço concentrado no sentido da 
conservação da independência nacional, geralmente se verifica uma surpreendente 
expansão das forças culturais da nação até então relegadas a segundo plano. O 
perigo das guerras dos Persas provocou o florescimento do século de Péricles e, 
devido às inquietações das guerras púnicas, começou o Estado romano a 
preocupar-se com uma cultura mais elevada.
     É 
claro que não se pode confiar à força de resolução de uma maioria de idiotas 
parlamentares a subordinação incondicional de todos os demais interesses de uma 
nação ao dever único da preparação militar para a segurança do Estado. Só o pai 
de Frederico, o Grande, seria capaz de sacrificar todos os demais problemas ao 
da preparação militar, mas os pais da nossa parlapatice parlamentar de cunho 
judaico não são capazes disso.
     Só por esse 
motivo, a preparação militar, antes da Guerra, visando uma conquista territorial 
na Europa, era quase impossível, sem uma inteligente política de 
alianças.
     Como, em geral, não se cogitava 
absolutamente de uma preparação sistemática para a guerra, renunciou-se à 
política de conquistas territoriais na Europa e sacrificou-se, com a política 
colonial e econômica, a natural aliança com a Inglaterra, aliás perfeitamente 
possível. Não se cogitou, como seria lógico, de um apoio na Rússia, e, por isso, 
ficamos isolados, apoiados apenas, na Guerra, pelos doentes 
Habsburgos.
     A nossa política internacional não 
possui uma diretriz que a caracterize. Se, antes da Guerra, tomava-se 
erradamente o quarto caminho, para segui-lo indecisamente, depois da Revolução 
nem para os olhos mais perspicazes seria possível descobrir uma orientação. Mais 
do que antes da Guerra, faltava qualquer plano regular, a não ser o de tentar 
aniquilar a última possibilidade de uma ressurreição do nosso 
povo.
     Um exame imparcial das relações das 
potências européias leva-nos às seguintes conclusões:
Durante trezentos anos, 
a história do nosso continente caracterizou-se pela tentativa da Inglaterra de 
cercar-se da necessária garantia contra coalizões de potências que pudessem 
perturbar os seus planos de política mundial.
     A 
tendência tradicional da diplomacia britânica, com a qual, na Alemanha, só pode 
ser comparada a tradição do exército prussiano, era, desde o governo da rainha 
Elisabeth, impedir, por todos os meios, que qualquer uma das grandes potências 
européias se elevasse de maneira a tornar-se predominante. E, para alcançar esse 
objetivo, não recuaria nem mesmo ante intervenções militares. Os meios que a 
Inglaterra em tal caso costumava empregar, variavam, segundo a situação 
existente ou o problema a resolver, mas a firmeza de resolução era sempre a 
mesma. Quanto mais difícil era a situação da Inglaterra tanto mais necessário 
parecia ao governo inglês a conservação do statu quo das diferentes forças da 
Europa, mantendo-se as rivalidades entre as mesmas. A independência política da 
antiga colônia norte-americana, com o tempo, deu lugar a que o governo britânico 
dispendesse os maiores esforços para garantir a sua política 
continental.
     Depois que a Espanha e os 
Países-Baixos deixaram de ser grandes potências marítimas, as forças do Estado 
inglês concentraram-se contra a elevação da França à posição de grande potência, 
até que, finalmente, com a queda de Napoleão I, a hegemonia desse poder militar, 
o mais perigoso para a Inglaterra, parecia para sempre 
destruída.
     A mudança de orientação da 
diplomacia inglesa a respeito da Alemanha foi um processo lento, porque a 
Alemanha, em conseqüência da sua falta de unidade, não oferecia nenhum perigo 
para a Inglaterra. A opinião pública, uma vez preparada por meio de propaganda 
para um fim político determinado, somente aos poucos toma novos rumos. As 
opiniões dos estadistas transformam-se, no espírito do povo, em valores 
sentimentais que não só são mais eficientes na sua atuação, mas também resistem 
à ação do tempo. Assim o estadista, depois de ter alcançado seu objetivo, 
facilmente muda de idéias; a massa, porém, só depois de uma lenta e continuada 
propaganda, poderá servir de instrumento da nova orientação dos 
chefes.
     Já em 1870/71, a Inglaterra tinha 
adotado a sua nova atitude. Suas vacilações resultantes da importância da 
América na economia mundial assim como o desenvolvimento do poder político da 
Rússia, infelizmente não foram aproveitados pela Alemanha. O resultado foi que a 
tendência histórica da diplomacia britânica tornou-se cada vez mais 
firme.
     A Inglaterra via na Alemanha a potência, 
cuja importância econômica e portanto política, em conseqüência da sua enorme 
industrialização, aumentava em proporções tão ameaçadoras, que já se podiam 
colocar os dois países no mesmo plano. A conquista do mundo por processos 
"econômicos pacíficos", que os nossos estadistas viam como a última palavra da 
sabedoria política, forneceu ao político inglês o motivo da organização da 
resistência contra a Alemanha. Essa resistência não podia deixar de assumir a 
forma de um ataque universal organizado, sabido como é que a diplomacia inglesa 
não visava a manutenção de uma paz duvidosa, mas sim a consolidação do domínio 
britânico no mundo. Para isso a Inglaterra recorreu a alianças com todos os 
países militarmente fortes, o que estava de acordo com a sua proverbial 
precaução na avaliação das forças do inimigo e com o conhecimento da sua própria 
fraqueza militar no momento. Essa atitude não se pode denominar inescrupulosa, 
pois a organização de uma guerra não obedece a pontos de Vista de nobreza de 
sentimentos, mas ao senso da oportunidade. O dever de qualquer diplomacia é 
evitar que uma nação pereça heroicamente, e que se conserve praticamente. 
Qualquer caminho que conduza a este objetivo é, então, conveniente, e a não 
utilização do mesmo deve ser classificada de crime, de esquecimento do 
dever.
     Na agitação política da Alemanha a 
diplomacia britânica encontrou o meio seguro de evitar a ameaça de uma hegemonia 
mundial germânica.
     Já agora não existe, da 
parte da Inglaterra, o interesse de riscar completamente a Alemanha do mapa 
europeu. Ao contrário, justamente a horrível derrocada conseqüente ao movimento 
de novembro de 1918, colocou a diplomacia britânica em frente de uma situação 
nova que, de princípio, não se poderia acreditar como possível. A Alemanha 
estava destruída e a França tornava-se a primeira potência militar do 
continente.
     Durante quatro anos e meio, o 
império britânico tinha lutado para evitar a hipotética preponderância de uma 
potência continental. Agora, com a perda da Guerra, parecia desaparecer 
completamente aquela potência. Dava-se uma demonstração da ausência do mais 
primitivo instinto de conservação própria; acreditou-se que o equilíbrio europeu 
estava rompido por um acontecimento de apenas 48 
horas.
     A propaganda extraordinária que, na 
Guerra, manteve o entusiasmo e a perseverança do povo britânico e revolveu todos 
os seus instintos primitivos e paixões, devia agora ser o pesadelo dos 
diplomatas britânicos. Com o aniquilamento da Alemanha, isto é, da sua política 
colonial econômica e comercial, estava alcançado o objetivo britânico da guerra; 
tudo que não fosse isso redundaria em prejuízo para os interesses ingleses. Com 
o aniquilamento de um estado poderoso, como a Alemanha, na Europa continental, 
somente podiam ganhar os inimigos da Inglaterra. Apesar disso, uma mudança na 
orientação da diplomacia inglesa, que, durante a Guerra, se tinha servido mais 
do que nunca das forças sentimentais da grande massa, não era mais possível em 
novembro de 1918 e no verão de 1919. Não era possível do ponto de vista da 
orientação efetiva do próprio povo e não era possível em vista das proporções 
entre as diferentes potências militares. A França podia ditar a sua vontade aos 
outros. A única potência, porém, que durante estes meses, em que tudo se 
regateava e mercadejava, teria sido capaz de trazer uma mudança à situação, era 
a Alemanha, mas esta sofria as convulsões da guerra civil e anunciava, pela voz 
dos seus chamados diplomatas, a sua disposição para aceitar qualquer 
tratado.
     Quando um povo, em conseqüência da 
falta absoluta de instinto de conservação própria, perde a capacidade de 
constituir-se em aliado eficiente de outro, degenera em uma nação escrava e 
passa para a categoria de colônia.
     Justamente 
para não deixar crescer o poder da França desproporcionadamente, a única 
política possível, por parte da Inglaterra, era participar da política de 
pilhagem da França.
     Na realidade, a Inglaterra 
não alcançou os objetivos com que entrou para a Guerra. Não conseguiu evitar a 
existência de uma grande potência militar capaz de perturbar o equilíbrio 
europeu; ao contrário, concorreu para a formação da 
mesma.
     A Alemanha, como potência militar, 
estava, no ano de 1914, apertada entre dois países dos quais um dispunha de um 
poder igual, o outro de um maior que ela. A isso dever-se-ia juntar o 
predominante poder marítimo da Inglaterra. A França e a Rússia sozinhas 
ofereciam a qualquer desmedida expansão alemã obstáculos e resistências 
invencíveis. Além disso, a situação geográfica, extraordinariamente desfavorável 
do Reich, sob o ponto de vista militar, deveria ser vista como mais uma 
segurança contra um demasiado aumento da força da Alemanha. Especialmente o 
litoral alemão era, do ponto de vista militar, desfavorável no caso de uma 
guerra contra a Inglaterra, por suas pequenas proporções em face da extensão da 
frente continental, inteiramente 
aberta.
     Totalmente diferente é a posição da 
França de hoje. Militarmente, é a primeira potência, sem nenhum concorrente 
sério no continente: as suas fronteiras no sul estão bem protegidas com a 
Espanha e a Itália. Por outro lado, está protegida contra a Alemanha pela 
fraqueza da nossa pátria. O seu litoral, apresenta uma frente extensa contra o 
império britânico. Os seus aeroplanos e baterias de grande alcance podem 
facilmente alcançar os seus alvos ingleses, As ações do submarino seriam 
expostas as vias de comunicação do comércio britânico. Uma guerra submarina, com 
apoio tanto nas extensas costas do Atlântico quanto nas não menos extensas do 
Mediterrâneo, na Europa e na África do Norte, teria conseqüências 
devastadoras.
     Assim o resultado da guerra 
contra o aumento do poder da Alemanha foi, sob o ponto de vista político, da 
hegemonia francesa no continente. O resultado militar foi a consolidação da 
França como primeira potência militar e o reconhecimento dos Estados Unidos da 
América do Norte como potência marítima eqüivalente. Em matéria de política 
econômica, o que se verificou foi a passagem de grandes territórios, onde 
predominavam os interesses britânicos, a aliados 
antigos.
     Assim como os tradicionais objetivos 
políticos da Inglaterra exigem uma espécie de balcanização da Europa, os da 
França são no sentido de uma balcanização da 
Alemanha.
     O desejo da Inglaterra é e sempre 
será impedir a formação de ama grande potência continental com uma exagerada 
importância política universal, para assim manter o equilíbrio europeu, condição 
indispensável à hegemonia britânica no mundo.
     O 
desejo da França é e sempre será impedir a formação de um poder sólido na 
Alemanha, conservando um sistema de pequenos Estados com forças equilibradas e 
sem uma direção uniforme, com a ocupação da margem esquerda do Reno para 
assegurar a sua hegemonia na Europa.
     O objetivo 
final da diplomacia francesa será eternamente contrário ao da diplomacia 
britânica.
     Quem, dos pontos de vista acima 
explicados, fizer um exame das possibilidades de aliança da Alemanha deve chegar 
à convicção de que só nos resta- um entendimento possível e esse é com a 
Inglaterra. Por mais horrorosas que tenham sido e sejam ainda para a Alemanha as 
conseqüências da política inglesa na Guerra, não se deve perder de vista que já 
não existe, de parte da Inglaterra, o desejo de aniquilar a Alemanha, mas, ao 
contrário, a política inglesa, cada vez mais, trabalha para pôr um freio ao 
excesso de poder da França. Agora não mais se fará uma política de alianças 
influenciada por divergências passadas mas apoiada na experiência. A experiência 
devia ter ensinado que alianças para a execução de fins negativos são 
naturalmente fracas.
     Os destinos de povos só se 
aliam pela perspectiva de um sucesso comum no sentido de aquisições 
territoriais, de conquistas comuns, em aumento de força de ambos os 
lados.
     A falta de senso do nosso povo, em 
assuntos de política externa, demonstra-se claramente nas notícias diárias da 
imprensa a respeito da maior ou menor "simpatia pela Alemanha" manifestada por 
esse ou aquele diplomata estrangeiro, na qual se vê a garantia de uma política 
de colaboração conosco. Isso é um absurdo incrível, uma exploração da 
ingenuidade sem par do tipo normal do político alemão. Não há estadista inglês, 
americano ou italiano que possa ser indicado como simpático ao povo alemão. Cada 
estadista inglês naturalmente será antes de tudo inglês, qualquer americano, 
americano, e não há diplomata italiano que esteja inclinado a fazer outra 
política que não seja a reclamada pelos interesses de seu país. Quem, pois, 
acredita poder fundar alianças com nações estrangeiras baseadas na simpatia dos 
estadistas para com a Alemanha, ou é um asno ou um hipócrita. A condição 
essencial para a aliança de povos não está nunca em uma estima recíproca, mas na 
previsão de uma conveniência das partes contratantes. Isso significa que um 
diplomata inglês sempre fará política pró Inglaterra e nunca pró Alemanha. Pode 
acontecer, porém, que os objetivos da política inglesa e da alemã sejam 
idênticos, embora por motivos diferentes. Essa harmonia que se verifica em 
determinado momento pode desaparecer de futuro. A habilidade diplomática de um 
estadista está justamente em encontrar para a execução de seus próprios 
interesses, em determinado tempo, os colaboradores que, na defesa de interesses 
idênticos, têm de percorrer o mesmo caminho.
     A 
utilidade prática para a atualidade somente pode resultar da resposta às 
seguintes interrogações: Quais são atualmente os Estados que não têm interesse 
vital em que, mediante o afastamento da hipótese de uma Europa central alemã, 
chegue o poder econômico e militar francês a assegurar-se a absoluta hegemonia 
continental? Quais são os Estados que. em virtude das suas próprias condições de 
vida e da sua tradicional orientação política, vêem na hegemonia da França uma 
ameaça ao seu próprio futuro?
     Não devemos ter a 
mínima dúvida de que o inimigo mortal, inexorável, do povo alemão é e será 
sempre a França. É indiferente que a França seja governada por Bourbons ou 
jacobinos, bonapartistas ou democratas burgueses, republicanos clericais ou 
bolchevistas vermelhos. O objetivo da sua atividade política será sempre a 
tentativa da conquista das fronteiras do Reno e de uma garantia para a posse 
deste rio, pela França, com o enfraquecimento da 
Alemanha.
     A Inglaterra não deseja que a 
Alemanha se transforme em potência mundial, a França não nos quer como potência 
de espécie alguma. Há uma grande diferença nesses dois pontos de 
vista!
     Hoje em dia, não estamos, porém, 
combatendo para conquistar a posição de potência mundial; temos de lutar pela 
existência da nossa pátria, pela união da nossa nação e pelo pão de todos os 
dias para nossos filhos. Aceitando esse ponto de vista, só dois Estados na 
Europa podem fazer aliança conosco: a Inglaterra e a 
Itália.
     A Inglaterra não deseja uma França cujo 
poder militar não controlado pelo resto da Europa, disponha das condições 
essenciais para uma posição ameaçadora. E, além disso, nunca a Inglaterra pode 
desejar uma França que, pelo enfraquecimento do resto da Europa, venha a ocupar, 
na política, uma posição tão segura que permita e até provoque o 
restabelecimento de uma política francesa em, maior 
escala.
     A preponderância militar da França é 
para o império inglês um pesadelo muito maior que as bombas dos nossos 
Zepelins.
     A Itália também não pode desejar o 
aumento da preponderância francesa na Europa. O futuro da Itália sempre 
dependerá da sua expansão territorial na bacia do Mediterrâneo. O motivo que 
levou a Itália à guerra, certamente não foi o desejo de aumentar o poder da 
França, mas muito mais a intenção de dar um golpe de morte no odiado concorrente 
adriático. Qualquer aumento de força da França no continente eqüivale, para o 
futuro, a uma diminuição da Itália. Ninguém se deve, pois iludir pensando que a 
afinidade de raças entre nações seja capaz de anular 
rivalidades.
     Refletindo-se, friamente, chega-se 
à conclusão de que a Inglaterra e a Itália são os dois Estados, cujos interesses 
naturais menos se encontram em conflito com as condições essenciais para a 
existência da nação alemã e que, até certo ponto, se identificam com os nossos 
interesses.
     No julgamento das possibilidades de 
uma tal aliança, não devemos desprezar três fatores: O primeiro reside em nós, 
os outros dois dizem respeito aos outros 
países.
     Será possível fazer uma aliança com a 
Alemanha atual? As potências só se aliam para reforçar as suas posições, o seu 
caráter ofensivo. Quem cogitaria de aliar-se a um Estado, cujo governo, há anos, 
oferece o espetáculo de lastimável incapacidade, de covardia pacífica, e no qual 
a maior parte do povo, cega pelos democratas-marxistas, está atraiçoando os 
interesses da própria nação, de uma maneira que clama ao céu? Pode qualquer 
potência, hoje em dia, alimentar a esperança de fazer aliança eficiente com um 
Estado, na suposição de defender um dia interesses comuns. se esse Estado 
aparentemente não tem nem coragem nem ânimo de defender a própria vida? Existirá 
uma potência qualquer, - para a qual uma aliança seja mais que um pacto de 
garantia para a conservação de um Estado em lento apodrecimento - que se 
comprometa, para a vida ou para a morte, com uma nação cujos característicos 
consistem em submissão canina para com o exterior e na mais vergonhosa ausência 
de virtudes nacionais do interior, com uma nação que não possui mais grandeza 
porque já não a merece, em conseqüência de sua própria conduta, com governos que 
não gozam da mínima estima por parte dos cidadãos e muito menos por parte dos 
estrangeiros?
     Não. Uma potência, que veja em 
uma aliança mais do que vantagens para parlamentares ávidos de lucros, não 
entrará, não poderá entrar em uma aliança com a Alemanha de hoje. A nossa 
incapacidade para qualquer aliança é a causa mais importante da solidariedade 
dos piratas inimigos. Como a Alemanha nunca se defende senão por alguns 
ardorosos "protestos, por parte dos nossos parlamentares, o resto do mundo não 
tem razão para libertar nações covardes. O próprio Criador não dá a liberdade- a 
povos pusilânimes! Em face das lamentações dos nossos "patriotas", não resta, 
aos Estados que não tenham nenhum interesses direto em ver-nos completamente 
aniquilados, nada mais que tomar parte nas piratarias francesas quando não por 
outros motivos ao menos para, por uma tal participação no roubo, evitar o 
fortalecimento exclusivo da França.
     Além disso, 
não se deve desconhecer a dificuldade de conseguir uma transformação dos 
sentimentos das grandes massas populares, quando influenciadas em uma certa 
direção por uma propaganda intensiva. Não se pode, pois, apontar, durante anos, 
uma nação como composta de "Hunos", "piratas", "vândalos", para, de repente, de 
um dia para outro, proclamar o contrário e recomendar o antigo inimigo como 
aliado.
     Mais atenção ainda merece um terceiro 
fato, de importância capital para a formação de futuras alianças na 
Europa.
     Admitindo-se mesmo que seja pequeno o 
interesse da Inglaterra na continuação da derrocada da Alemanha, não se deve 
perder de vista que é imenso o do judaísmo financeiro internacional. A 
divergência entre os estadistas britânicos e as forças judaicas da Bolsa em 
parte nenhuma aparece mais clara do que nas suas respectivas atitudes nas 
questões da política internacional inglesa. O judaísmo financeiro, deseja, 
contrariando os interesses do Estado britânico, não somente o inteiro 
aniquilamento econômico da Alemanha, mas também sua completa escravização 
política. A internacionalização da economia alemã, isto é, a exploração do 
trabalho alemão por parte dos financeiros judeus internacionais, somente será 
praticável em um Estado politicamente bolchevizado. Mas a tropa de assalto 
marxista do capitalismo internacional judaico só poderá quebrar definitivamente 
a espinha dorsal do Estado alemão mediante a assistência amigável de fora. Por 
isso, os exércitos da França devem ocupar a Alemanha, até que o Reich, corroído 
no interior, seja dominado pelas forças bolchevistas a serviço do capitalismo 
judaico internacional.
     Assim, o judeu é, hoje 
em dia, o grande instigador do absoluto aniquilamento da Alemanha. Todos os 
ataques contra a Alemanha, no mundo inteiro, são de autoria dos judeus. Foram 
eles que, na paz como durante a guerra, pela sua imprensa, atiçaram, 
premeditadamente o ódio contra a Alemanha, até que Estado por Estado abandonou a 
neutralidade e assentou praça na coligação mundial, renunciando aos verdadeiros 
interesses dos seus povos.
     As idéias do 
judaísmo nesse assunto são de uma clareza meridiana. A bolchevização da 
Alemanha, isto é, a exterminação da cultura do nosso povo e a conseqüente 
pressão sobre o trabalho alemão por parte dos capitalistas judeus é apenas o 
primeiro passo para a conquista do mundo por essa raça. Como tantas vezes na 
história, também neste monstruoso combate, a Alemanha é o alvo fixado. Caso o 
nosso povo e o nosso Estado sejam vítimas destes tiranos sanguinários e ávidos 
de ouro, o mundo inteiro cairá nos tentáculos deste polvo; se a Alemanha 
conseguir libertar-se das garras do judaísmo, estará afastado, para felicidade 
do mundo, esse formidável perigo que representa a dominação 
judaica.
     Por isso é que o judaísmo desenvolve 
todos os seus esforços não somente para manter a atual hostilidade das nações 
contra a Alemanha, mas, se possível, para aumentá-la ainda mais. Nesse trabalho, 
somente em proporção insignificante, defendem os verdadeiros interesses dos 
povos assim envenenados. O judaísmo, no seio das diferentes nacionalidades, 
sempre lutará com armas que pareçam ser, em face da mentalidade dessas nações, 
as mais eficientes e de êxito mais seguro. No seio do nosso povo, sem unidade 
racial, as idéias que propagam os judeus são mais ou menos "cosmopolitas", 
pacifistas, sentimentais, enfim de tendências internacionais, das quais o 
judaísmo se serve no seu combate pelo poder; na França operam por meio do muito 
apreciado chauvinismo; na Inglaterra agem inspirados em pontos de vista 
econômicos e políticos universais. Em uma palavra, agem sempre de acordo com os 
atributos essenciais que caracterizam a mentalidade de cada nação. Quando, por 
essa maneira, conseguem uma certa influência predominante na direção econômica e 
política é que desprezam essas armas e revelam as verdadeiras intenções íntimas 
da sua luta. Começa o período de destruição, cada vez mais acentuado, até terem 
convertido em um campo de ruínas uma nação após outra e, sobre essas ruínas, 
erigirem a soberania do império judaico 
eterno.
     Na Inglaterra como na Itália, é clara, 
ressalta aos olhos, a divergência entre as opiniões dos verdadeiros estadistas e 
as intenções do judaísmo financeiro mundial.
     Só 
na França existe, hoje mais do que nunca, uma intima harmonia entre as intenções 
do capitalismo judaico e os desejos de uma política nacional chauvinista. 
Justamente nessa harmonia está um perigo enorme para a Alemanha; justamente por 
esse motivo a França é e será sempre o inimigo mais terrível. Esse povo, 
continuando cada vez mais a degenerar-se pela mistura com os negros africanos, 
representa, na sua ligação com os objetivos da dominação mundial judaica, um 
perigo latente para a existência da raça branca na Europa. A infecção do sangue 
africano no Reno, no coração da Europa, significa não só a sede de vingança 
sadística e perversa desse eterno inimigo hereditário do nosso povo como a fria 
resolução do judeu de começar assim o abastardamento do centro do continente 
europeu, privando a raça branca, mediante infecção com sangue humano inferior, 
dos fundamentos para uma existência autônoma.
     O 
que está fazendo hoje a França, na Europa, instigada pela própria sede de 
vingança, guiada pelo judeu, é um atentado contra a existência da humanidade 
branca, que um dia há de atiçar contra esse povo as explosões de vingança de uma 
geração que tenha reconhecido no aviltamento da raça o maior crime da espécie 
humana.
     Para nós alemães, porém, o perigo 
francês nos impõe o dever, com abandono de todos os motivos sentimentais, de 
estender a mão àquele que sob as mesmas ameaças, não estiver disposto a apoiar e 
permitir os desejos de dominação da França
     Na 
Europa, só dois aliados são possíveis à Alemanha: a Inglaterra e a 
Itália.
     Quem se der o trabalho de lançar um 
golpe de vista retrospectivo sobre a orientação da política externa da Alemanha 
desde a Revolução, deve, ante as constantes falhas do nosso governo, ou perder a 
esperança de dias melhores ou rebelar-se contra semelhante Governo. Não se pode 
imaginar nada de mais contrário ao bom senso. Os gigantes intelectuais da 
Revolução de novembro chegaram a esta coisa inconcebível a qualquer cérebro 
normal: procurar merecei- as simpatias da França! Naqueles tempos, com uma 
comovente ingenuidade procuravam os nossos estadistas insinuar-se junto à 
França, lisonjear sempre a "grande nação" e, em cada- truque do carrasco 
francês, procuravam ver o sinal de uma mudança de sentimentos a nosso respeito. 
Os verdadeiros orientadores da nossa política externa naturalmente nunca 
acreditaram em tal idiotice. Para eles a lisonja da França era o meio natural 
para evitarem qualquer política de alianças que servisse aos interesses da 
nação. Eles sabiam perfeitamente quais eram as intenções da França e dos que 
manobravam por trás dos bastidores. O que os forçou a fingir que acreditavam 
honestamente na possibilidade de uma mudança na situação alemã foi a certeza de 
que, de outro modo, o nosso povo provavelmente teria, por si mesmo, tomado outra 
orientação.
     Naturalmente é difícil para nós, 
nacionais-socialistas, imaginar a Inglaterra como possível aliada futura. A 
nossa imprensa judaica conseguiu sempre alimentar o ódio especialmente contra a 
Inglaterra, e muitos alemães simplórios se deixaram fisgar pelo estratagema dos 
judeus, que consistia em fazer frases sobre a ressurreição de um poder marítimo 
alemão, em protestar contra a perda das nossas colônias, em sugerir a sua 
recuperação, cooperando assim, para fornecer o material que o miserável judeu 
mandava aos seus correligionários na Inglaterra, para efeitos de propaganda. Os 
nossos idiotas políticos burgueses deviam ter compreendido que, hoje, já não 
devemos lutar por poder marítimo, etc. Mesmo antes da guerra já era uma loucura 
orientar as forças nacionais nesse sentido, sem uma prévia consolidação da nossa 
posição na Europa. Tal aspiração é uma estupidez que, em política, deve ser 
vista como crime.
     Era de fato, para desesperar, 
quando se observava como os judeus conseguiam entreter o povo alemão com 
assuntos secundários, arrastá-lo a manifestações e protestos, enquanto, ao mesmo 
tempo, a França dilacerava a nossa nação, subtraindo-nos os fundamentos da nossa 
independência.
     Devo aqui mencionar que o 
problema do sul do Tirol era objeto constante das explorações dos 
judeus.
     Se insisto nesse assunto, é porque 
desejo chamar a contas essa corja de mentirosos que, contando com a falta de 
memória e a estupidez das grandes massas populares, atreve-se a fingir um 
movimento de revolta nacional, que sobretudo, aos mistificadores parlamentares, 
é tão absurdo como a noção de propriedade é a uma 
pega.
     Desejo acentuar que, pessoalmente, quando 
estava sendo decidida a sorte do Tirol do Sul - isto é, desde agosto de 1914 até 
novembro de 1918 - eu me encontrava entre os que defendiam esse território, isto 
é, no exército. Ajudei- a combater, naquele tempo, para que não se perdesse o 
Tirol do Sul, para que o mesmo continuasse incorporado a Pátria como qualquer 
outro território alemão.
     Naquele tempo não 
estavam nas linhas de combate os bandidos parlamentares, a corja dos políticos 
partidários. Ao contrário, quando estávamos combatendo na convicção de que só 
uma vitória militar poderia conservar para a nação alemã o Tirol do Sul, esses 
novos Efialtes batiam se contra essa vitória até conseguirem abater, pela 
traição, o alemã heróico. A conservação do Tirol do Sul em poder da Alemanha 
naturalmente não podia ser garantida pelos discursos inflamados e hipócritas dos 
elegantes parlamentares da "Rathausplatz" de Viena ou em frente à 
"Feldherrnhalle" de Munique, mas exclusivamente pelos batalhões combatentes do 
front. Os que enfraqueceram o front foram os verdadeiros traidores do Tirol do 
Sul como das outras partes do território 
alemão.
     Quem hoje acredita poder resolver, por 
meio de protestos, declarações manifestações de entusiasmos de clubmen, a 
questão do Tirol do Sul, ou é um pulha ou um grande 
ingênuo.
     Devemos nos convencer de que não 
conseguiremos a recuperação do territórios perdidos por meio de invocações 
solenes ao bom Deus ou por esperanças vás cm uma Liga das Nações, mas unicamente 
pelo poder das armas.
     O problema deve ser posto 
nestes termos: quem estará pronto a força a recuperação destes territórios 
perdidos pelo emprego das armas?
     No que diz 
respeito à minha pessoa posso asseverar, que teria vontade de tentar a conquista 
do Tirol do Sul à frente de um batalhão composto de parlamentares, de chefes de 
partidos e de conselheiros da corte Como me regozijaria se, sobre as cabeças 
veementes protestadores, à repente estalassem alguns schrapnel. Se uma raposa 
invadisse um galinheiro, o cacarejo não podia ser pior e o "salva-se quem puder" 
das galinhas não poderia ser mais acelerado do que o desses 
discursadores.
     O que, porém, é mais infame em 
tudo isso, é que esses indivíduos estão longe de acreditar, que, dessa maneira, 
poderiam chegar a algum resultado positivo. Eles conhecem, mais do que ninguém, 
a impossibilidade a ingenuidade dos seus processos. Agem assim porque hoje é 
mais fácil discutir sobre a recuperação do Tirol do Sul do que combater outrora 
pela sua conservação. Cada um desempenha o seu papel: nós arriscamos outrora a 
vida, hoje aquela corja afia a língua.
     Ë 
curioso também observar-se como aumenta o entusiasmo dos legitimastes vienenses 
no seu atual trabalho de recuperação do Tirol do Sul. Sete anos atrás, a augusta 
dinastia concorreu, mediante uma vil traição paira que uma coligação mundial 
conquistasse o Tirol do Sul. Naquele tempo, ajudaram esses círculos a política 
da sua pérfida dinastia e nenhum caso fizeram nem do Tirol do Sul nem de 
qualquer outra coisa. Naturalmente hoje é mais simples combater, por esses 
territórios, com arma "intelectuais", fazer protestos, até enrouquecer, de 
íntima e sublime ir dignação, escrever artigos de jornais até ficarem 
paralisados os dedos, d que fazer voar pontes pelos 
ares.
     O motivo por que, nos últimos anos, em 
certos círculos, a questão d Tirol do Sul constitui o eixo das relações 
teuto-italianas é, pois, evidente. Os legitimistas judeus e habsburgueses têm o 
máximo interesse em fazer fracassar nina política de aliança da Alemanha, de que 
possa resultar ressurreição de uma pátria alemã livre. Não é por amor do Tirol 
do Si que assim procedem - pois com isso não se lhe presta um serviço, mm ao 
contrário, um desserviço - mas pelo receio de um entendimento entre a Itália e a 
Alemanha.
     Nessa tendência para caluniar e 
mentir, muito freqüente nesses círculos, está a explicação da ousadia com que 
tentam descrever as coisas de maneira que passemos como "traidores" da causa do 
Tirol do Sul.
     É preciso que se diga a. esses 
cavalheiros com toda clareza: O Tirol do Sul foi atraiçoado, primeiro por todo 
alemão sadio, que, nos anos de 1914-1978, não se achava no front pondo à 
disposição da pátria seus serviços; em segundo lugar, por todos os que, naqueles 
anos, não se esforçaram por aumentar a resistência a perseverança do nosso povo 
na guerra; em terceiro lugar, por todos os que cooperaram, direta ou 
indiretamente, na revolução de novembro, inutilizando a única arma que teria 
podido salvar o Tirol do Sul: e, em quarto lugar, por todos os partidos que 
aceitaram os tratados vergonhosos de Versalhes e St. 
Germain.
     Hoje estou convencido de que não se 
pode readquirir territórios perdidos por meio de discursos, mas pelo emprego da 
força.
     Não hesito, porém, em declarar que 
agora, depois dos fatos consumados, penso que a reconquista do Tirol do Sul não 
só é impossível, como se deveria desistir da mesma, desde que não se pode mais 
conseguir, em torno dessa questão, despertar o entusiasmo nacional indispensável 
para a vitória. Sou, ao contrário, da opinião que, se algum dia, para isso se 
arriscasse a vida, consumar-se-ia um crime combatendo por duzentos mil alemães, 
enquanto, nas fronteiras do país, mais de sete milhões estão gemendo debaixo do 
domínio estrangeiro, enquanto o sangue alemão está sendo contaminado por hordas 
de negros africanos.
     Se a nação alemã quiser 
pôr um termo à situação que ameaça o seu extermínio na Europa, não deve incorrer 
nos mesmos erros de antes da Guerra, em que fez inimigos em Deus e todo o mundo, 
mas deverá reconhecer o adversário mais perigoso e concentrar todas as suas 
forças para combatê-lo. E se esta vitória foi' conseguida mediante sacrifícios 
em outros setores, as gerações futuras não nos condenarão. Saberão avaliar tanto 
melhor os motivos dessa amarga resolução quanto mais radiante for o sucesso 
alcançado.
     A nossa constante preocupação deve 
ser a compreensão de que, acima de recuperação de territórios perdidos, está a 
questão da recuperação da independência política e da força da 
Pátria.
     Realizar esse objetivo mediante uma 
política inteligente é o principal dever de um governo 
consciente.
     Justamente nós, 
nacionais-socialistas, devemos evitar ser arrastados pelos nossos patriotas 
burgueses de fancaria, chefiados pelos judeus. Ai do nosso movimento, se, em vez 
de prepararmo-nos para a luta, continuássemos no hábito de protestos platônicos. 
A fantasia da aliança da Alemanha com o cadáver político dos Habsburgos foi o 
motivo por que a Alemanha se arruinou. Uma sentimentalidade fantasista no 
tratamento das possibilidades políticas internacionais é o melhor meio de 
impedir para sempre a nossa ressurreição.
     É 
necessário que também me ocupe, ainda que brevemente, das objeções referentes às 
três seguintes questões já anteriormente 
mencionadas:
     1o. - É de esperar que alguma 
potência se queira aliar com a Alemanha de hoje, visivelmente 
enfraquecida?
     2o.     Serão 
as nações inimigas capazes de tomar uma nova 
orientação?
     3o.     A 
influência inegável do judaísmo, mais forte que a possível boa vontade das 
nações, não aniquilará todos os novos 
planos?
     Penso já ter discutido, nos seus pontos 
principais, a primeira questão. É claro que ninguém entraria em uma aliança com 
a Alemanha atual. Não há potência no mundo que se arrisque a associar seu 
destino ao de uma nação, cujo Governo não inspira nenhuma confiança. Deve-se, 
porém, protestar energicamente contra a tentativa de muitos de nossos 
compatriotas, de desculpar a política do Governo com a deplorável mentalidade do 
povo alemão.
     Não há dúvida de que a falta de 
caráter do nosso povo, dos últimos seis anos para cá, é profundamente 
lamentável, sua indiferença pelos interesses mais vitais do país é deprimente, e 
a sua covardia, às vezes, clama aos céus. Não se deve esquecer nunca que, apesar 
disso, trata se de um povo que, poucos anos antes, dera ao mundo um exemplo 
admirável das mais altas virtudes humanas. Desde agosto de 1914 até o fim da 
Guerra, nenhuma nação do mundo jamais demonstrou maior coragem, mais tenaz 
perseverança e paciência do que a nossa, hoje em situação tão miserável. Ninguém 
chegará a afirmar que a vergonha da época atual é uma característica da nação. O 
que hoje sofremos é apenas a horrível conseqüência do crime de 9 de novembro de 
1918. Mais de uma vez fica provado a asserção do poeta: "Um mal gera sempre 
outro mal". Mas não se perderam de todo os bons elementos fundamentais da raça, 
eles estão latentes e, às vezes, como raios no horizonte enegrecido, 
resplandecem virtudes, nas quais a Alemanha futura verá os primeiros sinais do 
início da convalescença. Mais de uma vez, milhares e milhares de jovens alemães, 
dispostos a todos os sacrifícios, apresentaram-se, voluntária e alegremente, 
oferecendo a sua vida, tal como em 1914, à Pátria querida. Milhões voltaram a 
trabalhar assiduamente, como se nunca tivesse havido a Revolução destruidora. O 
ferreiro voltou para a bigorna, o lavrador para o arado e o homem de estudo para 
seu gabinete, todos com o mesmo empenho, com a mesma dedicação no cumprimento do 
dever.
     Não se vê mais em face das opressões dos 
nossos inimigos o riso pronunciado de outrora, mas sim fisionomias pesarosas. É 
incontestável que se iniciou uma importante mudança na mentalidade do 
povo.
     Se tudo isso hoje ainda não se manifesta 
em renascença da orientação política e do instinto de conservação do nosso povo, 
a culpa está nos que, desde 1918, estão dirigindo o país para a 
morte.
     Quando hoje lastimamos a sorte da nação, 
devemos sempre nos fazer a seguinte pergunta: Que foi feito para torná-la 
melhor? Que têm feito os nossos governos para inocular novamente neste povo o 
espírito de conservação, a pertinácia, é o ódio contra os 
inimigos?
     Quando, no ano de 1919, o tratado de 
paz foi imposto ao povo alemão, podia-se ter motivo de esperar que, justamente 
esse instrumento de opressão, deveria ter sido aproveitado para auxiliar o 
movimento da libertação da Alemanha. Tratados de paz cujas condições caem sobre 
os povos como chicotadas, não raras vezes são o primeiro toque de reunir para o 
ressurgimento nacional.
     Que possibilidades 
oferecia, nesse sentido, o tratado de paz de Versalhes! Como era fácil a um 
governo enérgico fazer deste instrumento de extorsão um meio para exaltar ao 
máximo as paixões nacionais! Como era fácil, mediante uma inteligente propaganda 
das crueldades e do sadismo dos conquistadores, transformar a indiferença do 
povo cm revolta, a revolta no ódio mais 
intenso!
     Cada artigo do tratado devia ter sido 
impresso no cérebro e no coração do povo, até que finalmente a vergonha sentida 
por todos e o ódio de todos se transformassem, cm sessenta milhões de homens e 
de mulheres. em um mar de labaredas, de cujas chamas logo se levantaria uma 
vontade férrea a clamar: Queremos de novo nos 
arma!
     Não há dúvida (te que para isso se 
conseguir nada mais apropriado do que um tratado de paz como o de 
Versalhes.
     A opressão desmedida, o despudor das 
exigências feitas pelo inimigo ofereciam a melhor arma de propaganda para a 
ressurreição dos sentimentos adormecidos da 
nação.
     Tudo deveria ter sido posto a serviço 
dessa grande missão, desde o abecedário das crianças até ao último jornal, todo 
teatro, todo cinema, toda coluna de cartazes. Isso se deveria repetir até que a 
tímida oração dos nossos atuais "patriotas" - "Deus Todo-Poderoso libertai-nos!" 
- Se transformasse, mesmo no cérebro dos mais jovens rapazinhos, na súplica 
ardente:, "Deus Todo-Poderoso. abençoai no futuro as nossas armas; sede tão 
justo como sempre fostes; decidi, agora, se somos dignos da liberdade; Deus 
Todo-Poderoso, abençoai o nosso 
combate!"
     Perderam-se todas as oportunidades, 
nada se fez.
     Não é, pois, de estranhar que o 
nosso povo não seja o que deveria, o que poderia ser e que os outros povos o 
vejam como o cão que lambe as mãos que acabaram de 
castigá-lo.
     A nossa atual incapacidade para 
alianças resulta da situação do povo e, mais ainda, da orientação dos nossos 
governos. São estes, com a sua corrupção, os responsáveis por tudo. Por isso é 
que, depois de oito anos de desmedida opressão, existe tão pouco desejo de 
liberdade.
     Uma eficiente política de aliança 
está sempre dependente da idéia em que é tido o nosso povo e da existência de um 
Governo que não queira ser escravo de nações estrangeiras mas arauto da 
consciência nacional.
     Se o povo alemão contar 
com um Governo que veja nisso a sua principal finalidade, menos de seis anos 
depois, uma altiva orientação política externa terá em seu apoio a firme vontade 
de uma nação sedenta de liberdade.
     A segunda 
objeção, isto é, a grande dificuldade da mudança de mentalidade dos povos 
inimigos a nosso respeito poderá ser respondida 
assim:
     As antipatias universais contra a 
Alemanha, cultivadas em todos os países pela propaganda durante a Guerra, 
continuarão a produzir seus efeitos, até que a Alemanha, pela visível 
restauração de uma vontade de conservação própria, recupere o caráter de um 
Estado que tenha um papel a representar no jogo da política européia. Somente 
quando, tanto por parte do Governo como por parte do povo, estiver assegurado 
esse ambiente de confiança, é que uma ou outra potência, estimulada por 
interesses idênticos aos nossos, poderá pensar em modificar a opinião do seu 
povo pela propaganda. Para isso são precisos anos de um trabalho continuo e 
hábil. Justamente porque essa remodelação da opinião pública exige trabalho 
demorado, é que se explica a necessidade de agir prudentemente quando se 
oferecer a ocasião de começá-lo. Não se iniciará nunca uma tal propaganda sem se 
ter antes a absoluta certeza do valor de semelhante trabalho e dos seus efeitos 
futuros. Ninguém há de querer modificar a mentalidade de uma nação, somente em 
conseqüência do palavrório vazio de um ministro do exterior mais ou menos 
inteligente, sem ter a certeza do valor real de uma tal modificação. Resultaria 
isso, aliás, em um completo esfacelamento da opinião publica. A segurança mais 
sólida para a possibilidade de uma aliança entre povos não está em frases 
pomposas de um ou outro membro do Governo, mas na estabilidade de uma 
determinada orientação do Governo assim como em uma opinião pública dirigida em 
sentido análogo. Essa segurança será tanto maior quanto mais firme Fr a 
atividade do Governo na preparação e no auxílio à 
mesma.
     Um país na situação do nosso só será 
julgado capaz de alianças quando o seu Governo e a opinião pública estiverem 
fanaticamente resolvidos a trabalhar juntos pela sua liberdade. - Esta é a 
condição indispensável para que outros Governos comecem a modificar a opinião 
dos seus respectivos povos. Então, com os Estados dispostos a defender seus 
interesses próprios, ao lado de um parceiro que lhes parece conveniente, é que 
uma aliança é possível.
     Mas nisso é preciso que 
se observe o seguinte. Como a modificação de uma certa mentalidade do povo é uma 
tarefa penosa, e que, por muitos, de inicio, não será compreendida, é um crime e 
ao mesmo tempo, uma tolice, fornecer, por seus próprios erros, armas para a 
reação dos elementos contrários a essas 
idéias.
     É perfeitamente compreensível que se 
passará muito tempo até que um povo compreenda inteiramente as intenções do 
Governo, pois não se pode dar explicações públicas sobre a finalidade de uma 
certa preparação política. Deve se contar unicamente ou com a fé cega das massas 
ou com a intuição das camadas dirigentes de um nível intelectual mais elevado. 
Como, porém, muita gente não tem tato político, nem o poder de adivinhar, e como 
explicações não podem ser dadas, por motivos políticos, sempre haverá uma parte 
da camada intelectual dirigente que fica em oposição às novas tendências que, 
por não serem compreendidas, facilmente podem ser interpretadas como simples 
experiências. E assim se incentiva a resistência dos elementos políticos 
conservadores.
     Justamente por esse motivo, é 
preciso tomar providências para subtrair todas as armas das mãos de tais 
perturbadores do início da harmonia recíproca, especialmente se se trata, como 
em nosso caso, de palavrórios puramente fantasistas de enfatuados patriotas de 
clubes e de burgueses freqüentadores de cafés. A reclamação em favor de uma nova 
marinha em favor da recuperação das nossas colônias, etc., nada mais é que 
palavrório oco, sem possuir uma única idéia de possibilidade prática. Isso se 
torna evidente à menor reflexão.
     É desvantajoso 
para a Alemanha o modo por que se exploram, na Inglaterra, esses insensatos 
palavreados de lutadores de fancaria, em parte ingênuos em parte idiotas, mas 
sempre a serviço dos nossos inimigos mortais. Esgotando nos em demonstrações 
hostis a Deus e a todo mundo, esquecemo-nos do princípio que é essencial a todo 
e qualquer sucesso, e que se traduz nas seguintes palavras: O trabalho que 
começares deves continuar com afinco. Irritando cinco ou dez países, deixa-se de 
fazer a concentração de todas as forças para o golpe decisivo contra o nosso 
adversário mais cruel e sacrifica-se a possibilidade de adquirir força em novas 
alianças para a reparação da vergonha que nos foi imposta pela 
Guerra.
     O movimento nacional socialista tem, 
nesse assunto, uma missão a desempenhar. Deve ensinar o nosso povo a desprezar 
as coisas insignificantes e visar apenas o mais importante, a não fragmentar a 
sua atividade. a não esquecer nunca que o fim pelo qual devemos combater hoje, é 
a existência da nação e que o único inimigo que devemos visar, é e será sempre o 
país que nos está roubando esta existência.
     É 
verdade que muitos males nos torturam. Mas longe de ser isso um motivo de perder 
a calma e de, com gritaria insensata, irritar todo o mundo, deve estimular-nos a 
concentrar todas as nossas forças contra o maior inimigo, o mais 
perigoso.
     Além disso, o povo alemão não tem o 
direito de queixar-se dos outros por motivos da atitude que adotam, enquanto não 
tiver ajustado contas com os criminosos que venderam e atraiçoaram o próprio 
país. Não é honesto protestar e declamar de longe contra a Inglaterra, a Itália, 
etc.. e permitir que se movimentem livremente entre nós os próprios criminosos, 
que, pagos pelos propagandistas inimigos, arrancaram-nos as armas, tiraram-nos a 
força moral e venderam por trinta dinheiros o Reich 
manietado.
     O inimigo age como era de prever. 
Devíamos retirar lições das suas atitudes.
     Quem 
não se puder elevar à compreensão de semelhante dever, deve considerar que, 
então, não nos restará mais nada do que cruzar os braços, pois ficará afastada 
de futuro qualquer política de alianças. Por essa teoria, não somos capazes de 
entrar em uma aliança com a Inglaterra porque esta nos roubou as colônias; com a 
Itália porque tem em seu poder o Tirol do Sul, nem com a Polônia e a 
Checoslováquia. Restaria, então, na Europa, apenas a França que - digamos de 
passagem - roubou-nos a Alsácia Lorena.
     Se com 
isso se presta ou não um serviço à Alemanha não pode haver dúvidas. O que é 
duvidoso é se uma tal opinião é defendida por um simplório estúpido ou por um 
patife refinado.
     No que diz respeito aos 
chefes, estou convencido de que a segunda hipótese é sempre 
verdadeira.
     Assim uma modificação da psicologia 
dos diferentes povos, até agora inimigos, cujos interesses futuros, porém, forem 
mais ou menos idênticos aos nossos, só poderá ser possível, se o poder interno 
do nosso Estado e a vontade visível pela conservação da nossa existência 
permitirem a suposição de que voltamos a ter novamente valor como 
aliados.
     A mais difícil a responder é a 
terceira pergunta.
     É concebível que os 
representantes dos reais interesses das nações, com que alianças sejam 
possíveis. consigam realizar as suas intenções contra a vontade do judeu, 
inimigo mortal de todos os Estados livres?
     As 
forças da tradicional política britânica poderão anular a influência devastadora 
do judeus?
     Responder a essa pergunta é muito 
difícil. É preciso estudar um grande número de fatores para fazei- a esse 
respeito um juízo definitivo. Em todo caso, um é certo: só há um Estado em que 
se pode considerar o atual poder público tão firmemente estabelecido e servindo 
aos interesses do país tão incondicionalmente, que ali não se pode falar de uma 
reação eficaz do judaísmo internacional contra a orientação 
política.
     O combate que está realizando a 
Itália fascista contra as três armas principais do judaísmo, inconscientemente 
talvez, (do que eu pessoalmente duvido) é o melhor sinal de que, indiretamente, 
estão sendo extraídos os dentes venenosos àquela potência internacional. A 
interdição das lojas maçônicas secretas, a perseguição da imprensa 
internacionalista, assim como o constante combate ao marxismo internacional, por 
outro lado a constante consolidação da doutrina fascista, habilitarão, no curso 
dos anos, o Governo italiano a, cada vez mais, poder servir aos interesses do 
seu povo, sem receio da hidra judaica.
     Mais 
difícil é a situação da Inglaterra. Neste país da mais liberal "Democracia", o 
judeu continua a dominar, de maneira quase absoluta, por intermédio da opinião 
pública. No entanto, ali também, há uma luta constante entre os representantes 
dos interesses nacionais britânicos e os defensores da ditadura universal 
judaica. Como se chocam essas forças opostas pode-se ver, pela primeira vez, 
depois da Guerra, do modo mais claro, na diferença de opiniões entre o Governo 
britânico e a imprensa a respeito do problema 
nipônico.
     Imediatamente depois da Guerra, 
reapareceu a anterior irritação entre a América e o Japão. Naturalmente, as 
grandes potências mundiais da Europa não podiam ficar indiferentes ante este 
novo perigo de guerra. Todas as afinidades de sangue não puderam impedir, na 
Inglaterra, um certo sentimento de apreensão em vista do crescente aumento da 
União Americana, em todos os domínios da economia internacional e da política. 
Parece formar-se da antiga colônia uma nova soberana do mundo. É perfeitamente 
compreensível que a Inglaterra submeta a novas provas suas antigas alianças e a 
diplomacia britânica pense no tempo em que não mais se possa 
dizer:
     "A Inglaterra, soberana dos mares", mas 
"Os mares para a América!"
     É mais difícil 
enfrentar o gigantesco colosso americano, com as suas imensas riquezas, do que a 
nação alemã cercada por todos os lados. Se, algum dia, se tiver de decidir essa 
disputa entre as duas grandes potências marítimas, a Inglaterra será fatalmente 
vencida, se continuar no seu 
isolamento.
     Enquanto o governo inglês não 
queria, devido à luta em comum na Europa, afrouxar a aliança com o Japão, tida a 
imprensa judaica atacava essa aliança. Como se compreende que a imprensa 
judaica, que, até 1918, era paladina "leal" do combate britânico contra a 
Alemanha, de repente tenha traído essa atitude, tomando outra 
orientação?
     A destruição da Alemanha não estava 
no interesse da Inglaterra, mas dos judeus, assim como, hoje, uma destruição do 
Japão serve menos aos interesses políticos britânicos que aos Vastos desejos dos 
dirigentes do esperado império mundial judaico. Enquanto a Inglaterra se esgota 
na conservação da sua posição no mundo, o judeu organiza seu ataque para 
conquistar a Terra.
     Ele já contempla os atuais 
Estados europeus como instrumentos passíveis nas suas mãos, por meio da chamada 
democracia ocidental ou na forma de um domínio direto mediante o bolchevismo 
russo. Não é só o velho mundo que se está enredando nessa trama; a América está 
também ameaçada da mesma sorte. Judeus são os reis da Bolsa da União Norte 
Americana. Cada vez mais eles controlam as forças de trabalho de um povo de 
cento e vinte milhões; muito poucos são os que se mantêm completamente 
independentes.
     Com uma grande habilidade 
preparam a opinião pública, formando dela o instrumento de combate para o futuro 
da sua causa.
     Os chefes mais importantes do 
judaísmo já estão convencidos de aproximar se o cumprimento da profecia dos seus 
livros sagrados - a destruição dos povos. No meio deste grande número de 
territórios coloniais desnacionalizados, só um Estado independente poderia fazer 
ruir na última hora, toda a obra, pois o bolchevismo só pode perdurar, 
abrangendo a totalidade do mundo.
     Quando mesmo 
só um Estado ficasse conservando a sua grandeza nacional sucumbiria o império 
mundial dos sátrapas judaicos, como qualquer tirania neste mundo há de sucumbir 
diante do poder da idéia nacional.
     O judeu sabe 
muito bem que, com sua capacidade de acomodação, pode minar povos europeus e 
transformá-los em bastardos e que dificilmente poderia fazer o mesmo com um 
Estado asiático nacionalista como o Japão. Ele pode, hoje, minar o alemão, o 
inglês, o americano e o francês, mas para fazê-lo em relação ao asiático 
amarelo, faltam as pontes de ligação. Por isso trata de destruir o Estado 
nacional nipônico com as forças atuais. para livrar se deste adversário 
perigoso, para poder transformar a última potência nacional em um despotismo 
sobre seres desarmados, o que é indispensável para a fundação do império judaico 
mundial. Atiça as paixões dos povos contra o Japão, como antes o fez contra a 
Alemanha, e assim pode acontecer que, enquanto os estadistas britânicos tentam 
conservar a aliança com o Japão, a imprensa judaica comece a exigir a guerra 
contra o aliado, preparando contra o mesmo a luta de extermínio, com 
proclamações em favor da democracia e ('em o grito de batalha: "Abaixo o 
militarismo e o imperialismo japonês!"
     O judeu 
na Inglaterra tornou se hoje um rebelde.
     O 
combate contra o perigo mundial judaico começará também 
ali.
     É nesse terreno que o movimento 
nacional-socialista tem de cumprir a sua missão mais 
importante.
     O Nacional Socialista deve abrir os 
olhos do povo a respeito das nações estrangeiras e deve continuar sempre a 
apontar ao mundo de hoje o seu verdadeiro inimigo, Em lugar do ódio contra raças 
arianas, das quais podemos estar separados por muitos motivos, mas com as quais 
estamos unidos pelo sangue comum e pela homogeneidade da cultura, deve pregar a 
cólera comum contra o perverso inimigo da humanidade, o verdadeiro autor de 
todos os males atuais.
     Tem que cuidar, ao menos 
no nosso país, de tornar conhecido o adversário mais mortal, para que o combate 
contra o mesmo abra o caminho aos demais povos para a luta pela salvação da 
humanidade ariana.
     Que seja a razão o nosso 
guia, que seja a vontade a nossa força; que o dever sagrado de assim proceder 
nos dê perseverança e o nosso mais forte apoio seja sempre a nossa fé.
CAPÍTULO XIV - ORIENTAÇÃO PARA LESTE OU POLÍTICA DE 
LESTE
     Duas razões me levam a submeter a 
exame especial as relações da Alemanha para com a 
Rússia.
     1. Trata-se, no caso, talvez da questão 
mais decisiva da política externa alemã.
     2. 
Esse problema põe à prova a capacidade política do movimento nacional socialista 
para pensar com clareza e agir com acerto.
     Devo 
confessar que, sobretudo, o segundo ponto muitas vezes me encheu de apreensões. 
Como o nosso movimento não angaria seus adeptos rio campo dos indiferentes e, 
sim, na maioria dos casos, entre os ideólogos mais extremados, é muito natural 
que esses homens, no que diz respeito à política externa, estejam 
preliminarmente sobrecarregados dos preconceitos e da estreiteza de vistas dos 
círculos a que anteriormente pertenciam, política e ideologicamente. Isso não 
acontece com os que nos chegam da "esquerda". Ao contrário. Por mais errados que 
os ensinamentos até então fossem com relação a esses problemas, em não raros 
casos, ao menos parcialmente, eles eram compensados por um resto existente de 
instinto natural e sadio. Seria então necessário substituir a influência 
anterior por uma noção, freqüentemente melhor; o nosso aliado, nesse trabalho, 
era a intuição sadia ainda existente, bem como o instinto de 
conservação.
     Muito mais difícil, ao contrário, 
é fazer com que uma criatura, cuja educação anterior nesse sentido não foi feita 
de acordo com a razão e com a 1ó'gica e que tenha sacrificado todo o resto do 
instinto natural no altar da objetividade, pense com clareza em matéria 
política. Justamente os nossos chamados intelectuais é que são os que mais 
dificilmente chegam à compreensão verdadeira e clara de seus interesses e dos 
interesses de seu povo. Eles não só estão saturados de idéias e preconceitos os 
mais absurdos, como, além disso, perderam todo o instinto de conservação. O 
movimento nacional socialista tem de sustentar sérias lutas com essas criaturas, 
lutas sérias justamente porque, infelizmente, não obstante a sua completa 
incapacidade, não raramente eles são possuídos de extraordinário orgulho, o que 
faz com que, sem justificação, olhem de cima para baixo as outras criaturas, ate 
as que lhes são superiores. São pretensiosos e arrogantes sabichões, sem 
qualquer capacidade de exame sereno e de ponderação, condições primordiais de 
qualquer resolução em política externa.
     Como 
justamente essas criaturas começam hoje, de uma maneira nociva, a desviar nossa 
política externa de qualquer representação real dos interesses nacionais, a fim 
de que a mesma seja útil às suas fantásticas teorias, sinto-me obrigado a falar, 
com especial cuidado, aos meus adeptos, sobre uma importantíssima questão de 
política externa, isto é, sobre as nossas relações com a Rússia, pois isso deve 
ser compreendido por todos e tratado em uma obra como 
esta.
     De um modo geral, quero ainda dizer 
preliminarmente o seguinte:
     Se devemos 
compreender como política externa a regulamentação das relações de um povo para 
com o resto do mundo, essa espécie de regulamentação será condicionada por fatos 
determinados. Como nacionais socialistas, podemos, em seguida, estabelecei- a 
seguinte proposição, quanto ao caráter da política externa de um Estado 
nacionalista.
     O dever da política externa de um 
Estado nacionalista é assegurar a existência da raça incluída no Estado, 
estabelecendo uma proporção natural entre o número e o crescimento da população, 
de um lado, e, do outro, a extensão e a qualidade do 
solo.
     Quando falo em proporção natural 
refiro-me à possibilidade do Estado de assegurar alimentação a um povo no seu 
próprio solo. Qualquer outra situação, dure ela séculos ou mesmo milhares de 
anos, nem por isso é menos natural e, mais cedo ou mais tarde, conduzirá ao 
enfraquecimento se não ao aniquilamento do 
povo.
     Somente um suficiente espaço na terra é 
que assegura, a um povo a liberdade de 
existência.
     Por isso, não se pode julgar a 
extensão da área de povoamento somente pelas exigências do presente, nem mesmo 
pela capacidade de produção da terra em referência ao número de habitantes. 
Pois, como já explanei no primeiro volume, no capitulo "Política de aliança da 
Alemanha antes da Guerra", cabe à superfície de um Estado, além .de sua 
importância como fonte direta da alimentação de um povo, também nina outra, a de 
caráter político-militar. Quando um povo tem assegurada a sua alimentação pela 
extensão de seu território, é ainda necessário considerar a garantia do próprio 
solo. Esta reside na força política do Estado, que, por sua vez, é determinada 
por pontos de vista militares e geográficos.
     Só 
desse modo pode a nação alemã defender-se como potência mundial. Por cerca de 
dois mil anos, os nossos interesses nacionais, como devem ser chamadas as nossas 
atividades externas, mais ou menos felizmente concebidas, representaram o seu 
papel na história universal. Nós próprios podemos dar testemunho disso, pois a 
grande luta de 1914 a 1918 não foi mais que a luta da nação alemã pela sua 
existência no mundo e teve o nome de guerra 
mundial.
     O povo alemão entrou naquela luta como 
pretensa potência mundial. Digo pretensa porque, na realidade, ele não o era. 
Tivesse tido o povo alemão, no ano de 1914, uma outra relação entre a área de 
seu solo e o número de seus habitantes e a Alemanha teria sido na realidade uma 
potência mundial e a Guerra teria podido terminar favoravelmente, abstraindo 
todos os demais fatores.
     Não é aqui minha 
tarefa ou mesmo minha intenção mostrar o "se", caso não tivesse havido o "mas". 
Sinto, entretanto, como uma necessidade imperiosa, expor, de maneira simples, o 
atual estado de coisas, apontar suas angustiantes fraquezas, para, ao menos nas 
fileiras do Nacional-Socialismo, aprofundar o exame no que é 
essencial.
     Hoje a Alemanha não é uma potência 
mundial. Mesmo que a nossa atual impotência militar fosse remediada, não 
poderíamos ter mais nenhuma pretensão a esse título. Que significa hoje em dia 
uma estrutura que, na sua relação de habitantes para a área, é tão 
lamentavelmente constituída como o império alemão de antes da Guerra? Em uma 
época em que aos poucos o mundo é dividido entre alguns Estados, dos quais uns 
quase que abraçam continentes, não se pode falar em potência mundial de uma 
nação cuja metrópole política se acha restrita a uma área ridícula de menos de 
quinhentos mil quilômetros 
quadrados.
     Considerada, sob o ponto de vista 
puramente territorial, a superfície do império alemão é insignificante em face 
das chamadas potências mundiais. A Inglaterra não é exemplo a ser citado, desde 
que a mãe-pátria britânica não é na realidade senão a grande capital do seu 
império mundial, que considera, como propriedade sua, cerca de um quarto da 
superfície terrestre. Devemos antes olhar para Estados gigantescos como a União 
Americana e depois a Rússia e a China, - que possuem áreas, algumas das quais 
dezenas de vezes maiores que o império alemão. A própria França deve ser contada 
como um deles. Ela não somente completa constantemente o seu exército com a 
população de cor de seu império gigantesco, como também, racialmente, faz tais 
progressos na sua negrificação que, na realidade, já se pode falar no 
aparecimento de um Estado africano em solo europeu. A política colonial da 
França atual não se pode comparar com a passada política alemã. se o 
desenvolvimento da França prosseguir, na forma atual, por trezentos anos, os 
últimos restos de sangue franco desaparecerão no Estado europeu-africano de 
mulatos que se está formando e ela terá um território formidável, do Reno ao 
Congo, povoado por uma raça inferior que cada vez mais se abastarda. Nisso é que 
a política colonial francesa difere da anterior política 
alemã.
     A política alemã de outrora era feita 
por metade, como tudo que fazíamos. Ela nem aumentou as terras ocupadas com a 
raça alemã, nem empreendeu a tentativa criminosa de fortalecer o império pela 
introdução de sangue negro. O caso dos askaris na África oriental alemã foi um 
pequeno e hesitante passo nesse caminho, mas, na realidade, só serviu para a 
defesa da própria colônia. A idéia de trazer para o teatro de guerra européia 
tropas pretas, abstraindo inteiramente a impossibilidade disso, durante a 
Guerra, nunca foi objeto de cogitações de nossa parte, mesmo em condições mais 
favoráveis, ao passo que, ao contrário, entre os franceses, sempre foi 
considerada e sentida como fundamento de sua atividade 
colonial.
     Assim é que, hoje em dia, há no 
mundo, uma série de potências que ultrapassam não só em população a grandeza do 
povo alemão, como, sobretudo quanto à sua superfície, possuem o maior apoio ao 
seu poderio político. Desde o começo de nossa história, há dois mil anos atrás, 
e agora de novo, nunca foi tão desfavorável a proporção, quanto área e à 
população, entre o império alemão e outras potências em evidência. Naquela 
época, irrompemos como um povo jovem em um mundo de grandes nações em 
decadência, cujo último gigante, Roma, nós mesmos ajudamos a aniquilar. 
Encontramo-nos hoje em dia num mundo de grandes potências em formação. entre as 
quais o nosso país cada vez mais diminui de 
importância.
     É necessário que encaremos 
calmamente essa amarga verdade. Faz-se mister que acompanhemos e comparemos o 
Império alemão, através dos séculos, nas suas relações com outros Estados, no 
que diz respeito à população e superfície. Sei que cada um chegará com 
consternação ao resultado por mim já proclamado ao tratar desse assunto: A 
Alemanha não é mais uma potência mundial, pouco importando que ela esteja 
militarmente forte ou fraca.
     Cessamos de 
desfrutar o mesmo prestigio das outras grandes nações do mundo, e isso 
exclusivamente devido à direção nefasta de nossa política externa, a uma 
absoluta falta de tradição, por assim dizer, de uma política externa visando 
objetivo determinado, e à perda de todo e qualquer instinto de 
conservação.
     Se o movimento nacional socialista 
quer realmente consagrar-se a uma grande missão em favor de nosso povo perante a 
História, ele terá de lutar condenado, compenetrado da dor provocada pela atual 
situação de nosso povo e tendo em mira um objetivo determinado, contra a 
dispersão e incapacidade que até então nos conduziram pelos caminhos de sua 
política externa. Ele terá de encontrar a coragem para, desprezando tradições" e 
preconceitos, congregar o povo e suas forças para a marcha pela estrada que nos 
libertará da estreiteza atual do nosso solo, livrando-nos assim, para sempre, do 
perigo de perecer ou de ter, como povo escravizado, de servir a outros 
povos.
     O movimento nacional socialista terá de 
tentar eliminar a disparidade entre a nossa população e a área de nosso solo - 
este considerado tanto como fonte de subsistência como também de baluarte 
político, e entre nosso passado histórico e o desespero de nossa impotência 
atual. Ele se deverá convencer de que, como preservadores do mais alto espirito 
de humanidade, estamos ligados ao mais elevado dos deveres e ele tanto mais 
facilmente cumprirá essa missão quanto mais fizer o povo alemão atingir a sua 
consciência racial.
     A prova de minha afirmação 
de que a política externa alemã de até então era sem objetivo e incapaz, reside 
no fracasso real da mesma. Fosse o nosso povo intelectualmente inferior e 
covarde, os resultados de suas. lutas no mundo não poderiam ter sido piores do 
que os que vemos diante de nós, hoje em dia. Os acontecimentos dos últimos 
decênios anteriores à Guerra não nos devem enganar, pois, não se pode medir o 
poder de uma nação por si mesma e sim pela comparação com outros países. É, 
porém, justamente uma tal comparação que fornece a prova de que o acréscimo de 
poder de outros Estados não só foi mais uniforme como também maior no seu efeito 
final e que, portanto, o caminho tomado pela Alemanha, não obstante a ascensão 
aparente, na verdade cada vez mais se afastava do de outros países, ficando ela 
muito para trás. Em poucas palavras: a diferença de grandeza aumentava 
desfavoravelmente a nós. Mesmo quanto à população, à medida que passava o tempo, 
mais ficávamos para trás. Como o nosso povo incontestavelmente não é, em 
heroísmo, ultrapassado por nenhum outro povo do mundo e mesmo foi que, no final 
das contas, maior tributo de sangue pagou, entre todos os povos, pela 
conservação de sua existência, o insucesso só pode ser atribuído à maneira 
errônea pela qual esse tributo foi pago.
     Se 
examinarmos, em conjunto, os acontecimentos políticos do nosso povo num período 
de mil anos, fazendo desfilar diante de nossos olhos as inúmeras guerras e 
lutas, e analisarmos o resultado final, teremos de confessar que, na verdade, 
desse mar de sangue só surgiram três fenômenos que poderemos considerar frutos 
de uma política externa claramente 
delineada.
     1. A colonização da Marca Oriental 
(Ostmark) devida principalmente aos 
Bajuwares.
     2. A aquisição e penetração do 
Território a Leste do Elba.
     3. A organização, 
devida aos Hohenzoller, do Estado Brandenburgo prussiano, como modelo e ponto de 
cristalização de um novo Reich.
     Uma advertência 
cheia de ensinamentos para o futuro!
     Aqueles 
dois primeiros grandes sucessos de nossa política externa foram os mais 
duradouros. Sem eles, o nosso povo, hoje em dia, não teria mais importância no 
rol das nações. Foram eles a primeira tentativa e, infelizmente também a única 
conseguida, de procurar estabelecer um equilíbrio entre a população crescente e 
a extensão do solo. Deve ser considerado uma verdadeira fatalidade o fato de 
nossos historiadores não terem nunca sabido dar o verdadeiro valor a esses dois 
resultados, os mais formidáveis e de maior repercussão para a posteridade. 
Entretanto glorificaram tudo, heroísmos de fantasia, elogiaram inúmeras guerras 
e lutas de aventuras, em vez de reconhecerem quão insignificante a maioria 
desses acontecimentos fora para o desenvolvimento da 
Nação.
     O terceiro grande sucesso de nossa 
atividade política está na formação da Prússia e na idéia de Estado cultivado 
pela mesma, bem como na formação de um exército alemão dotado de todos os 
requisitos modernos da técnica. A mudança da idéia de defesa regional para a de 
defesa nacional considerada um dever, surgiu diretamente da formação desses 
Estado e dos novos princípios por ele introduzidos. É impossível exagerar a 
significação desse acontecimento. A nação alemã, desunida pelo excesso de 
regionalismo inato, tornou-se disciplinada sob a direção do exército prussiano e 
recobrou, por seu intermédio, ao menos em parte, a capacidade de organização que 
se havia perdido. Por meio do exercício militar conquistamos para nos aquilo que 
as outras nações sempre possuíram - isto é, 
unidade.
     Por isso, a abolição do serviço 
militar obrigatório - que seria sem importância para uma dezena de outras nações 
- para nós é de conseqüências desastradas. Dez gerações de alemães sem a 
disciplina e a educação militares, abandonados a influências malsãs provenientes 
da falta de unidade inerente a seu sangue, e nosso país teria perdido os últimos 
vestígios de existência independente neste planeta. O espírito germânico Leria 
dado a sua contribuição à civilização, exclusivamente sob as bandeiras de nações 
estrangeiras e sua origem se teria perdido no esquecimento. Passaria a ser 
"adubo de civilização" até que o último resto de sangue ariano nórdico se 
tivesse decomposto e desaparecido em nós.
     É 
digno de nota o fato de nossos inimigos compreenderem e darem valor do que nós à 
importância dessas verdadeiras vitórias políticas, conseguidas por nosso povo em 
suas lutas milenárias. Até hoje ainda apreciamos um heroísmo que custou aos 
alemães milhões de seus mais nobres valores, sem resultado final apreciável. É 
altamente importante para nossa maneira de agir, tanto agora como no futuro, que 
as verdadeiras vitórias da nossa nação e os objetivos estéreis pelos quais tanto 
sangue se. derramou sejam claramente distinguidos e 
separados.
     Nós, os nacionais socialistas não 
devemos jamais aderir ao patriotismo viciado e barulhento de nosso atual mundo 
burguês. É sobretudo extremamente perigoso nos considerarmos ligados por menos 
que seria a ultima orientação anterior à guerra. De todo o período histórico do 
século dezenove não se pode deduzir, naquilo que nos diz respeito, um único 
compromisso que estivesse bem fundamentado nesse mesmo período. Temos de, em 
contraposição à atitude dos representantes daquela época, converter-nos ao ponto 
de vista mais elevado de qualquer política externa, a saber: Procurar 
estabelecer o equilíbrio entre o solo e a população Podemos mesmo tirar do 
passado o ensinamento que nos diz que devemos orientar o nosso objetivo de ação 
política em duas direções: o solo como finalidade de nossa política externa e, 
como objetivo de política interna, uma base nova e uniforme solidificada por 
princípios gerais.
     Até que ponto a exigência de 
solo é moralmente justificada, eis a questão de que ainda quero tratar. Isso se 
torna necessário, pois, infelizmente, aparecem, mesmo nos chamados círculos 
nacionalistas, toda sorte de faladores vazios, que se esforçam por propor ao 
povo alemão, como objetivo de toda política externa, a reparação da injustiça de 
1918, achando, entretanto, necessário assegurar ao mundo inteiro, a fraternidade 
das raças, desde que aquele desideratum esteja 
atingido.
     Eu desejaria antecipar o 
seguinte:
     A exigência do restabelecimento das 
fronteiras do ano de 1914 é uma tolice política de tal quilate e de tais 
conseqüências, que fazem com que ela deva ser considerada um crime, abstraindo 
mesmo inteiramente o fato de serem as fronteiras do Reich em 1914 tudo menos 
lógicas. Pois elas não eram completas em relação ao conjunto da população de 
origem alemã nem racionais em relação à sua conveniência geográfico-militar. Não 
foram o resultado de uma ação política estudada e sim fronteiras eventuais 
oriundas de lutas políticas inacabadas, e, até em parte conseqüência de mero 
acaso. Com o mesmo direito e, em muitos casos, com mais direito, poder-se-ia 
tomar um ano qualquer da história alemã, a fim de. recompondo as condições 
daquela época, esclarecer o objetivo de uma ação no terreno da política externa. 
A exigência acima corresponde, entretanto, inteiramente, ao nosso mundo burguês, 
que também aqui não possui um único pensa mento político para o futuro, e vive 
antes no passado, sobretudo no passado mais próximo. Os seus olhares 
retrospectivos não vão além de sua própria época. A lei da inércia o prende a 
uma dada situação, faz com que ofereça resistência contra qualquer modificação 
da mesma. Assim é. pois, natural que o horizonte político dessa gente não 
ultrapasse o limite do ano de 1914. Proclamando, porém, como objetivo político 
de sua ação o restabelecimento daquelas fronteiras. eles estão sempre renovando 
a aliança de nossos inimigos, já em vias de destruição. Só assim é que se 
explica porque, oito anos após a guerra mundial, em que tomaram parte nações 
cujas finalidades e desejos eram os mais heterogêneos, consegue se manter a 
coligação entre vitoriosos, de uma maneira mais ou menos 
sólida.
     E nós não os enganamos. Fixando como 
ponto de seu programa político o restabelecimento das fronteiras de 1914, o 
nosso mundo burguês amedronta o parceiro que por acaso queira abandonar a 
aliança, pois este terá medo de ser atacado isoladamente, perdendo a proteção 
dos aliados. Cada Estado se sente atingido e ameaçado por aquela 
plataforma.
     E, no entretanto, ela é tola sob 
dois pontos de vista:
     1. Porque faltam os meios 
materiais para, do fumo das reuniões noturnas dos restaurantes, torná-la uma 
realidade.
     2. Porque mesmo que ela se pudesse 
tornar realidade, o resultado seria outra vez tão lamentável, que, com toda a 
sinceridade, não teria valido a pena desperdiçar o sangue de nosso povo em uma 
tal empreitada.
     É evidente que o 
restabelecimento das fronteiras de 1914 só poderia ser conseguido com sangue. Só 
espíritos ingenuamente infantis é que se podem embalar na ilusão de que a 
reparação do erro de Versalhes poderá ser conseguido por vias indiretas. Isso 
sem considerar que uma tal tentativa exigiria uma natureza à Talleyrand, que não 
possuímos. Uma metade de nossos políticos é constituída de elementos 
essencialmente ladinos, sem . caráter e inimigos de nosso povo, enquanto a outra 
metade é constituída de homens fracos, boa gente, inocente e cheia de 
complacência.
     Além disso, os tempos mudaram 
muito desde o Congresso de Viena:
Não são mais os príncipes e amantes de 
príncipes que mercadejam e negociam as fronteiras do Estado e sim o implacável 
judeu internacional que luta pelo domínio sobre os povos. Não há povo que 
consiga afastar esse punho de sua garganta, a não ser pela espada. Somente a 
força unida e concentrada de uma paixão nacional em ebulição consegue fazer 
frente à escravização internacional dos povos. Uma tal solução é e terá de sei 
sempre por meio da violência.
     Se, entretanto, 
existe a convicção que, de uma maneira ou de outra, o futuro da Alemanha exige o 
maior sacrifício, é necessário, que, abstraindo quaisquer considerações sobre 
habilidade política, 3á por causa desse sacrifício, é preciso saber se o 
objetivo pelo qual se quer combater é digno do 
mesmo.
     As fronteiras de 1914 nada significam 
quanto ao futuro da Alemanha. Elas não constituíam uma proteção no passado nem 
significarão força no futuro. Elas não dariam a solidariedade interna à nação 
alemã nem poderiam prover à sua alimentação; do ponto de vista militar, elas não 
serviriam, nem satisfariam, nem melhorariam a nossa atual situação com relação 
às outras potências, ou melhor em relação àquelas que são as verdadeiras 
potências mundiais. A distância que nos separa da Inglaterra não diminuiria, não 
seria possível atingir à grandeza da União Americana, nem mesmo a França 
sofreria sensível diminuição na sua importância como 
potência.
     Uma coisa, porém, seria certa: 
qualquer tentativa no sentido de restaurar as fronteiras de 1914, mesmo bem 
sucedida, só conduziria a mais derramamento de sangue, até que não restasse mais 
o indispensável à reconstrução da vida e do futuro da nação. Ao contrário, a 
embriagues de uma vitória tão vazia, faria com que sobreviesse a desistência de 
qualquer objetivo, tanto mais quanto estaria reparada a "honra nacional" e novas 
portas abertas ao desenvolvimento comercial, ao menos por algum tempo. Em 
contraposição, nós os nacionais-socialistas devemos nos manter firmes nos nossos 
propósitos quanto à política externa, isto é, os de assegurar ao povo alemão o 
solo que lhe compete neste mundo. E essa ação é a única que justifica, perante 
Deus e a posteridade alemã, um tributo de sangue. Perante Deus, uma vez que 
fomos colocados neste mundo com a obrigação de lutar eternamente pelo pão de 
cada dia, sendo como somos criaturas que nada recebem de presente e que devem a 
sua posição de senhores no mundo exclusivamente ao gênio e à coragem com que 
sabemos lutar por ela; perante a nossa posteridade alemã, uma vez que jamais 
derramamos o sangue de um cidadão sem que fossem doados à posteridade milhares 
de outros. O solo em que algum dia as gerações de camponeses alemães poderão 
gerar filhos fortes, explicará o sacrifício dos filhos de hoje e os estadistas, 
embora perseguidos no presente, serão futuramente absolvidos do crime de 
derramamento de sangue e de sacrifício do 
povo.
     Da maneira mais violenta, sou obrigado a 
me insurgir contra aqueles escritores que vêem em uma tal aquisição do solo "uma 
violação dos sagrados direitos das gentes", dirigindo os seus escritos contra 
uma tal atuação. Não se sabe nunca quem está escondido atrás de tais indivíduos. 
O que é certo, porém, é que a confusão que eles conseguem estabelecer é desejada 
por alguém e favorece os nossos inimigos. Tomando tais atitudes, eles ajudam 
criminosamente a diminuir, a eliminar em nosso povo a vontade de persistir no 
ponto de vista certo quanto às suas necessidades vitais. Pois não há povo neste 
mundo que possua um único quilômetro quadrado, por vontade superior ou direito 
superior. Assim como as fronteiras da Alemanha são fronteiras devidas ao acaso, 
à luta política da ocasião, assim também acontece em relação às fronteiras 
dentro das quais vivem os outros povos. E, assim como só um néscio pode 
considerar graniticamente imutável a formação de nossa superfície terrestre, 
superfície essa que é a criação de formidáveis forças da natureza, e que quiçá 
amanhã sofrerá destruição ou transformação por forças mais poderosas ainda, 
assim também acontece na vida dos povos, em relação às fronteiras entre as quais 
eles vivem.
     Os limites entre os países são 
criados pelos homens e por eles modifica dos.
     O 
fato de um povo ter conseguido adquirir uma extensão desmedida de solo não 
significa uma obrigação superior de reconhecer-se eternamente essa aquisição. 
Isso prova, quando muito, a força do conquistador e a fraqueza daqueles que o 
toleram. É somente nessa força é que reside o direito. O fato do povo alemão, 
hoje em dia, encontrar-se apertado em uma extensão territorial insignificante, 
aguardando um futuro deplorável, não é um desígnio do destino, assim como também 
uma rebelião contra esse estado de coisas representa uma mudança brusca contra o 
mesmo. Assim como nossos antepassados não receberam como dádiva do céu o solo em 
que hoje vivemos e sim através de árduas lutas, com sacrifício de suas vidas, 
também para o futuro o solo e a vida de nosso povo não advirá de nenhum favor e 
sim somente por intermédio da força de uma espada 
vitoriosa.
     Por mais que reconheçamos hoje em 
dia a necessidade de um entendimento com a França, esse entendimento será 
ineficaz em linhas gerais caso ao mesmo omitam o nosso objetivo geral em matéria 
de política externa. Esse entendimento só poderá e só terá sentido, se oferecer 
uma garantia de aumento de nosso solo na Europa. A aquisição de colônias não 
resolve essa questão. De fato, não há solução fora da conquista de território 
para colonização que aumente a extensão territorial da mãe pátria e com isso não 
só mantenha os colonizadores em contato íntimo com o seu país de origem como 
também assegure as vantagens de uma unidade 
perfeita.
     O movimento nacionalista não deverá 
ser o advogado de outros povos e sim o pioneiro do seu próprio povo. A não ser 
assim, ele será supérfluo e sobretudo não terá direito de falar sobre o passado, 
pois, nesse caso, estaria agindo como esse. A antiga política alemã foi 
erradamente determinada em obediência a pontos de vista de dinastias. De futuro 
não deverá ser conduzida por sentimentalismo. Sobretudo não somos policia de 
proteção dos conhecidos "pobres e pequenos povos" e sim soldados de nosso 
próprio povo.
     Nós os nacionais-socialistas 
temos de ir mais longe: o direito ao solo não se trata de um qualquer poviléu de 
negros e sim da Pátria germânica pode se tornar um dever quando um grande povo, 
sem possibilidade de aumento territorial, parece destinado ao desaparecimento. 
Sobretudo quando que imprimiu ao mundo de hoje o seu cunho cultural. A Alemanha 
tornar-se-á uma potência mundial ou deixará de existir. Para tanto ela necessita 
daquela grandeza que hoje em dia a sua importância lhe confere e a seus cidadãos 
a vida oferece.
     Nós os nacionais socialistas 
traçamos com isso, deliberadamente, uma linha, antes da Guerra, sobre a 
tendência divisória de nossa política externa. Começamos ali onde os outros 
terminaram, há 600 anos atrás. Fazemos parar a eterna corrente germânica em 
direção ao sul e ao ocidente da Europa e lançamos a vista para as terras de 
leste. Terminamos, finalmente, a política colonial e comercial de antes da 
Guerra e passamos à política territorial do 
futuro.
     Quando hoje em dia falamos, na Europa, 
de nosso solo, pensamos, em primeira linha, somente na Rússia e Estados 
adjacentes, a ela subordinados.
     O próprio 
destino parece querer nos indicar a direção. O destino, ao abandonar a Rússia ao 
bolchevismo, roubou ao povo russo a classe educada que criara e garantira a sua 
existência como Estado. A organização de um Estado russo não foi o resultado da 
capacidade política do eslavismo na Rússia, e sim um maravilhoso exemplo da 
eficiência, como criadores de Estados, dos elementos germânicos no seio de uma 
raça inferior. Assim foram criados numerosos impérios poderosos do mundo. Povos 
inferiores, tendo elementos como organizadores e dirigentes dos mesmos, mais de 
uma vez cresceram e se mantiveram prósperos, enquanto se conservou o cerne da 
raça em formação. Durante séculos, as camadas superiores da Rússia se 
aproveitaram dessa influência germânica. Hoje em dia, ela pode ser considerada 
inteiramente destruída. Em seu lugar, apareceu o judeu. É tão impossível à 
Rússia livrar-se do jugo judaico, por suas próprias forças, como ao judeu manter 
o controle sobre o vasto império, ainda por muito tempo. Ele não é um elemento 
organizador, e sim antes um fermento de decomposição. O imenso império do 
oriente está prestes a ruir. O fim do domínio judaico na Rússia será também o 
fim da Rússia como Estado. Fomos escolhidos pelo destino para sermos testemunhas 
de uma catástrofe que será a mais formidável confirmação da verdade da teoria 
racial.
     Nossa finalidade, a missão do movimento 
nacional socialista, é porém, convencer o povo alemão de que não deve ver aí o 
seu objetivo do futuro realizado na embriaguez de uma nova campanha de Alexandre 
e sim no trabalho laborioso do arado alemão ao qual só a espada tem de dar o 
solo.
     É natural que os judeus oponham a essa 
política a mais tenaz resistência. Eles sentem melhor do que ninguém a 
importância dessa questão, no que diz respeito ao seu próprio futuro. Justamente 
esse fato é que devia esclarecer todos os homens de idéias nacionalistas sobre a 
retidão dessa nossa orientação. Infelizmente, porém, dá-se justamente o 
contrário. Não só nos círculos germânicos nacionalistas como também mesmo nos 
"racistas" combate-se fortemente essa idéia de uma política oriental, 
invocando-se, como quase sempre em ocasiões semelhantes, uma autoridade mais 
alta. Cita se o espírito de Bismarck para acobertar uma política que é tão 
insensata como impossível, e perniciosa em alto grau ao povo alemão. Diz-se que 
Bismarck fizera outrora sempre questão das boas relações com a Rússia. Isso é, 
até certo ponto, certo. Mas se esquecem de mencionar, a esse respeito, que ele 
dava igualmente grande valor, por exemplo às boas relações com a Itália, que o 
mesmo Bismarck se aliara outrora à Itália para melhor liquidar a Áustria. Porque 
é que não se continua, pois, essa política? "Porque a Itália de hoje não é a 
Itália de outrora", dir-se-á. Bem. Mas nesse caso, honrados senhores, 
permitam-me objetar que a Rússia atual não é mais a Rússia de então. A Bismarck 
nunca ocorreu, por princípio, querer fixar, para sempre, um mesmo caminho em 
táticas políticas. Ele era por demais senhor do momento para impor a si mesmo um 
tal compromisso. A pergunta não deve, portanto, ser: que fez então Bismarck? E 
sim, antes: Que faria ele hoje em dia? Essa pergunta é mais fácil de responder. 
Com sua inteligência política, ele nunca se aliaria a um Estado condenado ao 
aniquilamento.
     Além disso, já naquela época, 
Bismarck observava com restrições a política alemã de colonização e comércio, 
pois o que mais de perto lhe interessava era garantir, da maneira mais segura, a 
consolidação do Estado por ele criado. Esse, também, foi o único motivo por que 
ele, naquela ocasião, aceitou com agrado que a Rússia lhe guardasse as costas, 
deixando-lhe livre o braço direito para agir no ocidente. Entretanto, aquilo 
que, então, trouxe vantagem para a Alemanha, seria hoje 
prejudicial.
     Já nos anos de 1920/21, quando o 
movimento nacional socialista começava lentamente a se elevar no horizonte 
político e já era considerado um movimento de libertação da nação alemã, o 
Partido foi abordado, por vários lados, por certos indivíduos, com o projeto de 
estabelecer-se entre o mesmo e os momentos de libertação de outros países uma 
certa ligação, nos moldes há muito preconizados de "Aliança das Nações 
Oprimidas". Tratava-se sobretudo de representantes de Estados balcânicos, 
egípcios e indianos, que me davam sempre a impressão de presunçosos tagarelas, 
sem quaisquer elementos. Mas houve uns raros alemães, especialmente entre os 
nacionalistas, que se deixaram levar por aqueles enfatuados orientais e 
imaginaram que qualquer estudante indiano ou egípcio que aparecia era um genuíno 
"representante" do povo da Índia ou do Egito. Nunca se deram ao trabalho de 
obter informações, nem compreenderam que essa gente não tinha elementos nem 
autoridade dada por quem quer que fosse para realizar qualquer espécie de 
acordo. Assim sendo, tratar com tais personagens era a mesma coisa que nada 
fazer e perder tempo. Eu sempre me defendi contra tais tentativas, não só porque 
tinha mais o que fazer do que perder semanas em "confabulações" estéreis, como 
também porque considerava, mesmo que se tratasse de representantes autorizados 
daquelas nações, tudo isso imprestável e mesmo 
pernicioso.
     Já era bastante mau que, no tempo 
da paz, a política de aliança alemã tivesse terminado em uma aliança defensiva 
de Estados velhos, politicamente inválidos, em virtude da falta de intenções 
eficientes de combate. Tanto a aliança com a Áustria como com a Turquia tinham 
pouco de agradável, em si. Enquanto os maiores Estados do mundo, militares e 
industriais, se reuniam em uma aliança ofensiva, fazíamos a reunião de alguns 
Estados velhos e impotentes e, com essas velharias destinadas a desaparecerem, 
procurávamos enfrentar uma coligação mundial eficiente. A Alemanha pagou caro 
esse erro da política externa. Entretanto isso não impediu que os nossos eternos 
sonhadores caíssem imediatamente no mesmo erro, pois a tentativa de desarmar um 
vencedor todo-poderoso por meio de uma "aliança de nações oprimidas" é não só 
ridícula como nociva. É nociva porque, com isso, o nosso povo é sempre desviado 
de suas possibilidades reais, e se entrega a esperanças e ilusões fantásticas e 
estéreis. O alemão de hoje se assemelha na realidade ao náufrago que se agarra a 
qualquer palha, mesmo quando se trata de gente muito culta. Logo que aparece o 
fogo-fátuo de uma esperança, por mais irreal que seja, essas criaturas põem-se a 
caminho e seguem esse fantasma, seja o mesmo uma aliança de nações oprimidas, 
uma liga das nações ou qualquer outra fantasia; nem por isso essa fantasia 
deixará de encontrar milhares de almas 
crentes.
     Lembro-me ainda das esperanças, tão 
infantis quanto incompreensíveis, que, nos anos de 1920/21, surgiram nos 
círculos "populares". Pensava-se que a Inglaterra estava diante de um fracasso 
na Índia. Um prestidigitador asiático qualquer, um desses libertadores da Índia 
que não estavam em atividade na Europa, tinha conseguido encher a cabeça de 
gente geralmente insensata com a idéia fixa de que o império britânico que 
possuía o seu ponto de apoio na Índia, se encontrava em face da ruína. 
Naturalmente não se deram conta de que também nesse caso, somente o seu próprio 
desejo é que gerava todas as suas idéias. Tão pouco compreendiam a contradição 
de suas próprias esperanças. Esperando ver na queda do domínio inglês na Índia o 
fim do império mundial britânico e do poderio inglês, eles mesmos reconhecem que 
justamente a Índia é para a Inglaterra da mais eminente 
importância.
     Essa questão, de importância 
vital, não é, porém, somente conhecida de qualquer profeta popular germânico que 
disso faça o seu maior segredo, e sim provavelmente também por parte dos 
dirigentes ingleses. É verdadeiramente infantil supor que, na Inglaterra, não se 
saiba avaliar a importância do Império das Índias para a união britânica. É 
apenas uma triste prova de não se ter tomado a lição da guerra mundial e de não 
se ter compreendido o caráter firme do anglo-saxão o imaginar-se que a 
Inglaterra deixaria a Índia tornar-se independente. Isso também prova a completa 
ignorância dominante na Alemanha quanto aos métodos com que a Inglaterra 
administra aquele império. A Inglaterra jamais deixará a Índia separar-se, a não 
ser que ela caia na confusão racial (hipótese completamente afastada na Índia), 
ou a não ser que ela a isso seja forçada pela espada. de um poderoso inimigo. Os 
levantes indianos jamais terão êxito. Nós alemães conhecemos bem, por 
experiência, quanto é duro contrariar a Inglaterra. Além de tudo isso, falando 
como alemão, eu prefiro ver a Índia sob o domínio da Inglaterra do que sob o de 
qualquer outra nação.
     São igualmente sem 
fundamento as míticas esperanças de um levante no Egito. A "guerra santa" pode 
provocar em nossos ingênuos alemães a agradável sensação proveniente do fato de 
outros estarem dispostos a perder sangue por nós, pois essa especulação covarde 
foi, realmente, a causa dessas esperanças. Na verdade, qualquer tentativa de 
levante teria um fim infernal, sob o fogo das companhias de metralhadoras 
inglesas e sob uma chuva de bombas.
     O que é 
fato é que é uma impossibilidade, com uma coligação de aleijados, lutar contra 
um Estado poderoso que está decidido a sacrificar, por sua existência, se 
necessário, a última gota de sangue. Como um racista que julga a humanidade pelo 
critério da raça, não posso admitir que se acorrentem os destinos de uma nação 
às chamadas "nacionalidades oprimidas", desde que, racialmente, elas são de 
insignificante valor.
     Justamente a mesma 
posição temos de adotar em relação à Rússia. A Rússia de hoje, desprovida da 
elite germânica, não é, mesmo pondo de parte inteiramente as intenções íntimas 
de seus atuais senhores, um aliado próprio a uma luta pela libertação alemã. Sob 
o ponto de vista puramente militar, as conseqüências, no caso de uma guerra da 
Alemanha e da Rússia contra o ocidente da Europa e, provavelmente, também. 
contra o resto do mundo, seriam verdadeiramente catastróficas. A luta 
desenrolar-se-ia, não em terreno russo, mas em território alemão, sem que a 
Alemanha pudesse receber da Rússia o menor auxílio eficiente. O poder material 
do atual império alemão é tão precário e de tal maneira impróprio para uma luta 
externa, que toda qualquer proteção da fronteira ocidental, inclusive da 
Inglaterra, não seria de possível realização. E justamente a região industrial 
alemã estaria indefesa contra as armas concentradas de nossos inimigos. Acresce 
a circunstância de haver, entre a Alemanha e a Rússia, a Polônia, que se- 
encontra totalmente em mãos francesas. No caso de uma guerra da Alemanha e da 
Rússia contra o ocidente da Europa, a Rússia teria de, primeiro, vencer a 
Polônia, antes de poder trazer o seu primeiro soldado ao "front" alemão". Nesse 
caso não se trata tanto de soldados como de armamento técnico e repetir-se-ia, 
de maneira muito mais horrorosa, a situação da guerra mundial. Assim como a 
indústria alemã ainda teve de suprir os nossos famosos aliados e a Alemanha teve 
de lutar sozinha, no terreno da guerra técnica, assim, nessa luta, a Rússia 
seria inteiramente desprezível, como fator técnico. Quase nada poderemos 
contrapor à motorização geral do mundo, a qual na próxima guerra será 
violentamente decisiva. Não só a Alemanha ficou vergonhosamente em atraso nesse 
importantíssimo terreno, como teria de manter, com o pouco que possui, ainda a 
Rússia, que até hoje não dispõe de uma única fábrica ria qual possa produzir um 
automóvel caminhão capaz de funcionamento. Assim sendo, uma tal luta assumiria 
somente o caráter de uma carnificina. A juventude alemã seria mais sacrificada 
do que outrora, pois, como sempre, o peso da luta cairia sobre nós 
exclusivamente e o resultado seria uma derrota 
inevitável.
     Mas, mesmo no caso de se dar um 
milagre e de uma tal luta não terminar com o completo aniquilamento da Alemanha, 
o resultado final seria que o povo alemão, exangue, continuaria, como dantes, 
rodeado de grandes potências militares, sem que, portanto, a sua situação real 
se modificasse de qualquer maneira.
     Não se 
objete que, no caso de uma aliança com a Rússia tenha logo de aparecer a 
hipótese de guerra ou que, no caso afirmativo, possa ser feita uma preparação 
fundamental para a mesma. Uma aliança, cujo objetivo não compreenda a hipótese 
de uma guerra, não tem sentido nem valor. Alianças só se fazem para luta. 
Embora, no momento de ser realizado um tratado de aliança, esteja muito afastada 
a idéia de guerra, a probabilidade de uma complicação bélica é, não obstante, a 
verdadeira causa. E não se pense, por acaso, que qualquer potência interprete de 
outra maneira uma tal aliança. Ou uma coligação russo-alemã ficaria só no papel 
- e nesse caso seria para nós sem significação e sem valor - ou se 
transformaria, das letras do tratado, em realidade visível, e o resto do mundo 
ficaria de sobreaviso. Como é ingênuo pensar que a Inglaterra e a Fiança, em tal 
caso, esperariam um decênio, até que a aliança russo alemã tivesse terminado os 
seus preparativos técnicos para a luta! Não. A tempestade cairia de chofre sobre 
a Alemanha.
     Assim, pois, o simples fato de uma 
aliança com a Rússia é uma indicação da próxima guerra. O seu desenlace seria o 
fim da Alemanha.
     Acresce ainda o 
seguinte:
     1. Os atuais detentores do poder, na 
Rússia, não pensam, absolutamente, cm fazer uma aliança honesta ou de 
mantê-la.
     É preciso não esquecer nunca que os 
dirigentes da Rússia atual são sanguinários criminosos vulgares e que se trata, 
no caso, da borra da sociedade, que, favorecida pelas circunstâncias, em uma 
hora trágica, derrubou um grande Estado e, na fúria do massacre, estrangulou e 
destruiu milhões dos mais Inteligentes de seus compatrícios e, agora, há dez 
anos, dirige o mais tirânico regime de todos os tempos. Não devemos esquecer que 
muitos deles pertencem a uma raça que combina uma rara mistura de crueldade 
bestial e grande habilidade em mentir e que se julga especialmente chamada, 
agora, a submeter todo o mundo a sua sangrenta opressão. Não devemos esquecer 
que o judeu internacional, que continua a dominar na Rússia, não olha a Alemanha 
como um aliado mas como um Estado destinado à mesma sorte. Não se conclui, 
porém, nenhum tratado com uma parte, cujo único interesse está no aniquilamento 
da outra. Não se concluem contratos sobretudo com indivíduos para os quais 
nenhum contrato seria sagrado, pois que eles não vivem neste mundo como 
representantes da honra e da verdade, mas sim como representantes da mentira, da 
impostura, do furto, do saque, do roubo. Pensar em poder concluir relações 
contratuais com parasitas, assemelha-se à tentativa de uma árvore em, para 
vantagem sua, fazer um acordo com um agarico.
     A 
ameaça a que a Rússia sucumbiu, pende perpetuamente sobre a Alemanha. Somente o 
burguês ingênuo é capaz de imaginar que o perigo bolchevista esteja afastado. Na 
sua maneira superficial de pensar, ele não tem a menor idéia de que se trata, 
aqui, de um processo instintivo, isto é, de um esforço pelo domínio da terra da 
parte do povo judeu, de um processo que é tão natural como o instinto do 
anglo-saxão de apropriar-se deste mundo. E assim como o anglo-saxão segue esse 
caminho a seu modo e luta com as suas armas, assim também o judeu. Este procura 
insinuar-se entre os povos e carcomê-los, lutando com as suas armas, isto é, com 
a mentira e com a calúnia, o veneno e a corrupção, aumentando a luta até à 
sangrenta extirpação do inimigo odiado. Devemos enxergar no bolchevismo russo a 
tentativa do judaísmo, no século vinte, de apoderar-se do domínio do mundo, 
justamente da mesma maneira por que, em outros períodos da história, ele 
procurou, por outros meios, embora intimamente parecidos, atingir os mesmos 
objetivos. A sua aspiração tem raízes na sua maneira de ser. Assim como outros 
povos não desistem, por si, de expandir o seu poder e são levados a isso por 
circunstâncias exteriores sob pena de diminuírem de importância. assim também o 
judeu não renuncia espontaneamente a sua aspiração de uma ditadura mundial, nem 
reprime o seu eterno desejo nesse sentido. Ou ele será repelido por forças 
exteriores para outro caminho ou o seu desejo de domínio universal só 
desaparecerá com a extinção da raça. A impotência dos povos, sua própria morte 
pela idade, baseia-se no problema de sua pureza de sangue. E essa pureza o judeu 
guarda melhor que qualquer povo da terra. Assim segue ele o seu caminho nefasto, 
até que se lhe oponha uma outra força que, em luta gigantesca, atire o invasor 
do céu nos braços de Lúcifer.
     A Alemanha é hoje 
o próximo grande objetivo do bolchevismo. É necessária toda a força de uma idéia 
nova, com o caráter de uma emissão, para mais uma vez fazer ressurgir o nosso 
povo, livrá-lo da fascinação dessa serpente internacional e no interior pôr um 
dique à corrupção do sangue, de maneira que as forças da nação, assim libertada, 
possam ser empregadas para preservar a nossa raça, evitando, para sempre, a 
repetição das últimas catástrofes. Se esse é o nosso objetivo, é loucura a 
aliança com uma potência cuja finalidade é aniquilar-nos de futuro. Como é que 
se quer libertar o nosso povo das cadeias desse amplexo corruptor, atirando o 
aos seus braços? Como é possível explicar ao trabalhador alemão que o 
bolchevismo é um crime horroroso contra a humanidade, se o governo se alia a 
esse produto do inferno, reconhecendo-o oficialmente? Com que direito se 
condenam as grandes massas por suas simpatias por uma doutrina, se os próprios 
chefes do Estado escolhem os dirigentes dessa teoria universal para 
aliados?
     A luta contra a bolchevização mundial 
exige uma atitude clara com relação à Rússia soviética. Não se pode afugentar o 
Diabo com Belzebu.
     Quando os próprios círculos 
nacionalistas se entusiasmam com uma aliança com a Rússia, devem eles lançar as 
suas vistas para a Alemanha e examinar com quem contarão para isso. Ou encaram 
os racistas como benéfica para o povo alemão uma ação que é recomendada e 
exigida pela imprensa marxista internacional? Desde quando combatem os racistas 
com uma armadura que, como escudo, nos apresenta o 
judeu?
     Ao antigo império se podia fazer, em 
relação à sua política de aliança, uma censura capital: que prejudicava as suas 
relações para com todos pela sua hesitação e fraqueza, querendo conservar a paz 
a todo custo só de uma coisa não se pode censurá-la: não continuou a manter as 
suas relações com a Rússia.
     Admito francamente 
que, durante a Guerra, teria sido melhor para a Alemanha que ela tivesse 
renunciado à sua louca política colonial e à sua política naval, que se tivesse 
unido à Inglaterra em uma aliança de defesa contra uma invasão da Rússia e que 
tivesse abandonado a sua fraca aspiração de envolver todo o mundo em uma 
determinada política de aquisição territorial no continente 
europeu.
     Não esqueço as perpétuas e insolentes 
ameaças feitas à Alemanha pela Rússia pan-eslavista; não esqueço as continuas 
mobilizações, cujo único fim era molestar a Alemanha; não esqueço a disposição 
da opinião pública da Rússia, que, antes da Guerra, primava em ataques 
inspirados pelo ódio à nossa nação e ao Império, nem posso esquecer a maioria da 
imprensa da Rússia, que sempre tinha mais entusiasmo pela França que por 
nós
     Entretanto, antes da Guerra ainda teria 
sido possível um segundo caminho: o apoio da Rússia contra a 
Inglaterra.
     Hoje, as condições são outras. Se, 
antes da Guerra, recalcando todos os possíveis sentimentos, havia possibilidade 
de acompanhar a Rússia, hoje em dia já não há mais. O ponteiro do relógio 
mundial desde então já tem avançado e esse mesmo relógio, em formidáveis 
pancadas, nos anuncia a hora em que o destino de nosso povo terá de decidir-se 
de uma maneira ou de outra. A atual consolidação das grandes potências é a 
última advertência que nos é feita para compreendermos a realidade e 
reconduzirmos o nosso povo, dos domínios do sonho, para a dura verdade e mostrar 
lhe o único meio pelo qual o Reich poderá ainda 
reflorescer.
     Se o movimento do Partido Nacional 
Socialista abandonar todas as ilusões e tomar a razão como seu único guia, a 
catástrofe de 1918 pode transformar-se em uma imensa bênção para o futuro de 
nossa nação. Partindo desse colapso, o nosso povo poderá chegar a uma orientação 
inteiramente nova para sua atuação na política externa e, prosseguindo firmado, 
intimamente, na sua nova concepção universal, atingir, finalmente a 
estabilização de sua política externa. Podemos acabar ganhando o que a 
Inglaterra possui, o que mesmo a Rússia possuía e o que a França sempre e sempre 
teve, ao tomar decisões nos seus próprios interesses: uma tradição 
política.
     A tradição política da nação alemã, 
na sua atuação externa, deverá e terá de ser sempre 
esta:
     Não tolereis jamais a formação de duas 
potências continentais na Europa. Divisai em toda tentativa de formar, nas 
fronteiras alemãs, uma segunda potência militar como um ataque contra a 
Alemanha, mesmo que se trate de um Estado apenas capaz de se transformar em 
potência militar; e vede nisso, não só um direito, como um dever, de, por todos 
os meios, mesmo com o emprego de força armada, evitar a formação de um tal 
Estado, ou destruí-lo, caso ele já se tenha formado. Diligenciai para que a 
força de nosso povo não se baseie em colônias e, sim, em território na Europa. 
Não considereis jamais o Reich em segurança, enquanto ele não estiver em 
condições de, por séculos, oferecer a cada rebento de nosso povo, o seu próprio 
pedaço de terra. Não esqueçais nunca que o direito mais sagrado neste mundo é o 
direito sobre a terra que queremos cultivar e o sacrifício mais sagrado o sangue 
que derramamos por essa terra.
     Não queria 
terminar estas considerações sem, mais uma vez, apontar a única possibilidade de 
aliança que no momento há para nós na Europa. Já no capítulo anterior, referente 
ao problema alemão de aliança, apontei a Inglaterra e a Itália como os dois 
únicos Estados na Europa com os quais seria desejável e promissor que 
conseguíssemos mais estreitas relações. Quero, aqui, em poucas palavras, 
referir-me à importância militar de uma tal aliança. As conseqüências militares 
da conclusão dessa aliança seriam em tudo e por tudo opostas às de uma aliança 
com a Rússia. O mais importante é o fato de que uma aproximação com a Inglaterra 
e a Itália de maneira alguma provocaria o risco de guerra. A única potência que 
poderia assumir uma atitude de oposição a essa aliança, a França, não estaria em 
condições de fazê-lo. Com isso, porém, a aliança daria à Alemanha a 
possibilidade de, com toda a calma, fazer aqueles preparativos que, no quadro de 
uma tal coligação, de uma maneira ou de outra teriam de ser feitos. O mais 
importante em tal aliança está justamente no fato de - que a Alemanha. nesse 
caso, não será repentinamente sujeita a uma invasão inimiga; e sim que com a 
aliança inimiga se desbaratará a "entente", à qual devemos tanta infelicidade, 
e, com isso, a França, o inimigo mortal de nossa povo, cairá no isolamento. 
Mesmo que essa vitória, de princípio, só tivesse efeito moral, ela bastaria para 
dar à Alemanha uma liberdade de movimento difícil de ser avaliada hoje. As 
iniciativas estariam em mãos da nova aliança européia anglo-germânica-italiana e 
não nas mãos da França.
     O resultado seguinte 
seria que, de um, golpe, a Alemanha estaria libertada de sua posição estratégica 
desfavorável. A mais poderosa proteção dos flancos, de um lado, a completa 
asseguração de nosso abastecimento de víveres e material bélico de outro, seria 
o efeito benéfico da nova ordem 
política.
     Talvez mais importante seria o fato 
da nova aliança abranger Estados de capacidade técnica que em muitos pontos se 
completam. Pela primeira vez, a Alemanha teria aliados que não seriam 
sanguessugas de nossa economia, mas até poderiam contribuir e contribuiriam para 
completar o nosso preparo técnico.
     Não se deve 
perder de vista o último fato de que, nos dois casos, se trataria de aliados que 
não se podem comparar à Turquia ou à Rússia atual. A maior potência mundial e um 
jovem Estado nacionalista teriam outras condições para uma luta na Europa que os 
putrefatos cadáveres de Estados, com os quais a Alemanha se havia aliado na 
última guerra.
     Certamente, como já acentuei no 
capitulo precedente, as dificuldades que se opõem a uma tal aliança são grandes. 
Entretanto, a formação da Entende foi, porventura, uma obra menos penosa? O que 
o rei Eduardo VII conseguiu, em parte com interferências naturais, temos e 
haveremos de conseguir, quando nos convencermos de uma tal necessidade, a ponto 
de determinarmos o nosso próprio modo de proceder nesse sentido, com inteligente 
abnegação. Isso se conseguirá no momento em que advertido pela necessidade, em 
vez da política externa sem objetivo dos últimos dez anos, se seguir 
persistentemente por um único caminho com objetivo determinado. Não é a 
orientação para o Ocidente e para o Oriente que deve ser o futuro objetivo de 
nossa política externa e, sim, a política do Oriente necessária ao nosso povo. 
Como para isso é necessário força e o nosso inimigo mortal, a França, nos sufoca 
inexoravelmente e nos rouba essa força, teremos de fazer todos os sacrifícios, 
cujas conseqüências sejam propícias a contribuir para o aniquilamento das 
tendências francesas de hegemonia na Europa. Toda potência que, como nós, não 
suporta a febre de poder da frança no continente é hoje em dia nosso aliado 
natural. Nenhum passo nosso junto a uma tal potência, nenhuma renúncia nos devem 
ser irrealizável, desde que o resultado final ofereça possibilidade do 
aniquilamento de nosso mais feroz inimigo. Deixemos a cura de nossas pequenas 
feridas aos efeitos suaves do tempo, desde que consigamos cauterizar e fechar a 
maior.
     Naturalmente, ficaremos sujeitos ao 
ladrar odiento dos inimigos de nosso povo no interior. Nós nacionais 
socialistas, não devemos nos transviar, deixando de proclamar aquilo que, 
segundo a nossa mais íntima convicção, é necessário. Devemos nos encorajar para 
enfrentarmos a opinião pública, ensandecida pela astúcia judaica que explora a 
nossa falta de sentimento nacional. Muitas vezes os vagalhões batem com fúria em 
torno de nós. Entretanto, aquele que nada na corrente mais facilmente será 
perdido de vista do que aquele que enfrenta as ondas. Hoje não somos senão uma 
rocha no rio; dentro de alguns anos o destino poderá levantar-nos como um dique 
contra o qual a corrente geral só rebentará para correr em um novo 
leito.
     É por isso necessário que, perante os 
olhos do resto do mundo, o movimento nacional socialista, seja reconhecido e 
estabelecido como o portador de uma determinada intenção política. Seja qual for 
o destino que o Céu nos reserve, hão de reconhecer-nos pelo nosso altivo 
programo.
     Assim que nós mesmos reconhecermos a 
grande necessidade de definir a nossa ação na política externa, desse 
reconhecimento promanará a persistência de que as vezes necessitamos, quando, 
sob fogo cerrado da matilha da nossa imprensa inimiga, um ou outro se amedronta 
e se deixa levar pela inclinação de, para não ter todos contra si, fazer 
concessão ao menos neste ou naquele terreno e uivar com os lobos.
CAPÍTULO XV - O DIREITO DE 
DEFESA
     Quando depusemos as armas, em 
novembro de 1918, foi iniciada uma política que, segundo todas as probabilidades 
humanas, era destinada a conduzir à ruína. Exemplos semelhantes, tirados da 
história, mostram que os povos que depõem as armas antes de tentarem um último 
esforço, mais facilmente preferem, no correr do tempo, sofrer as maiores 
humilhações e opressões a tentarem uma mudança de seu destino por meio de um 
novo apelo à violência.
     Isso é perfeitamente 
humano. Um vencedor inteligente fará, se possível, as suas exigências ao 
vencido, por partes. Ele poderá contar, então, no caso de tratar-se de um povo 
que se tornou sem caráter - e como tal se pode considerar todo povo que se rende 
voluntariamente - que não encontrará em cada uma dessas opressões um motivo 
suficiente para mais uma vez se pegar em armas. Quanto mais opressões forem 
aceitas voluntariamente, tanto mais injustificado parece, a esses homens, 
porem-se em guarda ante novas opressões, sempre repetidas, embora isoladamente, 
sobretudo considerando que, no final de contas, já se tolerou muito maior 
desgraça em silêncio.
     A decadência de Cartago é 
uma horrível imagem do suplício de um povo 
culpado.
     Por isso, Clausewítz destaca, nas suas 
três "confissões", de maneira incomparável, esses pensamentos e os fixa para 
sempre, dizendo: "que é indelével a mácula vergonhosa de uma submissão covarde; 
que essa gota de veneno passa para o sangue da posteridade e paralisará e 
destruirá a força das gerações vindouras"; e, em contraposição, "mesmo a 
derrocada dessa liberdade após uma luta sangrenta e honrosa assegura o 
renascimento de um povo e é o núcleo vital de que deitará raízes uma nova 
árvore."
     Naturalmente, uma nação que perdeu a 
honra e o caráter não dará ouvidos a uma tal doutrina, pois quem a toma a peito 
não poderá descer a tanto. Só decai quem a esquece ou dela não quer mais saber. 
Daí não se poder esperar que os responsáveis por uma submissão covarde caiam em 
si e, baseados na experiência humana, ajam de maneira diferente da de até então. 
Ao contrário, justamente esses afastarão de si qualquer doutrina nesse sentido, 
até que o povo se acostume definitivamente à sua situação de escravo ou até que 
forças melhores aflorem à superfície para tirar o poder das mãos do perverso 
corruptor. No primeiro caso, essas criaturas nem se sentem mal, pois, não raras 
vezes, recebem dos inteligentes vencedores o cargo de feitor de escravos, cargo 
esse que essas naturezas desbriadas exercem geralmente da maneira mais 
impiedosa, com relação ao seu próprio povo, do que qualquer fera estrangeira ai 
colocada pelo inimigo.
     Os acontecimentos, desde 
o ano de 1918, nos mostram que na Alemanha a esperança de, por meio de submissão 
voluntária, poder conseguir o favor do vencedor, infelizmente determina, da 
maneira mais nefasta, a conduta política da grande massa. Eu desejaria, por 
isso, ressaltar o valor que empresto à grande massa, pois não consigo 
convencer-me de que a maneira de agir dos dirigentes de nosso povo possa ser 
atribuída a essa mesma loucura nefasta. Como, desde o fim da Guerra, a direção 
de nossos destinos é sabidamente orientada por judeus, não se pode, na 
realidade, supor que exclusivamente uma noção falha tenha sido a causa de nossa 
desgraça, mas, ao contrário, deve se ter a convicção de que uma intenção 
consciente conduz nosso povo ao aniquilamento. E desde que se examine, desse 
ponto de vista, a aparente loucura na direção da nossa política externa, ela se 
desvenda como uma lógica extremamente requintada e fria ao serviço da idéia e da 
luta dos judeus pela conquista do 
mundo.
     Torna-se compreensível como se passou, 
sem ser utilizado, um período de tempos, entre 1806 e 1813, suficiente para dar 
à Prússia, inteiramente derrotada como estava, nova energia e espírito 
combativo. Esse tempo não só não foi utilizado como, de fato, conduziu a maior 
enfraquecimento de nosso Estado.
     Sete anos 
depois de novembro de 1918 foi assinado o tratado de Locarno! As coisas se 
passaram como ficou indicado acima. Logo que se assinou o vergonhoso armistício, 
ninguém teve energia nem coragem para opor-se às medidas de opressão que o 
inimigo executava repetidamente. Ele era muito inteligente para pedir demasiado 
de cada vez. Restringiu a sua opressão a uma extensão que, no modo de ver e na 
opinião de nossos dirigentes alemães, no momento seria suportável, sem que se 
tivesse de temer uma explosão do sentimento público. Quanto mais assinavam 
"Tratados" e os toleravam, tanto menos parecia justificado, por meio de mais uma 
opressão ou mais uma humilhação exigida, fazer de repente aquilo, que não se 
tinha feito de outras vezes, isto é, opor resistência. Isso é justamente aquela 
"gota de- veneno" de que fala Clausewitz: a indignidade, uma vez perpetrada, 
aumenta cada vez mais. Ela pode tornar-se um terrível peso de que um povo 
dificilmente conseguirá livrar-se e que antes arrastará definitivamente uma raça 
à escravidão.
     Assim é que na Alemanha se 
alternavam ordens de desarmamento e de escravização, enfraquecimento político e 
pilhagem econômica, a fim de, por último, produzir aquela mentalidade que 
consegue ver na mediação e no plano Dawes uma felicidade e no tratado de Locarno 
uma grande vitória. É verdade que, observando essa questão de um ponto de vista 
superior, nessa penúria só se pode falar de uma única felicidade e esta é: é 
possível iludir o homem mas não é possível subornar o céu. Com efeito, esse não 
deu a sua bênção. A miséria e os cuidados, desde então, não têm cessado de ser 
os fiéis companheiros do nosso povo, nossos únicos aliados inseparáveis. Desde 
que não sabemos mais prezar a honra. vemo-nos obrigados, pelo menos, a dar o 
devido valor à liberdade na conquista do pão. A humanidade já aprendeu a gritar 
pelo pão; ainda fará preces um dia. porém, pela 
liberdade.
     Por mais amarga e patente que tenha 
sido a derrocada do nosso povo, nos anos que seguiram 1918. mais encarniçada e 
violenta era, precisamente. neste tempo, a perseguição de todo aquele que 
ousasse profetizar o acontecimento que efetivamente se realizou mais tarde. A 
direção do povo era tão deplorável como grande era a sua presunção, 
especialmente quando se tratava de pôr de lado aqueles que enxergavam o perigo e 
por isso pareciam importunos e antipáticos. Então, e ainda hoje, podiam-se ver 
os maiores imbecis parlamentares, verdadeiros fabricantes de arreios e de luvas, 
(aliás o fato da profissão não teria a menor importância) elevar-se subitamente 
ao pedestal de homens de Estado, para, lá de cima, atacar os pequenos mortais. 
Não importava absolutamente que semelhante "homem de estado", talvez já no sexto 
mês de sua atividade, fosse desmascarado como o maior mistificador, "aureolado" 
pelo escárnio e o desprezo de todo o resto do mundo, não sabendo para onde se 
virar, dando assim a prova infalível de sua completa incapacidade! Não, isso não 
tinha a mínima importância. Ao contrário: quanto mais esses estadistas 
parlamentares carecem de verdadeira eficiência no serviço dessa República, tanto 
maior é a fúria com a qual perseguem aqueles que esperam deles realizações, que 
se atrevem a constatar a paralisação de sua atividade e profetizam seu fracasso 
no futuro. Se, porém, se chega a pegar um tal honrado parlamentar, de modo que 
não possa o estadista de fancaria negar o desastre de toda a sua atividade e a 
falência dos seus resultados, então, acha ele mil e um pretextos de desculpas 
para os seus fracassos, recusando-se a confessar a verdade de ser ele a causa 
única de todo o mal.
     O mais tardar, no inverno 
de 1922 a 1923, dever-se-ia ter compreendido, por toda parte, que a França, 
mesmo depois da conclusão da Paz, esforçava-se, com uma lógica de ferro, por 
alcançar ainda a finalidade guerreira com a qual, desde o princípio, sonhava. 
Pois ninguém acreditaria que, na luta mais decisiva da sua história, a França 
empenhasse o sangue de sei povo que, já não é muito abundante, somente para, 
mais tarde, receber indenizações pelos estragos praticados. A própria Alsácia 
Lorena, por si só, não explicaria ainda a energia da atuação militar dos 
franceses, se em tudo isso não estivesse em jogo uma parte do programa futuro, 
verdadeiramente grandioso, elaborado pela política exterior da França. Eis a 
definição de tal finalidade: dissolução da Alemanha, no caos dos pequeno 
Estados. Eis o motivo de luta para a França chauvinista, luta, aliás, na qual, 
em verdade, ela vendeu seu povo ao judeu cosmopolita e 
internacionalista.
     Essas aspirações militares 
dos franceses já teriam sido alcançadas pela Guerra, se, como a princípio se 
esperava em Paris, os combates se tivessem sucedido em terreno alemão. 
Imagine-se que as sangrentas batalhas de Guerra se tivessem desenrolado, não às 
margens do Some, em Flandres no Artois, diante de Varsóvia, Nischnij-Nowgorod, 
Kowno, Riga, ou outro qualquer lugar, e sim na Alemanha, na região do Ruhr ou às 
margens do Meno, do Francfort, do Elba, diante de Hannover, Leipzig, Nuremberg 
etc., e será preciso convir que teria havido possibilidade para uma destrui cão 
em regra da Alemanha. É muito duvidoso que a nossa federação, bastante recente, 
tivesse resistido a essa grande prova durante quatro ano e meio, tal qual a 
França, que já vem centralizada rigorosamente há muito' séculos e só tem um 
centro indiscutível: Paris. O fato deste combate entre povos (o mais formidável 
que já existiu) ter-se desenrolado fora dos limites da nossa pátria, não foi só 
o merecimento imortal do incomparável antigo exército, como, também, a maior 
felicidade possível para o futuro da Alemanha. Estou firmemente convencido de 
que, dada a segunda hipótese, há muito tempo não existiria mais um Reich alemão, 
mas, apenas, "Estados alemães". Eis, também, a única razão pela qual o sangue de 
nossos amigos e irmãos mortos na guerra não correu totalmente. em 
vão.
     Tudo veio ao contrário do que se esperava! 
Com a rapidez de um raio operou-se, em novembro de 1918, a derrocada completa da 
Alemanha. Quando a catástrofe caiu sobre o nosso país, as tropas de campanha 
ainda continuavam a agir bem longe, em terra inimiga. A primeira preocupação da 
França, nesse momento, não era mais a dissolução da Alemanha e, sim, a seguinte: 
Como fazer saírem o mais depressa possível as tropas alemãs da França e da 
Bélgica? Para os dirigentes dos franceses, a primeira missão, depois de 
terminada a Guerra, foi o desarmamento dos soldados alemães, o seu repatriamento 
mais rápido possível. Só em segundo lugar se poderia cogitar da realização das 
finalidades guerreiras iniciais, que eram as verdadeiras. Na satisfação dessas, 
a França já se achava bastante manietada. Para a Inglaterra, a guerra de fato 
tinha terminado, vitoriosamente, com o aniquilamento da Alemanha como potência 
colonial e comercial e seu rebaixamento .à categoria de Estado de segunda ordem. 
Não existia somente interesses no esmagamento total da potência alemã como 
também era legítimo o desejo de criar, no futuro, um grande rival contra a 
França na Europa. Deste modo, a política francesa teve que continuar, na paz, um 
trabalho resoluto, continuando o que a guerra já tinha encaminhado: a opinião de 
Clemenceau, segundo a qual, a Paz não passava de uma continuação da guerra, 
recebeu, assim, uma significação 
maior.
     Continuamente, sob todos os pretextos, 
era necessário abalar a organização do Rewh. Em Paris esperava-se conseguir isso 
lentamente, de um lado, pela imposição de novas ordens de constante 
desmobilização e de outro pela exploração econômica provocada por esse meio. 
Quanto mais declinava na Alemanha a honra nacional, tanto mais fácil era 
alcançar efeitos de destruição política pela pressão econômica e a miséria 
permanente. Semelhante política de opressão e exploração no terreno político e 
econômico, levada a efeito durante dez a vinte anos, tem que destruir, pouco a 
pouco, o mais forte organismo político, apto a dissolver-se pela ruína. Com 
isso, porém, estariam alcançados, afinal, os objetivos políticos da 
França.
     Já desde o inverno de 1922 e 1923, 
dever-se-ia ter descoberto nisso a intenção capital da França. Assim restavam, 
somente, duas possibilidades: podia-se esperar ou enfraquecer a vontade da 
França na luta contra a resistência do organismo popular alemão, ou fazer o que 
era praticamente inevitável por fim, isto é, no caso especialmente crítico, 
desviar a direção do barco do 
governo.
     Significava isso, aliás, um combate de 
vida e de morte, só havendo esperança de salvação, se houvesse possibilidade de 
isolar a França de tal modo que essa segunda luta não fosse mais uma luta da 
Alemanha com o mundo, mas uma defesa da Alemanha contra a França, que, sem 
cessar, está sempre perturbando a paz 
universal.
     Sublinho este ponto, e disso estou 
plenamente convicto, que essa hipótese se realizará fatalmente. Não acredito 
nunca que as intenções da França, a nosso respeito, possam um dia mudar; pois, 
elas estão definitivamente arraigadas e se traduzem na conservação da 
nação.
     Se eu próprio fosse francês, desejando, 
portanto, o engrandecimento da França, como em realidade desejo o da Alemanha, 
também não poderia, nem quereria, agir de outra maneira do que a indicada por 
Clemenceau.
     O espírito francês, ameaçado de 
desaparecer lentamente, não só pela diminuição da densidade de sua população 
como, sobretudo, dos seus melhores elementos raciais, só poderá manter, de uma 
maneira duradoura, sua importância mundial, pela aniquilação da Alemanha, Não 
importa quantas vezes a política francesa se possa desviar, no fim, aparecerá 
sempre esse objetivo como realização dos desejos máximos e da mais arraigada 
aspiração nacional. É um erro, porém, supor que uma vontade puramente passiva e 
que só visa a sua própria conservação possa resistir, até o fim, a outra não 
menos forte mas que procede de um modo ativo. Enquanto o eterno conflito entre a 
Alemanha e a França só se traduzir por uma defesa alemã contra um ataque 
francês, o mesmo permanecerá sem solução; a Alemanha, entretanto, de século em 
século, irá perdendo uma etapa após outra. Analisando a extensão da fronteira 
lingüística da Alemanha, do século XII até hoje, será difícil esperar ainda 
resultado satisfatório de uma atitude e de uma evolução que tanto mal já nos têm 
trazido.
     Somente quando a Alemanha se 
compenetrar dessa verdade, e não mais deixar enfraquecer-se a vontade de existir 
da nação por uma atitude de defesa passiva, mas, ao contrário, armar-se para um 
encontro decisivo com a França e lançar-se nessa última luta de vida e de morte 
com as maiores finalidades em vista, que se chegará ao ponto de pôr um termo à 
eterna e infrutífera peleja entre nós e a França. Isso, aliás, só deverá 
acontecer sob a condição da Alemanha enxergar no aniquilamento da França um 
meio, apenas, para finalmente dar ao nosso povo, em outro terreno, a sua 
possível expansão. Hoje contamos, na Europa, oitenta milhões de alemães! Essa 
política externa só será reconhecida e aprovada quando, antes de um século, 
duzentos e cinqüenta milhões de alemães viverem nesse continente, não 
comprimidos uns contra os outros como escravos do resto do mundo mas, como 
camponeses e operários que, pelo seu trabalho, facilitam a existência uns aos 
outros.
     Em dezembro de 1922, a situação entre a 
França e a Alemanha parecia novamente tensa e isso de um modo verdadeiramente 
ameaçado. A França tinha em vista novas e monstruosas extorsões. A exploração 
econômica tinha que ser procedida por uma pressão política, e só um pulso 
violento intervindo no centro do sistema nervoso de toda a vida alemã, poderia 
ser, aos olhos dos franceses, um meio suficiente para submeter nosso povo 
"rebelde" a um jugo mais pesado.
     Com a ocupação 
do Ruhr esperava-se, na França não só quebrar definitivamente a espinha dorsal 
da Alemanha, como também colocar-nos economicamente em uma situação tão 
precária, que bem ou mal teríamos que aceitar os compromissos mais 
onerosos.
     Era uma questão de curvar ou quebrar. 
E a Alemanha, logo no princípio, curvou-se para acabar em uma completa 
desagregação.
     Com a ocupação do Ruhr, a sorte, 
mais uma vez, deu a mão ao povo alemão, para erguê-lo novamente. Aquilo que, no 
primeiro momento, devia aparecer como uma grande desgraça, examinado de perto, 
continha a esperança de poder pôr um termo ao sofrimento 
geral.
     Quanto à política externa, a ocupação do 
Ruhr, pela primeira vez, conseguia modificar contra a França os sentimentos da 
Inglaterra e isso, não só nos círculos da diplomacia britânica, que só tinha 
concluído e mantido o pacto francês com as intenções de frios calculadores, mas, 
também, nos círculos mais largos do povo inglês. Era, sobretudo, nos meios 
econômicos ingleses, que se sentia um mal-estar, mal dissimulado, diante do 
incrível aumento de forças da potência continental francesa. Pondo de lado o 
fato de, no terreno puramente militar e político, a França ocupar uma posição na 
Europa como mesmo a Alemanha nunca o tinha feito, recebia ela, agora, bases 
econômicas que a tornavam capaz de concorrer na política com uma situação, por 
assim dizer, única. As maiores minas de ferro e de carvão da Europa achavam-se 
reunidas nas mãos de uma nação, que tinha visto- os seus interesses vitais de um 
modo resoluto e eficiente, ao contrário do que tinha acontecido com a Alemanha, 
e que, pela guerra mundial, tinha provado perante o mundo a sua grande 
capacidade militar. Com a ocupação pela França das jazidas carboníferas do Ruhr, 
perdia a Inglaterra novamente, todo o seu sucesso na Guerra. Não tinha vencido a 
esperta diplomacia britânica e sim o Marechal Foch e a França por ele 
representada.
     Na Itália, também, os sentimentos 
para com a França, que já não eram precisamente róseos desde o fim da Guerra, 
transformaram-se em verdadeiro ódio. Era chegado o grande momento histórico no 
qual os aliados de então se podiam tornar os inimigos de amanhã. Porque não 
aconteceu o contrário, e porque os aliados, como na segunda guerra dos Balcãs, 
não entraram subitamente em lutas recíprocas, deve-se unicamente à circunstância 
de não haver na Alemanha um Enver-Paxá, mas somente um chanceler 
Cuno.
     A invasão do Ruhr pelos franceses 
ofereceu à Alemanha as maiores possibilidades, não só para sua política externa, 
como para a interna. Uma parte considerável do nosso povo, que, devido à 
influência ininterrupta de sua imprensa mentirosa, ainda via na França o campeão 
do progresso e da liberalidade, achou-se bruscamente curada de tal loucura. 
Assim como o ano de 1914 tinha varrido dos cérebros dos trabalhadores alemães os 
sonhos de solidariedade internacional, precipitando-os, novamente, rio mundo das 
pelejas eternas, onde um ser se mantém à custa do outro e a morte do mais fraco 
simboliza a vida do mais forte, com as mesmas desilusões rompeu a primavera de 
1923.
     No dia em que o francês realizou suas 
ameaças, penetrando, finalmente, na região carbonífera da baixa Alemanha, 
primeiro com muito cuidado e alguma hesitação, neste dia soou para a Alemanha 
uma grande e decisiva hora da sua existência. Se, naquele momento,, o nosso 
povo, mudando de sentimentos, também tivesse modificado a atitude mantida até 
então, a região do Ruhr poderia ter sido para a França o que Moscou foi para 
Napoleão.
     Só havia então duas possibilidades: 
ou suportava-se isso ainda sem resistência, ou com o olhar voltado para os 
fornos de Essen, criava-se para o povo alemão a vontade abrasadora de pôr termo 
a essa eterna vergonha, suportando, de preferência, o terror a uma opressão que 
não acabava nunca. Cabe a Cuno, então chanceler do Reich, o mérito imperecível 
de ter descoberto uma terceira solução, sendo ainda uma maior honra a que coube 
aos nossos partidos burgueses que o admiraram e trilharam o caminho por ele 
seguido.
     Aqui me proponho examinar, da maneira 
mais sucinta, em primeiro lugar, a segunda solução: como, com a ocupação do 
Ruhr, a França tinha realizado uma brilhante infração ao tratado de Versalhes, 
tinha, com isto, se incompatibilizado com várias grandes potências, sobretudo, 
porém, com a Inglaterra e a Itália. Qualquer apoio desses Estados para sua 
própria campanha egoísta de pilhagem estava fora de questão. Esta tinha que 
levar a fim, sozinha, com os seus próprios recursos, a sua aventura. Para um 
governo nacionalista alemão só podia haver uma única saída - a traçada pela 
honra. Era patente que ninguém podia enfrentar de chofre a França, pelo emprego 
das armas. Entretanto, era necessário que se compreendesse que toda ação não 
apoiada na força só levaria a resultados ridículos e estéreis, Era um absurdo, 
sem a perspectiva de uma resistência ativa, fazer a seguinte declaração: "Não 
entraremos em nenhuma negociação" Maior absurdo seria, porém, acabar por entrar 
na negociação sem se ter tomado a precaução de apoiar-se em alguma 
força.
     Não digo com isso que se tivesse podido 
impedir a ocupação do Ruhr por medidas militares. Somente um louco podia 
aconselhar tal solução. É verdade, porém, que sob a impressão desse proceder da 
França e durante o tempo que durou a execução dos seus planos, era preciso 
ter-se em mente sem tomar-se em consideração o tratado de Versalhes, já violado 
pela própria França - os meios de defesa militar que podiam ser fornecidos aos 
negociadores para que se chegasse ao fim visado. Desde o princípio não restava 
dúvida sobre as decisões que seriam tomadas, em qualquer conferência, em relação 
a esta região, ora ocupada pela França. Da mesma maneira era preciso ver com 
clareza que mesmo os mais hábeis negociadores alcançariam pouco sucesso, 
enquanto não tivessem absoluto apoio do povo. Um indivíduo fraco não pode lutar 
com atletas, da mesma forma que um diplomata sem armas terá, para fazer frente à 
espada inimiga, de opor-se com outra, espada. Não era francamente uma miséria 
ter-se que presenciar as comédias das negociações que, desde o ano de 1918, 
procederam sempre os respectivos tratados? Esse espetáculo vergonhoso, oferecido 
ao mundo inteiro, de convidar-nos, como por escárnio, a sentarmo-nos na mesa das 
conferências, a fim de nos mostrar resoluções e programas, há muito 
definitivamente elaborados, sobre os quais se podia falar, que porém, tinham que 
ser considerados como inalteráveis?
     A verdade é 
que os nossos diplomatas raríssimas vezes ultrapassam o tipo médio e, na quase 
generalidade, justificam a arrogante afirmação de Lloyd George na presença do 
então chanceler Simon, na qual, ironicamente, dizia que os "alemães não sabiam 
escolher homens de valor intelectual para seus chefes e representantes". Mas nem 
mesmo gênios teriam, em face da resoluta vontade do inimigo e da lamentável 
fraqueza do nosso povo, podido alcançar grande sucesso, sob qualquer 
aspecto.
     Quem, na primavera de 1923, quisesse 
aproveitar a ocupação do Ruhr pela França, para o restabelecimento do poder 
militar da Alemanha, teria, primeiro, que dar à nação armas espirituais, 
fortalecer o poder da vontade nacional e anular os destruidores dessa 
inestimável força, condição sine qua non de qualquer resistência 
material.
     O erro, neste caso, foi o mesmo 
cometido em 1918. Dever-se-ia ter começado por alvejar a cabeça da hidra 
marxista e assim destrui-la uma vez por 
todas.
     Qualquer idéia de resistência contra a 
França seria rematada loucura, se não se declarasse guerra de morte aos 
elementos marxistas que, cinco anos antes, impediram que a Alemanha continuasse 
a luta nas linhas da frente. Só pela cabeça de indivíduos simplórios poderia 
passar a idéia de terem os marxistas mudado de orientação e que os canalhas da 
Revolução de 1918, que, friamente, passaram sobre os cadáveres de dois milhões 
de alemães, para mais facilmente se instalarem no poder, de um momento para 
outro, se dispusessem a pagar o seu tributo a nação! Não podia haver idéia mais 
absurda, mais louca, de que a de acreditar que traidores da Pátria se 
transformassem, repentinamente, em campeões das liberdades alemães. Assim como 
uma hiena nunca despreza um cadáver, assim também o marxista nunca deixará de 
ser traidor da Pátria. Não se faça a objeção de que muitos operários deram, 
também, o seu sangue à Pátria. esses, porém, eram reais operários alemães, já 
não eram marxistas internacionalistas. Se, em 1914, o operariado alemão 
consistisse de marxistas, a guerra teria terminado dentro de três 
semanas.
     A Alemanha teria sido derrotada antes 
que seu primeiro soldado atravessasse as 
fronteiras.
     O fato de ter o nosso soldado 
outrora lutado com ardor é a prova mais evidente de que não estava ainda 
contaminado pela loucura marxista.
     A proporção, 
porém, que o soldado e o operário alemão, com o decorrer da Guerra, iam caindo 
nas garras do marxismo, eram elementos perdidos- para a 
Pátria.
     Se, no começo e durante a Guerra, 
tivéssemos submetido à prova de gases asfixiantes uns doze ou quinze mil desses 
judeus, desses corruptores de povos, prova a que, nos campos de batalha, se 
submeteram centenas de milhares dos nossos melhores operários alemães de todas 
as Categorias, não se teria visto o sacrifício de milhões de nossos compatriotas 
das linhas da frente. A eliminação de doze mil patifes, no momento oportuno, 
teria talvez influído sobre a vida de um milhão de homens honestos que muito 
úteis poderiam 'ser à nação de futuro. É característico dos estadistas" 
burgueses não hesitarem no sacrifício da vida de milhões, nos campos de batalha 
e verem em dez ou doze mil traidores, ladrões, usurários e mentirosos, preciosas 
relíquias da nação que proclamam como insubstituíveis. Nesse mundo burguês não 
se sabe o que mais admirar se a cretinize, a fraqueza e a covardia ou se a sua 
absoluta tratante. Trata-se na realidade de um classe destinada a desaparecer e 
que, infelizmente, arrastará na sua ruma um povo 
inteiro.
     No ano de 1923 estávamos em face de 
uma situação idêntica à de 1918. Qualquer que fosse a maneira - de resistir que 
se escolhesse, a condição indispensável, seria livrar, primeiro, o nosso povo do 
marxismo corruptor.
     E, segundo a minha 
convicção, o primeiro problema em um governo verdadeiramente nacionalista, era, 
naquela ocasião, procurar e achar as forças que estivessem decididas a declarar 
guerra de morte ao marxismo e, em seguida, dar liberdade de ação a essas forças. 
Era dever do mesmo não render culto à tolice da "paz e da ordem" em um momento 
em que o inimigo externo desfechava o golpe mais terrível sobre a nossa Pátria, 
enquanto, no seio do país, em cada esquina se encontrava um traidor. Não, um 
governo verdadeiramente nacional tinha de desejar naquela ocasião a desordem e a 
intranqüilidade, contanto que no meio desse caos finalmente fosse possível 
realizar-se uma prestação de contas com os inimigos mortais de nosso povo, os 
marxistas. Deixando-se de fazer isso, qualquer idéia de resistência, fosse de 
que espécie fosse, não passaria de pura 
loucura.
     Entretanto, uma prestação de contas 
real e de importância universal não é possível realizar-se segundo as idéias de 
qualquer conselheiro privado ou de uma alma fanada de ministro e, sim, segundo 
as leis eternas da vida neste mundo, que são e sempre serão uma luta por esta 
mesma vida. Era necessário ter-se em mente que das mais sangrentas guerras civis 
muitas vezes nasceu um povo de aço, cheio de saúde, enquanto da paz 
artificialmente cultivada mais de uma vez se desprendem as exaltações das coisas 
podres. O destino dos povos não se orienta com luvas de pelica. Assim é que em 
1923 havia necessidade de agir com pulso de aço, a fim de agarrar as víboras que 
envenenavam o organismo nacional. Só quando isso fosse conseguido é que se teria 
sentido o preparo de uma resistência 
ativa.
     Naquela ocasião falei até enrouquecer, 
tentando ao menos esclarecer os chamados círculos nacionalistas sobre o que 
desta vez estava em jogo e convencê-los que, com os mesmos erros de 1914 e dos 
anos seguintes, forçosamente teria de surgir um resultado igual ao de 1918. 
Roguei-lhes sempre deixassem ao destino livre curso e dessem ao nosso movimento 
a possibilidade de um ajuste de contas com o marxismo. Eu, porém, pregava a 
orelhas moucas. Eles todos se julgavam mais sabidos, inclusive o chefe da 
defesa, até que finalmente se encontraram diante da capitulação mais lamentável 
de todos os tempos.
     Naquela ocasião convenci-me 
profundamente de que a burguesia alemã chegara ao fim de sua missão e que não 
seria mais chamada a desempenhar nenhuma outra. Vi, então, como todos esses 
partidos brigavam com o marxismo somente por uma inveja de concorrentes, sem 
quererem destruí-lo seriamente. Intimamente, todos eles, há muito, se tinham 
conformado com a destruição da Pátria e o que os movia era exclusivamente a 
preocupação de poderem tomar parte no funeral. Somente por isso é que eles ainda 
-"lutavam".
     Confesso francamente que, naquele 
tempo, eu nutria fervente admiração pelo grande homem do sul dos Alpes, cujo 
profundo amor pela sua nação lhe vedava negociar com os inimigos internos da 
Itália e que lutava por destruí-los por todos os meios e métodos possíveis. A 
qualidade que emparelha Musselina com os maiores homens do mundo é a sua 
determinação de não dividir a Itália com o marxismo, mas de salvar a sua pátria 
levando à destruição os inimigos da nação. Como, em comparação com eles, parecem 
anões os pseudo estadistas da Alemanha e como nos sentimos enojados quando essas 
nulidades se atrevem, com todo convencimento, a criticar um homem mil vezes 
maior que eles; e como é doloroso pensar que isso acontece em um país que há 
pouco menos de meio século possuía um dirigente do quilate de 
Bismarck!
     Com essa atitude da burguesia e a 
tolerância ao marxismo, já em 1923, podia-se considerar inutilizada qualquer 
tentativa de resistência ativa no Ruhr. Querer combater a França tendo-se um 
inimigo mortal dentro das próprias fronteiras, era pura tolice. O que se fez 
então podia no máximo ser encenação levada a efeito a fim de contentar um pouco 
o elemento nacionalista na Alemanha, acalmar "a alma do povo em efervescência" 
ou, na realidade, com o fito de embair. Se eles acreditassem seriamente no que 
faziam teriam de reconhecer que a força de um povo, em primeiro lugar, não 
reside em suas armas e, sim, na sua vontade e que, antes de vencer inimigos 
externos, tem de ser destruído o inimigo interno; do contrário, ai desse povo, 
se a vitória não recompensa a luta no primeiro dia. A menor sombra de uma 
derrota de um povo que não está livre de inimigo interno destruirá a sua 
resistência própria e o inimigo se tornará definitivamente 
vitorioso.
     Isso podia ser previsto já na 
primavera de 1923. Não se venha falar da incerteza de um sucesso militar contra 
a França! Pois se o resultado da ação alemã, em face da invasão francesa no 
Ruhr, tivesse sido unicamente a destruição do marxismo no interior, somente com 
isso a vitória já seria nossa. Uma Alemanha libertada desses inimigos fatais de 
sua vida e de seu futuro teria uma força que ninguém mais conseguiria destruir. 
No dia em que, na Alemanha, for. destruído o marxismo, romper-se-ão, na verdade, 
para sempre, os nossos grilhões. Pois nunca, em nossa história, fomos vencidos 
pela força dos inimigos e sim, sempre, por nossos próprios erros e por inimigos 
no nosso próprio campo.
     Como com a orientação 
do nosso governo naquela ocasião, não era possível surgir, um tal ato de 
heroísmo, logicamente ele só poderia seguir o primeiro caminho, a saber: não 
fazer nada e deixar as coisas correrem como de 
costume.
     Entretanto, em momento de grande 
inspiração, o Céu presenteou a Alemanha com um grande homem: o Sr. Cuno! 
Verdadeiramente, ele não era estadista ou político de profissão e muito menos, 
naturalmente, de nascimento; ele representa uma espécie de político que era 
utilizado para resolver certas questões; no mais era um homem de negócios. Isso 
foi uma maldição para a Alemanha, por isso que esse negociante político 
considerava a política como uma empresa econômica, agindo nessa conformidade. 
     "A França ocupava a bacia do Ruhr. Que há na 
região do Ruhr? Carvão. Portanto, a França ocupa a região do Ruhr por causa do 
carvão." Que coisa mais natural para o Sr. Cuno que o pensamento de então de 
fazer greve, a fim de que os franceses não obtivessem carvão, até que, segundo o 
seu modo de ver, os franceses, seguramente, um dia abandonariam de novo a região 
do Ruhr, em virtude de não dar resultado a empresa. Mais ou menos assim se 
desenrolava o raciocínio desse "importante" "estadista" "nacional", que teve 
permissão de falar ao "seu povo" em Stuttgart e em outras localidades e que, por 
esse mesmo povo, era admirado com 
beatitude.
     Para a greve eram naturalmente 
necessários os marxistas, pois eram os operários que teriam de fazer a mesma. 
Portanto, era necessário fazer com que o operário (e na cabeça de um estadista 
burguês o operário significa a mesma coisa que marxista) formasse uma frente 
única com todos os outros alemães. Era de ver, então, o entusiasmo dessa 
mentalidade bolorenta em face de uma tal divisa, nacionalista e genial ao mesmo 
tempo! Finalmente tinham conseguido aquilo que ultimamente haviam procurado todo 
o tempo! Estava achada a ponte para o marxismo e para o cavalheiro de indústria 
nacional era possível estender a mão ao traidor internacional com aparências de 
alemão e frases nacionalistas. E este último mais que depressa aderiu. Pois 
assim como Cuno precisava, para a sua "frente única", do apoio dos dirigentes 
marxistas, da mesma maneira estes últimos necessitavam o dinheiro de Cuno. Com 
isso as duas partes se completavam. Cuno conseguiu a sua frente única formada de 
tagarelas nacionalistas e de gatunos anti-nacionalistas e os impostores 
internacionais podiam, mediante dinheiro do Governo, servir à sua elevada 
missão, isto é, destruir a economia nacional e (desta vez até às expensas do 
Estado. Uma idéia imortal, essa de salvar uma nação por meio de uma greve geral 
paga, senha com a qual mesmo o vagabundo mais indiferente pode concordar com 
todo entusiasmo.
     Que não se pode livrar um povo 
por meio de rezas é uma coisa geralmente sabida. O que tinha de ser 
historicamente experimentado era se não seria talvez possível livrá-lo por meio 
da inatividade. Se, em vez de ter lançado mão da greve geral paga, fazendo dela 
a base da "frente única" o Sr. Cuno tivesse naquela ocasião exigido de cada 
alemão somente mais duas horas de trabalho, a impostura dessa "frente única" 
ler-se-ia liquidado por si no primeiro dia. Os povos não se libertam por meio da 
inação e, sim, por meio de sacrifício.
     É 
verdade que essa chamada resistência passiva não pode ser mantida por muito 
tempo, pois que somente uma criatura inteiramente antibelicosa é que poderia 
imaginar poder afugentar exércitos de ocupação por meios tão ridículos. Somente 
esse poderia ter sido o sentido de uma ação cujo custo subiu a bilhões e que 
ajudou poderosamente a destruir completamente a moeda 
nacional.
     Naturalmente os franceses puderam se 
instalar com certo sossego, na região do Ruhr, no momento em que viram a 
resistência se utilizar de tais meios eles recebiam justamente de nós mesmos, as 
melhores receitas para chamar a razão uma população civil obstinada, quando, 
pelo seu modo de proceder, pudesse constituir um perigo sério para as 
autoridades ocupantes. Com que presteza tínhamos, nove anos antes, aniquilado os 
bandos de franco-atiradores belgas e esclarecido a população civil quanto à 
gravidade da situação, quando, devido à atividade daqueles, o exército alemão 
corria risco de sofrer sérios danos. Logo que a resistência passiva no Ruhr se 
tivesse tornado realmente séria, a tropa de ocupação teria, em menos de oito 
dias, e com a máxima facilidade, dado um fim cruel a toda essa travessura 
infantil. Pois essa é sempre a última pergunta: que se poderá fazer quando, 
finalmente, a resistência passiva irrita o inimigo e ele se decide a lutar com 
brutalidade sanguinária contra essa atitude? Decidir-se-á então continuar a 
resistência? No caso afirmativo, bem ou mal será necessário acarretar com as 
mais pesadas perseguições. Com isso, porém, fica-se onde se estaria em caso de 
resistência ativa, a saber, na luta. Daí se conclui que toda resistência passiva 
só tem um sentido quando atrás dela está a decisão de, no caso de necessidade, 
continuar essa resistência em campo aberto ou em guerrilhas. De um modo geral, 
toda luta assim está ligada à convicção de uma possível vitória. Quando uma 
fortaleza sitiada, duramente atacada pelo inimigo, é forçada a perder a última 
esperança de socorro, praticamente com isso ela se rende, sobretudo quando em um 
caso como esse, em vez da morte provável, o defensor é atraído ainda pela vida 
certa. Tire-se à guarnição de uma fortaleza sitiada a esperança de uma possível 
salvação, e todas as forças de defesa bruscamente se 
desfarão.
     Por isso, uma resistência passiva no 
Ruhr, tendo-se em vista as últimas conseqüências que ela devia e teria de trazer 
consigo, se tivesse de ser vitoriosa, só teria sentido se formasse atrás de si 
uma resistência ativa. Então, poder-se-ia sem dúvida conseguir de nosso povo 
algo de extraordinário. Se cada um desses habitantes da Westfália tivesse a 
certeza de que a pátria levantaria um exército de oitenta ou cem divisões, os 
franceses teriam pisado em espinhos. Mas há mais homens valentes a se 
sacrificarem por uma causa com possibilidade de êxito do que por uma visível 
insensatez.
     Foi um caso clássico que forçou a 
nós nacionais-socialistas tomarmos uma atitude decidida contra esse chamado lema 
nacionalista. E fizemos isso. E naqueles meses, não poucas vezes, fui atacado 
por criaturas cujo sentimento nacionalista era somente um xisto de tolice e de 
fingimento; todos eles gritavam com a perspectiva agradável de, de repente e sem 
perigo, também poderem ser nacionalistas. Considerei essa mais que lamentável 
frente única como um dos fatos mais ridículos, e a história me deu 
razão.
     Logo que as uniões profissionais 
marxistas encheram, praticamente, os seus cofres com as contribuições de Cuno e 
ficou quase resolvido mudar a resistência passiva em ataque ativo, a hiena 
vermelha imediatamente rompeu com o rebanho nacional e voltou a ser o que sempre 
fora. Sem um murmúrio, o sr. Cuno retirou-se para bordo de seus navios e a 
Alemanha enriqueceu-se com mais uma experiência e empobreceu de mais uma 
esperança.
     Até o fim do verão, muitos oficiais 
- certamente não os piores - intimamente não acreditavam em um desenlace tão 
vergonhoso. Todos eles tinham nutrido a esperança de que, embora não 
abertamente, em segredo, tivessem sido tomadas as providências no sentido de 
tornar esse atrevidíssimo assalto na França um novo ponto de partida para a 
ressurreição alemã. Também em nossas fileiras havia muitos que tinham confiança 
ao menos no exército. E essa convicção era tão viva que orientava o modo de agir 
e sobretudo a educação de inúmeros 
jovens.
     Quando veio, porém, o ignominioso 
colapso e se deu a vergonhosa capitulação depois de um sacrifício de bilhões em 
dinheiro e de milhares de jovens alemães, que tinham sido todos bastante para 
acreditar nas promessas dos governantes do Reich, explodiu a indignação contra 
tal traição ao nosso infeliz povo. Em milhões de cabeças de repente se arraigou 
a convicção de que somente a mudança completa do regime em vigor é que poderia 
salvar a Alemanha.
     Nunca uma época foi mais 
oportuna, nunca se exigiu tão peremptoriamente tal solução como no momento em 
que, de um lado, manifestava-se cruamente a traição à Pátria, enquanto, por 
outro lado, um povo era condenado. lentamente, à morte pela fome. Como era o 
próprio governo que pisava todos os princípios de lealdade e de fé, que zombava 
dos direitos de seus cidadãos, que escarnecia do sacrifício de milhões dos seus 
mais dedicados filhos, e que roubava o último vintém de outros milhões, ele não 
tinha o direito de esperar dos seus, outra coisa que não o ódio. E esse ódio 
contra os que desgraçaram o povo e a Pátria, de. um modo ou de outro, conduziria 
a uma explosão. Chamo a atenção para o último período de meu discurso, por 
ocasião do grande processo da primavera de 
1924:
     "Embora os Juizes deste Estado se sintam 
satisfeitos com a condenação de nossos atos, a História, essa deusa de uma 
verdade mais elevada e de uma lei melhor, com um sorriso rasgará essa sentença e 
declarará todos nós inocentes, isto é, não passíveis de culpa e 
expiação".
     A história, porém exigirá que 
compareçam perante o seu Tribunal aqueles que hoje, donos do poder, pisam o 
direito e a lei, e que conduziram o nosso povo à miséria e à desgraça e que, em 
um período de infelicidade para a Pátria, estimam mais o seu eu do que a vida da 
coletividade.
     Não quero descrever aqui os 
acontecimentos que conduziram ao 8 de. novembro de 1923 e que os motivaram. Não 
o quero fazer porque penso que não serão de valor para o futuro e porque 
sobretudo não adianta reabrir feridas que hoje em dia mal estão cicatrizadas; 
além disso não adianta falar sobre a culpa de pessoas, que talvez no íntimo de 
seu coração, estivessem como nós apegadas à sua Pátria e que somente erraram o 
caminho ou não o compreenderam.
     Em face da 
grande desgraça geral de nossa Pátria eu não desejava hoje ofender e talvez 
afastar aqueles que um dia ainda terão de formar a grande frente única dos 
alemães verdadeiramente leais de coração contra a frente geral dos inimigos de 
nosso povo. Pois eu sei que chegará a época em que, mesmo aqueles que então 
estavam em campo contrário ao nosso, se lembrarão com respeito dos que, pelo 
povo alemão, - enveredaram pelo áspero caminho da 
morte.
     Aqueles dezoito heróis a quem dediquei o 
primeiro volume de minha obra, quero apresentá-los, no fim do segundo volume, 
aos adeptos e lutadores de nossa doutrina, como heróis que na mais plena 
consciência se sacrificaram por todos nós. Eles terão de chamar ao cumprimento 
do dever os vacilantes e os fracos, ao cumprimento de um dever que eles mesmos 
levaram na melhor boa-fé até às últimas conseqüências. E entre eles quero 
incluir aquele homem que como um dos melhores dedicou a sua vida à ressurreição 
de seu, de nosso povo, tanto no pensamento como na ação.
Dietrich 
Eehkart.
POSFÁCIO
     A 9 de novembro de 1923, no 
quarto ano de sua existência, o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores 
Alemães (National Sozialistische Deutsche Arbeiterpartei) foi dissolvido e 
proibido em todo o Reich. Hoje, em novembro de 1926, ele de novo é livre no 
Reich inteiro, mais forte e intimamente mais sólido do que 
nunca.
     Todas as perseguições ao movimento e aos 
seus dirigentes, todas as injúrias e difamações nada conseguiram contra ele. O 
acerto de suas idéias, a pureza de sua vontade, o espírito de sacrifício de seus 
adeptos, até hoje fizeram com que ele saísse de todas as opressões mais 
prestigiado do que nunca.
     Se no mundo de nossa 
atual corrupção parlamentar cada vez mais ele se compenetra da essência de sua 
luta e se sente como corporificação do valor da raça e do indivíduo e se dirige 
de acordo com esses princípios, com certeza quase matemática, ele sairá ainda 
vitorioso na luta da mesma maneira que a Alemanha necessariamente tem de 
recuperar a posição que lhe compete nesse mundo, desde que seja dirigida e 
organizada pelos mesmos ideais.
     Um Estado, que, 
na época do envenenamento das raças, se dedica a cultivar os seus melhores 
elementos raciais, tem de um dia se tornar senhor do 
mundo.
     Que os adeptos de nosso movimento não se 
esqueçam nunca disso, mesmo que, pela enormidade do sacrifício, possam vir a 
recear da possibilidade do sucesso.